Introdução - Mercado Cambial em Mocambique

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Índice

1. Introdução............................................................................................................................................2
1.1. Objectivos........................................................................................................................................2
1.1.1. Objectivo Geral............................................................................................................................2
1.1.2. Objectivos específicos.................................................................................................................2
1.2. Metodologia.....................................................................................................................................3
2. Revisão de Literatura...........................................................................................................................4
2.1. Taxas Bilaterais...............................................................................................................................4
2.2. Taxas de Câmbio Efectivas..............................................................................................................5
3. Volatilidade.........................................................................................................................................6
3.1. Avaliação das Distorções na Taxa de Câmbio.................................................................................6
3.2. Flutuações e Preços da Taxa de Câmbio..........................................................................................7
3.3. Taxas de Câmbio e Fluxos Comerciais............................................................................................8
3.4. Taxa de Câmbio e Lucro de Empresas.............................................................................................8
4. Flutuações da Taxa de Câmbio e Alterações na Valorização de Activos e Passivos............................9
4.1. Contabilizar os Efeitos da Valorização............................................................................................9
4.2. Substituição de Moeda e Activos...................................................................................................10
4.3. Efeito da Taxa de Câmbio no Crescimento....................................................................................10
5. Conclusão..........................................................................................................................................12
6. Referencias Bibliográficas.................................................................................................................13

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1. Introdução
O presente trabalho visa analisar o mercado cambial em Moçambique A taxa de câmbio é um
preço central na economia de Moçambique. É uma variável fundamental para estabelecer o nível
de preços no mercado interno. É a principal variável criando equilíbrio no comércio e
pagamentos internacionais do país. E, por último, é uma variável importante que facilita a
determinação da taxa e do padrão de crescimento económico. Para sublinhar a importância da
taxa de câmbios na economia de Moçambique, basta perguntar a qualquer taxista em Maputo
qual a última taxa de câmbio do dólar Americano ou do Rand ou Euro e ele di-lo-á
imediatamente. Mas pergunte-lhe acerca de outros preços importantes, tal como as últimas taxas
de juro bancárias ou a evolução do índice de preços no consumidor e ele, geralmente, não sabe
responder. O conhecimento profundo que o taxista tem das taxas de câmbio deriva do facto da
moeda estrangeira estar omnipresente no quotidiano em Moçambique

1.1. Objectivos
1.1.1. Objectivo Geral
A presente pesquisa visa analisar, das taxas de câmbio na economia. A atenção incidirá em cinco
canais de transmissão através dos quais as flutuações das taxas de câmbio afectam a actividade
económica. O primeiro é por via da determinação dos preços nacionais. As mudanças nas taxas
de câmbio provocam mudanças nos preços das importações e exportações. No caso dos preços
das importações, estes choques repercutem-se através da cadeia de determinação de preços, quer
os preços ao consumidor quer os custos do produtor.

1.1.2. Objectivos específicos


 Identificar os instrumentos de política monetária usada ao longo do período em estudo;
 Analisar como esses instrumentos impactam sobre a base monetária (BaM) e por
conseguinte a Massa Monetária;
 Analisar a relação entre introdução de novos instrumentos de política monetária e o nível
de alcance da programação monetária;
 Avaliar até que ponto esses novos instrumentos contribuem na gestão da Política
Monetária do Banco de Moçambique.

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1.2. Metodologia
Em primeiro lugar faz-se uma revisão de literatura com vista a referenciar alguns conceitos
básicos e matérias do domínio teórico considerados pertinentes para a percepção do tema em
epígrafe. A pesquisa passa em seguida a um campo documental recorrendo a diferentes
publicações oficia sobre o assunto, com ênfase nos relatórios anuais do Banco de Moçambique
ao longo do período em análise e sua legislação. Por outro lado a pesquisa será Bibliográfica,
recorrendo a obras de autores que retratem questões ligadas à Moeda, Política Monetária e
Instituições do Mercado cambial.

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2. Revisão de Literatura
Desde a independência em meados dos anos 70, Moçambique teve uma série de regimes de taxas
de câmbio (Pimpão 1996). Até 1986, predominaram as taxas fixas, seguidas pela depreciação e
terapia de choque intensa em 1987-88 e, posteriormente, prevaleceu um regime de
desvalorização deslizante até ao início dos anos 90, quando as taxas de câmbio foram unificadas
e liberalizadas num regime de taxas flutuantes em 1994. Começamos a nossa examinação dos
padrões das taxas de câmbios um ano após se ter estabelecido o regime de taxas flutuantes.

