Livro U3
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Uso da vegetação
em projetos de
paisagismo
Noemi Yolan Nagy Fritsch
© 2019 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
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Sumário
Unidade 3
Uso da vegetação em projetos de paisagismo���������������������������������������� 5
Seção 3.1
Vegetação como elemento estruturador do espaço�������������������� 7
Seção 3.2
Especificando vegetação em paisagismo���������������������������������� 20
Seção 3.3
Princípios de infraestrutura verde e azul para projetos de
paisagismo������������������������������������������������������������������������������������ 36
Unidade 3
Convite ao estudo
Caro aluno,
No campo da arquitetura paisagística existem duas afirmações que
acompanham o dia a dia do profissional. A primeira delas diz respeito à
profissão: o paisagismo é a moldura da casa, a “cereja do bolo” (WATERMAN,
2011). Essa afirmação é verdadeira, pois de nada adianta se projetar o mais
belo edifício se a parte externa dele continuar no chão de terra batida e cheio
de restos de entulho da obra, não é mesmo?
É frequente que clientes solicitem ao paisagista a utilização de uma
vegetação no projeto que esconda algum elemento de cunho técnico com
caráter decorativo indesejado, por exemplo, uma casinha de gás, uma caixa
de inspeção ou uma casa de máquinas.
O paisagismo consegue, através do uso de espécies vegetais, trazer beleza
e realçar as linhas projetuais do edifício ao mesmo tempo em que encobre
imperfeições, caso necessário.
A outra afirmação que você provavelmente já ouviu é a de que o arquiteto
paisagista é aquele que “coloca as plantinhas” no projeto, não é mesmo? Nesta
unidade você vai descobrir que “colocar plantinhas” não é tão simples assim: é
preciso conhecer os formatos, portes, cores e tolerância ao sol ou sombra para
poder escolher as espécies certas a determinado projeto. Além disso, trata-
remos a vegetação como elemento estruturador do espaço na Seção 1; especifi-
caremos vegetações em paisagismo na Seção 2; e estudaremos os princípios de
infraestrutura verde e azul para projetos de paisagismo na Seção 3.
No contexto de aprendizagem iniciaremos a elaboração do projeto de
uma nova área de lazer para um bairro recém-implantado. Os moradores,
representados por uma associação, têm alguns pedidos em relação às vegeta-
ções, que deverão ser incorporados ao projeto.
A escolha das espécies corretas vai envolver técnicas e questões estéticas
e pode resultar não apenas em um jardim, mas em uma infraestrutura verde
para solucionar problemas ambientais, sociais e econômicos.
A forma de projetar também é diferente: não há paredes nem teto nos
espaços abertos. Dessa forma, a vegetação será utilizada para estruturar os
espaços: às vezes assumirá o papel de parede, como acontece com as cercas-
-vivas, e às vezes fará o papel de teto, quando se usa uma árvore de copa
horizontal, por exemplo.
A divisão desses espaços em planos (verticais e horizontais) e lugares
(lugar e não lugar) auxiliará na criação do plano de massas vegetais e, a partir
dele, na escolha das espécies vegetais mais adequadas.
Você terá oportunidade de aplicar todos esses conceitos durante a
resolução das situações-problema dessa unidade.
Vamos, então, iniciar a elaboração do projeto: planejar a área de lazer
para a comunidade! Para isso, começaremos com o estudo da distribuição
das espécies vegetais da forma mais harmoniosa e adequada ao projeto.
Diálogo aberto
Olá, aluno!
Nesta unidade finalmente vamos começar a falar sobre as espécies
vegetais e como elas estruturam os espaços.
Abordaremos os seguintes conteúdos:
• A vegetação como elemento estruturador de espaços urbanos: confi-
guração de espaços através de planos verticais e horizontais.
• Características da vegetação pertinentes ao projeto paisagístico.
• Funções da vegetação na estruturação do espaço.
• Estratos de vegetação: herbáceas, arbustivas, arbóreas.
A palavra estruturar, neste contexto, tem o significado de construção e,
portanto, falaremos sobre como as plantas ajudam a construir espaços. Você
pode imaginar como elas constroem? Quais são os materiais utilizados?
Vamos exemplificar:
Pense em uma avenida larga, com bastante trânsito e um canteiro central
cimentado. A ausência de vegetação deixa o ambiente triste e feio, não é mesmo?
Agora imagine a mesma avenida, com um canteiro central gramado e
uma fileira de palmeiras. A paisagem muda completamente, não há dúvidas.
