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ORGANIZADORES
RIO URUGUAI
Contribuições Científicas
1ª Edição
2018
Página | 2
RIO URUGUAI: Contribuições Científicas.
RIO URUGUAI
Contribuições Científicas
REALIZAÇÃO
Página | 3
Querol, Pessano, Machado e Oliveira (2018)
RIO URUGUAI
Contribuições Científicas
APOIO:
Página | 4
RIO URUGUAI: Contribuições Científicas.
ISBN 978-85-63337-795
Inclui referências
Disponível em: http://dspace.unipampa.edu.br:8080/
CDU 556.55
Bibliotecário Responsável
Marcos Paulo Anselmo de Anselmo - CRB 10/1559
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Querol, Pessano, Machado e Oliveira (2018)
COMITÊ EDITORIAL
Marcus Vinicius Morini Querol
Brasil – Fundação Universidade Federal do Pampa
Nupilabru
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RIO URUGUAI: Contribuições Científicas.
ORGANIZADORES
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Querol, Pessano, Machado e Oliveira (2018)
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RIO URUGUAI: Contribuições Científicas.
DEDICATÓRIA
Luís Flávio Souza de Oliveira
Este trabalho é dedicado a todos que enxergam, mas também veem; ouvem, mas
também escutam os gemidos taciturnos do rio Uruguai; àqueles que perscrutam seus
reclamos inefáveis e que, em seu anonimato, resistem insignes junto ao rio; àqueles
que, julgados estultos, ensinam aos eruditos a sensibilidade e o discernimento de ler
os tempos e o momento, de ler o rio Uruguai.
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Querol, Pessano, Machado e Oliveira (2018)
SUMÁRIO
COMITÊ EDITORIAL 6
ORGANIZADORES 7
DEDICATÓRIA 9
PREFÁCIO 12
AGRADECIMENTO 15
UNIDADE I – EDUCAÇÃO AMBIENTAL 16
CAPÍTLULO 1
CONTEXTUALIZANDO O ENSINO A PARTIR DE PRÁTICAS
17
INTERDISCIPLINARES INTEGRADAS: USANDO O RIO URUGUAI
COMO TEMA
CAPÍTULO 2
LEVANTAMENTO HISTÓRICO DA PESCA E CONSERVAÇÃO DA 35
BACIA DO RIO URUGUAI MÉDIO
UNIDADE II - LIMNOLOGIA 56
CAPÍTULO 3
VARIAÇÃO ANUAL DE CONTEUDO SECO DE MACRÓFITAS NO
57
CÓRREGO SUBTROPICAL ARROIO FELIZARDO, URUGUAIANA,
RS – PAMPA BRASILEIRO
UNIDADE III – TOXICOLOGIA AMBIENTAL 70
CAPÍTULO 4
71
CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL POR AGROTÓXICOS
CAPÍTULO 5
83
CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL POR METAIS PESADOS
CAPÍTULO 6
100
CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL POR DOMISSANITÁRIOS
CAPÍTULO 7
SOLVENTES ORGÂNICOS E SUAS IMPLICAÇÕES 111
TOXICOLÓGICAS SOBRE A FLORA E FAUNA AQUÁTICAS
CAPÍTULO 8
130
CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL POR MEDICAMENTOS
UNIDADE IV – BIOLOGIA, ECOLOGIA, CULTIVO E
147
CONSERVAÇÃO DA ICTIOCENOSE
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RIO URUGUAI: Contribuições Científicas.
CAPÍTULO 9
CONSERVAÇÃO DOS RECURSOS GENÉTICOS DA ICTIOFAUNA 148
DA BACIA DO RIO URUGUAI
CAPÍTULO 10
ASPECTOS DA BIOLOGIA ALIMENTAR DO Astyanax jacuhiensis
157
(Cope, 1894) NO RIO URUGUAI MÉDIO, OESTE DO RIO GRANDE
DO SUL, PAMPA BRASILEIRO
CAPÍTULO 11
DETERMINAÇÃO DA IDADE E CRESCIMENTO DE Astyanax
173
jacuhiensis (Cope, 1894) NO RIO URUGUAI MÉDIO, MUNICÍPIO DE
URUGUAIANA (RS), PAMPA BRASILEIRO
CAPÍTULO 12
BIOLOGIA ALIMENTAR DO BIRU Steindachnorina brevipinna
194
Eigenmann & Eigenmann (1889) (Characciformes curimatidade) NA
BACIA DO RIO URUGUAI NO PAMPA BRASILEIRO
CAPÍTULO 13
REPRODUÇÃO E LARVICULTURA DA SARDINHA PRATA,
Lycengraulis grossidens (SPIX & AGASSIZ, 1829), E DO CASCUDO 209
VIOLA, Loricariichthys platymetopon (ISBRUCKER & NIJSSEN,
1979), NA BACIA DO RIO URUGUAI MÉDIO, URUGUAIANA (RS)
CAPÍTULO 14
CONTRIBUIÇÕES DO NÚCLEO DE PESQUISAS ICTIOLÓGICAS,
LIMNOLÓGICAS E AQUICULTURA DA BACIA DO RIO URUGUAI 230
PARA A ICTIOFAUNA DA FRONTEIRA OESTE DO RIO GRANDE
DO SUL
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Querol, Pessano, Machado e Oliveira (2018)
PREFÁCIO
Luís Flávio Souza de Oliveira
O rio Uruguai tem sua origem na confluência dos rios Pelotas e Canoas, divisa
entre os Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Considerando a geopolítica
internacional, percorre extensa área fazendo divisa entre os territórios do Brasil e da
Argentina. Na região do Uruguai médio, onde encontra-se o Município de
Uruguaiana, mais ao sul, depois que recebe seu afluente rio Quaraí, o rio Uruguai
passa a dividir os países Argentina e Uruguai. Encerra sua jornada meridional no rio
do Prata, que deságua no Oceano Atlântico.
Contudo, o rio Uruguai perscruta o povoamento de suas extensões há cerca de
10.000 anos a.C., ou seja, sua história, contextualizada a partir de seus primeiros
habitantes, prefigura o desenvolvimento de aproximadamente 600 gerações
humanas. Desde épocas remotas o rio Uruguai foi entendido como importante aliado
à subsistência, pois o clima que os primeiros imigrantes encontraram, logo após a
última glaciação, era mais frio e seco, com correntes de ventos gelados e pouca
vegetação. Tal cenário, paradoxalmente, coadunava com o rio Uruguai para que
aqueles povos encontrassem sua subsistência próxima às suas margens (SHIMITZ,
2006).
Muito tempo depois, adveio a colonização europeia à região do rio Uruguai,
inicialmente com os espanhóis e, posteriormente ao Tratado de Madri, em 1750,
passou-se a incluí-lo, também, aos domínios da coroa portuguesa. A partir dessas
colonizações, mas sobremaneira das intencionalidades políticas e econômicas da
coroa portuguesa sobre sua colônia em terra brasillis, os africanos foram trazidos à
região. Mais tarde, em uma cronologia dividia entre o período do Império (a partir
de1822) e da República (a partir de 1889), chegaram outros imigrantes em solo
brasileiro, tais como alemães, italianos poloneses, árabes, judeus e outros povos
quantitativamente minoritários a estes, que se instalaram nas regiões banhadas pela
bacia do rio Uruguai e passaram a desenvolver diferentes atividades econômicas e
que, naturalmente, propiciaram ao aparecimento de povoados e cidades.
Dentro desse cenário, é possível afirmar que o rio Uruguai atuou e atua como
protagonista das diferentes expressões cultuais que prescindem dos tempos remotos
aos atuais. Mais que isso, é um elemento agregador e harmonizador dessas culturas,
mas que assistiu inúmeros conflitos até a pacificação das etnias que vivem às suas
margens, de modo especial, os que formaram os povos brasileiro, uruguaio e
argentino. De sorte que em seu território há uma diversidade étnico-cultural gestada
nos seios europeu, asiático, africano e ameríndio, que naturalmente faz emergir uma
riqueza de manifestação de costumes e valores que entrajam sui generis as
comunidades do rio Uruguai.
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RIO URUGUAI: Contribuições Científicas.
AGRADECIMENTOS
Os autores
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UNIDADE I
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
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CAPÍTULO 1
CONTEXTUALIZANDO O ENSINO A PARTIR DE
PRÁTICAS INTERDISCISPLINARES INTEGRADAS:
USANDO O RIO URUGUAI COMO TEMA.
Edward Frederico Castro Pessano
Marcus Vinícius Morini Querol
Claudia Lisiane Azevedo Pessano
Robson Luiz Puntel
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
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Querol, Pessano, Machado e Oliveira (2018)
adquiridos espontaneamente”.
Alguns termos usados nestas definições, como “recurso”, “cotidiano”,
“trabalho”, segundo Ricardo (2005), são responsáveis por causar distintos
entendimentos sobre contextualização, levando a compreendê-la como mostra o
estudo de Silva e Marcondes (2010). Segundo os mesmos, a contextualização pode
ser uma estratégia ou metodologia de ensino; descrição científica de fatos e processos
do cotidiano do aluno; uso de contexto para aplicação de conteúdos escolares ou para
exemplificação e compreensão da realidade social.
Contudo, deve-se tomar cuidado para que a contextualização não seja
entendida apenas como a busca de aplicação imediata (RICARDO &
ZYLBERSZTAJN, 2008) ou somente como a apresentação de exemplos do dia a dia.
Desta forma e, como manifestado por Ruppenthal (2013), “a contextualização não
proporciona ao aluno um momento para pensar e refletir tornando-o um agente
passivo, que ouve e aceita, mas não tem vez nem voz”.
A contextualização quando adequadamente desenvolvida pode mudar a
realidade dos atores sociais em relação aos processos educacionais, bem como
proporcionar a construção de um conhecimento significativo para a vida do aluno,
como ressaltado na literatura por vários autores, como Kato e Kavasaki (2011),
Pessano (2013), Ruppenthal (2013).
Ainda, há outros estudos que percebem a contextualização em sentido
diferente. Um deles é através da perspectiva CTSA, indicando que a
contextualização deve ser trabalhada e visualizada como uma interface da ciência,
da tecnologia, da sociedade e o do ambiente, caracterizado pela exploração de
situações corriqueiras em situações de ensino, em uma perspectiva do movimento
social e da aproximação com a pedagogia de Paulo Freire, onde o ensino parte de
situações significativas aos estudantes e que se articulem em temas e conceitos
(WARTHA, 2005; KATO e KAWASAKI 2011).
Wartha, Silva e Bejarano (2013), em seu trabalho bibliográfico e descritivo
sobre contextualização, citam outro tipo de perspectiva, no sentido de educação
transformadora, indo ao encontro dos pressupostos de Paulo Freire, onde as práticas
pedagógicas devem ter significações e envolver a problematizar situações reais
contraditórias de contextos locais, com a finalidade dos estudantes atuarem como
transformadores da realidade.
Após esta explanação, podemos constatar que não há uma resposta única e
definitiva para a questão de abertura deste capítulo, todavia, independente da
concepção de contextualização, como cita Kato e Kawasaki (2011) o importante é
que o docente tome conhecimento destas múltiplas interpretações e seja um
mediador nos processos de ensino e aprendizagem.
Além disso, Fernandes e Marques (2012, p.526) complementam que:
“a contextualização não exclui a presença do conteúdo conceitual, ou seja, o
conteúdo conceitual e o contexto devem estar vinculados para que efetivamente os
conceitos possam auxiliar na compreensão dos contextos abordados”.
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RIO URUGUAI: Contribuições Científicas.
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Querol, Pessano, Machado e Oliveira (2018)
apresentar significado para a vida dos alunos. Assim, os fatos do cotidiano são
explorados pela sala de aula através de um viés aplicado a partir de conhecimentos
científicos, proporcionando a alfabetização científica, conforme manifestado por
Chassot (2003).
Chassot (2003) salienta que a alfabetização científica é explicação do mundo
natural através de um conjunto de conhecimentos metodicamente adquiridos que
descrevem os fenômenos da realidade, através de uma linguagem dita científica e
que representam uma possibilidade para uma educação mais compromissada.
Neste cenário, o rio Uruguai se apresenta com uma excelente temática para a
contextualização por tratar-se de um ecossistema que permeia diversos aspectos da
sociedade e que é finalidade desta obra explanar melhor sobre este contexto, o qual
é significativo para a cidade de Uruguaiana e para outros municípios que estão
vinculados a este rio.
Podemos perceber que a contextualização tem como pressuposição a não
fragmentação do conhecimento, situando os conteúdos específicos dentro de um
contexto significativo. A contextualização pode e deve também estar articulada a
uma perspectiva interdisciplinar, articulando os conhecimentos das várias áreas da
ciência com os múltiplos elementos constituintes dos distintos contextos, para
compreender os fenômenos da realidade.
Atualmente, a complexa rede de informações que está disponível aos
estudantes deve ser utilizada como ferramenta de ação e aplicação por parte do
educador, onde muitas vezes o conhecimento por si só não é suficiente e seu
“aprisionamento” não deve ser encorajado com forma de aprendizagem, mas, sim, a
aplicação destes conhecimentos, quando em situações reais vivencias pelos
indivíduos que compõem a sociedade.
Muitas vezes, os educadores se autoquestionam sobre o que devem ou não
“ensinar”. Na verdade, o questionamento certo deve ser: Como devem ensinar? Pois
a partir desta definição, novas relações se estabelecem e redireciona a (re)construção
de conhecimentos, habilidades e competências, que favorecerá ao estudante na sua
formação e o preparará para uma futura situação problema, o qual possuirá a
capacidade de buscar respostas para a sua solução.
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RIO URUGUAI: Contribuições Científicas.
ela não é apenas uma integração entre disciplinas, mas entre sujeitos que dialogam e
se encontram, que estabelecem parcerias, um movimento de interação daqueles que
percebem que precisam do outro, de outros, pois se sentem partes de um movimento
em busca da totalidade. Ainda, Pombo (2005) manifesta que a interdisciplinaridade
se deixa pensar, não apenas na sua faceta cognitiva de sensibilidade à complexidade,
mas da sua capacidade para procurar mecanismos comuns, de atenção a estruturas
profundas que possam articular o que aparentemente não é articulável e também em
termos de atitude, curiosidade, abertura de espírito, gosto pela colaboração, pela
cooperação, pelo trabalho em comum. Pombo (2005) salienta, também, que só há
interdisciplinaridade se somos capazes de partilhar o nosso pequeno domínio do
saber, se temos a coragem necessária para abandonar o conforto da nossa linguagem
técnica, para nos aventurarmos num domínio que é de todos e de que ninguém é
proprietário exclusivo.
