Curso 238872 Aula 00 Profa Mariana Moronari c7b2 Completo
Curso 238872 Aula 00 Profa Mariana Moronari c7b2 Completo
Curso 238872 Aula 00 Profa Mariana Moronari c7b2 Completo
Mariana Moronari
PETROBRAS (Técnico - Ênfase 4 -
Manutenção Elétrica) Conhecimentos
Específicos - 2023 (Pós-Edital)
Autor:
Mara Camisassa, Mariana
Moronari, Thais Martins
15 de Fevereiro de 2023
Mara Camisassa, Mariana Moronari, Thais Martins
Aula 00 - Profa Mariana Moronari
Sumário
3. Diferença de potencial.......................................................................................................................... 30
3.4.2. Campo elétrico produzido por duas placas paralelas carregadas com cargas opostas
38
8. Gabarito .................................................................................................................................................. 75
APRESENTAÇÃO PESSOAL
Olá querido(a) aluno(a),
Primeiramente, ressalto que é uma satisfação ter a oportunidade de contribuir para sua aprovação.
Meu nome é Mariana Moronari e serei responsável por este curso.
CRONOGRAMA/ METODOLOGIA
Este curso está focado no Conteúdo Programático , onde será abordado o conteúdo que você
precisa estudar para a prova.
Dessa forma, o ponto de partida para sua elaboração foram os temas e assuntos cobrados no último
edital, bem como aqueles que estão sendo ultimamente exigidos em outros processos seletivos.
Evidencio que as aulas foram divididas conforme a quantidade de subtemas cobrados dentro das
"grandes áreas" especificadas no conteúdo programático do último edital. Logo, algumas aulas foram
divididas em partes para poder contemplar os tópicos mais importantes e indispensáveis de seu estudo.
Não posso deixar de destacar que a resolução das questões traz uma bagagem muito importante para
o entendimento, treinamento e memorização do conteúdo. Principalmente, na área de exatas.
A intenção é que você use seu tempo estudando apenas aquilo que responderá as questões, sem ir
além.
Com o nosso curso, você poderá relembrar e treinar os pontos mais importantes, focando sempre na
forma e no nível de profundidade que eles são cobrados. Vamos priorizar o seu tempo e o seu esforço no
que realmente importa, ok?
Além disso, teremos videoaulas! Mas lembre-se... Essas aulas destinam-se a complementar a
preparação. Quando estiver cansado(a) do estudo ativo (leitura e resolução de questões) ou até mesmo para
a revisão, abordaremos alguns pontos da matéria por intermédio dos vídeos.
Com essa outra didática, você disporá de um conteúdo complementar para a sua preparação. Ao
contrário do PDF, evidentemente, as videoaulas podem não atender todos os pontos que vamos analisar nos
nossos livros eletrônicos. Nosso foco é, sempre, o estudo ativo!
Eventualmente, ressalto que algumas alterações podem ocorrer de forma a adaptar o cronograma
para contemplar temas ou subtemas que acharmos necessários para sua preparação.
Deixarei meu contato para quaisquer dúvidas ou sugestões. Estarei à sua disposição para respondê-
las, afinal é a partir dessas dúvidas que a matéria será fixada em sua mente!
Terei o prazer em orientá-lo(a) da melhor forma possível nesta caminhada que estamos iniciando.
E-mail: [email protected];
Instragram: @profa.moronari.mariana
Conto com todo seu interesse e empolgação para que tenhamos um alto grau de aproveitamento
neste curso!
Um grande abraço,
“Uma mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original.”
Albert Einstein
1. LEI DE COULOMB
A teoria eletromagnética e a teoria de circuitos elétricos são duas teorias fundamentais em que se
apoiam os ramos da engenharia elétrica.
Evidencio que são indiscutíveis a importância e as diversas áreas de aplicações desse tema.
Transmissão de energia elétrica e proteção contra descargas atmosféricas são, por exemplo, áreas associadas
que necessitam de um conhecimento aprofundado sobre eletrostática para que seja possível projetar
equipamentos adequados.
Considere uma força semelhante à força gravitacional que varie predominantemente com o inverso
do quadrado da distância, mas que seja cerca de bilhões de bilhões de bilhões de bilhões de vezes mais
intensa. Essa força é responsável pela atração e repulsão entre dois tipos de “matéria”, que podemos chamar
de matéria positiva e matéria negativa.
A repulsão elétrica entre dois elétrons é 1042 vezes maior que sua atração gravitacional.
As cargas elétricas elementares são constituídas, no nível atômico, pelos elétrons e pelos
prótons que formam os átomos. Os elétrons os prótons contêm cargas de sinais opostos e
mesmo módulo, sendo a carga do elétron negativa e do próton positiva. O nêutron, como
o próprio nome sugere, não possui carga elétrica.
Toda matéria é uma mistura de prótons positivos e elétrons negativos, que estão se atraindo e
repelindo por esta força extraordinária (Força elétrica). Entretanto, o balanço de forças é tão perfeito, que,
quando você está próximo de uma outra pessoa, não é capaz de sentir força alguma.
E mesmo um pequeno desbalanceamento poderia ser sentido! Se você estiver a uma distância de um
braço de alguém e cada um de vocês tiver um por cento a mais de prótons, a força de repulsão seria
extremamente grande.
Professora, mas quão grande seria? O suficiente para erguer o edifício Empire State?
Não!
Também não!
Saiba que a repulsão seria suficiente para erguer um “peso” igual ao de toda a Terra!
As cargas existem em dois tipos, positivas e negativas justamente porque seus efeitos tendem a se
cancelar.
Se você tiver +𝒒 e −𝒒 no mesmo ponto, eletricamente será como se ali não houvesse carga
nenhuma.
Isso pode parecer óbvio demais para merecer um comentário, mas vamos continuar explorando
outras possibilidades...
