Uma História de Aprendizagem Operante: Márcio Borges Moreira Lucas Couto de Carvalho

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Uma

história de
aprendizagem
operante

Márcio Borges Moreira

Lucas Couto de Carvalho


Uma
história de
aprendizagem operante
Márcio Borges Moreira
Lucas Couto de Carvalho

2017

Instituto Walden4
www.walden4.com.br
Instituto Walden4
Pesquisa, Educação e Qualidade de Vida
Uma história de aprendizagem operante, 1a ed.

Márcio Borges Moreira, Lucas Couto de Carvalho

Brasília, Instituto Walden4, 2017


160 p.
ISBN: 978-85-65721-12-7
1. Psicologia
2. Behaviorismo
3. Análise do Comportamento

Capa: https://pixabay.com/pt/geometria-nada-cor-background-814743/

Fotografias: https://pixabay.com

Diagramação, projeto gráfico e editoração: Márcio Borges Moreira

Como citar este livro (normas da APA):

Moreira, M. B., & Carvalho, L. C. (2017). Uma história de aprendizagem operante.


Brasília: Instituto Walden4.
Sumário

Introdução ...............................................................................................................1
Sujeito experimental, ambiente, materiais e instrumentos ..................................... 3
Nível operante ......................................................................................................10
Treino ao bebedouro.............................................................................................23
Modelagem comportamental ................................................................................ 27
Reforço continuo (CRF) ........................................................................................41
Extinção operante .................................................................................................51
Restabelecimento da contingência de reforçamento............................................ 56
Discriminação de estímulos ..................................................................................62
Intervalo fixo .........................................................................................................83
Intervalo variável.................................................................................................105
Razão fixa ...........................................................................................................119
Razão variável ....................................................................................................136

i
Sobre os autores
Márcio Borges Moreira. Possui graduação em
Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de
Goiás (2002), mestrado em Psicologia pela Pontif-
ícia Universidade Católica de Goiás (2005) e
doutorado em Ciências do Comportamento pela
Universidade de Brasília (2010). Foi professor da
PUC-GO, professor, coordenador do curso de Psicologia e Superin-
tendente de EaD do Centro Universitário IESB. É um dos autores do
livro Princípios Básicos de Análise do Comportamento (Moreira &
Medeiros, 2007). Atualmente é professor no Programa de Mestrado
em Psicologia do Centro Universitário de Brasília (UniCEUB) e Dire-
t o r d o I n s t i t u t o Wa l d e n 4 . C u r r í c u l o : l a t t e s . c n p q . b r /
4094892880820475

Lucas Couto de Carvalho. Graduação em Psicologia


pelo Centro Universitário IESB (2013). Doutorando no
Departamento de Ciências do Comportamento da
Oslo and Akershus University College. Realiza estágio
no Laboratório de Psicologia da Aprendizagem da Uni-
versidade Federal de São Carlos. Áreas de interesse:
esquemas de reforçamento, controle temporal, práticas culturais.
Currículo: http://lattes.cnpq.br/9598776043558008

ii
Sobre o
Instituto Walden4

Nossa missão

Melhorar a qualidade de vida das pessoas através da integração en-


tre conhecimento científico de ponta, excelência na formação profis-
sional e tecnologia comportamental e instrumental de última ger-
ação.

Desde 2013...

Desde 2013 oferecemos serviços nas áreas de psicoterapia, for-


mação complementar em Análise do Comportamento e aceleração
da aprendizagem (autismo), entre outros. Primamos pela Prática Psi-
cológica Baseada em Evidências científicas, isto é, nossos serviços
são orientados por pesquisas científicas que atestaram a efetividade
das técnicas e práticas psicológicas que utilizamos.

Editora do Instituto Walden4

A Editora do Instituto Walden4 tem como objetivo divulgar conhec-


imento produzido sobre a Análise do Comportamento (ciência e

i
profissão). No intuito de democratizar o acesso ao conhecimento,
muitos de nossos livros são disponibilizados gratuitamente. Todos os
nossos livros estão disponíveis em formato digital online. Isso sig-
nifica que em apenas alguns segundos você poderá estar lendo os
livros publicados por nós que lhe interessarem.

www.walden4.com.br

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Capítulo I

Introdução
Em quase todos os cursos de Psicologia do Brasil, senão em todos,
os alunos realizam diversas atividades de laboratório, geralmente
utilizando ratos como sujeitos experimentais, para aprenderem na
prática princípios comportamentais derivados da abordagem psi-
cológica chamada Análise do Comportamento. Durante essas ativi-
dades o aluno configura diferentes situações no ambiente do animal
(geralmente em uma Caixa de Skinner) e pode acompanhar a
aprendizagem deste em relação a essas novas situações.

