Livro Teorizacao Do Servico Social Docum
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Livro Teorizacao Do Servico Social Docum
CO
ISBN 85-220-0169-3
AGIR - CBCISS
Copyright ©zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
do Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbio de Serviços
Sociais (CBCISS)
PRESIDENTE
COORDENADORES D E GRUPO
G r u p o 1 — B a l b i n a Ottoni Vieira
G r u p o 2 — Ana Adelina Lins
G r u p o 3 — Neide L o b a t o S o a r e s S a n t o s
G r u p o 4 — M a r t a T e r e s i n h a G odinho
COMISSÃO D E REDAÇÂO
C o o r d e n a d o r a Geral: Jocelyne L. C h a m u z e a u
M a r i a Amélia d a Cruz Leite — R e l a t o r a do G r u p o 1
M a r i a d a Glória Lisboa d e Nin F e r r e i r a — R e l a t o r a
do Grupo 2
M a r i a Lúcia Car valho d a Silva — R e l a t o r a do
Grupo 3
E d i t h Magalhães M o t t a — R e l a t o r a d o G r u p o 4
M o d e s t a Manoela Lopes — R e l a t o r a d e Plenário
Ana Adelina Lins — R e l a t o r a
Graziela B r e n n e r — R e l a t o r a
Ivany Lopes R o d r i g u e s — R e l a t o r a
M a r i a d e L o u r d e s M a lta Saliba — R e l a t o r a
Neide L o b a t o S o a r e s S a n t o s — R e l a t o r a
S E C R E T A R I A EX ECU TI V A
Introdução
Capítulo I — Considerações s o b r e a n a t u r e z a do
Serviço Social
Objetivos d o Serviço Social
F u n ç õ e s d o Serviço Social
N o t a final
I
Capitulo I zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPO
CONSIDERAÇÕES S O B R E A NATUREZA
DO SERVIÇO SOCIAL
P U N Ç Õ E S D O SERVIÇO SOCIAL
4 1 . D a n a t u r e z a e d o s objetivos d o Serviço Social, decor-
r e m a s s u a s funções, n o s diferentes níveis d e a t u a ç ã o :
a ) Política Social: p r o v o c a r o p r o c e s s o d e f o r m u l a ç ã o da
política social, q u a n d o a u s e n t e , ou d e s u a d in a miz a ç ã o ,
Capítulo II
quando inoperante, e provocar sua reformulação quando
necessária; oferecer subsídios, d e n t r o d e u m a p e r s p e c t i v a
d e globalidade, a o e m b a s a m e n t o d e s s a política; c r i a r sis- METODOLOGIA D E AÇAO DO SERVIÇO SOCIAL
t e m a s , canais e o u t r a s condições p a r a a p a r t i c i p a ç ã o d e
q u a n t o s v e n h a m a s e r atingidos pélas m e d i d a s d a política; 42. P a r a m e l h o r s i t u a r a me to d o lo g ia d e a ç ã o d o Serviço
b ) Planejamento: c o n t r i b u i r c o m o c o n h e c i m e n t o viven- Social, há q u e e n u n c i a r os princípios e p o s t u l a d o s q u e a
ciado d a s necessidades, d a s expectativas, d o s valores, ati- fundamentam.
t u d e s e c o m p o r t a m e n t o d a s c o m u n i d a d e s e d a s popula- 43. A a u t o d e t e r m i n a ç ã o , a individualização, o n ã o julga-
ções, face à mudança, n a f o r m u l a ç ã o d o s objetivos e fixa- m e n t o e a aceitação, e n u n c i a d o s q u e o r i e n t a m a aplicação
ç ã o d a s m e t a s ; c o n t r i b u i r p a r a a c r i a ç ã o d e condições q u e d a m e t o d o l o g i a d e a ç ã o d o Serviço Social, e m s e u s t r ê s
p e r m i t a m a p a r t i c i p a ç ã o p o p u l a r n o p r o c e s s o d e plane- p r o c e s s o s , t ê m s ido classificados c o m o princípios básicos
j a m e n t o ; c) Administração de Serviços Sociais: p r o m o v e r d a a ç ã o profissional. A análise r i g o r o s a do conteúdo e
e p a r t i c i p a r de p e s q u i s a s operacionais; e l a b o r a r o micro- n a t u r e z a lógica des s es princípios leva, c o n t u d o , a cons-
p l a n e j a m e n t o ; i m p l a n t a r , a d m i n i s t r a r e avaliar p r o g r a m a s t a t a r : a ) q u e s e a c h a m r e u n i d o s n a categoria d e princípios
d e serviços sociais; levar o s usuários a p a r t i c i p a r d a p r o - t a n t o p r o p o s i ç õ e s d e n a t u r e z a ética e metafísica, c o m o
g r a m a ç ã o d o s serviços; d ) Serviços de atendimento direto, n o r m a s p a r a p r o c e d i m e n t o s técnicos; b ) q u a n t o aqueles
corretivo, preventivo e promocional, destinados a indiví- princípios p r o p r i a m e n t e relacionados c o m a ação, verifica-
duos, grupos, comunidades, populações e organizações: s e u m a f o r m a d e enunciação ligada d e m a n e i r a d o m i n a n t e
t r a b a l h a r c o m indivíduos q u e a p r e s e n t a m p r o b l e m a s ou à s p a r t i c u l a r i d a d e s d a a t u a ç ã o d o Serviço Social d e Caso
dificuldades de integr ação social, através de mobilização e de Grupo.
d e s u a s p o t e n c i a l i d a d e s individuais e d e utilização dos 44. P a r t i n d o d e s s a s c o n s t a t a ç õ e s , p r o c u r o u - s e e n t ã o clas-
r e c u r s o s d o m e i o ; p r o p o r c i o n a r o exercício d a v i d a e m sificar aqueles princípios, enunciando-se s o b f o r m a d e
g r u p o , p r i n c i p a l m e n t e q u a n t o a o d e s e m p e n h o d e papéis postulados o s q u e r e p r e s e n t a m o s p r e s s u p o s t o s éticos e
i n e r e n t e s à vida social; c o n t r i b u i r p a r a c a p a c i t a r a comu- metafísicos p a r a a ação d o Serviço Social, e c o m o princípios
n i d a d e a integrar-se n o p r o c e s s o d e desenvolvimento atra-
operacionais d a m e t o d o l o g i a d e a ç ã o a q u e l e s q u e enun-
vés de a ç ã o organizada, c o m vistas a o a t e n d i m e n t o de
c i a m p o n t o s básicos n o r t e a d o r e s d a a t u a ç ã o d o agente
s u a s n e c e s s i d a d e s e realização de s u a s a s p i r a ç õ e s ; traba-
profissional. Entende-se, a s s i m , c o m o princípios operacio-
l h a r c o m organizações, v i s a n d o à a d e q u a ç ã o d e s e u s obje-
n a i s d a m e t o d o l o g i a aquelas n o r m a s d e a ç ã o d e validade
tivos e métodos à s exigências d a r e a l i d a d e social e s u a
integr ação n u m a p e r s p e c t i v a d e desenvolvimento. u n i v e r s a l à prática d e t o d o s o s p r o c e s s o s d o Serviço Social.
45. D e n t r e os p o s t u l a d o s , conclui-se q u e pelo m e n o s t r ê s
s e a c h a m , explícita o u i mp l i c i t a me n t e , a d o t a d o s c o m o pres-
s u p o s t o s f u n d a m e n t a d o r e s d a a t u a ç ã o d o Serviço Social:
Teorização do Serv, Social 31
30 zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
CSC1SS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
sendo q u e só r e c e n t e m e n t e se inicia a utilização também
a ) postulado da dignidade da pessoa humana: q u e s e en- d o p r o c e s s o de t r a b a l h o c o m p o p u l a ç ã o d e m a n e i r a m a i s
t e n d e c o m o u m a c o n c e p ç ã o do s e r h u m a n o n u m a p o s i ç ã o sistematizada.*
d e e m i n ê n c i a ontológica n a o r d e m u n iv e r s a l e a o q u a l 49. A intervenção n a realidade, através d e p r o c e s s o s d e
t o d a s a s coisas d e v e m e s t a r referidas; b ) postulado da t r a b a l h o c o m indivíduos, g r u p o s , c o m u n i d a d e s e popula-
sociabilidade essencial da pessoa humana: q u e é o reco- ções, n ã o é característica exclusiva d o Serviço Social; o
n h e c i m e n t o d a d i m e n s ã o social intrínseca à n a t u r e z a hu- q u e l h e é peculiar é o enfoque o r i e n t a d o p o r u m a visão
m a n a , e, e m d e c o r r ê n c i a d o q u e s e . a f i r m a , o d i r e i t o d e a global d o h o m e m , i n t e g r a d o e m seu s i s t e m a social.
p e s s o a h u m a n a e n c o n t r a r , n a sociedade, a s c o n d i ç õ e s p a r a 50. De a c o r d o c o m a classificação d a s funções de Serviço
a s u a auto-realização; c ) postulado da perfectibilidade hu- Social a d o t a d a n e s t e d o c u m e n t o , q u e inclui funções aos
mana: compreende-se c o m o o r e c o n h e c i m e n t o d e q u e o níveis d e política social, p l a n e j a m e n t o , a d m i n i s t r a ç ã o d e
h o m e m é, n a o r d e m ontológica, u m s e r q u e s e auto-realiza Serviços Sociais e p r e s t a ç ã o de serviços d ir e to s , verificou-
n o plano da historicidade humana, e m decorrência do que se a necessidade d e i n c o r p o r a ç ã o de novos p r o c e s s o s a o s
se a d m i t e a c a p a c id a d e e p o t e n c i a l i d a d e s n a t u r a i s d o s in- já existentes.
dividuos, g r u p o s , c o m u n i d a d e s e p o p u l a ç õ e s p a r a p r o g r e - 51. Ao a n a l i s a r a n a t u r e z a d o s diferentes níveis de atua-
direm e se autopromoverem. ção d o Serviço Social, infere-se q u e estes são de d u a s
46. D e n t r e o s princípios operacionais d a metodologia de categorias: a ) nível d e m i c r o a t u a ç ã o ; b ) nível d e m a c r o -
ação, s e m d e s e j a r e s g o t a r a e n u n c ia ç ã o , r e c o n h e c e n d o a atuação.
n e c e s s i d a d e d e reflexão e análise m a i s a p r o f u n d a d a s a esse 52. O nível d e m i c r o a t u a ç ã o é essencialmente operacional,
respeito, chegou-se a identificar o s seguintes: a ) estímulo c o m p r e e n d e n d o as funções de Serviço Social a o s níveis
a o exercício d a livre escolha e d a r e s p o n s a b i l i d a d e d a s d e a d m i n i s t r a ç ã o e p r e s t a ç ã o d e serviços d i r e t o s .
decisões; b ) r e s p e i t o a o s valores, p a d r õ e s e p a u t a s cultu- 53. O nível d e m a c r o a t u a ç ã o c o m p r e e n d e a integr ação d a s
r a i s ; c) e n s e jo à mudança n o s e n t i d o d a a u t o p r o m o ç ã o e funções do Serviço Social a o nível de política e planeja-
d o e n r i q u e c i m e n t o d o indivíduo, d o g r u p o , d a c o m u n i d a d e , m e n t o p a r a o desenvolvimento. E s s a i n t e g r a ç ã o s u p õ e a
das populações; d) atuação dentro de u m a perspectiva de participação no planejamento, na implantação e na melhor
globalidade n a r e a l i d a d e social. utilização d a infra-estrutura social.
47. S ã o e l e m e n t o s oper acionais d a metodologia, c o m u n s 54. A i n f r a - e s t r u t u r a social é a q u i e n t e n d i d a c o m o "faci-
a t o d o s o s p r o c e s s o s , a participação do homem em todo l i d a d e s básicas, p r o g r a m a s p a r a saúde, educação, habili-
o p r o c e s s o d e mudança e o relacionamento e n t r e profis- t a ç ã o e serviços sociais f u n d a m e n t a i s " q u e p r e s s u p õ e m o
sional-indivíduo, profissional-grupo, profissional-comuni- a t e n d i m e n t o d a s seguintes condições: a ) disponibilidade d e
d a d e e profissional-populações, estabelecido d e m a n e i r a u m a l t o potencial d e e m p r e g o s p a r a p e s s o a s d e diferentes
d i r e t a o u indireta, d e p e n d e n d o d o t i p o d e a ç ã o a s e r g r u p o s sócio-econômicos; b ) utilização d a t e r r a e m bene-
exercida. fício d e t o d a a p o p u l a ç ã o , n ã o só pelo governo local, s e n ã o
também p e l o empresário p a r t i c u l a r ; c) existência d e u m a
r e d e a d e q u a d a de c o m u n i c a ç õ e s , n o s e n t i d o físico (telefo-zyxwvutsrqponmlkjih
ADEQUAÇÃO DA METODOLOGIA ÀS F U N Ç Õ E S
DO SERVIÇO SOCIAL
* Para alguns, o Serviço Social não atingiu ainda todas as fases de úm
processo metodológico universalmente aceito. Outros propõem a substituição
48. O Serviço Social, c o m o técnica, d i s p õ e d e u m a meto- dos termos "estudo", "diagnóstico" e "tratamento" por "estudo e análise
dologia d e a ç ã o q u e utiliza d i v e r s o s p r o c e s s o s . O s p r o c e s - diagnostica", "planejamento" e "execução", por julgar que estes têm uma
s o s de Caso, de G r u p o e Desenvolvimento d e C o m u n i d a d e conotação mais adequada. Levanta-se dúvida, porém, quanto à adequação
f o r a m c o n s i d e r a d o s , até o m o m e n t o , o " m o d u s o p e r a n d i " dos termos "execução" e "planejamento" em Serviço Social de Caso.
d o Serviço Social e m s u a i n t e r v e n ç ã o n a r e a l i d a d e social,
32 Teorização do Serv. Social 33
CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
ne, rádio e t c . ) , e e m t e r m o s d e canais sociais p a r a a comu- ¡missível, torna-se u r g e n t e , n o m o m e n t o , focalizar
nicação d o s g r u p o s e n t r e si e destes c o m o governo; d ) a s p e c t o s r e f e r e n t e s à s u a utilização a d e q u a d a à
p r o v i s ã o de a m p l a s facilidades sócio-culturais: instituições w»de brasileira, m a i s d o q u e p r o p r i a m e n t e u m a aten-
educacionais, c u l t u r a i s , sociais, r e c r e a t i v a s etc. p a r t i c u l a r i z a d a à s u a teoria.
55. Convém salientar, ainda, q u e a infra-estrutura social Assim, p a r t i n d o d a p r e m i s s a de q u e s e e m p r e g a o
foi c o n s i d e r a d a de importância vital, m e r e c e n d o p r i o r i d a d e ) Social d e Caso j u n t o a p e s s o a s c o m p r o b l e m a s
idêntica e n ã o inferior à a s s e g u r a d a p a r a a s o l u ç ã o d o s íldades d e r e l a c i o n a m e n t o pessoal e social, o u seja,
p r o b l e m a s d e infra-estrutura económica e física.* m e r - r e l a c i o n a m e n t o social, reconhece-se a validade d e
56. A aplicação d o s p r o c e s s o s d e Serviço Social varia de utilização, e m p r o f u n d i d a d e , e m serviços especializa-
a c o r d o c o m o s níveis de a t u a ç ã o . e / o u d e s u a a d e q u a ç ã o a o nível de execução d e p r o -
57. O nível d e m i c r o a t u a ç ã o c o m p r e e n d e a p r e s t a ç ã o d e n a s a m p l o s , de m o d o a integrar-se n o p r o c e s s o d e
serviços d i r e t o s , através d o s p r o c e s s o s de Caso, G r u p o e snvolvimento. N e s t a perspectiva, sua aplicação deverá
Desenvolvimento d e C o m u n i d a d e e P r o c e s s o s d e t r a b a l h o a c o m p a n h a d a p e l a utilização d o s p r o c e s s o s de g r u p o
c o m p o p u l a ç õ e s . E s t e último, também e m p r e g a d o a o nível envolvimento d a c o m u n i d a d e .
d e m a c r o a t u a ç ã o , é d e aplicação r e c e n t e e está a exigir a 'Tal p o s i ç ã o e n c e r r a p a r a o Serviço Social d e Caso
e l a b o r a ç ã o d e s u a m e t o d o l o g i a e estratégia d e a ç ã o . rsguintes implicações: a ) o Serviço Social d e Caso deve
58. O p r o c e s s o d e Desenvolvimento de C o m u n i d a d e (DC) a p l i c a d o d e f o r m a a c a p a c i t a r o cliente a integrar-se
é i g u a l m e n t e e m p r e g a d o e m a m b o s os níveis. No nível de t u a c o m u n i d a d e e n o p r o c e s s o d e desenvolvimento;
m a c r o a t u a ç ã o , e s t e p r o c e s s o s e i n s e r e e m s i s t e m a s nacio- 0 Serviço Social de Caso deve s e r utilizado n a q u e l e s
n a i s o u regionais d e p l a n e j a m e n t o c o m o u m i n s t r u m e n t o tres e c o m aqueles indivíduos que, d e fato, r e q u e i r a m
p a r a estabelecer c a n a i s d e c o m u n i c a ç ã o c o m a p o p u l a ç ã o 1 efetuado o t r a t a m e n t o social à b a s e d o r e l a c i o n a m e n t o
e p r o m o v e r a s u a p a r t i c i p a ç ã o n o p r o c e s s o de planeja- a t e n t e social/cliente ( i s t o é, a d o ç ã o d e critérios sele-
mento. ¡M p a r a o seu e m p r e g o ) ; c) a aplicação d o Serviço Social
59. Ao nível d e m a c r o a t u a ç ã o , o " m o d u s o p e r a n d i " d o WB C a s o d e v e s e r a l i a d a à de G r u p o p a r a a a b o r d a g e m o u
Serviço Social consiste e m : a ) p a r t i c i p a r d e t o d a s a s fases j f c t r a t a m e n t o d o s a s p e c t o s c o m u n s d o s p r o b l e m a s -identi-
d e p r o g r a m a ç ã o p a r a o m a c r o p l a n o ; b ) f o r m u l a r a meto- JMtíftdos n o s casos; d ) deve, também, s e r vinculada a o
dologia e estratégia de ação p a r a e l a b o r a r e i m p l a n t a r a psjsenvolvimento d e p r o j e t o s d e c o m u n i d a d e o b je tiv a n d o
política social; c) p l a n e j a r e i m p l e m e n t a r a infra-estrutura 5 m e l h o r a p a r e l h a m e n t o social e a mobilização d o s indi-
social. duos p a r a conjugação d e esforços q u e visem a r e m o v e r ,
60. E s s e s níveis d e a t u a ç ã o f o r m a m a pirâmide profis- l l b n i n a r o u p r e v e n i r a s c a u s a s sociais d o s p r o b l e m a s iden-
sional necessária ao Serviço Social p a r a a consecução de ' tfctloados n o t r a t a m e n t o d o s casos."*
seu objetivo r e m o t o e objetivos oper acionais . H . Considera-se a i n d a q u e c o n t r i b u i p a r a a racionalização
'da assistência; p a r a a a ç ã o d o Serviço Social e m o u t r a s
fraas, levando a e s t a a ç ã o a s inf or mações colhidas n o
SERVIÇO SOCIAL D E CASO OOnteto d i r e t o c o m os efeitos d a s c a r ê n c i a s e disfunções
i; considerasse q u e c o n c o r r e , também, p a r a a capa-
61. Considerando-se p o s s u i r o Serviço Social d e Caso u m profissional. U m d o s a s p e c t o s dessa capacitação
c o n j u n t o d e c o n h e c i m e n t o s teórico-práticos identificável zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
* Conceito expresso pelo Grupo de Trabalho da Pré-Conferência reali- • KPOURI Nadir Gouvêa.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXW
Serviço Social de Casos, Escola de Serviço zyxwvut
zada em Charlottesville-Virgínia, antecedendo a XIII Conferência Interna-
cional de Serviço Social, E.U.A., 1966.
W b 7 P U C , Cur» dé atualizaçáo de conhecimentos para assistentes sociais,
, d» Trabalhos Práticos.
34 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
t
seria o t i p o de a b o r d a g e m individual. Duvida-se, porém
d a t r a n s p o s i ç ã o , c o m êxito, d a a b o r d a g e m d o Serviço So- Teorização do Serv. Social 35 zyxwvutsrqponmlkjihg
cial de C a s o p a r a o p r o c e s s o de DC.