Os sistemas estariam sujeitos a forças imensas, por exemplo, uma batata explodiria se esse
cancelamento tivesse uma imperfeição tão mínima quanto uma parte em 1010 .
Outro ponto importante é que a carga é conservada, não podendo ser criada ou destruída. Ou seja,
o que existe hoje sempre existiu.
8
Uma carga positiva pode “aniquilar” uma carga negativa equivalente, mas uma carga
positiva ou negativa não pode simplesmente desaparecer por si só.
Dessa forma, a carga total do universo está fixada para todo sempre. Essa é a chamada conservação
global de carga!
A conservação global permite que uma carga desapareça em São Paulo e reapareça imediatamente
em Brasília (isso não afetaria o total), mas sabemos que isso não acontece. Se a carga estivesse em São Paulo
e fosse para Brasília, teria de ter atravessado algum trajeto contínuo de um lugar para outro. Isso se chama
conservação local da carga.
Oportunamente veremos como formular uma lei matemática precisa que expressa a conservação
local de cargas, chamada de equação de continuidade.
A mecânica nos diz como um sistema irá se comportar quando estiver sujeito a uma determinada
força. Existem quatro forças fundamentais conhecidas (atualmente) na física.
1. Forte;
2. Eletromagnética;
3. Fraca;
4. Gravitacional.
Mas você pode estar se perguntando, onde está o atrito? Onde está a força “normal” que não nos
deixa atravessar o chão? Onde está a força de impacto entre duas bolas de bilhar que que colidem?
De fato, não é exagero dizer que vivemos em um mundo eletromagnético, pois praticamente todas
as forças que sentimos no nosso dia a dia, com exceção da gravidade, tem origem eletromagnética. A força
eletromagnética está relacionada praticamente com todos os fenômenos físicos que encontramos no nosso
cotidiano, pois as interações entre os átomos são regidas pelo eletromagnetismo.
As forças fortes, que mantêm prótons e nêutrons unidos no núcleo atômico, têm alcance
extremamente curto e, portanto, não as “sentimos”, apesar do fato de sem cem vezes mais fortes do que
as forças elétricas. As forças fracas, que respondem por certos tipos de decaimentos radioativos, não só têm
curto alcance, como são, antes de mais nada, muito mais fraca do que as eletromagnéticas.
Como sabemos, os átomos são formados por um núcleo de prótons positivos com elétrons negativos
ao seu redor. Então, você poderia se perguntar: “se esta força elétrica é tão extraordinária, por que os
prótons e os elétrons não caem uns em cima dos outros? Se eles querem estar numa mistura compacta, por
que não fica ainda mais compactos?”
A resposta está intimamente relacionada com o efeito quântico. Ao tentar confinar elétrons numa
região muito próxima dos prótons, de acordo com princípio da incerteza, estes elétrons adquiriam um
momento quadrático médio que aumentaria à medida que os elétrons fossem confinados. É este
movimento, exigido pelas leis da mecânica quântica, que impede a atração elétrica de juntar ainda mais as
cargas.
Você também poderia fazer a seguinte pergunta: “O que mantém os núcleos coesos?” No núcleo
existem vários prótons, todos positivos. Por que a repulsão não os afasta?
Acontece que dentro do núcleo existem, além das forças elétricas, forças não-elétricas, chamada de
forças nucleares ou força forte. Estas forças fortes são mais intensas que as forças elétricas, o que as permite
manter os prótons unidos, apesar de existir repulsão devido as forças elétricas.
Entretanto, as forças fortes possuem curto alcance e sua intensidade diminui mais rapidamente que
2
1/𝑟 . Este fato possui um a importante consequência, ou seja, se um núcleo tiver muitos prótons, ele se
torna muito grande e estes prótons não conseguirão se manter unidos. Um exemplo é o urânio, com 92
prótons.
As forças fortes atuam principalmente entre cada próton (ou nêutron) e seus vizinhos mais próximos,
enquanto a as forças elétricas atuam em distâncias maiores, criando uma repulsão entre cada próton e todos
e todos os outros prótons presentes no núcleo. Quanto mais prótons houver no núcleo, mais forte será a
repulsão elétrica.
No caso do urânio, o desbalanceamento de forças é tão delicado que está prestes a se estilhaçar
devido às forças elétricas. Se este núcleo de urânio for perturbado, ou seja, “cutucado”, ele se partirá em
dois pedaços, cada um com carga positiva e estes pedaços se afastarão pela repulsão elétrica. A energia
liberada neste processo é a energia de uma bomba atômica. Essa energia é usualmente chamada de energia
“nuclear”, mas é, na verdade, uma energia “elétrica” liberada quando as forças elétricas superam as forças
fortes.
É claro que existe também uma teoria clássica para a gravidade (lei da gravitação universal) e outra
que é relativística (a teoria da relatividade geral de Einstein), mas nenhuma teoria quântica satisfatória foi
construída para a gravidade (embora muita gente esteja trabalhando nisso).
Atualmente existe uma teoria muito bem-sucedida (embora excessivamente complicada) para as
interações fracas e uma candidata extraordinariamente atraente (chamada cromodinâmica) para as
interações fortes.
Todas essas teorias tiram suas inspirações da eletrodinâmica e nenhuma delas pode alegar verificação
conclusiva no estágio atual. Portanto, a eletrodinâmica, uma teoria maravilhosamente completa, tornou-se
uma espécie de paradigma dos cientistas.
10
Um campo eletrostático é gerado por uma distribuição de cargas estáticas. Ou seja, eles
são invariáveis no tempo.
Ao longo da nossa discussão, assumiremos que o campo elétrico está no vácuo, mesmo que o campo
elétrico em um meio material possa ser tratado, por conveniência, em outra situação.
A lei de Coulomb e a lei de Gauss são as duas leis fundamentais que governam a eletrostática. A lei
de Coulomb é uma lei mais geral que pode ser aplicada a qualquer configuração de cargas e a lei de Gauss é
utilizada quando a distribuição de cargas é simétrica.
