Administração Pública Imersão
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Giovanna Carranza
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_______________________________Profa. Giovanna Carranza
Então fica bem simples compreender a situação. O Governo parou para pensar e disse:
“A instituição privada tem recursos mais limitados que os meus, satisfaz as necessidades dos
seus clientes, paga as suas contas e ainda consegue obter lucro. Já eu, não consigo atender
as necessidades do meu cidadão (cliente), estou endividado e ainda tenho prejuízos. Tem
alguma coisa errada nisso”.
Então, plim, veio uma ideia maravilhosa: “Vou utilizar os conceitos, princípios e teorias
da Instituição Privada na Instituição Pública”.
OBSERVAÇÃO: O gestor privado pode fazer tudo o que a lei não proíbe; o gestor público
só pode fazer o que a lei permite. Na gestão privada, eventualmente, um acionista pode ser
cliente dos serviços de sua própria organização; na gestão pública o cliente é sempre
“acionista” da organização pública que lhe presta serviço. A gestão pública e a gestão privada
têm, cada uma, uma missão, cuja finalidade é dar foco e coerência às ações dessas
organizações e determinar o seu campo de atuação.
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A res publica (“a coisa pública – os bens públicos) não é diferenciada da res principis
(patrimônio do príncipe ou do soberano). Em consequência, a corrupção e o nepotismo são
inerentes a esse tipo de administração. No momento em que o capitalismo e a democracia
se tornam dominantes, o mercado e a sociedade civil passam a se distinguir do Estado,
tornando-se a administração. Patrimonialista abominável.
A autoridade não mais tem origem no soberano e sim no cargo que a pessoa ocupa na
organização e a obediência é devida às leis e aos regulamentos, formalmente definidos.
Qualquer organização ou grupo que se baseie em leis racionais é uma burocracia.
Para Weber, a burocracia é a organização eficiente por excelência e para conseguir essa
eficiência, precisa detalhar antecipadamente e nos mínimos detalhes como as coisas
deverão ser feitas.
Teve como pano de fundo o liberalismo econômico, que pregava que o Estado deveria
se restringir a suas funções típicas (defesa nacional, aplicação da justiça, elaboração de leis,
diplomacia, etc.). Todavia, não conseguiu eliminar completamente o Patrimonialismo,
passando os dois modelos a subsistirem juntos. A autoridade burocrática não se confunde
com a autoridade tradicional.
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Voltado cada vez mais para si mesmo, o modelo burocrático tradicional vinha
caminhando para um sentido contrário aos anseios dos cidadãos. A incapacidade de
responder às demandas destes, a baixa eficiência de suas estruturas, aliadas a captura do
Estado por interesses privados e ao processo de globalização e de transformações
tecnológicas, desencadearam a CRISE DO ESTADO, cujas manifestações mais evidentes
foram:
• CRISE FISCAL: perda em maior grau de crédito público e incapacidade crescente do Estado
de realizar uma poupança pública que lhe permitisse financiar políticas públicas, devido
principalmente à grave crise econômica mundial dos anos 70 e 80.
▪ Disfunções da Burocracia
Perrow afirmava que o tipo ideal de Weber nunca é alcançado, porque as organizações
são essencialmente sistemas sociais, feito de pessoas, e as pessoas não existem apenas para
as organizações. Estas têm interesses independentes e levam para dentro das organizações
em que trabalham toda a sua vida externa.
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Além disso, a organização burocrática que Weber idealizou parece servir melhor para
lidar com tarefas estáveis e rotinizadas. Não trata as organizações dinâmicas, para as quais a
mudança é constante, somente as organizações mecanicistas, orientadas basicamente para
as atividades padronizadas e repetitivas. Perrow apontou quatro disfunções da burocracia:
Merton também critica o modelo weberiano que, em sua opinião, negligencia o peso
do fator humano e não são racionais como ele retrata. Para ele, as principais disfunções da
burocracia são:
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Questão comentada
▪ O Paradigma Pós-Burocrático
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No início dos anos 1980, registrou-se uma nova tentativa de reformar a burocracia e
orientá-la na direção da administração pública gerencial, com a criação do Ministério da
Desburocratização e do Programa Nacional de Desburocratização - PRND, cujos objetivos
eram a revitalização e agilização das organizações do Estado, a descentralização da
autoridade, a melhoria e simplificação dos processos administrativos e a promoção da
eficiência. As ações do PRND voltaram-se inicialmente para o combate à burocratização dos
procedimentos. Posteriormente, foram dirigidas para o desenvolvimento do Programa
Nacional de Desestatização, num esforço para conter os excessos da expansão da
administração descentralizada, estimulada pelo Decreto-Lei ns 200/67.