2.1. Taxas Bilaterais


O histórico da taxa de câmbio bilateral nominal entre o Metical (MT) e o Dólar Americano ($) e
a taxa de câmbio real ajustada à inflação, no período de 1995 - Agosto de 2011. A taxa de
câmbio real do $/MT é, neste caso, ajustada para as diferenças nos preços relativos entre os dois
países, usando medidas aplicáveis do Índice de Preços no Consumidor (CPI). É evidente que,
para a maior parte do período, a taxa de câmbio nominal sofreu uma depreciação, com ligeiros
desvios desta tendência a terem início em meados dos anos 2000. A maior parte da depreciação
ocorreu nos anos 1995 até 2003 quando houve uma depreciação nominal de mais de 62 pontos
percentuais. Posteriormente, houve uma estabilização com apreciações e depreciações
insignificantes até 2009-10, altura em que houve uma depreciação significativa de 29 por cento.
Muita desta depreciação nominal inverteu-se nos primeiros oito meses de 2011, visto que o
metical teve uma apreciação de mais de 23 por cento face ao Dólar Americano.

Estudando agora a taxa de câmbio bilateral nominal do Rand/Metical na figura 2, vemos que,
entre 1995 e 2011, o metical registou uma depreciação face ao rand de 41 pontos percentuais
durante este período. Muita desta depreciação nominal ocorreu de 2001 a 2010, quando a taxa
Rand/MT registou uma depreciação de quase 50 por cento. Esta tendência reverteu-se
extraordinariamente em 2011, visto que o metical subiu 28,5 por cento face ao rand até Agosto.
Em termos reais, ajustados à inflação, houve uma apreciação substancial de 66 por cento do
metical face ao rand, desde 1995 até 2002. Nos anos que se seguiram, houve uma volatilidade
significativa – uma depreciação substancial de 23 por cento em 2003, uma apreciação de 33 por
cento de 2005 a 2008, uma inversão desta apreciação em 31 por cento em 2009 e 2010 e,
finalmente, de novo uma apreciação de 31 por cento até Agosto de 2011 – no entanto, depois de
toda esta variabilidade, a taxa bilateral real rand/metical encerrou o período apenas um ponto
percentual abaixo do ponto em que se encontrava no início da década.

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2.2. Taxas de Câmbio Efectivas
Os movimentos bilaterais nas taxas de câmbio podem ser indicadores enganadores da mudança
global do valor do metical, portanto, na figura 4, apresentamos as taxas de câmbio efectiva
nominal e efectiva real para os anos 1995 - Agosto 2011, calculadas utilizando os métodos do
FMI (Alessandro and Desruelle 1997) 1. O índice da taxa de câmbio efectiva nominal é uma
média das taxas de câmbio bilaterais nominais entre Moçambique e cada um dos seus parceiros
comerciais, ponderado pelos respectivos pesos no comércio de cada parceiro e, portanto,
representa uma medida muito mais ampla de movimentos no metical em relação aos mercados
globais. Nos últimos anos, houve uma expansão dos principais parceiros comerciais de
Moçambique, passando dos tradicionais “grandes três” – UE, África do Sul e os EUA – com a
inclusão da China e Índia. No entanto, continua a haver um elevado peso do comércio com a UE
e a África do Sul – UE (55,7 por cento) e África do Sul (36.3 por cento), enquanto a China (3,2
por cento), Índia (2,6 por cento) e EUA (2,2 por cento) preenchem a parte restante do total. O
índice da taxa de câmbio efectiva real ajusta a taxa efectiva nominal aos diferenciais de inflação
nos parceiros comerciais, utilizando-se os respectivos Índices de Preços no Consumidor (CPI).
Visto que a taxa de câmbio efectiva real é um índice de preços relativo, o cálculo das alterações
de preços em Moçambique contra os seus principais.