A lei de Coulomb descreve a interação eletrostática entre partículas carregadas. Ela pode ser
resumida em três afirmações:
Note que o termo pontual significa que o tamanho das cargas é pequeno em comparação as
dimensões do sistema.
𝐾|𝑞1 ||𝑞2 |
𝐹= 𝑟2
onde |q1 | e |q 2 | são os módulos das cargas, 𝑟 é distâncias entre as cargas e 𝐾 é uma constante de
proporcionalidade. Essa equação é uma expressão escalar, ou seja, fornece informação sobre o módulo da
força.
Nas descrições de problemas, o sentido e a direção devem ser atribuídos. Se as cargas possuem sinais
contrários, as observações de coulomb estabelecem que a força é atrativa, assim, o sentido da força que
atua em 𝐪𝟏 é de 𝐪𝟏 para 𝐪𝟐 , enquanto a força que atua em 𝐪𝟐 é de 𝐪𝟐 para 𝐪𝟏 e a direção é a linha que
passa pelas duas cargas (Figura 1).
Ao utilizar a lei de Coulomb, deve-se considerar que cargas opostas se atraem e cargas de mesmo
sinal se repelem, lembrando que a força é newtoniana, isto é, a força coulombiana obedece à terceira lei de
Newton.
Para escrever a lei de Coulomb na forma vetorial, é preciso considerar o fato de que a força atua ao
longo da linha que une as cargas, sendo positiva se as cargas tiverem o mesmo sinal e negativa se possuírem
sinais opostos.
Considerando ⃗⃗⃗𝐹1 a força que age sobre a carga q1 (em virtude da presença da carga q 2 ) e 𝑟1,2 é o
vetor que parte de q 2 a q1 cujo módulo é 𝑟1,2 , temos:
Para obter a força elétrica sobre a carga q 2 , é preciso apenas permutar os índices 1 e 2. É importante
observar nessa equação que q1 e q 2 são quantidades positivas e negativas das cargas, que devem ser
atribuídas cada uma com seu sinal na equação vetorial. O resultado fornecido (Fig. 2) é o vetor força
eletrostática, que apresenta informações sobre módulo, direção e sentido da interação.
12
1 𝑁𝑚2
𝐾 = 4𝜋𝜖 = 9 ∙ 109
0 𝐶2
onde 𝜖0 = 8,854 × 10−12 𝐶 2 /𝑁𝑚2, que é conhecida como permissividade elétrica no vácuo. Podemos
reescrever a equação da seguinte maneira:
1 𝑞1 𝑞2
𝐹1 = 2 𝑟̂
4𝜋𝜖0 𝑟1,2
Temos um dipolo elétrico quando duas cargas pontuais de igual magnitude e sinais
opostos estão separadas por uma pequena distância.
A intensidade da força gravitacional Fg entre dois corpos de massa m1 e m2 é dada pela lei da
gravitação de Newton:
13
𝑚1 𝑚2
𝐹𝑔 = 𝐺 𝑟2
Perceba que podemos comparar essa intensidade com a intensidade da força elétrica de Coulomb
definida na seção anterior.
1 𝑞1 𝑞2
𝐹𝑒 = 4𝜋𝜖
0 𝑟2
Essas leis dependem do inverso do quadrado das distâncias entre os centros dos corpos que
interagem e envolvem a propriedade de interação à distância entra as partículas. Note também que, na
gravitação, sempre haverá atração!
Considere a interação ente duas partículas α (núcleo do átomo de Hélio). A massa da partícula α
equivale a 6,64 × 10−27 kg e sua carga ( +2e ) equivale a 3,2 × 10−19 C.
Vamos então comparar a repulsão elétrica das partículas α com a atração gravitacional entre elas.
Utilizando as equações da força elétrica de coulomb e da força gravitacional, temos que a razão 𝐹𝑒 /𝐹𝑔 é dada
por
2
𝐹𝑒 1 𝑞2 9∙109 (3,2∙10−19 )
= 4𝜋𝜖 = 6,67∙10−11 (6,64∙10−27 )2 = 3,1 ∙ 1035
𝐹𝑔 0𝐺 𝑚2
O resultado acima revela o quanto a força gravitacional nesse caso é desprezível em comparação com
a força elétrica. Isto é sempre verdade para interação entre partículas atômicas e subatômicas. Se
compararmos dois corpos do tamanho de uma pessoa e de um planeta, em geral, esses dois sistemas não
estão carregados, ou seja, a carga líquida positiva é aproximadamente igual a carga líquida negativa e dessa
forma a força elétrica é muito menor do que a força gravitacional.
14
Resolução e comentários:
A questão solicita que você determine a intensidade, a direção e o sentido da força elétrica
resultante sobre a carga 𝑞0 . O procedimento para resolver esta questão consiste em inicialmente
determinar o módulo das forças elétricas |𝐹1,0 | e |𝐹2,0 |. Essas forças agem sobre a carga 𝑞0 .
O próximo passo é analisar o diagrama de corpo livre sobre a carga 𝑞0 , com o objetivo de identificar e
determinar as componentes vetoriais das forças aplicadas sobre ela.
Como o vetor 𝐹1,0 faz um ângulo de 𝜃 = 45∘ em relação ao semieixo positivo dos 𝑥's, temos:
15
16
2. CAMPO ELÉTRICO
O campo elétrico é uma entidade abstrata criada por distribuições de cargas e existe em todos pontos
do espaço. As distribuições de cargas no espaço vazio (vácuo) afetam todos os pontos do espaço produzindo
em cada ponto um valor de campo elétrico. Uma carga de prova pode revelar a existência desse campo
elétrico pela força elétrica nela exercida.
Uma forma de visualizar o campo elétrico de forma mais concreta é caracterizar a distribuição do
campo no espaço utilizando o conceito de linha de campo. As linhas de campo são curvas tangentes em cada
ponto à direção do campo elétrico.