Neste livro você acompanhará o desenvolvimento de uma dessas


histórias de aprendizagem: você acompanhará a história da ratinha
Maricota, desde o seu primeiro dia no laboratório. Você verá, entre
outras coisas, como um novo comportamento pode ser ensinado,

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ou modelado; como um indivíduo aprende a emitir um comporta-
mento em certos contextos e não em outros, dentre outros difer-
entes padrões comportamentais que são aprendidos em função de
diferentes interações do indivíduo com seu ambiente.

Para demostrar, de forma introdutória, como a aprendizagem deriva


de interações entre um organismo e seu meio ambiente, este curso
apresentará a história de condicionamento operante de comporta-
mentos da ratinha Maricota.

Além de contarmos essas história para você, inclusive apresentando


vários gráficos, nós também a mostraremos: fizemos filmagens de
várias sessões da ratinha Maricota ao longo de sua história de
aprendizagem no Laboratório de Análise Experimental do Com-
portamento. Ao longo do livro você encontrará links para essas
filmagens (vídeos do Youtube). Se você estiver lendo esse livro
em um dispositivo conectado à internet, bastará que você
clique sobre os links para acessar os vídeos. Caso você não
consiga acessar os vídeos apenas clicando sobre os links,
copie-os e cole-os na barra de endereços do seu navegador
da internet.

Ao longo do livro você poderá acompanhar a aprendizagem


da ratinha Maricota nas seguintes condições experimentais:
nível operante, modelagem, reforçamento contínuo, extinção,
recondicionamento da resposta de pressão à barra, discrimi-
nação de estímulos, intervalo fixo, intervalo variável e razão fixa. O
capítulo sobre razão variável não apresentará vídeos e resultados da
ratinha Maricota, mas foi inserido para completar a descrição dos
quatro principais esquemas de reforçamento intermitente.

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Capítulo II
Sujeito experimental, ambiente,
materiais e instrumentos

A história de aprendizagem operante descrita neste livro tem como


protagonista, como sujeito experimental, a ratinha Maricota. Todo
relato de pesquisa científica possui descrições do sujeito experimen-
tal, do local, ou ambiente, no qual a pesquisa foi realizada e dos ma-
teriais e instrumentos (ou equipamentos) utilizados na pesquisa. Es-
sas descrições, relativas às atividades realizadas com a ratinha Mari-
cota no Laboratório de Análise Experimental do Comportamento,
são apresentadas a seguir.

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Sujeito experimental

Foi utilizada como sujeito experimental uma rata da raça Wistar, com
3 meses de idade no início das tarefas de aprendizagem (Figura 1).
Nascido e criado em um biotério, o animal foi mantido em gaiola
individual de policarbonato medindo 30x30x50cm, em ciclos de
claro e escuro de 12 por 12 horas, com temperatura (25° C) e humi-
dade relativa do ar (55%) constantes. O animal recebia 6g de ali-
mento por dia para cada 100g de seu peso corporal. O animal era
privado de água 24h antes de cada sessão experimental. Após cada
sessão, o animal tinha livre acesso à água até o início do próximo
período de privação. O sujeito experimental era ingênuo até o iní-
cios das atividades realizadas (ou seja, ela nunca havia sido sub-
metido aos procedimentos realizados).

Figura 1. A ratinha Maricota.

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Local

As sessões experimentais ocorreram em um Laboratório de Análise


Experimental do Comportamento próprio para o estudo com ratos.

Equipamentos

Foi utilizada uma caixa de condicionamento operante modelo


ENV-007, fabricada por Med Associates Inc, com bebedouro local-
izado na centro de uma das paredes da caixa. O bebedouro era
mantido mergulhado em uma cuba d’água localizada na parte ex-
terna da caixa. A cada acionamento do bebedouro, uma concha
com cerca de 0,06 ml de água era introduzida na caixa e permane-
cia disponível por 3s. Após os 3s a concha se retraía, deixando a
água fora do alcance do animal. Tanto a inserção da concha do
bebedouro quanto sua retirada da caixa produziam o mesmo tipo
de ruído, relativo ao acionamento do mecanismo (ver Figura 2).