C o m o b a s e d e referência p a r a e s t a p a r t i c i p a ç ã o , con-
a-se q u e o contexto d o g r u p o r e p r e s e n t a u m a r e s p o s t a
ecessidades psicossociais d a p e s s o a h u m a n a , q u e a
SERVIÇO SOCIAL D E GRUPO
teia e m g r u p o r e s p o n d e a e s t a s necessidades e q u e o
65. O conceito de Serviço Social de G r u p o se modificou r i o g r u p o é u m i n s t r u m e n t o d e a t u a ç ã o n a comuni-
e m consequência d a evolução histórica, do p r o c e s s o . Tra- n a q u a l s e a c h a in s e r id o .
dicionalmente, a a ç ã o d o a s s i s t e n t e social se c o n c e n t r a v a Os objetivos o p e r a c i o n a i s d o Serviço Social d e G r u p o
n o g r u p o e nele circunscrevia seu limite. H o j e , busca-se, condicionados p o r t r ê s variáveis q u e devem s e r con-
também, o e n g a j a m e n t o efetivo d a clientela n o p r o c e s s o a d a s global e s i m u l t a n e a m e n t e : a s n e c e s s i d a d e s d o s
social m a i s a m p l o . A n a t u r e z a d o p r o c e s s o é, agora, enten- b r o s , a finalidade d a o b r a e o objetivo profissional
d i d a c o m o sócio-educativa, p o d e n d o t e r caráter t e r a p ê u t i c o ~ d o assistente social.
e / o u p r e v e n tiv o . , US. As funções d o Serviço Social d e G r u p o r e s p o n d e m a
66. P a r a efeito de análise, e pelo conteúdo funcional d o «dois p r i n c i p a i s tipos d e necessidades: a s d o s próprios par-
conceito, apresenta-se a definição de K o n o p k a : "O Serviço t i c i p a n t e s d o g r u p o , p o r q u a n t o a s experiências de g r u p o
Social de G r u p o é u m p r o c e s s o d e Serviço Social q u e , «tendem à s necessidades individuais de p e r t e n c e r e d e
através d e experiências p r o p o s i t a d a s , visa a c a p a c i t a r o s J 9 u t o - a f i r m a r - s e , e à s necessidades d a sociedade n a q u a l o
indivíduos a m e l h o r a r e m o seu r e l a c i o n a m e n t o social e a g r u p o s e a c h a i n s e r i d o , v i s t o q u e a s experiências de g r u p o
e n f r e n t a r e m d e m o d o m a i s efetivo s e u s p r o b l e m a s pes- desenvolvem o espírito d e c o o p e r a ç ã o mútua.
soais, d e g r u p o e d e c o m u n i d a d e . " * T8. O Serviço Social d e G r u p o c o n t r i b u i d e m o d o efetivo
67. Deste conceito infere-se existir u m a significativa cor- p a r a o p r o c e s s o d e mudança social, q u a n d o b u s c a a ade-
r e la ç ã o e n t r e c a p a c id a d e de r e l a c i o n a m e n t o social e ex- q u a ç ã o d a ambivalência h u m a n a .
periência de g r u p o . Conclui-se, ainda, d e s t a definição, q u e 74. A dinâmica individual d e c o r r e d e s s a ambivalência.
a s p e s s o a s n e c e s s i t a m de ajuda, à s vezes profissional, p a r a E n q u a n t o s e r a m b i v a l e n t e , o h o m e m vive e m c o n s t a n t e
desenvolverem ou aperfeiçoarem s u a s p o te n c ia lid a d e s d e p r o c u r a d e f o r m a s a d e q u a d a s de auto-realização e delas
relacionamento. t a n t o m a i s s e a p r o x i m a q u a n t o m a i s desenvolve, e m si,
68. As a t u a i s t e n d ê n c i a s d o Serviço Social d e G r u p o a c a p a c i d a d e d e inter-relações (pessoais e de g r u p o ) grati-
i m p l i c a m o u s o consciente d o g r u p o c o m o i n s t r u m e n t o flcadoras. E s s a s inter-relações s e c o n s t i t u e m e m condição
p a r a alcance d o s objetivos visados, o a l a r g a m e n t o d a s e r e c u r s o p a r a a s mudanças sociais, a o t e m p o e m q u e , p o r
funções tr adicionais d o Serviço Social, c o n s e q u e n t e m e n t e , ai m e s m a s , r e p r e s e n t a m mudanças.
a inclusão d e n o v a s funções, o e n g a j a m e n t o d o s m e m b r o s 75. Assim, a o intervir n o s p r o c e s s o s d e g r u p o , g a r a n t i n d o
e m p r o g r a m a s sociais m a i s a m p l o s e u m a p r e o c u p a ç ã o q u e eles se d e s e n c a d e i e m e se d e s e n v o l v a m e m s u a s for-
c o m o indivíduo, o g r u p o e a s mudanças sócio-culturais. m a s positivas, o Serviço Social d e G r u p o c o n t r i b u i p a r a
69. O objetivo do Serviço Social d e G r u p o é, e m última > i i n t r o d u z i r a s mudanças sociais n a m e d i d a d a s necessida-
análise, c a p a c i t a r os m e m b r o s d o g r u p o p a r a u m a efetiva des do homem.
p a r t i c i p a ç ã o n o p r o c e s s o social. zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
76. Considera-se q u e a l g u n s a s p e c t o s d e i n t e r e s s e p a r a
os a s s i s t e n t e s sociais d e g r u p o e s t ã o a m e r e c e r e s t u d o e
reflexão. D e n t r e eles, deve-se citar: o conceito d e liderança,
*JC,?NrOPKA' Gis«la.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Social Group Work — a Helping Process Pren
O u s o d e atividades pelo a s s i s t e n t e social d e g r u p o , o s
tice Hall, Inc. Englewood Cliffs, New Jersey, 1963 * '
g r u p o s a t e n d i d o s pelos assistentes sociais e n q u a n t o g r u p o s
d e f o r m a ç ã o social e d e a t u a ç ã o social, e o s c a m p o s d e
a t u a ç ã o d o Serviço Social d e G r u p o .
Teorização do Serv. Social 37
36" zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
CBCISS
através de a ç ã o organizada, p a r a a t e n d i m e n t o d e s u a s ne-
D E S E N V O L V I M E N T O D E COMUNIDADE c e s s i d a d e s e realizações d e s u a s a s p i r a ç õ e s .
77. N u m a visão panorâmica d a s i t u a ç ã o m u n d i a l , obser- 85. A c a r a c te r iz a ç ã o d e DC, c o m o p r o c e s s o interprofis-
va-se q u e o p r o c e s s o de Desenvolvimento d e C o m u n i d a d e s sional, d e c o r r e d o fato d e s u a realização ser s e m p r e conse-
(DC) a p r e s e n t a , n ã o a p e n a s n a fase d e i m p l a n t a ç ã o , c o m o 1 guida através d e p r o j e t o s i n t e g r a d o s , definidos p e l o eco-
também n o desenvolvimento d e p r o g r a m a s , a i n c o r p o r a ç ã o n o m i s t a Dirceu Pessoa* c o m o " e m p r e e n d i m e n t o q u e en-
d e e q u i p e s diversificadas profissionalmente, n e m s e m p r e volve diversos s e t o r e s e, c o m o tal, s ã o o b j e t o d e atividades
i n c l u i n d o assistentes sociais. multiprofissionais, i n t e r d e p e n d e n t e s , q u e deverão s e r con-
78. Nota-se, porém, q u e o s profissionais i n t e g r a n t e s des- duzidas integralmente".
s a s e q u i p e s r e c e b e m o e m b a s a m e n t o teórico e o treina- 86. P a r a esclarecer m a i s p r o f u n d a m e n t e o conteúdo d o
m e n t o c o m u m à f o r m a ç ã o d o a s s i s t e n t e social. DC, convém l e m b r a r o d o c u m e n t o d a s N a ç õ e s Unidas**
79. N o Brasil, a origem e a evolução d o DC estão inti- q u e d e s t a c a as q u a t r o contribuições d e DC a o s p r o g r a m a s
m a m e n t e ligadas a o Serviço Social, cujo p i o n e i r i s m o se d e desenvolvimento nacional: a ) " g e r a o c r e s c i m e n t o eco-
justifica d e s d e a c o n s t a t a ç ã o d e s u a i n t r o d u ç ã o n o país, nómico e social n o p l a n o local; b ) c o n s t i t u i u m canal ade-
s e n d o o DC i n c o r p o r a d o , d e início, c o m o u m d o s p r o c e s s o s q u a d o p a r a mútua c o m u n i c a ç ã o e n t r e g o v e r n o e povo;
d o Serviço Social. c ) c o l a b o r a n a f o r m a ç ã o d o capital social básico e n a ex-
80. Pelo e x a m e d a evolução d o DC n o Brasil, p o d e m - s e p a n s ã o d a infra-estrutura, pelo incentivo à s iniciativas lo-
definir q u a t r o e t a p a s . A p r i m e i r a está ligada à s experiên- cais nes s es s e t o r e s , l i b e r a n d o r e c u r s o s g o v e r n a m e n t a i s q u e
cias d e organizações d e c o m u n i d a d e s , i n s p i r a d a s e m mol- p o d e r ã o destinar-se a in v e s time n to s nacionais i m p o r t a n t e s ;
d e s n o r t e - a m e r i c a n o s , através d e t e n t a t i v a s d e coordena- d ) cria, e m m u i t o s países, a s condições prévias necessárias
ção d e serviços e o b r a s sociais e m áreas funcionais. p a r a a evolução d o s ó r g ã o s d o governo local o u p a r a o
81. A s e g u n d a caracteriza-se p o r experiências isoladas, fortalecimento d e instituições q u e ficaram estacionárias
atingindo p e q u e n a s áreas e c o m finalidades específicas de oú q u e n ã o se a d a p t a r a m à s mudanças".
m e l h o r i a s i m e d i a t a s de condições d e vida, s e m r e c u r s o s 87. C o n t r i b u i n d o n a f o r m a ç ã o d o capital social básico
político-administrativos e técnicos e n e m t a m p o u c o a preo- e n a e x p a n s ã o da infra-estrutura, amplia-se a perspectiva
c u p a ç ã o c o m p e r s p e c t i v a s v o l t a d a s p a r a o s e t o r económico.
d o DC, ressaltando-se a s u a integração n o desenvolvimento
82. A t e r c e i r a fase é definida p o r u m a t r a n s i ç ã o carac- sócio-econômico, através do estímulo ao capital h u m a n o ,
terizada pelo r e c o n h e c i m e n t o da n e c e s s id a d e d e atender-se " t r a n s f o r m a n d o r e c u r s o s h u m a n o s ociosos e m capacidade
a problemáticas e s t r u t u r a i s , m o t i v a n d o a n e c e s s id a d e de
estabelecimento d e m e t a s p a r a o desenvolvimento. p r o d u t i v a , d e n t r o d o s objetivos explicitados pelas próprias
comunidades".* * *
83. A q u a r t a , q u e se esboça a t u a l m e n t e c o m esforço defi-
88. N u m a d i m e n s ã o de i n t e g r a ç ã o , c o n s i d e r a n d o DC c o m o
n i d o de e l a b o r a ç ã o técnica, p r o c u r a enfatizar a criação
d e m e c a n i s m o s d e p a r t i c i p a ç ã o p o p u l a r n o p r o c e s s o do u m p r o c e s s o interprofissional, ressalta-se a p o s i ç ã o do
desenvolvimento, baseando-se n u m m e l h o r c o n h e c i m e n t o ^(Serviço Social p r e s e n t e n a e q u i p e e m t o d a s as fases do zyxwvutsrqpo
d a r e a l i d a d e nacional e regional q u a n t o , p r i n c i p a l m e n t e ,
a o i n s t r u m e n t a l disponível e à dinâxnica d e c o m p o r t a - * PFSSOA DirceuzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFED
Ação Comunitária como Atividade Programada em
m e n t o d a s p o p u l a ç õ e s . Saliente-se q u e a m a i o r i a d e s t e s Proietos I Seminário de Ação Comunitária do Nordeste, Pernambuco,
p r o g r a m a s está vinculada a p l a n o s g o v e r n a m e n t a i s e ope- SUDENE, 1966.
r a m - s e e m a l g u m a s regiões d o país. y Desarrollo Nacional, Nações Unidas, 1963.
** ComunidadzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFED
84. DC é u m p r o c e s s o interprofissional q u e visa a capa- *** Cadernos do IBRA, Desenvolvimento de Comunidades, Rio de Ja-
citar a c o m u n i d a d e p a r a integrar-se n o d e s e n v o lv ime n to neiro, Série 1, 1967.
38 Teorização
CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA do Serv. Social 39
t r a b a l h o , b u s c a n d o c o m os d e m a i s m e m b r o s a perspectiva ça, de nucleação e organização de g r u p o s , d e utilização
global d o s diversos p r o g r a m a s setoriais. t r u t i v a d e situações de conflito e tensões sociais.
89. P o r o u t r o lado, focalizando o p a p e l d o Serviço Social
n a i n t e g r a ç ã o d a c o m u n i d a d e n o p r o c e s s o de desenvolvi-
m e n t o , s u a presença é r e q u e r i d a e m t o d a s a s fases da INTEGRAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL
a ç ã o metódica e d a dinâmica d o p r o c e s s o .
90. A p a r t i r des s as considerações, a c o n tr ib u iç ã o espe- . D e n t r o d a n o v a p e r s p e c t i v a d a m e t o d o l o g i a operacio-
cífica do Serviço Social n a s e q u i p e s profissionais d e IX! ", coloca-se a q u e s t ã o d a i n t e g r a ç ã o d o Serviço Social,
p o d e s e r a s s i m definida: a ) p a r t i c i p a r e m p e s q u i s a s ope- discutível o t e m a . Os elementos conceptuais são escas-
racionais; b ) c o n t r i b u i r n a elaboração d a s variáveis p a r a sos; a s experiências e m c u r s o , a i n d a incipientes.
o e s t u d o , a análise-diagnóstico e a avaliação dos progra- VI. E s s a b u s c a d e i n t e g r a ç ã o evidencia o desejo d e u m .
m a s ; c ) estabelecer c a n a i s d e c o m u n i c a ç ã o c o m a comu- fnaior r e n d i m e n t o d o Serviço Social, podendo-se já iden-
n i d a d e , s u s c i t a n d o s u a p a r t i c i p a ç ã o n o e s t u d o , análise- tificar a l g u m a s f o r m a s d e a b o r d a g e m , c o m o : i n t e g r a ç ã o
diagnóstico, p l a n e j a m e n t o e avaliação; d ) c o n t r i b u i r p a r a Aos p r o c e s s o s de Serviço Social, de p r o g r a m a s e p r o j e t o s ,
a d e q u a ç ã o d a s p r i o r i d a d e s técnicas à s p r i o r i d a d e s s e n t i d a s d a s técnicas d o s p r o c e s s o s e m p r o g r a m a s , e d a docência
pela c o m u n i d a d e ; e ) d i n a m i z a r a c o m u n i d a d e p a r a inte- c o m o exercício profissional e p e s q u i s a .
g r a ç ã o n o p r o c e s s o d e desenvolvimento; f ) s u s c i t a r ino- 98. E s s a s f o r m a s de a b o r d a g e m , n a prática, a p r e s e n t a m -
vações q u e e s t i m u l e m a c o m u n i d a d e a a d o t a r a t i t u d e s e s e s o b o s seguintes a s p e c t o s : a ) u m m e s m o ó r g ã o aplica,
c o m p o r t a m e n t o s q u e a levem a o p t a r e a a s s u m i r decisões. s i m u l t a n e a m e n t e , os t r ê s p r o c e s s o s ; b ) a a ç ã o visa à mes-
91. Usa-se, m u i t o , a m e s m a t e r m i n o l o g i a p a r a a denomi- m a clientela, o u seja, indivíduos e g r u p o s i n t e g r a n t e s de
n a ç ã o do p r o c e s s o global e p a r a a faixa d e a t u a ç ã o d o u m a c o m u n i d a d e e / o u p o p u l a ç ã o ; c ) a s características
Serviço Social.
p e s s o a i s d a clientela e as condições a m b i e n t a i s d a área
92. E n t r e profissionais, há a t u a l m e n t e tendência p a r a u s o d e a t u a ç ã o d e t e r m i n a m a escolha d o p r o c e s s o e a p a s s a
d o t e r m o DC. N o e n t a n t o , a e x p r e s s ã o Serviço Social d e g e m d e u m p a r a o u t r o p r o c e s s o ; d ) identificação d a p r o -
C o m u n i d a d e , r e s t r i t a m e n t e , é u s a d a p a r a intervenção espe-
cífica d o Serviço Social. blemática e definição d a s áreas de a b o r d a g e m através de
Serviço Social de Caso, Serviço Social de G r u p o , Desen-
93. As E s c o l a s d e Serviço Social, e m r a z ã o d e disposições volvimento d e C o m u n i d a d e e T r a b a l h o c o m p o p u l a ç õ e s ;
legislativas, e m s u a d o c u m e n t a ç ã o oficial utilizam a deno-
m i n a ç ã o Desenvolvimento e Organização d e C o m u n i d a d e e ) a t e n d i m e n t o a casos, g r u p o s , c o m u n i d a d e s e popula-
(DOC). ções e m função d e problemáticas específicas e através de
p r o g r a m a s e / o u p r o j e t o s q u e a t e n d a m a e s s a s problemá-
94. Observe-se q u e a s expressões a d o t a d a s a c o m p a n h a m
ticas.
a contínua evolução d e aplicação d o p r o c e s s o , d e a c o r d o
c o m a s características q u e o m e s m o a s s u m i u e m fases 99. A i n t e g r a ç ã o d a docência, d o exercício profissional
diversas históricas, e m v a r i a d o s c o n t e x t o s sociais. e d a p e s q u i s a a s s u m e a s seguintes características: a ) o s
p r o g r a m a s teórico-práticos d e a p r e n d i z a g e m e o s p r o g r a -
95. As funções d o Serviço Social e m DC são principal-
m a s profissionais s e desenvolvem n a s p e r s p e c t i v a s d e
m e n t e o r i e n t a d a s p a r a a deflagração d o s p r o c e s s o s d e
conscientização, mo tiv a ç ã o e e n g a j a m e n t o de lideranças p r o g r a m a s e p r o j e t o s i n t e g r a d o s ; b ) a e x p e r i m e n t a ç ã o nes-
individuais, de g r u p o s e instituições n o s e n tid o d o desen- t e s dois níveis d e p r o g r a m a oferece subsídios à p e s q u i s a ,
volvimento. Cabe-lhe, p o r t a n t o , aplicar técnicas, atualmen- c ) o s a g e n t e s d a p e s q u i s a e n r i q u e c e m a experiência, favo-
te, e m diferentes g r a u s d e e l a b o r a ç ã o , tais c o m o a d e r e c e n d o e s t a atualizaçao d o s c o n h e c i m e n t o s e a síntese
a b o r d a g e m individual e d e g r u p o , d e c a p a c i t a ç ã o d e lide- d a s ciências, h u m a n a s .
40 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
UTILIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO
E M SERVIÇO SOCIAL
100. A a d m i n i s t r a ç ã o n ã o é u m p r o c e s s o específico de
Serviço Social. O assistente social, c o n t u d o , n o exercício
de s u a profissão, d e s e m p e n h a funções a d m i n i s t r a t i v a s
q u a n d o : a ) o c u p a car go de chefia e d e c o o r d e n a ç ã o de
e q u i p e s n a a d m i n i s t r a ç ã o de p r o g r a m a s ; b ) c o l a b o r a a o
nível d a f o r m u l a ç ã o d e decisões a d m i n i s t r a t i v a s ; c) parti-
cipa d a f o r m u l a ç ã o de política de a ç ã o .
101. A a d m i n i s t r a ç ã o constitui, hoje, u m a disciplina pro- Capítulo III
fissional definida, d o t a d a de u m c o r p o próprio d e t e o r ia e
técnicas.
102. O fato d e q u e a a ç ã o do Serviço Social p r e s s u p õ e , SERVIÇO SOCIAL E A REALIDADE BRASILEIRA
s e m p r e , a existência d e q u a d r o s organizacionais e, conse- 105. A n e c e s s i d a d e d o c o n h e c i m e n t o d a realidade brasi-
q u e n t e m e n t e , o m a n e j o d e p r o c e s s o s a d m i n i s t r a t i v o s , co- leira é p r e s s u p o s t o f u n d a m e n t a l p a r a q u e o Serviço Social
m o a p o i o à execução d e s u a s atividades, está a exigir es- nela p o s s a inserir-se a d e q u a d a m e n t e , n e s t e seu esforço
t u d o s e conceituação de u m c a m p o d a a d m i n i s t r a ç ã o vol- a t u a l de r e f o r m u l a ç ã o teórico-prática. Ressalta-se q u e este
t a d a p a r a a problemática específica do Serviço Social. c o n h e c i m e n t o deve s e r c o n s u b s t a n c i a d o e m t e r m o s de
103. A " A d m i n i s t r a ç ã o d o Serviço Social" constituiria diagnóstico d a realidade nacional, diagnóstico este indis-
u m a especialização, a exemplo do q u e já existe e m t e r m o s pensável a u m p l a n e j a m e n t o p a r a a intervenção n a reali-
de A d m i n i s t r a ç ã o H o s p i t a l a r e A d m i n i s t r a ç ã o E s c o l a r . d a d e brasileira, c o m vistas à i m p l a n t a ç ã o d a s necessárias
104. O p r e p a r o a d e q u a d o , nessa especialização, deve cons- mudanças.
tituir r e q u i s i t o f u n d a m e n t a l p a r a o profissional d e Serviço 106. O esforço do Serviço Social, n e s t a perspectiva, t e m
Social, c h a m a d o a exercer funções a d m i n i s t r a t i v a s no seu e m m i r a u m a c o n tr ib u iç ã o positiva ao desenvolvimento,
c a m p o de a ç ã o técnica. e n t e n d i d o este c o m o u m p r o c e s s o d e p l a n e j a m e n t o inte-
g r a d o de mudança n o s a s p e c t o s económicos, tecnológicos,
sócio-culturais e político-administrativos.
107. N e s t a c o n o t a ç ã o de desenvolvimento, e n t e n d e o Ser-
viço Social q u e o h o m e m deve ser, nele, s i m u l t a n e a m e n t e ,
agente e objeto, e m b u s c a de s u a p r o m o ç ã o h u m a n a , n u m
s e n tid o a b r a n g e d o r , d e m o d o q u e os benefícios n ã o s e
l i m i t e m a frações d e populações, m a s a t i n j a m a t o d o s ,
p r o p i c i a n d o o p l e n o desenvolvimento d e c a d a u m .
108. É d e n t r o des s e q u a d r o de referências q u e o Serviço
Social deve definir s u a s faixas próprias de a t u a ç ã o , cons-
t r u i n d o m o d e l o s específicos d e intervenção.
109. P a r a a i n s t r u m e n t a l i d a d e d a in te r v e n ç ã o do Serviço
Social n o Desenvolvimento, faz-se m i s t e r a e l a b o r a ç ã o de
m o d e l o s q u e s i s t e m a t i z e m a p r o g r a m a ç ã o global e / o u se-
torial.
Teorização do Serv. Social 43
b ) a a d o ç ã o de m e d i d a s q u e g a r a n t a m a inserção d o s pro-
42 g r a m a s e atividades de Serviço Social n o s vários níveis
CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
do planejamento.