Dessa forma, podemos determinar imediatamente a direção do campo em cada um dos seus pontos
apenas com uma linha de campo elétrico. Sua trajetória tem a função de ilustrar a distribuição do campo
elétrico no espaço. Para cargas pontuais afastadas umas das outras, as linhas de campo elétrico são
caracterizadas por serem radiais (Fig. 3).
A força elétrica exercida por uma carga sobre a outra é um exemplo claro de uma força que atua à
distância, o que é similar à força gravitacional.
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Imaginando que uma partícula carregada (posicionada em algum ponto do espaço) seja removida
repentinamente, será que a força elétrica exercida sobre a segunda partícula (que está a uma certa distância
𝑟) varia instantaneamente?
Sabendo que uma carga produz um campo elétrico 𝐸⃗ em todos os pontos do espaço e este campo
exerce uma força elétrica sobre uma segunda carga. Então, será o campo 𝐸⃗ na posição da segunda partícula
que exercerá a força sobre ela, e não a primeira carga (a qual está a certa distância).
Saiba que as perturbações no campo elétrico se propagam no espaço com a velocidade da luz (c ≈
299.792,459 m/s). Dessa forma, se carga for deslocada repentinamente, a força que ela exerce através de
seu campo elétrico sobre a segunda carga (a uma distância 𝑟) não muda antes de um intervalo de tempo de
|𝑟|/c.
Para verificarmos se existe campo elétrico em um dado local do espaço, coloca-se no referido local
um corpo carregado, chamado de carga teste ou carga de prova (q 0 ).
A carga teste é uma carga elétrica de valor bastante pequeno (desprezível), ou seja, a
perturbação causada por ela também será desprezível.
Quando carga teste sofre a ação de uma força elétrica, concluímos que existe um campo elétrico
nessa região. O campo elétrico nessa região é produzido por outra carga e não pela carga teste.
O vetor intensidade de campo elétrico E é dado pela força por unidade de carga imersa
nesse campo elétrico.
𝐹𝑂
𝐸⃗ = lim
𝑞0 →0 𝑞0
➢ A equação acima fornece a intensidade do Campo Elétrico e não o campo elétrico em si. No entanto,
essa denominação não é utilizada na prática, de modo que a grandeza acima é geralmente chamada
simplesmente de campo elétrico;
18
➢ O limite aplicado acima é apenas formal, pois a carga é quantizada e não pode assumir valores
menores em módulo do que a carga do elétron;
➢ Apesar da definição operacional ser dada em função da carga de teste, o campo elétrico é uma
propriedade da carga fonte;
➢ Em medidas experimentais, a carga de prova deve ter o menor valor possível, para que o campo
gerado por ela não perturbe significativamente a distribuição de carga fonte cujo campo se quer
mensurar;
➢ O vetor intensidade de campo elétrico está na mesma direção que a força elétrica.
Dessa forma, podemos considerar simplesmente que o vetor intensidade de campo elétrico é dado
por:
𝐹
𝐸⃗ = 𝑞
Nas próximas seções, iremos descrever o campo elétrico gerado por cargas pontuais e por
distribuições contínuas de cargas.
Quando a distribuição de uma carga fonte corresponde a uma carga puntiforme 𝑄, é fácil descrever
o campo elétrico que ela produz. O local onde essa carga fonte se encontra é denominado ponto A, e o local
onde desejamos determinar o campo elétrico é denominado ponto B. O vetor unitário 𝑟̂ é igual o
deslocamento 𝑟 que une os pontos A e B dividido pela distância |𝑟| = 𝑟, ou seja, 𝑟̂ = 𝑟/𝑟.
Se colocarmos uma carga teste q 0 em B a uma distância 𝑟 da carga fonte, o módulo da força elétrica
é dado pela Lei de Coulomb:
1 Q𝑞0
𝐹 = 4𝜋𝜖
0 𝑟2
𝐹 1 Q
𝐸 = 𝑞 = 4𝜋𝜖
0 0 𝑟2
Observe que o campo elétrico no ponto B depende da distribuição da carga fonte Q. Utilizando o
vetor unitário, podemos escrever uma expressão vetorial para o campo elétrico que fornece seu módulo,
direção e sentido.
1 Q
𝐸⃗ = 4𝜋𝜖 𝑟̂
0 𝑟2
A expressão acima determina o vetor campo elétrico em determinado ponto. Porém, uma vez que o
campo elétrico pode variar de um ponto para outro, ele não é dado por uma única grandeza vetorial, mas
por um conjunto de grandezas vetoriais, cada uma das quais associada a um ponto desse espaço.
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É de extrema importância entendermos bem sobre o sentido dessas grandezas vetoriais para que
possamos resolver corretamente as questões! Vamos então analisar o sentido do campo elétrico e da força
entre as cargas...
O sentido do vetor campo elétrico de uma carga fonte carregada positivamente e negativamente é
ilustrado pela Figura (4).
Figura 4- Comportamento do vetor campo elétrico de uma carga fonte positiva e negativa.
Ou seja, perceba que a linha de força para o vetor campo elétrico para uma carga positiva tem o
sentido de "sair" da carga e para uma carga negativa possui o sentido de entrar!
Quando a carga teste sofre a ação de uma força elétrica, conclui-se que o campo elétrico detectado
é produzido por outras cargas e não por 𝑞0 , pois sua carga elétrica é desprezível.
Portanto, quando o campo elétrico 𝐸⃗ é conhecido em um dado ponto do espaço, a força elétrica 𝐹
que atua sobre uma carga teste 𝑞0 é simplesmente 𝐹0 = 𝑞0 𝐸⃗ .
Isso dependerá da relação de atração ou repulsão entre a carga fonte e a carga teste. Considerando
que a carga fonte está carregada positivamente (Q+):
➢ Quando 𝑞0 também for positiva, 𝐹0 que age sobre a carga terá o mesmo sentido de 𝐸⃗ , pois haverá
uma força de repulsão entre as cargas.