▪ O Retrocesso de 1988
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Este retrocesso burocrático foi em parte uma reação ao clientelismo que dominou o país
naqueles anos. Foi também uma consequência de uma atitude defensiva da alta burocracia
que, sentindo-se injustamente acusada decidiu defender-se de forma irracional.
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Estas qualidades, que eles demonstraram desde os anos 1930, quando a administração
pública profissional foi implantada no Brasil, foram um fator decisivo para o papel,
estratégico que o Estado jogou no desenvolvimento económico brasileiro.
Assim, o modelo gerencial (puro, inicial), buscou responder com maior agilidade e
eficiência os anseios da sociedade, insatisfeita com os serviços recebidos do setor público.
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Na fase mais recente, o entendimento de que o usuário do serviço deve ser visto como
cliente-consumidor perdeu força, principalmente porque a ideia de consumidor poderia
levar a um atendimento melhor para alguns e pior para outros, num universo em que todos
têm os mesmos direitos. É possível perceber isso quando levamos em consideração que
clientes melhores organizados e estruturados teriam mais poder para pleitear mais ou
melhores serviços, culminando em prejuízo para os menos estruturados. Por isso, nesta
abordagem é preferível o uso de conceito de cidadão, queinvés de buscar a sua satisfação,
estaria voltado para a consecução do bem comum. Com isso, o que se busca é a equidade,
ou seja, o tratamento igual a todos os que se encontram em situações equivalentes.
A fim de aprimorar seu aprendizado e você poder fechar a prova, a partir de agora,
estaremos reproduzindo extratos do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado.
Nos últimos anos, assistimos em todo o mundo a um debate acalorado - ainda longe de
concluído - sobre o papel que o Estado deve desempenhar na vida contemporânea e o grau
de intervenção que deve ter na economia.
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No Brasil, o tema adquire relevância particular, tendo em vista que o Estado, em razão
do modelo de desenvolvimento adotado, desviou-se de suas funções precípuas para atuar
com grande ênfase na esfera produtiva. Essa maciça interferência do Estado no mercado
acarretou distorções crescentes neste último, que passou a conviver com artificialismos que
se tornaram insustentáveis na década de 1990. Sem dúvida, num sistema capitalista, Estado
e mercado, direta ou indiretamente, são as duas instituições centrais que operam na
coordenação dos sistemas econômicos. Dessa forma, se uma delas apresenta
funcionamento irregular, é inevitável que nos depararemos com uma crise. Foi assim nos
anos 1920 e 1930. em que claramente foi o mau funcionamento do mercado que trouxe em
seu bojo uma crise económica de grandes proporções. Já nos anos 1980, é a crise do Estado
que põe em cheque o modelo econômico em vigência.
A crise do Estado teve início nos anos 1970, mas só nos anos 1980 se tornou evidente.
Paralelamente ao descontrole fiscal, diversos países passaram a apresentar redução nas
taxas de crescimento econômico, aumento do desemprego e elevados índices de inflação.
Após várias tentativas de explicação, ficou claro, afinal, que a causa da desaceleração
econômica nos países desenvolvidos e dos graves desequilíbrios na América Latina e no Leste
Europeu era a crise do Estado, que não soubera processar de forma adequada a sobrecarga
de demandas a ele dirigidas. A desordem econômica expressava agora a dificuldade do
Estado em continuar a administrar as crescentes expectativas em relação à política de bem-
estar aplicada com relativo sucesso no pós-guerra.
Não obstante, nos últimos 20 anos esse modelo mostrou-se superado, vítima de
distorções decorrentes da tendência observada em grupos de empresários e de funcionários,
que buscam utilizar o Estado em seu próprio benefício, e vitima também da aceleração do
desenvolvimento tecnológico e da globalização da economia mundial, que tornaram a
competição entre as nações muito mais aguda.
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A crise do Estado define-se então como uma crise fiscal, caracterizada pela crescente
perda do crédito por parte do Estado e pela poupança pública que se torna negativa; como
o esgotamento da estratégia estatizante de intervenção do Estado, a qual se reveste de
várias formas: o Estado do bem-estar social nos países desenvolvidos, a estratégia de substi-
tuição de importações no terceiro mundo e o estatismo nos países comunistas; e como a
superação da forma de administrar o Estado, isto é, a superação da administração pública
burocrática.
No Brasil, embora esteja presente desde os anos 1970, a crise do Estado somente se
tornará clara a partir da segunda metade dos anos 1980. Suas manifestações mais evidentes
são a própria crise fiscal e o esgotamento da estratégia de substituição de importações, que
se inserem num contexto mais amplo de superação das formas de intervenção econômica e
social do Estado. Adicionalmente, o aparelho do Estado concentra e centraliza funções, e se
caracteriza pela rigidez dos procedimentos e pelo excesso de normas e regulamentos.
A reação imediata à crise - ainda nos anos 1980, logo após a transição democrática - foi
ignorá-la. Uma segunda resposta igualmente inadequada foi a neoliberal, caracterizada pela
ideologia do Estado mínimo. Ambas revelaram-se irrealistas: a primeira, porque subestimou
tal desequilíbrio; a segunda, porque utópica. Só em meados dos anos 1990 surge uma
resposta consistente com o desafio de superação da crise: a ideia da reforma ou
reconstrução do Estado, de forma a resgatar sua autonomia financeira e sua capacidade de
implementar políticas públicas.
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▪ Os Setores do Estado
No aparelho do Estado, é possível distinguir quatro setores:
▪ Núcleo Estratégico
Corresponde ao governo, em sentido lato. É o setor que define as leis e as políticas
públicas, e cobra o seu cumprimento. É, portanto, o setor onde as decisões estratégicas são
tomadas. Corresponde aos Poderes Legislativo e Judiciário, ao Ministério Público e, no poder
executivo, ao Presidente da República, aos ministros e aos seus auxiliares e assessores
diretos, responsáveis pelo planejamento e formulação das políticas públicas.
▪ Atividades Exclusivas
É o setor em que são prestados serviços que só o Estado pode realizar. São serviços em
que se exerce o poder extroverso do Estado - o poder de regulamentar, fiscalizar, fomentar.
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▪ Serviços Não-Exclusivos
Corresponde ao setor onde Estado atua simultaneamente com outras organizações
públicas não-estatais e privadas. As instuições desse setor não possuem o poder de Estado.
Este, entretanto, está presente porque os serviços envolvem direitos humanos
fundamentais, como os da educação e da saúde, ou porque possuem "economias externas"
relevantes, na medida que produzem ganhos que não podem ser apropriados por esses
serviços através do mercado. As economias produzidas imediatamente se espalham para o
resto da sociedade, não podendo ser transformadas em lucros. São exemplos deste setor: as
universidades, os hospitais, os centros de pesquisa e os museus.
Como já vimos, existem ainda hoje duas formas de administração pública relevantes: a
Administração Pública Burocrática e a Administração Pública Gerencial. A primeira, embora
sofrendo do excesso de formalismo e da ênfase no controle dos processos, tem como
vantagens a segurança e a efetividade das decisões. Já a administração pública gerencial
caracteriza-se fundamentalmente pela eficiência dos serviços prestados a milhares, senão
milhões, de cidadãos.
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A seguir, transcrevemos alguns trechos desse documento para análise dos candidatos, no
que tange aos rumos da Administração Pública em nosso país.
Este "Plano Diretor" procura criar condições para a construção pública em bases
modernas e racionais. No passado, constituiu grande avanço à implementação de uma
administração pública formal, baseada em princípios racional-burocrático, os quais se
contrapunham ao patrimonialismo, ao clientelismo, ao nepotismo, vícios estes que ainda
persistem e que precisam ser extirpados. Mas o sistema introduzido, ao limitar-se a padrões
hierárquicos rígidos e ao concentrar-se no controle dos processos e não dos resultados,
revelou-se lento e ineficiente para a magnitude e a complexidade dos desafios que o País
passou a enfrentar diante da globalização econômica. A situação agravou-se a partir do início
da década de 90, como resultado de reformas administrativas apressadas, as quais
desorganizaram centros decisórios importantes, afetaram a "memória administrativa", a par
de desmantelarem sistemas de produção de informações vitais para o processo decisório
governamental.
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▪ Governança e Governabilidade
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Desse modo, o Estado reduz seu papel de executor ou prestador direto de serviços,
mantendo-se, entretanto, no papel de regulador e provedor ou promotor destes, prin-
cipalmente dos serviços sociais, como educação e saúde, que são essenciais, para o de-
senvolvimento, na medida em que envolvem investimento em capital humano: para a
democracia, na medida em que promovem cidadãos; e para uma distribuição de renda mais
justa, na medida que o mercado é incapaz de garantir, dada a oferta muito superior à
demanda de mão-de-obra não-especializada. Como promotor desses serviços, o Estado
continuará a subsidiá-los, buscando, ao mesmo tempo, o controle social direto e a
participação da sociedade.
▪ Accountability
É um termo abrangente que vai além da prestação de contas, pura e simples, pelos
gestores da coisa pública. Accountability diz respeito à sensibilidade das autoridades
públicas em relação ao que os cidadãos pensam, à existência de mecanismos institucionais
efetivos, que permitam chamá-los à fala quando não cumprirem suas responsabilidades
básicas. No âmbito da Secretaria Federal de Controle, o termo accountability é traduzido, por
alguns, como “responsabilidade”.
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A busca da accountability passa também pela reforma da sociedade, ela precisa saber e
querer cobrar, precisa interessar-se pela gestão pública, deve entender a relação da boa
administração com a qualidade de vida; em suma, deve ser mais cidadã.
▪ Qualidade do Governo
➢ governo catalisador: aquele que escolhe “navegar em vez de remar”; o que em outras
palavras, significa um governo que é forte porque se limita a decidir e a dirigir, deixando
a execução para outrem.
➢ participação da população no governo: mediante a transferência do poder decisório da
burocracia para as comunidades, de tal maneira que elas possam ser co-responsáveis com
o governo pelo controle dos serviços públicos.
➢ competição nos serviços públicos: a competição não deve ocorrer apenas entre os
setores público e privado, mas também entre os próprios órgãos públicos, pois a
competição sadia estimula a inovação e o aumento da eficiência.
➢ governo orientado por missões: em contraposição às organizações públicas rigidamente
dirigidas por normas e regulamentos, as organizações orientadas por missões são mais
racionais, eficazes, criativas, têm maior flexibilidade operativa e moral mais elevado.
➢ governo de resultados: no qual se privilegiam os resultados a atingir e não simplesmente
os recursos.
➢ ênfase no cliente: consiste em aproximar os órgãos governamentais dos usuários de
serviços públicos, de modo a identificar os seus anseios e incorporar as críticas, a fim de
moldar a prestação de serviços conforme as suas reais necessidades.
➢ governo empreendedor: é aquele que gera receitas (extra-tributárias) ao invés de
simplesmente incorrer em gastos.
➢ papel preventivo: preocupação com a prevenção de problemas evitáveis e com a
previsão (antecipação) de dificuldades futuras.
➢ descentralização: para responder com maior rapidez a mudanças nas circunstâncias ou
nas necessidades dê seus clientes; o governo descentralizado é mais eficiente, inovador,
produtivo e mais comprometido com os resultados.
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▪ Gerencialismo Puro
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▪ Consumerism
Qualidade é hoje uma palavra chave muito difundida nas empresas: fácil de falar e
difícil de fazer. Ao mesmo tempo, existe pouco entendimento do que vem a ser
qualidade.
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