A taxa efectiva nominal que se apresenta na figura 4 indica uma depreciação significativa de
mais de 50 por cento no metical face a todos os seus principais parceiros comerciais durante todo
o período. Só desde 2000, o metical nominal registou uma depreciação de 40 por cento. Além
disso, a taxa efectiva nominal registou uma volatilidade substancial durante o período – uma
depreciação de 45 por cento durante 2000-07, uma depreciação de 23 por cento em 2007-08,
uma depreciação de 28 por cento em 2008-09 e, finalmente, de novo uma depreciação de 23 por
cento em 2010 - Agosto de 2011. A taxa efectiva real apresentou igualmente uma volatilidade
considerável, particularmente desde 2000. Concentrando-nos na última década, podemos
observar que, depois de uma depreciação real significativa de 30 pontos percentuais face aos
seus principais parceiros comerciais em 2000-03, o metical teve a tendência de perder
competitividade no resto da década, com uma apreciação de até quase 50 por cento até Agosto de
2011, à excepção da depreciação de uns 15 pontos percentuais em 2010. Grande parte desta
deterioração na competitividade parece dever-se a taxas de inflação muito mais elevadas em
Moçambique em comparação com os seus principais parceiros comerciais. No entanto,

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considerando a década como um todo, a taxa efectiva real, apesar da volatilidade significativa,
acabou apenas com uma ligeira apreciação (6.4 por cento) acima daquela com que começou em
2000.

3. Volatilidade
Uma característica marcante dos movimentos da taxa de câmbio do metical, destacada nesta
análise do período 1995-2011, foi a volatilidade persistente. A Figura 6 e a tabela 1 apresentam
uma imagem da volatilidade da taxa de câmbio real em Moçambique, empregando a medida
mais vastamente utilizada para calcular a volatilidade da taxa de câmbio – o desvio padrão da
primeira diferença dos logaritmos da taxa de câmbio (Clark, Tamira, e Wei 2004). Enquanto que
se espera que as taxas de câmbio sejam voláteis, o grau em que elas se tornam uma fonte de
incerteza e risco é uma função do facto dessas flutuações poderem ser previstas. Quando os
indivíduos podem estimar essa volatilidade e , esta parte prevista de volatilidade pode ser
removida e, assim, pode não ter muito impacto nas decisões económicas. A medida do desvio
padrão da primeira diferença de logaritmos que usamos tem a propriedade de ser igual a zero se a
taxa de câmbio acompanhar uma tendência constante, o que poderá presumivelmente ser
antecipado e, portanto, não seria uma fonte de incerteza. Calculamos a alteração na taxa de
câmbio durante um mês, usando os dados do fim do mês. O desvio padrão é, então, calculado
durante o período de um ano como um indicador de volatilidade a curto-prazo, o qual se
representa na figura 6 e se mostra na primeira metade da tabela 1. Também calculamos a
volatilidade durante um período de três anos para captar a volatilidade a longo-prazo, que se
mostra na segunda metade da tabela 1. Todas as estimativas da volatilidade foram feitas para a
taxa de câmbio efectiva real para o período 2000-11.

3.1. Avaliação das Distorções na Taxa de Câmbio


As flutuações que observámos no índice da taxa de câmbio efectiva real dizem-nos algo sobre as
tendências da competitividade durante vários períodos de tempo e sobre a volatilidade, mas não
nos dão um parâmetro para avaliar se a taxa de câmbio é “correcta” em termos do seu valor real
ou poder de compra. Uma moeda é valiosa porque serve para adquirir bens. Portanto, a taxa de
câmbio “correcta” (ou o parâmetro para avaliar o valor) entre duas moedas nacionais deve ser
aquela que igualiza os seus poderes de compra: isto é, a taxa de câmbio hipotética que igualiza os

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preços nacionais e externos de um cabaz de bens e serviços transaccionáveis. Qualquer
movimento na taxa de câmbio real que se afaste desta taxa de câmbio de “equilíbrio” ou
“paridade de poder de compra” pode ser considerado um desalinhamento/distorção do câmbio.
Posto isto, nem todas as distorções na taxa de câmbio efectiva real, decorrentes da paridade do
poder de compra, indicam necessariamente uma distorção fundamental.

Os níveis e a volatilidade das taxas de câmbio do metical que observámos no período 1995-2011
podem ter importantes consequências para a economia. Apresentamos nas próximas secções
deste estudo uma discussão dos principais canais de transmissão através dos quais os choques
das taxas de câmbio influenciam os resultados económicos, juntamente com estimativas de
alguns dos principais impactos.