20
➢ Quando 𝑞0 for negativa, 𝐹0 e 𝐸⃗ terão sentidos contrários, pois o sentido do campo elétrico
permanecerá "saindo" da carga fonte e, agora, a força entre as cargas será de atração!
O comportamento da força e do campo elétrico gerado por uma carga fonte carregada positivamente
sobre uma carga teste pode der visualizado na Figura (5).
Q
q0 ~
E
F~0
Q
q0 ~
F~0 E
Observe que o mesmo raciocínio pode ser utilizado quando a carga teste está carregada
negativamente. Dessa forma, podemos concluir que o sentido da força elétrica e do campo elétrico será
determinado pela carga teste!
Se a carga teste for positiva, o campo elétrico e a força elétrica terão o mesmo sentido! Se
a carga teste for negativa, o campo elétrico e a força elétrica terão sentidos contrários!
Em alguns casos, o módulo e a direção do campo são constantes em uma certa região do espaço e,
assim, teremos um Campo Uniforme. Um bom exemplo é o campo elétrico no interior de um condutor. Caso
exista um campo elétrico no interior de um condutor, o campo exerce uma força sobre cada carga existente
no interior do condutor, produzindo um movimento das cargas livres. Por definição, não existe nenhum
movimento efetivo em uma situação eletrostática.
Até agora nós consideramos somente forças e campos elétricos de cargas pontuais. Ou seja, cargas
que ocupam um pequeno espaço físico. No entanto, também devemos considerar "corpos" carregados
eletricamente com uma distribuição de cargas.
A carga elétrica é quantizada a nível microscópio e, portanto, as distribuições de carga são discretas.
Porém existem situações em que o acúmulo de cargas é tão grande que podemos considerar a carga como
21
uma grandeza distribuída de forma contínua, semelhante à descrição de massa específica (utilizando o
conceito de densidade linear λ, superficial σ e volumétrica ρ).
Da mesma forma, consideramos um elemento de comprimento (dx), superfície (dA) ou volume (dV)
que seja grande o suficiente para conter uma quantidade relevante de portadores de carga e, ainda sim, esse
elemento seja suficiente pequeno em comparação com as dimensões do sistema em análise.
A Figura (6) representa um sistema carregado com uma distribuição contínua de carga Q e volume V.
Com o objetivo de descrever o campo elétrico gerado por uma carga pequena o suficiente para ser
tratada como carga puntiforme sobre um ponto P , podemos utilizar a Lei de Coulomb para quantificar o
módulo do campo elétrico nessa região do espaço.
É usual denotar a densidade de cargas volumétrica por 𝜌𝑉 , temos então para este caso que:
𝑑𝑞 = 𝜌𝑉 𝑑𝑉
Logo,
1 |𝑑𝑞|
|𝑑𝐸⃗ | = 4𝜋𝜖
0 𝑟2
22
Ou seja, a carga total é dada pela superposição de todos os elementos de cargas que
compõe o sistema total!
O módulo do campo elétrico total no ponto P é calculado por meio da integração do campo de todos
os elementos de carga. Portanto,
Integrando,
1 𝜌𝑉
|𝐸⃗ | = 4𝜋𝜖 ∫𝑉 𝑑𝑉
0 𝑟2
Essa fórmula pode ser aplicada para calcular o módulo do vetor intensidade de campo elétrico de
diferentes distribuições, como linha, superfície e volume de carga, considerando sempre o sistema de
coordenadas que melhor descreverá a geometria do problema!
A densidade de fluxo elétrico D está relacionada com a intensidade do campo elétrico E por meio da
seguinte relação:
⃗ = 𝜖0 𝐸⃗
𝐷
10−9
𝜖0 =
36𝜋
A densidade de fluxo elétrico também pode ser relacionada com o fluxo elétrico. Por definição, o
fluxo do campo elétrico E através de uma superfície orientada dS é calculado como a integral do produto
escalar entre estes dois vetores. Dessa forma, temos que
⃗ ∙ ⃗⃗⃗⃗
𝜓 = ∫𝑆 𝐷 𝑑𝑆
23
As linhas de campo elétrico têm propriedades que as tornam muito úteis. Essas propriedades são:
Como o campo elétrico é radial, as linhas são retas partindo da origem em todas as direções,
orientadas para fora no caso em que 𝑄 é positiva e para dentro no caso em que 𝑄 é negativa.
Para verificar a última propriedade, vamos considerar uma carga pontual +𝑞 envolta por uma
superfície 𝑆 esférica de raio 𝑟, como mostra a Figura (7).
24
Figura 7-Carga puntiforme "+q" envolvida por uma superfície esférica S fechada. Fonte: YOUNG, HUGH.
Raciocine comigo...
Por essa superfície passam 𝑁 linhas de campo, distribuídas de forma homogênea por uma área
equivalente a
𝐴 = 4𝜋𝑅 2
𝑁
𝐸∝ 4𝜋𝑅 2
1
Como 𝑁 é fixo, temos então que 𝐸 ∝ 𝑅2 , o que está totalmente de acordo com a Equação para o
campo elétrico gerado por uma carga pontual.
Agora, vamos fazer uma análise de forma mais aprofundada para situação ilustrada pela Figura 7 com
o objetivo de entendermos a importância da aplicação do fluxo elétrico...
Como o campo elétrico de uma carga pontual tem simetria esférica radial (Fig. 7), o campo 𝐸⃗ tem
módulo constante em cada ponto da superfície e está na direção normal à superfície. Ou seja, podemos
retirar o produto escalar e os termos constantes da equação.