Quando nos voltamos aos estabelecimentos de ensino, percebemos uma
resistência aos processos interdisciplinares, onde Coutinho (2010), analisando a
prática docente em Uruguaiana, destaca a existência de um isolamento das
disciplinas no ambiente escolar, notando que muitos docentes têm dificuldades em
trabalhar de forma interdisciplinar. Segundo o autor, cada docente busca valorizar a
sua disciplina em detrimento da outra, demonstrando, com isso, uma visão
individualista e reducionista do processo educacional.
Assim, o não desenvolvimento dessas práticas desfavorece a construção do
conhecimento, o tornando fragmentado, pois como salienta Soares (2010), a
interdisciplinaridade entra diretamente na relação conteúdo/método, ampliando e
enriquecendo o ensino, proporcionando qualidade tanto para o ensino fundamental,
quanto para o médio.
Ainda, Soares (2010), analisando os escritos de Hilton Japiassu (JAPIASSU,
1976; 1992), cita que a interdisciplinaridade é descrita como algo a ser vivida,
enquanto atitude de espírito, atitude essa que é feita de curiosidade, de abertura, do
senso de aventura e descoberta, exercendo um movimento de conhecimento e
relações. Sendo, nesse sentido, uma prática individual e coletiva, onde o diálogo se
expressa como atitude de abertura com outras disciplinas, reconhecendo a
necessidade de aprender com as outras áreas do conhecimento.
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Querol, Pessano, Machado e Oliveira (2018)
FILHO et all., 2004; RIGHI & ROBAINA, 2010; CARVALHO & SPERB, 2012).
Ainda, segundo os autores Tucci (1993) e Righi & Robaina (2010), o rio
Uruguai divide-se em três trechos, de acordo com a sua geografia, iniciando no Alto
Uruguai, com os seus primeiros 400 km, apresentando uma declividade de 0,5
metro/km. O seu curso médio abrange uma extensão aproximada de 570 km e
declividade de 0,10 metro/km. Os restantes 325 km representam o curso inferior,
onde a sua declividade acha-se em torno de 3 cm/km. Destaca-se que ecologicamente
as diferenças entre os ambientes podem ser fundamentais para o estabelecimento das
comunidades biológicas, proporcionando uma diversidade de espécies e de relações
entre os ecossistemas, podendo torná-los mais ou menos suscetíveis aos impactos
ambientais (BRASIL, 2003).
A Figura 1 denota a área de drenagem da bacia do rio Uruguai em território
brasileiro, destacando nas imagems superior direita e inferior, o alcance territorial no
estado do Rio Grande do Sul, onde se divide em Sub-bacias. Cabe destacar que o rio
Uruguai é um ecossistema de caráter internacional influenciando também nas
relações ambientais na Argentina e na República Oriental do Uruguay.
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RIO URUGUAI: Contribuições Científicas.
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Disciplina: Geografia
Conteúdos que podem ser trabalhados: Relevo; Tipo de solo; Formações
geológicas; Mineração (extração de areia); Estações Climáticas; Populações;
Aspectos econômicos da região.
Disciplina: História
Conteúdos que podem ser trabalhados: Formação e origens das cidades,
Influência cultural do meio para a sociedade; Disputas e conflitos sociais pelo meio
natural; Análise histórica do local.
Disciplina: Matemática
Conteúdos que podem ser trabalhados: Volume de cheias e secas; Análise
das áreas; Quantificações populacionais; Consumo de água e produção de efluentes.
Disciplina: Português
Conteúdos que podem ser trabalhados: Análise gramatical de textos;
Interpretação de notícias; Análise Literária de músicas tradicionalistas e poesias;
Interpretação de artigos relacionados em periódicos científicos; Redação sobre o rio,
a pesca, o uso da água e educação ambiental.
prevista por Paulo Freire, o qual destacava que o tema gerador coloca o sujeito e não
o conteúdo no centro do processo educativo, e, por isso, ao referir-se ao conteúdo,
inaugura o diálogo com as classes populares, dando base para a concepção de uma
educação libertadora (Freire, 1987).
Avaliação da etapa: síntese dos painéis produzidos e apresentação dos
grupos.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
7. REFERÊNCIAS
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CAPÍTULO 2
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Desde sua existência, o homem tem desfrutado dos bens que a natureza lhe
proporciona. Na pré-história, por exemplo, o ser humano adaptou-se ao meio,
usufruindo dele para a confecção de suas ferramentas, a fim de utilizá-las contra o
próprio meio ambiente, como na caça, mesmo que sua ação sobre o local se
restringisse à interferência em algumas cadeias alimentares. Essa disposição inicial
na luta de obtenção de alimento e matéria prima para suas atividades não se restringiu
somente ao ambiente terrestre, mas se estendeu aos ambientes aquáticos e
semiaquáticos (MOTA & BRAICK, 2005).
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“(...) Para o oeste corre o Rio Uruguai com sua água cristalina, doce,
murmurante, que em sua sanidade supera todas as fontes europeias.
Esta água (...) é límpida e purificada pelas raízes das árvores, que
cobrem com fresca sombra a beira de ambos os lados por 400 milhas,
como também pedras e granitos de areia na qual a água bate. (...)
Aqui se encontram numerosas ilhas maravilhosas, rodeadas de
árvores(...). Este rio é abundante em pesca e em determinadas épocas
os índios podiam pescar peixes com as próprias mãos, no qual eu
mesmo experimentei várias vezes” (SEPP, 1771).
2. MATERIAL E MÉTODOS
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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
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Figura 1: Diferença entre as vegetações das margens do rio Uruguai Médio, onde no
topo da imagem se vê Uruguaiana (Brasil) e, abaixo, Paso de Los Libres (Argentina).
Créditos: Jair Prandi.
Figura 2. Edificações à beira do rio Uruguai (A), 1980; (B): 1995; (C): 2002.
Créditos: Centro Cultural Dr. Pedro Marini; Jair Prandi.
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Figura 6. Averiguação da vegetação das margens a partir dos anos de 1980 até os
dias atuais.
1900ral
1900ral
1900ral
1900ral
Crescimento
1900ral Diminuição
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1900ral
1900ral
1900ral
Sim
1900ral
Não
1900ral
1900ral
Pescadores Produtores rurais Ribeirinhos Profissionais
Meio-Ambiente
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Cascudo Outro
Pintado -1% 1%
5% Pati
Lambari 5%
6%
Dourado
29%
Traíra
11%
Surubim
Piava
21%
22%
Surubim
18% Dourado
25%
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RIO URUGUAI: Contribuições Científicas.
Figura 10. Percepção sobre a quantidade de peixe capturado no rio entre 1980 e
2013.
1900ral
1900ral
1900ral
Aumentou
Diminuiu
1900ral
Manteve-se
1900ral
1900ral
Pescadores Produtores Ribeirinhos Profissionais
Rurais Meio-Ambiente
A grande maioria dos pescadores atribui a falta de peixes no rio aos agrotóxicos
despejados nos adjacentes das bacias pelas lavouras, além da das bombas de sucção,
enquanto grande parte dos profissionais do meio-ambiente acusam os pescadores de
serem responsáveis pela falta de pescado no rio (pesca predatória). Alguns
produtores rurais, por sua vez, afirmam que as hidrelétricas e os pescadores são
responsáveis pela escassez de animais (Figura 11).
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1900ral
1900ral
1900ral
1900ral Pesca predatória
Figura 12. Os animais pescados por volta de 1980, se comparados com os capturados
em 2013.
1900ral
1900ral
1900ral
Maiores
1900ral Menores
Indiferentes
1900ral
1900ral
Pescadores Produtores Ribeirinhos Profissionais
Rurais Meio-Ambiente
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Figura 13. Percepção acerca do número de cheias e secas 33 anos, até 2013.
Profissionais Meio-Ambiente
Ribeirinhos
Inalterado
Mais curto
Produtores Rurais Mais longo
Pescadores
1900ral1900ral1900ral1900ral1900ral1900ral
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Querol, Pessano, Machado e Oliveira (2018)
Figura 14. Percepção sobre o período das cheias e secas até 2013.
1900ral
1900ral
1900ral
Aumentou
1900ral Diminui
Não Sei
1900ral
1900ral
Pescadores Produtores Ribeirinhos Profissionais
Rurais Meio-Ambiente
1900ral
1900ral
1900ral
1900ral
1900ral Sim
1900ral Não
Não sei
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1900ral
1900ral
1900ral
Agrotóxicos
1900ral Esgoto
Indústrias
1900ral
1900ral
Pescadores Produtores Ribeirinhos Profissionais
Rurais Meio-Ambiente
Conforme Goulart & Callisto (2003), deve-se considerar que nas áreas com
grande concentração da parcela miserável da sociedade, há uma grande pressão sobre
os recursos naturais, proveniente da total desinformação e falta de recursos,
aliada às péssimas condições de vida, sendo também local de despejo de lixo, com
enorme potencial de veiculação de inúmeras doenças.
Na orla do Uruguai médio, percebe-se grande quantidade de lixo depositado
de forma irregular, porém, por mais que parte dos ribeirinhos tenham baixa renda e
baixa escolaridade, há ainda a intervenção de indivíduos das regiões mais centrais da
cidade, que despejam materiais orgânicos em decomposição, animais mortos e
realizam cultos religiosos com alimentos e garrafas de vidro, sem retirar os materiais
do local.
Todo o contexto do trabalho se resume em um pequeno aspecto cultural: a
educação. Caso esta fosse presente na atual sociedade, reverteria os danos causados
por gerações anteriores e, talvez, não permitiria que tais dilemas ambientais se
desencadeassem desta forma.
Em países mais desenvolvidos, esta realidade de impacto ambiental propiciado
pelo homem não é tão comum. Segundo Guimarães (1995), a educação ambiental
deveria ser estendida durante todas as etapas da educação formal ou informal. Com
consciência e instrução, se é possível preservar, manter e fazer prosperar os bens
naturais. Prova disso está do lado argentino, que por mais de 20 anos teve uma taxa
de analfabetismo extremamente baixa e guarda resquícios de consciência ecológica
(FAUSTO & DEVOTO, 2004).
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4. CONCLUSÕES
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
6. REFERÊNCIAS
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ANEXO 1
Questionário sobre alterações nas características da Bacia do Uruguai Médio,
durante o transcorrer de 33 anos.
( ) agrotóxicos;
( ) esgoto doméstico;
( ) indústrias;
( ) outra. Qual?
16- Na sua opinião qual seria os meios para a solução dos problemas existentes no
rio Uruguai? Numere em ordem de prioridade
( ) Educação Ambiental nas escolas
( ) Fiscalização
( ) Proibição da Pesca
( ) Proibição da Irrigação Agrícola
( ) Tratamento do esgoto
( ) Proibição de Hidrelétricas
( ) Outro Qual?____________________________
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UNIDADE II
LIMNOLOGIA
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CAPÍTULO 3
VARIAÇÃO ANUAL DE CONTEÚDO SECO DE
MACRÓFITAS NO CÓRREGO SUBTROPICAL
ARROIO FELIZARDO, URUGUAIANA, RS- PAMPA
BRASILEIRO
Mário Davi Dias Carneiro
Alessandra Sayuri Kikuchi Tamajusuku
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
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2. MACRÓFITAS AQUÁTICAS
• Plantas Livres:
• Flutuante livre: Plantas que não estabelecem contato o substrato, mesmo
que contenham raízes, e estão presentes na interface ar-água ;
• Submersa livre: Plantas que vivem abaixo do nível da água, que não
apresentam contato com o substrato e geralmente não possuem estruturas de
enraizamento;
• Plantas Fixas (enrraizadas no subrato):
• Submersa enrraizada: Plantas que vivem abaixo do nível de água, não
tolerando dissecação, e que estabelecem relação com o substrato por estrururas de
enraizamento
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Figura 2. Variação de Material Parcialmente Seco (MPS) de Azolla spp nos pontos
de coleta 1 e 2.
Figura 3. Variação de Material Parcialmente Seco (MPS) de Chara spp. nos pontos
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de coleta 1 e 2.
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.
Fonte: Próprio autor.
Figura 7. Variação de Material Parcialmente Seco (MPS) de Potamogeton spp.
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Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nivel
de 1% de significância
Fonte: Próprio autor.
Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nivel
de 1% de significância
Fonte: Próprio autor.
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
6. REFERÊNCIAS
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UNIDADE III
TOXICOLOGIA AMBIENTAL
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CAPÍTULO 4
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
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afetar, de forma direta ou indireta, a saúde de humanos, animais e dos ecossistemas em geral
(BRASIL, 1989).
O uso de agrotóxico deve seguir as recomendações descritas na bula dos produtos,
desde a aplicação até o destino final das embalagens, sendo de extrema importância o
conhecimento dos produtos manipulados e o uso de equipamentos de proteção individual
para diminuir riscos de exposição ocupacional e danos ambientais (OLIVEIRA &
FAVARETO, 2013).
Estudos demonstram que as exposições ambientais aos agrotóxicos são consideradas
fatores de risco para uma série de doenças crônicas, por mecanismos diferenciados, que mais
afetam a população mundial como, por exemplo, alguns tipos de câncer, que podem ser
induzidos através da exposição a alguns pesticidas, onde muitos podem apresentar efeito
teratogênico. O Parkinson, o Alzheimer e a esclerose múltipla são doenças neurológicas que
atualmente demonstraram estar presentes em graus mais intensificados em populações com
exposição ambiental e/ou ocupacional a agrotóxicos (MOSTAFALOU & ABDOLLAHI,
2013).
Além disso, a exposição a certos agrotóxicos pode aumentar o risco de doenças
pulmonares, aumentar o risco de desenvolver diabetes e também pode apresentar riscos em
relação a obesidade, através de circuitos neurais que regulam o comportamento alimentar
(MOSTAFALOU & ABDOLLAHI, 2013).
No meio ambiente, os agrotóxicos apresentam comportamento bastante complexo,
podendo ser transportados através dos ventos e das chuvas, e assim atingir solo e águas. O
destino final destes produtos é definido pela forma de manejo dos pesticidas e pelas suas
propriedades físico-químicas, pois compostos hidrossolúveis têm maior afinidade em
permanecer em águas. As características ambientais e as diferentes épocas do ano também
devem ser levadas em consideração nessa análise, já que podem favorecer a permanência
dos resíduos de agrotóxicos por um período maior no leito dos rios (DELLAMATRICE &
MONTEIRO, 2014).
Para um melhor entendimento das características e do comportamento dos
agrotóxicos no meio ambiente, é de suma importância a realização de experimentos, tanto
em laboratórios quanto no campo, os quais possam vir a auxiliar na aplicação destes
agrotóxicos, reduzindo perdas para o ambiente, conferindo assim, maior eficácia a esses
produtos. O monitoramento garante redução dos danos ambientais e consequentemente,
melhor desenvolvimento social e econômico (PEREIRA et al., 2016).
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Quadro 1: Classificação dos agrotóxicos de acordo com a DL50. Adaptado de: PINTO G. M. F.
(2015); OLIVEIRA & FAVARETO (2013).
Quadro 2: Classificação dos agrotóxicos quanto à sua ação toxicológica. Adaptado de:
BRAIBANTE & ZAPPE (2012); NACIMENTO & MELNYK (2016); PINTO G. M. F., (2015).
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2.1 Organoclorados
2.2 Organofosforados
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Estes compostos foram desenvolvidos para serem utilizados como armas químicas
durante a Segunda Guerra Mundial e são derivados do ácido fosfórico (BRAIBANTE &
ZAPPE, 2012). Apresentam em sua molécula um átomo de fósforo (P) e possuem
características de alta lipossolubilidade, que favorece a absorção pelas vias cutânea,
respiratória e digestiva (NACIMENTO & MELNYK, 2016).
Os pesticidas organofosforados podem ser detectados em matrizes biológicas,
incluindo sangue e cabelo. Logo após entrarem no organismo, estão sujeitos a várias reações
de biotransformação, podendo causar efeitos nocivos a curto ou longo prazo
(ANDROUTSOPOULOS, V. P.; HERNANDEZ, A. F.; LIESIVUORI, J.; TSATSAKIS A.
M., 2013).
De acordo com a classificação toxicológica da ANVISA, com base na DL50 após a
administração de uma única dose, o metil paration e o metamidofós, estão entre os pesticidas
organofosforados classificados como extremamente tóxicos. Já o malation, diazinon e o
polytrin são exemplos de organofosforados medianamente tóxicos, e como pesticida
considerado pouco tóxico, citamos o acefato (O,S-dimethyl acetyphosphoramidothiote),
comercialmente conhecido como Orthene® (BARTH & BIAZON, 2010).
Dentre os organofosforados mais utilizados, podemos destacar o metil paration, o
qual, de acordo com sua classificação toxicológica, é um pesticida de uso restrito, podendo
ser utilizado somente por aplicadores autorizados (ANVISA, 2016).
O metil paration apresenta um importante mecanismo de toxicidade aguda por
inibição da atividade da acetilcolinesterase, resultando no acúmulo de acetilcolina e,
consequentemente, instala um quadro de hiperestimulação dos receptores colinérgicos nas
sinapses nervosas (BARTH & BIAZON, 2010). Apesar de ser um fraco inibidor enzimático,
ele pode ser ativado e biotransformado em metabólitos mais potentes, que aumentam e
prolongam os seus efeitos tóxicos, como por exemplo, o seu derivado paraoxon (SALLES
et al., 2015).
O biomonitoramento contínuo dos níveis de pesticidas e seus metabólitos em
organismos vivos são essenciais para a avaliação do risco e a previsão de possíveis efeitos
adversos, em populações expostas ocupacionalmente ou ambientalmente aos pesticidas
(ANDROUTSOPOULOS, V. P.; HERNANDEZ, A. F.; LIESIVUORI, J.; TSATSAKIS A.
M., 2013). Também não se deve diregrir da possibilidade desses compostos atingir diferentes
organismos, dada sua não seletividade, bastando apenas que tal organismo disponha de um
sistema colinérgico em sua fisiologia, reforçando a necessidade de seu biomonitoramento
(SALLES et al., 2015).
Com o desenvolvimento da indústria peixeira no Brasil, o metil paration foi
amplamente utilizado em viveiros de aquicultura para o controle de infestações de
ectoparasitas em peixes. Sendo assim, foram realizados estudos no sentido de avaliar a
segurança de uso desse pesticida em espécies de peixes de água doce, nativos de águas
brasileiras, que demonstraram que este composto é capaz de bioacumular nos peixes após
uma exposição de 5 ppm. Além disso, peixes com maior sensibilidade aos metabólitos do
metil paration podem sofrer danos maiores, quando expostos a uma contaminação ambiental
por estas substâncias (SALLES et al., 2015). Diante disso, se depara com um binômio
paradoxal de necessidade de controle de pragas e contaminação de fonte alimentar, no caso,
peixes.
O sul do Brasil dispõe de uma vasta área de pastagem e grande biodiversidade, que
compreende o chamado Bioma Pampa. Porém, este bioma tem sido ameaçado pelo
crescimento agroindustrial do Rio Grande do Sul, que libera em águas gaúchas muitos
poluentes e resíduos agroquímicos, como descrito por Nunes et al. (2015). Estes
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2.3 Carbamatos
2.4 Piretróides
Por volta de 400 a.C as pessoas utilizavam o piretro ou pó da Pérsia, como era
chamado, para combater piolhos. Este pó era derivado das flores secas de Chrysanthemum
cinerariaefolim e Chrysanthemum coccineu. No século XIX, o uso do piretro como
inseticida foi propagado graças às piretrinas, que são as substâncias ativas presente no
composto (BRAIBANTE & ZAPPE, 2012).
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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
4. REFERÊNCIAS
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CAPITULO 5
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
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e a outra parte se deposita nos sedimentos de fundo, torna-se o destino final desses
contaminantes (SOUZA et al., 2015).
A persistência destes elementos é um dos seus maiores problemas. Devido a
esse fato, apresentam grande potencial de bioacumulação e biomagnificação,
causando implicações em longo prazo sobre a saúde humana e dos ecossistemas (LI
et al., 2013). Os contaminantes metálicos, por não serem biodegradáveis e serem
facilmente bioacumulados em organismos, são considerados, dentre os compostos
químicos tóxicos, um dos poluentes de grande importância ambiental. Pelo processo
de bioacumulação há um incremento das concentrações destes elementos químicos
através da cadeia alimentar, sendo encontrados nos membros superiores da cadeia
com valores muito acima dos encontrados no ar, na água e no solo.
A presença de metais muitas vezes também está associada à localização de
regiões agrícolas. Segundo Baggio (2013), a agricultura é uma das principais fontes
não pontuais de poluição por metais pesados, devido à presença destes elementos em
fertilizantes (Cd, Cr, Mo, Pb, U, V, Zn), pesticidas (Cu, As, Hg, Pb, Mn, Zn),
preservativos de madeiras (As, Cu, Cr) e dejetos de produção de aves e porcos (Cu
e Zn).
Outra fonte importante de contaminação por metais pesados, principalmente
em países mais pobres, é o descarte e reciclagem de resíduos eletrônicos (e-waste),
além do próprio descarte de lixo urbano. O lixo eletrônico contém em sua
constituição elementos químicos potencialmente tóxicos, de difícil mobilidade
devido à sua característica de não biodegradabilidade. Estes metais no solo podem
ser lixiviados pela chuva e acabar nos mananciais próximos, contaminando as águas
superficiais e subterrâneas, especialmente sob condições ácidas. Dessa forma, é
plausível considerar que o potencial de risco ecológico de metais pesados nas
imediações dos locais de reciclagem e descarte de lixo eletrônico é evidente e não
deve ser negligenciado (WU et al., 2015).
A contaminação do ambiente por substâncias tóxicas é um dos mais sérios
problemas ecológicos da atualidade. Já nos centros urbanos, as principais fontes de
poluição ambiental são os transportes e as indústrias. Os solos urbanos localizados
próximos de rodovias em grandes cidades também apresentam grande contaminação
ambiental por metais e ainda é pouco estudado (STEPANOVA, YAKOVLEVA &
PISAREV, 2016). Esses elementos químicos também são lixiviados pelas águas
pluviais e acabam sendo direcionados aos mananciais próximos causando impactos
pela sua presença e pelas suas interações com a flora e fauna local. Para identificação
e mensuração destes contaminantes em ambientes aquáticos, podem ser usadas
amostras de águas, sedimentos, materiais particulados, como também de organismos
que vivem nestes sistemas (BETEMPS, SANCHES & KERSTNER, 2014).
Com base nisto, atualmente tem-se realizado diversos estudos com a
finalidade de identificar, quantificar os metais e suas interações danosas aos
diferentes ambientes, solo, ar, água e sedimento, bem como os impactos à saúde
humana e animal.
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2.1 Arsênio
2.2 Bário
2.3 Cádmio
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2.4 Cobre
2.5 Cromo
2.6 Chumbo
2.7 Mercúrio
toxicidade, tanto que tem sido tema para várias pesquisas sobre as concentrações
deste metal em diferentes compartimentos ambientais, como água, sedimento e biota.
O seu ciclo biogeoquímico no ambiente sedimentar é fonte de inquietude para os
órgãos fiscalizadores e para os pesquisadores em geral, pois a acumulação do Hg e
suas transformações são favorecidas pela baixa hidrodinâmica e depleção de
oxigênio. Os sedimentos anóxicos favorecem o desenvolvimento de bactérias
redutoras de sulfato que são importantes metiladoras do Hg (SOUZA &
WASSERMAN, 2015).
2.8 Zinco
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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5. REFERÊNCIAS
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CAPÍTULO 6
CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL POR
DOMISSANITÁRIOS
Elizandra Gomes Schimitt
Emanoeli da Rosa
Marcus Vinícius Morini Querol
Luís Flávio Souza de Oliveira
Michel Mansur Machado
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
2. CLASSES DE DOMISSANITÁRIOS
2.1 Surfactantes
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2.2 Inseticidas
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2.3 Rodenticidas
3. RISCOS À SAÚDE
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5. CONSIDERAÇOES FINAIS
6. REFERÊNCIAS
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CAPITULO 7
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
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2. SOLVENTES ORGÂNICOS
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1180 mg/L, sendo que a maioria dos organismos apresentam CL50 na faixa de 15 a
30 mg/L (FORSTER et al., 1994). A fotossíntese e a respiração dos organismos das
comunidades fitoplantônicas marinhas são inibidas na faixa de 34 mg/L. Nenhum
efeito adverso foi observado em estudos de exposição a longo prazo com três
espécies de peixes de água doce e salgada, em concentrações na faixa de 1,4 a 7,7
mg/L. Os peixes em desova podem detectar e evitar águas contendo tolueno na faixa
de 2 mg/L (WHO, 1985). Os efeitos da exposição ao tolueno são reversíveis e seus
resíduos não se acumulam em peixes ou através da cadeia alimentar aquática.
Os testes de toxicidade aguda em cobaias por inalação indicam valores de
CL50 variando entre 20.000 e 26.000 mg/m3. A DL50 via oral para ratos está
compreendida entre 2,6 e 7,5 g/kg de peso corporal (TIBURTIUS et al., 2004).
Com relação a mutagenicidade do tolueno, a maioria dos testes apresentaram
resultados negativos. O SNC é alvo primário do tolueno e outros alfenilbenzenos.
Manifestações agudas podem variar desde vertigem e cefaleia até coma e óbito. Pode
causar excitação ou depressão, com euforia na fase de indução, seguida de
desorientação, tremores, desânimo, alucinações, convulsões e coma. Pode também
causar anomalias transitórias nas atividades enzimáticas no fígado e problemas
renais. Altos níveis de tolueno podem causar malformação congênita, caracterizada
por microcefalia e alterações faciais semelhante à síndrome alcoólica fetal
(WILKINS-HAUG, 1997).
Diversos métodos podem ser utilizados para a determinação da concentração
de tolueno em águas. O tolueno exibe espectros característicos de ultravioleta,
infravermelho e massa. Os métodos analíticos incluem a espectrofotometria,
envolvendo a nitração seguida de extração com cetonas, espectrofotometria,
estimativa direta por meio de tubos de indicação colorimétrica e a cromatografia
gasosa. Processos físico-químicos como a adsorção ou o arraste com ar podem ser
empregados na remoção de hidrocarbonetos voláteis das águas. Também a
degradação biológica destes compostos é possível em determinadas condições
específicas.
Xileno: conhecido como dimetil-benzeno, é um hidrocarboneto aromático
(C8H10) usado como aditivo à gasolina e é empregado como solvente,
particularmente nas indústrias de fabricação de tintas para a imprensa e nos ateliês
de pintura. A maior parte de xileno liberado ao meio ambiente atinge diretamente a
atmosfera. Nesta, os isômeros de xileno degradam-se rapidamente, principalmente
por foto-oxidação. Os três isômeros (orto-xileno, meta-xileno e para-xileno)
volatilizam-se rapidamente da água para a atmosfera. Na água e no solo, os isômeros
meta e para degradam-se facilmente, em uma ampla variedade de condições aeróbias
e anaeróbias, porém, o isômero orto é mais persistente. Os isômeros de xileno
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5. FISCALIZAÇÃO E MONITORAMENTO
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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
7. REFERENCIAS
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CAPITULO 8
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
removidos pelos tratamentos de água convencionais. Por essa razão, não existem
métodos sanitários eficazes que retirem por completo da água, mesmo em redes de
esgoto tratadas (PINTO et al., 2014). Assim, os medicamentos são causadores de
alterações diretas e indiretas no ecossistema, tais como os antibióticos que, quando
descartados incorretamente, proporcionam o surgimento de resistência bacteriana; já
os hormônios, que são utilizados na reposição ou presentes em anticoncepcionais,
podem afetar o sistema reprodutor de organismos aquáticos, como no caso da
ocorrência de feminização de peixes machos (PINTO et al., 2014). Outra classe
bastante consumida pela população são os complexos vitamínicos, que corroboram
para o acúmulo de metais pesados no solo e na água por conterem em sua composição
metais como Fe, Cr, Mn e Zn.
