Edilson Nguenha (Estados e Transformacao Industrial)

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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

FACULDADE DE LETRAS E CIÊNCIAS SOCIAIS


CURSO DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
CADEIRA: GLOBALIZAÇÃO E DESENVOLVIMENTO
NOME: Edilson Dércio Mavusso Nguenha

ESTADOS E TRANSFORMAÇÃO INDUSTRIAL

Os Estados desenvolvimentistas se destacam por sua capacidade administrativa. Utilizando-se da


intervenção de forma estratégica, o mesmo promove transformação atuando de forma seletiva
para impor forças de mercado. Para Evans (2004), não há desenvolvimento sem estado
desenvolvimentista, o qual se pauta em instituições públicas sólidas e competentes. De acordo
com o autor, a combinação ideal entre autonomia e parceria é o que garante a existência de um
Estado desenvolvimentista. Referenciando autores como Gerschenkron (1962), Hirschman
(1977, 1981) e Amsden (1989), Evans reafirma a necessidade de conexões entre o Estado e
grupos sociais, destacando as sociedades capitalistas, onde a realização de investimentos e a
atividade produtiva são dependentes da cooperação estabelecida junto a atores privados. Estados
não alcançam maior grau de eficiência quando minimizam suas conexões com a sociedade, assim
como os mercados também não são capazes de obter bons resultados se isolados de conexões
sociais. Desta forma, de maneira similar aos mercados, a inserção do Estado nas formas de
relações sociais se torna condicional para que o mesmo opere eficientemente, impulsionando o
desenvolvimento. Estados quando inseridos em um conjunto de ligações sociais fornecem canais
institucionalizados para que seja possível a negociação e renegociação de objetivos e políticas
em prol do desenvolvimento. Evans enfatiza a capacidade burocrática e a a inserção da
burocracia pública na sociedade e na comunidade empresarial, atuando com relativa autonomia
em relação à classe dominante - como característica essencial do estado desenvolvimentista.
Evans (2004) esclarece que o Estado exibe padrões de intervenção específicos. Cabe às
autoridades estatais formular e implementar leis, assumir responsabilidade na produção de bens e
serviços específicos (vinculado a investimentos em infraestrutura, de caráter público ou coletivo,
como estradas, pontes e redes de comunicação), e auxiliar grupos empresariais privados, a fim de
que estes consigam superar desafios.
A burocracia pública assume um papel estratégico no estado desenvolvimentista, no entanto, a
classe empresária/industrial também desempenha um papel decisivo nesse arranjo, uma vez que
exerce um poder de veto quando decide se deve ou não investir. A discussão de organização
autônoma dos Estados desenvolvimentistas de Evans é extensivamente inspirada no conceito de
burocracia weberiana. Segundo Evans “Weber oferece uma hipótese poderosa acerca de que tipo
de organização interna provavelmente dará aos Estados a capacidade de construir mercados e
promover o crescimento”. Para Weber (1968), uma das características mais proeminentes das
formas pré-burocráticas era a utilização das prerrogativas oficiais por seus membros para a
otimização de interesses privados. Desta maneira, a superioridade do estado burocrático moderno
surge com a sua capacidade de deixar de lado uma lógica individualista, fazendo com que os
interesses dos burocratas passem a ser atendidos por meio da execução de suas próprias
atribuições e pela contribuição prestada para o governo como um todo. Para o alcance de tal
orientação por parte do aparato governamental, Weber argumenta que as organizações
administrativas públicas, pautadas na meritocracia e na concessão de recompensas de carreira a
longo prazo, seriam mais eficientes para a facilitação do crescimento capitalista do que outras
formas de organização do estado.

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