Uso de Drogas: Prevenção Ao

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PREVENÇÃO AO

USO DE DROGAS
Conceitos e Possibilidades

Projeto financiado Projeto executado


pela União Europeia pela CNM
Prevenção ao uso de drogas 1
2 Prevenção ao uso de drogas
www.reinserir.cnm.org.br
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Revisão de Texto
Coordenação do Projeto Keila Mariana de A. O. Pacheco
Eduardo Stranz
Rosângela da Silva Ribeiro Projeto Gráfico e Diagramação
Sarah Buogo

Ficha Catalográfica

Confederação Nacional de Municípios – CNM


Prevenção ao uso de drogas: conceitos e possibilidades– Brasília: CNM, 2016

[36 p.]
ISBN 978-85-8418-049-3

Palavras-chave: 1. Prevenção. 2. Redes sociais. 3. Uso de Drogas

SCRS 505, Bloco C, Lote 1 - 3º antar - Asa Sul - Brasília/DF - CEP 70350-530
(61) 2101-6000 - Fax: (61) 2101-6008
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Presidente Paulo Roberto Ziulkoski

1º Vice-Presidente Glademir Aroldi

1º Secretário Eduardo Gonçalves Tabosa Júnior

2º Secretário Marcelo Beltrão Siqueira

1º Tesoureiro Hugo Lembeck

2º Tesoureiro Valdecir Luiz Colle

Conselho Fiscal – Titular Mário Alves da Costa

Conselho Fiscal – Titular Expedito José do Nascimento

Conselho Fiscal – Titular Dalton Perim

Conselho Fiscal – 2º Suplente Cleudes Bernardes da Costa

Conselho Fiscal – 3º Suplente Djalma Carneiro Rios

Região Sul – Titular Seger Luiz Menegaz

Região Sudeste – Titular Elder Cássio de Souza Oliva

Região Sudeste – Suplente Jurandir Barbosa de Morais

Região Nordeste – Titular Maria Quitéria Mendes de Jesus

Região Nordeste – Suplente Gilliano Fred Nascimento Cutrim

Região Centro-Oeste – Titular Divino Alexandre da Silva


SUMÁRIO

CARTA DO PRESIDENTE.................................................................................7
INTRODUÇÃO...................................................................................................9
CAPÍTULO 1: Tipos de Prevenção................................................................10
Níveis de Prevenção..................................................................................14
O uso de drogas: fatores de risco e proteção........................................15
Grupos Específicos...................................................................................17
CAPÍTULO 2: Prevenção ao uso de drogas e redes sociais .....................18
Prevenção ao uso de drogas....................................................................18
Redes Sociais............................................................................................21
O uso de drogas na adolescência: fatores de risco e proteção...........22
A comunidade na prevenção ao uso de drogas.....................................24
CAPÍTULO 3: Prevenção ao uso de drogas nas escolas ..........................28
Podemos ter uma escola sem drogas?...................................................30
CONCLUSÃO..................................................................................................32
BIBLIOGRAFIA................................................................................................34

6 Prevenção ao uso de drogas


CARTA DO
PRESIDENTE

A questão do uso do crack e de outras drogas, realidade que vem afetando todos os
segmentos da sociedade e que traz uma larga variedade de consequências negativas, se
apresenta como mais um desafio para a gestão municipal.
Estratégias específicas estão sendo desenvolvidas pelos gestores municipais. Em
sua maioria, elas contam com recursos próprios – os quais têm se mostrado insuficiente
para atender a uma situação crescente. Diante desses fatos, a Confederação Nacional de
Municípios (CNM), em parceria com a União Europeia, começou a desenvolver uma
iniciativa extremamente significativa no Brasil: trabalhar a intersetorialidade para a
reinserção social dos dependentes químicos.
O Projeto Reinserir – Integração Local para a Reinserção Social do Usuário de
Drogas visa à estruturação de ações que facilitem um diálogo entre as autoridades lo-
cais e a sociedade civil, contribuindo para a prevenção ao uso de drogas e a reinserção
socioeconômica de dependentes químicos em situação de vulnerabilidade e risco social.
Os Municípios da 4a Região Geoadministrativa do Estado da Paraíba aceitaram o
desafio de trabalhar essa temática juntamente com a CNM. Nossa expectativa é de que o
trabalho em conjunto nos permita alcançar resultados positivos diante desse problema
que tanto preocupa nossa sociedade.

Paulo Ziulkoski
Presidente da CNM

Prevenção ao uso de drogas 7


8 Prevenção ao uso de drogas
INTRODUÇÃO

Uma perspectiva técnica nos aponta a prevenção como uma possibilidade na re-
dução do consumo de drogas, por meio de ações que forneçam informações que estimu-
lem a educação de crianças, jovens, adultos e idosos, qualquer pessoa em qualquer fase
de sua vida.
É nesse sentido que apresentamos este material, a fim de estimular o debate a
respeito da importância das redes sociais na prevenção ao uso de drogas, bem como a
participação da comunidade e da escola.
Para desenvolvermos boas ações, aquelas que contemplam as questões sociais de
forma mais ampla possível, atendendo às reais demandas da comunidade, precisamos de
parceiros, precisamos trabalhar em rede.
E diante do desafio de ofertar prevenção, tratamento e reinserção, no tocante a
dependência química, incentivamos os gestores municipais a trabalhar com o que lhe é
mais viável e, assim, minimizar as demandas de alta complexidade.
Este material tem como objetivo iniciar um trabalho de ressignificação da visão
que temos em relação a prevenção ao uso de drogas, um debate que não se esgota e que
deve sempre se renovar e acompanhar a dinâmica da sociedade.