3.2. Flutuações e Preços da Taxa de Câmbio


Um dos principais canais de transmissão, através do qual as oscilações da taxa de câmbio
afectam a economia é por via da sua influência nos preços. O principal efeito directo ocorre
através do impacto nos preços das importações, o qual, por via da cadeia do cálculo de preços,
provoca alterações nos preços no consumidor e nos custos no produtor. Estes efeitos de preços,
por sua vez, provocam impactos indirectos e uma segunda ronda de impactos, por meio das
alterações nos rendimentos reais, nos gastos do consumidor e nos fluxos comerciais, os quais têm
consequências acrescidas no sentido geral das mudanças, no índice dos preços no consumidor
(CPI). Outro efeito directo de alterações das taxas de câmbio sobre os preços ocorre por via do
impacto nos preços das exportações, o que conduz a alterações nas margens de lucro do
exportador e nos volumes de comércio.

A variável crucial para se entender a magnitude das relações entre a taxa de câmbio e os preços é
“o efeito de passagem da taxa de câmbio” (“exchange rate pass-through”) (ERPT) aos preços nos
diferentes estágios da cadeia de formação de preços. A elasticidade dos ERPT do lado das
importações mede o grau de transmissão de preços, entre os preços externos, as taxas de câmbio
e os preços internos e providencia, assim, uma perspectiva valiosa dos principais determinantes
dos preços no consumidor. Do lado das exportações, a elasticidade dos ERPT mede o grau de
transmissão de preços, entre as alterações da taxa de câmbio e os preços de exportação e pode,
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deste modo, fornecer informações sobre o modo como as empresas exportadoras ajustam as suas
margens de acordo com as estratégias comerciais nos mercados externos.

3.3. Taxas de Câmbio e Fluxos Comerciais


Um segundo importante canal de transmissão, através do qual as taxas de câmbio influenciam a
actividade económica, é por via de efeitos de transferência/mudança de gastos nos fluxos
comerciais. As apreciações das taxas de câmbio, por exemplo, tornam os bens e serviços internos
mais dispendiosos em relação aos bens e serviços externos. Isto, por sua vez, conduz a uma
mudança na procura agregada, afastando-a dos bens internos e dirigindo-a para os bens externos.
Consequentemente, há um declínio do consumo de bens produzido internamente e um aumento
das importações, o que resulta numa deterioração na balança comercial e um declínio na
contribuição do comércio externo líquido para o crescimento do PIB.

Um elemento crucial neste cenário, no entanto, é o ERPT. O efeito geral de uma variação da taxa
de câmbio nos fluxos comerciais depende muito da magnitude dos ERPT dos preços de
importação e exportação. Só há uma mudança na procura quando uma variação nominal na taxa
de câmbio se torna numa variação concretizada nos preços de importação e exportação na moeda
do comprador. Desde que os exportadores de Moçambique se envolvam no comportamento da
determinação dos preços, reduzindo as suas margens em resposta a uma apreciação e mantendo
os preços de exportação, ou desde que os contratos de mega-projectos sejam de longa duração
com cláusulas de ajustamento de preços, haverá uma resposta de certo modo restrita das
exportações à apreciação da moeda.

3.4. Taxa de Câmbio e Lucro de Empresas


Nesta secção, fazemos um exame microeconómico do impacto da taxa de câmbio,mudando o
enfoque para o desempenho da empresa. As alterações na taxa de câmbio podem afectar a
rentabilidade das empresas de várias maneiras. Primeiro, as apreciações (depreciações) podem
resultar numa perda (ganho) de competitividade com os preços internacionais. O resultado é
haver uma tendência de queda (subida) dos volumes de exportação e das receitas de exportação.
Qualquer diminuição de rentabilidade resultante, por exemplo, de uma apreciação pode ser
compensada até certo ponto por dois factores: (a) comportamento do exportador na determinação

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dos preços de mercado: o exportador pode tomar a decisão estratégica de absorver parte das
variações na taxa de câmbio nas suas margens por unidade de exportação (reduzindo o preço de
exportação em moeda nacional) e evitando assim uma queda nos seus volumes de exportação, e
(b) uma diminuição nos custos de consumos importados em sequência da apreciação. Segundo, a
rendibilidade de empresas não directamente envolvida em transacções internacionais, tais como
empresas activas em operações de substituição de importações, pode ser afectada pelas
alterações na taxa de câmbio, através da concorrência nos mercados internos devido a variações
nos preços de importação.

