A Experiência Social Do Grupo de Jovens
A Experiência Social Do Grupo de Jovens
A Experiência Social Do Grupo de Jovens
. Para o bem ou para o mal, a humanidade s o que por conta da vivncia em grupo. esta vida grupal que nos torna seres sociais, pois nos possibilita ao mesmo tempo experimentar os sentimentos de igualdade e diferena. A ao desenvolvida est pautada na forma como este grupo se identifica e concebe as questes sociais que o atravessam. H grupos abertos e fechados, democrticos e autoritrios, anarquistas e nazistas... A experincia em grupo por si s no significa que seus integrantes tero uma ao mais ou menos solidria ou tolerante entre si ou com membros de outras comunidades ou grupos. A participao mais ativa em um grupo orientada por certa viso de mundo (guiada por posicionamentos polticos, sociais, ideolgicos, religiosos etc.) que este grupo assume. De acordo com esta viso de mundo assumida, os sentimentos de igualdade e diferena experimentados por seus membros podem tomar variados significados. Ao ter contato com um grupo, uma pessoa, obviamente, encontra outras pessoas com rostos diferentes, personalidades diferentes, ideias diferentes das suas. Ou seja, internamente, h uma srie de diferenas entre os integrantes de um mesmo grupo que, para quem participa, torna-se evidente. No entanto, externamente, na relao com outras pessoas que no pertencem ao grupo, h um sentimento de igualdade entre seus pares, tanto para quem a ele pertence, como para quem observa de fora. Porm a igualdade pode ser concebida como hipervalorizao do grupo, pois o encontro com o diferente experimentado na vivncia grupal pode fortalecer uma dicotomia entre ns e eles (j que agora encontrei os meus iguais). Por outro lado, se esta orientao apontar para outro rumo, a igualdade pode se transformar em desejo de justia e solidariedade social, e a relao com o outro no grupo criar um sentimento altrusta de respeito e tolerncia diversidade. O grupo de jovens
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Os jovens se aproximam de um grupo, geralmente, atravs de sua rede de sociabilidade por convite ou mesmo curiosidade. Os motivos desta aproximao so dos mais variados, desde a busca por novas relaes afetivas at afinidades ideolgicas. A relao que o jovem tem com um grupo, de incio, sempre de experimentao: experimentam-se relaes, concepes, desejos, expectativas... com o passar do tempo que esta experimentao torna-se identificao. Com os jovens, o grupo tem uma funo de formao identitria mais intensa do que em outra faixa etria. Em meio s diversas experimentaes nas quais os jovens esto imersos (primeiras experincias com o trabalho, com a sexualidade, com as relaes fora do ncleo familiar, definio dos estudos...), o grupo pode auxili-los na elaborao de suas identidades. Para muitos jovens, a vivncia grupal torna-se uma mediao com o mundo, reforando ou rechaando valores veiculados pelos meios de comunicao, pelo pensamento religioso ou pelas expresses culturais estabelecidas. A Pastoral da Juventude O desafio de se desenvolver aes em grupo faz com que os jovens experimentem a vida social a partir das suas contradies, mas tambm a partir das suas potencialidades de transformao. O tempo em que um grupo de jovens se mantm na ativa correspondente sua capacidade de encontrar respostas criativas para os dilemas que se colocam no cotidiano da vida grupal e social. A ao da Pastoral de Juventude (PJ) revela-se em uma organizao de jovens que tem por eixo central de sua ao o trabalho desenvolvido pelos grupos de base. As lideranas da PJ, em geral, iniciam sua militncia no grupo de jovens e l experimentam esses dilemas. Enquanto a PJ continuar a se orientar por um referencial identitrio de uma igreja libertadora, que faz opo preferencial pelos pobres e aposta numa estrutura horizontal de participao social e eclesial, o grupo de base continuar a ser instrumento de
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resistncia e anncio de uma nova sociedade possvel. A PJ continuar a formar pessoas autnomas, crticas e solidrias na medida em que permanecer assumindo sua vocao pastoral de contribuir com a formao de profetas e profetizas de um novo cu e uma nova terra. Questes para Debate: 1 - A busca de convivncia em grupo pode ser uma forma de superar o individualismo? De que forma? 2 - Entre ns constatamos que os jovens procuram seus iguais nos grupos? Que benefcio isso traz? 3 - Em tempos de grandes mudanas, quais so os principais desafios da Pastoral da Juventude atualmente? Renato Souza de Almeida, mestre em Cincias Sociais e coordenador do Instituto Paulista de Juventude (IPJ), So Paulo, SP. Endereo eletrnico: [email protected] Texto publicado no jornal Mundo Jovem, edio n 403, fevereiro de 2010, pgina 16.
GRUPOS JUVENIS E O DESPERTAR DA CONSCINCIA A experincia associativa faz parte da formao humana e ganha maior importncia na adolescncia e juventude, acontecendo de diversas formas. Mesmo na contemporaneidade, com o avano tecnolgico, percebe -se, de uma maneira reconfigurada, a necessidade que temos do encontro com o outro. Segundo a psicanalista Maria Rita Kehl, a adolescncia o perodo da formao de turmas, grupos, bandos, gangues, sendo estas ligaes horizontais (fraternas, de sangue ou amizade) e de grande importncia. A turma ajuda a passar das identificaes infantis, de referenciais mais expressivamente familiares, e alcanar novos referenciais identificatrios. Participar de um grupo Os grupos juvenis configuram-se como espaos de criao cultural e tornam-se canais de ar ticulao de identidades coletivas. Duas caractersticas so essenciais para conceituar este tipo de associativismo: possuem alguma perspectiva coletiva e um determinado grau de formalidade e organizao. Neste sentido, um f-clube, uma banda de msica ou um grupo de igreja so exemplos de grupos juvenis, pois, alm de afinidades pessoais e/ou amizades, h um objetivo comum que os faz se encontrarem de maneira planejada. J no meio acadmico, o conceito de tribalismo ganhou notoriedade a partir do socilogo Michel Maffesoli. Embora o termo tenha se tornado corrente em veculos de comunicao e em pesquisas, genericamente entendido como um determinado grupamento urbano caracterstico (skatistas , punks). Tambm tem outra dimenso conceitual, mesmo que muitas vezes todas essas definies se sobreponham. Participar de um grupo pode at ultrapassar barreiras territoriais, mas o sentido de pertena vai alm de seguir o mesmo estilo e/ou filosofia. Embora s 15% dos jovens brasileiros (segundo pesquisa do Projeto Juventude, publicada em 2004) participem de grupos jovens, podemos dizer que sua proliferao, principalmente em
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formatos menos institucionalizados e em ambientes mais populares, tem sido uma das marcas dessa gerao. Por isso, precisam ser valorizados e reconhecidos como espaos educativos. Hoje, h uma infinidade de novas formas de participao juvenil e o desenvolvimento destes grupos mostra a disposio para contribuir com um mundo melhor, indo na contramo dos discursos generalistas de que o jovem alienado ou desinteressado. No entanto o grupo s ser lugar de crescimento, amadurecimento e formao se permitir o conhecimento de si, a descoberta do valor do outro e o despertar para conscincia coletiva. O grupo no pode ser um gueto . Seja em igreja, escola, ONG ou praa, deve entender que faz parte de um contexto e precisa estar aberto ao outro. Alm de respeitar as diferenas e a diversidade dentro do contexto grupal, tambm necessria a abertura para o diferente. A experincia de grupo saudvel permite esse crescimento pessoal e coletivo, formando indivduos que dialogam. Uma fico-realidade Vamos falar aqui de um exemplo fictcio e, ao mesmo tempo, concreto, baseado em muitas histrias reais: imagine uma banda de msica de uma parquia que, alm de seus encontros de formao e ensaios, participa da reunio de coordenao dos grupos jovens da comunidade, troca experincias e decide aes conjuntas. O mesmo grupo conheceu outras bandas e decidiram, juntos, organizar conjuntamente uma rede, onde compartilham composies, estudam msica, emprestam algum integrante quando necessrio, organizam festivais etc. Este grupo tambm conheceu outras bandas do bairro, que no so ligadas igreja, e viu que tambm havia uma falta de espao para eles, assim como falta de incentivos culturais a bandas juvenis do municpio. Fizeram um frum, conheceram muitos outros... Quando os integrantes deram por si, j tinham uma ligao com aquele espao criado e j lutavam conjuntamente pela melhoria do lazer, da educao e dos incentivos cultura; j entendiam como funcionavam as instncias governamentais e da sociedade civil. E
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nem por isso deixaram de ser uma banda de msica da parquia, que tocava nos encontros e em algumas missas. Tenho certeza de que no s a msica em si, mas a vivncia dessa relao de grupo (que amadurece), fizeram toda diferena na formao e na construo do projeto de vida desses jovens que por ele passaram. Sugesto de atividade: Ouvir a msica Mundo Jovem, de Negra Li, e debater quais os desafios dos grupos de jovens hoje em nosso pas. Questes para Debate: 1 - Que importncia tem para o jovem participar de um grupo? 2 - Que experincias voc tem para partilhar com seus colegas? 3 - Que tipo de grupos podemos incentivar e ajudar a criar em nossa comunidade? Jakeline Lira, ps-graduada em Cultura e Meios de Comunicao, PUC-SP/SEPAC. Assessora de comunicao da Inspetoria Salesiana do Nordeste, em Recife, PE. Endereo eletrnico: [email protected] Blog: www.jakelinelira.wordpress.com Artigo publicado na edio 397, junho de 2009, pgina 6.