Embora não existam leis específicas para o descarte de medicamentos no
Brasil, a resolução RDC nº 306 de 2004 dispõe sobre o Regulamento Técnico para o
gerenciamento de resíduos de serviços de saúde quanto a separação,
acondicionamento e coleta de acordo com sua classificação. Adicionalmente, se
dispõe da Lei 12.305 de 2010, a qual institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos
referente à disposição final para resíduos sólidos, incluindo os perigosos
(OLIVEIRA et al., 2015), além de práticas nacionais que foram criadas para o
recolhimento desses produtos, coletando-os e descartando-os da maneira adequada e
eficaz, realizando tratamento e, por fim, uma destinação ambientalmente correta
(CHAVES et al., 2015).
2. ANTIBACTERIANOS
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Tetraciclina A diminuição do acúmulo do fármaco Inibição da síntese protéica pela ligação ANVISA,
no interior da célula bacteriana. reversível à porção 30S do ribossomo, 2007
bloqueando a ligação do RNA
transportador.
Oxazolidinicos Acredita-se que está relacionado com Age inibindo a síntese protéica ANVISA,
mutação no gene 23SrRNA 2007
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A resistência pode ocorrer por Atua pela ligação à fração 30S dos
alteração nos sítios de ligação no ribossomos, inibindo a síntese protéica
Aminoglicoside ribossomo, problemas na ou produzindo proteínas defeituosas. ANVISA,
permeabilidade do fármaco e também 2007
por modificação enzimática.
Pode ocorrer por alteração na enzima Inibição da atividade da DNA girase
DNA girase ou até mesmo por ou da Topoisomerase II, sendo essa ANVISA,
Quinolonas alteração da permeabilidade do enzima essencial para a sobrevivência 2007
fármaco pela membrana da bactéria. bacteriana.
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3. ANTIFÚNGICOS
resistentes, sendo esses caracterizados como micropoluentes resistentes. Este cenário, por
sua vez, cria um sério problema de saúde pública, que poderia ser minimizado com a correta
destinação de resíduos.
4. HORMÔNIOS
A cada ano que passa, inúmeros compostos são produzidos pela indústria
farmacêutica. No entanto, das milhares de substâncias orgânicas e inorgânicas produzidas,
raras são monitoradas ou regulamentadas, com relação ao tempo de vida e eventuais efeitos
quando lançadas no ambiente de forma inadequada. Assim, a presença de micropoluentes
medicamentosos se torna cada vez mais constante em corpos d’água, podendo, dessa forma,
causar danos à saúde humana e de animais, incluindo o sistema endócrino (SANTOS et al.,
2016; MARTINI et al., 2015).
O sistema endócrino é composto por diferentes órgãos e tem por característica
principal a produção e secreção direta de hormônios na corrente sanguínea, que atingem
órgãos-alvo, promovendo ou contribuindo no controle da função de um determinado órgão
(HARZER et al., 2015).
Entre as substâncias capazes de exercer efeitos no sistema endócrino, encontram-se
os desreguladores endócrinos, os quais exercem seus efeitos em concentrações na ordem de
micrograma por litro (μg/L). Esta condição favorece a inferência desses compostos sobre
organismos humanos e animais, mesmo após o tratamento de água convencional, pois os
resíduos que ainda persistem, estão em concentrações capazes de exercer efeito biológico
(MARTINI et al., 2015).
São definidos como desreguladores endócrinos as substâncias exógenas que
apresentam a capacidade de causar efeitos indesejáveis à saúde por desbalancear a ação de
um ou mais hormônios. Não obstante, essas mesmas substâncias, uma vez presentes em
corpos d’água podem interferir no sistema endócrino de organismos aquáticos (HARZER,
2015; VERBINNEN & NUNES, 2010).
Os estrogênios naturais e contraceptivos são substâncias pertencentes a esse grupo,
e há relatos na literatura que demonstram que os sistemas reprodutivos de certos organismos
terrestres e aquáticos são afetados por esses esteroides, promovendo, assim, o
desenvolvimento de anormalidades e deterioração reprodutiva nos organismos expostos
(BILA & DEZOTTI, 2003).
A presença de estrogênio na água pode estar relacionada ao uso de contraceptivos,
sendo que, de acordo com dados da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e
da Mulher (PNDS), só em 2006, estimava-se que aproximadaemnte 27,4% das mulheres na
faixa etária de 15 a 44 anos realizavam o uso de apresentações farmacêuticas hormonais
como método contraceptivo, demonstrando, assim, o elevado consumo desta classe
medicamentosa pela população brasileira feminina. Os estrogênios utilizados como
contraceptivos podem ser naturais, como a estrona, estriol e o 17 β-estradiol; ou sintético,
como o 17 α-etinilestradiol (COLAÇO et al., 2014).
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meio aquático (PONTELLI et al., 2016). Dessa forma, pesquisadores tem se detido em
buscar métodos eficientes de purificação, controle e avaliação dos riscos envolvidos para os
ecossistemas.
Para tanto, é necessário saber os limites de quantificação e de detecção desses.
Daniel e Lima (2014) apresentam um estudo utilizando a metodologia por cromatografia
líquida de alta eficiência (CLAE), que vem de encontro dessa necessidade, onde apresentam
faixas de detecção para alguns hormônios com função contraceptiva. Nele, utilizando como
matriz a água, apresentam a faixa de quantificação e detecção, respectivamente, de 5,25 µgL-
1
a de 1,57 µgL-1 para a estrona; 7,75 µgL-1 e 2,32 µgL-1 para o estradiol; 5,41 µgL-1 e de
1,62 µgL-1 para o 17 β-estradiol; e 3,75 µgL-1 e 1,12 µgL-1 para o 17 α-etinilestradiol.
Já é descrito na literatura que o 17 β-estradiol, em concentrações de 10 ngL-1 na
água, pode induzir hermafroditismo em peixes (MARTINI, 2015), enquanto que os naturais
estrona e estriol, nas concentrações de 1 ngL-1, estão associados aos efeitos de desregulação
endócrina (VERBINNEN et al., 2010).
Santos et al. (2016), analisaram os efeitos toxicológicos de diversos contraceptivos
orais em peixes machos Betta splendens, em concentrações de 10 ngL-1 e constataram uma
redução dos comportamentos ativos e agressivos em todos os grupos tratados, além de
comportamentos atípicos (natação errática). Esses efeitos foram mais evidentes nos animais
do grupo exposto ao 17 β-estradiol, que, dos hormônios ensaiados, foi o que pareceu manter
a agressividade dos machos testados.
Pesquisas demonstraram que a presença do 17 α-etinilestradiol em ambientes
aquáticos promove a feminização de peixes machos, que fora atribuída à produção de
vitelogenina, a qual, em condições normais, não é produzida por peixes machos, somente
pelas fêmeas (MARTINI et al., 2015).
Harzer et al. (2014), analisaram os efeitos crônicos da exposição dos hormônios
estriol e estrona frente a peixes Rhamdia quelen, onde verificaram que esses esteroides
promovem são responsáveis por alterações significativas de aumento de biomarcadores de
lesão hepática, a saber: ALT, AST e ALP, indicando, claramente, diferentes graus de lesão
no hepatócito, condizente com o nível de exposição e absorção desses hormônios.
Assim, fica evidente que os compostos estrógenos causam danos aos organismos
aquáticos, pelo menos em peixes, que são os animais experimentais mais utilizados para esse
tipo de estudo. Contudo, ainda há muito a ser estudado nessa área, são necessários estudos
complementares para traçar um perfil e grau de contaminação por esses micropoluentes.
Durante o período reprodutivo, os peixes necessitam de muita energia para dar conta
dos processos metabólicos que são envolvidos nessa fase cíclica de vida, sem contar que
estão sujeitos às influências de estresse externas, como mudanças na qualidade da água,
variações de temperatura e pH. Sendo assim, é consenso que se faz necessário uma
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RIO URUGUAI: Contribuições Científicas.
6. ANTIINFLAMATÓRIOS
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7. PSICOFÁRMACOS
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RIO URUGUAI: Contribuições Científicas.
destes, 72 eram fármacos, e, dentre eles, encontravam-se com maior frequência a fluoxetina
e a carbamazepina.
De acordo com o Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados
(SNGPC) e a ANVISA, somente no período de 2007 a 2010, os ansiolíticos foram as
substâncias controladas mais consumidas pela população brasileira (SILVA & IGUTI,
2013). Diversas pesquisas confirmaram a presença de antidepressivos em águas residuárias,
mesmo depois de serem submetidas ao processo convencional nas estações de tratamento de
esgotos urbanos (COSTA JUNIOR et al., 2014).
A fluoxetina, fármaco empregado para o tratamento de depressão, transtorno
obsessivo compulsivo (TOC), bulimia nervosa, transtorno do pânico, também é usada
impropriamente para o controle de peso, e essa já foi encontrada tanto em afluentes quanto
em efluentes (BORRELY et al., 2012). Estudos têm revelado que os antidepressivos podem
influenciar na reprodução prematura em moluscos (MIOTTO et al., 2015), sendo que alguns
podem ser considerados como pragas.
Trabalho realizado por Borrely et al. (2012), investigaram os efeitos
ecotoxicológicos do cloridrato de fluoxetina frente à bactéria V. fischeri e o amfípoda H.
azteca, e observaram uma elevada toxicidade para ambos organismos aquáticos. No entanto,
para H. azteca, verificou-se a interferência na sobrevivência a partir de 0,3 ppm, resultando
em mortalidade a partir 1,25 ppm no ensaio com 96 horas de exposição, demonstrando,
assim, que o H. azteca foi mais sensível ao fármaco em questão do que a V. fischeri.
Embora a literatura apresente poucos trabalhos sobre os possíveis efeitos de
substâncias psicotrópicas para os organismos aquáticos, inúmeros pesquisadores têm
buscado métodos de detecção e de eliminação desses micropoluentes presentes tanto no
ambiente aquático quanto no solo, com o propósito de evitar o acúmulo e também a
contaminação de humanos e animais.
8. CAFEÍNA
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS
10. REFERÊNCIAS
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RIO URUGUAI: Contribuições Científicas.
AGUIAR, A.O.; OLIVEIRA, B.B.R.; CARNIB, L.P.A. Efeito dos antioxidantes vitamina C
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COLAÇO, R.; PERALTA-ZAMORA, P.G.; GOMES, E.C. Poluição por resíduos contendo
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UNIDADE IV
BIOLOGIA, ECOLOGIA, CULTIVO E CONSERVAÇÃO
DA ICTIOCENOSE
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CAPITULO 9
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
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canivete (Characidium vestigipinne) (ROSA & LIMA, 2005). Além dessas espécies, o
dourado (Salminus brasiliensis) e o surubim (Pseudoplatystoma corruscans) também são
considerados espécies ameaçadas de extinção, sendo que a pesca dessas espécies está
proibida desde 2002 no Rio Grande do Sul. No entanto, no Uruguai e na Argentina, a pesca
desses animais está liberada, sendo um importante recurso econômico devido ao turismo
com a pesca amadora, já que no rio Uruguai são encontrados os maiores exemplares de
dourados do mundo, podendo atingir um metro de comprimento e superar os 30 quilogramas
(SVERLIJ et al., 2006).
Além do dourado e surubim, os peixes da família Anostomidae que inclui, por
exemplo, os gêneros Leporinus e Schizodon, também são capturados na bacia do rio Uruguai
(SVERLIJ et al., 2006; SILVA, 2014). As espécies pertencentes a esses gêneros são
popularmente conhecidas como piava, piapara, piau, entre outros. Alguns exemplares desses
gêneros podem atingir porte considerável, sendo de grande interesse comercial em virtude
da palatabilidade de sua carne e da pesca amadora (SANTOS, 2000; SVERLIJ et al., 2006).
Na piscicultura, as espécies que têm sido estudadas com maior frequência são o Leporinus
macrocephalus e o Leporinus obtusidens, ambos encontradas na bacia do rio Uruguai
(SILVA, 2014).
Levando em consideração a diversidade da ictiofauna presente na bacia do rio
Uruguai, a possível construção de novas hidrelétricas, a presença de espécies importantes
ameaçadas de extinção, como o surubim e o dourado, e a presença de espécies com alto
potencial para o uso na aquicultura, a conservação dos recursos genéticos se faz necessário
para auxiliar em futuras pesquisas para a manutenção e conservação das espécies ameaçadas
de extinção, assim como para ajudar no desenvolvimento da piscicultura de espécies nativas
no sul do país.
Neste capítulo, os principais métodos utilizados para a conservação dos recursos
genéticos da ictiofauna brasileira são abordados, assim como o que tem sido feito para a
conservação dos recursos genéticos da ictiofauna encontrada na bacia do rio Uruguai até o
momento.
Figura 1: Etapas de identificação de uma espécie de peixe através técnica conhecida como “DNA
Barcode”.
4. BANCOS CRIOGÊNICOS
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
6. REFERÊNCIAS
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Branco, MG: Suprema.
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RIO URUGUAI: Contribuições Científicas.
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Querol, Pessano, Machado e Oliveira (2018)
SVERLIJ, S.B. et al. (2006). Guia ilustrada de las especies mas comunes del rio Urugay
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RIO URUGUAI: Contribuições Científicas.
CAPÍTULO 10
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
para diversas vias de organismos, porém alguns alimentos não são facilmente digeridos,
como exoesqueleto de insetos, celulose e lignina de plantas (CORREIA; SILVA, 2010).
A verificação do hábito alimentar também colabora para o conhecimento da
ocupação de habitat pelas espécies e para auxiliar na compreensão relacionada ao
comportamento, disponibilidade de alimento, variação sazonal e temporal (CORREIA;
SILVA, 2010).
Grande parte desses indivíduos se alimenta de acordo com a oferta de itens
disponíveis no meio ambiente. Por esse motivo, facilmente são incluídos novos alimentos
em sua dieta, de forma que seu hábito alimentar pode ser modificado de acordo com as
alterações morfológicas sofrida pelo peixe ao longo de sua vida (DURÃES et al., 2001).
Os peixes que utilizam das estratégias forrageiras são facilmente nutridos pelos mais
diversos recursos alimentares. O alimento consumido auxilia no reconhecimento da
ictiofauna, grupos tróficos distintos e estrutura da população (ZATTI et al., 2012).
Por conta disso, estudos relacionados à ecologia alimentar referente a esse gênero
estão sendo mais praticados através das análises do conteúdo estomacal dos indivíduos, por
apresentar dados mais precisos, em detrimento do uso do método da análise de intestino. As
análises do conteúdo estomacal resultam dos três métodos primordiais, os quais são:
volumétrico, numérico e gravimétrico. Assim, podendo se caracterizar a composição da dieta
sendo representada por uma lista de presas e suas respectivas frequências de ocorrências ou
quantidades, podendo fazer comparações temporais como: estações, anos e períodos dos
dias; como também espaciais, relacionado a diferentes locais (VITULE; ARANHA, 2002).