Terceiros, as flutuações da taxa de câmbio podem afectar a rentabilidade da empresa através de


alterações na valorização dos activos e passivos, no balanço-geral da empresa. A dimensão deste
efeito de valorização dependerá da exposição da empresa à moeda externa - ou seja, o valor das
participações em carteiras de activos e dos empréstimos em moeda externa. As empresas podem
decidir remover parte da sua exposição à moeda externa e reduzir a possibilidade de valorização
e outros impactos da taxa de câmbio, através de várias formas de cobertura/protecção.

4. Flutuações da Taxa de Câmbio e Alterações na Valorização de Activos e Passivos


4.1. Contabilizar os Efeitos da Valorização
As variações da taxa de câmbio afectam os preços dos activos e passivos de um país, provocando
por isso alterações nas carteiras e gerando efeitos de riqueza potencialmente grandes que podem
influenciar as decisões dos consumidores e das empresas em matéria de despesa (Committeri
2000). A contabilização destas alterações nas valorizações dos activos e passivos de um país
resume-se em níveis do balanço denominados como a posição de investimento internacional
líquida (NIIP). A NIIP mostra as reservas dos activos internacionais do país e os passivos
externos num determinado momento. A NIIP consiste nas variáveis de reservas derivadas, no
final de cada ano, das alterações nas variáveis dos fluxos, nas contas correntes e de capital da
balança de pagamentos. Por exemplo, em termos da NIIP, o défice de uma conta corrente
corresponde às transacções financeiras líquidas que aumentam (diminuem) uma posição de
devedor (credor) externo. Um país é um credor líquido (activos externos> passivos externos) ou
um devedor líquido (activos externos <passivos externos) determinando se a NIIP é excedentária
ou deficitária.

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Por outras palavras, poderíamos dizer que, quando a NIIP é excedentária, a posição de riqueza
externa líquida do país aumentou durante o ano e, quando está em défice, a posição de riqueza do
país diminuiu.

4.2. Substituição de Moeda e Activos


Conforme referimos acima, a moeda em que estão expressas as carteiras de activos em
Moçambique influencia o impacto das alterações das taxas de câmbio na NIIP. Talvez até mais
importante, influencia também o impacto das alterações das taxas de câmbio nos ERPT e na
determinação dos preços internos.

Moçambique é uma economia influenciada de modo significativo por substituição de moeda e


activos. Os residentes poupam e pedem emprestado em moeda externa e também usam moedas
fortes como meios de pagamento a negócios e consumo. A “dolarização”, como é
frequentemente chamada, faz parte do tecido social. Há três perguntas importantes para a nossa
discussão sobre os efeitos das taxas de câmbio que giram em torno desta questão da dolarização.

Primeiro, até que ponto é que a economia de Moçambique está dolarizada (incluindo outras
moedas fortes como o Euro e o Rand) em comparação com outras economias dolarizadas?
Segundo, será que a dimensão do efeito da dolarização afecta o grau e a rapidez com que os
choques das taxas de câmbio são transmitidos à inflação nacional? Terceiro, se a dolarização
afecta os ERPT, quais são as implicações para a política económica?

A substituição de activos, ou a dolarização, pode ser mensurada de diferentes formas, mas a


medida mais frequentemente usada consiste em depósitos bancários expressos em moeda externa
como uma quota da totalidade dos depósitos. Em termos de dívida e capacidade para contrair
empréstimos em moeda do país, a melhor medida é constituída pelos empréstimos em moeda
externa no sistema bancário como uma quota da totalidade dos empréstimos.