110. E v i d e n t e m e n t e , a fixação d e t a i s m o d e l o s n ã o é, n e m
117. N a MOBILIZAÇÃO D E FORÇAS ORGANIZADAS, a
p o d e ser, d e exclusiva r e s p o n s a b i l i d a d e d o Serviço Social,
microatuação do Serviço Social seria: a ) identificação, mo-
m a s torna-se imprescindível a p a r t i c i p a ç ã o d e s t e n e s t a ela-
bilização e a r t i c u l a ç ã o d e indivíduos, g r u p o s e organizações
boração.
p a r a a p a r t i c i p a ç ã o n o p r o c e s s o d e desenvolvimento; b )
111. A título de c o n t r i b u i ç ã o , apresenta-se este p r i m e i r o incentivo à f o r m a ç ã o d e n o v o s q u a d r o s d e liderança, gru-
e s q u e m a de m o d e l o de a t u a ç ã o d o Serviço Social, colocado p o s e organizações; c ) valorização e c a p a c ita ç ã o d e qua-
e m p e r s p e c t i v a d e Desenvolvimento, reconhecendo-se a d r o s de liderança, v i s a n d o habilitá-los a a t u a r n o p r o c e s s o
necessidade de análise científica q u e p e r m i t a a avaliação d e desenvolvimento. A macroatuação do Serviço Social
p a r a p o s t e r i o r e s r e f o r mu la ç õ e s . seria: a ) valorização e estímulo à s instituições p a r a q u e
112. S u p õ e e s t e m o d e l o de a t u a ç ã o o s seguintes ele- s e c a p a c i t e m e estabeleçam sistemática d e c o o r d e n a ç ã o e
mentos: u s e m o u t r o s p r o c e s s o s dinâmicos q u e a s t o r n e m p r o p u l-
IDEOLOGIA DO D E S E N V O L V I M E N T O INTEGRAL; s o r a s d e mudança; b ) i n t r o d u ç ã o d e s i s t e m a s d e transfor-
PLANEJAMENTO; m a ç ã o p a r a a q u e l a s instituições q u e s e c o n s t i t u e m e m
MOBILIZAÇÃO D E FORÇAS ORGANIZADAS; freios e / o u b l o q u e i o s à mudança.
CAPITAL ( r e c u r s o s h u m a n o s e m a t e r i a i s ) ; 118. No CAPITAL, a microatuação do Serviço Social seria
TÉCNICA. a identificação d e r e c u r s o s m a t e r i a i s disponíveis e o estí-
113. P a c e a este m o d e l o de a t u a ç ã o , sugere-se c o m o fun- m u l o à c r ia ç ã o d e novos r e c u r s o s q u e s e fizerem necessá-
ção e atividade do Serviço Social e m u m a escala de m i c r o rios, e n q u a n t o q u e a macroatuação do Serviço Social seria:
e macroatuação. a ) i m p l e m e n t a ç ã o d o s in v e s time n to s d e infra-estrutura
114. N a IDEOLOGIA DO D E S E N V O L V I M E N T O INTE- social; b ) estímulo à p a r t i c i p a ç ã o p o p u l a r e m p r o g r a m a s
GRAL, a microatuação do Serviço Social seria o p r o c e s s o q u e efetivem o s c h a m a d o s in v e s time n to s d e capital fixo;
d i r e t o d e conscientização d e indivíduos, g r u p o s e organi- c ) c o n t r i b u i ç ã o p a r a a elevação d p s níveis de vida; d )
zações de b a s e , e n q u a n t o a macroatuação do Serviço Social estabelecimento de prioridades para programas, projetos
s e r i a o estabelecimento de u m a política e / o u de m e d i d a s e atividades, a p a r t i r d e necessidades e a s p i r a ç õ e s d a s
q u e i m p l i q u e m : a ) u m a m p l o p r o c e s s o d e conscientização p o p u l a ç õ e s ; e) valorização d o s r e c u r s o s h u m a n o s , vis ando
d o s c e n t r o s d e p o d e r d e decisão d a sociedade; b)> a inva- a s u p e r a r resistências aos p r o g r a m a s e p r o j e t o s a s e r e m
lidação d o s p r o c e s s o s q u e , implícita o u explicitamente, se- i m p l a n t a d o s ; f ) avaliação d o c u s t o d e p e s s o a l e equipa-
j a m contrários aos i n s t r u m e n t o s ou estímulos p r o p u l s o r e s m e n t o a p l i c a d o n o s p r o g r a m a s vinculados, d i r e t a o u indi-
e a c e le r a d o r e s d o desenvolvimento. r e t a m e n t e , a o Serviço Social, t e n d o e m vista a rentabili-
dade destes.
115. Assim e n t e n d i d o , o Serviço Social deve f o r m u l a r
diretrizes, c r i a r u m a estratégia d e a ç ã o , de a c o r d o c o m 119. N a TÉCNICA, a microatuação do Serviço Social se-
seus princípios fundamentais, p a r a a t u a r de m a n e i r a gené- ria a utilização d o s p r o c e s s o s d e Caso, G r u p o e Desenvol-
rica e, especialmente, frente a d e t e r m i n a d a s situações de v i m e n t o d e C o m u n i d a d e , b e m c o m o d e técnicas auxiliares,
bloqueio à mudança. procedendo-se s u a seleção e m vista d a m e l h o r aplicabili-
d a d e a o desenvolvimento, e n q u a n t o q u e a macroatuação
116. N o PLANEJAMENTO, a microatuação do Serviço
do Serviço Social seria: a ) utilização d e f o r m a s operacio-
Social seria a inserção d e p l a n e j a m e n t o n a s microrrealiza-
n a i s n o sentido d e t r a n s f o r m a ç ã o d a s e s t r u t u r a s ; b ) esta-
ções, d e n t r o de diretrizes e / o u política d o macroplaneja-
b e le c ime n to realístico d a s condições e d a s e t a p a s d o p r o -
m e n t o , e n q u a n t o a macroatuação do Serviço Social seria:
cesso d a p a r t i c i p a ç ã o p o p u l a r , p a r a q u e o s p r o g r a m a s se
a ) inserção consciente das p o p u la ç õ e s n o p l a n e j a m e n t o
através d o c o n h e c i m e n t o d e s u a s p o te n c ia lid a d e s e d o s
m e i o s de transformá-los e m i n s t r u m e n t o s d e s s a integração;
44 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Teorização do Serv. Social 45
efetivem, r e v i g o r a n d o a s decisões e ações h u m a n a s , c o m ç õ e s n a teoria, n a metodologia, no ensino e n o s c a n a i s de
vistas a o desenvolvimento; c) p a r t i c i p a r d o estabelecimen- c o m u n i c a ç ã o d o Serviço Social c o m o público. E s t a s res-
t o d e sistemáticas de c o o r d e n a ç ã o d e atividades i n t e r p r o - p o n s a b i l i d a d e s novas, c o n t u d o , n ã o o s i n t i m i d a m . Ao con-
fissionais; d ) e s t a b e l e c i m e n t o d e política d e estímulo quan- trário, s ã o t o m a d a s c o m o desafio. Certos d e q u e a s p r o p o -
t o a e m p r e s a s e técnicos, objetivando d e s p e r t a r a t i t u d e s sições d e s t e d o c u m e n t o s e r ã o objeto d e análise crítica,
i n o v a d o r a s capazes de levá-los a a d e r i r e m a o p r o c e s s o de -<le reflexão p o r p a r t e d a s escolas, d o s profissionais, d o s
mudança; m o t i v a ç ã o d o e m p r e s a r i a d o p a r a a utilização ó r g ã o s d e classe e d o s e s t u d a n t e s d e Serviço Social, con-
d o s i n v e s t i m e n t o s q u e lhes s ã o oferecidos pelas institui- f i a m q u e e s t a s f o r m u l a ç õ e s se p r o j e t e m n o f u t u r o d o
ções públicas e p r i v a d a s , v i s a n d o m a i o r r e n t a b i l i d a d e a Serviço Social n o Brasil.
s u a s iniciativas e esforços; incentivo d o espírito empre-
sarial, vis ando a o aperfeiçoamento de iniciativas empíricas
e, c o n s e q u e n t e m e n t e , m a i o r c o n t r i b u i ç ã o a o p r o c e s s o d o
desenvolvimento; e) a p r o f u n d a m e n t o e / o u e l a b o r a ç ã o da Assinado por todos os participantes.
teorização, d a s técnicas d o p l a n e j a m e n t o e técnicas opera-
cionais d o Serviço Social, t e n d o e m vista a s exigências
a t u a i s d e a b e r t u r a d e c a m p o s e / o u m e r c a d o de t r a b a l h o
a o nível de m a c r o a t u a ç ã o .
120. Face à s colocações explicitadas, reconhece-se reque-
r e r a a t u a ç ã o d o Serviço Social o e s ta b e le c ime n to d e cri-
térios d e p r i o r i d a d e s e a definição de opções a d e q u a d a s à s
exigências d a realidade económico-social.
121. O desenvolvimento harmónico d o h o m e m — perma-
n e n t e desafio à a t u a ç ã o d o Serviço Social — exige q u e
s u a a d e q u a ç ã o à r e a l i d a d e seja u m a c o n s t a n t e .
122. P a r a a s t r a n s f o r m a ç õ e s necessárias a o desenvolvi-
m e n t o , faz-se m i s t e r u m a a m p l a e consciente p a r t i c i p a ç ã o
do próprio h o m e m , sujeito e o b j e t o d o Serviço Social.
Disto d e c o r r e a necessidade de u m t r a b a l h o cientificamente
e m b a s a d o , q u e f u n d a m e n t e u m a sistemática realista e efi-
caz à n o v a estratégia d o Serviço Social, n a consecução de
seus objetivos.
NOTA F I N A L
123. Os p a r t i c i p a n t e s d o Seminário de Araxá r e c o n h e c e m
a importância d o m o m e n t o histórico d e s t e e n c o n t r o . Acre-
d i t a m q u e a iniciativa e o s r e s u l t a d o s d e s t e Seminário
c o n s t i t u e m u m m a r c o n o p r o c e s s o de e l a b o r a ç ã o d o con-
teúdo técnico-científico d o Serviço Social.
124. Refletindo s o b r e as consequências d a s opções suge-
r i d a s , c o n s t a t a m a necessidade de p r o f u n d a s reformula-
RELAÇÃO DOS DOCUMENTOS PREPARATÓRIOS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
DOCUMENTO DE TERESÓPOLIS
Roteiros para Discussão
Doe. I — C o m p o n e n t e s • universais d o Serviço Social —
METODOLOGIA DO SERVIÇO SOCIAL
S. P a u l o
II SEMINÁRIO — 10 a 17 de janeiro de
Doe. I I — M e t a s d o Serviço Social — S. P a u l o
Doe. I I I — O Serviço Social face a o p r o c e s s o d e formu-
lação e i m p l a n t a ç ã o d a Política Social — S.
Paulo
Doe. I V — Papel d o Serviço Social; funções d o Assistente
Social — S. P a u l o
Doe. V — Serviço Social. Objetivos. Níveis d e Atuação.
ótica e Metodologia — H e l e n a I. J u n q u e i r a
T o d o s estes d o c u m e n t o s f o r a m p u b l i c a d o s n o Suple-
m e n t o n.° 4 de 1967, d o s D e b a t e s Sociais, d o CBCI S S . zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
COMÎSSAO ORGANIZADORA DO S E M I N A R I O
COORDENAÇÃO
Edith Motta
HOSPITALIDADE
Conselheiro Luiz Gonzaga M a r e n g o P e r e i r a
e Diretoria do "Holiday Club"
PARTICIPANTES
Angela Anastasia C a r d o s o
Ana Alves P e r e i r a
B a l b i n a O t t o n i Vieira
E d i t h M. M o t t a
E d y Maciel M o n t e i r o
E v a T e r e s i n h a Silveira Faleiros
Francisco Paula Ferreira
Giselda B e z e r r a
Helena Iracy Junqueira
I s a Maia
CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Jocelyne L. C h a m u z e a u
José Lucena D a n t a s
Leda Del Caro
M a r i a Augusta de L u n a Albano
M a r i a d a Glória N i n F e r r e i r a
Maria das Dores Machado
M a r i a Dulce de M o u r a Beleza
M a r i a d o C a r m o C. F a l c ã o
M a r i a H e l e n a M. D u a r t e
M a r i a Lúcia A. Velho
M a r i a d e Nazaré M o r a e s SUMARIO
Marília Diniz C a r n e i r o
Marina de Bartolo
M a r i s a Meira L o p e s I n t r o d u ç ã o zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPON
M a r t a "Teresinha G o d i n h o
Mary Catherine Jennings RELATÓRIO DO GRUPO A
N a d i r Gouveia Kfouri
N e l s o n José S u z a n o * 2. Concepção científica da prática do Serviço Social
R o s a d a Silva G a n d r a
Suely G o m e s Costa
Suzana Medeiros 2.1.1 Fenómenos e variáveis significativos p a r a a prá-
Tecla M a c h a d o Soeiro tica d o Serviço Social
Vicente d e P a u l a F a le ir o s
L e v a n t a m e n t o d o s fenómenos e variáveis
Identificação d a s funções c o r r e s p o n d e n t e s
Classificação d a s funções
Investigação-diagnóstico
Intervenção
O b s e r v a ç õ e s s o b r e o Relatório d o G r u p o A
— Introdução zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
às Questões de Metodologia — Teoria do
Diagnóstico e da Intervenção em Serviço Social, p o r
S u ely G omes C os ta .
— Teoria Metodológica do Serviço Social, uma Abor-
dagem Sistemática, p o r José Lu cen a D a n ta s .
— Bases para Reformulação da Metodologia do Serviço
Social, p o r Tecla M a ch a d o S oeir o.
C — Su b divisão d os p a r ticip a n tes e m d ois g r u p os — A
e B — p a r a es tu d o d os tema s s u b s equ en tes : Te m a 2 —
C oncepção científica d o serviço s ocia l; e Te m a 3 — A p l i-
RELAT ÓRIO DO GR UP O A
cação d a m etod ol og ia d o serviço s ocia l.
D — Apresentação, e m plenário, d os d ocu m en tos ela-
b or a d os p elos d ois g r u p os . O G r u p o A a p r ofu n d ou - s e m a is
n o Te m a 2, o G r u p o B s egu iu fielm en te o es qu ema p r o-
p os to. A d iver s id a d e n a s fo r m a s d e tr a b a l h o im p os s ib il i-
t o u a fu são d os d ois rela tórios .
O Relatório Final
C o n fo r m e decisão d o plenário, os G r u p o s só es tu d a r a m
os Tem a s 2 e 3, p o r q u e o Tem a 1 f o i d eb a tid o e m plenário,
b a s ea do n os três tr a b a l h os prepa ra tórios a o S eminá rio.
O zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Grupo A, e m r es p os ta a o Te m a 2 — Concepção Cien-
tífica da Prática do Serviço Social e a o i t e m 2.1 Conheci-
mentos Científicos que Embasam a Prática do Serviço
Social, — i n i c i o u o es tu d o p elos 2.1.1 Fenómenos e Variá-
veis Significativos para a Prática do Serviço Social, desen-
volven d o- o m a is a m p l a m en te, não chega ndo a a b or d a r os
iten s s egu intes d o Te m a 2.
Q u a n to a o Tem a 3 — Aplicação da Metodologia do Ser-
viço Social, o es tu d o f o i feito a p a r t i r de u m r o te i r o orga -
n iza d o p o r elemen tos d o p r óp r io G r u p o a o término d a ela-
b ora çã o d o es tu d o a n ter ior .
T E M A 2: C O N C E PÇ ÃO C IE N TÍF IC A D A P R A TIC A
D O S E RV IÇ O S O C IA L
N ível B iológico P A RA O S E RV IÇ O S O C IA L , N O S F E N Ó M E N O S O B -
N ível D omés tico zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
S E RV A D O S .
8
Fenómeno (social ou fato social): fatos sociais enquanto objeto de uma volvimento de outro fenómeno. (Verbete preparado pelo cientista social
observação. (Verbete preparado pelo cientista social E. A. Gellner para o Raymond V. Bowers para o Dictionary of the Social Sciences, edjção da
Dictionary of the Social Sciences, edição da UNESCO.) UNESCO.)
Teorização do Sero. Social 63
62 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
e m serviço s ocia l f o i d efin id a com o: " a r es p os ta d a d a p ela
des de logo evid en cia d o qu e as mes ma s variáveis, c o m fre- intervenção d o serviço s ocia l a u m a d eter m in a d a necessi-
qu ência, a p a r ecia m r ela cion a d a s a d ifer en tes fenómenos. d a d e h u m a n a , d etecta d a n a s variáveis ob s er va d a s ".
( V er Q u a d r os A 1, A 2, A 3, A 4, A 5, A 6, A 7 — colu n a 2.) P a r tin d o desse con ceito ( p a r a fin s de es tu d o) , f o i p r o-
p os ta a s egu in te classificação da s fu nções: 6
3.
a
Etapa
C LAS S IFIC AÇ ÃO D A S FU N Ç Õ E S zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVU
ID E N TIF IC A Ç Ã O D A S F U N Ç Õ E S C O R R E S P O N D E N -
5
C LA S S IF IC A Ç Ã O D A S FU N Ç Õ E S .
O u t r a possível classificação, a ten d en d o à satisfação de
Id en tifica d a s q u a tor ze d ifer en tes fu nções, f o i ten ta d a a neces s ida de n o tem p o: função im ed ia ta e função m ed ia ta .