QUEREMOS PAUTAR AS RAZES DO NOSSO VIVER O Dia Nacional da Juventude (DNJ) celebrado h 23 anos, com momentos fortes da vida juvenil: encontres, manifestaes, misses, apresentaes culturais... Nesse ano, desejamos dar continuidade ao ciclo de debates iniciado com a Campanha da Fraternidade e com o centenrio de nascimento de Dom Helder Cmara. Sua profecia inspirou o eixo das atividades permanentes da PJB: Temos mil razes para viver!. O tema do DNJ desse ano a Juventude e os Meios de Comunicao e o lema Queremos pautar as razes do nosso viver!. nesse momento, tambm, que queremos denunciar toda a viso equivocada sobre a juventude e colocar na pauta de discusses da mdia, da sociedade e da Igreja, a verdadeira realidade, anunciar os sonhos e todas as razes do nosso viver: justia, vida digna, liberdade, paz, amor para todos e todas. Os subsdios ajudam Com os materiais que foram elaborados, queremos pensar a mdia como ferramenta que gera a vida e ao mesmo tempo como ns somos instrumentos de comunicao para os outros e as outras. Algumas questes que foram pensadas para o subsdio de preparao ao DNJ podem nos ajudar a refletir, dialogar, fazer diferente: Qual a importncia da comunicao em nossa vida? Como ela influencia nossos relacionamentos? Que meios usamos para nos comunicar, expor nossas idias, mostrar quem somos? A forma como os jovens so apresentados nos meios de comunicao verdadeira? Que inspirao nos d o lema queremos pautar as razes do nosso viver? Precisamos compreender que a juventude no produto e nem o consumidor em nfase. Queremos que a juventude seja protagonista, que ela produza comunicao, que ela se encante pela vida, que saiba utilizar os meios de comunicao para, com democracia, mostrar suas idias, sua cara, seus projetos, sua viso de mundo... momento de pautar a esperana, a disponibilidade
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de construir uma nova sociedade, onde todos tenham seu espao reconhecido e legitimado. Se conhecem jovens que produzem sua prpria comunicao, seja em rdio comunitria, jornal da escola, linguagens artsticas, faam contato com eles e partilhem suas experincias, faam parcerias. No material do DNJ h uma discusso interessante sobre a Educomunicao. Vou reproduzi-la aqui para que vocs possam identificar pistas de trabalho com os jovens do seu grupo, da sua turma de escola, da sua organizao juvenil. O que Educomunicao? Segundo Vernica Rezende, educao e comunicao nunca estiveram to prximos. A Educomunicao surge visando aproximao entre os profissionais de ambos os campos (educao e comunicao), buscando a formao para a cidadania e a abertura de espao, na mdia, para a expresso dos jovens. Essa nova rea, surgida na Universidade de So Paulo, que conta com curso de ps-graduao, direcionada ou a profissionais de comunicao que se preocupam com a educao, ou a educadores que refletem sobre a influncia da mdia na formao especialmente dos jovens para o exerccio da cidadania. O professor Ismar de Oliveira Soares exemplifica: Quando temos notcia de que grupos de adolescentes, numa escola da periferia de uma grande cidade como So Paulo, trabalhando de forma colaborativa em torno de um computador, planejando o jornal da escola ou criando seus web-rdios. Consideramos como educomunicativa, tambm, a proposta de um jornal, de uma revista ou de uma emissora de TV de dedicar espao especfico e tempo para a rea da educao, colaborando com os educadores na divulgao de aes que tenham como eixo central a participao dos membros das comunidades em aes voltadas para a ampliao das formas de expresso, para o fortalecimento da auto-estima dos jovens e para prticas de cidadania. Raquel Pulita, integrante da ONG Trilha Cidad, da Comisso
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Nacional de Assessores(as) da PJ e da Comisso Colegiada de Assessoria do Setor Juventude da CNBB. Endereo eletrnico: [email protected] Artigo publicado na edio 391, outubro de 2008, pgina 2. Dinmica Uma idia na cabea e uma cmera na mo 1) Proponha aos jovens que escrevam uma pequenina histria, contando aventuras, acontecimentos do dia-a-dia, histrias de terror, notcias engraadas ou o que mais der vontade. 2) As historinhas devem ser narradas em oito frases simples, que depois devem ser, cada frase, transformada num desenho. O resultado uma pequena histria em quadrinhos. 3) Proponha a eles que realizem um pequeno vdeo a partir da historinha. O vdeo pode ser com personagens de verdade ou com bonecos. Estude com eles noes de enquadramento, iluminao, entonaes de vozes etc., para que fique tudo o mais legal possvel. Pea ajuda ao professor de artes ou de teatro e no se esquea de que tudo deve ser bem divertido. Outra possibilidade recorrer aos materiais oferecidos pelo Mundo Jovem e pelos Centros e Institutos de Juventude para continuar a discusso ou implementao de uma mdia alternativa na comunidade, na escola e no bairro. Como preparar novas lideranas Como pensar a formao de lideranas e de acompanhamento num contexto de mudana cultural? Considerando que essa mudana algo mais profundo, que altera o modo de construir-se como humano, estamos frente a novos modos de relacionar-nos conosco, com o outro, com o planeta, com Deus. Essas mudanas podem ser percebidas a partir de um olhar atento ao nosso redor, desde a forma da construo e organizao das casas. Aqueles(as) que possuem alguma propriedade isolam-se em condomnios ou atrs de muros com proteo, segurana e outros fatores que contribuem para o isolamento. Nas residncias
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com alguma possibilidade h uma televiso em cada cmodo, ou ainda, computadores. Est na moda a construo de redes e grupos virtuais. Observe-se o mundo do trabalho: as pessoas no se relacionam do mesmo modo, no h segurana e nem interesse em se manter por muito tempo no mesmo lugar. Mesmo na famlia. Antes o homem tinha um domnio sobre a mulher e filhos. Hoje as relaes so mais prximas e j se avanou muito no respeito e no cuidado. O que todas essas mudanas significam? Que alteraes provocam em nosso modo de ser e viver? Como deve ser a liderana deste tempo? Como essas lideranas se organizam? Como acompanhar lideranas jovens que esto vivendo mergulhadas nesta cultura? Crticos, criativos e cuidantes Essas mudanas geram tendncias de comportamento. Uma delas voltar-se para o ninho, ou seja, para o seu mundo particular. Estamos preocupados(as) conosco mesmos(a), com a minha felicidade, da minha famlia, da minha escola, da minha Igreja. Neste ambiente onde enxergamos a ns mesmos e os nossos interesses, como educar para olhar a outra pessoa, a sociedade e o mundo no qual estamos inseridos? Para o acompanhamento, o(a) educador(a) precisa, em primeiro lugar, educar o olhar. Como nos provoca Leonardo Boff, para sermos crticos, criativos e cuidantes. Crticos quando olhamos a realidade, criativos quando as propostas que fazemos aos jovens so atraentes e os envolvem, e cuidantes quando esses jovens nos interessam, isto , quando exercitamos a dimenso tica do cuidado do planeta desde as relaes mais prximas at o cuidado com nossa casa comum. Falamos de liderana quando preparamos sujeitos com capacidade de posicionar-se frente a questes de sua vida, do seu projeto de pessoa, da comunidade eclesial e da sociedade onde vive e atua. Essa formao e esse acompanhamento esto cercados de muitos desafios. Nossa tarefa compreender o fenmeno juvenil a partir do lugar onde atuamos para encontrar respostas para esta tarefa. No h uma frmula mgica num contexto marcado pelo
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consumo, classificados de includos ou, ento, de excludos da possibilidade de consumir. Como despertar pessoas, num contexto assim, com ateno ao outro(a)? Assessoria e acompanhamento Ainda mais complexo ser pensar em liderana juvenil com um acompanhamento adulto. H, entre esses dois mundos, abismos de viso de mundo, provocadores de arrogncias que geram distanciamentos na realidade que nos toca viver. Quando pensamos em lideranas, supe-se pessoas autnomas, felizes, capazes de ter direo, ou seja, projetos de sociedade por onde se pode apontar caminhos. O mesmo vale para pessoas adultas, vestidas com a utopia de um outro mundo possvel, dispostas a superar seus limites pessoais e contribuir na construo de gente que possa superar a si mesmo. Assessores, ou seja, educadores de adolescentes e jovens, com a tarefa de acompanhar so aqueles(as) que esto centrados no outro, um diferente de si mesmo, com o desejo de v-los superando-nos atravs de todas as suas potencialidades, ajudando-os a romper barreiras que ainda guardam, mas que sejam capazes de romper. O acompanhamento na formao de lideranas est vinculado com a capacidade de planejamento a partir e desde os interesses dos sujeitos e com eles organizar um caminho, um processo que no se resume em reflexes, mas em prticas novas. Carmem Lucia Teixeira, mestre em Cincias da Religio pela Universidade Catlica de Gois e da Equipe de Coordenao da Casa da Juventude Pe. Burnier, Goinia, GO. Endereo eletrnico: [email protected] Artigo publicado na edio 376, maio de 2007, pgina 7.
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ESCOLHA SUAS LIDERANAS Objetivo: Dar-se conta da percepo que o grupo tem de cada um de seus componentes; possibilitar a identificao de lideranas. Material: Papel ofcio e lpis. Desenvolvimento: 1) Formar subgrupos. 2) Cada subgrupo ocupa um lugar na sala, sentado. 3) O facilitador distribui papel e lpis para cada subgrupo, que deve escolher, dentre todos os participantes do grupo, lideranas para as seguintes situaes: - um piquenique; - uma festa danante; - um ato religioso; - um grupo de estudo; - uma greve estudantil; - campanha para arrecadao de alimentos; - mutiro para construo de uma casa; - uma gincana; - um aniversrio-surpresa. 4) Os subgrupos apresentam suas escolhas e as justificam. 5) Cada participante deve anotar as situaes para as quais foi indicado. 6) Plenrio - analisar e refletir as indicaes feitas: - comentar as indicaes recebidas; - comentar as indicaes com as quais concorda e/ou discorda; - partilhar com o grupo o que lhe chamou mais a ateno? 7) Fechamento: o facilitador coloca para todos que quanto mais lideranas houver num grupo, mais rico este ser, pois assim se aproveitam as diferenas e aptides individuais para o benefcio coletivo. Fonte: Projeto Crescer e Ser Dinmica publicada junto ao artigo "Como preparar novas lideranas" na edio n 376, jornal Mundo Jovem, maio de 2007, pgina 7.
