Não Confesse Seus Pecados!: Uma Análise Sobre Confissão de Pecados

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Eliezer Oliveira

Não Confesse seus Pecados!


​-​ Uma Análise sobre Confissão de Pecados

Por Vida Trocada

1
“A Graça tirou o pecado do mundo”, essa é uma das minhas
frases favoritas que o Espírito Santo me disse, ao ler este livro
de Eliezer Oliveira, “Não Confesse os Seus Pecados” fica claro
o foco na obra de Deus em Cristo Jesus, mostrando essa
verdade maravilhosa. Desmistifica a confissão como veículo de
perdão tanto no AT como no NT, e que de forma alguma
qualquer confissão de pecados possa restaurar uma comunhão
que é inquebrável com o Pai, demonstra claramente que a
consciência de pecado é o cerne para a confissão e não o
perdão. Fica claro o perdão baseado no derramamento de
sangue, no antigo pacto com o sangue de animais e no novo
com o precioso sangue de Jesus Cristo. A confissão de pecados
para mim, particularmente, é como vituperar a Jesus Cristo e
Sua Obra Consumada, desonrando-O, vejo nesse livro uma
fonte inspiradora para que sigamos e nos mantenhamos
confiantes na pura e perfeita consciência de justiça que Cristo
nos deu.

- Jeff Di Cristo (Escritor do Blog Vida Trocada)

A confissão de pecados é um tema polêmico no meio cristão por


causa do pouco (e em alguns casos, nenhum) entendimento
sobre o que são a antiga e a nova aliança. Mas graças a Deus,
que tem levantado filhos com a revelação do evangelho puro,
levando os crentes a saírem da mistura de doutrinas e a
desistirem da inutilidade de se colocar remendo novo em pano
velho através de certas crenças erradas e práticas como a
confissão de pecados. Este livro é um exemplo desse despertar
que o Senhor tem operado no mundo todo. Com muita clareza e
riqueza de detalhes, o e-book cumpre sua promessa em

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desmistificar a validade da confissão de pecados para nós
crentes do lado de cá da Cruz de Cristo.Ao ler essas páginas,
caro leitor, abra seu coração para receber as verdades do
Evangelho puro de nosso Senhor Jesus e ser livre de toda falsa
doutrina religiosa.

- Leo Francisco, Viçosa MG

Sinto muito em dizer que o livro que tem nas mãos pode ir
contra tudo aquilo que acreditou sobre confissão de pecados até
agora.

No livro que vai ler, Eliezer Oliveira e Jéssica Steffen,


fazem-nos debruçar sobre verdades, teoricamente, absolutas e
levam-nos a ver como o evangelho da Graça é muito mais Jesus
e muito menos eu.

Os autores deste livro têm dedicado o seu tempo o seu estudo e


o seu amor ao Evangelho de Cristo o Evangelho da Graça.

Este livro faz uma abordagem profunda sobre a origem da


confissão de pecados e como as religiões a utilizam tirando o
lugar central de Cristo e colocando o homem nesse lugar. Aos
cristãos foi-lhes incutido que têm de fazer algo para
conseguirem o perdão dos pecados e a confissão foi usada para
que o homem se pudesse livrar do remorso e assim pensar que
essa confissão lhe traria perdão. Veremos nas páginas deste
livro que isso é um engano e que poe em causa a obra
consumada de Cristo. O perdão veio exclusivamente pelo
sacrifício do Nosso Senhor Jesus Cristo e os nossos pecados,
passados, presentes e futuros já foram cravados com Cristo na

3
Cruz do Calvário. A análise entre a confissão no antigo e novo
testamento está bem explicada em todo este livro.

Para que possa compreender e ver as verdades explicitas neste


livro é necessário que você, leitor, não vá com pré-conceitos,
ideias pré-concebidas, mas vá de espírito e mente aberta para
poder ver as verdades reveladas em cada página.

Depois de ler e talvez reler este livro a sua visão estará


alargada e o Espírito Santo com certeza o guiará para uma
nova e livre visão da nova aliança aquela que, graças a Deus,
eu e você estamos.

Acredito que para pastores e líderes da Nova Aliança, este livro


será uma ferramenta essencial para o desenvolvimento do seu
ministério. Eu sou a prova disso.

- Luis Ferreira, Portugal


(presidente da IGAPI-Internacional

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Introdução

Eu criei o Blog Vida Trocada para compartilhar as verdades do


Evangelho da Graça. No Blog, produzimos materiais contrários
ao legalismo e à religiosidade. Procuramos com forte base teórica
e bíblica, sanar as dúvidas de nossos irmãos a respeito da graça,
da identidade que possuímos em Cristo, e de temas polêmicos e
mal interpretados das Escrituras.

Eu, Eliezer Oliveira, sou o Diretor do Blog e escrevo junto com a


minha amada Jessica Steffen, Pr. Herso Meus, Matheus Almeida,
Lucas Almeida, Pr. Gerson Vasconcelos e Jeff Di Cristo.

Esse E-book foi projetado para ser um material gratuito para os


nossos irmãos. Esse material possui o objetivo de abençoar
nossos irmãos com o conhecimento da Obra Consumada a
respeito do perdão que recebemos em Cristo.

A confissão de pecados é destacada como uma “Doutrina” para os


evangélicos, e um sacramento para os católicos. É necessário
dizer que a Escritura não coloca a confissão nessas categorias. Na
verdade, como será demonstrado nesse Livro, a confissão de
pecados é tratada nas Escrituras como um produto da consciência
de pecado, e não como uma fórmula mágica para receber perdão.

Nós do Blog Vida Trocada, enfatizamos a verdade de que


somente através da Obra Consumada de Cristo é que temos o
perdão completo e total dos nossos pecados.

Eliezer Oliveira - Diretor do Blog Vida Trocada

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Introdução​ 2
1. O que é Confissão? 7
1.1 Confissão no Entendimento Cristão Popular 7
1.2 A Igreja e Confissão de Pecados 8
1.3 Etimologia do termo Confissão 10
1.4 Entendimento do Blog Vida Trocada sobre Confissão
de Pecados 14
2. Perdão Completo em Cristo 15
2.1 Perdão através da Obra de Cristo 15
2.2 Perdão Judicial e Familiar 18
3. Confissão no AT e no NT 23
3. Confissão no AT
​ 23
​3.2 Confissão no NT 28
​1. Mateus 6:12 30
​2. Tiago 5:15-16 33
​1 João 1:9 34
​3.3 Conclusão 38
Referências Bibliográficas 40
Outros Livros: 43
E Ele nos Tornou Santos 43
Nada Além do Sangue 44
Interpretando a Escritura: 25 Versículos sobre Questões
Controversas 45
Hiper Graça: O que Realmente Defendemos 46

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1. O que é Confissão?

1.1 Confissão no Entendimento Cristão Popular

Dentro do cristianismo, a maioria das vertentes e dos círculos


cristãos possuem unanimidade a respeito da confissão de pecados.
O entendimento popular sobre a confissão é que confessar é falar
dos pecados, dizer, declarar o que foi feito. A confissão, no
entendimento popular, está ligada ao perdão de pecados.