classificação da s mes ma s . Pa r a fin s deste es tu d o, Função zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
NÍVEL BIOLÓGICO
FENÓMENOS
SI GNI FI CAT I VOS VAR I ÁVEI S S I G N I F I C A T I V A S P A R A F UN Ç Õ E S D O S E R V I Ç O
OBSER VADOS NA P OSSÍ VEI S F UN Ç Õ E S D O S E R V I Ç O SOCIAL
O SER VI ÇO S O C I A L N O S F ENÓM ENOS SOCIAL
(DET ALHADAS)
P R A T I C A DO OBSER VADOS (R EDUZI DA S)
SER VI ÇO S O C I A L
PK NOMK N08
SI GNI FI CAT I VOS VAR I ÁVEI S S I G N I F I C A T I V A S P A R A F UN Ç Õ E S D O S E R V I Ç O
P OSSÍ VEI S F UN Ç Õ E S D O SER V I ÇO SOCIAL
OBSER VADOS NA O SER VI ÇO S O C I A L N O S F ENÓM ENOS SOCIAL
(DET ALHADAS)
P R A T I CA DO OBSER VADOS (R EDUZI DA S)
SER VI ÇO S O C I A L
7. M e n o r e x c e p c i o n a l
NI VEL E DUC A C I O N A L
FENÓMENOS
SI GNI FI CAT I VOS VAR I ÁVEI S S I G N I F I C A T I V A S P A R A O F UN Ç Õ E S D O S E R V I Ç O
P OSSÍ V EI S F UN Ç Õ E S D O SER VI ÇO S O C I A L SOCIAL
OBSER VADOS NA SER VI ÇO S O C I A L N O S F ENÓMENOS
(DET ALHADAS) (R EDUZI DA S)
P R A T I C A DO OBSER VADOS
SER VI ÇO S O C I A L
2. H i a t o n o c i v o , 1. D i f i c u l d a d e d o s m e n o r e s d a c l a s s e b a i x a ,
t r abal h o do m e n o r n a f a i x a d e 12 a 14 a n o s , d e p r o s s e g u i -
e al t a se le t i v i dade r e m o s e s t ud o s , s e i n i c i a r e m n o p r e p a r o
pro f i ssi o nal e i n g r e ssar e m no m e r c ad o de
t r abal h o
QUA DR O A 4
NÍ VEL R E S I D E N C I A L
FENÓMENOS
SI GNI FI CAT I VOS VAR I ÁVEI S S I G N I F I C A T I V A S P A R A O F UN Ç Õ E S D O S E R V I Ç O
P OSSÍ V EI S F UN Ç Õ E S D O SER V I ÇO S O C I A L SOCIAL
OBSER VADOS NA SER VI ÇO S O C I A L N O S F ENÓM ENOS
(DET ALHADAS) (R EDUZI DA S)
P R A T I CA DO OBSER VADOS
SER VI ÇO S O C I A L
1. P r o b l e m a s d e I n f r a - 1. D i f i c u l d a d e d e a c e s s o p r o f i s s i o n a l á c l i e n - 1. De sc e nt ral i z aç ão d o s r e c u r s o s p a r a a t e n - 1. A d m i n i s t r a t i v a e
e st rut ura ur ba n a : t e l a e v i c e -v e r sa diment o à c li e nt e la p e s q ui s a (micro)
— p av i m e n t aç ão 2. D i f i c u l d a d e d e ac e sso ao l o c a l d e t r a b a l h o 2. Cl ari f i c aç ão so c i o l ó g i c a d a c o m un i d ad e , 2. C l a r i f i c a d o r a
— á g ua e r e c u r s o s , o c a s i o n a n d o d e sg ast e d a c l i e n - c o m re l aç ão a o s s e us d i r e i t o s d e i n f r a - (c o nsc i e nt i z ado ra)
— e sg o t o tela e st r ut ur a 3. M o b i l i z a d o r a
— i l um i naç ão 3. P r o b l e m a s d e saúde , h i g i e n e , a b a s t e c i - 3. I n c e n t i v o à f o r m aç ão d e m ut i r ão e m c a -
— t ranspo rt e m e n t o e se g uranç a rát e r s u p l e t i v o p a r a c o m p l e m e n t a r aç õ e s
— c o m uni c aç ão 4. Co ndi ç õ e s d e habi t aç ão s u b u m a n a , pro- públ i c as, c o nst ruç õ e s e m e l h o r i a d a c a s a
m i sc ui d ad e e i n sal ubr i d ad e pró pri a
5. F a l t a d e r e c u r s o s r e l a t i v o s à e duc aç ão ,
saúde , l a z e r e b e m - e s t a r
2. P r o b l e m a s d e 1. G r a n d e p e r c e n t a g e m d o o rç am e nt o 1. P e s q u i s a , p l a n e j a m e n t o e a s s e s s o r i a a o s 1. P e s q u i s a ( m a c r o )
ur ban i z aç ão : apl i c ado no al ug ue l d a m o r ad i a ó rg ão s l o c a i s , e s t a d ua i s , r e g i o n a i s e n a - 2. P l a n e j a m e n t o
— c arê nc i a d e áre as, 2. I n se g ur an ç a e m o b i l i d a d e c i o nai s 3. A s s e s s o r i a
lo c ai s e
e q ui p am e n t o s
— e x i st ê nc i a d e
f a v e l a s e c o rt i ç o s
— de f i c i t h abi t ac i o n al
QUA DR O A 5
N I V E L CÍVICO-MUNICIPAL
FENOMENOS
SI GNI FI CAT I VOS VAR I ÁVEI S S I G N I F I C A T I V A S P A R A O F UN Ç Õ E S D O S E R V I Ç O
P O S S Í V E I S F UN Ç Õ E S D O S E R V I Ç O S O C I A L SOCIAL
OBSER VADOS NA SER VI ÇO S O C I A L N O S F E N O M E N O S
(DET ALHADAS) (R EDUZI DA S)
P R A T I CA DO OBSER VADOS
SER VI ÇO S O C I A L
1. Di v i sf i o m u n i c i p a l 1. De f o r m aç ão do si st e m a n at ur al de 1. A c e l e r aç ão e i nt e nsi f i c aç ão d o s s i s t e m a s 1. D e subst i t ui ç ão d e
n ão c o r r e s p o n d e á po l ari z aç ão d e re l aç õ e s s o c i a i s p ad r õ e s
c arac t e ri z aç ão g e o - 2. Subst i t ui ç ão d o s i s t e m a d e i nf l uê nc i a, 2. S o c i a l i z a d o r a
só c i o -e c o nô m i c a at rav é s d e e st rat é g i a p o l i t i c a l o c a l 3. D e p o l i t i c a s o c i a l
- i -
QUA DR O A 6
2. M ar g i n al i z aç ão às 1. A c o m o d aç ão , p a s s i v i d a d e , al t o g r a u de 1. M o n t a g e m d e c e n t r o s d e ac ul t uraç ão e 1. D e c ri aç ão d e r e c u r s o s
no v as f o rm as de v i d a ano m i a e duc aç ão p o p ul a r 2. De plane jam e nt o
no s g rande s cent ros 2. I n d i v i d u a l i s m o 2. I nt e g raç ão c rí t i c a às n o v a s f o r m a s d e v i d a 3. D e adm i ni st raç ão
ur ba n o s 3. R e laç õ e s s o c i a i s l i m i t a d a s à f am í li a e 3. D e s e n v o l v i m e n t o d o p e n s a m e n t o c rí t i c o 4. D e subst i t ui ç ão d e
v i z i nhanç a 4. F o r m aç ão s o c i a l (c o nsc i e nt i z aç ão d a s d i - padrõ e s
4. A usê nc i a d e part i c i paç ão m e nsõ e s p e s s o a l e s o c i a l d o i n d i v í d uo ) 5. Co nsc i e nt i z ado ra
5. D e s e n v o l v i m e n t o d o c o m p o r t a m e n t o g ru- 6. D e e duc aç ão d e ba s e
p a i (ao n í v e l d a sat i sf aç ão d e n e c e s s i d a - 7. So c i ali z ado ra
de s o bj e t i v as) 8. M o bi l i z ad o r a
6. D e s e n v o l v i m e n t o d a s re laç õ e s c o m un i t á-
r i a s e so c i e t ári as
7. I nt e g raç ão às n o v a s f o r m a s d e r e l aç ão
8. Capac i t aç ão p a r a a ut i li z aç ão d o s c a n a i s
d e part i c i paç ão p o p u l a r
9. Ex e rc í c i o d a part i c i paç ão s o c i a l e c u l t u r a l
3. I n d i v i d u a l i s m o 1. Ex i st ê nc i a d e c o m p o r t a m e n t o g r u p a i s o - 1. Di nam i z aç ão o u i m pl e m e nt aç ão d e f o r m a s 1. D e assi st ê nc i a t é c ni c a
m e n t e p a r a f i n s d e v al o ri z aç ão d e n e c e s s i - a s s o c i a t i v a s — a n í v e l d e ba i r r o , t r a b a - 2. M o bi l i z a d o r a
d a d e s s u b j e t i v a s e re laç õ e s m í t i c as l h o . . . ( s o c i e d a d e s a m i g o s do b a i r r o , s i n - 3. So c i ali z ado ra
2. A usê n c i a d e hábi t o s d e part i c i paç ão d i c at o . . .) 4. Co nsc i e nt i z ado ra
3. A usê n c i a d e c o nsc i ê nc i a d e c l a s s e e d e 2. D e s e n v o l v i m e n t o d o c o m p o r t a m e n t o g ru- 5. D e p e s q ui s a d e m é t o do
c o nsc i ê nc i a d e c o m u n i d a d e p a i e d a a t i t ud e d e c o o pe raç ão 6. D e e duc aç ão d e ba s e
4. A c o m o d aç ão , p a s s i v i d a d e 3. Ex e rc í c i o d a part i c i paç ão de c i só ri a 7. D e p e s q ui s a d e
5. A n o m i a 4. D e s e n v o l v i m e n t o d a c o nv i v ê nc i a d e c l a s - ne c e ssi dade
se , c o nsc i ê nc i a d e naç ão e t c . 8. D e subst i t ui ç ão de
padrõ e s
4. Di st ânc i a s o c i a l 1. D i f i c u l d a d e d e c o m uni c aç ão ( v a l o r e s , 1. E s t a b e l e c i m e n t o d e c a n a i s e f o r m a s a d e -
c o m po rt am e nt o e l i n g uag e m ) q u a d a s d e c o m uni c aç ão c o m a s po pul aç õ e s
2. Marg i nal i z aç ão s o c i a l e c u l t u r a l 2. I nt e g raç ão c rí t i c a e e x e rc í c i o d a p a r t i c i -
paç ão s o c i a l e c u l t u r a l
5. M ud an ç as s o c i a i s 1. R e si st ê nc i a à m ud an ç a 1. R o m p i m e n t o d as re si st ê nc i as à m ud an ç a
ac e le radas 2. C r i s e d e g e raç ão 2. E s t u d o d a s t e ndê nc i as d e m ud an ç a p a r a
3. Co m po rt am e nt o s de li nqi i e nc i ai s i nf o rm ar as di re t ri z e s e pri o ri dade no s
4. R o m pi m e nt o c ul t ural pl ano s so c i ai s
( m ud an ç as d e c o m p o r t a m e n t o s , v a l o r e s ) 3. Di m i n ui ç ão d e t e nsõ e s g e r a d a s p e l a s m u -
( m ud an ç as d e papé i s d a m u l h e r ) danç as ( ap o i o , c l ari f i c aç ão )
( m ud an ç a d a f am í l i a: f am í l i a n u c l e a r )
N l V E L D E SEGURANÇA
FENÓMENOS
SI GNI FI CAT I VOS VAR I ÁVEI S S I G N I F I C A T I V A S P A R A O F UN Ç Õ E S D O SER V I ÇO
OBSER VADOS NA SER VI ÇO S O C I A L N O S F ENÓM ENOS P O S S Í V E I S F UN Ç Õ E S D O S E R V I Ç O S O C I A L
* SOCIAL
P R A T I CA DO OBSER VADOS (DET ALHADAS)
(R EDUZI DA S)
SER VI ÇO S O C I A L
2. R i s c o s s o c i a i s : 1. M ar g i n al i z aç ão só c i o -l e g al 1. P e s q u i s a d e n e c e s s i d a d e s d o s be ne f i c i ári o s 1. D e p e s q u i s a d e
— do e nç as 2. D e s c o n h e c i m e n t o d o s i s t e m a 2. P r o g r a m a s d e e x t e nsão p r o v i d e n c i a r i a p a r a ne c e ssi dade s
— v elhice p r e v i d e n c i ár i o i nt e g raç ão d a m ã o -d e -o br a m a r g i n a l i z a d a 2. D e e duc aç ão d e ba s e
— a c i d e n t e s do 3. F a l t a d e m e n t a l i d a d e p r e v i d e n c i a l 3. A ssi st ê nc i a f i n a n c e i r a , m e d i c a m e n t o s a e 3. D e c apac i t aç ão
t r abal h o 4. L i m i t aç ão e de f i c i ê nc i a d o s i s t e m a da a l i m e n t a r , at rav é s d e a j u d a s u p l e t i v a pro f i ssi o nal
— mort e Pre v i dê nc i a 4. P r o g r a m a s d e p r e v e n ç ão sani t ári a 4. A s s i s t e n c i a l
— e nc arg o s so c i ai s 5. F o m e n t o s e subsí di o s p a r a o d e s e n v o l v i - 5. M o b i l i z a d o r a
m e nt o d e e q ui p am e n t o s so c i ai s n a -c o m u n i - 6. D e c ri aç ão e
d ad e , d e assi st ê nc i a m e d i c a , d e r e a b i l i - de se nv o lv i m e nt o de
t aç ão p r o f i s s i o n a l , re e duc aç ão d e e x c e p - r e c ur so s
c i o nal, e t c . zyxwvutsrqpon
7. C o n s c i e n t i z a d o r a
B IB LIO TE C A CENTRAL
T E M A 3: A P L I CA ÇÃ O D A M E T O D O L O G I A
DO SER VI ÇO S O C I A L
O B S E RV AÇ Õ E S S O B R E O R E L A TÓ R IO D O G RU PO A
Nível de Segurança
Jocelyne Chamuzeau
Nadir G. Kfouri
Maria do Carmo C. Falcão
G RU PO B
TE M A 2: C O N C E PÇ ÃO C I E N TÍ TI C A D A P R A TIC A
D O S E RV IÇ O S O C IA L
QUA DR O B 1 zyxwv
H abi t aç ão De f i c i t h abi t ac i o n al
M ás c o ndi ç õ e s h a b i t a c i o n a i s M ud a n ç a Pat e rnali sm o
A usê n c i a e i nsuf i c i ê nc i a d o e q ui p am e n t o Cul t ural D e f a s a g e m d e v a l o r e s e padrõ e s
ur ban o c ul t urai s
Ed uc aç ão A n al f abe t i sm o Massi f i c aç ão
Ev asão e s c o l a r e b a i x a e s c o l a r i d a d e C o n f l i t o e i nde f i ni ç õ e s d o
De sp r e p ar o pro f i ssi o nal v alo re s
D e s p r e p a r o p a r a i nt e g raç ão n a s o c i e d a d e e m P e n s a m e n t o m ág i c o
t ransf o rm aç ão
I n ad e q uaç ão d o s i s t e m a e d u c a c i o n a l De so rg ani z aç ão e
T r an sf o r m aç ão
Se g ur an ç a De se m p r e g o e sube m p r e g o I n st i t uc i o n al f am i li ar
Se ri al C a t e g o r i a s p r o f i s s i o n a i s não a t e n d i d a s p e l a Cli e nt e li sm o
Pre v i dê nc i a S o c i a l I m e di at i sm o e
At endiment o de f i c i e nt e e i n suf i c i e n t e do s de t o m ada
be ne f i c i ári o s d a P r e v i d ê n c i a S o c i a l Co nf l i t o s e
I nsuf i c i ê nc i a d e s i s t e m a d e a m p a r o l e g a l re l aç õ e s d o
Di st o rç õ e s n o s i s t e m a d e pro t e ç ão l e g a l
F a l t a de r e c ur so s p a r a o l az e r Co m un i c aç ão
I n ad e q uaç ão d a s o p o r t u n i d a d e s e c o n d i c &e s So c i al
Subst i t ui ç ão d e p ad r õ e s d e laz e r
2.1.2zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
C O N H E C I M E N T O S JÁ E L A B O R A D O S P E L A S CI ÊN-
CI AS SOCI AI S
F e i t a a l i st ag e m i n i c i al do s fenómenos e variáveis d a
prát ica pro f i ssi o nal , f o r am anal i sadas as áreas de c o nhe -
c i m e nt o s pe rt i ne nt e s a c ad a fenómeno e v ariáv el. P art i ndo -
se d a categorização do s pro bl e m as se g undo o s di v e rso s
se t o re s de ne c e ssi dade s, f o i p r o c ur ad a a identificação das
ciências q ue o f e re c e m conceituações de sse s pro bl e m as.
F o i c o nsi de rado , e nt re t ant o , que , p a r a análise m ai s c o m -
pl e t a das ciências o u áreas de c o nhe c i m e nt o s q ue f o rne c e m
explicações p a r a o s fenómenos e variáveis d a prát ica pro -
f i ssi o nal , t o rna-se imprescindível di st i ng ui r o s níveis e m
que e sse s m e sm o s fenómenos e v ariáv eis p o d e m se r c o nsi -
de rado s. F o i , p o r i sso , ado t ado u m e sq ue m a de distinção
e m 3 níveis de at uação:
a) Prest ação di re t a de serviços.
b) Administ ração de serviços so c i ai s.
c ) P l ane j am e nt o de serviços so c i ai s.
P ro c e de ndo à análise d a relação e nt re o s pro bl e m as e
ne c e ssi dade s e as di v e rsas áreas de c o nhe c i m e nt o s j á defi-
ni do s, chegou-se, f i nal m e nt e , a u m e sq ue m a de classificação
do s c o nhe c i m e nt o s básicos pe rt i ne nt e s à prát ica de serviço
so c i al , c o nf o rm e a relação q ue se segue: zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXW
Área geral
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QUA DR O B 2 zyxwvutsr
ESPECIFICA ÇÕ ES D A M ET O D O LO G I A D O SERV IÇO S O C IA L
SEG U N D O O S CRITÉRIO S M A IS USA D O S *"
S. S . Gr up o
S. S . Co m uni dade 3
o O Homem J s. S . A base d a / S. S . ( A d m i n i st r aç ão
P e sq ui sa So c i al
e m g r up o \Grupo R e uni ão \ Grupo •\ d e B e m - E s t a r Di ag nó st i c o
A d m i n i st r aç ão d e P r e v i são d e w
—
'•So c i al
Be m -Est ar So c i al d ad o s e a u
r e c ur so s p a r a g3
II. Araxá a pre st aç ão tn$ u
d e se rv i ç o s ça g A base d a 1 p
O Homem e m f ^- f P re st aç ão O
S. S . Caso c o m un i d ad e 1 Co m u- P e sq ui sa
S. S . Gr up o ' -n i d a d e Micro -i d i r e t a d e I nt e rv e ne s*
De s. C o m u n i d a d e lí Co o r d e n aç ão | ^,°. ";
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S . S . c /P o pul aç õ e s d e e sf o rç o s e <l ade
j) V
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S. S . c /Org ani z aç õ e s r e c ur so s [ 01
Cur at i v o '
tn
III I n st i t ut o So c i al Prev ent iv o g
Co n st r ut i v o 5
S i o P aul o <
No t a: O d o c um e n t o ad m i t e
S. S. Caso q ue D C e S S R c o m p o p u -
S. S. Grupo laç õ e s p o d e s i t u a r - s e t a m -
S. S. Co m uni dade bé m n a m ac r o at uaç i o .
S. S. So c i e t ári o
S. S. I nst i t uc i o nal
1
Teorização do Serv. Social zyxwvutsrqponmlkjihgfed
81 zyxwvutsrqponm
A N A L I S E D O Q UA D R O
SI ST EM A -CL I ENT E
1
O Gr up o B pret endeu i ni c i alm e nt e faz er um a análise mais c o m ple t a,
m as, po r premência do t empo, soment e f o ram arrolados e anali sado s o i
critérios m ai s usuai s de especificações d a Me t o do lo gi a do Serviço So c i al.
zyxwvutsrqponmlkjihgfe
zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWV
I min ll Illlililil
de s e aspirações
Identificação de r e c ur so s
• H á c o nhe c i m e nt o de que no U N R I S D estão e m elaboração e i t udo i de
C o m p a r a r e di st i ng ui r i ndi c ado re s sociais c o m v i st as ao planejament o para o de se nv o lv i m e nt o
Cl assi f i c ar e c o nc e i t uar so c i al, po r e x . D R E W N O S W S K Y , l e an, " L e s f ac t e uri économlquei e l
:
a) ao nível de " c a s o " e d e " g r up o " , o m o de l o sube spe - d) a operação prever as tendéneiat (oorrMpondfQdO
c i f i c a e m d e m asi a as operações a s e r e m re al i z adas, a prognóst ico d a t e rm i no l o g i a t ri di do nal ) t t r l a
t o rnando e x t re m am e nt e difícil a t are f a de di agno s- m an t i d a;
t i c ar ;
e) no m o m e nt o de enumerar e descrever Já M t ornam
b) a o nível de " c o m un i d ad e " , e xi st e u m a m e t o do l o g i a necessárias hipóteses p r e l i m i n ar e s de diagnôItlOO.
de pe sq ui sas q ue v e m se ndo ut i l i z ad a e q ue não
reflet e, ne c e ssari am e nt e , o m o de l o . A adequação do A n al i san d o as operações pro po st as ao nível de i nt e rv e n-
m o de lo , s e m o e x am e de ssa m e t o do lo gi a, se r i a i m - ção, c o nc l ui -se q ue :
profícuo.
a) as operações sug e ri das — preparação da ação, eie«
R e f l e t i ndo so bre as di f i c ul dade s e nc o nt radas, n o esforço cução e avaliação — c o r r e sp o n d e m às operações
de i de nt i f i c ar a e st r ut ur a lógica do diagnóstico, se gundo c o nhe c i das, t radi c i o nal m e nt e , so b o s títulos de : pl a-
o m o de l o pro po st o , c o nc l ui -se q ue : no d e t rat am e nt o , execução o u t rat am e nt o e av a-
liação;
a) t o das as operações p r e v i st as supõem u m q uadro
b) as di f i c ul dade s e nc o nt radas n a aplicação do m o de l o
teórico de explicação do s fenómenos e v ariáv eis e
n a f ase d e diagnóstico re pe t e m -se n a f ase d a i nt e r-
que , s e m a definição de sse q uadro t eórico, o m o de l o
venção de v e z q ue é necessário, t ambém, u m q uadro
não p e r m i t e u m a reflexão a nível c o nc re t o , e e x e m -,
pl i f i c at i v o ; teórico e x pl i c at i v o d as v ariáv eis o c o rre nt e s n a i nt e r-
v enção;
b) não se r i a c o rre t o t o m ar c o m o q uadro de referên-
c) não há, e nt re t ant o , ne c e ssi dade de al t e r ar as c at e -
c i as u m a o u o ut r a c o rre nt e teórica do serviço so -
g o ri as pro po st as n o m o de l o i n i c i al .
c i al , apri o ri st i c am e nt e e sc o l hi da, a s s i m c o m o nãp
se r i a c o r r e t o p e r m an e c e r a u m nível d e abst ração
lógica q ue o pró pri o m o de l o re pre se nt a. E s t e raciocínio c o n d uz i u à formulação de u m no v o
q uadro :
T e nt ando m i n i m i z a r as di f i c ul dade s e nc o nt radas n a apl i -
cação do m o de l o n a f ase di ag no st i c a, f o r am an al i sad as as
di v e rsas operações pro po st as e c o nc l ui -se q ue : I d e n t i f i c ar e de sc re v e r
Cl assi f i c ar
Diagnóst ico E x p l i c a r e c o m pre e nde r
a) n a operação zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
enumerar e descrever não se pre sc i nde
P re v e r tendências
de u m a operação de identificar os dados e a subdi -
visão enumerar po de se r r e d uz i d a a descrever; a
Pre paraç ão d a ação
p r i m e i r a e t apa p a s s a a apre se nt ar-se , então, c o m o
Int erv enção Execução
identificar e descrever;
Av aliação
b) a s operações comparar e distinguir e classificar e
conceituar p o d e m se r re duz i das a u m a única —
classificar;
R e c o m e nda-se q ue e st e q uadro se j a anal i sado , e m o u-
c) a s operações relacionar as variáveis e singularizar t r as o po rt uni dade s, so b o s po nt o s de v i st a teórico e ope-
p o d e m s e r re duz i das a u m a operação m a i s glo bal, r ac i o n al , part i ndo -se , se m pre , de u m e m basam e nt o teórico
que se r i a explicar e compreender; suf i c i e nt e m e nt e e x pl i c i t ado .
riUIlG. zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
94 zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
CBCISS
Balbina O. Vieira — GB
Gisela Bezerra — GB
Helena Iracy Junqueira — SP
José Lucena Dantas — DF
Leda Del Caro — MG
Maria Augusta de Luna Albano — GB
Maria Helena M. Duarte — MG
Marília Diniz Carneiro — GB
Marisa Meira Lopes — GB OBSER V A ÇÕES S O B R E O R EL A T ÓR I O D O G R U P O B
Marta Teresinha Godinho — SP
Mary Catherine Jennings— USA Quant o às observ ações so l i c i t adas pe l o C B C I S S so bre
Maria Nazaré Moraes — BA o Relat ório do Gr up o B , g o st ari a de r e ssal t ar que o esque-
Suzana Medeiros — SP m a apre se nt ado p a r a o diagnóstico e a intervenção, p o r
Tecla Machado Soeiro — GB força d a premência do t e m po , não pô de se r apro f undado .
Vicente Faleiros DF De c o r r e daí que pare c e de m asi adam e nt e rígido, f o rm al ,
v i st o q ue o s pró pri o s c o nc e i t o s ne le c o nt i do s estão implí-
c i t o s. De st ac o o s po nt o s q ue se g ue m p a r a m e l h o r i nt e r-
pret ação do e sq ue m a.