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DINAMIZANDO O GRUPO Quando falamos em grupos de jovens, logo pensamos em como eles se reconhecem, como se renem, o que fazem, o que desejam... Mas isso tudo s se descobre depois que descobrimos o grupo. E para isso precisamos conhecer as pessoas. Se nos utilizarmos das dimenses da formao integral do Processo de Educao na F dos(as) jovens da Pastoral da Juventude, encontraremos na travessia aspectos como conhecer-se; conhecer o outro; conhecer o lugar onde se est e como as pessoas ali vivem; que definio temos de mundo e de Deus; e como operacionalizamos tudo isso. Finalidades das dinmicas As dinmicas ajudam a desenvolver o grupo, de maneira a expressar-se melhor e a garantir os espaos em que se deseja estar. As vivncias, as atitudes, os contratos que o grupo firma se revelam nessas dinmicas, assim como revelam o que s falamos da boca para fora. Ento, a abertura e o compromisso com esse tipo de tcnica so muito importantes para quem quer se manter unido atravs de algum ponto em comum. Certa vez, ouvi que as dinmicas tm finalidades, que so mais ou menos assim: a) Elas ajudam a nos colocarmos junto dos demais. Retiram barreiras que impedem a comunicao; eliminam desconfianas e preconceitos; superam desenganos e amarguras; b) Solidariedade: ajudam-nos a vencer o egosmo, o individualismo, muitas vezes trazido de nossa formao ou por influncia do ambiente e organizaes em que vivemos; c) Ajuda mtua: exercitamos a colaborao e a ajuda. Acabamos detectando resistncias, indiferenas, agressividades, desejos de dominar e utilizar os outros; d) Conhecer-se e assumir-se: a ficamos sabendo de nossas limitaes e deficincias, qualidades e dons pessoais;
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e) Descobre-se a maturidade do grupo: as dinmicas, quando bem feitas, provocam abertura, sinceridade, confiana, colaborao e compromisso; f) Dinamizam o grupo. Auxiliam no trabalho em equipe, no crescimento das pessoas e na transformao do ambiente social. de extrema importncia que a pessoa que conduz a dinmica saiba aonde chegar com ela. importante, tambm, que essa dinmica esteja ligada ao tema/assunto que o grupo est partilhando, vivendo. Em alguns grupos que acompanhamos, temos percebido que as dinmicas so utilizadas como brincadeiras. Mas bom salientar que todas as dinmicas e tcnicas realizadas no grupo tm algum propsito: de alegrar ou aquietar o grupo, sensibilizar para a temtica a ser conversada, comprometer para a transformao do ambiente... Elas no devem estar desconectadas do encontro que se est propondo realizar. Material para o grupo s vezes, os grupos tm dificuldade de encontrar materiais que tragam novidades nessa rea e tambm na rea dos contedos a serem utilizados nos encontros de grupo. Em julho de 2006, em Goinia, realizou-se um encontro, com vrias pessoas que trabalham com juventude, no qual se estudou e se aprofundou a realidade juvenil. Depois disso, a produo de novos subsdios para os grupos de jovens foi intensamente trabalhada. Esse material est publicado e pode ser encontrado junto aos Centros e Institutos de Juventude ou com as Pastorais de Juventude do Brasil. Para realizar as dinmicas ou assuntos novos no grupo bom ter conhecimento sobre ele e saber se a tcnica escolhida dar conta de que todos(as) participem. Em relao aos materiais, eles existem para os grupos iniciantes e tambm para aqueles que j convivem h mais tempo. A dinmica de grupos um exerccio libertador. Ajuda as pessoas a superarem seus bloqueios, suas barreiras e seus medos. Integra ativamente as pessoas ao grupo, de maneira consciente e crtica. Melhora as relaes humanas nos grupos, questionando
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seus objetivos, seus ideais, seus mtodos, suas convices. Em suma, a dinmica procura criar uma sociedade mais proftica e mais transformadora. Raquel Pulita, da equipe da ONG Trilha Cidad, assessora da Pastoral da Juventude, Porto Alegre, RS. Endereo eletrnico: [email protected] Artigo publicado na edio 375, abril de 2007, pgina 10.
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LDER OU LIDERANAS? A CANDIDATURA O grupo de jovens um espao de exerccio da cidadania. A construo de uma sociedade mais participativa e solidria passa por uma nova relao nas tarefas desenvolvidas pelo grupo. Com criatividade e o uso de dinmicas adequadas, o grupo vai crescer em cidadania. Todo grupo deve favorecer a participao individual e o sentido de corresponsabilidade entre os participantes. Todos tm possibilidades de servir em alguma coisa, de oferecer diferentes dons. Quando o grupo assume conjuntamente os trabalhos, existe maior participao. As diferentes lideranas ou funes so um compromisso para o funcionamento do conjunto. O que cada um faz individualmente pode parecer objetivamente pouco, mas subjetivamente pode significar o incio de um processo de descoberta de si mesmo, de sentir-se til, de aproveitar suas prprias qualidades. Significa libertar-se do medo, do complexo de inferioridade, do anonimato passivo, do sentimento de inutilidade e da dominao por parte de algum. So muitas as funes que se exercem em um trabalho de grupo, dependendo da atividade proposta, se de estudo, integrao, avaliao etc... Algumas so bsicas para todos os grupos e atividades: O coordenador(a): aquele que se responsabiliza de modo geral pela reunio, ajudando para que todos os papis se integrem para o bem de todos. O secretrio(a): aquele que faz a sntese do que foi tratado de mais importante no grupo e registra as questes que permanecem. O perguntador(a): a pessoa que se preocupa com o aprofundamento do tema. O grupo, ao planejar determinada atividade, define quais so as responsabilidades. Os participantes podem se oferecer livremente ou serem indicados pelo grupo. As dinmicas que seguem se utilizam ao iniciar um encontro ou reunio com pessoas que no se conhecem ou que tenham um conhecimento superficial.
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Ajudam a romper barreiras e criar um clima de amizade entre os participantes, possibilitando conhecer cada um do grupo e seus valores. Ajudam a descobrir as lideranas. A candidatura Objetivo: expressar de maneira simptica o valor que tm as pessoas que trabalham conosco. Descrio da dinmica: Cada grupo deve escolher um candidato para determinada misso. Por exemplo, ser presidente da associao de moradores, ser dirigente de um clube esportivo etc. Cada participante coloca no papel as virtudes que v naquela pessoa indicada para o cargo e como deveria fazer a propaganda de sua candidatura. O grupo coloca em comum o que cada um escreveu sobre o candidato e faz uma sntese de suas virtudes. Prepara a campanha eleitoral e, dependendo do tempo disponvel, faz uma experincia da campanha prevista. O grupo avalia a dinmica, o candidato diz como se sentiu. O grupo explica por que atribuiu determinadas virtudes e como se sentiram na campanha eleitoral. Obs.: a dinmica foi tirada do subsdio Dinmicas em Fichas Centro de Capacitao da Juventude (CCJ) - So Paulo. Site na internet: http://www.ccj.org.br Questes para Debate 1 - O que voc conclui, a partir da leitura do texto? 2 - Como exercida a liderana no seu grupo? corresponsabilidade e diviso de tarefas? 3 - O que o grupo pode fazer para despertar as lideranas?
Equipe do IPJ (Instituto de Pastoral de Juventude), Porto Alegre, RS. Site: http://www.ipjdepoa.org.br Artigo publicado na edio 277, abril de 1997, pgina 14.
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O JOVEM E AS EXIGNCIAS DO SCULO XXI Um ser humano autnomo e solidrio eis o ideal de ser humano deste milnio. Esse ideal representa e retrata as novas tendncias do mundo em todas as reas, inclusive no mercado de trabalho. O surgimento de uma cultura planetria de natureza massiva e carter pluralista se aproxima. Para sobreviver nos novos tempos preciso atender a essas exigncias, o que implica numa nova postura perante si mesmo, o outro e a realidade. Num projeto de desenvolvimento pessoal e social, tendo como objetivo geral a construo da cidadania, preciso definir que homem/mulher e que sociedade queremos formar. Dentro da viso do ser humano autnomo e solidrio, algumas atitudes e caractersticas devem ser desenvolvidas para que essas qualidades possam ser atingidas. Os Cdigos da Modernidade, apresentados a seguir, enumeram as competncias que sero necessrias para que as pessoas possam enfrentar mais adequadamente os desafios do milnio. Cdigos da modernidade Domnio da leitura e da escrita: Para se viver e trabalhar na sociedade altamente urbanizada e tecnificada do sculo XXI, ser necessrio um domnio cada vez maior da leitura e da escrita. As crianas, adolescentes e jovens tero de saber comunicar-se usando palavras, nmeros e imagens. Saber ler e escrever j no um simples problema de alfabetizao, um autntico problema de sobrevivncia. Capacidade de fazer clculos e de resolver problemas: Na vida diria e no trabalho, fundamental saber calcular e resolver problemas. Calcular fazer contas. Resolver problemas tomar decises fundamentadas, em todos os domnios da existncia humana. Na vida social, necessrio dar soluo positiva aos problemas e s crises. Uma soluo positiva quando produz o bem comum. Capacidade de analisar, sintetizar e interpretar dados, fatos e situaes: Na sociedade moderna, fundamental a capacidade de
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descrever, analisar e comparar fatos e situaes. No possvel participar ativamente da vida da sociedade global, se no somos capazes de manejar smbolos, signos, dados, cdigos e outras formas de expresso lingstica, buscando causas e possveis conseqncias, colocando o fato no curso dos acontecimentos, dentro da histria. Capacidade de compreender e atuar em seu entorno social: Compreender o entorno social saber explicar acontecimentos do ambiente onde estamos inseridos. Atuar como cidado ser capaz de buscar respostas, de solucionar problemas, de operar, alterar e modificar o entorno. Significa ser sujeito da histria. Receber criticamente os meios de comunicao: Um receptor crtico dos meios de comunicao algum que no se deixa manipular como pessoa, como consumidor, como cidado. Os meios de comunicao produzem e reproduzem novos saberes, ticas e estilos de vida. Ignor-los viver de costas para o esprito do nosso tempo. Capacidade para localizar, acessar e usar melhor a informao acumulada: Num futuro bem prximo, ser impossvel ingressar no mercado de trabalho sem saber localizar dados, pessoas, experincias e, principalmente, sem saber como usar essa informao para resolver problemas. Ser necessrio consultar rotineiramente muitas vezes pela internet bibliotecas, hemerotecas, videotecas, centros de informao e documentao, museus, publicaes especializadas etc. Capacidade de planejar, trabalhar e decidir em grupo: Saber associar-se, trabalhar e produzir em equipe so capacidades estratgicas para a produtividade e fundamentais para a democracia. Essas capacidade se formam cotidianamente atravs de um modelo de ensino-aprendizagem autnomo e cooperativo, em que o professor um orientador e um motivador para a aprendizagem. Dinmica: Material: quadro-negro, folha para cada participante, lpis e papelgrafo.