O verde da grama traz aconchego e as palmeiras conferem altura, elevando
nossa visão acima dos automóveis e trazendo uma sensação de leveza.
E se, em lugar de palmeiras, o canteiro central tivesse um gramado e pés
de acerola? Provavelmente a atenção das pessoas se voltaria para as árvores,
principalmente se elas estivessem com frutos. A copa esconderia parcial-
mente os veículos que trafegam do outro lado do canteiro e muitos pássaros
seriam atraídos ao local por conta das frutas.
Nos três exemplos acima conseguimos perceber a construção de paisa-
gens bem distintas, através da presença da vegetação e de variações de seu
formato e porte.
A questão da vegetação como elemento estruturador de espaços urbanos
será um dos conteúdos explorados nesta seção. Ainda serão abordadas as
Fonte: iStock.
Fonte: iStock.
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Assimile
Os conceitos de lugar e de não lugar não são restritos ao Paisagismo.
A Antropologia e a Geografia também empregam esses conceitos para
a definição de espaços. No livro Não Lugares: Introdução a uma Antro-
pologia da supermodernidade, de 1992, Marc Augé cunhou a expressão
“não lugar” pela primeira vez ao falar sobre espaços transitórios que
não possuem um significado forte o suficiente para serem chamados de
lugares, como supermercados e aeroportos (AUGÉ, 1992).
Para o antropólogo brasileiro Antônio Augusto Arantes (ARANTES, 2000)
os conceitos de lugar e não lugar variam de pessoa para pessoa, pois
cada uma estabelece uma identidade própria com o espaço ao seu redor.
Dessa forma, o espaço do supermercado com certeza será considerado
um lugar para quem lá trabalha.
Fonte: iStock.
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Reflita
Você sabia que podemos criar planos verticais com arbustos e trepadeiras
também? Se fizermos cercas vivas e se as mantivermos com uma altura
acima da estatura média (em torno de dois metros), criaremos verdadeiras
paredes no jardim. Os labirintos, muito populares no final da Idade Média,
valiam-se desse princípio para criar seus corredores (Figura 3.8).
Figura 3.8 | Labirinto
Fonte: iStock.
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Exemplificando
Quando trabalhamos em áreas muito extensas, onde o plantio de
espécies variadas torna-se oneroso, é comum o uso do recurso denomi-
nado espaço pontuado. Essa solução consiste no plantio de uma unidade
ou grupos de espécies
Figura 3.10 | Espaço pontuado
dispostos aleato-
riamente no local,
diminuindo a sensação
de amplidão do céu
e do entorno (Figura
3.10). Tal procedi-
mento pode ser feito
através do plantio
de árvores ou de
canteiros de espécies
arbustivas e forrações.
Fonte: iStock.
Pesquise mais
Assista ao vídeo 3ª Regra de Ouro: Volumetria Vegetal da série Criando
Paisagens, do arquiteto Benedito Abbud, para aprender mais sobre os
estratos vegetais.
O vídeo de pouco mais de cinco minutos de duração encontra-se em:
CRIANDO PAISAGENS. 3ª Regra de Ouro: Volumetria Vegetal. 17 ago.
2018. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=2bv7MPcrkjA.
Acesso em: 2 dez. 2018.
Descrição da situação-problema
Você, aluno, deverá elaborar uma maquete do plano de massas vegetais da
área de lazer, representando os volumes e cores predominantes de seu projeto.
Aproveite para demarcar os diferentes tipos de caminhos, sempre na escala 1:200.
Resolução da situação-problema
A maquete é um recurso muito utilizado pelos arquitetos como ferra-
menta que auxilia no desenvolvimento dos volumes projetuais e no enten-
dimento dos espaços e circulações. No paisagismo, ela é fundamental para
verificar se os cheios e vazios de vegetação estão equilibrados, principal-
mente os estratos arbóreos.
Utilize uma base de isopor como terreno e materiais como EVA, bucha
vegetal, pedaços de papel, massinha, palha de aço, palitos de churrasco,
bolinhas de isopor, canetinhas coloridas e tintas para a confecção dos
maciços vegetais.
Lembre-se de que nessa escala o que importa é a representação dos
maciços para percepção dos vazios e do equilíbrio, pois se trata de uma
maquete de estudo preliminar (WATERMAN, 2011).
Não se esqueça de pintar os tons predominantes de cada estrato vegetal
representado.
Após terminar a atividade, compare com o projeto e verifique se há neces-
sidade de alterações volumétricas.
2.