Figura 2. (1) motor do bebedouro; (2) concha com água; (3) exaus-
tor.

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Uma barra de respostas estava localizada à direita do bebedouro e
outra à esquerda do bebedouro - apenas a barra da esquerda foi
utilizada nas atividades realizadas (ver Figura 3). Localizada na
parede oposta ao bebedouro, havia uma lâmpada que produzia a
iluminação ambiente durante a sessão experimental. Localizada
acima da barra da esquerda havia uma lâmpada que foi utilizada
como estímulo discriminativo para a resposta de pressão à barra.
Para o controle dos dispositivos da caixa de condicionamento oper-
ante (bebedouro, barras e luzes) e registro dos dados utilizou-se um
micro-computador compatível com IBM-PC, uma interface modelo
DIG-700P1 (fabricada por Med Associates Inc; ver Figura 5) e o
software Schedule Manager (SOF-706, fabricado por Med As-
sociates Inc).

Figura 3. Caixa de condicionamento operante: (1) barra da esquer-


da; (2) barra da direita; (3) bebedouro; (4) luz utilizada como estímu-
lo discriminativo.

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A caixa de condicionamento operante era colocada dentro de uma
caixa de isolamento acústico. Ao fundo da caixa de isolamento acús-
tico havia um exaustor, utilizado para manter a temperatura interna
da caixa e também produzir ruído branco. Para que as sessões
pudessem ser filmadas, a caixa de isolamento acústico permaneceu
com as portas abertas durante todas as sessões (Figura 4).

Figura 4. Caixa de condicionamento operante dentro da caixa de


isolamento acústico.

Figura 5. Interface modelo DIG-700P1

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Materiais

Um formulário de papel e caneta foram utilizados para o registro do


nível operante. Esse formulário continha campos para identificação
do sujeito experimental e da sessão: data, número do sujeito,
número da caixa de condicionamento operante. O formulário con-
tinha também uma tabela com cinco colunas e 20 linhas: cada colu-
na correspondia a um comportamento registrado e cada linha a um
minuto de sessão.

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Está dirigindo ou preso no trânsito? Ouça a Rádio iW4. Preparando
o almoço? Aproveite o tempo para aprender um pouco mais sobre
Análise do Comportamento sintonizando na Rádio iW4. Enfim, a Rá-
dio iW4 foi idealizada para que você possa aprender mais sobre
Análise do Comportamento enquanto realiza atividades cotidianas
que podem ser realizadas enquanto você ouve uma estação de rá-
dio. Clique aqui para acessar nosso site e conhecer a Rádio iW4.

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Capítulo III

Nível operante
Agora que você já conhece as características do nosso sujeito exper-
imental, a simpática ratinha Maricota, e está por dentro dos materi-
ais, equipamentos e local utilizados para a realização das atividades
de laboratório, é hora de iniciarmos o estudo das atividades propri-
amente ditas. Bom, antes de qualquer intervenção comportamental,
qual a primeira coisa que fazemos? Se você pensou registro da linha
de base do comportamento, então você acertou! É isso que vere-
mos neste capítulo.

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Definição

Nível operante é o "nível de linha de base de um operante; a taxa


com que uma resposta ocorre antes de ser reforçada" (Catania,
1999, p. 411). Quando vamos ensinar algum comportamento novo,
primeiramente temos que saber quais comportamentos são emiti-
dos pelo indivíduo antes do início do processo de ensino, em outras
palavras, precisamos estabelecer (ou registrar) a linha de base dos
comportamentos.

Objetivo

O objetivo desta atividade é estabelecer a linha de


base da frequência das respostas de pressão à barra,
limpeza, andar, erguer-se, farejar, ficar parado e morder.

Essa primeira análise do repertório do indivíduo é


essencial e tem como objetivo mensurar comportamen-
tos emitidos pelo sujeito em seu primeiro contanto com
a Caixa de Skinner. Isso nos permite comparar mu-
danças comportamentais entre antes e depois do pro-
cedimento de modelagem e outros procedimentos (por
exemplo, antes - nível operante versus depois - CRF).
Permite ainda verificar se a modelagem será eficaz para
estabelecer um novo comportamento no repertório do
sujeito e se a consequência (apresentação de água)
manterá em alta frequência esse comportamento.