Isto posto, apresentamos abaixo a identificação de hábitos alimentares da espécie
Astyanax jacuhiensis, o mês de maior atividade alimentar e a frequência de ocorrência
numérica do item alimentar composto na dieta, o índice de repleção e o coeficiente
estomacal.
2. INTRODUÇÃO
No Rio Grande do Sul, trabalhos na bacia do rio Uruguai médio relacionados com
as comunidades de Astyanax são relativamente escassos. Estudos sobre a composição da
ictiofauna e entendimento dos mecanismos e suas funções contribui para as avaliações de
prováveis alterações ambientais e definições de impactos sobre o ambiente e seus diversos
componentes (COPATTI, 2009).
Uma das famílias que compõe a comunidade do rio Uruguai médio é a família
Characidae, que é uma das maiores e completas entre os peixes neotropicais. São animais
que possuem várias formas corporais, ocupando diferentes habitats e desenvolvendo vários
hábitos alimentares (DIAS; FIALHO, 2009).
Lambari é o nome popular escolhido para abranger várias espécies do gênero
Astyanax, da família Characidae (SUSSEL, 2012). Possui uma extensa distribuição
geográfica, que vai dos Estados Unidos à Argentina (THOFEHRN, 2011).
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o estado alimentar do animal. É importante comentar que estudos sobre o hábito alimentar
servem para fornecer qual é o alimento mais consumido pelo peixe, determinar a variação
de nutrição e para quantificar a porcentagem de consumo de presas de cada indivíduo
(ZACHARIAS, 2008).
Ocorrências de variação sazonal acabam afetando a disponibilidade de alimentos de
determinadas espécies. Sendo assim, algumas espécies acabam migrando para outros
habitats por busca de maior quantidade de alimentos, mas em alguns peixes pode acontecer
adaptabilidade trófica, onde os peixes teriam habilidades de se adaptar a uma grande
diversidade de fontes de alimentos, buscando uma alimentação mais rica nutricionalmente
para suprir suas necessidades. Isso indica como os peixes são flexíveis suficientes para
mudar o seu comportamento alimentar em caso de ausência de alimento. Estudos dessa
temática também auxiliam em formulações de rações para o cultivo das espécies (ATANAN,
2014).
Estudos referentes à espécie Astyanax jacuhiensis na região da Fronteira Oeste do
Rio Grande do Sul são escassos, sendo esta uma espécie pouco explorada em relação à sua
disposição alimentar. Aqui apresentamos uma contribuição para o conhecimento da dieta
alimentar da espécie ao decorrer de um ano, avaliando a alimentação do Astyanax
jacuhiensis no rio Uruguai médio, Munícipio de Uruguaiana, RS, Pampa Brasileiro,
fornecendo subsídios para estudos posteriores, tanto em relação ao nicho da espécie como
para o potencial de cultivo.
3. MATERIAL E MÉTODOS
O presente estudo foi realizado no rio Uruguai, na região do Pampa, em seu curso
médio, situado no município de Uruguaiana, RS (Figura 1). Os peixes foram coletados no
período de maio de 2014 a abril de 2015, a média de captura dos indivíduos foi de 20 peixes
mensais, com o intuito de abranger um ciclo anual de investigação sobre a dinâmica
alimentar da espécie Astyanax jacuhiensis (COPE,1894), (Figura2).
Para a captura dos peixes se utilizou 6 redes de malhas de 1,5 (mm) entre nós
adjacentes e com altura de 1,5 (mm) e uma rede de arrasto manual do tipo picaré, com 5
(mm) de malha, sendo distribuídas em dois pontos: cacaréu 29°45'33"S 57°6'0"W, e próximo
à ponte internacional Agustín Justo Getúlio Vargas, nas coordenadas latitude 29º44´56.10”S,
longitude 57º44´56.10”.
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Figura 2: Exemplar de Astyanax jacuhiensis, capturado na Bacia do rio Uruguai Médio, município de
Uruguaiana/RS, Pampa Brasileiro.
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RIO URUGUAI: Contribuições Científicas.
ON=NODP X 100
NTPP
Onde:
NODP = Número de ocorrência de determinada presa
NTPP = Número total de presas presentes
4. RESULTADOS
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Figura 3: Grau de repleção das fêmeas de Astyanax jacuhiensis no período de maio de 2014 a abril de
2015, coletados na bacia do rio Uruguai em seu curso médio, Oeste no Rio Grande do Sul, no
município de Uruguaiana, Brasil.
Figura 4: Grau de repleção dos machos de Astyanax jacuhiensis no período de maio de 2014 a abril
de 2015, coletados na bacia do rio Uruguai em seu curso médio, Oeste no Rio Grande do Sul, no
município de Uruguaiana, Brasil.
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RIO URUGUAI: Contribuições Científicas.
Figura 5: Relação peso do estômago (We) e peso total (WT) de fêmeas e machos Astyanax jacuhiensis
no período de maio de 2014 a abril de 2015, coletados na bacia do rio Uruguai em seu curso médio,
Oeste no Rio Grande do Sul, no município de Uruguaiana, Brasil.
Em relação ao IHS das fêmeas, se observou que os lambaris acumulam energias para
suportar o período de inverno, coincidindo aos dados obtidos na relação (We/WT) (Figura
5). Outro pico de atividade ocorre na primavera, sugerindo que o fígado também está
disponibilizando suas energias para o período de reprodução (Figura 6).
Em relação aos machos, grande parte da energia está relacionada ao período de
inverno (Figura 7). A diferença no comportamento entre machos e fêmeas da espécie pode
estar relacionada à necessidade das fêmeas também necessitarem de energia para
vitelogênese, além de suportarem o inverno.
Figura 6: Índice hepatossomático das fêmeas Astyanax jacuhiensis no período de maio de 2014 a abril
de 2015, coletados na bacia do rio Uruguai em seu curso médio, Oeste no Rio Grande do Sul, no
município de Uruguaiana, Brasil.
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Querol, Pessano, Machado e Oliveira (2018)
Figura 7: Índice hepatossomático dos machos Astyanax jacuhiensis no período de maio de 2014 a
abril de 2015, coletados na bacia do rio Uruguai em seu curso médio, Oeste no Rio Grande do Sul,
no município de Uruguaiana, Brasil.
Figura 8: Relação comprimento total do estômago e peso total das fêmeas de Astyanax jacuhiensis,
no período de maio de 2014 a abril de 2015, coletados na bacia do rio Uruguai em seu curso médio,
Oeste no Rio Grande do Sul, no município de Uruguaiana, Brasil.
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RIO URUGUAI: Contribuições Científicas.
Figura 9: Relação comprimento total do estômago e peso total dos machos de Astyanax jacuhiensis,
no período de maio de 2014 a abril de 2015, coletados na bacia do rio Uruguai em seu curso médio,
Oeste no Rio Grande do Sul, no município de Uruguaiana, Brasil.
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Querol, Pessano, Machado e Oliveira (2018)
Figura 11: Ocorrência numérica de fêmeas e machos, preferência alimentar de Astyanax jacuhiensis
no período de maio de 2014 a abril de 2015, coletados na bacia do rio Uruguai em seu curso médio,
Oeste no Rio Grande do Sul, no município de Uruguaiana, Brasil.
5. DISCUSSÃO
Os estudos realizados por Correia & Silva (2010) para a espécie de Astyanax
asuncionensis, nos períodos de novembro, dezembro e janeiro, observaram os seguintes
graus de repleção: 27% de cheio; 16% parcialmente cheio; 15% parcialmente vazio e 42%
vazio. E nos meses de junho, julho e agosto registrou 14% cheio; 22% parcialmente vazio e
64% vazio. Os autores descrevem que esses resultados estão relacionados às modificações
das variações sazonais e disponibilidade de alimento, ocorrendo uma modificação na dieta
da maioria dos peixes do gênero Astyanax. Esses resultados são diferentes aos encontrados
para a espécie Astyanax jacuhiensis, fato que pode ter relação com os períodos sazonais.
Destaca-se que na região do rio Uruguai médio, tem-se invernos rigorosos o que faz com
que as espécies tenham uma adaptação comportamental. Ainda, os dados são semelhantes
aos encontrados por Bastos (2002), que descreve para Astyanax sp. o índice de repleção
como constante, mas havendo picos no inverno e verão.
Verificou-se que o maior número de atividade alimentar para a espécie de Astyanax
jacuhiensis está localizado nas estações de outono e inverno (Figura 5). Corroborando com
esse resultado, Bastos (2002) também descreve para o gênero de Astyanax sp, os períodos
de inverno. Diferentemente, Andrian et al. (2001), estudando a espécie Astyanax
bimaculatus, aponta que o maior registro de atividade alimentar está nas estações de
primavera e verão.
Em relação ao índice hepatossomático do gênero Astyanax sp, Bastos (2002)
registrou acontecer nas estações de outono, inverno e primavera, reservando a energia para
os períodos com temperatura baixas. Querol (1998), estudando Loricariichthys
platymetopon, na mesma região deste estudo, obteve um maior índice a partir de maio até
julho, tendo picos para fêmeas em maio e junho para machos, coincidindo com os resultados
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da espécie Astyanax jacuhiensis. O autor informa que as reservas estão sendo acumuladas
para o período de inverno, pois o IHS está relacionado com o acúmulo das energias para
serem utilizadas na reprodução ou suportar os períodos de temperaturas baixas.
Por não haver muitos estudos relacionados ao comprimento total do estômago (LTe)
e peso total (WT), e por ter mais estudos referente ao hábito alimentar analisando o intestino
do animal, não foi encontrado outros autores que descrevessem a relação LTe/WT, porém,
Querol (1998), para espécie Loricariichthys platymetopon, identificou na relação
comprimento total do intestino (LTi) e comprimento total (LT) uma maior atividade nas
estações de outono e inverno, que veio a corroborar com os resultados deste estudo.
Conforme os autores Gamiero & Braga (2003) descrevem, a frequência de
ocorrência alimentar para espécie Astyanax altiparanae é de sementes. Esse dado está em
consonância com nosso estudo que aponta para maior frequência de arroz, que é a principal
cultura do agronegócio da região do Pampa, seguida de sementes em geral. Além desses, os
insetos também são bem representados na dieta do lambari. Segundo Felipe et al. (2007), a
preferência alimentar de Astyanax bimaculatus encontrada em seu estudo foi de sedimento,
matéria orgânica, escamas, algas, insetos, arroz, moluscos e semente. Correia & Silva (2010)
descrevem como itens alimentares de maior frequência para Astyanax asuncianensis os
insetos das ordens Coleoptera, Diptera, Hemíptera, Hymenoptera, larva de coleoptera,
vegetação, frutos, semente, escama e sedimento, havendo uma maior predominância para
insetos, vegetação e Coleoptera. Segundo Peretti (2006), para a espécie A. altiparanae, a
predominância de item alimentar é de algas, vegetação e insetos, das ordens: Coleoptera,
Ephemeroptera, Hymenoptera, Hemeptera, Odonata, Diptera, Lepdoptera, Orthoptera e
outros restos de insetos não identificados. Bastos (2002), para o gênero de Astyanax sp.,
relata maior ocorrência em matérias vegetais, insetos das ordens Ephemeraptera, Diptera,
Chiranamidae e restos de outras ordens de insetos não identificadas.
6. CONCLUSÃO
Pode-se concluir que durantes os meses de inverno o lambari reserva energia para
suportar as temperaturas baixas. Adicionalmente, se percebe uma maior atividade alimentar
nesse período. Os itens encontrados na dieta sugerem que a espécie de Astyanax jacuhiensis
possui um hábito alimentar onívoro, com tendência herbívora-insetívora.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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8. REFERÊNCIAS
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CAPÍTULO 11
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
são variações sazonais nas taxas de crescimento que refletem os efeitos dos fatores
ambientais (exógenos) e dos fatores endógenos (WOOTTON, 1991). Através do estudo
desses fatores, é possível a compreensão das variações que ocorrem dentro e entre as
populações de peixes.
Vários eventos durante a vida de uma espécie de peixe são responsáveis pelas
variações que ocorrem em seus padrões de crescimento. A reprodução (BARBIERI, 1983);
o fotoperíodo (ROSS & HUNSTMAN, 1982); a salinidade (FAGADE, 1974); o suprimento
alimentar (BEVERTON & HOLT, 1957; BRUTON & ALLANSON, 1974; BOW & RING,
1978); o hábito alimentar (OLMSTED & KILAMBI, 1978) e as categorias tróficas, as quais
os peixes pertencem (GRIMES, 1978). As estimativas dos parâmetros de crescimento de
espécies ou populações ícticas são de importância fundamental, não apenas para o
entendimento dos eventos de seu ciclo de vida e aspectos comportamentais, como também
para a administração e manejo daquelas que se constituem em recursos pesqueiros, por serem
indispensáveis para a estimativa da produção (NIKOLSKI, 1969; GULLAND, 1977).
A determinação da idade em peixes de regiões tropicais é um desafio, dado o fato
das marcas de crescimento (anéis em estruturas ósseas dos peixes) não serem tão evidentes
quanto nas regiões temperadas, onde os padrões de variação sazonal de temperatura e
luminosidade são mais conspícuos. Como consequência, é possível que eventos de
importância secundária determinem a formação de marcas que tenham nitidez semelhante
àquelas sazonais utilizadas na determinação da idade. Isto requer um cuidado adicional na
validação dos anéis e na consolidação dos dados. A validação dos anéis não é, entretanto,
uma exigência restrita às determinações de idade de peixes de regiões tropicais. Apesar das
dificuldades nesse tipo de estudo, particularmente na região tropical, a comunidade científica
tem demonstrado que essa informação é fundamental para o ecológico, biológico e também
do manejo dos recursos pesqueiros.
2. INTRODUÇÃO
São poucas as informações sobre a biologia e ecologia dos peixes de água doce da
região temperada neotropical, especialmente na bacia do rio Uruguai, da nascente até seu
curso médio. Por isso, é difícil quantificar os efeitos derivados das mudanças ambientais
naturais e as produzidas pelo impacto antrópico, que prejudicam e podem vir a agravar os
efeitos sobre a ictiofauna (Querol, 1998).