Os termos lugar e não lugar, difundidos em vários campos de conhecimento, designam
espaços com e sem identidade, respectivamente. Para o antropólogo Marc Augé, o
não lugar é diametralmente oposto ao lar (AUGÈ, 2011). Na arquitetura paisagística
os termos lugar e não lugar são usados, respectivamente, para designar:
I. Espaços de circulação e espaços de permanência.
II. Espaços de aconchego e espaços de passagem.
III. Espaços de estar e espaços de conexão.
Diálogo aberto
Olá, aluno!
O arquiteto, ao projetar um edifício, tem à disposição inúmeros materiais
e técnicas construtivas, além de uma infinidade de acabamentos e cores de
tintas. Isso possibilita a criação de projetos únicos e diferenciados, adequados
ao orçamento disponível, preferências do cliente, características do terreno e
condições climáticas.
Na composição de jardins acontece algo similar. Existem milhares de
espécies de plantas, com cores, formatos e portes diferentes que garantem
resultados diferentes a cada projeto e cliente. Você vai precisar aprender a
fazer as combinações corretas para obter o melhor resultado.
Assim como nos projetos arquitetônicos especificamos cada componente
no memorial descritivo, relacionando modelos e fabricantes, veremos que
as vegetações também têm suas famílias e nomes científicos que as carac-
terizam e tornam únicas; além disso, elas também serão detalhadas através
de memoriais e tabelas de vegetações. Fique tranquilo, pois nesse momento,
você não vai precisar decorar os nomes de cada planta, uma vez que esse
conhecimento demanda tempo e experiência.
Na seção anterior você criou um plano de massas que vai auxiliá-lo a
escolher as vegetações. Agora vamos explorar os tipos de estratos vegetais
(forrações, arbustivas e arbóreas) e vamos conhecer as opções de combina-
ções para serem usadas nas composições projetuais.
Os grandes escritórios de arquitetura paisagística desenvolvem projetos
para todas as regiões brasileiras e muitas vezes executam projetos em outros
países do mundo. A escolha das espécies deve respeitar as características
climáticas da região onde será feito o jardim. Se for implantado em uma
região litorânea, é aconselhável o uso de espécies adaptadas ao clima úmido e
solos mais arenosos. Caso seja em uma área montanhosa, devem-se priorizar
espécies que apreciem climas frios e altitudes elevadas.
No exemplo do projeto da área de lazer usaremos um terreno localizado
em uma região onde há resquícios do bioma Mata Atlântica, o que possibili-
tará o uso de espécies tropicais.
O profissional deve aprender a trabalhar nos mais diversos biomas e climas,
pois a escolha e composição das espécies será diferente em cada uma delas.
Assimile
Através da taxonomia vegetal, ciência que ajuda a classificar as
espécies vegetais de acordo com suas características e semelhanças,
conseguimos identificar cada espécie dentro das seguintes categorias
principais: reino, divisão, classe, ordem, família, gênero e espécie.
Em nosso exemplo, teríamos a seguinte classificação taxonômica:
• Reino: Plantae
• Divisão: Angiospermae
• Classe: Liliopsida
• Ordem: Zingiberales
• Família: Marantaceae
• Gênero: Ctenanthe
• Espécie: burle-marxii
Para a elaboração de um projeto de paisagismo você não precisa saber
de toda essa classificação, mas é importante conhecer, além do nome
científico, a família a que pertence a espécie, pois isso vai ajudá-lo a
identificar características comuns dessas plantas. A família Maranta-
ceae abriga diversos gêneros como as Ctenanthes, as Marantas e as
Calatheas que são naturais de florestas e, dessa forma, se desenvolvem
melhor à meia-sombra, abrigadas da luz solar direta.
Fonte: iStock.
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Reflita
Ao compor com forrações, podemos criar maciços heterogêneos, mistu-
rando espécies com formatos e cores diferentes, causando efeitos muito
interessantes, como se pode observar na Figura 3.18, onde foram usadas
sálvia escarlate (Salvia splendens) e cinerária (Senecio douglasii).
Figura 3.20 | Maciço homogêneo, cenário paisagismo, Casa Cor, São Paulo- SP (2018)
Fonte: iStock.
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Pesquise mais
O vídeo Diversidade e Homogeneidade de espécies, da série Criando
Paisagens, traz considerações interessantes que devem ser observadas
ao criarmos composições com espécies arbóreas. Você vai encontrá-lo
em:
CRIANDO PAISAGENS. Diversidade e homogeneidade de espécies.
14 nov. 2018. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=hN-
Vbw8uwMmU&t=33s. Acesso em: 9 dez. 2018.
Peltophorum árvore
PEDU Canafístula dubium porte Amarela verão
grande
acima
15 m
Fonte: elaborada pelo autor.
Avançando na prática
Descrição da situação-problema
O escritório de arquitetura paisagística em que você trabalha foi contra-
tado para desenvolver o projeto de um canteiro rústico na portaria de entrada
de um condomínio. O síndico sinalizou que os proprietários gostariam de
um paisagismo com suculentas, bromélias, palmeiras e uma alternativa de
forração para a grama que facilitasse a manutenção. Você será o responsável
por definir as espécies e montar a tabela de vegetação. O canteiro ocupará um
espaço de 5 x 5 m entre as portarias de entrada e saída de automóveis e será
apenas para contemplação.
Resolução da situação-problema
1. Em uma folha de sulfite (formato A4, orientação paisagem)
desenhe o terreno na escala 1:50. Crie uma projeção da portaria e os
acessos de carros e pedestres de ambos os lados da portaria. Insira o
canteiro (Figura 3.28).
As espécies de copas pendentes, como as aroeiras salsa (Schinus molle) não são
recomendadas nesse caso, porque:
a) a copa impede a visão do paisagismo do parque.
b) os galhos podem atingir o olho dos usuários causando acidentes.
c) criam grandes áreas de sombra.
d) criam barreiras verticais que impedem a passagem do vento.
e) não protegem os usuários contra a exposição do sol.
Quanto mais próximas forem plantadas as mudas nos bosques, maiores serão:
a) as áreas de incidência de sol.
b) as áreas de incidência de sombra.
c) os espaçamentos entre as mudas.
d) as sensações de espaços abertos.
e) as facilidades de deslocamento entre elas.
Diálogo aberto
Você sabe o significado da palavra infraestrutura? Por exemplo, quando
uma cidade se candidata para sediar um evento esportivo de caráter mundial,
como as Olimpíadas, o comitê organizador tem de avaliar se tal cidade
tem infraestrutura para receber os jogos. Assim, a palavra infraestrutura
pressupõe um suporte de condições que possibilitem o funcionamento de
um órgão ou instituição. No caso das Olimpíadas, a cidade deverá oferecer
a infraestrutura (condições) adequada para realizar os jogos, além de se
avaliarem itens como mobilidade urbana, hospedagem, estádios e clubes,
serão analisados serviços de fornecimento de energia, água, telefone e gás.
Do mesmo modo, a infraestrutura verde e azul consiste em um sistema de
restauração ecológica, de renaturalização e de descontaminação de cursos de
água que darão suporte ao desenvolvimento sustentável das cidades.
Nesta seção conversaremos sobre a questão da infraestrutura associada
ao projeto da paisagem através da vegetação e do paisagismo (infraestrutura
verde) e dos cursos de água (infraestrutura azul). Você aprenderá sobre as
tipologias de infraestrutura verde e azul e como elas podem ser implemen-
tadas na cidade, com custos e impactos menores do que os da engenharia
convencional. Você descobrirá que o arquiteto paisagista também tem um
papel fundamental no planejamento de espaços abertos como elementos de
infraestrutura que possam resgatar a saúde ambiental, social e econômica das
cidades (CORMIER; PELLEGRINO, 2008).
Imagine a seguinte situação: você trabalha em um escritório de arqui-
tetura paisagística que sempre busca desenvolver projetos sustentáveis que
minimizem os impactos causados no meio ambiente. Dessa forma, durante
as reuniões entre os arquitetos do escritório e a associação de moradores,
sugeriu-se o uso de pisos permeáveis na área de lazer ao invés de pavimen-
tações tradicionais cimentadas. Foi explicado aos moradores que o uso de
pisos permeáveis é uma prática sustentável que permite a infiltração da
água das chuvas pelos pisos, diminuindo a quantidade de água coletada
pelas redes pluviais. Muitas vezes, nas épocas de chuva, essas infraestru-
turas não comportam a vazão das águas e extravasam, inundando ruas e
calçadas. Outro ponto discutido foi a importância da reabsorção das águas
pelo solo, permitindo a recarga das águas subterrâneas, fundamental para a
manutenção dos ciclos hídricos.
Fonte: iStock.
Exemplificando
Um dos primeiros projetos de infraestrutura verde e azul foi idealizado
e implantado por Frederick Law Olmsted (1822-1903), considerado o pai
da arquitetura paisagística e um dos criadores do Central Park, em Nova
Iorque. Juntamente com engenheiros sanitaristas, ele desenvolveu para a
cidade de Boston, no final do século XIX, um sistema de parques conhe-
cido como Colar de Esmeraldas (Emerald Necklace). A cidade, importante
centro industrial, sofria com problemas de poluição dos rios, áreas panta-
nosas e falta de áreas de lazer para a população. Através de um projeto
de recuperação das margens dos rios, regulação de seus fluxos através da
criação de áreas alagadas (wetlands) e lagos (Figura 3.30), Olmsted criou
um corredor ecológico anexando áreas verdes existentes, como um colar,
que passaram a ter funções de retenção e despoluição das águas além de
servirem como áreas de lazer e circulação (HERZOG, 2013).
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Assimile
O Rio Cheonggyecheon acompanhou o crescimento de Seul, capital
da Coreia do Sul, desde a sua fundação no século XVI. Inicialmente,
servia como sistema de drenagem natural e como coletor de esgoto
da população, que residia irregularmente em suas margens. Por conta
disso, problemas com enchentes e inundações eram frequentes.
Dessa forma, a gestão pública decidiu pelo tamponamento do rio e
construção de uma via expressa sobre ele, decisão que resolveria
problemas de saneamento e poluição do rio e ocupação irregular, além
de beneficiar o crescimento da frota de veículos e valorizar os bairros
adjacentes. A construção foi concluída em meados da década de 1970,
no entanto o aumento da malha viária não diminuiu o fluxo de tráfego, e
os congestionamentos permaneciam.
No início do século XXI iniciou-se um projeto de reurbanização da área
central sob um viés sustentável, que incorporou um programa de recupe-
ração do rio com a proposta de demolição da via expressa, que apresen-
tava riscos estruturais. A execução do projeto, que idealizou um parque
urbano linear de aproximadamente seis quilômetros de extensão, teve
início no ano de 2002, o que deu origem ao Parque Cheonggyecheon
(Figura 3.31).
Fonte: iStock.
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Cores: cinza.
Preço/m²: os preços variam conforme o modelo e tamanho das peças.
Podem ser vendidas por peça, com valores a partir a partir de R$ 9,50 e por metro
quadrado, com preços a partir de R$ 45,00/m² (valores referentes a janeiro/2019).
Fabricantes: como as peças de pisograma são fabricadas a partir de moldes,
há muitas empresas que fabricam o material. Pesquise fábricas próximas à sua
cidade, pois isso diminui o valor do frete para transporte das peças.
Descrição da situação-problema
A arquitetura social vem ganhando cada vez mais visibilidade na socie-
dade através da implantação de projetos de interesse social que procuram
promover relações saudáveis entre a cidade, seus moradores e o meio
ambiente. É cada vez maior o número de organizações não governamentais e
coletivos urbanos em que a presença de arquitetos é fundamental para desen-
volver e coordenar projetos sustentáveis como hortas comunitárias, biocons-
trução e permacultura junto à sociedade. Vários desses projetos envolvem
tipologias de infraestruturas verde e azul como a construção de telhados e
paredes verdes, jardins de chuva, lagoas de captação e cisternas.
Na recente crise hídrica enfrentada pelo estado de São Paulo em 2014,
muitos profissionais engajaram-se em projetos para auxiliar as comunidades
a enfrentar o período de secas ensinando métodos para a captação de águas
através de cisternas e reservatórios subterrâneos.
Imagine que você faz parte de um coletivo que fará uma oficina para
uma comunidade ensinando a construir uma cisterna. Cabe a você criar um
panfleto com o passo a passo para a construção.
Você deverá propor um modelo de cisterna que capte a água pluvial dos
telhados e que possa ser feita pelos próprios moradores. As cisternas são
tanques para reserva da água das chuvas para posterior reuso. O homem faz
uso delas desde a Antiguidade e pode ser considerada uma infraestrutura
verde e azul, pois promove o reuso da água. Segundo Cormier e Pellegrino
(2008) é considerada uma boa prática de sustentabilidade.
Resolução da situação-problema
Nesta atividade você deverá pesquisar alternativas para a construção de
cisternas domésticas. Verifique os materiais disponíveis no mercado e seu
custo. Lembre-se de que os próprios moradores irão construí-las, portanto
procure alternativas de fácil execução.
Escreva o passo a passo para eles:
1. Título: como construir uma cisterna.
MODO DE CONSTRUÇÃO:
IMAGEM
Fonte: iStock.
2. Existem várias tipologias de infraestrutura verde e azul que podem ser implemen-
tadas nas áreas urbanas. Uma das tipologias consiste em amplos canteiros vegetados,
localizados em níveis mais baixos que a pavimentação viária, que recebem as águas
pluviais e promovem a sua filtragem e posterior absorção pelo solo.