Prevenção ao uso de drogas 9


CAPÍTULO 1
Tipos de Prevenção

Na tentativa de minimizar as inúmeras consequências causadas pelo do uso


abusivo de drogas, foram criados diferentes programas por todo o mundo. Tais pro-
gramas mudam bastante no que diz respeito a metodologias, ideologias e objetivos.
Dentro da perspectiva de trazer alguns deles para o Brasil, debate-se a aplicabi-
lidade de um programa que vem pronto, pois nossas realidades dentro de um país de
proporções continentais variam muito, e adaptações podem ser necessárias.
Portanto, é pouco provável que exista um programa que atingirá todos os indi-
víduos; desta forma, antes de iniciar um projeto, programa ou ação, é de primordial
importância estabelecer quem são as populações-alvo, no intuito de saber as realida-
des destes grupos.
Sendo assim, torna-se indispensável determinar quais são as metas e os objeti-
vos a serem alcançados, levando em consideração as reais chances de concretizá-los,
sem alimentar expectativas demasiadas, evitando frustações, o que pode comprome-
ter o desenvolvimento do programa.
Quando você determinar quais as populações-alvo, levando em conta suas
particularidades e carências, os objetivos e metas podem ser traçados. Aí, então, um
dos três tipos de prevenção deve ser aplicado, conforme a necessidade:

10 Prevenção ao uso de drogas


Prevenção primária

São atos que propõem a diminuição da ocorrência de determinada patologia nos


cidadãos, minimizando a possibilidade de que novos casos ocorram, ou seja, al-
meja diminuir a incidência, prevenindo o uso de drogas antes que ele se inicie.

Público-alvo

Jovens: a ideia é destacar ações como a conscientização e a sensibilização, por-


tanto, são visados todos os jovens, e não somente aqueles considerados como
de alto risco.

Adultos: são fornecidas instruções básicas, no intuito de provocar e oportunizar


uma reflexão ampla sobre as questões abordadas, bem como um maior compro-
metimento e atuação.

Medidas que visam a uma educação para a saúde

• Esta mediação precisa ser prematura e deve ser ofertada por meio de ativida-
des agradáveis, inovadoras e didáticas.
• Ela deve estar inserida em um aspecto mais vasto da educação para a saú-
de, objetivando tornar interessantes as regras para uma vida saudável.
• Ela deve estar alicerçada nos pais e nos professores, conhecidos aqui como
“educadores naturais”.

Prevenção ao uso de drogas 11


Prevenção secundária 
São quaisquer atos com proposição a diminuir a prevalência de uma doença em
uma população, reduzindo sua evolução e duração. Consiste em intervenções
para evitar que um estado de dependência se estabeleça.

Público-alvo
Esta intervenção especializada é endereçada a qualquer indivíduo que já apre-
sentou algum sinal de dificuldade, decorrente do consumo indevido de drogas.

Técnicas utilizadas
Compreensão do indivíduo no que diz respeito ao seu comportamento.Entendimen-
to do significado das coisas que lhe acontecem e dos gestos que usa para determi-
nadas situações.Oferta de conhecimento mais adequado com relação à questão da
drogadição.Ressignificação de suas reações às diversas circunstâncias.

12 Prevenção ao uso de drogas


Prevenção terciária

São ações destinadas a diminuir ao mínimo as deficiências funcionais conse-


cutivas à doença. O propósito é diminuir as sequelas de um uso já contínuo e
intenso de drogas, sendo, em sua maioria, estratégias voltadas para a reabili-
tação e a reinserção social do indivíduo.

Público-alvo

Este tipo de prevenção é aplicada a todas as pessoas que já possuem a doen-


ça da dependência química. Nesta etapa, busca-se estimular os dependentes
a procurar motivação para a recuperação.

Etapas

Valendo-se do fato que o abuso de substâncias tóxicas já está estabelecido,


busca-se realizar ações de reabilitação. Sendo assim, a prevenção terciária
atua antes, durante e depois do tratamento.

 Antes do tratamento, a intervenção tem a intenção de auxiliar o sujei-


to a formular uma solicitação de amparo e se engajar em uma relação
terapêutica efetiva.

 Durante  o tratamento, auxilia para que o processo terapêutico não


seja interrompido, evitando que a situação se transforme em um dra-
ma, porém sem minimizá-la.

 Depois  do tratamento, visa a uma ação integrada com instituições


voltadas para a reinserção socioeconômica.

Prevenção ao uso de drogas 13


Níveis de Prevenção

Existem ainda outras classificações que abordam os níveis de prevenção. Com


conceitos formulados para complementar os tipos citados anteriormente, esta classi-
ficação é baseada no risco de exposição às drogas.

Conceito Onde aplicar?


Prevenção universal: são intervenções Em ambiente escolar e/ou educacional,
dirigidas ao público geral, a princípio, nos meios de comunicação, nas redes
sem qualquer associação aos fatores sociais e nas comunidades.
de risco.
Prevenção seletiva: são mediações Em grupos específicos: parentes de
destinadas para populações com dependentes químicos, jovens que mo-
associações de um ou mais fatores de ram em locais com alta criminalidade,
risco para a utilização de drogas. grupos que estão inseridos em localida-
des onde o tráfico de drogas ocorre etc.
Prevenção indicada: são programas Em ações que tenham como objetivo
voltados para indivíduos identificados melhorar a saúde e a qualidade de vida
como usuários de drogas ou com das pessoas, facilitando a reinserção
comportamentos de risco associados socioeconômica. Bem como em inter-
ao uso de substâncias tóxicas. venções que visem à diminuição do uso
e abuso de álcool e outras drogas.