— N a realização do diagnóstico, ao e n um e r ar e de sc re -
v e r, estão e m jo go o s se gui nt e s e l e m e nt o s:
— u m si st e m a re f e re nc i al teórico, se gundo o q ual o s
dado s são c o l hi do s. T r at a-se de u m c o nj unt o de e l e m e nt o s
pró pri o s do o bse rv ado r, do f e i xe de hipóteses q ue ado t e ,
do s critérios de seleção q ue apl i q ue . I st o c o ne c t a e st e
nível c o m o se gui nt e de explicação. O s c o nc e i t o s não são
pró pri o s e e x c l usi v o s de u m a "e xpli c aç ão ", m a s e l e m e nt o s
f undam e nt ai s n a pró pri a descrição;
— u m si st e m a i n st r um e n t al de mensuração, pe lo q ual
São q uant i f i c adas as v ariáv eis e m observ ação. P a r a i st o
t o rna-se necessária a operacionaliz ação d as variáveis d a
prát ica do Serv iço So c i al e m i ndi c ado re s e índices;
— a s ne c e ssi dade s, e m t e r m o s o pe rac i o nai s, hão de
e x pri m i r-se , i ndut i v am e nt e e n um e r ad as e i n st r um e n t al i -
z adas p o r suas características e x t e rnas.
— A hipótese de diagnóstico se di st i ngue d a hipótese
o pe rac i o nal . A p r i m e i r a c o m pre e nde a relação " f at o r-f un-
ç ão ", " c ausa-e f e i t o " o u "condição-apareciment o". O t e rm o
f at o r si g ni f i c a a condição necessária, suf i c i e nt e o u c o o pe -
r an t e do apare c i m e nt o de u m fenómeno. A hipótese ope-
r ac i o n al si g ni f i c a a relação " m e i o -f i m " , " c am i n h o -o bj e t i v o " .
CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
96 zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
No entrelaçamento do s do i s t i po s de hipóteses i nt e rl i g am -
se t am bé m diagnóstico e ação.
— A s hipóteses de diagnóstico o bj e t i v am , j ust am e nt e ,
e st abe l e c e r o ne xo de interdependência e nt re as v ariáv eis,
i st o é, e nt re o s i ndi c ado re s d as ne c e ssi dade s, re ssal t ando
aq ue l e s q ue intervêm no m ai o r número, de st ac ando as
v ariáv eis de ação.
— Di an t e do s o bje t i v o s a alcançar e do diagnóstico sur-
ge m c am i n h o s al t e rnat i v o s, o u se j am , hipóteses o pe ra-
c i o nai s.
— O t e rm o si st e m at i z ar ( t e o r i a) sug e re a inserção de R EL A ÇÃ O D O S D O C U M E N T O S P R EP A R A T ÓR I OS
u m a análise n u m c o nj unt o glo bal e e st r ut ur al , i st o é, n a
pró pri a t e o ri a, p o r e xe m plo , a do De se nv o l v i m e nt o e do
Subde se nv o l v i m e nt o . Base ad o s no ternário p r e l i m i n ar f o r am e l abo rado s o s
— O pl ane j am e nt o i m p l i c a e m si n g ul ar i z ar e pre v e r t rabal ho s preparat órios, c uj a relação dam o s a se gui r, re u-
tendências, q uando se c o l o c am as m e t as físicas d a ação. ni do s de ac o r d o c o m o t e m a a q ue se re f e re m .
É p r e c i so então l e v ar e m c o nt a:
— o v o l um e do t rabal ho T EMA I zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPO
— o p r o d ut o f i nal
1. Teoria do diagnóstico e da intervenção em Serviço
— o s benefícios
Social
— os meios
A intervenção em Serviço Social
O v o l um e do t rabal ho se e x p r i m e se j a pe l as at i v i dade s
t o t ai s, q uant i f i c adas de preferência, se ndo o p r o d ut o f i nal 2. Teoria do diagnóstico e da intervenção em Serviço
ape nas o re sul t ado e q ue e m t e r m o s de benefícios si g ni - Social
f i c a a realiz ação do at e ndi m e nt o o u satisfação de u m a O diagnóstico em Serviço Social
ne c e ssi dade .
Quant o ao s m e i o s, é p r e c i so estabelecê-los e m t e r m o s Introdução ao método. Teoria do diagnóstico social.
de hipóteses o pe rac i o nai s. Formas de intervenção na realidade.
— A execução não c o nst i t ui u m m o m e nt o i so l ado do A L M E I D A , A n a A ug ust a — M i m . 24 f l s.
pl ane j am e nt o , d a conceituação. Ne l a e p o r e l a é q ue se Introdução à metodologia. Teoria do diagnóstico e da
põ e m à p r o v a as hipóteses o pe rac i o nai s, o s c o nc e i t o s, as
intervenção em Serviço Social
variáveis de diagnóstico o pe rac i o nal i z adas. A s l e i s cientí-
C O S T A , Sue l y Go m e s — Debates Sociais, Supl e m e nt o
f i c as, nomológicas, p o d e m s e r ap l i c ad as n a execução, n e l a
se v e ri f i c ando as " l e i s d a aç ão ", nomopragmát icas. n.° 4, 1970.
A teoria metodológica do Serviço Social. Uma aborda-
T e n h o c e rt e z a de q ue as cont ribuições de st e Seminário
engendrarão a reflexão sistemática, j ust am e n t e p o r não gem sistemática.
se c o n si d e r ar e m de f i ni t i v as, m a s u m a aproximação pro v i - D A N T A S , José L uc e n a — Debates Sociais, Supl e m e nt o
sória. n.° 4, 1970.
Teoria do diagnóstico e da intervenção em Serviço
Social: a intervenção em Serviço Social; o diagnóstico
Vicente Faleiros em Serviço Social.
J U N Q U E I R A , H e l e n a I r a c y — M i m . 11 f l s.
CBCISS Teorização do Serv. Social zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYX
99
Levantamento da situação atual e tendências do Ser- Diagnóstico e intervenção ao nível de prestação dê ser-
viço Social no Brasil nos seus aspectos conceptual e viços diretos a grupos.
operacional. zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA B U G A L H O , L e i l a M a r i a V i e i r a
R E I S , Dul c e Bo t e l ho
J U N Q U E I R A , H e l e n a I r a c y — M i m . 5 f l s.
S I L V A , I l d a L o p e s R o d r i g ue s
Bases para a reformulação da metodologia do Serviço
Social. Diagnóstico e intervenção ao nível de prestação de ser-
viços diretos a grupos.
S O E I R O , T e c l a M ac h ad o — Debates Sociais, Supl e -
M O T T A , E d i t h — M i m . 8 f l s.
m e nt o n.° 4, 1970.
Sugestões de roteiro para estudo do tema: diagnóstico
T EMA I I e intervenção a nível de prestação de serviços diretos
a indivíduos, grupos, comunidades e populações.
Diagnóstico e intervenção em nível de planejamento Z I L L I O T O , M a r i a Cecília
incluindo situações globais e problemas específicos CA V A N E T O , L ui z
A UR , B . A m i n — M i m . 2 f l s.
Aspectos da aplicação das técnicas de planejamento
na atuação profissional dos assistentes sociais. T R A B A L H O S NA O R E L A C I O N A DO S D I R E T A M E N T E
B A P T I S T A , M y r i a m V e r a s — M i m . 13 f l s. COM O T E M A R I O P R E L I M I N A R
Planejamento local integrado no Brasil
C O R N E L Y , Se n o — M i m . 52 f l s. Verbalização e relacionamento em Serviço Social.
Planejamento económico e social. C O R T E Z , José P i n h e i r o
F E R R E I R A , F r a n c i s c o de P aul o — M i m . 10 f l s. R I B E I R O , Arc e li na
Diagnóstico e intervenção a nível de planejamento, in- S UZ A N O , Ne l so n José
cluindo situações globais e problemas específicos. F A L CÃ O, M a r i a do C a r m o C .
G O D I N H O , M a r t a T e r e z i n h a — M i m . 3 f l s. Subsídios para o I I Seminário: Conclusões das reu-
Urbanização e planejamento niões preparatórias realizadas em São Paulo — novem-
G O D I N H O , M a r t a T e r e z i n h a — M i m . 16 f l s. bro a dezembro de 1969.
Gr up o de assi st e nt e s so c i ai s d a E s c o l a de Serv iço So -
T EMA I I I c i al de S . P aul o — M i m . 4 f l s.
Subsidio para o estudo do processo de supervisão.
Diagnóstico e intervenção em nível de administração
J UN QUE I R A , He le na I rac y — Mi m . 1 fl.
Diagnóstico e intervenção a nível de administração em Montagem de um programa para estágio de aluno do
Serviço Social. ciclo profissional — 1.° ano.
C H A M U Z E A U , J o c e l y ne L . — M i m . 8 f l s. M E L O , J o c e l i ne Gui m arãe s — M i m . 6 f l s.
Diagnóstico e intervenção a nível de administração em Sugestões para a realização de uma pesquisa de âmbi-
Serviço Social to nacional sobre a situação do Serviço Social no Brasil.
M E L O , J o c e l i ne Guimarães
F E R R E I R A , F r a n c i s c o de P aul a — M i m . 12 f l s. S A N T O S , Ant ônio Gonçalv es do s
B E R L I N K , Mari a He le na
T EMA I V S I L V A , M a r i a Lúc i a Car v al h o
Diagnóstico e intervenção em nível de prestação de C A B R A L , M a r i a Car m e l i t a
serviços diretos a indivíduos, grupos, comunidades, R E Q U I X A , R e n at o
populações
D O C U M EN T O D O SUM A RÉ
C I EN T I FI C I D A D E D O SERV IÇO S O C IA L
Participantes
Introdução
1. O' Serviço Social e a cientificidade
1.1 Documento de base:zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPON
A cientificidade do Serviço
Social
GRUPO DO RIO DE JA NEIRO
1.1.1 Considerações em torno dos questionamentos
levantados sobre o Documento 1.1
1.2 Documento de base: Reflexões sobre o processo
histórico-científico de construção do objeto do
Serviço Social
GRUPO DE SAO PAULO
1.2.1 Considerações em torno dos questionamentos
levantados sobre o Documento 1.2
2. O Serviço Social e a fenomenologia
2.1 Conferência: Algumas considerações sobre a feno-
menologia que podem interessar ao Serviço Social
CREUSA CAPALBO
2.2 Documento de base: Reflexões em torno da cons-
trução do Serviço Social a partir de uma aborda-
gem de compreensão, ou seja, interpretação feno-
menologia do estudo científico do Serviço Social.
GRUPO DO RIO DE JA NEIRO
2.2.1 Considerações em to rno dos questionamentos
levantados sobre o Documento 2.2
2.3 Roteiro de reflexão:zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Fenomenologia — Proposições
a serem discutidas pelos grupos.
GRUPO DE SAO PAULO
O Serviço Social e a dialética
3.1 Conferência: Considerações sobre o pensamento
dialético em nossos dias.
CREUSA CAPALBO
3.2 Documento de base: Serviço Social e Cultura — INTRODUÇÃO
uma alternativa para discussão das relações assis-
tente social-clientela,
GRUPO DO RIO DE JA NEIRO De 20 a 24 de novembro de 1978, vinte e cinco assistentes
sociais, a convite do CBCISS, reuniram-se no Centro de
3.2.1 Considerações em torno dos questionamentos Estudos do Sumaré, no Rio de Janeiro, com o objetivo
levantados sobre o Documento 3.2 principal de continuar os estudos de teorização do Ser-
3.3 Roteiro de Reflexão: Dialética e Serviço Social. viço Social iniciados em 1967 com o Seminário de Araxá,
GRUPO DE SAO PAULO cujo documento final — o Documento de Araxá — fo i con-
siderado po r muitos como um marco teórico do Serviço
Social no Brasil. Decorridos dez anos, era desejável reto-
mar esse Documento e possibilitar novos questionamentos
na linha da sistematização teórica por ele iniciado.
PREPARAÇÃO DO SEMINÁRIO
xões sobre novas proposições que, no momento, estão a É preciso ressaltar a participação bastante ativa e dedi-
exigir um esforço de crítica e formulação teórica. cada dos elementos dos grupos no estudo desses temas.
Fo ram relacionados três questionamentos interdepen- Quanto ao 3.° objetivo do Seminário — provocar ques-
dentes: tionamentos sobre a viabilidade das proposições face à
Realidade Brasileira — fo ram convidados especialmente
Questionamento I — O Serviço Social numa perspecti- assistentes sociais, um de cada Estado, para prepararem
va do método científico de cons- documentos relativos a programas desenvolvidos em seu
trução e aplicação do Serviço Estada, indicando: a aplicação de métodos ou teorias; da-
Social. dos sobre a intervenção do Serviço Social; campos de
atuação; escolas e número de assistentes sociais.
Questionamento I I — O Serviço Social a partir de uma Assim, chegou-se ao resultado seguinte:
abordagem de compreensão, ou Recebeu a Coordenação seis trabalhos, elaborados nessa
seja, interpretação fenomenold- fase preparatória do Seminário: três do Rio de Janeiro e
gica do estudo científico do Ser- três de São Paulo (entre estes, dois eram roteiros de refle-
viço Social. xão ). Os grupos de Porto Alegre não enviaram nenhuma
Questionamento I I IzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
— O Serviço Social a p artir de uma contribuição, embora tivessem realizado diversas reuniões
abordagem dialética, o u seja, teo- preparatórias.
ria de interpretação com base no
método dialético, entendido em Tema-questionamento I
sentido metodológico: a relação
entre o objeto construído por 1. A cientificidade do Serviço Social. (Rio de Janeiro)
uma ciência, o método emprega- 2. Reflexões sobre o processo histórico-científico de
do e o objeto real visado por construção do objeto do Serviço Social. (São Paulo)
essa ciência.
Tema-questionamento II
Foi proposto, então, que a elaboração dos documentos
de base do Seminário, abordando esses três temas, tivesse 3. Reflexões sobre a construção do Serviço Social a
a participação, em grupo, de assistentes sociais. O critério p artir de uma abordagem de compreensão, ou seja,
adotado para a localização dos grupos fo i a existência de interpretação fenomenológica do estudo científico
Cursos de Mestrado em Serviço Social, recaindo daí a esco- do Serviço Social. (Rio de Janeiro)
lha em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. 4. Roteiro de reflexão: Fenomenologia e Serviço Social.
A Coordenação Técnica do Seminário comunicou-se pes- Proposições a serem discutidas pelos grupos. (São
soalmente com as três capitais mencionadas, em fevereiro Paulo)
e março de 1978, ficando constituídos, em cada uma, três
grupos, para a abordagem dos três temas. Convencionou- Tema-questionamento III
se, também, quanto aos grupos: os membros deveriam ser
assistentes sociais brasileiros; o número de membros seria 5. Serviço Social e Cultura — uma alternativa para
irrestrito ; haveria a escolha de um coordenador de grupo, discussão das relações assistente social/ clientela.
que seria o elemento de ligação com a Coordenação Téc- (Rio de Janeiro)
nica do Seminário; participariam do Seminário, no máxi- 6. Roteiro de reflexão: Dialética e Serviço Social. (São
mo, seis representantes de cada grupo. Paulo)
110 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Teorização do Serv. Social 111
Recebeu, também, a Coordenação oito trabalhos relati- em sessão plenária, sobre os questionamentos feitos sobre
vos à Realidade Brasileira e o Serviço Social, que deverão ele.
ser considerados em estudos posteriores para dar conti- O Capítulo I I aborda o Serviço Social e a fenomenolo-
nuidade a este Seminário. gia, e inclui: a conferência inicial, pela Pro f. Creusa Ca-
a
Apresentação
tão neste debate é a ideia de um conhecimento cientifico No entanto, não é possível indicar de modo preciso em
dos fatos sociais. que consistem essas determinações gerais, que caracteri-zyxwvutsrqponmlkji
Parece que a única noção coerente e precisa de cientí- aam a ideia de cientificidade em sua significação mais ge-
ficidade é adotar o caminho da análise sistemática. ral, pois é apenas no "d ev ir" efetivo da ciência que esta
A cientificidade representa uma ideia reguladora, não ideia se mostra a nós. Portanto, não é possível elaborar
um modelo determinado, considerado elaborado uma vez uma metodologia das ciências humanas, tomando como
po r todas, ou em vias de elaboração. O empreendimento norma direto ra uma ideia de cientificidade já constituída.
(tal como se desenvolveu no quadro das ciências da natu- Mas se esse esforço não pode ser medido po r uma nor-
reza) desenvolveu-se simultaneamente em dois planos: o ma preestabelecida, nem por isso é arbitrário. Ele é leva-
dos conteúdos e o dos critérios, o que significa que sempre do por uma intencionalidade de constituinte que se asse-
se duplicou com sua própria metateoria, sem contudo es- gura de si mesma e descobre suas próprias virtualidades
tar consciente disto. A epistemologia moderna, po rtanto , no próprio procedimento, no qual se realiza. A pesquisa
representa a passagem ao estado explícito dessa metateo- é sempre tateante, mas ao pro gredir elabora critérios que
ria imanente: lhe permitem orientar-se de modo cada vez mais preciso,
os quais, aliás, ela não pára de aperfeiçoar, confrontando
— no plano dos conteúdos, vemos o empreendimento de modo crítico os métodos utilizados e os resultados. De
elaborar seus métodos, fo rmular seus princípios, es- um ponto de vista lógico, a aquisição efetiva de um sa-
tabelecer seus resultados; ber é comandada po r uma metodologia que obedece, ela
— no plano das normas (critério s), vemos o empreen- própria, a uma norma direto ra. Na realidade histórica de
dimento procurar um caminho, tateando, retifican- seu devir, o procedimento científico é ao mesmo tempo:
do-se a si mesmo, abandonando certas vias, orientan- aquisição de um saber, aperfeiçoamento de uma metodolo-
do-se, de maneira cada vez mais decidida, para cer- gia e elaboração de uma norma. Estamos, assim, diante
tas direções privilegiadas. Existe aqui como que uma de um processo evolutivo caracterizado pela auto-organi-
teleología imanente da pesquisa, mas uma teleolo- zação: o que é produzido em dado momento não é acres-
gía que se constrói sem um "telo s" premeditado, que centado simplesmente ao que já fo i produzido anterior-
estabeleceria "a p rio ri" o devir da ciência. mente, mas cria condições novas que tornarão possível
uma produção futura.
Quando a reflexão sobre a ciência se organiza de ma- Para se conseguirem, no interio r da ciência, os proces-
neira explícita, nada mais faz do que passar para a expres- sos constituintes, a epistemologia deve d irigir sua atenção
são esse processo interno de autofinalização; é o que ex- para os procedimentos o u momentos genéticos do devir e
plica que as formulações que lhe propõe possam ter um não para os resultados da ciência já constituída.
caráter no rmativo . A norma de que se trata não vem de A ciência não é simplesmente o prolongamento da visão
nenhum o utro lugar, senão do próprio processo, pelo qual espontânea do mundo, ou uma formulação um pouco so-
a ciência se co nstitui em seu devir histórico. fisticada do que se oferece à percepção. Ela só consegue
O que parece essencial não é o resultado a que se che- fazer com que captemos aspectos inéditos da realidade, na
medida em que começa po r substituir o campo perceptivo
gou, mas o processo de interação que levou a esse resul- po r um domínio de objetos que ela constrói por seus pró-
tado. prios meios. É, precisamente, partindo da construção do
Se existe um "d ev ir" da ideia de cientificidade, devemos objeto que se poderá captar o aspecto dinâmico do proce-
ad mitir que existem determinações imanentes que impõem dimento científico. Isto porque essa própria construção
ao processo histórico o seu aspecto, comandado po r condi- deve ser compreendida como um processo dinâmico do
ções mais gerais. procedimento científico.
Teorização do Serv. Social 121
120 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Espaço Metodológico
Não existe, po rtanto , um momento no qual se poderia
dizer que a construção do objeto está acabada e que a fase Dialética
da análise começa; na realidade, a construção prossegue. Tipologias
Fenomenologia Quadros Tipo ideal
A construção é, pois, uma operação contínua, nunca acaba- Quantificação Sistemas
da, pois a p artir do momento em que se conseguir (a cons- Métodos de
Lógica hipotético- Análise Modelos estru-
trução) não tarda a suscitar novos problemas. dedutiva turais
O objeto científico não está colocado na esfera ideal de
sua existência por uma espécie de iniciativa absoluta do
pensamento. Ele é elaborado num meio preexistente, feito
de esboços operatórios diversos, articulados uns sobre os
outros, de maneira precisa e definindo um espaço de vir- Pólo Epistemológico Pólo Morfológico
tualidade do qual o objeto, uma vez construído, represen-
tará uma das atualizações possíveis. Este campo consti-
tuinte é o da prática metodológica, que poderá ser estru-
turado a partir de quatro pólos: o pólo epistemológico — \
Pólo Teórico zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIH
Pólo Técnico
o pólo teórico — o pólo morfológico e o pólo técnico.
Esse espaço metodológico quadripolar não configura
momentos separados da pesquisa, mas aspectos particula-
res de uma mesma realidade de produção de discursos e Quadros Positivismo Modos Estudo de caso
de práticas científicas. de Compreensão de Estudo comparativo
Esses quatro pólos (cada um dos quais determina uma Referên- Funcionalismo Inves- Experimentações
articulação específica em categorias organizadoras subor- cia Estruturalismo tigação Simulação
dinadas) induzem, no campo da prática metodológica, a
tensões que to mam precisamente esse campo produtivo.