Na medida em que o crente confessa seus pecados a Deus, Ele lhe


perdoa.[1] Portanto, o perdão de Deus está inteiramente
relacionado à confissão. O crente precisa falar com Deus, dizer
“eu pequei nisso”​ para que tal pecado seja perdoado.

Desta forma, todos os crentes precisam confessar seus pecados.


Justamente porque todo crente ainda peca [2]. Se a confissão está
ligada ao perdão, e todo crente ainda peca - necessitando de
perdão - então todo crente precisa confessar.

Essa é a opinião majoritária no meio cristão. Confissão é o meio


de sermos perdoados. Como veremos neste trabalho, essa opinião
possui grandes problemas pois se posiciona contra a Obra
Consumada de Cristo.

7
1.2 A Igreja e Confissão de Pecados

A Igreja Apostólica Romana (Católica) entendeu a confissão em


termos mais eclesiásticos. Para os Católicos, a Confissão é um
dos sacramentos que o fiel deve realizar na sua vida cristã. Tal
sacramento providencia ao crente a ​“graça​ do perdão”​[3]​. A
confissão deve ser feita a Deus, diante de um Padre, diante de
uma autoridade eclesiástica. Essa autoridade é uma espécie de
testemunha da confissão. A Igreja Ortodoxa Oriental segue um
padrão semelhante [4].

A Reforma Protestante protestou contra essa forma de confissão


associada a um líder. Os reformadores, como Martinho Lutero,
cansados da vida monástica e introspectiva, cheia de regras e
princípios de como viver a vida cristã, levaram a confissão a
outro âmbito.

No entendimento Protestante-Evangélico, a confissão deve ser


feita somente a Deus, e Deus irá beneficiar o cristão em secreto,
perdoando suas ofensas. No entanto, é necessário dizer que dentro
do protestantismo existem algumas diferenças sobre a confissão.

1. Visão Calvinista-Reformada: Os calvinistas, e os


reformados, tendem a acreditar que o crente já foi totalmente
perdoado em Cristo. Os calvinistas acreditam que Deus
predestinou certas pessoas para serem salvas, e que essas
pessoas, dessa forma, já foram totalmente perdoadas. No
entanto, o Calvinista não descarta a confissão e nem a coloca
em um degrau a menos. Para ele, a confissão é uma obra

8
necessária para todo cristão pois se trata de confessar que é
pecador e precisa de Jesus. No entendimento calvinista, todo
salvo irá confessar seus pecados pois a confissão demonstra
que nascemos de novo e reconhecemos nossos erros.
Portanto, a confissão não é necessária para o perdão, mas é
uma obra que todo salvo irá realizar. Desta forma, se uma
pessoa se diz crente, mas não confessa seus pecados, deveria
avaliar se realmente é salva (visto que todo salvo irá
confessar seus pecados).[5]
2. Muitos cristãos fazem uma divisão entre perdão Judicial e
perdão familiar. Para eles, o que Cristo fez na Cruz foi
providenciar perdão Judicial. Todos os que creem em Jesus
recebem perdão Judicial dos pecados passados, presentes e
futuros. Todavia, é necessário confessar o pecado para
receber perdão familiar. Segundo essa perspectiva, o perdão
familiar é como o perdão do pai ao filho. Quando o filho
erra, a comunhão com o pai é “quebrada”, e somente quando
o pecado é confessado que a comunhão é restaurada. [6]
3. Outros cristãos não fazem a separação de confissão judicial
e familiar, mas acreditam que se os crentes não confessarem
seus pecados, a comunhão com Deus é quebrada.
4. Outros possuem uma “teologia do arrependimento”. Eles
acreditam que o arrependimento se trata de uma mudança de
comportamento, e que a confissão é o resultado desse
arrependimento. Ou seja, o crente se arrepende e confessa o
pecado. Para eles, a confissão está tão relacionada com o
arrependimento que seria uma afronta dizer que a confissão
não é necessária para a vida cristã.

9
A perspectiva que eu, e os autores do Blog Vida Trocada
defendemos é diferente de todas as que citei até aqui. Nós
acreditamos que a confissão não está ligada ao perdão em Cristo,
e que não existe uma separação de perdão Judicial e Familiar. O
próprio fato de haver perdão já pressupõe uma relação íntima e
pessoal com Deus. O perdão que Ele nos dá não é em termos
jurídicos, mas em termos relacionais. Somos filhos eternamente
perdoados.

Não acreditamos que a confissão possui relação com a comunhão


dos cristãos e nem com qualquer parte da nossa Identidade em
Cristo. Comunhão, Perdão, Salvação e tudo mais estão
fundamentados na Obra Consumada de Cristo, e não em obras e
trabalhos humanos de confissão.

1.3 Etimologia do termo Confissão

Vamos ver o léxico "The New Testament Greek Lexicon"[7] sobre a


palavra “Confessar" usada em vários lugares nas Escrituras:

Definição:

- dizer a mesma coisa que outra, isto é, concordar,


concordar em conceder não recusar, prometer não negar
confessar,
declarar confessar, isto é, admitir ou declarar-se culpado daquilo
de que é acusado professar declarar abertamente , falar

10
livremente para professar-se adorador de alguém para louvar,
celebrar

Palavras Traduzidas

KJV - reconhecimento, 1; confessar, 17; a confissão é feita,


1; agradeça, 1; professar, 3; promessa.

NAS - reconhecer, 2; admitir, 1; assegurado, 1; confessar, 6;


confessou, 4; confessa, 6; confessando, 1; declarar, 1; agradeça,
1; feito, 1; professar, 1; prometido.

A palavra hebraica para confessar ou reconhecer é ​yada​ ​, que


basicamente significa ​“saber”​ ou, no radical hiphil, ​“tornar​
conhecido”.​ Outra palavra que parece semelhante, mas é
diferente é yadah , ​"dar​ graças, louvar" e, em seguida,
"confessar". [8] A palavra “nagad” também é usada como
“confessar”, assim como significa (1), confrontar (2), declarar (3)
declarado.

São essas e outras palavras que são usadas no Antigo Testamento


em Hebraico para “confissão”.

No Novo Testamento, em grego, a palavra grega primária para


"confessar" é homologo (homologéo), que basicamente significa
"dizer a mesma coisa" e, em seguida, "concordar, admitir,
reconhecer". O contexto deve determinar a natureza precisa, a
ênfase e o significado da palavra.[9]

11
No Novo Testamento, ​homologéo​ é usado em referência a
“confessar” uma Pessoa, como confessar Jesus Cristo (Lucas
12:8), para confessar uma declaração (Hebreus 11:13), e
confessar um fato sobre uma pessoa (João 9:22). Apenas em 1
João 1:9 ​homologéo​ é usado em referência a confessar o
pecado.[10]

Isso não é surpreendente? Grande parte das referências do NT


sobre confissão estão associadas a confessar Jesus Cristo, ou a
confessar as verdades da fé. Se a confissão de pecados é tão
importante como sugerem muitos cristãos, por que a ênfase
bíblica para confessar se refere a confessar Jesus e os
fundamentos da fé? Se a confissão é uma parte vital da vida
cristã, sendo o motor que gera perdão “familiar”, ou a restauração
da comunhão, por que não vemos essa importância sendo
demonstrada nos textos do Novo Testamento?