⃗⃗⃗⃗ = ∫ 𝜖0 𝐸 𝑑𝑆 = 𝜖0 𝐸 ∫ 𝑑𝑆
⃗ ∙ 𝑑𝑆
𝜓 = ∫𝑆 𝐷 𝑆 𝑆
25
𝜓 = 𝜖0 𝐸 (4𝜋𝑟 2 )
Substituindo o campo elétrico por sua respectiva equação (definida na seção 2.2), temos
1 Q
𝜓 = 𝜖0 (4𝜋𝑟 2 ) = 𝑄
4𝜋𝜖0 𝑟 2
Isso ocorre porque o fluxo elétrico está associado ao número de linhas de campo que atravessam a
superfície 𝑆 (no caso considerado, esse número é sempre fixo)!
A forma da superfície 𝑆 também não importa, pois o número de linhas de campo atravessará a
superfície 𝑆 de qualquer formato que seja colocado em volta da carga.
A Figura (8) representa justamente a situação em que a carga puntiforme Q está envolvida por
superfícies de diferentes formatos.
Figura 8-Carga puntiforme Q envolvida por superfícies fechadas de formas diferentes. Fonte: MACHADO, KLEBER.
Isso significa que o fluxo por qualquer uma dessas superfícies fechadas é o mesmo! Apenas é mais
fácil calculá-lo para o caso da superfície fechada esférica, porque ela acompanha a simetria do campo
elétrico.
Esse tipo de superfície, que facilita o cálculo do fluxo elétrico e explora a simetria da
distribuição de cargas, é conhecida como superfície gaussiana.
26
O cálculo para outras superfícies é mais complicado, mas o resultado final seria idêntico. Ou seja, para
qualquer superfície fechada, teremos:
⃗ ∙ ⃗⃗⃗⃗
𝜓 = ∫𝑆 𝐷 𝑑𝑆 = 𝑄
Uma linha de fluxo elétrico é uma trajetória ou uma linha imaginária desenhada de tal
modo que sua orientação em qualquer ponto é a orientação do campo elétrico no ponto.
Logo, são linhas para as quais o vetor densidade de fluxo elétrico D é tangencial a cada
ponto.
Até agora foi analisado a situação onde existia apenas uma única carga pontual dentro da superfície.
No entanto, se tivermos várias cargas pontuais, deveremos considerar a carga líquida total 𝑄𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 dentro da
superfície.
Esse resultado nos leva à lei de Gauss. Essa importante lei estabelece que:
O fluxo total 𝜓 através de qualquer superfície fechada é igual à carga total envolvida por
essa superfície.
⃗ ∙ ⃗⃗⃗⃗
𝜓 = ∫𝑆 𝐷 𝑑𝑆 = 𝑄𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
As cargas podem estar localizadas em qualquer lugar no seu interior, não necessariamente
no centro.
27
Considerando a situação em que a superfície gaussiana envolve uma distribuição contínua de carga
de densidade volumétrica, teremos:
𝜌𝑉 = 𝑑𝑞/𝑑𝑉
Ou seja,
𝑄𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = ∫𝑉 𝜌𝑉 𝑑𝑉
⃗ ∙ ⃗⃗⃗⃗
∫𝑆 𝐷 𝑑𝑆 = ∫𝑉 𝜌𝑉 𝑑𝑉
Aplicando o teorema da divergência à lei de Gauss para campos elétricos, obtermos a primeira
equação de Maxwell no formato diferencial e integral.
⃗ ∙ ⃗⃗⃗⃗
∫𝑆 𝐷 ⃗ 𝑑𝑣
𝑑𝑆 = ∫𝑉 ∇ ∙ 𝐷
⃗ = 𝜌𝑉
∇∙𝐷
O teorema da divergência basicamente relaciona uma integral de volume com uma integral
de superfície.
Perceba que a equação na forma integral e na forma diferencial são, apenas, formas diferentes de
expressar a lei de Gauss.
A lei de Gauss é de extrema importância, pois representa uma maneira mais fácil de se determinar o
vetor intensidade de campo elétrico 𝐸⃗ para distribuições simétricas de carga, tais como:
28
Convém salientar que se a distribuição não for simétrica, a lei de Gauss permanece válida da mesma
forma! Portanto,
Para aplicar a lei de Gauss, devemos verificar a existência de simetria. Uma vez identificada a
distribuição simétrica de cargas, podemos construir a nossa superfície gaussiana de modo que o vetor
intensidade de campo elétrico 𝐸⃗ seja normal à superfície e, assim, poderemos retirar o produto escalar da
integral.
29
3. DIFERENÇA DE POTENCIAL
Nesta seção, estabeleceremos a relação entre o campo elétrico e potencial elétrico e calcularemos o
potencial elétrico para várias distribuições de carga. Também calcularemos a energia potencial elétrica.
Quando uma partícula carregada se desloca em um campo elétrico, o campo exerce uma força que
realiza um trabalho sobre a partícula. Esse trabalho realizado pode ser expresso em termos de energia
potencial elétrica.
Tal como a energia potencial gravitacional dependente da altura em que se encontra a massa sobre
a superfície terrestre, a energia potencial elétrica depende da posição da partícula carregada no campo
elétrico.
Para poder definir a energia potencial elétrica associada à força elétrica, precisamos antes saber se a
força elétrica é conservativa.
Uma forma matemática para determinar se a força elétrica é conservativa ou não é calcular
⃗ × ⃗𝑭). Se ela for conservativa, o rotacional deve se anular
o rotacional da força elétrica (𝛁
30
⃗⃗ × ⃗𝑭 = 𝟎). Outro modo de verificar isso (agora de um ponto de vista mais físico) é
(𝛁
calcular o trabalho realizado pela força elétrica ao levar a carga de um ponto a outro. Em
equilíbrio, ela deve ser independente da trajetória descrita pela carga.
O conceito de energia potencial elétrica não se restringe apenas ao caso especial do campo elétrico
uniforme. Portanto, é útil calcular o trabalho realizado sobre uma carga de teste 𝑞0 que se move no campo
elétrico produzido por uma única carga puntiforme estática 𝑞 (carga fonte). Considere um deslocamento
radial, como apresentado na Figura (9) de um ponto 𝑎 até um ponto 𝑏.