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Desenvolvimento 1. Grupo em semicrculo em frente ao quadro; 2. Distribuir para cada participante uma folha de papel e um lpis; 3. O coordenador/a escreve no quadro JUVENTUDE, pedindo ao grupo que crie novas palavras, utilizando-se das letras que compem esta palavra. As palavras criadas devem ter relaco com esta fase da vida. Deixar claro que preciso respeitar o nmero de vogais e consoantes contidas na palavra matriz, ou seja, as palavras criadas nao devem ultrapassar o nmero de letras existentes na palavra original. Listar o maior nmero possvel de palavras. Tempo. 4. Cada participante l sua lista de palavras, enquanto o coordenador/a as escreve no quadro. 5. Formar subgrupos, solicitando que tentem construir uma frase sobre a juventude, que contenha o maior nmero possvel das palavras ditas. Escrever no papelgrafo. 6. Apresentaco das frases feitas pelos subgrupos. 7. Fechamento: o coordenador/a ressalta nas frases apresentadas os pontos mais significativos e a sua relaco com o tema o jovem e as exigncias do sculo XXI. Fonte: Adaptao dos Cdigos da Modernidade, de Jos Bernardo Toro (da Fundacin Social da Colmbia), traduzidos por Antonio Carlos Gomes da Costa para a Fundao Maurcio Sirotsky Sobrinho. Dinmica publicada no Caderno Pedaggico do Consrcio Social da Juventude - RS.
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GRUPO DE JOVENS, UMA BOA IDEIA A falta de tempo para conviver em grupo, o trabalho que deixa o jovem cansado e ocupado, a escola que ensina a ser individualista, a televiso que diz para no se importar com a vida do outro, so desafios para a nucleao e organizao de grupos de jovens da Pastoral da Juventude. Como responder positivamente a esta realidade? Como ir contra a mar, dizendo no forma de viver que imposta aos jovens pelo mundo dos adultos e suas instituies (a escola, a famlia, a televiso...)? preciso resgatar o jeito jovem de ser: alegre, que enfrenta riscos, utpicos, esperanosos... Caractersticas que o mundo est roubando dos jovens, atravs da imposio de um jeito de ser triste, descrente, fechado, individualista e consumista. Como ser expresso desse novo jeito de ser? Como cultivar o carinho, o dilogo sincero, a amizade que ajude a amadurecer e ser feliz? Quem sabe faz a hora... Os grupos de jovens esto a. So muitos. Muito maior ainda o nmero de jovens que no esto participando de nenhuma organizao ou movimento, dentro ou fora da Igreja. H jovens que se gastam no trabalho e sonham o sonho impossvel, que os meios de comunicao e a propaganda colocam em suas cabeas para que acreditem - e se iludam - que o mundo pode ser feito de charme, mordomias e luxo. Outros, gozam os privilgios de quem tem dinheiro, sade, acesso educao e tempo, desligados do alto preo que custam sociedade, aos trabalhadores. H tambm aqueles que sabem que, quem sabe faz a hora, no espera acontecer. Buscam a realizao de um sonho possvel ou impossvel, de uma sociedade justa que se faz medida que arregaam as mangas e se pem a lutar. A, talvez, reside o maior valor de um grupo de jovens. So jovens que no se conformam com as coisas do jeito que esto.
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Desconfiam que algo est errado e que preciso juntar-se a outros jovens para mudar. Em todo bairro, escola, trabalho, comunidade, se encontram jovens desejosos de fazer algo. So jovens que acreditam na amizade e na solidariedade e, por isso, esto dispostos a partilhar seu trabalho, suas foras. So estes jovens que a Pastoral da Juventude procura descobrir, ajudando-os a se relacionarem de modo que, progresivamente, vo tendo conscincia da necessidade do grupo de jovens. O valor do grupo Os grupos de base so grupos que se renem frequentemente para a reflexo. Se comprometem na orao e ao. So grupos de vida, onde todos tm voz e vez. Cada grupo de jovens tem (e deve ter) sua prpria maneira de ser. No existe um modelo pronto, para ser copiado. O desenvolvimento das reunies e encontros, por exemplo, possui caractersticas diversas em cada grupo, o que vai delineando a sua fisionomia. Existem, porm, alguns elementos importantes para que ocorra crescimento no grupo. So elementos indispensveis a todos os grupos de base, e que do valor a este modelo de organizao: - Um grupo de jovens um grupo de amigos, unidos pela mesma f. - A amizade, o conhecimento interpessoal, a acolhida e a compreenso do outro s podem crescer em pequenos grupos. - A conscincia e a participao s nascem onde cada um importante, pode falar, escutar e dar a sua opinio. - As novas lideranas, capazes de intervir na Igreja e na sociedade, nascem e crescem nos grupos organizados, onde cada deciso e atividade pensada e decidida coma opinio de todos. - A formao integral do jovem tem, no grupo de jovens, um espao privilegiado. - No grupo, na comunidade, o jovem toma conscincia de que a f mais do que apenas ir missa. A espiritualidade do seguimento de Jesus, descobre, leva ao compromisso com os irmos.
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- A ao planejada, no grupo de base, facilita a participao de todos. bonito ver o jovem que faz uma caminhada com o grupo, crescendo na f, no relacionamento com o outro e consigo mesmo, na conscincia crtica e na ao prtica. Neste ltimo aspecto, no entanto, acredito que precisamos ser mais criativos e ousados. Faltam aos grupos de jovens, aes concretas. preciso dar um passo a mais. Descobrir bandeiras de luta que sejam atraentes e mobilizem os jovens, nas diferentes realidades em que vivem. Mos obra, com criatividade e coragem. QUESTES PARA DEBATE: 1 - Quais so as principais presses que fazem com que o jovem se acomode? 2 - Como o jovem reage aos apelos dos individualismo e consumismo da nossa sociedade? 3 - Quais so os principais elementos indispensveis para manter um grupo de jovens? Rui Antonio de Souza, Artigo publicado na edio 257, novembro de 1994, pgina 3.
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GRUPO, AMIZADE E PESSOA Quantas vezes, em nossa juventude, nos tramos em pensamento, divagando sobre a necessidade e a importncia das pessoas, de amigos e amigas na construo de nossa identidade, de nossa personalidade e de nosso projeto de vida! Uma traio construtiva. Ainda que queiramos nos afirmar auto-suficientes, a vida da gente nos ensina certas coisas que s o corao pode explicar. Ou melhor, s d para explicar de corao. Ou ser que s possvel explicar ao corao? Por detrs de nossas fortalezas edificadas, brilha sempre fogosa, ardente excitante - a busca eterna do sentido de ser, de sondar as profundezas dos ideais, das angstias, de conhecer... Mesmo que abafemos seu brilho, resfriemos seu calor... no descuido, ela est l. Do jeito que a deixamos, no ponto onde paramos... H dentro de ns um princpio que nos move ao dilogo, ao relacionamento, participao, ao encontro: a amizade. A necessidade de descobrirmos O Diferente que existe em cada pessoa. Quando me descubro em mim, j sou eu em ti e tu em mim! Distantes muitas vezes, ausentes nunca, jamais tarde para o encontro, para a conversa. Um tempo sem fronteiras, fantasias pelo ar, o mundo meu, s deixar... (Flvio Vezzoni). Para isso, no difcil perceber que h sempre muito mais para se caminhar do que todo o percorrido. Ao longo de toda a vida, a busca de sentido fundamental da existncia vai-se assemelhando a cavar um buraco em gua! Constitui-se simultaneamente numa decepo e numa alegria. Decepo por nunca ver aumentar a profundidade do buraco. Alegria por saber que, por mais que se cave, sempre haver muito mais gua chegando para tomar o lugar daquela que foi retirada Prefiro ser esta metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinio formada sobre tudo. (Raul) Por esta razo torna-se to importante a participao e o envolvimento em grupos de referncia. Seja em grupos para esportes, de msica, de estudos, teatro, grupos de jovens... a
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turma que marca nossa juventude. a gua nova preenchendo o espao do que julgamos j ter conseguido alcanar. O grupo reproduz uma sociedade em miniatura. um laboratrio de sociedade, espao de participao, de individualidade e coletividade pedaggicas na nossa formao. Nos desacomoda, projeta, conquista. Fundamental a amizade A amizade deve ser buscada. Ela ou verdadeira, ou no amizade. manifestao da alma perscrutando o infinito, fugindo distncia e ao tempo, criando eco na pessoa do outro, da outra, unindo culturas, lnguas, religies... comprometendo, sonhando! Sonho que se sonha s, iluso! Em grupo diferente! Nem melhor, nem pior. O diferente simplesmente diferente. Por si prprio. O grupo torna pessoa, os anseios e projetos conhecidos nas relaes de seres em rotao universal. O novo que brota, sacramento da busca eterna. Ao final, o que h de ficar sero os semblantes, as confidncias, as pessoas... Mas quem cantava, chorou ao ver seu amigo partir. Mas quem ficou, num pensamento voou, com seu canto que o outro lembrou. E quem voou no pensamento ficou com a lembrana que o outro cantou (Milton). Gilberto Flach (Beto), Artigo publicado na edio 285, maro de 1998, pgina 17. Endereo eletrnico: [email protected]
