Uso de Drogas: Prevenção Ao
Uso de Drogas: Prevenção Ao
Uso de Drogas: Prevenção Ao
USO DE DROGAS
Conceitos e Possibilidades
Esta publicação é uma realização da CNM com o apoio da Delegação da União Europeia no Brasil. O conteúdo
desta obra é de responsabilidade única da CNM e não reflete necessariamente a visão da União Europeia.
Ficha Catalográfica
[36 p.]
ISBN 978-85-8418-049-3
SCRS 505, Bloco C, Lote 1 - 3º antar - Asa Sul - Brasília/DF - CEP 70350-530
(61) 2101-6000 - Fax: (61) 2101-6008
[email protected] | www.cnm.org.br
DIRETORIA CNM – 2015-2018
CARTA DO PRESIDENTE.................................................................................7
INTRODUÇÃO...................................................................................................9
CAPÍTULO 1: Tipos de Prevenção................................................................10
Níveis de Prevenção..................................................................................14
O uso de drogas: fatores de risco e proteção........................................15
Grupos Específicos...................................................................................17
CAPÍTULO 2: Prevenção ao uso de drogas e redes sociais .....................18
Prevenção ao uso de drogas....................................................................18
Redes Sociais............................................................................................21
O uso de drogas na adolescência: fatores de risco e proteção...........22
A comunidade na prevenção ao uso de drogas.....................................24
CAPÍTULO 3: Prevenção ao uso de drogas nas escolas ..........................28
Podemos ter uma escola sem drogas?...................................................30
CONCLUSÃO..................................................................................................32
BIBLIOGRAFIA................................................................................................34
A questão do uso do crack e de outras drogas, realidade que vem afetando todos os
segmentos da sociedade e que traz uma larga variedade de consequências negativas, se
apresenta como mais um desafio para a gestão municipal.
Estratégias específicas estão sendo desenvolvidas pelos gestores municipais. Em
sua maioria, elas contam com recursos próprios – os quais têm se mostrado insuficiente
para atender a uma situação crescente. Diante desses fatos, a Confederação Nacional de
Municípios (CNM), em parceria com a União Europeia, começou a desenvolver uma
iniciativa extremamente significativa no Brasil: trabalhar a intersetorialidade para a
reinserção social dos dependentes químicos.
O Projeto Reinserir – Integração Local para a Reinserção Social do Usuário de
Drogas visa à estruturação de ações que facilitem um diálogo entre as autoridades lo-
cais e a sociedade civil, contribuindo para a prevenção ao uso de drogas e a reinserção
socioeconômica de dependentes químicos em situação de vulnerabilidade e risco social.
Os Municípios da 4a Região Geoadministrativa do Estado da Paraíba aceitaram o
desafio de trabalhar essa temática juntamente com a CNM. Nossa expectativa é de que o
trabalho em conjunto nos permita alcançar resultados positivos diante desse problema
que tanto preocupa nossa sociedade.
Paulo Ziulkoski
Presidente da CNM
Uma perspectiva técnica nos aponta a prevenção como uma possibilidade na re-
dução do consumo de drogas, por meio de ações que forneçam informações que estimu-
lem a educação de crianças, jovens, adultos e idosos, qualquer pessoa em qualquer fase
de sua vida.
É nesse sentido que apresentamos este material, a fim de estimular o debate a
respeito da importância das redes sociais na prevenção ao uso de drogas, bem como a
participação da comunidade e da escola.
Para desenvolvermos boas ações, aquelas que contemplam as questões sociais de
forma mais ampla possível, atendendo às reais demandas da comunidade, precisamos de
parceiros, precisamos trabalhar em rede.
E diante do desafio de ofertar prevenção, tratamento e reinserção, no tocante a
dependência química, incentivamos os gestores municipais a trabalhar com o que lhe é
mais viável e, assim, minimizar as demandas de alta complexidade.
Este material tem como objetivo iniciar um trabalho de ressignificação da visão
que temos em relação a prevenção ao uso de drogas, um debate que não se esgota e que
deve sempre se renovar e acompanhar a dinâmica da sociedade.
Público-alvo
• Esta mediação precisa ser prematura e deve ser ofertada por meio de ativida-
des agradáveis, inovadoras e didáticas.
• Ela deve estar inserida em um aspecto mais vasto da educação para a saú-
de, objetivando tornar interessantes as regras para uma vida saudável.
• Ela deve estar alicerçada nos pais e nos professores, conhecidos aqui como
“educadores naturais”.
Público-alvo
Esta intervenção especializada é endereçada a qualquer indivíduo que já apre-
sentou algum sinal de dificuldade, decorrente do consumo indevido de drogas.
Técnicas utilizadas
Compreensão do indivíduo no que diz respeito ao seu comportamento.Entendimen-
to do significado das coisas que lhe acontecem e dos gestos que usa para determi-
nadas situações.Oferta de conhecimento mais adequado com relação à questão da
drogadição.Ressignificação de suas reações às diversas circunstâncias.
Público-alvo
Etapas
Para conhecimento:
PROTEÇÃO RISCO
Cooperação Insegurança
Habilidades sociais Curiosidade
Autoestima desenvolvida Procura por prazer
Relações interpessoais positivas Sintomas de depressão
Aptidão para resolver problemas Falta de satisfação com a vida
2. Fatores familiares
PROTEÇÃO RISCO
Envolvimento afetivo Familiares que abusam de drogas
Familiares envolvidos nas atividades Círculo familiar autoritário
PROTEÇÃO RISCO
Respeito às leis sociais Violência
Clima comunitário afetivo Falta de crença nas instituições
Oferta de atendimento na rede Falta de acesso a lazer e renda
Dados adequados sobre as drogas Poucos recursos para prevenção
Oportunidade de lazer e renda Falta de satisfação com a vida
Grupos Específicos
Alguns estudos apontam que em nosso país o uso de drogas se inicia em média
aos 12 anos de idade para o álcool e um pouco mais tarde para outras substâncias;
esse uso precoce inclui substâncias como tabaco, inalantes, maconha e medicamentos
prescritos.