Um projeto executado em determinado colégio


e direcionado a todos os alunos do 6º ano do En-
sino Fundamental, sem haver a separação deles
Para você por quantidade de fatores de risco aos quais es-
entender na prática tão expostos, chama-se programa universal.
Este mesmo programa pode ser primá-
rio para os alunos que jamais fizeram uso de
drogas; e secundário para os que fizeram uso
esporádico. Desta forma, o mesmo projeto atua na
redu- ção da iniciação do uso de entorpecentes por aqueles

14 Prevenção ao uso de drogas


que ainda não experimentaram e diminui o consumo entre os que já utilizam.
Já uma ação de prevenção idealizada em uma instituição sem fins lucrativos e
destinada a acolher familiares de dependentes químicos é caracterizada como uma
prevenção seletiva. Esta ação poderá ser classificada como primária, secundária
ou terciária conforme a situação de consumo em que estes indivíduos se encontram.

Para conhecimento:

Recentemente está sendo elaborada outra abordagem em


prevenção, chamada prevenção ambiental, que busca a alteração
das normas sociais por meio de estratégias globais, intervindo no ní-
vel da sociedade e dos sistemas sociais. Essas metodologias pre-
conizam a modificação dos espaços sociais, culturais, econômicos
e físicos que interferem nas escolhas individuais sobre a questão do
uso de entorpecentes.

Neste contexto, estão inseridas medidas legislativas nacio-


nais e internacionais relativas ao consumo e à venda de substâncias
ilícitas e lícitas. Para exemplificar, temos a discussão sobre a taxação
fiscal de produtos como o álcool e o tabaco, o controle da idade para
sua compra e a exposição a mensagens publicitárias.

O uso de drogas: fatores de risco e proteção

Inúmeros fatores podem levar ao uso de álcool e outras drogas. É importante


saber que ninguém nasce fadado a utilizar drogas lícitas ou ilícitas, nem mesmo está
predestinado a usar porque seu círculo de amizades o faz.
O caso é que as pessoas, em sua complexidade, buscam suplementos para ali-
viar dores e acirrar prazeres, nesse ponto é que as drogas podem aparecer. E, veja
bem, aqui está dito que podem, isso não é uma certeza!

Prevenção ao uso de drogas 15


Determinadas vezes apenas há a experimentação, em outras, usa-se sem haver
comprometimentos; e em outras, ainda, há o abuso.
Neste contexto, existem os fatores de risco, em que o indivíduo é mais suscetí-
vel a ter uma conduta que o leva a usar drogas abusivamente. Mas, em contrapartida,
existem os fatores de proteção, em que, mesmo em contato com substâncias psico-
trópicas, o indivíduo possui condições de dizer não ao uso.
Podem estar dentre os fatores de risco e de proteção:
→ a cadeia genética;
→ os aspectos biológicos;
→ as particularidades das relações entre as pessoas;
→ as interações familiares;
→ as sensações provocadas pelo efeito obtido com o uso de drogas;
→ as oportunidades de contato ou convivência com as drogas.
Existem ainda as questões do usuário e as realidades que o rodeiam:

1. Fatores do próprio indivíduo

PROTEÇÃO RISCO
Cooperação Insegurança
Habilidades sociais Curiosidade
Autoestima desenvolvida Procura por prazer
Relações interpessoais positivas Sintomas de depressão
Aptidão para resolver problemas Falta de satisfação com a vida

2. Fatores familiares

PROTEÇÃO RISCO
Envolvimento afetivo Familiares que abusam de drogas
Familiares envolvidos nas atividades Círculo familiar autoritário

Estabelecimento de condutas claras Famílias que têm


uma cultura de adicção
Respeito às opiniões dos familiares Familiares que sofrem
de transtornos mentais

16 Prevenção ao uso de drogas


3. Fatores sociais

PROTEÇÃO RISCO
Respeito às leis sociais Violência
Clima comunitário afetivo Falta de crença nas instituições
Oferta de atendimento na rede Falta de acesso a lazer e renda
Dados adequados sobre as drogas Poucos recursos para prevenção
Oportunidade de lazer e renda Falta de satisfação com a vida

Grupos Específicos

Há necessidade de avaliar também os grupos específicos e seus fatores de


risco e proteção ao uso de drogas:

▶ a probabilidade de um adolescente abusar de drogas engloba o balanço


entre a quantidade e os tipos de fatores de risco e de fatores de proteção;

▶ entre as mulheres, as questões socioculturais influenciam o consumo de dro-


gas. Por exemplo, a pressão social para manter um corpo perfeito é muito gran-
de, por este fato observa-se um elevado consumo de drogas associadas com
controle de peso, como anfetaminas, nicotina, cocaína e outros estimulantes;

▶ já com os idosos, o abuso de substâncias, em especial medicamentos


para tratamento de depressão, ansiedade e outras doenças, é o mais co-
mum, não sendo raro o consumo de drogas ilícitas. É valioso lembrar
que, em razão das alterações físicas que acontecem nesse período da
vida, os efeitos do álcool e das outras drogas são diferentes, podendo oca-
sionar diversos problemas, mesmo que utilizados em pequenas doses;

▶ os problemas relativos à perda da identidade cultural, extrema pobreza,


migração forçada e diminuição de autonomia, aos quais os povos indíge-
nas foram submetidos, desencadearam uma série de problemas, entre eles
o consumo excessivo de álcool e drogas ilícitas.