Em outras palavras, as interações que se criam entre os sição de uma variedade de teorias e conceitos que
pólos levam o campo a um determinado potencial de pro- explicam as várias dimensões da personalidade, a
dutividade e poder-se-ia representar a constituição do obje- dinâmica dos grupos e das famílias e a atividade das
to, como o aparecimento de uma singularidade do campo, organizações e das comunidades prepara o assisten-
em condições que são determinadas pela natureza das inte- te social para selecionar e utilizar, com liberdade e
rações entre as condições de produção do saber. flexibilidade, os que forem aplicáveis às suas tare-
fas."2
Partindo desses pressupostos, uma das primeiras preo- Assim, pro cura demonstrar que o serviço social tem sua
cupações do autor é a de classificar os conhecimentos apli- própria substância e estrutura (propósitos, objetivos e ope-
cáveis na moderna prática do serviço social em quatro rações) que se virtualizam pela interação de três sistemas
grandes níveis, informando que irá desenvolver o seu tra- principais: o sistema-assistente social, o sistema-cliente e o
balho utilizando os dois níveis intermediários. Os quatro sistema-mudança.
grandes níveis são: Cada um desses sistemas é analisado e um grande des-
taque é dado, no 6.° capítulo da obra, aos objetivos da
— conceitos gerais — são a mais alta ofdem de abstra- prática do serviço social. Segundo o autor:
ção; servem para organizar e expandir percepções e
ajudar na aquisição das grandes bases de entendi- "O objetivo do serviço social é a orientação do pro-
mento de certos fenómenos em termos conceptuais
e hipotéticos; teorias e conceitos de personalidade, cesso de aprendizagem social, um processo que se
ordem social e desvio podem ser colocados neste desenvolve dentro do contexto e como consequência
nível de conhecimentos; de um relacionamento humano intencio nal." 8
— conceitos funcionais — são de natureza mais especí- Embora o autor tenha explicado a cientif icidade do ser-
fica; provêm da compreensão de fenómenos particula- viço social, esse capítulo é um esboço de uma teoria em
res e, po r sua objetividade e lógica, fazem esses fe- serviço social,
nómenos acessíveis à manipulação; incluem-se, por O conceito de aprendizagem social é analisado de modo
exemplo, aspectos da teoria da comunicação e da a eliminar os aspectos semânticos que o ligam a atividades
dinâmica de grupo; escolares e a relacioná-lo com o serviço social. Segundo o
— estratégias — são guias para uma eficiente e efetiva autor:
aplicação de conhecimentos em dadas situações; são
prescrições para ação em circunstâncias especiais; "O ajustamento social e a mudança são produtos de
uma série lógica de experiências de aprendizagem
— ações — são operações táticas; são os procedimen- que não se referem a modos, técnicas ou práticas
tos explícitos empregados em relação a unidades so- escolares."4
* Idem, p. 154.
— no pólo técnico — o estudo comparativo. 6
Idem, p. 6.
124 Teorização do Serv. Social
CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA 125
I .zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Apresentação
A dmitimos a pluralidade para construir a ciência e por Este questionamento é também colocado pelos próprios
isso mesmo escolhemos um autor que procura o científico autores do livro "Dinâmica da Pesquisa em Ciências So-
no Serviço Social. No entanto, não tivemos a preocupação ciais" na p . 11. No nosso trabalho não houve uma afirma-
de chegar ao objeto do S. S., mas, simplesmente, verificar ção neste sentido, mas a confirmação dos riscos apresen-
como Goldstein o pro curo u. Goldstein nos dá um referen- tados pelos autores quanto ao método compreensivo.
cial, critérios que auxiliam a chegar a uma teoria.
5. O grupo assume a proposição de que o Serviço Social
2. Qual a contribuição que o estudo do grupo trouxe deva aplicar somente conhecimentos de outras disci-
para o Serviço Social? plinas, conforme colocações do seu estudo na p . 18.
Qual a postura que o grupo adota?
O esquema adotado ajuda a pensar e a elaborar sobre a
Em Teresópolis fo ram admitidos três níveis de conhe-
científicidade do Serviço Social. Existem vários esquemas
para se avaliar a científicidade. Tínhamos que optar po r cimentos ou seja:
um e optamos por este. Fo i altamente gratificante para — conhecimentos para o S. S. (de outras ciências);
o grupo verificar a coerência de Goldstein no desenvolver
de suazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
ideia, enfim, num método que tem como objetivo a — conhecimentos sobre o S. S. (que é, sua evolução, seu
científicidade do Serviço Social. Goldstein nos apresenta histórico, etc.);
uma sistemática, um procedimento científico para o Ser- — conhecimentos do S. S. (a partir de conhecimentos
viço Social, provou que é possível realizar isto . Apresen- prévios e da prática).
tamos um trabalho baseado num estudo já feito . Para
entendê-lo é indispensável ter lido Goldstein. O grupo não concorda que se deva tomar ou adotar
posições de outras disciplinas. É bem possível que nem
mesmo Goldstein tenha sido bem interpretado. Acredita-
3. Se o movimento de reconceituação questiona as co- mos que só se possam produzir conhecimentos de Serviço
locações funcionalistas, por que a escolha do modelo Social a partir da conceituação do objeto fo rmal do Ser-
de Goldstein? viço Social. Para Tecla Machado Soeiro, membro do grupo.,
esta é a sua tese há muito tempo.
Não existe uma só corrente de reconceituação. O movi-
mento de reconceituação não é um privilégio dos latino- 6. Goldstein tem abordagens sistémicas, mas, episte-
americanos. Goldstein se fundamenta na teoria do conhe- mologicamente, é fenomenológico. Por que apresen-
cimento e na teoria da aprendizagem e nisto se aproxima tar então o seu modelo como sistémico (pólo mor
da linha latino-americana, está preocupado com a recon- fológico)?
ceituação. No entanto, não há dúvida que pertence à cor-
rente funcionalista, aliás muito fo rte nos Estados Unidos. Realmente parece uma contradição. Goldstein analisa o
A ciência pode chegar à verdade por vários caminhos, sem Serviço Social como fenómeno e procura sua intenciona-
necessidade de abandonar o que está para trás quando lidade, mas, quando situa o Serviço Social como um siste-
isto fo r considerado procedente. ma dentro de outro sistema, usa a linguagem da teoria
132 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Denise M . F. P. Delgado
Helena Iracy Junqueira
Maria do Carmo B. Falcão
Maria Jo sé T. Peixoto
Maria Lúcia Carvalho da Silva (Coordenadora)
Suzana A . R. Medeiros
Consultores:
Evaldo Â. Vieira
Geraldo Pinheiro Machado
(São Paulo)
HERMAN C. KRUSE
" Introducción a la teoría científica
del Servicio Social" zyxwvutsrqponmlkjihgfedcba
— 1972
134 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA Teorização do Serv. Social 135
Neste sentido, o grupo enfatiza e defende que o estudo tualizadora da atividade prática como fonte de conhe-
do objeto do Serviço Social não se esgota nas teorias do cimento.
conhecimento ou da epistemologia, como fo i geralmente Cada vez mais reconhece-se que o trabalho teórico deve
considerado nos diversos trabalhos até então produzidos, fundamentar-se nos fenõmenos, processos e fatos reais e
mas exige teorias da ação, pois para o Serviço Social a nas ações empreendidas.
ação é a sua própria razão de ser além de colocar-se como Pensa-se que a p artir de u m marco propiciado tanto
fundamento da teoria ou fonte principal de conhecimento. pelas teorias do conhecimento como pelas teorias da ação,
Segue-se, finalmente, o texto do documento, apresentado numa interação dialética destas, será possível imprimir-se
2
em bloco, que se espera possa amadurecer e precisar-se ao processo de reconceituação do Serviço Social caracte-
com as discussões que se processarão no I I I Seminário, rísticas mais científicas.
pois é ainda um material apenas encaminhado ao tema/ Desse modo, a preocupação central do desenvolvimento
desafio que vem sendo a construção do objeto do Serviço científico do Serviço Social redireciona-se no sentido de
Social. procurar superar a antiga distancia entre teoria e ação,
No final do texto encontram-se: notas, contendo concei- com vistas a uma síntese entre ambas, bu seja, a uma
tos de algumas categorias básicas utilizadas, na exposição, praxis' dinâmica e continuamente renovada.
segundo as entende o grupo, e a bibliografia consultada. Incorporando-se ao momento presente de reconceitua-
ção, o grupo que subscreve o documento em pauta preo-
cupou-se primeiramente, como pano de fundo, em consi-
III. Reflexões sobre a natureza do Serviço Social derar a natureza do Serviço Social, através de suas várias
e controvertidas acepções que intentam defini-lo como
A p artir de 1965 vive-se na América Latina e no Brasil ciência, tecnologia, arte e ciência técnica.
um movimento de reconceituação do Serviço Social que O grupo não se perfilo u a nenhuma dessas compreen-
se propôs inicialmente a uma ruptura das influências euro- sões, embora julgue necessário que se processe um maior
peias e norte-americana, a um esforço de revisão do apa- questionamento delas, adotando a acepção que visualiza
rato teórico, metodológico e filosófico da disciplina e a o Serviço Social em estreita correlação com as ciências
uma denúncia da ação profissional como realizada em humanas, na condição atual de prática ou disciplina pro-
função dos interesses das classes dominantes. fissional com virtualidades para se to rnar uma ciência
Atualmente, passados treze anos, pode-se identificar, praxiológica.
como resultados deste movimento de reconceituação, entre
outros, avanços importantes quanto à reformulação teórica O Serviço Social caracteriza-se como prática ou disci-
de alguns tópicos fundamentais do Serviço Social, como plina profissional em virtude de atuar em realidades sociais
revisão dos métodos tradicionais, busca de uma metodo- concretas, mediante processos intencionais de ação trans-
logia básica, questionamento critico da teoria geral, forma- formadora, podendo produzir conhecimentos e teorias a
ção de uma nova consciência ideológica e científica dos p artir e voltado para esta ação e seus resultados.
assistentes sociais. Neste sentido, o Serviço Social se constitui, de fato , isto
Ho je, o movimento de reconceituação adentra nova é, comprovadamente, uma prática o u disciplina profissio-
etapa, qual seja, a de ir além da criação de pré-condições nal, em razão de possuir um corpo de conhecimentos em
ao surgimento ou ressurgimento da epistemologia do 1 relativo grau de sistematização referente a seus compo-
Serviço Social para, numa preocupação de globalidade, nentes básicos, a saber:
encetar também o caminho teórico da abstração concep-zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
2 V er nota n.' 2, p. 156.
\ V er nota n.' 1, p. 155. » V er nota n. 3, p. 159.
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Teorização do Serv. Social 141
— valores, ideologias, princípios filosóficos e éticos que Isso implica que a fundamentação científica que o Ser-
info rmam e norteiam a ação; viço Social, como prática ou disciplina profissional, pro-
— objetivos o u finalidades que se propõe alcançar e que, cura desenvolver, alicerça-se, para o grupo, no conceito de
sendo intencionados, postulam posicionamentos; ciência acumulada e renovada do conhecimento, como re-
— conhecimentos sobre os fenómenos objeto da ação; sultado do grau de consciência possível do homem sobre
— método de ação na realidade e processos técnicos o seu meio, isto é, das possibilidades de apropriação e
consentâneos; compreensão progressiva que este faz através de suas re-
— atitudes e habilidades relacionadas ao sentir e agir lações com o mundo circundante.
profissionais. Como consequência, para que a ciência adquira signi-
ficado, é necessário percebê-la em relação:
Na condição de prática o u disciplina profissional o Ser-
viço Social persegue um comportamento progressivamente — ao homem sujeito e objeto da ciência;
científico, visando a que a sistematização de seus conhe- — à unidade dialética teoria/ ação/ teoria;
cimentos e ação se to rne cada vez mais coerente, orgânica, — à historicidade da ciência e de seus métodos.
4
consistente e objetiva.
A este respeito, cabe explicitar que o comportamento Daí, reconhecer-se que, em cada momento histórico, o
científico perseguido pelo Serviço Social é tão-somente um que se entende por "ciência" é a fo rma mais perfeita que
meio e não um f i m em seu processo de construção. pode assumir a capacidade humana para compreender e
Em decorrência, não é demais, segundo o grupo, to rnar discernir a realidade, e que a ação transformadora da rea-
a assinalar que o Serviço Social não alcançou ainda um lidade revela sempre novos aspectos, fenómenos, proprie-
estágio de ciência, embora, na atualidade, se encontre par- dades da existência no e com o mundo, resultando deste
ticularmente interessado e empenhado neste problema, processo o ciclo sem f im do progresso do saber científico
mediante processo intenso e vivo de reflexão, investigação e da ação transformadora do homem.
e sistematização de conhecimentos, propondo-se a efetivar, Não se entende, po r conseguinte, que, em termos de
com prioridade, ação embasada em fundamentos científi- comportamento científico, o Serviço Social se atrele a uma
cos para conhecer, explicar e atuar em dada realidade única abordagem filosófico-científica, pois todas elas se
social. fundamentam numa dada visão e compreensão do homem
Tem-se po r convicção que o Serviço Social assim se e do mundo, ou seja, têm po r base leis e princípios que,
encajninhando chegará a atingir grau ou graus mais avan- po r sua vez, se consubstanciam em modos e sistemas
çados de sistematização, o que lhe permitirá, po r seu para conhecer e atuar.
turno , co ntribuir mais específica e ativamente para inter- Absolutizar ou dogmatizar uma única abordagem seria
câmbio e desenvolvimento das ciências humanas, com as absolutizar um único caminho, ou seja, negar a ciência o u
quais tão intimamente se relaciona, partilhando conheci- o comportamento científico de uma prática ou disciplina
mentos, questões e referenciais teóricos. profissional.
O Serviço Social tem po r pressuposto básico que sua A ssim, é inadequado enclausurar a ciência e o compor-
teoria se elabora num processo dinâmico teoria/ ação/ tamento científico de uma prática ou disciplina profissio-
teoria, o que faz, no âmbito da ciência, ser, pela ação, nal nesta ou naquela corrente filosófica, sociológica, ou
a descoberta de novos fatos e, pelo trabalho teórico, psicológica, em virtude de ser a ciência um movimento
a criação de novas sínteses explicativas de domínios cada anterior a qualquer posicionamento e um pro jeto histórico
vez mais amplos da realidade, constituindo esta relação em permanente construção. zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSR
dialética teoria/ ação/ teoria um dos processos mais rele-
vantes do desenvolvimento das ciências. * V er nota n. 4, p. 161.
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Teorização do Sèrv. Social 143
Vale observar, ainda, sob um ângulo de especificidade um ser em situação, sujeito e objeto da história, num
do comportamento científico do Serviço Social, que na continuum v ir a ser e, por isso, capaz de transformar-se
passagem da teoria à ação destaca-se com especial impor- e transformar o mundo.
tância a problemática do valor, cuja análise comporta, en- Para o Serviço Social um valor não deixa de o ser pelo
tre outros, os seguintes aspectos: fato de não ser respeitado num dado momento histórico.
O que diverge dentro de sistemas culturais e políticas
— existência dentro da própria ciência de categorias diferentes são as formas e abordagens de ação do Serviço
valorativas identificadas como valor de ciência, como, Social, podendo-se, neste sentido, falar em operacionali-
po r exemplo, a objetividade;
zação o u instrumentalização de valores para a ação, a par-
— identificação de valores nos fatos observados que tir de um quadro referencial de valores, voltados para um
constituem objeto de estudo dos cientistas sociais, dado contexto.
como, po r exemplo, a escala de valores vivida por Desse modo, o aspecto ideológico faz parte integrante
determinado grupo social em investigação;
do Serviço Social, pois a direção para a qual é orientada
— escalas de valores professadas pelos cientistas, inte- sua ação transformadora pressupõe sempre uma opção
grantes de uma dada realidade social, como, por ideológica. O compromisso filosófico, ideológico, valorativo
exemplo, o apreço à cultura letrada, ao avanço tecno- e científico do Serviço Social com o ser humano implica
lógico, etc; necessariamente um contínuo diálogo despreconceituoso e
— escalas de valores das instituições sociais, como, por aberto que permita chegar a um esquema conceptual que
exemplo, a intercomplementaridade na prestação de sirva de parâmetro para orientar sua ação profissional a
serviços. respostas operacionais válidas face à problemática de uma
determinada realidade social.
No que diz respeito às escalas de valores professadas
pelos cientistas, pode-se dizer que são um dos principais Os valores, dessa fo rma, são uma questão essencial para
problemas das ciências humanas e das práticas e disci- o Serviço Social e outras disciplinas profissionais que
plinas profissionais. Problema, contudo, a ser equacionado atuam cóm a problemática humana e social, pois é impos-
simplesmente em termos de um problema epistemológico, sível ignorar as contradições agudas da realidade social
de fo rma a tornar-se não obstáculo à ciência, mas instru- em que se vive.
mento científico. É o caso, po r exemplo, do cientista que, A ação profissional deixa de ser pragmática, neutra e
ao vivenciar como um valor a cultura letrada e elaborar conformista e passa a se to rnar uma exigência de ação
este tema como problema epistemológico, poderá formu- intencional.
lar um modelo de observação sistemática de grupos em Os valores, decorrentes dos posicionamentos ideológi-
que iletrado não seja valor negativo. cos do Serviço Social, info rmam e dão sentido e direção
O problema em questão remete-se ainda ao fato de à sua ação, orientando não apenas a formulação de finali-
que não há ciência que não sofra a influência de classe, dades o u objetivos, como a seleção dos meios a aplicar.
pois os valores não são apenas pessoais, mas também Face às diferentes correntes filosóficas que podem fun-
grupais. damentar a concepção e operação do Serviço Social, seria
O Serviço Social, como prática e disciplina profissional, de se desejar que, além de se definirem posições ideoló-
tem ainda toda sua ação impregnada de valores que trans- gicas, fossem adotados valores básicos, bem como valores
cendem dos valores científicos e que decorrem de uma culturais e outros de caráter conjuntural, que viessem a
concepção de homem e de sociedade. se co nstituir em posicionamentos de uma profissão, cujos
O Serviço Social fo rmula seus valores universais par- agentes professem diferentes filosofias.
tindo do homem e enfocando-o como um ser racional, com Em síntese, o Serviço Social aqui tomado como prática
prerrogativas de liberdade, individualidade e sociabilidade, e disciplina profissional não exclui, pelo contrário, postula
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Teorização do Serv. Social 145
uma teoria que o embase, formada por conhecimentos
providos pelas ciencias humanas e por aqueles que o pró- O grupo registra uma emergente posição que considera
prio exercício profissional enseja. a reflexão sobre o objeto pertinente apenas às ciências
Compreende ainda uma formulação de juízos de valor que não as disciplinas profissionais, às quais cabe tão-
e de princípios norteadores da ação, pois que esta se dirige somente ocupar-se dos objetivos, posição esta que traduz
ao homem e à sociedade. uma visão reducionista da consistência teórica das disci-
A metodologia básica do Serviço Social, compreendida plinas profissionais, desconsiderando assim a construção
como a investigação diagnóstica e intervenção planejada, do objeto no próprio âmbito da relação teoria/ ação.
adquire especificidade quando da sua aplicação ao objeto A medida que o Serviço Social avança do ponto de vista
específico do Serviço Social, em busca de objetivos especí- de uma ação científica, as dificuldades inerentes à deli-
ficos em cada situação concreta. mitação do objeto vão sendo superadas e os contornos do
No que diz respeito a atitudes e habilidades relaciona- objeto do Serviço Social vão se manifestando e se delimi-
das ao sentir e agir profissionais, decorrem do fator sub- tando mais concretamente.
jetivo necessariamente presente na prática do assistente No Serviço Social, como antes se abordou, a ação pos-
social, não devendo tal componente ser minimizado numa tula uma definição de propósitos, um "para quê" atuar,
abordagem globalizante do Serviço Social. como prática ou disciplina profissional que é. Donde, seu
objeto, como o das outras disciplinas profissionais, man-
tém estreita interdependência com as finalidades o u obje-
IV . Reflexões sobre o problema de busca de definição ou tivos que se propõem, bem como inter-relação destes com
construção do objeto do Serviço Social um posicionamento filosófico, ideológico e valorativo, e
com posturas metodológicas adequadas ou pertinentes.
