Ceia Pascal - I
Ceia Pascal - I
Ceia Pascal - I
Comentário: Segundo o costume hebraico, cabe à mãe acender as luzes festivas nos
cultos familiares e, assim, dar vida e alegria ao ambiente em que se realizam as
solenidades.
Mãe: Bendito sejais, Senhor nosso Deus, Rei do Universo, que nos santificastes pelos
mandamentos e nos ordenastes benignamente esta festa das luzes. Bendito sejais,
Senhor nosso Deus, que nos conservastes a vida até o dia de hoje. Que a nossa
comunidade e famílias sejam abençoadas, ó Deus, e que a luz da vossa bondade
brilhe sobre nós, trazendo-nos a paz.
Todos: Amém.
Todos sentados. Na mesa, em frente de cada conviva, um pequeno recipiente com água
salgada e um prato com "matzos" (pão sem fermento) e ervas amargas (moror). Diante do
pai, uma grande jarra ou vasilha de vinho, cálices para vinho e uma concha.
Comentário: Antes das refeições, é tradição da família hebraica dar graças Deus pelos
dons recebidos.
Pai: Bendito sejais, Senhor nosso Deus, Rei do Universo, que nos escolhestes entre os
povos, nos exaltastes e nos santificastes com os vossos mandamentos. Com amor
eterno nos destes, ó Senhor nosso Deus, dias santificados para que celebrássemos
esta festa do pão ázimo. Estamos reunidos para comemorar a nossa libertação,
lembrando o êxodo do Egito. Bendito sejais porque nos escolhestes e nos destes por
herança este tempo sagrado. Bendito sejais, ó Deus, porque santificastes Israel e suas
festas.
Todos: Amém.
O primeiro cálice de vinho, o cálice de ação de graças, é servido da mesma jarra, que está
diante do pai, e distribuído a todos os participantes.
Comentário: O vinho era servido quatro vezes durante a refeição pascal. O ato de
retirar o vinho de um só recipiente simboliza a unidade.
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Todos: Bendito sejais, Senhor nosso Deus, Rei do Universo, que criastes o fruto da
videira.
Todos bebem o primeiro cálice de vinho. O que serve a mesa apresenta ao dirigente
uma bacia e uma toalha, para que lave as mãos.
Pai: Bendito sejais, nosso Deus, Rei do Universo, que nos santificastes com vossos
mandamentos e nos ensinastes o ritual de lavar as mãos.
Todos tomam de seus pratos a erva amarga, molham-na na água salgada, símbolo
das lágrimas e sofrimentos, e dizem juntos:
Todos: Bendito sejais, Senhor nosso Deus, Rei do Universo, que criastes o fruto da
terra.
Todos comem a erva amarga. O que serve a mesa traz então um prato com três
grandes matzos (pão sem fermento), cada matzo envolvido num guardanapo. O pai
pega o matzo de cima, retira o guardanapo, e o coloca num prato, e o levanta.
Comentário: Durante os oito dias da Páscoa só se podia comer pão sem fermento em
lembrança da primeira Páscoa. Na pressa da fuga do Egito não houve tempo para
levedar o pão.
Pai: Contemplai este pão do tormento que nossos pais comeram na terra do Egito.
Todos vós que desejardes, vinde e comei. Vinde e celebrai a Páscoa conosco. Senhor
Deus, libertai-nos de toda a escravidão.
Comentário: Agora conta-se a história da Páscoa, como foi ordenado por Javé,
segundo o livro do Êxodo.
Quando Israel expressa a sua fé em Deus, refere-se a um fato histórico. É isso que
revelam os chamados credos históricos. Se a fé bíblica é histórica, então a memória é
importante. Trata-se de evocar os fatos históricos passados para trazer à memória a
ação libertadora de Javé.
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Mas, além de memória, a fé bíblica também é liberdade, abertura para o futuro. A
evocação da ação libertadora de Javé não representa uma nostalgia de tempos
passados. Todo grande amor recorda o momento inicial: como fonte de alegria, nos
momentos bons, como reafirmação de uma esperança, nos momentos difíceis. Em
ambos os casos o olhar volta-se para o futuro e aparece como tarefa.
O mais jovem: Por que esta noite é diferente das outras? Nas outras noites tanto
comemos o pão ázimo como o pão comum. Por que nesta noite comemos somente
pão ázimo?
Em todas as outras noites comemos qualquer espécie de erva. Por que nesta noite
comemos ervas amargas?
Em todas as noites do ano, comemos as ervas sem condimento algum. Por que nesta
noite as comemos com condimento? Por que nesta noite as colocamos em água
salgada e haroses?
Todas as noites comemos sem comemorações especiais. Por que nesta noite
celebramos a Páscoa?
Os sírios haviam perseguido de tal modo os nossos pais que eles resolveram
abandonar a terra de Israel e fixar-se no Egito. Neste país, em pouco tempo, eles
constituíram uma grande nação. Mas também no Egito nosso povo voltou a ser
oprimido, perseguido e obrigado aos mais penosos trabalhos. Clamamos, então, ao
Senhor Deus de nossos pais, e, Ele ouviu, e nos socorreu em nossas aflições, trabalhos
e desgraças. E nos conduziu para fora do Egito, por meio de muitos sinais e prodígios.
Leitor: Quando os israelitas estavam ainda na terra do Egito, o Senhor disse a Moisés
e a Aarão:
"Este mês será para vós o princípio dos meses; será o primeiro mês do ano. Falai a
toda a comunidade de Israel, dizendo: Aos dez deste mês, cada um tomará para si um
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cordeiro por família e um cordeiro por casa. Mas se a família for pequena para um
cordeiro, então se juntará com o vizinho mais próximo, conforme o número de
pessoas. O cordeiro será escolhido na proporção do que cada um puder comer. O
cordeiro será macho, sem defeito e de um ano. Vós o escolhereis entre os cordeiros
ou entre os cabritos, e o guardareis até o décimo quarto dia desse mês; e toda a
assembléia da comunidade de Israel o imolará ao crepúsculo. Tomarão do seu sangue
e pô-lo-ão sobre os dois marcos e a travessa da porta, nas casas em que o comerem.
Naquela noite, comerão a carne assada no fogo: com pães ázimos e ervas amargas.
Não comereis dele nada cru, nem cozido n'água, mas assado ao fogo: a cabeça, as
pernas e a fressura. Nada ficará dele até pela manhã; o que, porém, ficar até pela
manhã, queimá-lo-eis no fogo. É assim que deveis comê-lo: com os lombos cingidos,
sandálias nos pés e cajado na mão; comê-lo-eis às pressas: é a páscoa para Javé. E
naquela noite eu passarei pela terra do Egito e ferirei todos os primogênitos, desde
os homens até os animais; e eu, Javé, farei justiça sobre todos os deuses do Egito. O
sangue, porém, será para vós um sinal nas casas em que estiverdes: quando eu vir o
sangue, passarei adiante e não haverá entre vós o flagelo destruidor, quando eu ferir
a terra do Egito. Este dia será para vós um memorial e o celebrareis como uma festa
para Javé; nas vossas gerações a festejareis; é um decreto perpétuo. Durante sete
dias comereis pães ázimos. “Desde o primeiro dia tirareis o fermento das vossas
casas, pois todo o que comer algo fermentado desde o primeiro dia até o sétimo,
essa pessoa será eliminada de Israel” (Ex 12,2-15).
Todo o povo egípcio ajudou o povo de Israel a se arrumar e a sair o quanto antes do
Egito. "Do contrário, o Deus do povo de Israel acabará destruindo a nós todos",
diziam os egípcios.
E assim os israelitas levaram a massa antes que houvesse tempo de colocar fermento
e fermentar para fazer o pão. Amarraram a massa do pão em tecidos e levaram-na
nas costas... E partiram... Cerca de 600.000 homens, não contando crianças... Tinham
rebanhos e manadas de animais de toda a espécie, em grande quantidade... Não
tinham meios de fazer provisões para a viagem, pois os egípcios estavam forçando
todo o povo a sair do país ainda naquela noite mesmo.
Durante 430 anos os israelitas estiveram no Egito. Ao fim desse tempo, num único
dia, todo o povo de Deus, o povo de Israel, saiu do Egito, deixando para sempre
aquele país.
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Agora se inicia o ponto alto da ceia. Os que servem entram solenemente, trazendo o
cordeiro pascal, e o colocam diante do dirigente, na mesa principal.
Comentário: O pai recebe cada prato e explica dizendo que a libertação do Egito
acontece de novo sob os símbolos da ceia pascal. Para esclarecer a relação existente
entre a saída do Egito e a ceia pascal, o pai levanta os alimentos cerimoniais, um de
cada vez, e explica o que significa cada um deles. Era este o ponto alto da refeição
dos antigos judeus. Porque o cordeiro era sujeito às exigências do ritual, cheias de
significado profético. Devia ser macho, sem defeito: ser assado em espeto, em forma
de cruz, com um ramo penetrando em toda a extensão: o outro ramo devia separar
os pés dianteiros e nenhum osso deveria ser quebrado.
Pai: Este é o pão do tormento que nossos pais levaram consigo quando saíram do
Egito, como está escrito: "Comeram pães ázimos com a farinha que haviam levado do
Egito, pois a massa não estava levedada: expulsos do Egito, não puderam deter-se e
em preparar provisões para o caminho “ (Ex 12,39).
Pai: Moror significa erva amarga. Comemos moror para relembrar que os egípcios
amarguram a vida de nossos pais, como está escrito: "Obcecados pelo medo dos
israelitas, os egípcios impuseram-lhes uma dura escravidão. Tornaram-lhes a vida
amarga com o pesado trabalho de preparar barro e tijolos e com toda sorte de
trabalhos no campo e outros serviços, que lhes impunham à força” (Ex 1,13-14).
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Como prefácio ao salmo de Hallel, o pai ergue o cálice de vinho e diz:
Todos de pé.
Todos sentados.
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Comentário: Neste momento benzem-se o vinho, o pão ázimo e as ervas amargas,
símbolos da escravidão do Egito, da qual Deus libertou os judeus.
Pai: Bendito sejais, Senhor nosso Deus, Rei do Universo, que nos redimistes e
concedestes viver esta noite para participar do rito do pão ázimo e das ervas
amargas. Possa assim o Senhor, nosso Deus e de nossos pais, permitir-nos viver até
outras datas festivas santificadas. Possa vossa vontade ser cumprida por Jacó, vosso
servo escolhido, de modo que vosso nome seja santificado por todos na terra e todos
os povos sejam levados a louvar-vos. E vos cantaremos hinos de louvor pela nossa
libertação. Glorificado sejais, ó Senhor, que redimistes Israel.
Todos: Bendito sejais, Senhor nosso Deus, Rei do Universo, que criais o fruto da
videira.
Pai: Bendito sejais, Senhor nosso Deus, Rei do Universo, que da terra tirais o pão.
O pai parte o primeiro dos três ázimos e distribui aos presentes, que seguram nas
mãos um pedaço. Todos dizem:
Todos: Bendito sejais, Senhor nosso Deus, Rei do Universo, que com vossos
mandamentos nos santificastes e nos ordenastes comer do pão ázimo.
Pai: Vamos juntar o pão ázimo às ervas amargas e comê-los, tal como está escrito:
"Comereis ervas amargas com pão ázimo".
Cada pessoa coloca uma porção de ervas amargas entre dois pedaços de pão. Todos
dizem:
Todos: Bendito sejais, Senhor nosso Deus, Rei do Universo, que por vossa vontade
nos santificastes e nos ordenastes comer ervas amargas.
6. A CEIA PASCAL
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Comentário: A ceia é servida. É um momento de confraternização, expressão de
unidade e amor. A ceia pascal é o rito que celebra a identidade do povo eleito.
7. O CÁLICE DA BÊNÇÃO
Terminada a ceia, o pai toma o prato com o segundo matzo e o distribui em pedaços
pequenos a todas as pessoas presentes.
Comentário: É agora que o segundo pão ázimo vai ser partido e distribuído para
terminar a refeição da Páscoa, conforme o costume judaico.
Pai: Bendito seja o Senhor, nosso Deus, Rei do Universo, que alimenta o mundo
inteiro com bondade, amor e misericórdia. Ele dá pão a todos, pois eterno é seu amor
e santo é seu nome. É Ele que tudo sustenta, que faz bem a todos e provê alimento
para todas as suas criaturas.
Todos comem o pedaço de matzo. Em seguida é servido, numa única taça, o terceiro
cálice de vinho.
Todos de pé.
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Vosso Servo que nasceu de vossa serva;
Mas quebrastes os grilões da escravidão!
Todos: Por isso oferto um sacrifício de louvor
Invocando o nome Santo do Senhor.
8. A BÊNÇÃO FINAL
Todos: Bendito sejais, Senhor nosso Deus, Rei do Universo, que criastes o fruto da
videira!
Todos bebem o quarto cálice de vinho. O dirigente termina com a bênção, tirada do
livro dos Números.
Pai: O Senhor nos abençoe e nos guarde. O Senhor nos mostre a sua face e nos
conceda a sua graça. O Senhor volte o seu rosto para nós e nos dê a paz.
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- Pão ázimo, sal e água;
- Ingredientes para o Charosset: tâmaras, nozes, maça vermelha, vinho...
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