Prevenção ao uso de drogas 17


CAPÍTULO 2
Prevenção ao uso de
drogas e redes sociais

Prevenção ao uso de drogas

Para a maioria dos Municípios, independente de porte populacional e arreca-


dação financeira, a prevenção, seja ela em qualquer campo, é a ação mais inteligente
e possível de se desenvolver em relação às questões sociais.
A prevenção pode ser um conjunto de ações e medidas que têm como objetivo
minimizar um mal, evitar um dano. Trata-se de nos anteciparmos a alguma situação,
e, para os profissionais que atuam com questões sociais, as ações de prevenção devem
reforçar os fatores de proteção, vistos no capítulo anterior, para reduzir os fatores de
risco.
E, há tempos, o tema prevenção ao uso de drogas, lícitas e ilícitas, era tratado
de forma simplificada, por meio de panfletos e textos que apresentavam apenas os
malefícios da droga, suas consequências no organismo e na vida social. No entanto,
os tempos mudaram e, hoje, podemos ir além, podemos trabalhar com casos reais,
com projetos sociais e ações baseadas na realidade.
A prevenção ao uso de drogas tem como um de seus objetivos ajudar as pesso-
as, principalmente os jovens, por se tratar de uma faixa etária considerada de risco,
mas claro que ela pode e deve alcançar qualquer público, a fim de evitar ou retardar
o início do uso de drogas, para que não se tornem dependentes.
O trabalho de prevenção ao uso de drogas vem passando por processos de
evolução de um modelo, cujas ações e diretrizes, anteriormente centradas no tra-

18 Prevenção ao uso de drogas


tamento e na internação (um problema médico), intervencionista e repressor
(um problema jurídico), para uma abordagem focada na educação e na saúde, com
valorização da vida e participação da família.

Mas como podemos ir além com a


prevenção? Podemos pensar nela como uma
oportunidade de um desenvolvimento huma-
no e social seguros e saudáveis, em que as pes-
soas possam ter a oportunidade de fortalecer
seus talentos e contribuir para o crescimento
de suas comunidades e suas relações sociais.

Uma rede de prevenção do uso de drogas fortalecida pode contribuir signi-


ficativamente para que crianças, jovens e adultos participem de forma positiva nas
atividades familiares, escolares, comunitárias e no ambiente de trabalho.
Pesquisas apontam a necessidade de observarmos os fatores de risco que nos
tornam vulneráveis ao uso de drogas, tais como: processos biológicos, traços de per-
sonalidade, transtornos mentais, negligência e abuso na família, falta de vínculo com
a escola e com a comunidade, normas sociais propícias e ambientes favoráveis ao
uso abusivo de substância e crescimento dentro de comunidades marginalizadas e
carentes.
Isso para que possamos pensar em estratégias de fortalecimento dos nossos
vínculos afetivos, como o bem-estar psicológico pessoal e emocional, nossas habi-
lidades sociais e pessoais, uma boa relação com pais, escolas e comunidades prote-
toras, que têm suas políticas públicas voltadas à erradicação e/ou à diminuição das
vulnerabilidades sociais.

Políticas sociais bem consolidadas têm


como matriz de suas ações a prevenção. Como
exemplo pode-se citar nosso Sistema Único de
Saúde (Sus) e o Sistema Único de Assistência So-
cial (Suas); ambos priorizam o trabalho em rede,
e suas ações não se esgotam em si mesmas, o que

Prevenção ao uso de drogas 19


reforça a importância do trabalho conjunto.
Dessa forma, a prevenção pode ser trabalhada por várias instituições como:
Conselho Tutelar, escolas, igrejas, ONGs, associações de bairros, secretarias muni-
cipais. Isso nos aproxima da realidade dos 13 Municípios integrantes do Reinserir.
Sabemos que, com baixo recurso e equipe reduzida, os Municípios têm dificul-
dades para executar a prevenção, o tratamento e a reinserção social. Porém, dentre as
3 etapas mínimas, a mais viável é a prevenção, mas são muitas as nuances a se obser-
var quando vamos planejar uma atividade, vejamos:

→ Qual o objetivo da sua ação?


→ Que públicos ela vai atender?
→ A atividade contempla as questões de gênero e ciclos de vida?
→ O local da ação atende ao público que mais necessita (em situação de vulne-
rabilidade risco social)?
→ Sua ação está documentada e possui cronograma?
→ Prevê monitoramento e avaliação?
→ Tem apoio e realiza ações com outros setores?

Perguntas como estas podem nos auxiliar e orientar no processo de planeja-


mento das ações, e podem garantir mais sucesso, principalmente se realizadas com
outros setores, em razão do pouco recurso financeiro.
É importante pensarmos também na eficácia e na efetividade das ações, isso
em qualquer ação e em qualquer política pública:
O conceito de eficácia está relacionado a qualidade, meta e tempo; é a relação
entre resultados pretendidos e resultados obtidos em determinado período de tempo,
sem levar em conta os custos.
Já a efetividade diz respeito ao resultado concreto, ou às ações que fizeram
acontecer esse resultado concreto (fins – objetivo e metas desejadas); é a relação entre
os resultados e o objetivo.
Assim, a gestão eficiente e eficaz está relacionada à capacidade administrativa
e de produzir o máximo de resultados com o mínimo de recursos, energia e tempo,
exigindo, dessa forma, o planejamento e o gerenciamento dos recursos humanos,
dos materiais e dos recursos financeiros e de forma efetiva. Por isso a necessidade de
trabalharmos em rede, com parcerias e focando em casos de sucesso. Fortalecendo
nossas redes sociais!

20 Prevenção ao uso de drogas


Redes Sociais

Para tratar os efeitos e as


consequências de qualquer proble-
ma social, o trabalho em rede sur-
ge como uma estratégia necessária,
principalmente pela própria natu-
reza dos problemas sociais, no caso
em questão, a dependência química,
que é multifatorial, diverso e com-
“Um mais um é
plexo e requer a utilização das redes sempre mais
sociais em seu enfrentamento. que dois”.

É pensando na ideia de cons-


trução coletiva que abordamos o conceito de rede, e assim podemos compreendê-la
a partir do vínculo que temos com as pessoas, e também com instituições. E essa
relação social é caracterizada pela troca e interdependência, ou seja, reciprocidade,
auxílio mútuo e finalidade, uma vez que, ao interagirem entre si, modificam-se e são
transformadas. Essa é a ideia necessária para realizar transformações sociais eficazes.
Então, rede está associada à ideia de conectividade! As redes sociais têm uma
forte influência na vida das pessoas e na dinâmica das instituições, e é essa influência
que os profissionais devem aproveitar para traçar suas estratégias de intervenção.
As pessoas estabelecem vários tipos de relações, consequentemente, vários ti-
pos e possibilidades de redes: sociais pessoais, com os amigos e familiares. Redes de
categorias profissionais, como grupos de educadores ou de pesquisadores. Redes de
instituições como escolas, unidades básicas de saúde, centros de referência de assis-
tência social, conselhos tutelares. Há infinitas possibilidades de vinculação, cada qual
com uma identidade, ou seja, algo que a define, que diz que rede é aquela.
Uma rede social fortalecida é aquela em que a interação entre os integrantes é
intensa e cada um tem clareza do seu papel e do que pode contribuir para alcançar
uma meta comum. Uma rede frágil possui pouca participação e troca, maior isola-
mento e distanciamento entre as pessoas.

Prevenção ao uso de drogas 21


Um dos objetivos deste material é estimular os profissionais a desenvolverem
projetos de intervenção, ou aperfeiçoarem e fortalecerem os projetos já em curso no
tocante ao uso de drogas, em especial às ações de prevenção. Nesse sentido, vamos
falar um pouco mais sobre fatores de risco e de proteção que afetam os usuários em
suas redes sociais (domínios), onde intervenções profissionais podem ser realizadas.
Os fatores de risco podem influenciar o uso de drogas de várias formas, e quan-
to maior o número de riscos a que uma pessoa é exposta, maiores são as chances de
elas fazerem uso de drogas. É preciso ter em mente que alguns riscos podem ter mais
força que outros em decorrência da fase da vida em que o indivíduo está ou o espaço
que ele ocupa. Sendo assim, um dos principais objetivos das ações de prevenção deve
ser fortalecer os fatores de proteção.

Todas as redes sociais podem funcionar como fatores de risco e de prote-


ção para o uso de drogas; por isso, a melhor estratégia de prevenção é conhecer
e reconhecer as redes sociais dos usuários, e estimular as que são positivas, ou
seja, potencializar aquelas que dão aos usuários a sensação de acolhimento.

Vamos fazer um recorte para pensarmos o uso de drogas na adolescência, faixa


considerada por muitos estudiosos como a de maior risco.

O uso de drogas na adolescência: fatores de risco e proteção

Alguns estudos apontam que em nosso país o uso de drogas se inicia em média
aos 12 anos de idade para o álcool e um pouco mais tarde para outras substâncias;
esse uso precoce inclui substâncias como tabaco, inalantes, maconha e medicamentos
prescritos.
Os períodos de maior risco e suscetibilidade ao uso de drogas são os períodos de
transição da vida, vejamos: para as crianças é quando elas deixam a família e entram na
escola, mais tarde quando entram no ensino médio, onde surgem novas experiências
sociais, aumenta-se o grupo de colegas, o início da adolescência.
Quando entram no ensino médio, os adolescentes vivenciam novos desafios so-
ciais, acadêmicos e emocionais e podem estar mais expostos à disponibilidade de dro-
gas, já quando jovens adultos vivenciam outras transições significativas em suas vidas.

22 Prevenção ao uso de drogas


Sinais precoces de risco que podem indicar o uso de drogas no futuro:

É necessário pensar que muitos riscos podem ser identificados ainda na infân-
cia, como comportamento agressivo, falta de autocontrole e até um temperamento
difícil e, por vezes, algumas interações familiares potencializam os riscos de uma
criança fazer uso de drogas mais tarde, como por exemplo:

• falta de apego e carinho pelos pais ou cuidadores;


• abuso de drogas pelos pais ou cuidadores;
• paternagem ineficaz;
• conflitos familiares.

Mas, para evitar esses riscos, as famílias podem oferecer proteção por meio de:

• fortalecimento dos vínculos com os filhos;


• participação ativa na vida das crianças;
• instituição de limites e disciplina;
• realização de atividades conjuntas;
• fortalecimento do diálogo.
Somos seres notadamente sociáveis e participamos de espaços sociais por
meio de nossas redes. Sendo assim, vamos visualizar um quadro que aponta os fato-
res de risco, as redes sociais e os fatores de proteção que podem ser trabalhados na
adolescência.

Fatores de Risco Rede Social Fatores de Proteção


Comportamento Individual Autocontrole
agressivo precoce
Ausência dos pais Família Monitoramento dos pais
Uso de drogas Amigos Responsabilidade
acadêmica
Disponibilidade de drogas Escola Ações de prevenção ao
uso de drogas
Vulnerabilidade social Comunidade Vínculos comunitários

Outro fator a se observar é que interações fora do âmbito familiar podem gerar

Prevenção ao uso de drogas 23


riscos para as crianças e adolescentes, tais como:

• interação com amigos que fazem uso de drogas;


• baixo desempenho escolar;
• questões de gênero e raça;
• localização geográfica, zonas com fácil acesso a drogas.

É simples perceber a variedade de redes sociais a que os adolescentes podem


pertencer ou participar; por isso, é necessário trabalharmos em rede, em parceria
com as instituições sociais que atuam nos Municípios e, sobretudo, envolver a comu-
nidade.
Desse modo, propomos a prevenção ao uso de drogas por meio da participa-
ção da comunidade, pensando a possibilidade de intervenções concretas.

A comunidade na prevenção ao uso de drogas

O primeiro passo para a realização de intervenções/ações de prevenção ao uso


de drogas em qualquer espaço é a avaliação do cenário, ou seja, identificar as drogas
que circulam na comunidade, os fatores de riscos, identificar vulnerabilidades sociais,
possíveis usuários e principalmente a rede de serviços, tanto pública quanto privada,
que possa trabalhar essa demanda e, sem dúvida, identificar suas potencialidades.
Por se tratar de uma questão social, onde sua natureza tende a atingir e en-
volver direta e indiretamente atores ligados aos usuários de drogas, a dependência
química precisa ser pensada de forma ampla; por essa razão a necessidade de, para
além da rede de atenção ao dependente químico, pensarmos na participação social, o
papel da comunidade e também da família frente a essa questão.

A participação social está para além das for-


malidades ou mecanismos institucionais; logo, deve-
mos estimulá-la, visando ao bom funcionamento de
qualquer rede, no nosso caso, a rede de prevenção ao
uso de drogas. É preciso internalizar a importância
da participação da comunidade na resolução de seus
problemas.

24 Prevenção ao uso de drogas


O poder público é fundamental no atendimento às questões sociais, mas o
dinamismo das relações e a própria história nos mostra que outras estratégias, não
governamentais, podem ser fundamentais para minimizar as consequências do uso
de drogas e o fortalecimento dos vínculos comunitários.
Nesse sentido, chamamos a atenção para a existência de grupos de ajuda
mútua, como Alcóolicos Anônimos (AA), Narcóticos Anônimos e Amor exigente,
exemplos comuns de participação social e trabalho comunitário.
O trabalho comunitário é aquele que envolve a população de determinada co-
munidade para a solução dos seus problemas em comum, bem como a busca de
melhoria da qualidade de vida da população envolvida.

A participação social por meio do trabalho comunitário deve estimular


as capacidades locais, e não as deficiências.

A questão das drogas perpassa por toda a sociedade, logo, o estímulo à partici-
pação social é indispensável, tanto para a ampliação da rede de atenção ao dependen-
te químico quanto para o seu fortalecimento, ou seja, é a construção de laços entre
as pessoas.
Para reforçar a nossa ideia, vamos observar as diretrizes da Rede de Atenção
Psicossocial (RAPS), que deixa claro que, para que a rede funcione bem, seus serviços
precisam ter base comunitária, territorial, participação e controle social por parte de
seus usuários e familiares.
Então, por rede de base comunitária entende-se aquela em que os serviços se
adequam à comunidade atendida, e a ação territorial pressupõe a interação entre a
rede e a comunidade, assim, relações e lugares podem ser transformados. Tudo diz
respeito às relações sociais e suas intervenções. Por isso, o debate sobre a demanda e
a oferta dentro da comunidade e sua rede é fundamental.

Para que haja sucesso na construção de uma rede de base comunitária, é im-
portante observar alguns princípios:

• Relação horizontal com a comunidade onde se vive ou se está intervindo,


isso significa dizer que as intervenções institucionais devem prezar pela humildade,
afinal, ninguém sabe melhor sobre seus próprios problemas do que quem os vivencia.

Prevenção ao uso de drogas 25


Respeito é fundamental.

• Trabalhar com ações de curto e longo prazo, fato que transformação social
é processual, mas, em um trabalho de base comunitária, que tem objetivos a longo
prazo, é fundamental o fortalecimento da conexão entre os pares, isso traz unidade
ao trabalho, então é importante pensarmos em ações que também deem resultados
rápidos.

“O caminho faz-se caminhando” (Antonio Machado)

O incentivo à participação da comunidade, vamos falar sobre entraves, por


vezes, a baixa participação social se deve a situações de disputa de ego e à necessidade
de autoafirmação, onde quem sofre a intervenção pode se sentir inferior e até humi-
lhado, e, para piorar a situação, alguns profissionais veem a ausência de participação
social como uma espécie de acomodação. Voltamos à necessidade de humildade para
dialogar com quem quer se seja, afinal não somos melhores que ninguém.

Troca de papéis e compartilhamento de habilidades e saberes, uma ideia


simples e possível de se praticar. Não é assertivo que uma pessoa seja eternizada em
uma mesma função, o rodízio (quando for possível) é fundamental para a consoli-
dação do grupo e o fim da sensação de humilhação ou incapacidade, trocar de tare-
fas! Não é interessante que uma mesma pessoa palestre eternamente sobre o mesmo
assunto, e um outro colega arrume as cadeiras e sirva o lanche sempre, sendo que
ambos podem ter a mesma capacidade desenvolvida, mesmo que o dom da oratória
esteja em quem palestra, o empoderamento é necessário.

O incentivo à autonomia da comunidade. Autonomia significa capacidade


de autogestão, claro que em se tratando do uso de drogas não quer dizer que uma
comunidade possa extinguir seu uso, nesse caso, autonomia significa aprender que
mecanismos uma rede de atenção aciona em determinada situação, por exemplo.
Essa gama de informações tem como objetivo sensibilizar os profissionais a
ampliarem seus parceiros no enfrentamento às questões sociais, e a comunidade
pode ser seu maior e melhor aliado, pois pode tanto colaborar na execução de ações
quanto com o diálogo com o poder público, onde pode apontar com total clareza suas
demandas.

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É interessante observar que, apesar das dúvidas, se a prevenção é ou não eficaz,
já existem experiências comprovando que ela é necessária e que realmente funciona.

Também é importante salientar que o modelo de pre-


venção mais aceito e trabalhado hoje em dia é aquele baseado
na promoção da saúde, ou seja, o modelo que prevê a redu-
ção de fatores de risco e o aumento dos fatores de proteção.
I-sso se dá por meio da capacitação profissional e do envol-
vimento da comunidade, para que elas mesmas modifiquem
seus hábitos e estilos de vida, visando à qualidade, tudo o que
apresentamos nos capítulos anteriores.

Como forma de ampliar as possibilidade de ação, vamos falar sobre como a


escola pode contribuir com o fortalecimento da prevenção ao uso de drogas.

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CAPÍTULO 3
Prevenção ao uso de
drogas nas escolas

A escola é um dos maiores ambientes de socialização pelo qual passamos, e


está presente em quase todos os ciclos de nossa vida. Logo, é importante percebê-la
como um agente estratégico, uma rede social fundamental no enfrentamento das
questões sociais, principalmente o uso de drogas.
Todavia, o empasse para a consolidação dessa ideia, por vezes, é a visão que o
educador tem sobre a questão, onde pensa ser ou não função e responsabilidade da
escola desenvolver programas que promovam a prevenção ao uso abusivo de álcool e
outras drogas, o que paralisa a ação do educador.
Outro fator determinante é a ligação que o professor tem com os alunos, isso
pode influenciar o nível de intervenção dele nas possíveis situações que apontem o
uso de drogas.
Logo, a conclusão que o cenário apresenta é de que a implantação de projetos
preventivos nas escolas é frágil por duas razões principais: a resistência dos docentes
em acatar como objetivo da prevenção minimizar os efeitos prejudiciais da droga,
imaginando a cultura do proibicionismo e/ou o conservadorismo relacionado ao uso
de drogas. Outra razão está relacionada à primeira, em que qualquer fato não pre-
visto no planejamento da ação torna-se motivo para que estes profissionais a inter-
rompam.
Pelo exposto, verificamos haver dois desafios na implantação de projetos de
prevenção ao uso de drogas na escola: um primeiro quanto à dúvida dos docentes,
anteriormente citada, e o segundo quanto ao posicionamento e à disponibilidade do
professor.

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Mas precisamos superar esses desafios e pensarmos nas possibilidades de in-
tervenção. Nesse sentido, vejamos:
Programas de prevenção podem ser realizados já na pré-escola, em que os pro-
fessores podem observar alguns fatores de risco, tais como: comportamento agres-
sivo, pouca sociabilidade e dificuldade de realização das tarefas, e, assim, acionar a
rede de proteção à criança, como Conselho Tutelar, aconselhamento pedagógico, etc.

Para a etapa seguinte, onde os fatores de risco identificados podem ser:


• agressão precoce;
• baixo rendimento escolar;
• evasão escolar.

Sugere-se fortalecer as seguintes habilidades:


• autocontrole;
• consciência emocional;
• comunicação;
• resolução de problemas sociais;
• incentivo à leitura;
• apoio acadêmico.

No ensino fundamental e médio, onde um novo ciclo de vida se inicia, e onde


há maior interação social, sugere-se fortalecer as seguintes habilidades:

• o hábito de estudo com o apoio da escola, como a formação de grupos,


realização de gincanas, seminários e olimpíadas;
• comunicação;
• relação saudável entre colegas;
• habilidade de resistência ao uso de drogas;
• reforço a atitudes positivas

É importante reforçar essas possibilidades, pois a escola é referência social


pelo seu papel no processo de desenvolvimento da criança e do adolescente. Ela faz
parte do projeto educativo da família, é a instituição que segue a família no reco-
nhecimento da criança como ser capaz e em desenvolvimento. Esses aspectos dão a

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dimensão da importância da escola como unidade de rede social.
A adolescência como ciclo de vida, que se caracteriza não só pelas mudanças
físicas, biológicas e psicológicas, mas também pelos momentos de muitas descober-
tas e dúvidas, em razão de os jovens ficarem suscetíveis às influências de seus colegas,
pois geralmente neste momento da vida os amigos têm papel de maior relevância que
os pais e professores.
Consideramos que um projeto de prevenção ao uso drogas possa ser pautado
no envolvimento do adolescente como protagonista e sujeito de sua própria histó-
ria, participando de atividades culturais, esportivas e de lazer, práticas desenvolvidas
com a finalidade principal de levá-lo a se conhecer.
Neste sentido, o diálogo é relevante por possibilitar ao educador a aproxima-
ção do aluno para conhecê-lo em seus dilemas e inquietudes, o que gera condições
para apontar-lhe opções de vida nas quais o consumo abusivo de álcool ou outras
drogas não faça parte.

Podemos ter uma escola sem drogas?

Mesmo sendo uma utopia idealizar uma escola sem drogas, uma vez que faz
parte de uma sociedade com drogas, entendemos que é possível uma escola que não
exclua aquele adolescente que, por ventura, já esteja envolvido com drogas.

Por outro lado, se a escola não pode eliminar os tantos fatores de risco
já citados, alheios a sua função ou alcance, ela pode e deve reforçar os fatores
de proteção, pois tem muita oportunidade de influência sobre os estudantes, na
medida em que estes vivem uma boa parte de seu dia na escola e em contato
com os educadores.

Precisamos, então, valorizar e fortalecer a escola para que ela se sinta apoiada.
Nesta via, é válido o esforço da escola em resgatar o potencial de sua rede social de
apoio.
Ademais, na instituição escolar, a prevenção pode e deve ser realizada por meio
de atividades integradas ao conteúdo das disciplinas e às práticas escolares cotidianas
É necessário fortalecer a escola como integrante da rede de atenção à criança

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e ao adolescente, bem como rede de enfrentamento ao uso de drogas. E a principal
característica da rede é a participação de todos para a concretização de um projeto
comum, no caso a prevenção do uso indevido de drogas.
A metodologia do trabalho em rede, reforçado constantemente pelo projeto
Reinserir, permite que a comunidade fortaleça a escola – ou outra instituição que
dela precise – para que ela possa intensificar os vínculos que estabelece com seus
alunos.
O estabelecimento de parcerias entre a escola e as famílias, por exemplo, pode
permitir o fortalecimento e o aprofundamento do diálogo entre pais e professores no
enfrentamento de problemas que, por vezes, não conseguem resolver sozinhos. No
caso, os problemas relacionados ao uso indevido de drogas pelos adolescentes são um
bom exemplo da necessidade da parceria entre a escola e as famílias, bem como com
outros segmentos comunitários ou institucionais.
Recorrentemente sugerimos o desenvolvimento de ações conjuntas, a exemplo
de palestras nas escolas sendo ministradas por conselheiros tutelares, em que possam
apresentar para a comunidade escolar informações a respeito de seu papel dentro da
rede proteção à criança e ao adolescente.

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CONCLUSÃO

Muito vem sendo implementado nos últimos tempos para que as pessoas se
previnam contra o uso de drogas. Entretanto, a oferta continua grande, o que resulta
no aumento de usuários a cada ano que passa.
O uso e o abuso de substâncias ilícitas significam, em primeira instância, bus-
car prazer. É bastante complexo e difícil lutar contra o prazer, pois é ele que vem nor-
teando o comportamento dos seres vivos. Isso é conhecido na evolução das espécies,
tanto para a perpetuação de sua linhagem quanto para a autopreservação.
Como sabemos, as drogas provocam um tipo de prazer que é ilusório para o
organismo, que então passa a querer cada vez mais e em maior quantidade, como
se fosse algo bom. Contudo, essa sensação prazerosa causada não é somente boa,
pois carrega consigo inúmeras consequências para a sobrevivência. Todo usuário e
seu círculo familiar têm arcado com os resultados nocivos decorrentes desse tipo de
busca de prazer.
É nesse ponto que a prevenção precisa entrar: para mostrar a diferença que há
entre o que é gostoso e o que é bom.
Elaborar atividades com foco neste tipo de ação é preservar o direito ao cui-
dado e à saúde. Todas as propostas devem permitir que o indivíduo desenvolva ha-
bilidades para manter uma postura rígida em relação ao consumo de drogas, não
se intimidando e expressando sua vontade de maneira assertiva. Nesse cenário, os
trabalhos devem considerar diferentes instâncias da vida do sujeito e seus diferentes
domínios.

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Os limites são ampliados quando conseguimos identificar na prática as pos-
sibilidades reais que a prevenção promove. Com este material, a equipe do Projeto
Reinserir teve o intuito de empoderar participantes diretos e indiretos do Projeto
sobre a tônica da prevenção.
Sabemos que este documento representa apenas uma parcela das estratégias
no tocante ao tema, mas entendemos que pode contribuir para a disseminação de
informações relevantes aos treze Municípios que integram com afinco as atividades
construídas em conjunto.
Como consideração final, entendemos que a educação preventiva não é apenas
uma questão de atuar em ações pontuais e emergenciais, mas sim treinar o indivíduo
para a vida; é dotar a comunidade de conhecimentos que permitam atitudes sadias e
livres de preconceitos.

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Projeto financiado Projeto executado
pela União Europeia pela CNM

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