Suponhamos, por exemplo, que tenham ocorrido cinco


respostas de pressão à barra durante o registro de nível
operante. Você, então, observa que ao final do proced-
imento de modelagem tenha ocorrido o triplo do
número de respostas anteriormente registrado em nível
operante. Poderíamos concluir que, após reforçar as re-
spostas de pressão à barra, essa resposta ocorre com

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maior frequência. Veremos nos próximos capítulos como a resposta
de pressão à barra aumenta de frequência após a modelagem e
como a frequência de outros comportamentos, registrados em nível
operante com alta frequência, diminuem.

Procedimento

Para o registro do nível operante, o animal foi privado de água


por 24 horas antes do início da sessão. O registro da frequência
das respostas ocorreu logo após a ratinha Maricota ser colocada
pela primeira vez na caixa de skinner. A frequência de cada re-
sposta foi registrada durante os dez primeiros minutos em que a
ratinha esteve na caixa. A cada minuto anotava-se na folha de
registro quantas vezes cada tipo de resposta havia ocorrido.
Uma folha de rascunho com os nomes de cada resposta reg-
istrada foi utilizada para facilitar a contagem minuto a minuto de
cada resposta.

Durante o registro de nível operante foram registradas as fre-


quências das seguintes respostas:

Pressão à barra: era registrada uma ocorrência desta resposta


quando o animal tocava a barra com uma ou duas patas di-
anteiras ou com a cabeça, produzindo uma pressão na barra de
tal forma que se ouvisse o “clique” característico do mecanismo
em funcionamento da barra.

Limpeza: era registrada uma ocorrência dessa resposta quando


o animal esfregava as patas dianteiras na cabeça e/ou focinho e/
ou corpo, duas ou três vezes seguidas.

Andar: era registrada uma ocorrência dessa resposta quando o


animal se movia pela caixa. Cada ocorrência dessa resposta era
registrada quando ele se movia após emitir qualquer outro tipo
de resposta.

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Erguer-se: era registrada uma ocorrência dessa resposta quando o
animal levantava-se sobre as patas traseiras aproximando o focinho
do teto ou do topo das paredes da caixa de skinner.

Farejar: era registrada uma ocorrência dessa resposta quando o an-


imal aproximava o focinho, enrugando-o, do piso ou das paredes da
caixa experimental, sem contudo retirar as duas patas dianteiras do
piso. Para contar uma nova ocorrência o animal deveria ficar sem
farejar por pelo menos 2 segundos.

Ficar parado: era registrada uma ocorrência dessa resposta quando


o animal ficava imóvel. Cada ocorrência desse resposta era registra-
da quando ele permanecia imóvel após a ocorrência de qualquer
outro tipo de resposta.

Morder: era registrada uma ocorrência dessa resposta quando o an-


imal mordia qualquer parte da caixa de skinner. Cada ocorrência
dessa resposta é registrada quando ele mordia algo após a ocorrên-
cia de qualquer outro tipo de resposta.

Essas respostas foram pré-selecionados anteriormente pelos


pesquisadores antes do início do registro. Clique no link a seguir
para acessar um exemplo de folha de registro do nível operante:
CLIQUE AQUI PARA ACESSAR

O vídeo a seguir ilustra algumas das respostas descritas acima (ob-


servação: o animal mostrado neste vídeo não é a Maricota): https://
www.youtube.com/watch?v=cw0xrFPiD0g (Exercício de laboratório:
Registro do Nível Operante).

Resultados

A Figura 1 mostra o total de respostas de cada categoria do modo


como foi colocada numa planilha do Excel para gerar o gráfico de
barras. Na Coluna A estão os rótulos de cada categoria de resposta
(e.g., andar, erguer-se, etc.) e na Coluna B estão os números de

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ocorrências totais de cada categoria de resposta, isto é, quantas
vezes cada resposta ocorreu durante os 10 minutos de registro.

Figura 1. Totais registrados por resposta digitados em uma planilha


do Microsoft Excel(c).

O vídeo a seguir mostra a ratinha Maricota durante os dez minutos


que foram realizados em Nível Operante: https://www.youtube.com/
watch?v=TdEl0DqHp_8 (Registro do nível operante).

A Figura 2 mostra o gráfico gerado a partir dos dados mostrados na


Figura 1. Como era esperado, as respostas mais frequentes foram a
de farejar e a de erguer-se (ambos comportamentos exploratórios).
Apenas uma resposta de pressão à barra ocorreu durante os dez
minutos, o que era esperado também, pois, até esse momento, essa
não é uma repostas característica do repertório de ratos, ao con-
trário das demais.

Na Figura 2 temos no eixo horizontal (eixo X) os rótulos das catego-


rias de resposta e no vertical (eixo Y) o total de respostas reg-
istradas durante os 10 minutos. Esse total foi obtido simplesmente
somando-se o total de respostas, de cada categoria, ocorridas a
cada minuto. Criando esse gráfico de barras podemos visualizar

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facilmente como Maricota se comportou durante os 10 minutos de
registro do nível operante. Note a diferença entre o total de re-
postas de pressão à barra e o total das demais repostas.

Figura 2. Gráfico de barras com os totais de ocorrências registrados


por resposta.

Outra maneira de visualizarmos, em forma de gráfico, o que aconte-


ceu durante os 10 minutos de registro do nível operante é apresen-
tando os dados de frequência simples, isto é, apresentando o
número de vezes que cada resposta ocorreu em cada um dos 10
minutos de observação e registro. A Figura 3 mostra o total de re-
spostas de cada categoria do modo como foi colocada no Excel
para gerar o gráfico de frequência simples. Na Linha 1, colunas de B
a H, estão os rótulos das categorias; na Coluna A, linhas de 2 a 11,
estão os minutos; e nas colunas de B a H, linhas de 2 a 11, estão os

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números de ocorrências das respectivas respostas nos seus respec-
tivos minutos. Por exemplo, na Célula C6, temos o número de ocor-
rências da resposta "Limpeza" no minuto 5 (2 respostas).

Figura 3. Frequência simples por resposta em uma planilha do Ex-


cel.

A Figura 4 mostra o gráfico de linhas gerado a partir da tabela


mostrada acima. Neste gráfico temos, portanto, a frequência sim-
ples (número de ocorrências por minuto) de cada categoria de re-
spostas. No gráfico podemos ver como variou, de a minuto a minu-
to, o número de respostas para cada categoria de respostas. Pode-
mos ver nesse gráfico, por exemplo, que houve mais respostas de
farejar (linha de cor azul claro) durante os 5 primeiros minutos do
que nos últimos cinco minutos, sendo que a maior frequência desse
comportamento ocorreu no minuto 5, com um total de 9 respostas.

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Figura 4. Gráfico de linhas de frequência simples por resposta.

Talvez você esteja pensando: mas porque utilizar linhas e não barras
como no primeiro gráfico. Essa é uma boa pergunta! No primeiro
gráfico queríamos apenas comparar os totais de cada resposta.
Sendo assim, gráficos de barras são mais adequados, facilitam a vi-
sualização. Neste segundo gráfico, de frequência simples, queremos
não apenas ver as diferenças entre os números de respostas de cada
categoria, mas queremos ver também as diferenças entre o total de
respostas de cada categoria de minuto a minuto, denotando uma
continuidade de um mesmo conjunto de respostas. Neste caso é
preferível e indicado o gráfico de linhas.

Há ainda uma terceira forma de visualizarmos os resultados do reg-


istro do nível operante. Essa forma é chamada de frequência acumu-
lada das respostas. No gráfico de frequência simples mostramos o
total de respostas a cada minuto, por isso essa frequência é chama-

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da de simples. Já na frequência acumulada, vamos somando o
número de respostas a cada minuto - por isso ela é chamada de
acumulada.

Por exemplo, se vamos registrar a frequência simples de respostas


de pressão à barra de uma ratinha durante dez minutos, registramos
o total de respostas que ocorrem durante cada minuto. Se no
primeiro minuto ocorrem 3 respostas e no segundo ocorrem 5 re-
spostas dizemos que a frequência simples é 3 e 5 para o primeiro e
segundo minutos. Tomando o exemplo anterior como base, se va-
mos calcular a frequência acumulada durante os mesmo dez minu-
tos, somamos a frequência simples do minuto que acabou de se
passar com a frequência simples do minuto anterior a esse. Se
temos 3 respostas no primeiro minuto e 5 respostas no segundo
minuto, dizemos que a frequência acumulada no segundo minuto é
8 respostas (3+5=8, temos 8 respostas ao final do segundo minuto).
Se no terceiro minuto a frequência simples é de 10, temos então 18
respostas quando o terceiro minuto é finalizado (3+5+10=18). Se no
quarto minuto a frequência simples é de 2 respostas, temos 20 re-
spostas acumuladas ao final do quarto minuto (3+5+10+2=20) e as-
sim por diante.