Figura 9-Carga teste q0 movendo-se na presença de campo elétrico. Fonte: YOUNG, HUGH.
1 𝑞𝑞0
𝐹𝑒 = 4𝜋𝜖
0 𝑟2
A força elétrica não é constante durante o deslocamento, ou seja, é preciso quantificar o trabalho
utilizando a forma integral. Assim,
𝑟 𝑟 1 𝑞𝑞0
𝑊𝑎→𝑏 = ∫𝑟 𝑏 𝐹 ∙ 𝑑𝑟 = ∫𝑟 𝑏 4𝜋𝜖 𝑑𝑟
𝑎 𝑎 0 𝑟2
𝑞𝑞 1 1
𝑊𝑎→𝑏 = 4𝜋𝜖0 (𝑟 − )
0 𝑎 𝑟𝑏
A integral acima independe do caminho percorrido pela carga. Ela depende apenas dos
pontos inicial e final da trajetória. Além disso, se o ponto final coincide com o inicial, o
trabalho realizado é nulo.
Portanto, a força elétrica é conservativa. Sendo assim, é possível definir uma energia potencial
elétrica associada a ela. A energia potencial elétrica está relacionada ao trabalho realizado ao deslocar a
carga elétrica. O trabalho realizado pela força elétrica no deslocamento da carga é feito à custa de uma
31
variação contrária na energia potencial elétrica interna 𝑈 do sistema isolado formado pelas duas cargas.
Logo,
𝑞𝑞 1 1
∆𝑈 = −𝑊 = 4𝜋𝜖0 (𝑟 − )
0 𝑏 𝑟𝑎
Note que, se as duas cargas têm o mesmo sinal, quando elas se afastam uma das outras, a energia
potencial elétrica diminui, pois 𝑟𝑏 > 𝑟𝑎 . Quando elas se aproximam, a energia aumenta. Já quando as cargas
têm sinais contrários, a energia potencial aumenta quando elas se afastam e diminui quando elas se
aproximam. Além disso, como todo tipo de energia, a energia potencial elétrica é medida em joules ( 𝐽 ) no
𝑆𝐼.
1 𝑞𝑞0
𝑈 = 4𝜋𝜖
0 𝑟
Na seção anterior, analisamos a energia potencial elétrica 𝑈 associada a uma carga teste 𝑞0 em um
campo elétrico. Com o objetivo de ter uma grandeza que leve informações apenas das cargas geradoras e
que essa nova grandeza também esteja relacionada ao trabalho 𝑊 de deslocar cargas, devemos considerar
que:
O potencial elétrico pode ser definido como a energia potencial por unidade de carga.
Logo,
𝑈
𝑉=𝑞
0
A energia potencial e a carga são grandezas escalares, de modo que o potencial elétrico é uma
grandeza escalar. A unidade do potencial elétrico é o ( J/C ) que recebeu o nome de Volt (V) em homenagem
a Alessandro Volt (1745 -1827), inventor da pilha voltaica.
32
Agora vamos analisar o mesmo caso da seção anterior sob a perspectiva do potencial elétrico!
Ou seja, ainda considerando o trabalho realizado pela força elétrica durante o deslocamento de 𝑎 até
𝑏...
𝑞𝑞 1 1
∆𝑈 = −𝑊 = 4𝜋𝜖0 (𝑟 − )
0 𝑏 𝑟𝑎
∆𝑈 𝑞 1 1
𝑉𝑎𝑏 = = 4𝜋𝜖 (𝑟 − )
𝑞0 0 𝑏 𝑟𝑎
Generalizando, ==0==
𝑉𝑎𝑏 = 𝑉𝑏 − 𝑉𝑎
Em que 𝑟 é a distância entre a carga 𝑞 e o ponto em que o potencial está sendo calculado. Quando 𝑞
é positiva, o potencial por ela produzido é positivo em todos os pontos do espaço; quando é negativa, o
potencial é negativo em qualquer ponto. Em ambos os casos, 𝑉 é igual a zero para 𝑟 → ∞, ou seja, quando
a distância entre a carga o ponto do espaço analisado é muito grande.
𝑈 1 𝑞i
𝑉 = 𝑞 = 4𝜋𝜖 ∑𝑖
0 0 𝑟𝑖
Onde 𝑟𝑖 é a distância entre a i-ésima carga 𝑞𝑖 e o ponto onde o potencial está sendo calculado.
Assim como o campo elétrico total de um conjunto de cargas é dado pela soma vetorial de todos os
campos elétricos produzidos pelas cargas individuais, o potencial elétrico produzido por um conjunto de
cargas puntiformes é dado pela soma escalar dos potenciais produzidos pelas cargas individuais. No caso de
uma distribuição contínua de cargas, temos:
1 𝑑𝑞
𝑉 = 4𝜋𝜖 ∫
0 𝑟
33
Onde 𝑟 é a distância entre o elemento de carga 𝑑𝑞 e o ponto onde o potencial 𝑉 está sendo calculado.
Em alguns problemas para os quais o campo elétrico seja fornecido ou facilmente obtido, é mais fácil
calcular 𝑉 a partir de 𝐸⃗ . A força 𝐹 sobre uma carga de teste 𝑞0 é dada por 𝐹 = 𝑞0 𝐸⃗ ; logo, pela análise do
trabalho realizado pela força elétrica quando a carga de teste se move de 𝑎 até 𝑏 é dado por:
𝑏 𝑏
𝑊𝑎→𝑏 = ∫𝑎 𝐹 ∙ 𝑑𝑟 = ∫𝑎 𝑞0 𝐸⃗ ∙ 𝑑𝑟
𝑏
𝑉𝑏 − 𝑉𝑎 = − ∫𝑎 𝐸⃗ ∙ 𝑑𝑟
Essa equação pode ser utilizada para calcular a diferença de potencial entre dois pontos quaisquer
por meio do campo elétrico!
Quando estudamos sobre campo e potencial elétrico, não podemos deixar de comentar sobre os
capacitores!
Para fazer um capacitor, basta colocar um isolante (ou imersos no vácuo) entre dois condutores. Para
armazenar energia nesse dispositivo, deve-se transferir carga de um condutor para o outro, de modo que
um deles fique com uma carga negativa e o outro fique com carga positiva de mesmo valor. É necessário
realizar um trabalho para deslocar essas cargas até que se estabeleça uma diferença de potencial resultante
entre os condutores. Assim, o trabalho realizado é armazenado sob forma de energia potencial elétrica.
A Figura (10) representa um capacitor constituído por um par de condutores a e b. Inicialmente, cada
condutor possui carga líquida igual a zero e há transferência de elétrons de um condutor para o outro;
dizemos, nesse caso, que o capacitor está carregando.
34
Figura 10-Capacitor constituído por qualquer par de condutores a e b. Fonte: GRIFFTIHS, DAVID.
𝑏
𝑉𝑏 − 𝑉𝑎 = − ∫𝑎 𝐸⃗ ∙ 𝑑𝑟
Podemos verificar, com a relação acima, que a diferença de potencial é proporcional ao campo
elétrico. Consequentemente, a diferença de potencial também será proporcional à carga Q. Essa relação
pode ser representada matematicamente por meio da capacitância, da seguinte forma:
𝑄
𝐶 = ∆𝑉
Essa equação é utilizada para calcular a capacitância ( 𝐶) característica do sistema formado pelos
condutores. Note que tal expressão é uma definição operacional e que, na verdade, a capacitância é uma
propriedade associada à geometria do arranjo formado pelos condutores e ao meio que existe entre eles.
Logo,
A capacitância só pode ser alterada mediante a mudança da geometria dos condutores ou do meio
entre eles (introduzindo-se um dielétrico no capacitor). Assim, os capacitores são classificados por sua
capacitância 𝐶 e, quando submetidos a uma certa diferença de potencial, adquirem uma carga 𝑄.
Desta equação, pode-se obter a unidade da capacitância, que, no SI, é dada por 𝐶/𝑉. Essa unidade
recebe o nome especial de Farads, e ela é simbolizada por 𝐹.
35
Didaticamente iremos analisar uma sequência de problemas que ajudarão na imersão teórica do
conteúdo sobre capacitores. Esse tipo de abordagem permite atacar os problemas sobre capacitores de
placas paralelas com mais clareza, pois eles são, sem dúvida, o tipo de capacitor mais recorrente em provas.
ok?
A Figura (11) ilustra um campo elétrico gerado por uma distribuição contínua de cargas em um plano
infinito. Como o plano carregado com uma densidade de cargas 𝜎 é infinito, temos simetria de cargas. Assim,
podemos concluir que o campo elétrico 𝐸⃗ gerado pelo plano carregado é perpendicular ao plano.
Figura 11- Campo elétrico de uma carga distribuída ao longo de um plano infinito.
36
Visualizando a figura acima, percebemos que qualquer elemento de carga 𝑑𝑞 produz um campo
elétrico 𝑑𝐸⃗ em um ponto 𝑃 acima do plano de altura 𝑧.
Como o plano carregado tem dimensões muito maiores que a altura 𝑧, para cara elemento de caga
𝑑𝑞 escolhido, existe outro elemento de carga 𝑑𝑞 em uma posição simétrica produzindo um campo elétrico
de mesma intensidade 𝑑𝐸⃗ . Dessa forma fica simples concluir que para cada par de elementos de cargas 𝑑𝑞,
as componentes 𝑑𝐸⃗𝑥 irão se cancelar, sobrando apenas as componentes 𝑑𝐸⃗𝑧 perpendiculares ao plano.
A expressão “infinito” deve ser encarada não apenas como algo extremamente grande,
mas sim como uma comparação entre dimensões, por exemplo, as dimensões do plano
(comprimento e largura) são muito grandes quando comparado com a distância 𝒛 acima de
plano onde vamos calcular o campo elétrico.
Já que sabemos que o campo produzido por um plano infinito é puramente perpendicular ao plano,
o próximo passo é quantificar esse campo elétrico.
Utilizando uma superfície Gaussiana cilíndrica (Fig. 12), percebemos que a superfície é composta de
três áreas para analisar o fluxo de campo elétrico. Aplicando a Lei de Gauss, temos
𝑄
∫𝑆 𝐸⃗ ∙ ⃗⃗⃗⃗⃗
𝑑𝐴 = 𝜖 𝑇
0
∫𝐴 𝐸⃗ ∙ 𝑑𝐴 + ∫𝐴1 𝐸⃗ ∙ 𝑑𝐴 ⃗⃗⃗⃗2 = 𝑄𝑇
⃗⃗⃗⃗1 + ∫ 𝐸⃗ ∙ 𝑑𝐴
𝐴2 𝜖0
A integral sobre a área 𝐴2 é nula, pois o campo 𝐸⃗ está perpendicular ao elemento de área 𝑑𝐴2 . Logo,
𝐸⃗ . 𝑑𝐴2 = 0
37
Outro detalhe importante é analisar a carga total 𝑄𝑇 envolvida pela superfície Gaussiana.
Considerando que o plano está carregado de forma homogênea, a densidade superficial de carga deve ser
constante para qualquer porção do plano. Comparando a densidade de todo o plano com área 𝐴′ e a
densidade da área envolvida pela superfície Gaussiana, temos
𝑄𝑇
𝜎= 𝐴
𝑄𝑇 = 𝜎𝐴
𝜎𝐴
2|𝐸⃗ |𝐴 = 𝜖
0
𝜎
|𝐸⃗ | = 2𝜖
0
Considere placas paralelas grandes, as quais possuem cargas com módulos iguais com sinais
contrários ( +𝜎 e −𝜎).
Figura 13-Capacitor de placas paralelas (a) Campo elétrico (b) