A Educação em Moçambique No Tempo Colonial
A Educação em Moçambique No Tempo Colonial
A Educação em Moçambique No Tempo Colonial
Esta
preparação é guiada no sentido de alcançar determinados objectivos que variam com o tempo, de acordo com as
exigências da sociedade, tendo em conta que os objectivos da educação são dinâmicos. Aos pares, dois a dois,
preencham a tabela abaixo, indicando duas a três características da educação moçambicana:
Para esta reflexão, recomenda-se, com antecedência de duas semanas (pelo menos), a leitura das seguintes obras
bibliográficas:
Castiano, J , Ngoenha, S e Berthoud, G (2005). A longa marcha de uma educação para todos em
Moçambique. Maputo: Imprensa Universitária.
Gasperini, L (1989). Moçambique: educação e desenvolvimento rural. Roma: Edizioni Lavoro.
Golias, M. (1993). Sistema de Ensino em Moçambique. Maputo: Escolar.
Gomez, B. M.(1999) Educação Moçambicana - História de um processo (1962-1984). Maputo: Livraria
Universitária.
Mazula, B. (1995). Educação, Cultura e Ideologia em Moçambique: 1975-1985. S/L: Edições Afrontamento e
Fundo Bibliográfico de Lingua Portuguesa.
A educação em Moçambique não teve sempre as mesmas características, conforme constatou na reflexão que
acabou de fazer. Deste modo, considerando a Independência Nacional (1975) como marco referencial, a
caracterização da educação em Moçambique pode ser dividida em dois grandes períodos: o período antes da
Independência e o período pós-Independência.
A história da educação em Moçambique antes da Independência pode ser dividida em duas etapas relevantes: a
educação no período colonial e a educação no governo de transição.
A educação neste período foi caracterizada pela dominação, alienação e cristianização. Foi o período em que surgiu
a primeira regulamentação do ensino nas colónias, período da Monarquia em Portugal, a 2 de Abril de 1845. A 14 de
Agosto do mesmo ano, foi estabelecido um decreto que diferenciava o ensino nas colónias e na Metrópole e criava
as escolas públicas nas colónias.
Em 1846 foi publicada a primeira providência legal para a organização da instrução primária no ultramar português;
depois de 1854 foram criadas, por decreto, as primeiras escolas primárias na Ilha de Moçambique, no Ibo,
Quelimane, Sena, Tete, Inhambane e Lourenço Marques.
Em 1846 foi publicada a primeira providência legal para a organização da instrução primária no ultramar português;
depois de 1854 foram criadas, por decreto, as primeiras escolas primárias na Ilha de Moçambique, no Ibo,
Quelimane, Sena, Tete, Inhambane e Lourenço Marques.
A 30 de Novembro de 1869, foi reformado o Ensino Ultramar, onde se decretava o ensino primário obrigatório,
dividido em dois graus, com duas classes cada, em que as escolas estavam sob tutela das missões católicas.
Um dos maiores marcos da educação colonial em Moçambique é a vigência de dois subsistemas de ensino,
nomeadamente:
Neste sentido, o sistema de ensino em Moçambique era de dois tipos, correspondendo a duas concepções de
educação - para indígenas e educação da elite, para o colonizador e assimilado.
O ensino oficial destinava-se à transmissão de valores e padrões aristocráticos. O ensino para indígenas era para o
povo colonizado que praticamente estava reduzido apenas a aprender a ler, escrever e a domesticação.
O ensino estava estruturado basicamente para acomodar os interesses do colono, preparar indivíduos para
desempenhar funções sociais distintas na sociedade, daí que se caracterizava por:
Tabela 2: Características do ensino colonial em Moçambique
Característica do
Descrição
sistema colonial
Estabelecimento de dois tipos de educação, um destinado à população negra e dirigido pelas missões, e outro
reservado às crianças brancas e aos assimilados, confiado ao estado e às instituições privadas;
Carácter discriminatório
Carácter urbano da rede As escolas oficiais localizavam-se nos centros urbanos e eram melhor equipadas, enquanto que os postos
escolares eram construidos em zonas rurais para a maioria da população moçambicana;
escolar
As escolas para indígenas eram mal equipadas.
A organização, direcção e controlo do “ensino para indigenas” estavam confiadas aos missionários;
O processo de assimilação e aculturação dos moçambicanos era sobretudo feito através da educação moral
Unidade entre a religião e cristã.católica;
o ensino
O ensino da religião e moral católicas eram obrigatório em quase todas as escolas e níveis de ensino;
A limitação dos ingressos na escola na base da idade, a existência de uma rede escolar insuficiente e inadequada
foram, entre outros, factores inibidores para uma melhor oferta dos serviços educativos e maior acesso aos
mesmos;
Carácter fictício da
escolarização obrigatória
Outros factores inibidores foram: i) carências familiares e individuais de natureza económica; ii) elevadas taxas de
escolarização; iii) discriminação no recenseamento escolar; iv) proibição de inscrição e matrícula nas escolas
oficiais de crianças não recenseadas
Complexo de superioridade do branco em relação ao “negro” era bem patente em alguns livros de leitura em uso
nas escolas primárias para indígenas;
Carácter paternalista
A ideia subjacente consistia em fazer crer que os brancos fizeram enorme bem aos negros e que, estes, por sua
vez, eram ociosos, improdutivos, apesar de enormes recursos que a sua terra lhes oferece.
Foi a partir de 1930, com a assinatura dos acordos missionários (A concordata em 1940 e o Estatuto missionário em
1941) que o governo impôs uma política rigorosa de educação e assimilação em Moçambique. Com a assinatura
da Concordata e do Estatuto Missionário, o Estado transferiu para a igreja a sua responsabilidade sobre o ensino
rudimentar, comprometendo-se a dar um apoio financeiro às missões e às escolas católicas.
Enquanto nas zonas rurais os moçambicanos dispunham de escolas das missões, os centros administrativos
dispunham de escolas oficiais e particulares para os brancos e assimilados. Era um ensino relativamente evoluído
em comparação com o ensino para indígenas.
Este período é consequência dos acontecimentos destacados nos anos anteriores. Por exemplo, a fundação da
FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique), em 1962, permitiu o desencadeamento da luta armada para a
libertação nacional, na sequência da qual, com os Acordos de Luzaka em 1974, condicionou o surgimento do
Governo de Transição. Assim, uma das razões que leva à consideração deste período prende-se com o facto de
que grande parte das transformações no campo educacional aplicadas a nível nacional teve como origem as
experiências levadas a cabo pela FRELIMO e resultam da visão deste movimento sobre o modelo de sociedade
pretendido e os princípios defendidos durante a Luta Armada.
A FRELIMO implementou um tipo de escola ligada ao povo, às suas causas e interesses. A educação realizada
nestas escolas era essencialmente política e ideológica, uma vez que estava condicionada pelos factores que têm a
ver com a natureza revolucionária da luta conduzida pela FRELIMO.
1.4.2 A educação pós - Independência
Ao longo deste período, o sistema educativo sofreu várias reformas que tinham em vista adequar a formação dos
moçambicanos aos contextos sócio-políticos, económicos e culturais, marcado pelo alcance da Independência, em
1975. Neste período, destacam-se como principais marcos: o surgimento da lei 4/83; da lei 6/92; e da Lei 18/2028.
Em 1983, procedeu-se à introdução do Sistema Nacional de Educação (SNE), através da Lei nº 4/83.
Em 1990, é introduzida a Constituição da República, que possibilita a reabertura do ensino particular em 1991 e o
reajustamento da Lei do SNE.
O surgimento da Lei nº 6/92 (1992 - 2018)
A lei nº 6/92 surgiu para reajustar a lei 4/83. Em 2004 é introduzido o Plano Curricular do Ensino Básico, ora em
vigor, em consequência da reforma do currículo escolar anterior (vide REGEB 2008).
Neste período, nota-se uma educação democrática, baseada na aplicação de métodos de aprendizagem centrados
no aluno, em função da evolução das ciências da educação e do contexto em que a aprendizagem ocorre.
A história da educação mocambicana, para o seu profundo conhecimento, requer muito mais dados ou conteúdos,
para além dos acima expostos. Eis porque todos os marcos referenciais dessa história devem ser aprofundados, a
partir de leituras individuais e em grupo, tendo em conta a bibliografia constante no final deste capítulo, mas também
a legislação e políticas da educação correspondentes aos diferentes períodos da história da educação
moçambicana.
Saiba Mais
https://www.unicef.org/mozambique/pesquisas-e-publicações
Resumo do Tema
A história da educação em Moçambique compreende dois períodos: a educação antes da independência e pós-
independência. Cada período é caracterizado por principais marcos. No período antes da independência destacam-
se, como marcos importantes, o facto de ter havido a educação colonial e a educação no governo de transição. Este
período foi caracterizado por uma educação discriminatória, devido ao regime colonial. Os curricula defendiam as
finalidades da Metrópole. Mas, com a fundação da FRELIMO, surgiram as zonas libertadas, constituindo a primeira
fase de integração e valorização da educação moçambicana.
O período pós-independência tem como marcos: o antes e o depois do surgimento do SNE (Lei 4/83); o surgimento
da Lei nº 6/92 e da Lei 18/2018. Resumo do tema 41 FORMAÇÃO DE PROFESSORES DO ENSINO PRIMÁRIO
A independência trouxe uma nova dinâmica na educação em Moçambique, a qual se reflectiu na garantia, pelo
Estado, da educação para todos, expansão da rede escolar; sistematização da experiência de educação nas zonas
libertadas, formação de professores e revisão curricular contínua.
A proclamação do direito à educação para todos os moçambicanos, pela Constituição da República e a consequente
massificação do acesso à educação, em todos os níveis de ensino, constitui o principal marco da educação
pósindependência.
Reflexão Final 4
Ensino Oficial- destinado aos filhos dos colonos ou assimilados; nas vilas e cidades e’ onde predominava o ensino oficial.
Ensino rudimentar-reservado aquilo que chamavam “indígenas”- os naturais. A maior parte do ensino primário rudimentar se
desenvolvia nas zonas rurais (campo), em escolas das missões, controladas pela igreja.
Uma das leis do governo colonial sobre e educação dizia o seguinte:” o ensino primário rudimentar destina-se a civilizar os
indígenas da colónia, difundindo entre eles a língua portuguesa e os costumes portugueses.
Em resumo, no período colonial, a Educação esteve virada para a consecução dos objectivos económicos, uso dos recursos
humanos e naturais para a produção da riqueza que era canalizada para a metrópole. Com base em escritos legais coloniais, não
fica clara a intenção do poder colonial promover uma educação integral para os moçambicanos. A incipiente educação que era
destinada aos indígenas tinha por objectivo ensinar a língua e a cultura portuguesas, e, por esta via, domesticar os indígenas que
no entender desse regime, eram selvagens.
Pela sua importância, importa aqui caracterizar, ainda que de forma breve, o Sistema Nacional de Educação.
O SNE moçambicano consiste de cinco (5) subsistemas, designadamente: o Subsistema do Ensino Geral, o Subsistema de
Alfabetização e Educação de Adultos, o Subsistema de Ensino Técnico – profissional, o Subsistema de Formação de Professores
e o Subsistema do Ensino Superior.
A erradicação do analfabetismo, o ensino básico para todos, a formação profissional, a formação de professores, o domínio da
ciência e da técnica, bem como o reforço da unidade nacional, constituíam os objectivos do então SNE e da Política Nacional de
Educação (PNE), em geral (MINEDH, 1995: Em consonância com a orientação política e ideológica de então, o Sistema tinha
como lema, a formação do Homem Novo, de orientação socialista, capaz de tomar parte activa nas transformações necessárias
para o desenvolvimento do país.
Teoricamente, esta ideologia baseia-se em ideias do clássico Carl Marx sobre a educação que lutou para que as ideias passadas
pela escola burguesa à classe operária despertassem uma consciência de classe pois, segundo ele, tal com estão concebidas,
criam uma falsa consciência de classe. Para superar essa tensão, Marx apresenta várias propostas, dispersas por obras mais ou
menos relevantes, ao longo dos anos