A Figura 5 mostra o total de respostas de cada categoria do modo


como foi colocada no Excel para gerar o gráfico de frequência acu-
mulada. Na Linha 1, colunas de B a H estão os rótulos das catego-
rias; na Coluna A, linhas de 2 a 11, estão os minutos; e nas colunas
de B a H, linhas de 2 a 11, estão as frequências acumuladas das re-
spectivas respostas nos seus respectivos minutos. Por exemplo, na
Célula C6, temos a frequência acumulada da resposta "Limpeza" no
minuto 5 (5 respostas no total: 0+0+0+3+2).

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Figura 5. Frequência acumulada por resposta em uma planilha do
Excel.

A Figura 6 mostra o gráfico de frequência acumulada das respostas


registradas durante os 10 minutos de registro do nível operante. O
gráfico de frequência acumulada é interessante porque ele nos
mostra de uma maneira bem fácil de visualizar tanto o total de re-
spostas (basta olhar no minuto 10) quanto a aceleração de cada re-
sposta. Como as frequências de cada minuto vão sendo somadas,
quanto mais respostas em um determinado minuto, mais a linha fica
inclinada (quanto mais inclinada a linha em um determinado interva-
lo de tempo, maior o número de respostas naquele intervalo de
tempo). Da mesma forma, quanto menos respostas, menor é a incli-
nação da linha. Nos intervalos de tempo nos quais a linha em um
gráfico de frequência acumulada está horizontal, sabemos que não
houve respostas naquele intervalo, pois, para linha ficar horizontal
no gráfico, é preciso somar zero (por exemplo 0+0+0 ou
1+2+0+0+0 ou 1+2+0+0+0+3+2). No Eixo X (horizontal) da Figura
6 estão representados os minutos e no Eixo Y (vertical) a frequência
acumulada de cada categoria de resposta. Os rótulos (nomes) de

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cada categoria estão indicados na legenda de cores logo abaixo do
gráfico propriamente dito.

Figura 6. Gráfico de frequência acumulada por resposta.

Note no gráfico da Figura 6, por exemplo, que a linha mais inclina-


da, e que atinge a maior altura é aquela que representa a frequência
acumulada das respostas de farejar (linha azul claro). Veja que a linha
que representa as respostas de pressão à barra permanece horizon-
tal em quase todo o gráfico. Podemos ver também, por exemplo,
que a partir do minuto 5 há uma aumento (uma aceleração) no
número de respostas de erguer-se: veja que do minuto 5 para o
minuto 6 a linha que representa a frequência acumulada dessas re-
spostas fica mais inclinada, indicando aumento na frequência das
respostas. A partir do minuto 7, essa mesma linha fica quase hori-
zontal, indicando redução na seu frequência desse intervalo de
tempo em diante.

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Discussão

O objetivo de se fazer o registro do nível operante era estabelecer a


linha de base dos comportamentos de pressionar a barra, erguer-se,
limpeza, morder, andar, farejar e ficar parado. O objetivo foi atingido
com sucesso, já que esses dados foram coletados corretamente. À
exceção do comportamento de pressionar a barra, os demais com-
portamentos cujas frequências foram registradas já faziam parte do
repertório comportamental do animal. Esse fato é indicado pelos
resultados, já que esses comportamentos ocorreram em maior fre-
quência que o comportamento de pressionar a barra.

Explorar novos ambientes é uma característica dos seres vivos ani-


mais. Um dos sentidos mais importantes dos ratos é o olfato, já que
são praticamente míopes. Os resultados encontrados também cor-
roboram essa informação, já que o ambiente caixa de condiciona-
mento operante era novo para o animal e o comportamento que
ocorreu em maior frequência foi o de farejar o ambiente, seguido
pelo comportamento de erguer-se e depois pelo comportamento
de andar pela caixa. Esses resultados serão importantes para verifi-
carmos o efeito de se apresentar água para o animal após ele emitir
respostas de pressão à barra, já que poderemos comparar a fre-
quência desses comportamentos antes e depois de inserirmos a ap-
resentação de água após as respostas de pressão à barra.

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