AD1 - Historia Da Regiao - Leonardo - Dangelo

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

CEDERJ – Licenciatura em História


DISCIPLINA: História da Região – 2020.1

Nome: Leonardo Dangelo


Matrícula: 16216090149
Polo: Duque de Caxias

Avaliação à Distância 1 – AD1

Atividade: Resenha do texto RODRIGUES, Antonio Edmilson Martins. América


Renascentista – um ensaio: as experiências modernas no espaço da Baía da Guanabara –
a dupla fundação da cidade: entre utopias e ideais. Revista Morus, v.3, 2006, pp.213-
242.

O citado texto trata-se de uma obra que discute, em variados tópicos, o renascimento na
América em suas experiências em torno da cidade do Rio de Janeiro em fins do século
XVI, com ênfase no Barroco. De uma forma geral, o autor disserta sobre as
modificações ocorridas na sociedade e afirma que a cultura da América foi,
decisivamente, inventada pela cultura do renascimento. Importante salientar que seus
argumentos partem da leitura de outros autores, não sendo autênticos seus.

Rodrigues estrutura seu texto em seis partes, com uma apresentação do problema, maior
parte do escrito e depois organiza as ideias da América influenciada e marcada pelo
renascimento, a Baía de Guanabara, dois importantes personagens da cidade – Nicolau
Durand de Villegagnon e Mem de Sá – e, por fim, aponta a dupla fundação da cidade na
conclusão do artigo.

Introduzindo suas ideias, ele “estabelece o percurso do campo intelectual do debate em


torno das sociedades ideais” (pág. 221/222). Ele coloca que a América foi, além de
descoberta, inventada pela cultura renascentista. A mudança de pensamento do homem,
inaugurando o período de pensamento moderno, renovando o conhecimento justifica
sua afirmação. E, como inventada no período renascentista, todos os debates e questões
que pairavam à época estariam contidas nesta ideia de América.
Ao longo da introdução, o autor discorre sobre diferentes forma de representação,
constituição e entendimento de uma sociedade ideal. Dentro disto, a América vai sendo
colocada como um espaço de utopia, que pode tomar diferentes caminhos, mantendo o
debate em torno da ideia de liberdade e moderno e outra que aponta para a busca de um
espaço novo, na prática política (espaço privilegiado para a utopia).

Passando à segunda parte, é levantada a questão de América ser renascentista. Isto é


feito, dentro da lógica da perda de cultura do primeiro período da renascença em que o
homem se perde frente à certeza da secularização. Este homem acaba buscando um
retorno à religião como uma saída. E será na América que surgirá uma nova visão de
ideal, cujo espaço atraía olhares europeus por conta de sua pretensa originalidade e
inexistência de pecado. Porém, esta visão não tinha o impacto que os escritores, como
Thomas Morus, esperavam. A outra face destas perspectivas via o Novo Mundo como
um local de exploração apenas, selvagem, longe da construção de uma terra de salvação.

A cidade do Rio de Janeiro entra no trabalho sendo posta como fundada por portugueses
e franceses, daí a ideia de dupla fundação foi o tema da terceira parte. Apesar da costa
ter sido ocupada por pessoas de diversas nacionalidades, foram os franceses que
impuseram sua marca à esta cidade, onde a Baía seria o lugar onde “os evadidos do
mundo iníquo viveriam a nova ordem mergulhada na doce tranquilidade, com as suas
tintas de paraíso, ou seja, as sugestões bíblicas da inocência primitiva” (pág. 233). No
século XVI, havia acordos diplomáticos com os reis da França, porém a alegada invasão
destas terras por Nicolau Durand de Villegagnon permitiu à Portugal impor um
processo de desocupação, liderado pelo governador-geral Mem de Sá.

Nas duas partes seguintes, o autor apresenta duas das figuras principais desse conflito.
Villegagnon é descrito um francês culto, reconhecido como um desejoso pelo perfil de
soldado e diplomata. Seu percurso acadêmico e missões da corte francesa, acabou
aproximando-o dos reis da época, onde conheceu François Rabelais. Deste encontro,
surge o interesse de Villegagnon pelas terras do Novo Mundo, como um país imaginário
com suas coisa maravilhosas e extraordinárias. Paralelo ao encontro, desponta o
interesse da França na criação de um império francês no Atlântico e os acordos
diplomáticos com Portugal são rompidos após a aliança da França “aos príncipes
alemães, iniciando uma guerra contra o imperador Carlos V” (pág. 236). O “escolhido”
para tal empreitada é, exatamente, Villegagnon, patrocinado por comerciantes franceses,
ávidos por lucros com as terras da América. Porém, este não era seu desejo principal,
mas o de estabelecer a construção de uma utopia “que irmanasse os homens em torno de
um novo horizonte” (pág. 237).

Importante observar que o autor aponta a presença dos franceses na América portuguesa
como normal, pois eles eram desfrutavam da política comercial da Corte portuguesa.
Em relação à Mem de Sá, o autor afirma que ele foi nomeado para diminuir o vexame
da ocupação das terras portuguesas por Villegagnon. Seu período de governança teve
como um dos resultados mais eficazes o reestabelecimento das relações com a
Companhia de Jesus e, a consequente, presença de autoridade. A visão de Mem de Sá na
construção do espaço derivava de sua experiência frente aos conflitos com a autoridade
secular. Ele pensava este espaço como “um espaço onde a visão de justiça e de vida
oriunda de sua formação fosse possível” (pág. 239). E, é assim que a cidade ideal vai
tornando contornos de um espaço laico, voltado para a experiência de direitos em um
corpus de leis, a despeito dos conflitos com Villegagnon.

Como última parte, Rodrigues apresenta suas conclusões provisórias. Nelas ele reafirma
o caráter de dupla fundação do Rio de Janeiro enquanto espaço de “experiência aberta
para o mundo e profundamente inspirada pela justiça e igualdade” (pág. 240). Enquanto
isso, Villegagnon, frente à vitória luso, é ratificado como um sonhador com perspectivas
utópicas. Por fim, tomando a obra Raízes do Brasil de Sérgio Buarque de Holanda
(1995), afirma que ocorre uma nítida diferenciação entre as experiências das cidades
portuguesas e espanholas, onde a América portuguesa é desqualificada frente à ação dos
espanhóis dentro da América.

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