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A REUNIO A reunio o momento importante da vida do grupo. no processo de reunio que o grupo nasce, cresce e amadurece. o lugar do encontro das pessoas para partilha da vida, para comungar a mstica crist, para assumir como sujeitos de aprendizagem no processo a ser vivido na dinmica interna do grupo e atitudes e posturas frente realidade, motivado pela mstica crist. Aqui apresentamos alguns pilares que ajudam a criar a dinmica da formao sistemtica para um rito semanal ou quinzenal da reunio. Os ritos so importantes para manter o grupo. 1. Acolhida - D ateno especial para a chegada das pessoas, os cumprimentos a cada um/a, ajudam a criar um clima de confiana e intimidade. A preparao do local com antecedncia, de modo a comunicar o tema, algo que ajuda o grupo a concentrar. Um canto, ligado ao tema, uma saudao alegre. A pessoa que anima diz algumas palavras que sintetizem o objetivo do encontro/reunio para que todos/as vo se apropriando do tema. 2. Relembrando o encontro anterior - o lugar da memria do grupo. Lembrar os pontos mais importantes que foram tratados, lembrar as decises tomadas e cobrar as atividades que foram distribudas entre os membros do grupo. 3. Olhando a nossa realidade - Considerar que a reunio parte da vida concreta dos jovens, situar no ambiente onde vive (escola, bairro, zona rural, indgena, ribeirinha, universidade e as demais situaes que vm os jovens). o momento de perceber, ou tirar a trave do olho. a. Tcnica/exerccio - A tarefa deste momento e provocar um tema, um contedo a partir de uma dinmica em que todos/as o(a)s participantes possam ser envolvidos. b. Aprofundando o resultado da tnica/exerccio - o primeiro momento dedicado a escutar os sentimentos vividos e o segundo momento o que aprendemos com o exerccio vivido? Importante anotar as descobertas feitas a partir do tema trabalhado. 4. Confronto com a vida de Jesus/Palavra de Deus
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a. um momento de estudo e depois de confronto das atitudes de Jesus diante de um fato semelhante ao vivido pelo jovem. A iluminao bblica ajuda para assumir em sua vida a mstica crist, os valores evanglicos. b. No uma tarefa fcil. preciso uma pesquisa anterior sobre o texto lido, ou algumas indicaes que ajudem a aprofundar e a estudar o texto sugerido. 5. Assumindo o compromisso com a vida nova - Considerar o caminho percorrido dos/as participantes, propor atitudes a serem cultivadas no grupo e como grupo na semana. Tratar de ver a realidade, perceber nela os apelos de Jesus e do seu Reino para assumir uma atitude nova, crist. Ir construindo seu Projeto de Vida pessoal em sintonia com o Projeto de Jesus. a. o momento de tomar postura frente realidade como grupo. Considerar desde atitudes pessoais e aes grupais. 6. Celebrar a vida - orao - Celebrar o que foi descoberto, experimentado torna-se orao. o momento de contemplao do Amor de Deus para com a humanidade. Este momento no pode ser um ato mecnico de rezar um Pai Nosso e uma Ave Maria. Despertar o gosto pela orao. No ser longa. Ser criativa. 7. Avaliar - rever a renio - Perceber com o grupo se o objetivo foi alcanado, retomar como grupo as aes assumidas e no assumidas na vida das pessoas e perceber outros recursos para ajudar a tornar a reunio sempre mais agradvel. 8. Preparar o prximo encontro - o momento de recordar o grupo o plano do grupo para o ms, distribuir as tarefas, informar sobre a vida da comunidade mais ampla e outras informaes e despedidas. Fonte: Adaptao do Roteiro de Como Iniciar um grupo de jovens, volume 1 CAJU.
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DEFININDO CONCEITOS a) Participao A pessoa faz histria tomando parte na definio dos rumos e na construo de uma nova sociedade. Na perspetiva crist, o indivduo chamado a orientar-se e a comprometer-se para ser mais humano. Assumir-se sujeito e participar e comprometer-se com as decises e aes no processo histrico. A participao do maior nmero no mximo de responsabilidade no somente uma garantia de eficcia coletiva; ela tambm uma condio de felicidade individual, uma tomada de poder cotidiano sobre o destino. No se trata mais para o cidado de delegar seus poderes, mas de exercer, em todos os nveis da vida social e em todas as etapas da vida Faure. O planejamento participativo... um processo em que as pessoas realmente participam porque a elas so entregues no s as decises especficas, mas os prprios rumos que se deve imprimir escola. Os diversos saberes so valorizados, cada pessoa se sente costrutora - e realmente o - de um todo que vai fazendo sentindo medida em que a reflexo atinge a prtica e esta vai esclarecendo a compreenso, e medida em que os resultados prticos so alcanados em determinados rumos Gandim. b) O que planejar? O planejamento relaciona-se com a vida diria do homem. Vivese planejando. De uma forma ou de outra, de uma maneira emprica ou cientfica, o homem planeja. Sempre que se buscam determinados fins, relacionam-se alguns meios necessrios para atingi-los. Isto, de certa froma, planejamento. a) planejar transformar a realidade numa direo escolhida; b) planejar organizar a prpria ao (de grupo, sobretudo); c) planejar implantar um processo de interveno na realidade; d) planejar agir racionalmente; e) planejar dar clareza e preciso prpria ao (de grupo sobretudo); f) planejar explicitar os fundamentos da ao do grupo;
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g) planejar realizar um conjunto de aes, proposta para aproximar uma realidade um ideal; h) planejar pr em ao um conjunto de tcnicas para racionalizar a ao. O que um planejamento? Planejamento um processo de tomada de decises. Processo significa uma srie de aes, de reunies, discusses, reflexes e decises envolvendo todos os participantes do grupo, setor ou servio que planeja. pensar ANTES, DURANTE e DEPOIS. Planejamento o processo de tomada de decises sobre o trabalho a ser feito. No se faz numa reunio. Ele comea bem antes de se registrar qualquer coisa por escrito e no termina depois que elaboramos um plano de ao. Esse processo acompanha todo o trabalho e vai indicando caminhos o tempo inteiro. O que um plano Plano o registro por escrito das motivaes e tomadas de decises para dar andamento ao trabalho. O plano pode ser modificado se, no decorrer do processo de planejamento, for percebido uma necessidade de correo das decises anteriores. O que ao Ao o ato de interferir na realidade. Este ato de interferir na realidade pode ser planejado ou no. No primeiro caso ns teremos uma aao que tem tudo para ser eficaz e que provocar transformaes. No segundo caso teremos um simples ativismo, que certamente no vai levar a nada. Pelo contrrio, vai deixar todo mundo iludido de ter feito uma coisa boa. O essencial a ao refletida, executada e avaliada. Planejamento Pastoral/comunitrio/acompanhamento 1. Descreva a situao do grupo que voc acompanha. a) Nmero de participantes; b) Tempo de existncia;
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c) Como so os participantes (cidade, comportamento, compromisso, interesse); d) Quem os acompanha no grupo; e) Existe preparao das reunies? como? 2. Olhando para a realidade do grupo descreva que resultados voc espera alcanar daqui a um ano? 3. Diante desta realidade descreva as cinco maiores dificuldades. 4. Quais so as necessidades que estas dificuldades apontam? 5. Priorize uma necessidade para planejar. 6. Passos - O que? Como? Quando? Onde? 7. Como ser divulgado e partilhado este projeto? 8. Como ser o processo de planejamento? Elaborao: Equipe da Casa da Juventude Pe. Burnier, Goinia, GO. (Adaptao do roteiro de como iniciar um grupo de jovens, volume 1, CAJU).
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AS TRIBOS URBANAS Rodeadas de cdigos e normas, estudadas por socilogos e psiclogos, mal entendidas por muitos, crescendo e se multiplicando, mudando hbitos, costumes e prticas sociais, a esto as tribos urbanas que podem ser caracterizadas como um fenmeno juvenil dos grandes centros e que, dia aps dia, ampliam sua atuao e aumentam seus adeptos. Do que se trata? Estamos acostumados a ver jovens normais em nossas comunidades e/ou cidades. O mximo do diferente algum com um corte de cabelo no comum, ou com uma cala jeans toda rasgada, ou ainda, jovens com roupa de cor extica e cheios de correntes, pulseiras, botons, anis etc. Isso no parece preocupar. No mximo, causa espanto e motivo de gozao. Porm, por enquanto, essa atitude caracterstica de nossas cidades pequenas. Nos grandes centros urbanos (e o mundo se urbaniza cada vez mais), o diferente j se organiza, tem normas, leis, cdigos, adeptos... Cedo ou tarde este fenmeno da juventude moderna chegar at ns. importante que conheamos as razes de tal fenmeno para sabermos agir diante dele. Punks, Skinheads, Rappers, White Powers, Clubbers, Grunges, Gticos, Drag Queens. Estes so apenas alguns grupamentos juvenis, chamados pelos socilogos de tribos urbanas, encontrados diariamente nos grandes centros. As drag queens, tipo atualmente em destaque na mdia e considerado o mais extico, so na verdade homens vestidos de mulher. Duas diferenas bsicas as diferenciam dos travestis: no se prostituem nem modelam seus corpos com silicone ou hormnios. Ser drag significa dar vida a um personagem. Eles se preocupam com a moda, possuem uma linguagem especfica e brincalhona, so irreverentes e pareciam os gneros musicais contemporneos. Podemos dizer que esse jeito, toda essa brincadeira, essa festa, caracterstica das Drag Queens, vem como uma resposta a uma srie de dificuldades sociais importantes.