Dentre os componentes que fo rmam a estrutura básica A formulação do objeto do Serviço Social supõe a apli-
do Serviço Social, já aludidos, o objeto merece destaque cação de métodos, entre os quais os mais usuais são:
pela sua condição intrínseca de definir sobre "o quê" recai
a ação, podendo ser entendido, neste sentido, como o con- — empirista — quando se verifica uma supremacia do
junto de situações, fenómenos e variáveis passíveis de uma dado quantificável ou observável, cons-
ação determinada. trução de uma "matriz " e, a p artir
Na teoria do conhecimento, o objeto detém uma posição desta, elaboração da teoria;
central de reflexão porque nele se encontram dois elemen- — fo rmalista — quando* se efetiva a construção de
tos-chave: o conhecedor e a realidade, cuja relação levanta "modelos" fundados na logicidade for-
questões de como se vai construindo o conhecimento e de mal do pensamento, sem base no pro-
como o objeto vai sendo conhecido pela experiência, que cesso histórico concreto;
po r sua vez é sempre uma atividade do sujeito. — dialética — quando se constrói a p artir da con-
Na teoria da ação, o objeto também detém uma posição cepção da realidade enquanto movi-
central, pois que dentre os componentes básicos de estru-
tura das disciplinas profissionais desempenha papel pre- mento no processo histórico; o méto-
ponderante na composição dos referenciais para a ação, do é considerado pelos efeitos con-
dentro de um processo histórico. cretos na produção de conhecimentos
Quanto ao Serviço Social, o papel preponderante do e na própria ação.
objeto pode assumir a condição de especificador na con- O grupo, ao tender para o enfoque dialético na cons-
cretização do processo de intervenção. Embora especifi- trução do objeto, identifica como critérios básicos para
cador, resultará sempre de um processo histórico de cons- sua formulação uma dupla perspectiva: conjuntura teó-
trução po r aproximações sucessivas. rica caracterizada pelo desenvolvimento científico da ciên-
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Teorização do Serviço Social 147
cia, dos modos de produção, das formações sociais e das de assistentes sociais norte-americanos, hispano-america-
conjunturas políticas — e inserção da ação social no con- nos e brasileiros.
texto da problemática da realidade social. São elas, resumidamente:
Desse modo, o objeto do Serviço Social se configuraria
a p artir da análise das conjunturas de cada sociedade, o 1. SHAUN GOVENLOCK (1966) — Face a um engaja-
que constitui um elemento histórico a ser cruzado com mento racional, considera como proposta para rea-
os elementos teóricos elaborados com base na.ação profis- grupar as várias preocupações teórico-práticas do
sional e em seus resultados. Serviço Social, o funcionamento social, entendido
Constata-se que, após a eclosão do movimento de re- numa perspectiva sistemática de interação recíproca,
conceituação do Serviço Social, seu objeto ou sistemas de a transação bilateral entre pessoa e meio social, em
objeto vêm sendo formulados, via de regra, em nível de relação a uma influência sobre o desenvolvimento do
generalidade e numa pluralidade de enfoques, tanto por potencial especificamente humano.
assistentes sociais norte-americanos, como latino-america- 2. HA RRIET BA RTLETT (1970) — O foco central do
nos e brasileiros, apesar de todos reconhecerem que este Serviço Social é o funcionamento social, conceito este
componente deva ser enfocado como área central de preo- dirigido ao que acontece entre pessoas e meio social
cupação no processo de sistematização da teoria/ ação do através de uma interação entre ambos. Assim, pessoa
Serviço Social. e situação, pessoa e meio são englobados em um único
O problema da especificidade do objeto do Serviço conceito, o que exige que eles sejam visualizados inte-
Social constituiu sempre, e hoje mais do que nunca, uma gradamente e vinculem os aspectos "psico " e "so cial".
questão polémica que se situa principalmente entre duas Os assistentes sociais analisam a personalidade e
tendências em confronto, isto é, a de caráter tecnocrático, a situação para melhor entenderem seus elementos
que leva a uma fragmentação do objeto, e a de caráter significativos, depois reúnem as partes e vêem as pes-
integrativo das ciências humanas, nas quais o Serviço soas e situações, como um todo, no trabalho com as
Social se info rma, que, mesmo ao estudarem um aspecto mesmas.
de particularização do objeto, visualizam-no no contexto O conceito de funcionamento social pode ser ex-
de totalidade o u de articulação de relações. presso para o Serviço Social da seguinte maneira:
No Serviço Social, o objeto não é estabelecido a priori,
mas vai se definindo no próprio processo de ação, e, nota- pessoas « > interação < > meio
damente, na interação daquele processo com três elemen- confronto equilíbrio exigências
tos essenciais, a saber:
3. HERMA N C. KRUSE (1972) — Infere, a respeito do
— referencial teórico, já mencionado; objeto, a existência de duas posições dicotômicas.
— fins ou objetivos a serem alcançados, mediante re- Na l . , o objeto do Serviço Social é a repercussão
a
lação que estes estabelecem com o objeto; nas pessoas dos problemas sociais. Na 2. , o objeto
a
— e método, entendido na perspectiva de relações de do Serviço Social são os problemas sociais derivados
conhecimento e transformação do objeto. da sociopatologia ou da situação de dependência e
subdesenvolvimento.
Tendo em vista levantar para análise proposições sobre Na l . posição, a teoria do Serviço Sócia} deve ser
a
o objeto, elaboradas neste período de reconceituação, apre- fundamentalmente antropofílica, compreendendo co-
senta-se a seguir um elenco de dezoito propostas que se mo disciplinas afins básicas a biologia, a psicologia e
pensa serem representativas das múltiplas contribuições a antropologia filosófica.
Teorização do Sero. Social
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cliente, isto é, pessoa, família, grupos, comunidades, rir-se ao objeto não só no nível do agente humano,
instituições e populações, e a 2. parte, como meio,
a
como no nível de um processo histórico-estrutural
isto é, a gama de um elenco de fatores sociais, eco- enquanto teoria/ ação.
nómicos, culturais e humanos, representados por in- 18. ANNA AUGUSTA DE A LMEIDA (1978) — Apresenta
divíduos, grupos, instituições societárias, fenómenos como ideia de objeto do Serviço Social no contexto da
e realidades que interferem na resposta do sistema/ realidade humana, histórica e concreta, a situação
cliente ao meio, sobre o qual simultaneamente atua, existencial problematizada, ou o fenómeno social que
modificando-o. está dialetizado numa dupla dimensão entre indivíduo
e sociedade (na visão de ser no mundo) e entre
16. HELENA I . JUNQUEIRA (1974) — Entende ser objeto pessoa e comunidade (na visão de ser sobre o mund o ).
específico, mas não exclusivo, do Serviço Social:
a) indivíduos, isoladamente ou em grupos, que não Não fo i possível realizar neste documento uma
lograram o atendimento de suas necessidades apreciação crítica e particularizada destas dezoito
básicas e de desenvolvimento po r si mesmos, proposições de definição do objeto do Serviço Social,
mediante utilização dos recursos disponíveis do as quais sugerem diferentes concepções do homem
seu próprio meio social; e do mundo, diferentes teorias do conhecimento e
b) comunidades, cujas potencialidades de vivência diferentes métodos de investigação, interpretação e
comunitária, de ação conjunta e de participação transformação social.
em outros níveis societários não tenham sido Neste sentido, a título apenas de ilustração, as pro-
devidamente desenvolvidas; posições de objeto como "situação social-problema" e
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Teorização do Serv. Social 153
"situações que se dão no nível das relações sociais",
que fo ram apresentadas com maior frequência, são 2. Objeto específico
entendidas e explicadas pelos respectivos autores, sob a) indivíduos, isoladamente ou em grupos, que
óticas diversas, através de diferentes posições. Esta não lograram o atendimento de suas necessi-
abertura é, sem dúvida, na etapa que se atravessa dades básicas e de desenvolvimento, pela au-
hoje do estudo do objeto do Serviço Social, condição sência dos recursos necessários ou pela inca-
e espaço muito favorável a uma aproximação objetiva pacidade de utilização quando existentes;
e científica daquele elemento básico,zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
pois predispõe b) organizações e grupos comunitários, cujas
à crítica, à verificação prática e à preocupação de potencialidades de ação conjunta e partici-
globalidade da disciplina. pação em níveis mais amplos não tenham sido
Considerando as proposições apresentadas e rela- devidamente desenvolvidas;
cionando-as às reflexões preliminares feitas quanto c) políticas sociais, compreendidas como proces-
ao processo de construção do objeto do Serviço So- sos dinâmicos e contínuos de formulação,
cial, finalmente, fo ram elaboradas duas outras alter- instrumentação, implantação e revisão de um
nativas de propostas, como tentativas para uma con- conjunto orgânico de diretrizes, que orientam
vergência e síntese do esforço teórico até aqui ence- a ação governamental e que se co rpo rificam
tado no tocante àquele componente. A contribuição em sistemas de direitos e deveres e de pres-
maio r destas duas alternativas pretende ser, a partir tação de serviços, no que diz respeito:
do aspecto de generalidade do Serviço Social, aproxi-
mar-se do seu aspecto de especificidade. I — ao atendimento das necessidades bási-
cas d o homem,
São elas: I I — à otimização dos níveis de vida da
população,
Alternativa A — de HELENA IRACY JUNQUEIRA I I I — à equalização de oportunidades,
(1978) IV — à adequação ou transformação das
estruturas, instituições e sistemas, com
1. Objeto genérico vistas a que venham responder às exi-
gências da efetivação das próprias po-
O objeto de Serviço Social refere-se a situações líticas.
sociais-problema, entendidas como as que ocor-
rem no âmbito das relações sociais, que se pro- Este objeto específico relaciona-se intimamente
cessam no concreto da vida cotidiana, e que se a objetivos específicos do Serviço Social, que en-
configuram de tal fo rma a provocar a necessidade volvem a superação das situações configuradas
de uma intervenção para modificá-las, trazendo no objeto, com vistas à realização progressiva do
em seu bojo elementos conflitantes que se podem homem.
transformar em elementos geradores de soluções Alternativa B — de MA RIA LÚCIA CARVALHO DA
e crescimento. SILVA (1978)
Este objeto genérico relaciona-se intimamente
ao objetivo genérico do Serviço Social, qual seja, 1. Objeto genérico
realização progressiva do homem e criação de
condições sociais que permitam e favoreçam essa Refere-se ao processo histórico-estrutural de
realização. marginalização/ participação social, na perspecti-
va de interação dialética destes componentes.
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Teorização do Serv. Social 155
económico, social, cultural e político, nos ní- no sentido bem amplo do termo, a considera como o es-
veis micro e macro de atuação. tudo metódico e reflexivo do saber, de sua organização,
Nestas dimensões, cabe ao Serviço Social de sua formação, de seu desenvolvimento, de seu funcio-
especificamente, tanto generalizar e particula- namento e de seus produtos intelectuais.
rizar, como quantificar e qualificar, nos dife- Sendo assim, a função essencial da epistemologia é sub-
rentes níveis, as ocorrências conjunturais e as meter a prática dos cientistas a uma reflexão; e o seu papel,
propostas de políticas sociais, a partir das ins- estudar a génese e a estrutura dos conhecimentos cientí-
tituições sociais, nas quais exerce sua ação ficos. O seu problema central consiste em estabelecer:
profissional, de modo a que os programas re-
futam e respondam cada vez mais às necessi- — se o conhecimento poderá ser reduzido a um puro
dades, interesses, aspirações, insatisfações, registro pelo sujeito, dos dados já anteriormente
conflitos, problemas, etc. das populações. organizados independentemente dele num mundo
exterior (físico ou ideal);
É óbvio que as duas alternativas estão apenas es- — se o sujeito poderá intervir ativamente no conheci-
boçadas, necessitando de melhor formulação. mento dos objetos. Essencialmente, o problema se
Ambas as alternativas, torna-se a dizer, significam encontra na relação sujeito-objeto.
tão-somente o passo a mais que se pode dar neste
resultado breve e intensivo, ou nesta rápida retomada A epistemologia estuda a produção de conhecimentos
do problema de definição do objeto do Serviço Social.
A guisa de conclusão, deseja-se ressaltar que o não só do ponto de vista lógico, como do linguístico, ideo-
atual e futuro momento de desenvolvimento científico lógico, sociológico, etc. zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONM
do Serviço Social parece exigir um esforço reflexivo
global e prioritário sobre as experiências concretas JA PIA SSU, Nilton F.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLK
1
Introdução ao pensamento epistemológico. Rio
de ação, em seus vários níveis, especialmente no da de Janeiro, Francisco A lves, 1975.
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2) Da ãialética zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
termos lembram a identidade dos opostos. A Tese é afir-
mação, nela algo é afirmado . A Antítese é a negação do
Como diz Poulquié, não existe uma dialética mas di-
2
que se afirmara antes. A tensão entre estes dois termos
versas concepções da dialética. encontra sua conciliação na Síntese, o u seja, Negação da
Nas suas origens, ou seja, na antiguidade grega, era Negação.
essencialmente a arte do diálogo, da discussão, do ques- Como cada momento se deduz do anterior, podemos
tionamento, o que prevaleceu ainda na escolástica, e em dizer que a Antítese já está na Tese. Ela já carrega em
filósofos modernos de certa fo rma incorporada à concep- si sua contradição. A Síntese se transforma numa nova
ção da lógica. Tese de o utra tríade, e o movimento continua.
Descartes e Spinosa destacam-se dentre os pensadores O processo dialético não é apenas de explicitação (da-
do período moderno como representantes do raciocínio quilo que está contido no momento anterio r) mas também
dialético. de concretização. O momento anterior deve englobar todos
Atualmente, a dialética vincula-se, sobretudo, a duas os momentos posteriores. Deve ser, po rtanto , mais vasto,
linhas de pensamento, que a definem com maior precisão mais amplo do que todos os momentos que dele se expli-
— Hegel e Marx — e, mais recentemente, vem sendo citam! O mais amplo, em termos de conceito, é o mais
assimilada pela ciência contemporânea, onde, exatamente abstrato. O menos vasto é o mais co ncreto ... Assim é o
po r ser contemporânea, se to rna mais difícil de precisá-la. movimento da dialética hegeliana: enquanto se procede
Fo i Hegel (1770-1831) quem fo rmulo u pela primeira vez do implícito para o explícito, se procede do abstrato para
o método dialético, cuja pedra fundamental é a luta dos o concreto.
contrários. "A verdade não é um'co njunto de princípios Marx, discípulo de Hegel, admitiu ser a dialética o único
definitivos. É um processo histórico, a passagem de graus método científico, mas contrapôs sua concepção materia-
inferiores para graus superiores do conhecimento. Seu lista do mundo à concepção idealista de Hegel — o Uni-
movimento é o da própria ciência, que não progride senão verso é um produto da Ideia, ou seja, o Universo precede
sob a condição de ser crítica incessante de seus próprios apenas dos universais que não têm marca de percepção
resultados, a f im de poder superá-los." 3
sensorial.
Pereira Nóbrega, em estilo didático, expõe a dialética
4
Para Marx, as leis da dialética são as do mundo material,
hegeliana que, em síntese, é assim compreendida: o movimento do pensamento não é senão o reflexo do
A dialética hegeliana refere-se a um movimento pelo movimento real, transportado e transposto para o cérebro
qual realidades novas se explicitam, se deduzem, graças do homem. Daí a dialética materialista ou o materialismo
à contradição, à oposição que existe na realidade anterior. dialético de Marx.
Nenhuma realidade existe, que esteja isenta deste movi- Na sua filo so fia assim se enuncia a lei da dialética: 5
s PO LI T Z ER , Georges; BESSE, G uy; C A V EI N G , M aurice. Princípios C H A T ELET , François. Logos e Praxis. Rio de Janeiro. Paz e Terra,
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158 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Teorização do Serv. Social 159
tico positivo capaz de integrar todos os resultados das — Quanto à segunda fo rma da lei dialética, embora admi-
ciências e desenhar um quadro de conjunto da realidade tindo plenamente o dinamismo da realidade universal,
e de sua evolução, citando R. Garaudy. ressalva-se a permanência de algo, seja um substrato,
seja um componente de dada realidade que perdura,
As quatro formas da lei da ãialética: e que permite identificá-la mesmo depois de trans-
formada.
1. — Ação recíproca e da conexão universal — a dialética
a
— Quanto à terceira fo rma, embora admitindo que algu-
considera a natureza não como acúmulo acidental mas mudanças qualitativas possam resultar do acúmu-
de objetos, de fenómenos destacados uns dos outros, lo de mudanças quantitativas, outras, e com maior
isolados e independentes uns dos outros, mas como peso, decorrem de fatores cuja ação, por sua natureza,
um todo unido, coerente, no qual os objetos, os é suficiente para operar mudanças qualitativas, pois
fenómenos estão ligados organicamente entre si, de outro modo seria admitir-se que a qualidade (na-
dependendo uns dos outros e condicionando-se reci- tureza das coisas, dos seres, das relações entre eles)
procamente. resulta de maior ou menor número de fatores quan-
2. — Da mudança universal e do desenvolvimento inces-
a titativo s.
sante — a dialética considera a natureza não em um
estado de repouso e de imobilidade, de estagnação 3) Da praxis
e de imutabilidade, mas como um estado de movi-
mento e de mudança permanente, de renovação e Praxis, categoria amplamente utilizada hoje em diferen-
de desenvolvimento incessante, onde cada coisa nas- tes áreas de estudo e de ação, entre as quais a do Serviço
ce e se desenvolve, onde cada coisa se desagrega. Social, requer algumas considerações, no decorrer do pre-
sente trabalho.
3 — Da mudança qualitativa — o desenvolvimento leva
a
da conversão das mudanças quantitativas em mu- Sofre mudança radical no Renascimento que reivindica
danças qualitativas. a dignidade humana não só pela contemplação como tam-
bém pela ação, alcançando, com a revolução industrial do
Neste trabalho, a compreensão da categoria "dialética" século X V III, estágio mais avançado na valorização do
vincula-se à dialética hegeliana e coincide, em boa parte, trabalho humano e da técnica face às exigências da produ-
com as quatro formas da sua lei básica, formuladas pela ção, ou seja, na "consciência da praxis pro d utiva". zyxwvutsrqponmlkjihg
filosofia marxista, ressaltando-se dois pontos, em decor-
rência de uma posição não idealista como em Hegel, e não
T R I C O T , Jean J.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHG
Aristote Ethique a Nicomaque. Introduction, notes,
materialista como em Marx:
6
FILOSOFIA
A categoria praxis vem sendo incorporada, nestes últi-
mos tempos, ao discurso dos estudiosos da realidade social BO RN H EIM , Gerd Alberto. Dialética: teoria, praxis; ensaio para uma
crítica da fundamentação ontológica da dialética. Porto Alegre, Globo,
bem como aos documentos técnicos dos profissionais da 1977.
intervenção nessa mesma realidade. Entretanto, nem sem-zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
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7
S A N C H EZ , Vázques A dolfo.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Filosofia da Praxis. Rio de Janeiro. Paz JA PIA SSU, Hilton F. Introdução ao pensamento epistemológico. Rio de
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8
K O S IK , Karel. Dialética do Concreto. Rio de Janeiro. Paz e Terra,
2.* ed., p. 201.
1 1
JA PIA SSU, Hilton F. Nascimento e morte das Ciências Humanas.
9
S A N C H EZ , Adolfo Vázques, opus cit., ps. 151/152.
Rio de Janeiro, Francisco A lves, 1979.
1 0
S A N C H EZ , Adolfo Vázques. Ibid., ps. 150/157; ibid., p. 117.
162 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Teorização do Serv. Social 163
SERVIÇO SOCIAL
Creusa Capalbo
1. Psicologismo
O Psicologismo afirmava que pensar e conhecer eram
eventos psíquicos e que, por isto, a lógica dependia das
leis psicológicas. A lógica nada mais seria do que a técnica
do pensamento correto, conforme explica W. Stegmtlller. 1
Ora, Husserl mostra que a técnica nada mais é do que u m
caso particular de u m a ciência geral e normativa. Sem
normas que orientem a técnica esta não pode funcionar.
As ciências normativas, por sua vez, se fundamentam em
teorias, que dizem o que são as coisas e não apenas como
elas devem ser, conforme ocorre no caso das ciências nor-
mativas. Uma disciplina teórica estabelece proposições
8 HUSSERL, Edmund, Idées directrices pour une phénoménologie, Pa- Janeiro, Zahar Ed., 1978, p. 105.
ris, p. 77. 5 Ibid., p. 109.
{
182 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
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trice Nauwelaerts, 1967. LÓGICA DO ESTUDO CIENTÍFICO DO SERVIÇO SOCIAL
Anna Augusta de Almeida
Ilda Lopes Rodrigues da Silva (Coordenadora)
Maria Adelaide Ferreira Gomes
Maria Augusta de Aguiar Ferraz Temponi
Maria Júlia Nin Ferreira
Maria Madalena do Nascimento
(Rio de Janeiro)
Dentre as preocupações de Serviço Social como disci-
plina de intervenção na realidade social, emergem aquelas
relativas ao fenómeno conhecimento, saber progressivo,
e aquelas que envolvem a adoção de princípios e valores
que devem ser assumidos.
Essa situação configurada como "crise" encontra na
postura compreensiva perspectivas amplas para repensar
os seus fundamentos e sua racionalidade na tentativa de
discernir a nova problemática.
A meditação do conhecimento do Serviço Social a partir
de interrogações e reflexões pode indicar uma abertura.
O Serviço Social, elegendo o social como tema, procura
se interrogar sobre o mesmo visando a u m conhecimento
e a u m processo de transformação social. Essa interro-
gação básica desdobra-se pela escolha dos vários temas
que se propõem como enfrentamento.
O Serviço Social, ao voltar-se p a r a a pessoa em suas
relações interpessoais e em suas confrontações com o
184 CBCISS Teorização do Serv. Social 185 zyxwvutsrqponmlkjih
ambiente, parte de u m a visão de homem e mundo. Ao O que é o ser em situação, transforma-se em quem
postular como sua intenção o desenvolvimento da capa- é o ser em suas relações sociais. Interessa apreender o
cidade do ser humano leva em consideração o homem sentido que a pessoa dá à sua própria existência que
como pessoa. se inscreve no tempo e se realiza num processo histórico.
Como ponto de apoio e partida para uma praxis, inda- Se o Serviço Social como profissão pretende atingir esses
ga-se n u m a perspectiva profissional: níveis de compreensão, só pode chegar ao conhecimento
do "ser" à medida que ele se descobre para o assistente
— o que é o ser em situação? social. É por isso que o conhecimento em Serviço Social
— o que é viver nesta sociedade? não se restringe ao nível de objetivação mas persegue
— como apreender o social através de pessoa? o nível de subjetividade. É a partir de uma situação pro-
— como capacitar pessoas visando o social? blematizada que se levantam questões significativas que
pretendam se dirigir às condições de possibilidade de co-
Na reflexão manifesta-se uma tensão para além do nhecimento.
fenómeno social, que provoca o questionamento do modo Metodologicamente é fundamental apreender-se a di-
fundamental do homem estar no mundo, assim como o mensão estrutural da existência que se configura no seu
modo desse mundo estar para o homem. modo de ser no mundo que engloba a pessoa, as suas
Para atender a essas exigências de pessoa no mundo relações com as pessoas e com as coisas. Essa dimensão
reconhece-se o homem como u m ser encarnado, situado exige u m a perspectiva que considera o singular e, par-
no mundo com as demais pessoas. A consciência desta tindo deste, chegar à apreensão das realidades sociais num
condição de "ser-com" só se dá quando ele se abre ao contexto maior (o próprio sentido, o sentido do outro e
outro. o sentido do nós).
A situação de "homem no m u n d o " não significa algo
pronto e acabado; ao contrário, significa uma exigência Situação é o mundo no qual o homem está presente,
de participação. mas, se quiser realizar-se plenamente como ser, terá que
A produção do conhecimento em Serviço Social parte assumir esse engajamento livre e conscientemente.
das realidades mais profundamente humanas que emer- O sentido aparece a nível de compromisso como uma
gem da vida do cotidiano nas suas relações com os outros condição de passagem de necessidade a liberdade.