Segundo Lima et al. (2003), o gênero Astyanax é considerado relativamente comum,
sendo o mais diversificado da família Characidae. Revelando também várias formas
semelhantes, formando um complexo, do ponto de vista taxonômico (GARUTTI; BRITSKI,
2000). Possui ampla distribuição geográfica e seus representantes são facilmente
encontrados em rios neotropicais (BRITSKI, 1972).
Os representantes desse gênero são popularmente conhecidos como lambaris,
tambiús, tetras ou piabas, sendo caracterizados por apresentarem linha lateral completa,
dentes pré-maxilares dispostos em duas séries, nadadeira caudal nua, com escamas apenas
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Querol, Pessano, Machado e Oliveira (2018)
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RIO URUGUAI: Contribuições Científicas.
3. MATERIAL E MÉTODOS
4. METODOLOGIA DE COLETA
Para a captura dos peixes foram utilizadas 6 redes de malha de 1,0 a 1,5 mm de
entrenós adjacentes, com altura de 150 mm, distribuídas nos 2 pontos de coleta
determinados, às margens do rio Uruguai e uma rede de arrasto manual do tipo picaré, com
5 mm de malha. As coletas foram realizadas no período da tarde permanecendo até ao final
do entardecer, pois neste período tem-se observado uma maior atividade e presença dos
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Querol, Pessano, Machado e Oliveira (2018)
Foi estabelecida a proporção sexual para o período total, por mês e por classe de
comprimento, aos resultados foi aplicado o teste do qui-quadrado (x²) para identificar as
possíveis diferenças estatisticamente significativa.
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Querol, Pessano, Machado e Oliveira (2018)
A relação peso total (Wt) e comprimento padrão (Ls) foi utilizado neste trabalho
com o propósito de estabelecer uma estimativa através do peso de um peixe o seu respectivo
comprimento e vice e versa.
A relação entre duas variáveis (a e b) para teleósteos, é universalmente ajustada por
uma equação potencial do tipo W = a .Lsb, onde: W é o peso do indivíduo: a é o coeficiente
linear da relação peso-comprimento; Ls é o comprimento padrão; e b é o coeficiente angular
da forma aritmética da relação peso comprimento e a inclinação da linha de regressão na
forma logarítmica, onde o parâmetro b tende a assumir valores próximos a 3,0, quando o
crescimento é isométrico. Um valor significativamente maior ou menor que três indica
crescimento alométrico (TESCH, 1971).
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nos estudos sobre proporção sexual devem ser analisados dados coletados durante
um período de doze meses e enfocados, no mínimo, três aspectos: a estrutura da população
para o período como um todo, a variação mensal da proporção entre fêmeas e machos e a
variação da proporção sexual por classe de comprimento (VAZZOLER,1996). Além desses,
foram estabelecidos, por estações, a proporção sexual durante o período reprodutivo e não
reprodutivo. E aplicou-se aos resultados o teste do qui-quadrado (x²). Durante o estudo,
foram capturados um total de 243 indivíduos, sendo 133 fêmeas e 110 machos.
Na análise da proporção sexual para o período total de estudo, demonstrou-se um
forte predomínio das fêmeas com (57%) e machos (43%), na distribuição da frequência
(Figura 3). Inclusive, a análise mensal da estrutura da população demonstrou predomínio
significativo de fêmeas, principalmente no período de inverno e primavera (Figura 4; Tabela
1).
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Figura 4: Distribuição mensal da proporção sexual entre fêmeas e machos de Astyanax jacuhiensis da
Bacia Hidrográfica do Rio Uruguai Médio, Pampa Brasileiro, considerando o período total de estudo.
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A proporção sexual média obtida para um total de 243 indivíduos durante o período
de estudo foi de 1,50 fêmeas para cada macho. O valor obtido através do teste do ( 2),
considerando-se uma proporção esperada de 1:1, demonstra que não há diferença
significativa na maioria dos meses, excetuando o mês de agosto, quando tomamos a
população amostrada ( 2 calc =; 1,28 g.l = 1). Analisando a proporção mensal entre machos
e fêmeas verificou-se ao longo do ano encontra-se uma maior proporção de fêmeas em
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Querol, Pessano, Machado e Oliveira (2018)
relação aos machos (56,71% e 43,29%, respectivamente), embora não registra-se diferença
significativa para o período anual (tabela 1).
Segundo Vazzoler (1996), a proporção sexual em peixes varia ao longo do ciclo de
vida em função de eventos sucessivos, que atuam de modo distinto sobre os indivíduos de
cada sexo. Essa diferença provavelmente é devida ao comportamento diferenciado entre
machos e fêmeas (RAPOSO; GURGEL, 2001; VAZZOLER,1996). Gurgel (2004) sugere
que esta diferença pode ser explicada pelo fato das fêmeas, devido ao peso da gônada,
tornarem-se mais susceptíveis à captura.
Tabela 1: Distribuição mensal da proporção sexual (F:M) entre fêmeas e machos de Astyanax
jacuhiensis, porcentagem e “qui-quadrado” da Bacia Hidrográfica do Rio Uruguai Médio, Pampa
Brasileiro, para o período total de estudo.
*Significativo (p<0,05).
*Significativo (p<0,05).
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RIO URUGUAI: Contribuições Científicas.
Tabela 3: Proporção sexual durante as quatro estações do ano, de Astyanax jacuhiensis da Bacia
Hidrográfica do Rio Uruguai Médio, Pampa Brasileiro, para o período total de estudo.
*Significativo (p<0,05).
Para a análise por classe de idade, foram utilizados 243 indivíduos para o período
total de estudo. Através dessa amostragem, dividiu-se os indivíduos em 3 classes etárias. A
distribuição das frequências por classe etária permite inferir que ambos os sexos podem ser
registrados com maior longevidade (Tabela 4).
Tabela 4: Distribuição das frequências dos exemplares de machos e fêmeas de Astyanax jacuhiensis
por grupo etário, da Bacia Hidrográfica do Rio Uruguai Médio, Pampa Brasileiro, para todo o
período estudo. N = 243
*Significativo (p<0,05).
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Querol, Pessano, Machado e Oliveira (2018)
Tabela 5: Comprimento total médio para as fêmeas e para os machos de Astyanax jacuhiensis do
Rio Uruguai Médio, Pampa Brasileiro, por classe de idade.
Tabela 6: Peso total médio para as fêmeas e para os machos de Astyanax jacuhiensis do Rio Uruguai
Médio, Pampa Brasileiro, por classe de idade.
As médias mensais do peso total das fêmeas demonstraram maiores valores nos
meses de maio (15,8 g), agosto (13,28 g) e dezembro (13,57 g); e a maior média do
comprimento padrão em maio com (8,40 cm) (Figura 6).
Figura 6: Médias mensais do comprimento padrão (Ls) (cm) e do peso total (Wt) (g) para as fêmeas
de Astyanax jacuhiensis do Rio Uruguai Médio, Pampa Brasileiro, durante os 12 meses de estudo.
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Figura 7: Médias mensais do comprimento padrão (Ls) (cm) e do peso total (Wt) (g) para os machos
de Astyanax jacuhiensis do rio Uruguai Médio, Pampa Brasileiro, durante os 12 meses de estudo.
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Figura 8: Relação peso comprimento para fêmeas n=133 de Astyanax jacuhiensis do rio Uruguai
Médio.
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Querol, Pessano, Machado e Oliveira (2018)
Figura 9: Relação peso comprimento para machos n=110 de Astyanax jacuhiensis do rio Uruguai
Médio.
Figura 10: Relação peso comprimento para toda população n=243 de Astyanax jacuhiensis do rio
Uruguai Médio.
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RIO URUGUAI: Contribuições Científicas.
Figura 11: Regressão Multiplicativa entre o comprimento padrão (Ls) dos indivíduos e o raio total
das escamas (Rtescama) para toda população de Astianax jacuhiens do rio Uruguai Médio, Pampa
Brasileiro, durante os 12 meses de estudo. N=243
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Querol, Pessano, Machado e Oliveira (2018)
médias de comprimento e peso de cada grupo etário (método direto). Desta forma, a equação
ajustada apara espécie pode ser utilizada como parâmetro de determinação de variáveis e
suas inter-relações com a idade, comprimento e a velocidade de crescimento (k).
As diferenças de peso estimado das fêmeas podem estar relacionadas com o fato das
gônadas alcançarem maior tamanho durante a época de reprodução em relação aos machos
(AMBRÓSIO & HAYASHI, 1997).
Figura 12: Curva de crescimento em comprimento padrão (Ls) para toda a população de Astyanax
jacuhiensis, comparando o comprimento observado com o crescimento determinado pela equação de
Von Bertalanffy.
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Figura 13: Curva de crescimento em peso total (Wt) para toda a população de Astyanax jacuhiensis,
comparando o peso observado com o crescimento determinado pela equação de Von Bertalanffy.
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Figura 14: Curva de crescimento em comprimento padrão (Ls) para as fêmeas de Astyanax
jacuhiensis, comparando o comprimento observado com o crescimento determinado pela equação de
Von Bertalanffy
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Figura 15: Curva de crescimento em peso total (Wt) para as fêmeas de Astyanax jacuhiensis,
comparando o peso observado com o crescimento determinado pela equação de Von Bertalanffy.
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Figura 16: Curva de crescimento em comprimento padrão (Ls) para os machos de Astyanax
jacuhiensis, comparando o comprimento observado com o crescimento determinado pela equação de
Von Bertalanffy.
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Figura 17: Curva de crescimento em peso total (Wt) para os machos de Astyanax jacuhiensis,
comparando o peso observado com o crescimento determinado pela equação de Von Bertalanffy.
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Figura 18: Crescimento marginal (Gi) dos machos de Astyanax jacuhiensis da Bacia Hidrográfica do
Rio Uruguai Médio, Pampa Brasileiro, durante os 12 meses de estudo.
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RIO URUGUAI: Contribuições Científicas.
Figura 19: Crescimento marginal (Gi) das fêmeas de Astyanax jacuhiensis da Bacia Hidrográfica do Rio
Uruguai Médio, Pampa Brasileiro, durante os 12 meses de estudo.
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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar das coletas terem sido prejudicadas devido ao alto nível do rio, na época do
estudo, o que dificultou o acesso aos locais de coleta e a colocação das redes de espera,
considerando o período de coletas compreendido entre maio de 2014 a abril de 2015,
completando um ciclo anual de investigações, abrangendo as quatro estações do ano no rio
Uruguai Médio, Uruguaiana/RS, Pampa Brasileiro, foi possível determinar a idade do A.
jacuhiensis através de leituras de escamas. Essas estruturas se mostraram regulares em uma
escala de tempo e crescem ao longo da vida dos indivíduos, o que torna recomendável a
utilização dessa técnica para a determinação da idade para esta espécie.
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Querol, Pessano, Machado e Oliveira (2018)
CAPÍTULO 12
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
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RIO URUGUAI: Contribuições Científicas.
2. INTRODUÇÃO
3. METODOLOGIA
Figura 1: Mapa de localização do estado do Rio Grande do Sul (A) e Rio Uruguai
médio, distrito de São Marcos, (29º 30’ 20,’’S/ 56º 50’ 41,9’’W) situado no Município
de Uruguaiana (B). O circulo indica a área de estudo.
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RIO URUGUAI: Contribuições Científicas.
Onde:
Neo = número de estômagos onde se encontrou um determinado organismo
Nee = número de estômagos examinados
Onde:
Nodp = número de ocorrências de determinada presa.
Ntop = número total de presas presentes.
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Querol, Pessano, Machado e Oliveira (2018)
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
digestão e assimilação que necessita de uma grande área para absorção Fugi et al.,
(2001).
O aparelho digestório foi analisado morfologicamente e o estômago foi
caracterizado em três regiões (Figura 4), a 1ª ligada diretamente ao esôfago, tem
paredes delgadas e aparência saculiforme é denominado estômago cárdico ou
químico, sendo responsável pelo início da digestão ácida dos alimentos; a 2ª com
paredes bastantes espessas e rígidas e certa semelhança com uma moela, é
denominado estômago mecânico ou pilórico, estando envolvido na trituração dos
alimentos ligando as duas regiões a uma estrutura curva, semelhantes a um joelho,
referida neste trabalho com região anterior do intestino.
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RIO URUGUAI: Contribuições Científicas.
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RIO URUGUAI: Contribuições Científicas.
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Uma análise da freqüência dos itens ingeridos pela espécie mostra que
Navícula sp foi o alimento mais abundante encontrado em todas as estações do ano
com a dominância da divisão Bacillariophyta seguida da divisão Chlorophyta. Dados
semelhantes aos encontrados por Querol (1998), ao estudar uma espécies de cascudo
Locariichtyes platymetopon, na barragem da estância Nova Esperança, (RS), Giora
& Fialho (2003) para S. brevipinna, na bacia do rio Ibicuí-Mirim (RS) e Teixeira e
Gurgel (2004) para Steindachnerina notonota Miranda-Ribeiro 1937, no Açude de
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Querol, Pessano, Machado e Oliveira (2018)
Riacho da Cruz, fazendo parte dos itens alimentares das diferentes espécies.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
7. REFERÊNCIAS
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RIO URUGUAI: Contribuições Científicas.
CAPÍTULO 13
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O Brasil já dispõe de razoável tecnologia de criação das espécies nativas, ainda assim,
há a necessidade de se conhecer melhor a biologia de algumas espécies que apresentam
grande potencial para a piscicultura (CASTAGNOLLI, 1992). A criação de novas espécies
de peixes em cativeiro será uma opção importante, pois permitirá um aumento sobre os
estoques pesqueiros. Isto nos indica a necessidade e prioridade de resguardar o setor,
requerendo o conhecimento científico da biologia e ecologia de peixes de água doce. É cada
vez mais urgente que órgãos públicos e universidades estudem e selecionem novas espécies
que possam contribuir para o desenvolvimento de uma piscicultura sustentável (VAL &
HONCZARIK, 1995; VAL et al., 2000). Segundo Santos et al. (1991), a exploração desse
recurso natural deve ser racional voltada para a preservação das espécies de peixes de água
doce. De acordo com Pereira Filho et al. (1991) e Honczaryk (1995), uma das alternativas
para evitar a sobrepesca dos bancos pesqueiros naturais é a criação de peixes em
confinamento, que é limitada pela falta de conhecimento sobre a biologia de espécies com
potencial para cultivo, incluindo espécies como a sardinha prata e o cascudo viola. Um
aspecto importante na reprodução da sardinha é a sua sensibilidade ao manejo, pois este
animal geralmente morre logo após sua captura. Desta forma, a sardinha prata necessita de
aplicações de tecnologias que possam manter os padrões ambientais do seu ambiente natural,
como a qualidade de água. Talvez pela dificuldade de manejo, a sardinha prata é uma espécie
nativa que vem sendo pouco utilizada para fins de piscicultura. Em relação ao cascudo viola,
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Querol, Pessano, Machado e Oliveira (2018)
trata-se de uma espécie amplamente encontrado na bacia do rio Uruguai médio, conforme
relatos de pescadores da cidade de Uruguaiana e Itaqui, tendo, assim, uma disponibilidade
de captura de matrizes em meio natural.