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Os Grunges, filhos legtimos da recesso mundial, nasceram em Seatle, nos Estados Unidos, e so caracterizados pela sua indumentria: bermudo abaixo dos joelhos, tnis sujos, barbichas, calas rasgadas etc. Eles transformaram o desleixo numa provocao aos mauricinhos e patricinhas (filhos de papai). Ainda existem outros, como os Rockabillies, que amam o rock dos anos 50 e usam enormes topetes; os gticos, que cultuam as sombras e adoram poesias romnticas, alm dos hippies, rastafaris, metaleiros etc. H tambm as tribos ps-punk que so as mais temidas devido sua agressividade. Entre elas esto os Carecas (skinhead brasileiro) e os White Powers (Podes dos Brancos). Ambas as trios so racistas, tm tendncias nazistas e detestam homossexuais. Atualmente os punks no so encontrados com facilidade, mas ainda existem alguns grupos. A origem de todas essas manifestaes parece ser a contestao. A violncia, a apatia, desleixo, a festa e a anarquia so as formas de contestao do mundo ps-moderno, dizem os socilogos. Sentimento de vazio Ao analisarmos, perguntvamos o que tem por trs desse estilo de vida? Olhando a histria, percebemos que muitas manifestaes de repdio e revolta com os padres dominantes se deram de uma forma muito semelhante a esta, os Hippies, por exemplo. Porm ficaram outras duas questes: - Este fenmeno um modismo, simplesmente? - E estes jovens so assim para si ou para os outros, isto , vestem-se e agem assim por convico ou so assim para serem vistos e notados numa cidade/sociedade onde o anonimato o maior medo? Acredito que a morte da identidade pessoal promovida pela sociedade moderna e seus aparatos, no o fim, ainda h, na alma do jovem, a capacidade de resistir a e contestar, mesmo que margem do normal, na contra-mo da sociedade.
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Acredito que o sentimento de vazio e de descontentamento vivido pelo jovem de hoje pode levar a uma resistncia diante do mundo opressor, massificador e despersonalizador. Acredito na pluralidade de opes e de estilos de vida, desde que acima de tudo esteja a vida, a liberdade, a felicidade, a construo (ou re-construo) da pessoa, no importa se ela esteja de cala azul-marinho e camisa branca ou com um macaco cor-deabbora da cabea aos ps. QUESTES PARA DEBATE: 1 - Quais so as tribos juvenis que conhecemos? 2 - Quantas so atuantes em nossa cidade? 3 - Como se comporta cada tribo? 4 - O que explica esse comportamento estranho das tribos juvenis? Pe. Adilson Schio, Artigo publicado na edio 263, agosto de 1995, pgina 6.
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O JOVEM CRESCE NO GRUPO Alm de amor e da opo pelos jovens, expressos em documentos da Igreja latino-americana, necessrio saber como convocar, reunir e o que fazer para que o grupo de jovens caminhe. O que pressupe um jeito de trabalhar as vrias etapas pelas quais passam os jovens e, que no podem ser queimadas. O ponto de partida so as necessidades sentidas no contato com a realidade. O eixo da Pastoral da Juventude (PJ) so os pequenos grupos de base. Estes grupos que criam laos, confrontam a vida com o evangelho e formam lideranas jovens para o engajamento na Igreja e na sociedade. Esta foi a metodologia usada pelo prprio Jesus Cristo. No deixando de trabalhar com a multido, ele dedicou-se formao dos discpulos, especialmente dos doze. Pequenos grupos O grupo de base (oito a 20 participantes) proporciona uma melhor participao, amizade e partilha de vida, incentiva o trabalho de cada um e favorece a formao integral do jovem. A formao acontece atravs de todas as atividades: trabalho, namoro, festa, estudo. Tudo tem que andar junto, contribuindo para o jovem crescer e ser feliz. No grupo, h momentos em que os jovens gostam de falar de si, de sua famlia, do trabalho, da escola, do lazer. Depois j esto preocupados com a comunidade e seus problemas, no compromisso com a mudana da sociedade. Por isso, uma formao integral apresenta a necessidade de uma pedagogia que engloba a vida toda do jovem, que atenda: - a dimenso afetiva, ajudando a ser pessoa; - a dimenso social; integrando o jovem no grupo e na comunidade; - a dimenso espiritual, ajudando a crescer na f; - a dimenso poltica, desenvolvendo o senso crtico e ajudando a tornar-se sujeito transformador da histria; - a dimenso tcnica, capacitando para a liderana, planejamento e organizao participativos.
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Etapas a percorrer Para chegar a uma formao integral h que se percorrer etapas, dar passos numa caminhada que acontece no grupo e fora dele. A primeira etapa a infncia do grupo. a descoberta da prpria situao e das relaes entre as pessoas. O grupo amadurece um pouco e chega adolescncia. Comea a olhar para fora e realiza a descoberta da comunidade, dos problemas sociais e da importncia da organizao. A juventude do grupo acontece quando, aprofundando sua ao e reflexo, o jovem realiza a descoberta da sociedade e da dimenso poltica e social da f, comprometendo-se com a transformao da sociedade. A formao integral, educao na f, um processo que se desenvolve atravs da formao na ao. A prpria ao deve criar a necessidade da busca de contedo. O desafio est em construir uma pastoral de pequenos grupos e, ao mesmo tempo, a necessidade de momentos/encontros de massa, importantes na motivao, animao dos jovens e nucleao de novos grupos. A PJ no tem a pretenso de atingir todo mundo, mas quer ser fundamento de uma proposta de vida e esperana para os jovens. importante que os grupos de uma mesma parquia, as parquias de uma mesma rea, as reas de uma mesma diocese, as dioceses de um mesmo regional se encontrem para crescer juntos e construir uma Pastoral da Juventude organizada e ser testemunho de um novo jeito de viver e expressar a nossa f. QUESTES PARA DEBATE: 1 - O que preciso ser feito para comear bem um grupo de jovens? 2 - Quantos participantes deve ter um grupo para funcionar bem? 3 - Que pedagogia adequada para quem trabalha com grupo de jovens? O que precisa levar em conta? 4 - Para que servem os grupos de jovens? Os grupos so um espao legal para os jovens? Rui Antonio de Souza, Artigo publicado na edio 250, abril de 1994, pgina 11.
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A FORMAO DO GRUPO DE JOVENS A educao na f um processo. Ter conscincia do processo em suas diferentes dimenses e etapas, uma necessidade para todos que desejam organizar grupos de jovens, para a evangelizao das juventudes. O jovem que ingressa no grupo pode percorrer estas etapas: Nucleao ponto de partida do jovem no grupo. A conquista e o processo de cativar. O que o nucleado deseja? algum que deseja descobrir os valores e os dons que possui. Quer que quem o convida, o valoriza e que o grupo ao qual convidado seja amigo, onde possa sentir-se livre e possa expressar seus anseios e desejos. Ele quer ser valorizado pelo nome e pela sua histria. Assuntos importantes so a amizade e o namoro. Tcnicas possveis nesta etapa: - Organizao das reunies, no deixando de ajudar, marcando o local do encontro, envolvendo o pessoal na preparao. - Valorizao da vida pessoal e grupal, levando as pessoas a se desinibirem. - Utilizao de festas, passeios, compromisos fora das reunies, refeies coletivas, trabalho de mensagens musicais, celebrao de aniversrios, serenatas, retiros. - Apresentao de um Jesus amigo, que teve um grupo, valorizando smbolos e gestos nas oraes, ajudando para que a vida da amizade se torne uma espcie de msica. - Visita a outros grupos. Iniciao 1 momento: a infncia o primeiro momento da vida de um deseja? Ele quer ser autovalorizado e aceito se consigo mesmo, com os outros e crescimento da f. Deseja desenvolver-se
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grupo. O que o jovem para melhor relacionarassim engarjar-se no e ser percebido como
algum que colabora na transformao da sociedade. Anseia ser acolhido com dignidade e na amizade, sonhando com um ambiente de dilogo, onde possa manter essa amizade com relacionamentos livres. Tcnicas possveis neste momento: - Levar o jovem a ler. - Utilizar diversos meios que o levem a se desinibir e desenvolver formas de expresso (teatro, msica, dana, mensagens...) - Desenvolver atividades grupais e pequenas tarefas na comunidade. - Fomentar celebraes movimentadas e vibrantes, com smbolos, expresso do corpo, aproveitando a natureza. 2 momento: adolescncia Trata-se de um grupo que j tem vida h certo tempo. O que o jovem deseja? Continua valento o que se falou da infncia. Acrescenta-se, no entanto, o despertar da questo da afetividade e da sexualidade. Amadurece o senso de liberdade e a vontade de saber mais sobre liderana. Claro que a amizade e a solidariedade, como anseio, prosseguem. Assim como gosta de lazer, o jovem curioso por exerccios de autoconhecimento e autocontrole. Agradam-lhe celebraes participativas, esporte, visitas para conhecer a realidade, executar e planejar tarefas. Tcnicas possveis neste momento: - Painis, debates e palestras (anlise da conjuntura, bblia e histria da PJ). - Anlise de programas e propagandas dos Meios de Comunicao Social. - Celebraes envolventes, levando experincia de Deus e ao conhecimento da proposta de Jesus Cristo. - Dinmicas de integrao. - Reunies nas casas dos membros do grupo. - Retiros, encenaes, teatro, msica, dana. 3 momento: Juventude
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Imagina-se um grupo de iniciantes numa fase j mais avanada. O que o jovem deseja? O jovem, aqui, quer ser til e ter uma ao concreta dentro do seu meio e na sociedade. Quer ser respeitado e exige respeito dos outros, principalmente dos mais pobres. Alm de falar de si, quer descobrir-se e descobrir sua vocao. Est em busca, igualmente, de um amadurecimento poltico. Tcnicas possveis neste momento: - Amadurecer formas de o jovem, no grupo, procurar pistas planejadas de ao. - Trata-se de investir na formao tcnica a partir da prpria organizao deles. Fundamental o trabalho de planejamento e avaliao. - Organizar momentos delebrativos fortes de sua f como viglia, retiro, caminhadas. - Realizar cursos e treinamentos de capacitao tcnica e fazer com que o grupo viva a Reviso de Vida e de Prtica. - Formas de engajamento nos movimentos populares, sindicatos, movimento estudantil e aes concretas na comunidade eclesial. QUESTES PARA DEBATE: 1 - Quais os momentos da formao de um grupo de jovens? 2 - Que tcnicas importantes devem ser observadas em cada momento? 3 - O que importante para o jovem em cada momento do grupo? Equipe do Instituto de Pastoral de Juventude (IPJ), Site na internet: http://www.ipjdepoa.org.br Artigo publicado na edio 259, abril de 1995, pgina 15.
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COMO FAZER UM GRUPO DE JOVENS? Eu no sou voc. Voc no eu. Mas somos um grupo, enquanto somos capazes de, diferenciadamente, eu ser eu, vivendo com voc e voc ser voc, vivendo comigo. O que grupo de jovens cristos de Pastoral da Juventude? Relembrando a nossa experincia, a primeira idia era de um lugar com muitos jovens animados, acolhedores, que falava do evangelho e animava as missas e a comunidade (gincanas, mutires, festas, festivais, teatros). Foi isso que vimos e que nos deixou curiosos e desejosos de fazer parte. Mas quando entramos, descobrimos que tinha algo "a mais"! Era exigente, tinha tarefas, brigas, muita reza, treinamentos, estudo. Tempos depois fomos sentindo que sabamos e aprendamos coisas que no se falava na escola ou na famlia e isso era bom. Descobrimos ento que era tambm lugar de crescimento. Como iniciar um grupo? Tempos (anos) depois nos deparamos com esse desafio. A primeira coisa que fizemos foi ir ver por que queramos um grupo? Para quem seria o grupo, o local que se encontraria, o horrio de funcionamento, o que discutir, viver, experimentar. A animao era total, mas faltava o principal: "os jovens". Quem convidar, onde, como? A turma que ajudou a pensar todos esses passos citados logo teve algumas idias. foi nesta hora que quase desistimos. Veja algumas das sugestes: "vamos fazer convite na missa"; outro dizia: "Na crisma um lugar legal tambm, l tem muitos jovens". Um outro mais xereta veio logo dizendo: "Isso eu j fiz e veio um tiquim de gente, foi um desnimo s. Algumas pessoas disseram que foi porque eu no dei muita graa na hora dos avisos finais". Por causa dessas faltas decidimos, durante trs meses percorrer caminhos diferentes: 1. Realizar uma tarde de lazer onde todos os jovens pudessem participar;
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2. Convidamos nas missas depois de fazer um lindo teatro sobre a vida dos jovens; 3. Colocamos cartazes e fizemos convites e os distribumos em turmas e pessoalmente nas escolas, campo de futebol, sorveterias, praas. Foi um trabalho enorme, mas veio muita gente; 4. Convidamos depois todos os que vieram para voltar 15 dias depois para uma celebrao jovem, e depois para outro dia de reflexo, festa junina. Percebemos que um grupo fixo de pessoas estava sempre presente. Foi a que convidamos estes para formar um grupo de jovens. Mais uma vez outro xereta pergunta: "para que isso? Grupo de jovens serve para qu?" Tivemos ento que buscar novamente as respostas: - Serve para fazer vrias coisas legais e que nos preenchem como jovens e como pessoas humanas. - um lugar jia para fazer novas amizades, contar coisas da vida, partilhar os desejos e sonhos, encontrar amores, poder ajudar as pessoas necessitadas, animar a comunidade, dando um rosto jovem e alegre a ela. - Viver em grupo muito bom. algo natural, faz parte da gente. - Grupo geralmente um espao que nos ajuda na descoberta das outras pessoas e da gente mesmo. - Grupo lugar de exercitar a fala, a opinio, o silncio, defender pontos de vista. - Portanto, lugar de descobrir, de ter objetivos mtuos, de respeitar as diferenas, construir a identidade. A construo do grupo Um grupo se constri atravs da constncia da presena de seus elementos na rotina e de suas atividades. Um grupo se constri no espao heterogneo das diferenas entre cada participante: - da timidez de um, do afobamento do outro; da serenidade de um, da exploso do outro; do pnico de um, da sensatez do outro; da seriedade desconfiada de um, da ousadia do risco do outro; da mudez de um, da tagarelice de outro; do riso fechado de um, da
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gargalhada debochada do outro; dos olhos midos de um, dos olhos esbugalhados do outro; da lividez de um, do encarnamento do rosto do outro. Um grupo se constri construindo vnculo com a autoridade e entre iguais. Um grupo se constri na cumplicidade do riso, da raiva, do choro, do medo, do dio, da felicidade e do prazer. Vida de grupo d muito trabalho e muito prazer porque eu no construo nada sozinho, tropeo a cada instante com os limites do outro e os meus prprios, na construo da vida, do conhecimento, da nossa histria. Quem acompanha e coordena um grupo deve ter uma idia do "processo de formao grupal" (caminho) que esse grupo vai fazer. Assim ele(a) garantir que o grupo em um espao de tempo seja no s convocado (chamado), mas tambm conhea a sua prpria situao, descubra a comunidade, perceba como a sociedade, a conjuntura maior que o cerca e como cada pessoa pode interferir e principalmente que essa militncia contribua para definir, perceber sua vocao e seu projeto de vida. Assim o caminho ser feito e todos(as) podero cantar: "por isso vem, entra na roda com a gente, tambm voc muito importante, vem!" Vanildes Gonalves dos Santos e Lourival Rodrigues da Silva, Artigo publicado na edio 294, maro de 1999, pgina 5.
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PARA SER UM BOM GRUPO O grupo de jovens um espao de crescimento do jovem na f e na participao social. Para ser um bom grupo preciso criar um ambiente acolhedor, onde os jovens possam fazer uma caminhada organizada at alcanar seus objetivos. As dinmicas facilitam e tornam mais alegre este processo. Apresentamos aqui 10 pistas para um bom grupo de jovens: 1. bom que seja um grupo pequeno (10-15 jovens), para que todos possam se conhecer bem, ser amigos e participar de tudo. 2. Que todos vivam no mesmo bairro, participem da mesma comunidade ou, ento, que vivam uma mesma situao e atuem no mesmo meio (colgio, roa etc.) ou interesse (teatro, movimento popular...) 3. Que seja um grupo fixo, de jovens que queiram fazer uma caminhada de crescimento em conjunto (evitando a entrada e sada de gente). Que seja um grupo acolhedor, alegre, unido, para que todos se sintam bem. 4. Que tenha uma organizao minima, com planejamento de sua caminhada, preparao das reunies e outras atividades, diviso de tarefas entre todos, garantindo a participao democrtica. 5. Que esteja disposto a refletir a vida luz do Evangelho, aprofundando o conhecimento e vivncia da f, na Igreja, e a atuar de modo transformador na sua realidade. 6. Que na sua vida de grupo e na sua caminhada de formao procure desenvolver de forma equilibrada todas as dimenses da formao integral do jovem: pessoal, social, poltica, espiritual e tcnica. E que equilibre reflexo, ao, orao e lazer. 7. Que esteja ligado aos demais grupos e organizao de pastoral da juventude de sua parquia e diocese, levando e recebendo informaes e experincias, participando das atividades comuns... 8. Que acompanhe a caminhada da Pastoral da Juventude do Brasil, assinando o jornal "Juventude", adquirindo os subsdios para grupos e para o Dia Nacional da Juventude.
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9. Que esteja bem plantado na sua realidade, descobrindo as necessidades e oportunidades de ao e atuando na sua comunidade ou ambiente, junto com outros. 10. Que esteja preocupado com a evangelizao de outros jovens, sendo testemunho e fermento no meio deles, promovendo atividades que os desperte e motive para a vivncia comunitria. E que esteja disposto a apoiar o nascimento de outros frupos (e no a trazer gente para o seu grupo. QUESTES PARA DEBATE: 1 - O que voc acha dessas pistas para ser um bom grupo? Discorda de alguma? Por que? E que outras pistas voc acrescentaria? 2 - luz desse quadro, como voc avalia o seu grupo? O que est faltando para ele ser um bom grupo? Como vocs podem preencher essa falta? Dinmica Caa ao Tesouro Objetivo: ajudar as pessoas a memorizarem os nomes umas das outras, desinibir, facilitar a identificao entre pessoas parecidas. Para quantas pessoas: cerca de 20 pessoas. Se for um grupo maior, interessante aumentar o nmero de questes propostas. Material necessrio: uma folha com o questionrio e um lpis ou caneta para cada um. Descrio da dinmica: o coordenador explica aos participantes que agora se inicia um momento em que todos tero a grande chance de se conhecerem. A partir da lista de descries, cada um deve encontrar uma pessoa que se encaixe em cada item e pedir a ela que assine o nome na lacuna. 1. Algum com a mesma cor de olhos que os seus; 2. Algum que viva numa casa sem fumantes; 3. Algum que j tenha morado em outra cidade; 4. Algum cujo primeiro nome tenha mais de seis letras; 5. Algum que use culos; 6. Algum que esteja com uma camiseta da mesma cor que a sua; 7. Algum que goste de verde-abacate; 8. Algum que tenha a mesma idade que voc;
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9. Algum que esteja de meias azuis; 10. Algum que tenha um animal de estimao (qual?). Pode-se aumentar a quantidade de questes ou reformular estas, dependendo do tipo e do tamanho do grupo. Obs.: A dinmica foi tirada do subsdio Dinmica em Fichas Centro de Capacitao da Juventude (CCJ) - So Paulo - F: (011) 917-1425. Florisvaldo Orlando, Artigo publicado na edio 276, maro de 1997, pgina 18.
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GRUPO DE JOVENS: UM TRABALHO PRTICO Muitos grupos de jovens no levam suas reflexes a uma ao prtica. O grupo vai ficando s na teoria e acaba se esvaziando, perdendo o sentido. Mas, possvel fazer coisas conseqentes, como mostra a experincia de um grupo de Cariacica, ES. Em 1992, a partir da Pastoral da Juventude da Comunidade de So Geraldo, alguns jovens formaram um grupo e comearam a estudar. Quando o Grupo de Estudos de So Geraldo nasceu, ele surgiu como uma ao concreta da Pastoral da Juventude da comunidade. O Grupo de Estudos era parte do Grupo de Jovens, que o coordenava atravs da Equipe de Orientao Para a Vida, cujo objetivo era orientar os jovens do grupo com relao a estudos, profisso, convivncia social e poltica. Os jovens do grupo, percebendo as dificuldades com que os filhos dos trabalhadores da comunidade viviam e tendo vontade de possuir um curso superior, iniciou-se uma relfexo sobre o papel social do grupo de jovens baseado nos valores do cristianismo, tornou-se necessrio fazer algo que fosse concreto. Mas que no fosse assistencialismo e sim conforme as palavras de Jesus: ensine-os a pescar. ento surge de fato uma proposta que foi colocada em prtica pelos jovens que j freqentavam a Universidade, que se colocaram disposio para um trabalho voluntrio e gratuito para monitorar durante o perodo de julho a dezembro de segunda a sexta-feira, nas seguintes reas: Portugus, Matemtica, Histria, Geografia e Biologia, conforme o programa oferecido aos estudantes pela Universidade Federal do Esprito Santo. Vestibular O Grupo de Estudos nasceu da necessidade que os jovens tinham de estudar e se preparar para o vestibular, mas no tinham condies de pagar cursinho pr-vestibular e para que esses jovens pudessem disputar em melhores condies com a burguesia as poucas vagas oferecidas pela UFES.
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Nasceu tambm com o objetivo de contestar o sistema privado de educao, representado pelos cursinhos, que distancia cada vez mais os jovens trabalhadores da possibilidade de ter acesso ao ensino superior. Contestar o prprio vestibular como forma de acesso Universidade, pois discriminatrio e excludente. Acreditamos que a universidade um direito de todos. O acesso deveria ser livre para quem estivesse interessado em cursar uma faculdade. Por fim, queremos afirmar que apoiamos o ensino pblico e de qualidade em todos os nveis e ainda provar que possvel para pessoas menos favorecidas poder e dever lutar ter acesso universidade pblica. Novos objetivos Com o passar do tempo, o Grupo de Estudos cresceu e surgiram novos objetivos. Em 1995, para melhor representar esses objetivos, o grupo passou a ser denominado CEPUL (Centro de Estudos Populares Universidade Livre). Este ano ser transformada em uma ONG (Organizao No-Governamental), passando a ser um centro de gerao e disseminao de cultura e conhecimento, com uma proposta alternativa de educao popular, que atuar de vrias formas. O CEPUL no um cursinho pr-vestibular. o estudante que se rene, forma grupos de estudos, debate entre si os contedos e depois leva aos monitores suas dvidas, construindo juntos o conhecimento. Todas as atividades desenvolvidas no CEPUL so voluntrias e sem remunerao. As despesas so pagas com a contribuio nica de 20% do salrio mnimo vigente no perodo de incio das atividades. QUESTES PARA DEBATE: 1 - Como o grupo de jovens desenvolve a reflexo em relao aos problemas concretos da comunidade? 2 - Partindo do exemplo do CEPUL, que boas atividades podem ser desenvolvidas pelo grupo? Jorge Luiz Davel, Artigo publicado na edio 273, setembro de 1996, pgina 9.
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COMO INICIAR UM GRUPO DE JOVENS PREPARANDO O TERRENO Quem se dispe a formar e acompanhar um novo grupo de jovens precisa ter certa experincia prtica e tambm conhecimento de algumas coisas como: - O objetivo da Pastoral da Juventude para que criar grupos? - As etapas de caminhada do grupo; - O tipo de grupo que a PJ prope; - E principalmente: amor e confiana na juventude; saber como convocar e reunir o pessoal e o que fazer para que o grupo se organize e se firme. OBJETIVO Dinamizar a evangelizao da juventude em suas diferentes realidades, tendo presente o protagonismo juvenil, a diversidade cultural e a formao integral, contribuindo para a construo da nova pessoa, igreja e sociedade, em vista do Reino de Deus. A FORMAO TEM QUE SER INTEGRAL Para sermos seres humanos livres e libertadores preciso que a formao nos ajude a desenvolver todas as dimenses de nossa vida. Formao integral uma formao que atenda: - A dimenso afetiva, ajudando a pessoa; - A dimenso social, integrando a pessoa no grupo e na comunidade; - A dimenso espiritual, ajudando a crescer na f; - A dimenso poltica, desenvolvendo o senso crtico e ajudando a tornar-se sujeito transformador da histria; - A dimenso tcnica, capacitando para a liderana, planejamento e organizao participativos. Essa formao vai acontecer atravs de todas as atividades e durante o tempo de caminhada, para isso juntamos a teoria e prtica, reflexo e ao, reflexo da realidade luz do Evangelho. Por isso, no aceitamos grupos que s rezam, ou que se renem para discutir teoria, ou s para realizar aes sem reflexo e planejamento.
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CAMINHAMOS POR ETAPAS Ningum ser torna novo, comprometido com o Projeto Libertador de Jesus, de uma hora para outra. H um processo a ser vivido e passos que precisam ser respeitados. Um grupo como a gente: fomos planejados e chamamos vida para o amor. Com o grupo acontece a mesma coisa: 1. Depois que as pessoas foram convidadas, leva um tempo de gestao para nascer como um grupo verdadeiro. As pessoas vo se conhecendo, se integrando, descobrindo o que grupo, sua importncia, como organiz-lo e como trabalhar nele. 2. Quando o grupo est firme e organizado comea um longo caminho no qual seus participantes vo vivendo uma experincia participativa de formao at chegarem a uma opo pessoal de compromisso com o Projeto de Jesus. Essa caminhada como um treinamento do compromisso cristo ou como um ensaio da Nova Sociedade. 3. Os jovens que realizam esta caminhada e tem uma ao comprometida por causa de sua f, so chamados de militantes. uma nova situao de vida, que exige novas formas de continuao de formao. A REUNIO A reunio um momento importante e fundamental na vida do grupo. no processo de reunio que o grupo nasce, cresce e amadurece. A reunio como o miolo da fruta, na formao integral do jovem que entra no processo. 1. ACOLHIDA: o comeo da reunio. importante que o(a) animador(a) d ateno especial a este momento do encontro e acolhida dos membros do grupo (de maneira a criar um clima de amizade e intimidade). O local de encontro deve ser preparado antes, de modo a favorecer a comunicao, o encontro com o outro, evitando disperso ou a distrao. O(a) animador(a) deve dizer algumas palavras que sintetize o objetivo da reunio para que todos estejam por dentro do contedo da reunio. A acolhida inicia-se com uma recepo, orao inicial e a apresentao de novos participantes, com uma saudao, um canto alegre e apropriado para o encontro.
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2. RELEMBRANDO O ENCONTRO ANTERIOR: o momento de fazer a memria do grupo. Lembrar os pontos mais importantes que foram falados, lembrar as decises tomadas e cobrar as atividades que foram distribudas para serem feitas pelos membros do grupo. 3. OLHANDO A NOSSA REALIDADE: considerando que a reunio precisa partir sempre da vida concreta dos jovens, situados no bairro onde moram com suas dificuldades e alegrias, o(a) animador(a) deve estar atento para ir aos poucos trabalhando este aspecto nos participantes do grupo, tirando a trave dos olhos para que eles tomem conscincia de sua prpria realidade. - A metodologia: o objetivo da metodologia passar um contedo, uma idia. Para isto o(a) animador(a) deve ter claro aonde se quer chegar, isto depende do conhecimento, da preparao, da execuo e de sua aplicao ao tema proposto. - Avaliao da metodologia: o seu resultado depende da avaliao do que foi feito, quando o grupo entende o contedo trabalhado e partilha os sentimentos vividos. Trs elementos so importantes nesta avaliao: Como foi o trabalho, todos se envolveram? Como se sentiram? O que aprendemos como grupo da metodologia aplicada. Neste momento importante o(a) animador(a) anotar todas as respostas do grupo, apresentar uma sntese e ajudar a concluir essa parte, ligando com a seguinte. 4. CONFRONTANDO COM A VIDA DE JESUS/PALAVRA DE DEUS: a comparao bblica, neste momento, ajuda o grupo a descobrir atitudes de Jesus diante de uma situao semelhante vivida pelo jovem e introduz a orao que segue no final da reunio. A iluminao bblica necessria para que os jovens possam assumir os valores evanglicos comparando a sua vida com a de Jesus. Nem sempre fcil a aplicao da Bblia, uma vez que os jovens tm dela pouco conhecimento, sendo necessrio ir pensando com o grupo como estud-la mais. 5. ASSUMINDO PEQUENAS ATIVIDADES: (compromisso de vida), no incio do grupo, os jovens dificilmente assumem grandes aes. necessrio um treinamento de atitudes e atividades a serem
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cultivadas com intensidade durante a semana seguinte. Trata-se de ver a realidade, confront-lo com o apelo de Jesus e assumir na sua vida de jovem uma atitude nova, crist. 6. CELEBRANDO A VIDA-ORAO: o que foi descoberto ou experimentado torna-se agora orao. Este um momento de reflexo, contemplao de Deus. Precisa-se evitar o vcio de recitar mecanicamente o Pai Nosso e Ave-Maria. Despertar os jovens para orao pessoal e comunitria. Para isso, usar salmos, oraes espontneas, para despertar o gosto pela orao, ela precisa ser preparada com criatividade. 7. AVALIAO REVER A REUNIO: avaliar tudo que foi feito durante a reunio. Esta avaliao ajuda os jovens a despertar o senso crtico e a participar com mais entusiasmo. 8. PREPARAO DO PRXIMO ENCONTRO: combinar com o grupo sobre o prximo encontro. O tema, as pequenas tarefas que eles j so capazes de realizar, lembrando que no incio do grupo os jovens assumem bem pouco. No cobrar muito, caso contrrio eles fogem do grupo. 9. AVISOS E DESPEDIDAS. OBSERVAES: alm destes elementos, o grupo pode acrescentar outros, como por exemplo: dinmicas, como introduo de algum tema ou brincadeira no final da reunio. O(a) animador(a) deve estar preocupado(a) durante todo o tempo com a formao integral do jovem. Por isto, importante despertlo para falar, falar de si, participar da reunio, avaliar, perceber a sua realidade, assumir pequenas tarefas, rezar. fundamental para o crescimento no grupo que os jovens desenvolvam pequenas tarefas.
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