(família, vizinhança, relações de t r a b a l h o . . . ) . As relações Este processo se dinamiza através do diálogo, enten-
das pessoas com as pessoas articulam-se em interações dido, aqui, como uma forma de ajuda psicossocial. O
singulares. diálogo ocorre numa relação mutuamente significante que
Esse processo de conhecimento supõe u m acolhimento se manifesta por um apelo de um lado — a intenção da
do outro no sentido de "ser compreensão de ser". ajuda profissional, e, de outro — o do querer ser ajudado,
O acesso ao ser só se dará pela abertura à intersubje- Nele, realiza-se uma experiência enriquecedora, do qual
tividade ao nível de outras pessoas, através da comunhão. ambos são sujeitos na investigação do tema eleito e na
"Se eu me abro realmente à comunhão intersubjetiva, construção de projetos de existência humana. Esse pro-
se eu recebo o outro e me dou, nós ascendemos juntos cesso exige tanto o conhecimento do sujeito profissional
u m pelo outro no plano de ser" (Robert Fays). quanto o conhecimento do sujeito cliente.
Serviço Social, assim, se propõe a um desenvolvimento
da consciência reflexiva de pessoas a partir do movimento A exigência deste tipo de conhecimento é ao nível de
dialético entre o conhecimento do sujeito como "ser no compreensão, supondo a descrição do vivido, a descoberta
m u n d o " e o conhecimento do sujeito como "ser sobre do sentido do vivido, a caracterização da estrutura do
o mundo". Isso se realiza numa dimensão temporal e vivido e finalmente o estabelecimento de constâncias da
histórica. estrutura do vivido.
Teorização do Serv. Social 187
186 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
As implicações desta opção propõem uma atitude de u m objeto científico. Diante da evidência o Servi
ç o Social
saber ouvir, sentir com, perceber. não pretendeu nem pretende mostrar-se incapaz de com-
preender aquilo que tenciona explicar. Ao visar seu objeto
Nesta perspectiva de interação a pessoa-cliente revela de estudo, procura, na razão e não-razão, os fundamentos
para a pessoa-assistente social aquilo que tem para ele da compreensão em função do material de pesquisa que
u m significado, o ser vivido, ele consigo mesmo, com prepara a explicitação.
outros, e com as coisas.
A pessoa-assistente social aprofunda com a pessoa- Esta pretensão, no tempo, deu possibilidade à criação
cliente, questionando sobre os conteúdos revelados, ten- de modelos entre os quais o "psicossocial", que contribuiu
tando clarear e ampliar os horizontes, emergindo sentidos para dar uma estrutura diagnostica à situação-problema
novos. como objeto de estudo. E, do mesmo modo, pôr em evi-
Na existência dialógica desenvolvem-se formas de apro- dência nela os aspectos do vivido numa "avaliação" que
ximação de realidades considerando a estrutura de vivido envolve a caracterização do ser-em-situação. O que signi-
na sua historicidade e na sua cultura. fica a existência da noção-limite dos procedimentos de
u m a lógica interna de duas filosofias.
É através da reflexão que se consegue atingir as expe-
riências reais na sua diversidade para conseguir apreender Hoje a dialética da complementaridade nos leva a revi-
e compreender o horizonte ou o universo no qual o ser sar essa postura fenomenológica inicial. Questionar o tema
se revela, permitindo chegar a u m conhecimento novo. a partir da reflexão sobre a possibilidade da ciência, orien-
A descoberta de u m novo sentido identifica conteúdos tado pelo reconhecimento de que "o horizonte dos logos
que, tomados em conjunto, vão se transformar em pro- científicos é radicalmente diferente do horizonte dos ob-
jetos. jetos percebidos", como afirma Husserl.
O projeto traduz u m a praxis humana que contém uma Esta tomada de consciência permitiu, aqui, colocar en-
etapa fundamental da existência humana. tre "parênteses" a estrutura da avaliação-diagnóstico para
Os projetos se manifestam como respostas novas de q u estioná -la no interior de uma fenomenologia, ou antes,
conhecimento e ação da pessoa frente a si mesma, aos a partir de suas próprias possibilidades.
outros e com as coisas. Neste sentido, fazer aparecer numa "estrutura espa-
Finalmente, a atitude fenomenológica e as ideias cen- cial" as dimensões das situações sociais-problema, a partir
trais que orientam a fenomenologia abrem caminho para e dentro das quais se manifestam, em suas tipicidades
o estudo do comportamento do homem. Sua contribuição ou singularidades, é constituir a "avaliação-diagnóstico"
principal para o Serviço Social está na possibilidade de n u m discurso fundado na metodologia da compreensão.
oferecer uma reflexão sobre os limites da racionalidade Efetivamente, a avaliação-diagnóstico constitui uma estru-
e da objetividade que permitam o fazer e o refazer dos tura espacial dentro da qual estão situadas todas as pes-
métodos e das técnicas na praxis. soas enquanto reduzidas ao aspecto que é próprio da
Nosso propósito agora, aqui, é pensar o contexto teó- condição humana: ser sujeito do social que constrói e
rico fundado na fenomenologia a partir da abordagem que por ele é construído. Assim, cada "avaliação-diagnós-
de alguns dos aspectos, "somente alguns", que compõem tico" é objetivação de uma situação social enquanto objeto
nossa metodologia. delimitado pelo enfoque da intervenção do Serviço Social.
Delimitação que, em certo sentido, é legitimada pela inten-
cionalidade mas deformada pela visão parcial da expo-
A investigação diagnóstica sição de u m a situação social-problema como objeto.
Isto implica aceitar que o serviço social tem uma ma-
O conceito de diagnóstico social que marca a fundação neira de visar o homem como ser no mundo e como ser
da perspectiva científica do Serviço Social é questionado sobre o mundo.
por não configurar o seu objetivo de conhecimento como
188 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA Teorização do Serv. Social 189
A apreensão do homem em suas relações interpessoais — ser o desvelamento do modo de ser — na situação
e sociais se faz por u m a atitude de abertura que progres- pessoa-assistente social e pessoa-cliente — a objeti-
sivamente capta, pelas descrições da "estrutura do vivido", vidade que cria a correlação su jeito-objeto;
seus significados. — ser a objetividade redutiva o horizonte dentro da
Visa as realidades vividas dentro de uma perspectiva qual a situação social, ou seja, a enunciação, aparece
de temporalidade (aqui e agora). Mas como a história delimitada pelo enfoque.
dos homens tem u m sentido que nos faz questionar que
há no tempo mais que o tempo, não se pode supor a • A leitura da descrição da enunciação^ como o momento
realidade da pessoa-cliente sem supor a da comunidade que provoca o questionamento de seus conteúdos^se faz
de que faz parte, porque nela há mais do que ela própria. a partir da "redução". A reflexão leva assistente social
e cliente, como co-autores, a partir das aparências empí-
A tentativa de compreensão leva a conhecer a pessoa ricas, a provocarem a ruptura, ou seja, desligarem-se das
e suas manifestações sem perder de vista o contexto social certezas, do saber constituído. A ruptura como "redução"
em que está inserida e todas as implicações advindas é a atitude fundamental da metodologia. Provoca uma
do mesmo. Leva a ver o homem de forma global em suas experiência no fenómeno, isto é, leva ao trabalho de ana-
inter-relações, a distinguir seus atos de conhecimento em lisar e aprofundar o que esse fenómeno é em si, ou seja,
seus níveis diversos de conhecimento, conhecimento preen- o que significa intrinsecamente.
chido de conteúdo social.
Assim, a situação social-problema se define como o
A preocupação de compreender a "pessoa em situação" próprio ser do aparecer — e neste mesmo ato redescobri-
se aprofunda na medida em que o aproveitamento dos la no mundo. Num outro nível, é o modo de aparição
dados revelados pelas descrições se articulam de forma da situação social na consciências A significação dos fatos
a apreender o "invariante", ou seja, o "núcleo central" da como experiência, uma vez que os fenómenos não nos
"situação existencial problematizada". aparecem mas são vividos. E m outras palavras "a signi-
Assim, a estrutura espacial da avaliação-diagnóstico é ficação dos fatos só se revela em situação", A redução
despnhada no primeiro movimento pela descrição de uma leva então a pessoa-cliente a compreender que o seu pro-
situação social enunciada como problema pela pessoa- blema só tem significado dentro da singularidade da sua
cliente. A proposta é captar cada vez mais a realidade situação existencial, ou seja, no modo irredutível de se
mostrada através de uma reflexão onde a situação é ima- mostrar.
nente ao discurso. A reflexão crítica parte das colocações percebidas pe-
A possibilidade de atingir a caracterização da estrutura los sujeitos cliente e assistente social, para intencional-
espacial reside em admitir: mente desenvolver a compreensão dos fenómenos que
estão em análise, visando a uma tomada de consciência
geradora dos temas de reflexão/Provoca o questionamento
— a enunciação constituída pela exposição de uma da "estrutura-valor" que oferece solo ao saber do assis-
situação social-problema como o que é dado (fenó- tente social e do cliente» a qual os liga de uma forma ao
meno) e que lhe dá a primeira direção; mundo. \Isto implica admitir que na avaliação-diagnóstico
— ser o distanciamento, criado pela enunciação, o es- o conhecimento é sempre mediatizado por uma pré-com-
paço entre o assistente social e o cliente, o provo- preensão, ou seja, u m consenso que a precede, que está
cador do relacionamento profissional; aí^Daí (do as) a preocupação com referência ao quadro
— ser a intencionalidade o assumir a verdade dessa dis- teórico e ao sistema de valores sócio-culturais (do cl)
tância e os objetivos profissionais no sentido de sua presentes no interior da interpretação. Com efeito, a-inter-
realização; pretação,/ para se concretizar,/tenta desOTíülíar essa "es-
190 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA Teorização do Serv. Social 191
trutura-valor" p a r a conhecê-la. Admite a correlação entre transformação a partir e dentro da qual se constituem
o conceito do pré conceito e o da ideologia n u m a comple-
mentaridade dialética. Assim, as condições de inteligibili- os projetos de "ação interventiva" visada como capaci-
dade são procuradas no próprio objeto da investigação- tação social v -A possibilidade de provocar a capacitação
diagnóstico, isto é, na situação social-problema. Afirma-se, social reside no fato de o serviço social expressar uma
então, que a "teoria não deve ser separada da experiên- forma de acolhimento de u m homem para o outro., jA
cia", isto é, do vivido. Que a noção de valor põe-nos diante abertura ao outro e consequente engajamento no ser só
do problema filosófico. se dá a partir do encontro^ Pode-se dizer que cada en-
A tarefa de compreender numa avaliação diagnostica contro é exclusivo, embora guarde uma característica de
é a de elevar a nível do discurso aquilo que inicialmente habilidade, p encontro é sempre u m acontecimento ^desta-
se descreveu como estruturado na situação social-proble- cado, algo novo, u m impacto que obriga o homem á sé
ma. O discurso é construído no diálogo assistente social- revelar. ,
cliente, onde a descrição e a explicitação mediatizam o O conhecimento do singular permite a compreensão
compreender. das estruturas do vivido dentro de u m a relação de inter-
/ A situação social-problema não é aquilo que o cliente subjetividade. Cada descoberta é u m a singularidade que
de uma forma ingénua revela, mas a situação social-pro- admite a compreensão do ser enquanto ser, a participação
blema a partir da qual deve ser apreendida. de cada ser como pessoa.
A provocação intencional para o conhecimento do mun-
do se dá n u m a unidade dialética entre ação-reflexão ao
Intervenção social desencadear o social .que nela se dá.
Isto implica aceitar o diálogo, não fundamentalmente
A exigência de satisfação de necessidades básicas ex- como instrumento, mas como forma de ação interventiva
pressa pela clientela do serviço social visava diretamente com relação a uma situação concreta.
problemas empíricos e envolvia a problemática de distri- -A estrutura espacial da ação interventiva é a descrição
buição de riqueza (pobreza>.' Neste sentido a prática as- da estrutura da transformação operada sotx a forma de
sistencial apresentava aspectos "marginais" de conheci- capacitação sociaL.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWV
é processada como movimento a partir
mento por se basear unicamente em elementos materiais da colocação da pessoa-cliente como co-autor da avaliação-
de uma dada situação. diagnóstico. Nesta perspectiva específica significa capa-
A partir da operacionalização do diagnóstico social, a citar o cliente a realizar a própria "avaliação-diagnóstico"
intervenção do serviço social passou a articular o conhe- e compreender o projeto de transformação que está vi-
cimento da "estrutura do vivido" como auxílio concreto vendo/ Estes dois atos se encontram de tal forma arti-
exigido como resposta às necessidades manifestas. -Nessa culados que não pode haver u m ato de consciência sem
perspectiva o "tratamento social", como prática, que carac- transformação provocada pela própria consciência.
terizava a ação interventiva, passou a significar "ajusta- O projeto como fenómeno é possibilidade do que se
m e n t o " e/ou "adaptação" ao tentar eliminar as disfunções quer e se pode fazer. Como realidade concreta tende sem-
internas e externas de u m a dada situação condicionada pre a transformar uma situação que contém resistências
e prolongada por u m certo equilíbrio. ou desafios e expõe contradições. Dimensiona as catego-
No contexto de u m a crítica do tempo presente à inter- rias — vontade, esforço, trabalho, movimento, ação, resis-
venção social,'o serviço social é acusado de estar voltado tência, contra-ação — que manifestam a estrutura mais
para a promoção do indivíduo e as exigências do sistema universal de toda ação humana.
e não no sentido da pessoa-sujeito do social. O projeto como ação humana é atividade de pessoa
Admitida como válida a reflexão, a intervenção social, que produz permanentemente nela u m sentido^ porque
hoje, passou a ser questionada como operacionalização da ela pode dar-se conta disso. Projeto ele próprio consti-
Teorização do Serv. Social 193
192 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
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Apresentação
Antes de responder às questões levantadas pelo plená-
rio, é significativo p a r a o grupo que elaborou o trabalho
informar que ele assumiu a reflexão epistemológica do
Serviço Social a partir da abordagem de compreensão^
Na realização da tarefa, a metodologia de trabalho eleita
caracterizou o conhecimento da própria fenomenologia
como exigência primeira.^
Nesse sentido, numa primeira etapa, houve a preocupa-
ção em pesquisarzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUT
a bibliografia^ Seguiu-se a seleção de
autores e a eleição dos temas — intencionalidade, singu-
laridade, reflexão eidética, redução, encontro e diálogo
— que delimitaram as reflexões críticas no estudo.^A sín-
tese, elaborada a partir das discussões, gerou no grupo
a consciência da possibilidade de integrar as ideias das
categorias estudadas à abordagem do Serviço Social .çN.uma
segunda etapa,, emergiram os-questionamentos dos funda-
m e n t o s do Serviço Social articulados aos conceitos de
pessoa e de mundo (indicados por filosofias existenciais)
e a análise crítica da metodologia do seu processo de
objetivação, ligada à história de suas. práticas,? Na^etapa
JBsiaLJ^M redigido o dojmmento, dividido em duas partes:
uma introdutória é outra onde se tenta caracterizar, no
"quadro da compreensão", a estrutura da teoria do Ser-
Teorização do Serv. Social 197
196 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
entre sujeitos (assistente social e cliente), onde o diálogo
é motivado pela possibilidade de ser assumida a ideia
viço Social configurado pelas categorias da investigação- de u m a postura de "comunhão". Além disso, a ideia de
diagnóstico e da intervenção social. A leitura das questões
levantadas no Sumaré resultantes da crítica ao documento consciência como forma de existir do homem como sujeito
provocou novas reflexões e levou o grupo à compreensão permite-nos admitir a problemática da atividade cognitiva
da exigência de recolocar as categorias — pessoa, cons- n a dimensão humana, ou seja, vinculada aos pólos afetivo
ciência reflexiva, projeto, praxis, totalidade vs. singulari- e da ação (prática).
dade e invariante — de modo a p r o v o c a r . u m conheci- E m resposta à pergunta — "como caracterizar a cons-
mento que permita percebê-las integradas aos conceitos ciência como reflexiva?", pode-ge dizer que n a dinâmica
operativos de Serviço Social. Assim, através da colocação d a compreensão há u m esforço inicial de reflexão sobre
das ideias principais, as questões levantadas pelo plenário u m a situação concreta,, o "vivido'V quezyxwvutsrqponmlkjihgfedc
é percebido n o
vão sendo respondidas. "aqui .e agora''. Existe sempre u m a situação não dada,
Será obedecido o seguinte esquema: m a s vivida, que é pensada, ou seja, captada por u m a
\ E m primeiro lugar, serão colocadas as ideias contidas reflexão intuitiva. Nesse sentido, n a dinâmica do diálogo
nas categorias de pessoa e consciência reflexiva. Depois, (no processo de serviço social), pensar e refletir (na acep-
as ideias das categorias que foram relacionadas com a ção compreensiva e concreta) de u m a ação, não é exclu-
intervenção (ajuda psicossocial): praxis e projeto. E, em sivamente u m a t o reflexo nem u m ato contemplativo, m a s
terceiro lugar, as ideias articuladas à verdade (conheci- comunicação entre consciências. / Nela acontece a cons-
mento): totalidade vs. singularidade e invariante. ciência reflexiva co mo categoria fundamental n a medida
e m que a pessoa situada e datada pensa e repensa algo
que, captado p o r intuição, passou a tematizar como pro-
2. As categorias de pessoa e consciência reflexiva cedimento operatório inicial, em busca da compreensão.
(desdobramento)
Creusa Capalbo
1. Breve histórico
ritual de seu conjunto. Não é a consciência dos homens sociedade de homens, nesta sociedade civil, que é capaz
de formar a vontade social coletiva.
* Ibid., p. 81.
6 MARX, K. Critiques de l'économie politique. Paris. Ed. Sociales, p. 13.
» Ibid., p. 81.
7 GRAMSCI, Antonio. Oeuvres choisies. Paris. Ed. Sociales, ps. 290-5.
214 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA Teorização do Serv. Social 215
Para Gramsci, o intelectual exerce u m a função num — AIE politico (sistema político, partidos).
dado sistema. Ele distingue o intelectual no conjunto do
sistema de relações, no qual a atividade intelectual se situa — AIE sindical.
face ao contexto geral das relações sociais. Assim, não
há apenas o intelectual burguês de que falara Marx. Há — AIE de informação (imprensa, rádio e televisão).
os intelectuais orgânicos que são criados por u m sistema
p a r a assegurar a coesão do próprio sistema e a ideologia — AIE cultural (literatura, esporte, belas-artes, etc.).
do sistema ou da classe dominante. No processo histórico
que se faz em favor do Marxismo, o que se precisa é de O Aparelho Repressivo do Estado funciona sob a vio-
u m novo tipo de intelectual, que seja advindo das cama- lência repressiva, que pode ser violência física ou simbó-
das populares e que seja capaz de realizar u m a pedagogia lica. O Aparelho Ideológico do Estado funciona pela ideo-
da massa ou pedagogia revolucionária. A organização da logia e pelos valores; eles traçam as sanções, as seleções
as exclusões, etc.
massa é necessária p a r a que se forme a Hegemonia e o Segundo A l ^ u s s e r , no estado atual do capitalismo, o
Bloco Histórico. Pela Hegemonia se dá o movimento dia- Aparelho Ideológico do Estado dominante é o escolar.
lético da história enquanto vontade social coletiva. Pelo No século XIX eram dominantes a igreja e a família. No
Bloco Histórico se dá o desenvolvimento histórico pelo século XX são a escola e a família.
processo de conscientização, que consiste na passagem Este esquema, aqui apresentado de modo sumário, foi
do económico e da ideologia correspondente para o ético- desenvolvido e aplicado pelos franceses G. Synders, Bau-
político (passagem do reino da necessidade p a r a o reino delot, Establet, Christine Gluskmann, Bourdieu-Passeron.
da liberdade). No Brasil, com algumas variantes, por B. Preitag, M. Trag-
Mais recentemente, Althusser dirá que não basta dis- tenberg, M. Godotti, M. Berger, dentre muitos outros. O
tinguir entre poder político do Estado e aparelho do Es- esquema proposto como roteiro de reflexão sobre "Dialé-
tado. É preciso reconhecer os aparelhos ideológicos do tica e Serviço Social" pelo Grupo de São Paulo aí também
Estado. se inscreve.
Por Aparelho do Estado ele entende o aparelho repres- Althusser escreve que "o Aparelho Ideológico do Estado
sivo do Estado onde reina a violência. São Aparelhos de desempenha u m papel determinante, na reprodução das
Estado: o governo, a administração, as forças armadas, relações de produção, de u m modo de produção ameaçado
a polícia, os tribunais e as prisões. na sua existência pela luta de classes mundial". 9 Assim,
Ele define Aparelho Ideológico do Estado como " u m é possível se utilizar o esquema de análise abaixo, pro-
certo número de realidades que se apresentam ao obser- curando verificar qual a ideologia do papel que se desem-
vador imediato sob a forma de instituições distintas e penha na sociedade:
especializadas". 8 São aparelhos ideológicos d o Estado a) papel de explorado (desenvolvimento de certos va-
(AIE) as seguintes instituições: lores tais como ter consciência profissional, moral,
cívica, nacional, apolítica, etc.);
— AIE religioso (sistema das diferentes Igrejas). b) papel de agentes da exploração (saber comandar
— AIE escolar (sistema das diferentes escolas públicas e falar aos trabalhadores, saber ter relações hu-
e privadas). manas);
— AIE familiar. c) papel de agentes da repressão (saber comandar e
— AIE jurídico. se fazer obedecer sem discutir, saber manejar a
retórica dos dirigentes políticos);
8 ALTHUSSER, L. Les appareils idéologiques de l'État. Revue la Pen-
sée, jun. 1970, ps. 2041. » Ibid., ps. 20-1.
216 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
d) papel de profissionais da ideologia (saber t r a t a r
as consciências com respeito ou com desprezo, por
meio de chantagem ou demagogicamente, fazendo
com que as pessoas se acomodem à moral vigente,
queiram ser virtuosas ou aceitem os ditames da
Nação, da Igreja, etc.). 10