Os períodos de maior risco e suscetibilidade ao uso de drogas são os períodos de
transição da vida, vejamos: para as crianças é quando elas deixam a família e entram na
escola, mais tarde quando entram no ensino médio, onde surgem novas experiências
sociais, aumenta-se o grupo de colegas, o início da adolescência.
Quando entram no ensino médio, os adolescentes vivenciam novos desafios so-
ciais, acadêmicos e emocionais e podem estar mais expostos à disponibilidade de dro-
gas, já quando jovens adultos vivenciam outras transições significativas em suas vidas.
É necessário pensar que muitos riscos podem ser identificados ainda na infân-
cia, como comportamento agressivo, falta de autocontrole e até um temperamento
difícil e, por vezes, algumas interações familiares potencializam os riscos de uma
criança fazer uso de drogas mais tarde, como por exemplo:
Mas, para evitar esses riscos, as famílias podem oferecer proteção por meio de:
Outro fator a se observar é que interações fora do âmbito familiar podem gerar
A questão das drogas perpassa por toda a sociedade, logo, o estímulo à partici-
pação social é indispensável, tanto para a ampliação da rede de atenção ao dependen-
te químico quanto para o seu fortalecimento, ou seja, é a construção de laços entre
as pessoas.
Para reforçar a nossa ideia, vamos observar as diretrizes da Rede de Atenção
Psicossocial (RAPS), que deixa claro que, para que a rede funcione bem, seus serviços
precisam ter base comunitária, territorial, participação e controle social por parte de
seus usuários e familiares.
Então, por rede de base comunitária entende-se aquela em que os serviços se
adequam à comunidade atendida, e a ação territorial pressupõe a interação entre a
rede e a comunidade, assim, relações e lugares podem ser transformados. Tudo diz
respeito às relações sociais e suas intervenções. Por isso, o debate sobre a demanda e
a oferta dentro da comunidade e sua rede é fundamental.
Para que haja sucesso na construção de uma rede de base comunitária, é im-
portante observar alguns princípios:
• Trabalhar com ações de curto e longo prazo, fato que transformação social
é processual, mas, em um trabalho de base comunitária, que tem objetivos a longo
prazo, é fundamental o fortalecimento da conexão entre os pares, isso traz unidade
ao trabalho, então é importante pensarmos em ações que também deem resultados
rápidos.
Mesmo sendo uma utopia idealizar uma escola sem drogas, uma vez que faz
parte de uma sociedade com drogas, entendemos que é possível uma escola que não
exclua aquele adolescente que, por ventura, já esteja envolvido com drogas.
Por outro lado, se a escola não pode eliminar os tantos fatores de risco
já citados, alheios a sua função ou alcance, ela pode e deve reforçar os fatores
de proteção, pois tem muita oportunidade de influência sobre os estudantes, na
medida em que estes vivem uma boa parte de seu dia na escola e em contato
com os educadores.
Precisamos, então, valorizar e fortalecer a escola para que ela se sinta apoiada.
Nesta via, é válido o esforço da escola em resgatar o potencial de sua rede social de
apoio.
Ademais, na instituição escolar, a prevenção pode e deve ser realizada por meio
de atividades integradas ao conteúdo das disciplinas e às práticas escolares cotidianas
É necessário fortalecer a escola como integrante da rede de atenção à criança
Muito vem sendo implementado nos últimos tempos para que as pessoas se
previnam contra o uso de drogas. Entretanto, a oferta continua grande, o que resulta
no aumento de usuários a cada ano que passa.
O uso e o abuso de substâncias ilícitas significam, em primeira instância, bus-
car prazer. É bastante complexo e difícil lutar contra o prazer, pois é ele que vem nor-
teando o comportamento dos seres vivos. Isso é conhecido na evolução das espécies,
tanto para a perpetuação de sua linhagem quanto para a autopreservação.
Como sabemos, as drogas provocam um tipo de prazer que é ilusório para o
organismo, que então passa a querer cada vez mais e em maior quantidade, como
se fosse algo bom. Contudo, essa sensação prazerosa causada não é somente boa,
pois carrega consigo inúmeras consequências para a sobrevivência. Todo usuário e
seu círculo familiar têm arcado com os resultados nocivos decorrentes desse tipo de
busca de prazer.
É nesse ponto que a prevenção precisa entrar: para mostrar a diferença que há
entre o que é gostoso e o que é bom.
Elaborar atividades com foco neste tipo de ação é preservar o direito ao cui-
dado e à saúde. Todas as propostas devem permitir que o indivíduo desenvolva ha-
bilidades para manter uma postura rígida em relação ao consumo de drogas, não
se intimidando e expressando sua vontade de maneira assertiva. Nesse cenário, os
trabalhos devem considerar diferentes instâncias da vida do sujeito e seus diferentes
domínios.
NERY FILHO, A. Por que os humanos usam drogas? In: Módulo para capacitação
dos profissionais do projeto Consultório de Rua. NERY FILHO, A. e VALERIO, A. R.
L. (orgs.). Brasília: Senad; Salvador: Cetad, p. 11-16, 2010.