Conforme Querol (1995), com a crescente demanda de alimentos, especialmente de
proteínas de origem animal, se percebe a necessidade de buscar a criação e aprimoramento
das técnicas de produção das espécies nativas, evitando o impacto produzido pela
importação de espécies exóticas e permitindo a exploração autossustentada e o
gerenciamento das populações nativas. Ainda, Querol (1995) relata que existem poucas
informações sobre a sistemática, biologia e ecologia dos peixes, especialmente na região do
médio Uruguai. Os trabalhos existentes referem-se à sistemática dos peixes do alto e baixo
Uruguai. Além disso, outro aspecto que chama a atenção é que algumas espécies de peixes
que não eram comercializadas, passam gradativamente a ocupar um lugar no mercado, como
é o caso do cascudo Hypostomus commersonii e do Loricariichthys anus (MELO et al.,
1995). Neste contexto, investigações sobre desenvolvimento embrionário e larval dos peixes
são muito importantes, pois podem ser utilizados como base de conhecimento para serem
empregadas no seu cultivo. Segundo Vazzoler (1997), os estudos de ecologia de ovos e
larvas nos ambientes naturais encontram-se ainda pouco estudados, porém, a reprodução
natural, nos cursos d’água, sofre decadência em curto espaço de tempo em função das
agressões ambientais, que modificam a vida aquática.
Mesmo com o aprimoramento das técnicas de reprodução, alimentação e manejo na
piscicultura, muitos problemas precisam ainda ser resolvidos, principalmente com relação à
larvicultura de peixes, que representa um forte ponto de estrangulamento na produção de
larvas e juvenis (BEERLI et al., 2004).
Outro aspecto importante é a avaliação e o monitoramento da qualidade da água.
Segundo Woynarovich & Hórvath (1983), a qualidade de água é um dos fatores mais
importantes no processo de incubação de ovos e larvicultura. Fatores físicos, químicos,
biológicos e mecânicos precisam estar em perfeita harmonia com as exigências das espécies,
garantindo o sucesso da incubação e larvicultura.
O conhecimento dos parâmetros físicos e químicos da água ideais para o
desenvolvimento de peixes é de extrema importância para pesquisas com espécies nativas
(RIBEIRO et al., 1995) e para a piscicultura de modo geral. Inúmeros foram os motivos que
nortearam a projeção de uma incubadora portátil, denominada INCUBADORA 12V. Dentre
eles, destaca-se: a) A possibilidade de ser utilizada como um laboratório móvel para
reprodução de espécies sensíveis ao manejo, como é o caso da sardinha prata (Lycengraulis
grossidens); b) A alta demanda de alevinos e precária oferta; c) A necessidade de uma
aproximação de tecnologias simplificadas e de fácil concepção por produtores dos diversos
níveis para reprodução de peixes de água doce.
Por todos os atributos já citados, que envolvem a perpetuação e preservação das
espécies sardinha prata e do cascudo viola, o presente trabalho teve como objetivo projetar,
desenvolver e operar um novo sistema de incubação de ovos de peixes de água doce, bem
como garantir a sobrevivência das larvas até absorverem o saco vitelínico e estarem aptas à
recepção de alimento.
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RIO URUGUAI: Contribuições Científicas.
2. METODOLOGIA
A pesquisa foi dividida em três etapas: Etapa I, a confecção da incubadora NUPI 12.
A segunda etapa foi subdividida em duas, Etapa II (a), que consistiu em verificar a
incubadora na manutenção da qualidade da água sem a adição de material biológico (sem a
inserção de ovócitos e ovos); Etapa II (b), que avaliou a adição de material biológico
(ovócitos e ovos). E a Etapa III, que consistiu em testar eficiência da incubadora portátil no
desenvolvimento embrionário dos ovócitos da Sardinha prata (Lycengraulis grossidens),
(Figura 1) e do Cascudo viola (Loricariichthys platymetopon), (Figura 2).
Figura 2: Exemplar macho adulto de Loricariichthys platymetopon coletado com ovos na boca.
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RIO URUGUAI: Contribuições Científicas.
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Querol, Pessano, Machado e Oliveira (2018)
embrionário do cascudo viola até a absorção do saco vitelínico e da sardinha prata até a
comprovação da fecundação e do início do desenvolvimento.
platymetopon se reproduz nos meses mais quentes e que os machos têm cuidado parental,
carregam os ovos até o momento da eclosão.
A seguir, a desova foi da mesma forma que a sardinha, inserida na (NUPI 12), para
acompanhamento do desenvolvimento embrionário. Foram retiradas amostras dos ovócitos
de hora em hora e analisadas com auxílio de lupa acoplado a um computador. Através do
registro fotográfico foi possível verificar a fecundação dos ovos e o desenvolvimento
embrionário dos ovócitos dos cascudos e sardinha.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1. Etapa I: Confecção da Incubadora NUPI 12V.
A incubadora portátil foi confeccionada contendo como itens principais uma fonte de
energia, cabo elétrico, mangueira de silicone e garrafas PET de 10 L e 5 L, sendo estas, uma
inserida dentro da outra, como pode ser observado na Figura 3.
A mesma permite que se encaixe uma mangueira de silicone e que seja captada a água
diretamente do meio (açude, rio lago, etc..). Também possibilita o seu funcionamento em
diferentes locais, permitindo ser instalado um laboratório móvel (Figura 4), pois, como
mencionado, possui como fonte de energia uma bateria 12 V, mas pode ser acoplada a uma
fonte de energia elétrica.
O principal diferencial da incubadora é que permite ser instalada no local onde está
sendo coletados os ovócitos ou ovos que serão introduzidos na incubadora, podendo, desta
forma, manter e até mesmo melhorar os parâmetros físicos, químicos e biológicos da água.
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Querol, Pessano, Machado e Oliveira (2018)
Figura 4: Incubadora NUPI 12 instalada como Laboratório móvel nas margens do rio Uruguai.
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Querol, Pessano, Machado e Oliveira (2018)
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RIO URUGUAI: Contribuições Científicas.
Nos níveis de amônia encontrados neste trabalho (Figura 8), não foi observada
diferença significativa entre os controles e os tratamentos. Embora os níveis de amônia se
elevassem em 0,025 ppm, estes não vêm interferir nos padrões considerados ideais para o
cultivo de peixes. De acordo com Kubitza (1999), valores de amônia não ionizada acima de
0,20 mg/L são suficientes para induzir toxicidade crônica e levar a uma diminuição do
crescimento e da tolerância dos peixes a doenças. Níveis de amônia entre 0,70 e 2,40 mg/L
podem ser letais para os peixes, quando expostos por curto período.
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Querol, Pessano, Machado e Oliveira (2018)
Com relação aos níveis de nitrito (Figura 9) encontrados neste trabalho, não foi
observada diferença significativa entre os tratamentos e os controles. No T2, os níveis de
nitrito atingiram o valor máximo de 0,025 ppm, sendo também considerados dentro dos
padrões de qualidade de água para o cultivo de organismos aquáticos.
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RIO URUGUAI: Contribuições Científicas.
Parâmetro/
21:00 0:00 03:00 06:00 09:00 12:00
Horário
Oxigênio (mg/L) 8,2 8 6 7,1 6,1 6,3
pH (mg/L) 7,21 7,81 7,87 7,81 7,62 7,7
Temperatura (ºC) 24,5 20 18 17 18 24
Temp.H2O (ºC) 21 21 20 20 19 20
Amônia (ppm) 0,25 0,25 0,25 0,1 0,1 0,025
Nitrito (ppm) 0,025 0,025 0,025 0 0 0,025
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RIO URUGUAI: Contribuições Científicas.
Figura 11. Ovo de Lycengraulis grossidens fecundado logo após processo de extrusão.
A fertilização é um processo de fusão celular (OHTA, 1991) que inicia como o contato
de um espermatozóide e um ovócito e culmina na união dos núcleos destas células. Segundo
Godinho (2007), a grande maioria dos teleósteos (peixes da classe Acnopterygii), dentre os
quais estão os peixes brasileiros de água doce utilizados na aquicultura, apresenta, em geral,
as seguintes características reprodutivas: a) Desenvolve ovócitos e espermatozoides em
sexos separados; b) É ovípara e libera os ovócitos em meio aquático; c) Na maioria das
espécies os embriões se desenvolvem sem cuidado parental, mas existem espécies que
mostram cuidado parental de um dos pais ou ambos; d) Os embriões contam com o vitelo
para seu desenvolvimento; e) A ruptura da casca do ovo libera o embrião, agora denominado
larva, cujo desenvolvimento ainda não está completo; f) O desenvolvimento larval se
completa na pós–larva, em momentos definidos após a eclosão, de acordo com a espécie.
Para este estudo, foi utilizada a classificação de Faustino et al. (2010), ou seja, a expressão
“ovócito” refere-se ao gameta feminino, antes da fertilização. O termo “ovo” referiu-se aos
estágios compreendidos entre a fertilização até o final da gastrulação, quando então ocorre
a formação do eixo embrionário passando a ser denominado "embrião".
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Querol, Pessano, Machado e Oliveira (2018)
Figura: 13, 14, 15,16, 17, 18, 19 e 20. Desenvolvimento Embrionário de L. platymetopon, durante o
período de 72 h até a absorção do saco vitelino.
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RIO URUGUAI: Contribuições Científicas.
4. CONCLUSÕES
Nas condições em que a pesquisa foi realizada foi possível inferir que a incubadora
portátil NUPI 12 V é capaz de manter e até melhorar os padrões de qualidade de água
considerados ideais para o cultivo das espécies L. grossidens e L. platymetopon, bem como
proporcionar o pleno desenvolvimento destas espécies. Além disso, a mesma possibilita o
uso com recirculação e reutilização da água, mantendo em condições satisfatórias os
parâmetros físicos e químicos da água como pH, oxigênio dissolvido, amônia e nitrito.
Finalmente, a incubadora por ser um equipamento feito de materiais recicláveis, torna
possível que os pequenos produtores possam utilizá-la para o cultivo de espécies pouco
exploradas e sensíveis ao manejo.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
6. REFERÊNCIAS
ALABASTER, J. S.; LLOYD, R. Water quality for freshwater fish. 2thed. London:
Butterworth Scientific, 1982.
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Querol, Pessano, Machado e Oliveira (2018)
HUTCHINSON, G.E. A treatise of limnology. John Wiley & Sons, New York. 1975.
HELFMAN, G. S.; COLLETTE, B. B.; FACEY, D. E. The diversity of fishes.
Massachusetts: Blackwell Sciense, USA, p. 117-134, 2000.
HONCZARYK, A. A reprodução de peixes em cativeiro. In: VAL, A. L.; Honczaryk, A.
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JIAN CY, Cheng SY, Chen J-C (2003) Temperature and salinity tolerances of yellowfin sea
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KULLANDER, S. O., FERRARIS, C. J. Jr; ENGRAULIDAE in Check list of the
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LIMA, J. A. F. de., CASTAGNOLLI, N. FIGUEIREDO, G. M. Cultivo de Colossoma.
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MENEZES, R. S. Alimentação de peixe cachorro, Lycengraulis barbouri Hildebrand, 1943,
da bacia do rio Parnaíba, Piauí, (Actinopterygii, Engraulidae). Rev. Bras. Biol.,10, 1950.
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MELO, J. F. B; QUEROL, M. V. M; QUEROL, E. C.; SANTOS, A. B. Dados
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região de Uruguaiana, RS, Brasil. In.: ENCONTRO RIOGRANDENSE DE
TÉCNICOS EM AQUACULTURA (6.). ENCONTRO SULBRASILEIRO DE
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<www.mpa.gov.br/>. Acesso em 18 de Junho de 2014. Santa Maria.
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NEUMANN, E. Características do desenvolvimento de duas linhagens de tilápia
Oreochromis niloticus e uma linhagem híbrida de Oreochromis sp. 2004. Dissertação
(Mestrado em Aqüicultura). Centro de Aqüicultura, Universidade Estadual Paulista –
UNESP: Jaboticabal. 2004.
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Querol, Pessano, Machado e Oliveira (2018)
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Querol, Pessano, Machado e Oliveira (2018)
CAPÍTULO 14
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
2. PROCEDIMENTOS
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RIO URUGUAI: Contribuições Científicas.
Tabela 1: Levantamento Bibliográfico da Icitiofauna da Bacia do Rio Uruguai, ênfase na porção do médio. (A)
Sverlij et al. (2008). (B) Bertoletti (1986); Bertoletti et al.(1990); Espinhach & Parodi (1997); Miquelarena et
al. (1991); Lucena & Kullander (1992); Oliveira & Vasconcellos (1999); Reis, Weber, Malabarba (1990); Reis,
Kullander, Ferraris Jr. (2003). (C) Zanbioni Filho et al. (2004). (D) Pessano et al. (2005). (E) Azevedo et al.
(2003); Pessano et al. (2003); (F) Saucedo (2001); Martins (2001); BRrandli (2001). (G) Formiga et al. (1991).
(H) Bortoluzzi et al. (2006a). (I) FEPAM/UFRGS (2004). Onde: (I) RU = Rio Uruguai, Q.C = Arroio Quarai Chico,
FEL – Arroio Felizardo, IMB = Arroio Imbaá, S.B= Arroio Salso de Baixo, NUP = Núcleo de Pesquisas Ictiológicas,
Liminológicas e Aquicultura da Bacia do Rio Uruguai, FEP= Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz
Roessler.
B M A REGIÃO DE URUGUAIANA
Pesquisadores => A B C D E F G H I
Ano da obra => 08 (*) 04 05 03 01 91 06 04
Localidades => RU RU RU Q.C FEL. IMB. S.B S.B FEP
DASYATIDAE
Potamotrygon brachyura X
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RIO URUGUAI: Contribuições Científicas.
Potamotrygon motoro X X
Potamotrygon sp. X
PRISTIGASTERIDAE
Pellona flavipinnis X
ANOSTOMIDAE
Abramites sp. X
Schizodon borelli X X
Schizodon nasutus X X X X X
S. australis X X X
S. plantae X X
Schizodon sp. X X X
Leporinus obtusidens X X
Leporinus struatus X X X X
Leporinus faciatus X X X X
Leporunus amae X X X X
Leporellus vittatus X
Leoporinus lacustris X
Leoporinus sp. X
ASPREDINIDAE
Bunocephalus sp X X
Bunocephalus doriae X X X X X
AUCHENIPTERIDAE
Auchenipterus sp. X X
Parauchenipterus galeatus X
Parauchenipterus teaguei X
Tatia boemia X
Tatia nevai
Trachelyopterus lucenae X X
Trachelyopterus galleatus X X X
Auchenipterus osteomystax X X
Auchenipterus nigripinnis X
Trachelyopterus sp X
CALLICHTHYDAE
Corydoras aeneus X X X X
Corydoras hastatus X
Corydoras paleatus X X X X X X X X
Corydoras multimaculatus X X X
Corydoras undulatus X
Corydoras sp. X
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Querol, Pessano, Machado e Oliveira (2018)
Hoplosternum littorale X X X X
Callichthys callichthys X X X
CLARIIDAE
Clarias gariepinus X
Cetopsorhamdia iheringi
Cetopsorhamdia sp. X
Heptapterus mustelinus X X X X
Imparfinis sp. X X
CICHLIDAE
Apistogramma commbrae X X
Apistogramma sp. X
Cichlasoma facetum X X X X
Cichlasoma portoalegrensis X X X
Cichlasoma dimerus X
Cichlasoma pussilum X
Cichlasoma sp X X X
Cichlaurus facetus X X
Crenicichla celidochilus X X
Crenicichla igara X
Crenicichla jurubi X X
Crenicichla lepidota X X X X X X
Crenicichla minuano X X
Crenicichla missioneira X X
Crenicichla scottii X X X X
Crenicichla tendybaguassu X
Crenicichla vittata X X
Crenicichla gaucho X
Crenicichla prenda X
Crenicichla tendybaguassu X
Crenicichla sp. X
Geophagus brasiliensis X X X X X
Gymnogeophagus balzanii X X X X X X
Gymnogeophagus gymnogenys X
Gymnogeophagus meridionalis X X X X X X
Gymnogeophagus rhabdotus X X X
Gymnogeophagus sp. X
Oreochromis niloticus X
CHARACIDAE
Acestrorhynchus altus X X X X X
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RIO URUGUAI: Contribuições Científicas.
Acestrorhynchus pantaneiro X X X X
Aphyocharax anisitsi X X X X X X
Astyanax abramis X X X
Astyanax b. paraguaiensis X X
Astyanax bimaculatus X X X X X X X X X X
Astyanax eigenmanniorum X X X X
Astyanax fasciatus X X X X X X X X X
Astyanax gr. scabripinnis X X X X
Astyanax jacuhiensis X X
Astyanax sp X X X X X
Astyanax alburnus X
Astyanax ojiara X X
Astyanax brachypterygium X
Brycon orbignyanus X X
Bryconamericus iheringii X X X X X X X
Bryconamericus sp X X X
Bryconamericus stramineus X X X X X
B.uporas X X X
Charax leticiae X
Charax stenopterus X X X X X X X
Cheirodon interruptus X X X X X X
C. ibicuhiensis X X X
Cheirodon sp. X
Cynopotamus argenteus X X X X
Cynopotamus kincaidi X
Diapoma terofali X X
Galeocharax humeralis X X X X X
Heterocheirodon yatai X
Holoshesthes pequira X X
Hyphessobrycon meridionalis X X X X X X
Hyphessobrycon eques X
Hyphessobrycon luetkeni X X X
Hyphessobrycon uruguayensis X
Hyphessobrycon sp. X X X
Hypobrycon poi X X
Hypobrycon maromba X
Macropsobrycon uruguayanae X X X X X X
Moenkhausea sancta X X
Moenkhausia dichroura X X X
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Querol, Pessano, Machado e Oliveira (2018)
Moenkhausia sanctaefilomenae X
Mylossoma paraguayensis
Odontostibe pequira X X X X
Oligosarcus brevioris X X
Oligosarcus hepsetus X X X X
Oligosarcus jenynsii X X X X
Oligosarcus oligolepis X X X X X X
Oligosarcus sp. X
Pseudocorynopoma doriae X X X X X X
Pseudocorynopoma sp X X
Pygocentrus nattereri X X X
Rhaphiodon vulpinus X X X
Roeboides prognathus X X
Salminus maxillosus X X
Salminus sp. X
Serrapinus calliurus X X X
Serrapinus piaba X X
LEBIASINIDAE
Pyrrhulina australis X
SERRASALMIDAE
Serrasalmus spinopleura X X X
Serrasalmus marginatus X
Serrasalmus maculatus X
Serrasalmus nattereri X X X
CURIMATIDAE
Cyphorarax sp X X X
Cyphocharax spilota X X X X X X X
Cyphocarax platanus X X X X
Cyphocharax voga X X X X X X X X
Cyphocharax saladensis X
Cyphocharax voga X
Pseudocurimata gilberti X X
Curimata sp X X
Steindachnerina sp X X X
Steindachnerina brevipinna X X X X X
Steindachnerina biornata X X X X X X X
S. stigmosa X X
CRENUCHIDAE
Characidium pterostictum X X X X X X
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RIO URUGUAI: Contribuições Científicas.
Characidium orientalli X X X X
Characidium occidentale X
Characidium serrano X X
Characidium zebra X
Characidium fasciatum X X X
C. vestigipinne X X X
C. rachovi X X X
C. tenue X X X
Characidium sp. X
ERYTHRINIDAE
Hoplias lacerdae X X X X
Hoplias malabaricus X X X X X X X X
Hoplias sp. X
Hoplerythrinus unitaeniatus X X
GYMNOTIDAE
Gymnotus carapo X X X X X
Gymnotus inaequilabiatus X
HEPTAPTERIDAE
Heptapterus mustelinus X X
LORICARIIDAE
Eurycheilichthys pantherinus X
Hypostomus sp X X
Hypostomus commersoni X X X X X X X
Hypostomus luteomaculatus X
Hypostomus isbrueckeri X X
Hypostomus regani X X
Hypostomus roseopunctatus X X
Hypostomus ternetzi X X
Hypostomus urguayensis X X
Hypostomus luteus X X
Hisonotus nigricauda X
Hisonotus sp. X X
Brochiloricaria chauliodon X
Rineloricaria sp X X X X
Hemiancistrus fuliginosus X
Hemiancistrus sp X X
Hemipsilichtys hystrix X
Hemipsilichtys eurycephalus X
Hemipsilichtys vestigipinnis X
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Querol, Pessano, Machado e Oliveira (2018)
Hemipisilicithys sp. X
Loricaria apeltogaster X
Loricaria sp. X
Loricariichthys anus X X X X X X
Loricariichthys melanocheillus X
Loricariichthys platymetopon X X X X
Loricariichthys sp.
Paraloricaria vetula X X X
Pogonopoma obscurum X
Rhinelepis aspera X
Rhinelepis X
Megalancistrus parananus X
Plecostomus commersonii X
Ancistrus taunayi X X X X
Ancistrus sp. X X
PSEUDOPIMELODIDAE
Pseudopimelodus mangurus X X X
MULILIDAE
Mugil sp. X
ATHERINIDAE
Odontesthes perugiae X X
Odontesthes bonariensis X
Odontesthes X
O. humensis X X
HYPOPOMIDAE
Otocinclus flexilis X X X X
PARADONTIDAE
Apareiodon affinis X X X X X X X
A. sp. X X
PIMELODIDAE
Heptapterus mustelinus X X X
Heptapterus sp. X
Imparfinis sp X X
Iheringichthys labrosus X X X X X
Luciopimelodus pati X
Megalonema platanus X X
Microglanis cottoides X X X X
Microglanis eurystoma X X
Microglanis sp. X
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RIO URUGUAI: Contribuições Científicas.
Parapimelodus valenciennis X X X X
Pimelodella gracillis X X X X X
Pimelodella laticeps X X X
Pimelodella australis X X X
Pimelodella garbei X
Pimelodella sp. X
Pimelodella sp. X
Pimelodus absconditus X X
Pimelodus albicans X
Pimelodus atrobrunneus X X
Pimelodus maculatus X X X X
Pseudoplastytoma fasciatum X
Pseudoplatystoma corruscans X X
Rhamdella longiuscula X X X X
R. eriarcha X X
Rhamdia quelen X X X X X X
Rhamdia sp X X X
Sorubim lima X X X
Steindachneridion scripta X X
Zungaro zungaro X
TRICHOMYCTERIDAE
Branchioica teaguei X
Branchioica sp. X X
Homodiaetus anistsi X X
Parastegophils maculatus X X
Paravandellia bertoni X
Paravandellia oxyptera X X
Scleronema operculatum X X X
Scleronema angustirostris X
Scleronema sp. X
Tricomycterus sp. X X X
POECILIIDAE
Cnesterodon decemmaculatus X X X X X
Cnesterodon brevirostratus X
Phalloceros caudimaculatus X
SYNBRANCHIDAE
Synbranchus marmoratus X X X X X X X
CETOPSIDAE
Pseudocetopsis gobioides X
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ENGRAULIDAE
Lycengraulis sp. X X
Lycengraulis grossidens X X X X
CLUPEIDAE
Ramnogaster melanostoma X
STERNOPYGIDAE
Eigenmania virescens X X X X X X X
Eigenmania sp. X
RHAMPHICHTHYDAE
Rhamphichthys rostratus X
Rhamphichthys brevirostris X
APTERONOTIDAE
Apteronotus sp.
Porotergus ellisi X
Sternacorhamphus hahni X
PROCHILODONTIDAE
Prochilodus lineatus X X
Prochilodus scrofa X
ARIIDAE
Netuma barba X
CIPRINIDAE
Cyprinus carpio X X X X X
Ctenopharingodon idellus X X
Aristichthys nobilis X
ANABLEPIDAE
Jenynsia eirmostigma X
Jenynsia unitaenia X
AGENEIOSIDAE
Ageneiosus brevifilis X
Ageneiosus valenciennesi X X
Ageneiosus uruguaiensis X
Ageneiosus sp. X
DORADIDAE
Pterodoras granulosus X X
Rhinodoras dorbignyi X X
Oxydoras kneri X
SCIAENIDAE
Pachyurus bonariensis X X X X X
PARALINCHTHYIDAE
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RIO URUGUAI: Contribuições Científicas.
Paralichthys isosceles X
ACHIRIDAE
Catathyridium jenynsii X X X
Catathyridium lorentzii X X X
Catathyridium sp. X
TOTAL DE ESPÉCIES PORÇÃO
69 - - - - - - - - -
ALTO
TOTAL DE ESPÉCIES
- 77 - - - - - - -
PORÇÃO MÉDIO
TOTAL DE ESPÉCIES PORÇÃO
- - 79
BAIXO
TOTAL DE ESPÉCIES REGIÃO
74
URUGUAIANA
TOTAL GERAL MÉDIO 192 133
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
que são ricos em estruturas físicas, podem suportar populações viáveis por
fornecerem suficiente alimento e áreas de reprodução (JUNGWIRTH et al., 2000).
Mesmo diante de dados significativos, verifica-se a ausência de estudos com
objetivo de caracterização e conhecimento da fauna íctica, pois estes dados deveriam
ser a base para os estudos de dinâmica populacional e, mesmo sem o real
conhecimento das populações ícticas da bacia, acabam existindo estudos com
comunidades distintas, onde, neste sentido, os fatores ecológicos são sobrepostos.
Esses fatores, aliados à pressão antrópica sobre os ecossistemas, assim como a
pressão pela pesca, se tronam fundamentais nas decisões e controles ecológicos.
Esses dados são subsidiados com a realidade local do médio Uruguai onde
existem espécies Salminus brasiliensis (Dourado) e Pseudoplatystoma corruscans
(Surubim) que estão ameaçadas de extinção (categoria Vulnerável) no Estado do Rio
Grande do Sul devido, principalmente, à alteração de habitat imposta pelos
barramentos hidrelétricos (REIS et al., 2003), que geram graves problemas
socioambientais quando relacionados às famílias de pescadores profissionais,
principalmente pela ausência de estudos que possam assegurar a viabilidade do
pescado, estudos estes de responsabilidade do Estado do Rio Grande do Sul há quase
duas décadas.
Neste sentido, é notório que estudos são necessários e devem ter
continuidade, pois ao determinar a proibição de uma espécie é necessário o
conhecimento do nicho ecológico e sua teia alimentar, pois tais decisões podem ser
danosas para outras comunidades ícticas e, mesmo quando decisões deste porte são
tomadas, devem ser analisados fatores externos para o andamento positivo da
decisão. Nesse caso, a proibição de apetrechos e/ou a liberação de apetrechos
adequados com a finalidade de não interferir nas populações.
Estudos de dinâmica das populações e, principalmente, o monitoramento da
fauna são tão importantes que têm por objetivo contribuir para o manejo a fim de
evitar a vulnerabilidade das espécies e detectar impactos sobre elas. A falta desses
estudos já pode ser evidenciada, onde que já se encontram relatos de espécies
raramente capturadas para a região, como a Piracanjuba, onde pescadores e
pesquisadores apontam a captura da espécie (na forma jovem) para a foz do arroio
Imbaá.
Desta forma, pode-se ressaltar a importância dos pequenos cursos d’água, os
quais apresentam representatividade significativa de espécies ícticas para a região do
médio rio Uruguai na fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, e assim se enfatiza e
justifica os estudos realizados pelo NUPILABRU nestes últimos 30 anos.
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RIO URUGUAI: Contribuições Científicas.
5. REFERÊNCIAS
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Querol, Pessano, Machado e Oliveira (2018)
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Querol, Pessano, Machado e Oliveira (2018)
Página | 246
RIO URUGUAI: Contribuições Científicas.
Página | 247
Querol, Pessano, Machado e Oliveira (2018)
Página | 248
RIO URUGUAI: Contribuições Científicas.
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