4.3. Efeito da Taxa de Câmbio no Crescimento


O impacto dos movimentos da taxa de câmbio no crescimento económico resulta da influência
acumulada de todos os efeitos nos preços, fluxos comerciais, lucros de empresa e revalorizações
do activo e passivo discutidas em secções anteriores deste documento. As alterações induzidas na

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taxa de câmbio em incentivos, geradas por estes efeitos nos preços e nas revalorizações,
conduzem a mudanças estruturais na alocação de recursos o que, por sua vez, provoca alterações
no crescimento económico. O principal elemento é o preço relativo entre transaccionáveis e não-
transaccionáveis (a taxa de câmbio real) que determina os incentivos no processo de crescimento.
Rodrik (2008) mostra que os países atingem um maior crescimento quando conseguem aumentar
os incentivos ao investimento em transaccionáveis por meio de uma subvalorização na taxa de
câmbio real. Os transaccionáveis mostram ser “especiais”, pelo facto de a produção de
transaccionáveis ter efeitos positivos de repercussão na restante economia, quer na forma de
aprender-pela-prática quer transferência de tecnologia.

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5. Conclusão
A taxa de câmbio real de Moçambique tem estado sobrevalorizada há mais de duas décadas,
criando desincentivos para o investimento em bens e serviços transaccionáveis. No entanto, a
sobrevalorização durante todo este período tem vindo a diminuir de forma constante, de um pico
de 36 por cento, no período de 1995-2000, para um nível próximo do equilíbrio da PPP em 2010.
Em 2011, o metical registou uma apreciação substancial face ao dólar americano e voltou a ficar
desalinhado. Usando a taxa média de $/MT para os oito primeiros meses de 2011 para estimar a
extensão da sobrevalorização da taxa de câmbio real, observamos que actualmente o metical real
está sobrevalorizado em cerca de 11 por cento. Usando a taxa de $/MT atingida em Agosto deste
ano, a taxa de câmbio do metical real está estimada estar sobrevalorizada em mais de 30 por
cento.

O estudo salienta cinco canais de transmissão através dos quais as taxas de câmbio influenciam
eventos económicos. Examinámos cada um desses mecanismos para ver como os níveis recentes
e a volatilidade do metical estão a afectar a economia de Moçambique. O primeiro mecanismo de
transmissão é por via dos preços. As flutuações na taxa de câmbio influenciam tanto os preços
das importações como os das exportações.

Em Moçambique, as quotas comerciais da agricultura primária são baixas e há uma tendência


para se importar. O uso de insumos importados na agricultura é porém relativamente baixo. As
quotas comerciais da indústria, pelo contrário, são altas, principalmente quando se incluem os
mega-projectos e o uso de matérias-primas importadas pela indústria é elevado. Assim, seria de
prever que a apreciação real do metical melhorasse os (ou tivesse muito pouco impacto nos)
incentivos de preços relativos na agricultura, e que a depreciação real os piorasse. A apreciação
real geralmente produz uma diminuição dos termos de troca n as exportações e reduz os custos
das matérias-primas para os sectores que usam matérias-primas importadas. Portanto, em
Moçambique, devido às baixas quotas comerciais agregadas da agricultura primária, os efeitos da
apreciação dos custos das matérias-primas importadas dominam os efeitos dos termos de troca,
levando a melhores incentivos de preços relativos agrícolas.

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6. Referencias Bibliográficas
Alevarez-Plata and Garcia-Herrero (2008) “To Dollarize or De-dollarize: Consequences for
Monetary Policy,” German Institute for Economic Research (DIW) Discussion Paper # 842.
Alessandro and Desruelle (1997) “A Primer on the IMF‟s Information Notice System,” IMF
working Paper No# 87/87. Washington, DC.

Alfieri and Cirera (2008) "Unilateral Trade Preferences in the EU: An Empirical Assessment for
the Case of Mozambique Exports," Discussion Paper No# 60 E. National Directorate of Studies
and Policy Analysis, Ministry of Planning and Development, Republic of Mozambique Arlindo
and Keyser (2007) “Mozambique Case Study,” World Bank, Washington, DC.

Bucuane and Mulder (2007) “Exploring Natural Resources in Mozambique, Will it be a Blessing
or a Curse?” Conference Paper No# 4, Instituto de Estudos Sociais e Económicos, Mozambique.

Ca‟Zori and Schatz (2007) “Exchange Rate Pass-Through in Emerging Markets,” European
Central Bank Working Paper No# 739.

Calvo and Reinhart (2002) “Fear of Floating,” Quarterly Journal of Economics # 2. Campa and
Goldberg (2005) “Exchange Rate Pass-Through Into Import Prices” Review of Economics and
Statistics, No# 87.

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