O autor de Hebreus, depois de descrever as realidades do nosso


perdão em Cristo, como perdão eterno (Hebreus 9:12), da nossa
santificação e perfeição em Cristo (Hebreus 10:10,14), exorta os
seus leitores a manterem ​“firme​ a confissão de fé” (10:23).
Confissão de quê? De todas as verdades que o autor acaba de
citar. Os Hebreus foram perdoados, santificados e aperfeiçoados
pelo sacrifício de Cristo e agora são exortados a manterem uma
confissão dessas verdades.

O autor de Hebreus não pensou: ​“acho​ que estou falando muito


de perdão e dos benefícios que os crentes têm em Cristo, vou
equilibrar isso com a confissão de pecados para que não se
esqueçam do arrependimento”.​ O autor de Hebreus não exorta
seus leitores a confessarem seus pecados para que então o sangue

12
de Jesus perdoe seus pecados, ele exorta seus leitores a
confessarem que foram perdoados pelo sangue de Cristo.

O escritor Jeff Di Cristo, do Blog Vida Trocada, fez um perfeito


comentario sobre isso:

Cito Hebreus 10: 1, 2 “Porque, tendo a lei a sombra dos


bens futuros e não a imagem exata das coisas, nunca, pelos
mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem cada
ano, pode aperfeiçoar os que a eles se chegam. Doutra
maneira, teriam deixado de se oferecer, porque,
PURIFICADOS UMA VEZ OS MINISTRANTES, NUNCA
MAIS TERIAM CONSCIÊNCIA DE PECADO.”

Observe que nos versos citados o escritor de Hebreus


deixa claro que se houvesse como os animais sacrificados
purificarem de uma vez por todas os pecados, eles não
teriam mais consciência de pecado, a ênfase lá era nos
animais sacrificados, e a ênfase da nova aliança é no
“Cordeiro de Deus que tirou o pecado do mundo” e esse é o
ponto do evangelho, o sacrifício de Cristo é único e de fato
nos purificou de todos os nosso pecados. Purificou a nossa
consciência, que é hoje uma consciência de justiça, a justiça
que Cristo nos deu ao se tornar pecado por nós.

Esse panorama de confissão é totalmente diferente do que


aprendemos em nossas congregações.

13
1.4 Entendimento do Blog Vida Trocada sobre Confissão de
Pecados

O nome Vida Trocada se refere a ​Teologia​ Exchanged Life,​ uma


perspectiva Teológica defendida por Hudson Taylor, Andrew
Murray, Watchman Nee e outros. Como eles, acreditamos que a
vida cristã não se trata de mudanças de comportamento, mas de
uma troca de identidade. Recebemos a identidade de Cristo e Ele
recebeu nosso pecado na cruz. [11]

Assim como diversos temas cristãos, possuímos uma perspectiva


a respeito da confissão:

● Se recebemos perdão dos pecados passados, presentes e


futuros, não é necessário confessar pecados para ser
perdoado;
● A comunhão que temos com Deus é traduzida nas Escrituras
por ligação e união com Cristo, estamos “em Cristo” e ele
está “em nós”. Tais termos demonstram que nossa união
com Cristo é ininterrupta, não pode ser quebrada. Portanto,
nossas confissões não possuem o papel de nos manter em
comunhão com Deus;
● Não existe nas Escrituras categorias de perdão judicial e
familiar;
● A confissão não está relacionada ao arrependimento. Não
trataremos aqui sobre o arrependimento, mas resumindo,
acreditamos que o arrependimento é o que o teólogo T. F
Torrance chamou de ​“homo​ excurvatus em se” (o homem

14
olhando para fora de si mesmo)[12]. O arrependimento é o
homem olhando para longe de si mesmo, para Cristo. A
confissão de pecados é o homem olhando para si mesmo.
Desta forma, a confissão de pecados e o arrependimento são
opostos.

2. Perdão Completo em Cristo

2.1 Perdão através da Obra de Cristo

Se recebemos perdão dos pecados passados, presentes e futuros,


não é necessário confissão de pecados para receber o perdão.

O perdão de pecados é uma obra completa e plena porque o


sacrifício vicário de Cristo foi uma obra completa. Trabalhando
essa questão, Paulo fala de forma clara que nossa dívida foi
totalmente paga:

E, quando vós estáveis mortos nos pecados, e na


incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com
ele, perdoando-vos todas as ofensas, Havendo riscado a
cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de
alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós,
cravando-a na cruz.
-Colossenses 2:13,14

15
1. Paulo é enfático ao afirmar que Cristo perdoou TODOS os
nossos pecados;
2. Quando nos perdoou? Quando confessamos? Quando
estávamos mortos;
3. Ele não se refere somente aos pecados passados visto que no
versículo seguinte ele destaca que a escrita de dívida que era
contra nós foi cravada na cruz. Essa dívida não está reduzida
aos nossos pecados passados, mas é composta por todas as
más ações que teremos ao longo da vida. Quantos pecados
Cristo carregou? Todos. Essa é a dívida paga.

Comentando sobre o texto de Colossenses, o Dr. Charlie Bing


disse:

…em Colossenses 2:13 , a palavra “todos” significa


exatamente isso. Significa que Jesus perdoou todos os
pecados, não importa o quão terrível seja. Também significa
que ele perdoou todos os pecados passados, presentes ou
futuros. Alguns podem ter dificuldade em aceitar o fato de
que Deus perdoou até os pecados futuros, mas devemos
perceber que todos os nossos pecados eram futuros para
Jesus Cristo quando Ele os pagou na cruz. Jesus sabia os
pecados que cometemos no passado e nos perdoou de
qualquer maneira quando morreu na cruz. Da mesma
forma, ele conhecia os pecados que ainda devemos cometer
e nos perdoou de qualquer maneira na cruz. [​ 13]

A carta aos Hebreus é, sem sombra de dúvidas, um tratado


espetacular a respeito da magnitude do sacrifício de Cristo. O
autor de Hebreus destaca a profundidade desse sacrifício:

16
“…por seu sangue, entrou uma vez por todas no santo lugar
e tendo obtido eterna redenção para nós.”​ (Hebreus 9:12)

Muitos acreditam que quando pregamos o perdão total, estamos


dando uma falsa sensação de segurança para os cristãos. A
questão é: estaria o autor de Hebreus trazendo aos leitores uma
falsa segurança? Com certeza ele tinha em mente que o sacrifício
de Cristo é tão abrangente e seguro quanto o próprio Cristo. Se
estamos em Cristo estamos totalmente seguros, e essa segurança
não se fundamenta em nossas ações, mas como o autor de
Hebreus descreve, ​“no​ seu sangue que nos deu eterna redenção”.
De forma similar, no capítulo seguinte, o autor de Hebreus
declara que:

“porque com uma só oferta ele aperfeiçoou para sempre os


que são santificados”​ (Hebreus 10:14)

Ainda em Hebreus, podemos construir uma argumentação que


denota a eficácia e a natureza do sacrifício de Jesus:

“... sem derramamento de sangue não há perdão.”


(Hebreus 9:22)

O silogismo a seguir esclarece o panorama do perdão:

1. Só há perdão com derramamento de sangue, é a única


cláusula para a redenção;

17
2. Portanto, nenhum trabalho humano – incluindo confissões
ou penitências – podem perdoar pecados, visto que a
economia de Deus é baseada no sangue;
3. Dessa forma, se o sangue de Cristo foi derramado de forma
definitiva, – e ele foi – de uma vez por todas, o perdão é
total e completo.

Portanto, o perdão que temos é total, é completo, e esse perdão


não está associado às nossas constantes confissões, mas a Obra
Consumada de Cristo.

2.2 Perdão Judicial e Familiar

Muitos fazem uma divisão entre perdão judicial e perdão familiar.


Para eles, o que Cristo fez na Cruz foi providenciar perdão
Judicial. Todos os que creem em Jesus recebem perdão Judicial
dos pecados passados, presentes e futuros. No entanto, é
necessário confessar o pecado para receber perdão familiar.
Segundo essa perspectiva, o perdão familiar é como o perdão do
pai ao filho. Quando o filho erra, a comunhão com o pai é
“quebrada”, e somente quando o pecado é confessado que a
comunhão é restaurada.

Veja essa citação de um site que defende essa divisão de perdão:

18
Por exemplo, se você faz algo errado contra o seu pai – não
cumprir suas expectativas ou regras – você atrapalhou a
comunhão, mas você ainda é seu filho. Aquela comunhão é
atrapalhada até você admitir ao seu pai que você errou. É
assim que funciona com Deus; sua comunhão com Ele é
atrapalhada até você confessar aquele pecado. Só então a
comunhão é restaurada. Isso é perdão “relacional”.[​ 14]

Essa perspectiva possui três grandes problemas:

1. Não entende o propósito de Deus em criar a humanidade;


2. Não entende o verdadeiro significado de comunhão;
3. Tenta refletir em Deus, as relações humanas e sociais de pai
e filho.

1. Problema

O problema dessa perspectiva é justamente criar duas categorias


(Judicial e Familiar). Essa perspectiva demonstra que grande
parte da Igreja vê Deus em termos Judiciais, e não relacionais.

Os teólogos irmãos Torrance (J. B e T.F Torrance) defenderam


que os propósitos de Deus para a humanidade são principalmente
filiais, e não judiciais. Quando olhamos para Deus através das
lentes de Cristo, vemos que os caminhos de Deus para conosco
são principalmente filiais (relacionais), não judiciais (legais). Ou
seja, o propósito de Deus para o Homem não é a obediência a
Leis ou um mero crescimento de virtudes morais que “satisfarão a
Deus”. Para os Torrance, o relacionamento primário de Deus
conosco não é legal, mas filial (ou seja, ​"observar​ ou ter a

19
relação de um filho com um dos pais"​) Como JB Torrance diz, ​"o​
principal propósito de Deus para a humanidade é 'filial', não
apenas 'judicial', onde fomos criados à imagem de Deus para
encontrar nosso verdadeiro ser-em-comunhão, em 'filiação', nas
relações mútuas de amor ” [​ 15]

Ou seja, o que Deus realiza em Cristo não é um perdão Judicial,


justamente pelo fato do propósito de Deus para a humanidade não
ser Judicial, mas Filial. O perdão que recebemos de Deus é
familiar porque esse é o propósito da relação de Deus com o
Homem. Jesus foi enviado para que todo aquele que nele cresse,
se tornasse filho de Deus (João 1:12). Propriamente dito, o perdão
que recebemos em Cristo nos insere na relação de Pai e Filho.

Essa perspectiva coloca o Judicial à frente do Familiar. Neste


caso, o propósito número um de Deus para com o homem é uma
relação Judicial. Já que recebemos o perdão “familiar” apenas
depois, o propósito familiar é secundário e menos importante.

A relação de Deus com o homem em termos de família não é o


segundo propósito de Deus para o homem, e a relação judicial o
primeiro propósito. O propósito de Deus para a humanidade é
unicamente filial, o propósito primário e principal de Deus é fazer
com que o homem esteja em relação de amor com Ele como pai e
filho.

20
2. Problema

A comunhão que o homem tem com Deus é inquebrável. Essa


comunhão está fundamentada na própria comunhão que Deus
possui consigo mesmo.

Deus é uma Trindade, por isso vive como três pessoas em


comunhão e em relacionamento mútuo. Essa comunhão significa,
como Jesus disse, que o Pai está no Filho e o Filho está no Pai
(João 14:11). Essa comunhão jamais pode ser quebrada. Caso
contrário, Deus deixaria de existir. Se a Trindade saísse da
comunhão que possui, as três pessoas da Trindade se separariam,
e assim Deus deixaria de existir. Deus só existe como uma
Trindade. O Pai só existe porque o Filho existe e está em ligação
com Ele. O Pai não é o Pai sem o Filho, e o Filho só é Filho por
causa do Pai.

João afirmou que a nossa comunhão é com o Pai, e com seu Filho
Jesus Cristo (1 João 1:3). Desta forma, nossa comunhão é como a
comunhão do Pai com o Filho. Deus nos ligou de tal forma a Ele
que só podemos ser filhos se estamos unidos ao Pai. Portanto, a
afirmação que se não confessarmos os nossos pecados,
“​atrapalhamos​ a comunhão, mas ainda somos filhos", é uma
contradição em si mesma. Justamente porque se a comunhão é
atrapalhada, alterada ou quebrada, não existe mais filiação, não
existe mais uma relação com Deus como pai e filho. Isso nos leva
ao terceiro problema.

21
3. Problema

Um dos maiores equívocos dessa perspectiva é refletir nossas


relações humanas e sociais em Deus. As relações humanas são
facilmente alteradas pelas ações e comportamentos. Isso não pode
servir de base completa e exata para descrevermos a relação de
Deus conosco. Na verdade, a base da nossa comunhão e união
com Deus deve ser vista à luz da comunhão e ligação que Deus
tem consigo mesmo em sua Triunidade (nas três pessoas da
Trindade).

Nossos pecados não alteram nosso estado diante de Deus. Fomos


justificados pela fé em Cristo. A justificação é mais do que
receber perdão, é ser feito verdadeiramente Justo. Mas porque
inclui o perdão, a Justificação altera nossa relação com Deus. Por
isso, Paulo escreveu que: “sendo justificados pela fé, temos paz
com Deus” (Romanos 5:1).

Estamos em paz com Deus, e a base dessa realidade é a


Justificação e não as nossas confissões. Como é possível estar em
paz com Deus e com uma comunhão quebrada ou "atrapalhada''
com Ele?

Isso mostra que não podemos espelhar nossas relações humanas


em Deus.

22
3. Confissão no AT e no NT

3. Confissão no AT

Começando com o AT, qual era a importância da confissão?


Primeiro vamos ver um dos primeiros versos em que a palavra
“confessar” aparece no AT:

Será, pois, que, culpado sendo numa destas coisas,


confessará aquilo em que pecou.

Levítico 5:5

No capítulo 5 de Levítico, Deus está falando com Moisés sobre os


pecados, e os sacrifícios pelo pecado. No verso (6), Deus diz que
aquele que pecou deverá trazer uma oferta por sua transgressão.
Poderia ser uma ovelha, ou cabrito das cabras. O texto ainda diz
que o sacerdote fará “expiação por ele acerca desse pecado”. Ou
seja, o pecado era expiado, perdoado, quando fosse realizado o
sacrifício.

Perceba, nem mesmo no AT havia uma ligação direta entre


confessar e ser perdoado.

O único texto que parece induzir que a confissão no AT estava


ligado ao perdão de pecados é o Salmos 32:5. Vejamos o que ele
diz:

23
Então reconheci diante de ti o meu pecado
e não encobri as minhas culpas.
Eu disse: "Confessarei as minhas transgressões",
ao Senhor, e tu perdoaste a culpa do meu pecado.
Salmos 32:5

O único problema de utilizar esse verso para dizer que Deus


perdoou os pecados do salmista por causa da sua confissão é que
ele é um ​salmo​ ​. Os salmos eram canções e orações musicais que
partiam da experiência e vivência do salmista. Essa experiência
mudava e alterava a medida em que ele descrevia seu estado.
Vemos isso muito nas Lamentações de Jeremias, onde uma hora
ele afirma o quanto Deus o castigou, e logo depois descreve a
bondade de Deus para com ele, e que suas ​“misericórdias​ se
renovam a cada manhã” (Lamentações 3:22). Não foi Deus quem
mudou, mas a perspectiva de Jeremias que mudou sobre Deus.
Existem muitos desses aspectos sentimentais nos salmos. Isso
acontece porque o homem possuía um entendimento sobre Deus
alterado pelo pecado. O homem estava cheio de culpa, medo,
condenação e angústia pelo pecado, e essa era uma grande
consciência do pecado.

No próprio Salmos 32 podemos ver isso. No início do Salmo,


Davi fala de como estava se sentindo pelo seu pecado, e descreve
que bem aventurado é aquele que tem suas transgressões cobertas
e perdoadas. Davi também afirma (descrevendo como seria o
homem na Nova Aliança), bem aventurado o homem que Deus
não imputa o pecado. Ele não sentia isso, Davi sentia seu pecado
sendo imputado sobre ele, por isso queria confessar. Logo depois
de confessar (v.5) vemos uma mudança completa no diálogo de

24
Davi com Deus. Ele começa a proclamar tudo o que Deus faria
por ele. Davi também convoca todos os justos a se alegrarem em
Deus (11).

Antes da confissão temos um Davi perplexo com o pecado,


angustiado e se sentindo culpado. Depois da confissão, parece que
houve uma “cura da alma”, e Davi passa a se regozijar em Deus.
Ou seja, parece que o papel da confissão não era o perdão de
pecados em si, mas o alívio da consciência de pecado.

É aqui que entro no ponto extremamente importante deste


trabalho: Deus instituiu a confissão no AT como uma forma de
cura da alma, um alívio da consciência do pecado.

Esse é o motivo de haver tantas confissões no AT ligadas ao


pecado. Havia uma grande consciência do pecado, e embora a
confissão fosse realizada em vários momentos, apenas com
"derramamento de sangue” é que o pecado era perdoado
(Hebreus 9:22). Portanto, as confissões não tinham poder para
perdoar, apenas os sacrifícios de animais, que faziam referência e
refletiam o sacrifício perfeito que viria.

Todavia, a confissão possuía um papel vital na cura da alma do


homem para levá-lo a um relacionamento mais próximo com
Deus. Por causa da consciência do pecado, o homem se afastou de
Deus, como Adão que se escondeu dEle.

A confissão não alterava a relação de Deus para com o homem,


mas a relação do homem com Deus, ou seja, a confissão aliviava
a consciência e permitia o homem desfrutar da alegria e da
esperança em Deus.

25
De fato, o Catolicismo Romano estava meio certo ao descrever a
confissão como um processo de cura da alma [16]. Neste caso, a
confissão está inserida no âmbito das emoções e dos sentimentos.
Deus instituiu a confissão como um meio de levar o homem a
uma cura de suas emoções, gerando alívio e descanso. Quando
isso era feito, o Homem conseguia vislumbrar a graça de Deus.
Isto porque, quando a consciência está cheia de culpa, e as
emoções cheias de amargura, o homem não consegue ver Deus
em sua majestade, essas emoções e pensamentos influenciam em
sua perspectiva.

Nesse momento preciso citar fontes extra-bíblicas para destacar


ainda mais esse ponto. Me refiro à psicologia.

A psicologia, como estudo da alma, da psique, tem demonstrado


que confessar, falar, declarar sobre angústias, erros, e coisas
ocultas é extremamente benéfico para a saúde mental e física.

O psicólogo James W. Pennebaker afirma:

“Não é coincidência que algumas das pessoas ou


instituições mais poderosas em muitas culturas encorajem
as pessoas a confessar suas transgressões. E há evidências
muito fortes de que escrever sobre experiências
desagradáveis ​ou segredos obscuros pode beneficiar seu
bem-estar físico e mental.”[17]

26
O psicólogo Von Franz explica que "a confissão, tem como
princípio as práticas confessionais de quase todas as religiões de
mistério da Antiguidade.” Ele continua, dizendo que através da
confissão o paciente toma consciência de tudo o que está oculto,
reprimido e carregado de culpa. [18]

O psicanalista Jung diz que ​“qualquer​ segredo pessoal atua como


pecado ou culpa, independentemente de ser considerado assim ou
não, do ponto de vista da moral convencional.” Ele continua,
dizendo que, ​“outra​ forma de ocultar é conter. E o que
geralmente é contido é aquilo que afeta (os afetos).” Para Jung,
“segredo​ e contenção são danos aos quais a natureza reage,
finalmente, por meio da doença''.[​ 19] O ​ u seja, é como uma
punição para aqueles que não confessam suas falhas enquanto
seres humanos.

Guardar e esconder sentimentos, pecados, culpas e medos afeta a


saúde mental e física. O corpo reage de modo negativo quando
existe algo oculto. Esse é o mesmo aspecto apresentado no AT
sobre a confissão.

A partir disso entendemos o que Salomão quis dizer em


Provérbios 28:13:

O que encobre as suas transgressões nunca prosperará, mas


o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia.

Tal pessoa não prospera pois está reprimindo sentimentos de


culpa, e condenação. Essa repressão afeta e altera seus
comportamentos e toda a sua vida.

27
Concluindo, dentro dos aspectos Bíblicos do AT, a confissão não
se trata de um “poder espiritual”, mas de um instrumento para o
alívio e descanso da alma. Veremos a partir de agora que esse
instrumento era meramente passageiro.

3.2 Confissão no NT

Para analisarmos os textos sobre confissão no NT precisamos


entender que o NT não é a Nova Aliança. A Nova Aliança
começa com o sacrifício de Cristo na Cruz, pois como destaca o
autor de Hebreus, só existe uma nova aliança quando o sangue do
Testador é derramado (Hebreus 9:12-17).

No AT existem diversas passagens que falam a respeito da


confissão, mas no NT existe uma diminuição considerável. Os
versículos do NT que falam de confissão são: (Mateus 3:6; 6:12;
Atos 8.17-24; 19:17-19; Tiago 5:14-16; 1 João 1:9)

Um detalhe importante é que em todas as cartas de Paulo não


vemos um apelo para confissão de pecados. Até mesmo quando
Paulo fala a respeito do arrependimento, ele não o cita em
conjunto com a confissão de pecados. Paulo falou de comunhão,
salvação e arrependimento, mas parece ter esquecido da confissão
de pecados. Isso corresponde a um problema para aqueles que
defendem que a confissão possui alguma relevância na vida
espiritual do crente. Se a confissão é importante, porque Paulo
não a citou em suas cartas? Isso é ainda mais problemático

28
quando temos em mente que Paulo escreveu a grande parte do
NT.

A Igreja de Corinto era uma Igreja que vivia na prática de


pecados. Desde brigas até prostituição. E em nenhum momento,
Paulo faz um apelo para a “confissão”. Na verdade, o método
Paulino para levar seus leitores a viverem vidas corretas é
lembrando seus leitores daquilo que Cristo fez neles e por eles
através da Obra Consumada (1 Coríntios 3:21-23; 6:11, 15-20)

Esse aspecto do método de Paulo é totalmente contrário à própria


confissão. Deixe-me explicar melhor. Como aprendemos no
tópico anterior, a confissão estava alinhada a uma consciência do
pecado, a uma consciência de culpa e condenação. Paulo, em suas
cartas, proclama o oposto de uma consciência do pecado, ele
defende uma consciência da Justiça (2 Coríntios 5:21), uma
consciência de que somos perdoados e Justos pelo sacrifício de
Jesus.

Ora, se a consciência do pecado é o motor da confissão, se não


houver tal consciência, não há mais confissão. Se os sentimentos
de culpa e condenação não estão mais presentes na vida do crente,
a confissão perde o seu espaço.

Paulo está fazendo justamente isso, proclamando aquilo que


Cristo fez na Cruz, a sua Obra perfeita em nos santificar e
purificar. Desta forma, não há necessidade de confissão, porque
não há mais consciência do pecado, mas uma consciência da Obra
Consumada.

29
Esse aspecto do método Paulino nos explica porque ele não fala
sobre confissão. Seria completamente estranho se, após Paulo
entender a magnitude da Obra do Calvário, viesse a proclamar
uma consciência do pecado. Paulo afirma que não recebemos o
ministério da condenação, mas da Justiça (2 Coríntios 3:6-9).
Essa justiça é uma ​“dádiva”​ ​, um presente (Romanos 5:17). O
homem é Justificado pela fé em Cristo (Romanos 5:1), e essa
Justificação o torna Justo, e sem culpa ou condenação (Romanos
8:1). Não há mais condenação para aqueles que foram
Justificados.

Por isso, Paulo não escreve a respeito da confissão. Ele entendeu


que a obra perfeita de Cristo providenciou uma consciência pura e
sem culpa para todo homem.

Entendendo esse panorama, vamos dedicar uns parágrafos para


tratar de alguns versículos do NT que falam de confissão.

1. Mateus 6:12

“E perdoa-nos as nossas dívidas, como nós perdoamos aos


nossos devedores”

O primeiro ponto que precisamos entender é que o sacrifício de


Cristo ainda não tinha sido realizado, por isso ainda existia uma
consciência de pecado.

30
O segundo ponto é que se o sacrifício de Jesus não foi realizado, a
Antiga Aliança da Lei ainda estava em vigor. Jesus nasceu e
viveu debaixo da Lei (Gálatas 4:4). Isso fez parte do propósito do
seu ministério. Portanto, Jesus foi um pregador da Lei, e ele
pregou a Lei para que o homem percebesse a necessidade da
Graça. Afinal, qual homem consegue se adequar nesse padrão de
ser perdoado na medida em que perdoa? Nenhum. É esse o
objetivo da Lei, mostrar ao homem a sua incapacidade.

A Lei entrega benefícios na medida em que certas cláusulas são


obedecidas. Essas cláusulas são descritas como ​“se​ você fizer …
então receberá”, e​ ​“se não fizer … não receberá.”​

Agora veja o contexto da Oração do Pai nosso:

Pois se você perdoar outras pessoas quando elas pecam


contra você, seu Pai celestial também irá perdoá-lo. Mas se
você não perdoar os pecados dos outros, seu Pai não os
perdoará.​ (Mt 6: 14-15)

Jesus estava descrevendo as cláusulas da Lei, demonstrando que


nenhum homem consegue obedecê-la. O que alguém fará após ler
isso? Vai suplicar por misericórdia e graça pois entende que não
consegue cumprir esses comandos. Esse era o objetivo de Jesus:
mostrar a necessidade da graça.

Agora, vejamos o método Paulino para exortar os cristãos a


perdoarem uns aos outros:

31
“...perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa
contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei
vós também.”

- Colossenses 3:13

“...perdoando-se mutuamente, assim como Deus perdoou


vocês em Cristo.”

- Efésios 4:32

Perceba a diferença. Sob a Antiga Aliança Jesus proclamou “se


você … então Deus”, e “se você não … então Deus não”. Mas
sob a Nova Aliança, através de Paulo, Jesus declarou: “faça
porque Deus fez em Cristo”, “perdoe porque Ele te perdoou
totalmente”.

As cláusulas da Lei começam com ​“se”​ mostrando que os


benefícios são adquiridos de forma condicional. A graça
estabelece o “está feito”,​ por isso faça. Na lei, deveríamos
perdoar para receber perdão. Na graça, devemos perdoar porque
fomos perdoados em Cristo. Logo, qual deve ser a medida do
nosso perdão? Infinita e imensurável, pois foi esse perdão que
recebemos. Isso não é magnífico?

32
2. Tiago 5:15-16

E a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará;


e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados.
Confessai as vossas culpas uns aos outros, e orai uns pelos
outros, para que sareis. A oração feita por um justo pode
muito em seus efeitos.

Esse verso reúne diversos pontos que trabalhamos nesse livro:

1. O verso (15) não diz que o pecado será perdoado se houver


confissão. Na verdade, a confissão citada por Tiago no verso
(16) não está ligada ao perdão do verso (15). A única
condição para que o pecado seja perdoado segundo Tiago é
que haja pecado. Por isso ele afirma, “se houver cometido
pecados, ser-lhe-ão perdoados''. Ou seja, você pecou?
Receba o perdão.
2. Você pode me questionar: “mas se os nossos pecados
futuros foram perdoados por que Tiago diz que ele será
perdoado”. É aqui que entramos na base do texto. Para
aquele que pecou, que está consciente do pecado, precisa de
perdão hoje e agora. A questão é: Deus já te perdoou em
Cristo, mas você vai aceitar este perdão e se livrar da culpa e
da condenação?
3. Perceba que a pessoa que cometeu pecados está doente. O
que Tiago diz, “se tiver cometido pecados”. Não que a
doença seja um castigo de Deus, mas a culpa e a condenação
pelo pecado, como vimos anteriormente, tem poder para
prejudicar o corpo. A condenação e a culpa podem afetar a
saúde mental e física. Por isso, Tiago faz essa associação
entre doença e perdão do pecado. Se a pessoa doente

33
estivesse consciente da culpa, deveria “receber perdão” e
ficar consciente da Justiça.
4. O verso 16 diz “Confessai as vossas culpas uns aos outros, e
orai uns pelos outros, para que sareis”. A confissão neste
caso, se refere a confessar, falar dos nossos erros, pecados e
dificuldades com os nossos irmãos. Tiago está orientado
para nos abrirmos com as pessoas que querem nos auxiliar.
De certa forma, o próprio ato de falar com essas pessoas já
serve de alívio e descanso. Assim que confessarmos,
devemos ser aconselhados a olhar para a Obra de Cristo.

1 João 1:9

Esse é o texto mais utilizado para dizer que os crentes devem


confessar seus pecados para serem perdoados. A maior parte dos
escritores da graça já abordou e escreveu sobre esse texto. No
entanto, eu gostaria de reforçar o entendimento que eles passaram
e oferecer alguns insights.

Precisamos abordar o contexto de 1 João 1:9 porque se João está


se referindo aos crentes, então existe um conflito com diversas
passagens bíblicas que, como demonstramos, mostram que os
nossos pecados foram totalmente perdoados.

34
Toda epístola possui um contexto imediato. No caso de 1 João
1;9, o contexto imediato é o primeiro capítulo de 1 João. Existe
também o contexto maior, que seria toda a carta de João. Além
disso, existe o contexto Histórico-Social em que a carta foi
escrita. Precisamos entender essas três bases.

A Bíblia possui versículos para diversos públicos distintos. Jesus,


quando falava com pecadores, usava uma linguagem específica, e
quando se referia a fariseus e religiosos alterava completamente
essa linguagem, isso demonstra que a Escritura trabalha com
termos e palavras específicas dependendo do público-alvo.

Em 1 João 1, João não está se referindo aos crentes. Na verdade,


João está falando com um grupo de pessoas que faziam parte de
uma seita conhecida como gnosticismo.

Os gnósticos não acreditavam na existência do pecado natural (do


princípio do pecado) e também acreditavam que o mundo natural
era mau. Portanto, eles não podiam tolerar a ideia de que Jesus
realmente veio em carne - a carne material era considerada ruim.
Portanto, os gnósticos acreditavam que Jesus era alguma forma de
ser espiritual.

João era o discípulo mais próximo de Jesus, por isso ele inicia 1
João 1 dizendo, ​“aquele​ que ouvimos, que vimos com os nossos
olhos e que as nossas mãos tocaram” (v.1) Ou seja, João está
atestando a humanidade de Jesus, defendendo a sua encarnação
como homem.

No contexto maior e nas demais cartas de João vemos a sua


ênfase em atacar a heresia gnóstica. João afirma em 2 João 1:7

35
que ​“muitos enganadores entraram no mundo, os quais não
confessam que Jesus Cristo veio em carne”. ​Da mesma forma,
em 1 João 4:3 , ele afirma que, ​“todo​ espírito que não confessa
que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus”.​

Porque os gnósticos negavam a encarnação de Jesus, não


poderiam receber salvação. Justamente porque se Jesus não fosse
humano, não poderia nos alcançar, não haveria sacrifício.

No verso (8) em diante João confronta a heresia gnóstica de que o


pecado não existia. Se os gnósticos negavam a existência do
pecado, não poderiam ser salvos.

A escritora Jessica Steffen, do Blog Vida Trocada, explica com


maestria esse ponto:

Fica mais claro que João estava falando para "não crentes"
no versículo (8) em que ele aborda a negação do pecado.
João falava para gnósticos em seus primeiros versículos,
que estavam ensinando falsas doutrinas. Os primeiros
gnósticos negavam o caráter físico de Jesus e também
negavam a realidade do pecado. Então, se eles não
acreditavam no pecado, consequentemente não acreditavam
que precisavam de Jesus para ter seus pecados perdoados,
eles não podiam receber o perdão, a não ser que
confessassem ser pecadores. ​[20]

Ou seja, os dois fundamentos do gnosticismo impossibilitam a


recepção da Salvação. Por esse motivo, João ataca essas bases no
primeiro capítulo. João atesta a veracidade da encarnação de
Jesus, e a existência do pecado.

36
Os gnósticos só poderiam receber a salvação se acreditassem que
Jesus veio em carne para tirar o pecado que eles tinham. Sem
essas duas verdades, não haveria salvação.

Agora entendemos porque João disse que ​“ele nos purificará de


toda injustiça”​. Essa não é uma constatação dada aos crentes, na
medida em que eles confessam seus pecados, mas uma afirmação
para aqueles que possuem injustiças, e que ainda não são a
“Justiça de Deus em Cristo” (2 Coríntios 5:21). O crente é a
Justiça de Deus em Cristo e não possui injustiças.

Outro detalhe é que João fala da purificação de “toda injustiça”.


A palavra toda, se refere a todas as injustiças. Esse é um claro
aspecto da redenção completa dada para aqueles que creem em
Cristo. Sobre isso, Jessica Steffen observa corretamente:

Jesus veio, e por meio do seu sacrifício único e perfeito, do


seu derramamento de SANGUE, Ele não apenas cobriu, mas
"tirou" o pecado do mundo. Novamente, recebemos o
perdão através do SANGUE, porém desta vez,
definitivamente. A crucificação de Cristo nos trouxe o
PERDÃO TOTAL e confessarmos nossos pecados não fará
com que mais sangue seja derramado. Jesus morreu uma
única vez pelos nossos pecados e não morrerá novamente.
Paulo diz em Colossenses 1:14: "Em quem (Jesus) temos a
plena redenção por meio do seu sangue, isto é, o perdão de
TODOS os pecados." ​[21]

37
Outro ponto importante é que no verso (3) João afirma: ​“para​ que
também possais ter comunhão conosco, e a nossa comunhão é
com o Pai, e com seu Filho Jesus”.​ Perceba, João está falando
com um público que não tinha comunhão com Deus, ou seja, não
eram cristãos, não eram salvos.

O escritor Matheus Almeida, do Blog Vida Trocada, escreve:

Tudo indica que João estava falando com descrentes que


viviam no meio dos crentes e que achavam que não
precisavam de Jesus para obterem perdão, porque não
tinham pecados. Ele estava anunciando-lhes o que ele viu e
ouviu (evangelho) para que eles participassem da comunhão
e da alegria dos cristãos (v. 3-4). [​ 22]

Portanto, o objetivo de João em 1 João 1:9, de acordo com o


contexto, é persuadir os gnósticos a crerem em Jesus como
Salvador. Esse verso não pode ser aplicado à vida do crente, pois
se trata de um verso evangelístico para aqueles que ainda não
foram salvos.

3.3 Conclusão

Quando analisamos a confissão de pecados a luz da Obra


Consumada, entendemos que: 1) A confissão não possui poder
para gerar perdão, nossos pecados foram completamente
perdoados em Cristo; 2) A confissão não pode alterar ou ajudar
em nossa comunhão com Deus, a comunhão/união que temos

38
com Ele é imutável e eterna pois se baseia nas próprias relações
trinitárias; 3) Não existem categorias de perdão judicial e
familiar, existe apenas perdão completo para aqueles que estão
em Cristo; 4) A confissão é gerada por uma consciência do
pecado, e possuía importância dentro do AT devido a grande
consciência de pecado existente no povo de Israel. A confissão
servia como alívio e descanso para a consciência, e isso porque
não havia um sacrifício perfeito como o de Cristo para aniquilar
com o pecado e com a consciência do pecado.

39
Referências Bibliográficas

[1]https://www.respostas.com.br/confessar-os-pecados/

[2]http://ultimato.com.br/sites/estudos-biblicos/assunto/vida-crist
a/quem-precisa-confessar-pecados/

[3]https://pt.wikipedia.org/wiki/Confiss%C3%A3o_(sacramento)
#:~:text=A%20confiss%C3%A3o%2C%20que%20consiste%20n
a,dano%20causado%20pelo%20pecado.%22.&text=A%20confiss
%C3%A3o%20dos%20pecados%20graves,ordin%C3%A1rio%2
0para%20obter%20o%20perd%C3%A3o.%22

[4]http://igrejaortodoxaantioquia.org.br/site/arrependimento-ou-c
onfissao/

[5]https://www.desiringgod.org/interviews/why-do-we-confess-if
-our-sins-are-already-forgiven

[6]https://www.gotquestions.org/Portugues/confissao-perdao.html

[7]https://www.studylight.org/lexicons/eng/greek/3670.html

[8]https://bible.org/question/what-are-greek-and-hebrew-words-%
E2%80%9Cconfess%E2%80%9D

[9]https://ezraproject.com/sample-word-study-confess/

[10] ibd

40
[11]https://vidatrocada.com/teologia-da-hiper-graca-e-a-vida-troc
ada/

[12] Alexandra Radcliff, The Claim of Humanity in Christ


Salvatio, pg. 173

[13]https://www.gracelife.org/resources/gracenotes/?id=33&lang
=eng

[14]https://www.gotquestions.org/Portugues/confissao-perdao.ht
ml

[15]James B. Torrance, “The Doctrine of the Trinity in our


Contemporary Situation,” in The Forgotten Trinit\: $ 6election of
Papers presenteG to the %&& 6tuG\ &ommission on Trinitarian
'octrine ToGa\, ed. Alasdair I. C. Heron (London: British Council
of Churches, 1991), 15; Cf. Torrance, :orship &ommunit\ anG the
Triune *oG of *race 2–27;Torrance, “Prayer and the Priesthood
of Christ,” 0.

[16]https://www.maeperegrina.org.br/artigos/a-confissao-e-uma-g
rande-e-maravilhosa-oportunidade-de-curar-a-alma-e-o-coracao/

[17]https://www.scientificamerican.com/article/does-confessing-s
ecrets-improve-our-mental-health/

[18]FRANZ, Marie-Louise. C.G. Jung, Seu Mito em Nossa


Época. 10ª ed. São Paulo: Cultrix, 1997

[19]JUNG, C. G., A Prática da Psicoterapia, Petrópolis, ed.


Vozes, 2013

41
[20] Interpretando a Escritura: 25 Versículos sobre Questões
Controversas. Pg, 43

[21] Ibd., Pg. 42

[22]https://vidatrocada.com/pecados-futuros-perdoados/

42
Outros Livros:

E Ele nos Tornou Santos

Muitos estão cansados de


ouvirem pregações ou lerem
livros que defendem que a
Santidade é adquirida através de
muitos esforços. Esses irmãos
sentem que jamais serão santos
depois de verem a lista de coisas
que precisam fazer para serem
santos. Você é uma dessas
pessoas? Então esse livro é para
você!

E se eu te disser que ser Santo é


mais simples do que você pensa?
Se eu te disser que Santidade não é uma “coisa”, ou uma
“qualidade” que você conquista com muito trabalho e dedicação,
mas uma Pessoa (Jesus)? Neste Livro você vai mergulhar em
verdades que quem sabe ainda não conheceu!

Autor: Eliezer Oliveira

43
Nada Além do Sangue

Qualquer cristão
defenderá com ênfase
que Jesus é suficiente,
mas quando levamos
essa afirmação as suas
implicações, percebemos
que são poucos cristãos
que realmente aceitam e
acreditam nessa verdade.
A verdade da suficiência
de Jesus modifica e
altera todas as nossas
crenças a respeito de
Deus e de nossa relação com Ele.

Muitos cristãos, tendo opiniões que partem de princípios


religiosos e legalistas, sem perceberem, negam a suficiência de
Cristo. Quais são as implicações e consequências da suficiência
de Jesus? Esse livro procura mostrar ao leitor que crer na
suficiência de Jesus é algo mais profundo e traz consequências
mais grandes do que estamos acostumados a pensar. Nada Além
do Sangue é nada menos do que uma contemplação de Cristo e
Sua Obra. Nada Além do Sangue é Nada Além de Cristo e sua
Obra consumada.

Autor: Eliezer Oliveira

44
Interpretando a Escritura:
25 Versículos sobre
Questões Controversas

Se a salvação é de Graça,
porque versículos como
Mateus 24:13 ou Tiago
2:16-22 parecem dizer que
as obras são necessárias
para a salvação? Se Deus
não está nos punindo por
causa dos nossos pecados,
então por que versos como 1
Tessalonicenses 4:6 e 1
Coríntios 5:5 parecem
induzir que Ele fará isso?

Os nossos irmãos da graça buscam com urgência um material


como este, que interpreta corretamente versículos usados pelo
legalismo e pela religiosidade na tentativa de nos submeter ao
jugo da Lei e da Culpa.

Os Escritores do Blog Vida Trocada decidiram se posicionar e


fornecer explicações sobre esses versículos complicados. Nesse
Livro mais de 25 Versículos são abordados e 7 questões são
discutidas.

45
Autor: Blog Vida Trocada (Eliezer Oliveira, Jessica Steffen,
Lucas Almeida, Matheus Almeida, Pr. Herso Meus, Jeffi Di
Cristo e Pr. Gerson Vasconcelos)

Hiper Graça: O que


Realmente Defendemos

O termo Hiper Graça tem se


espalhado no meio cristão,
mas poucos sabem o que ele
realmente representa. Quem
são os proponentes da Hiper
Graça? O que eles defendem?
A Hiper Graça é uma heresia?
Existe uma nova mensagem
da Graça sendo pregada e
ensinada?

Muitos pastores sugerem que


a Hiper Graça dá legalidade
ao pecado, não prega sobre o
arrependimento, é contra o
Antigo Testamento e contra a santidade. Isso é verdade? Nesse
Livro, essas e outras questões são respondidas!

Através desse livro você vai descobrir que todas essas críticas são
falsas acusações, e que a Hiper Graça é uma mensagem centrada
em Jesus e em sua Obra Consumada!

Autor: Blog Vida Trocada (Eliezer Oliveira, Jessica Steffen e Leo


Franscisco)

46

Você também pode gostar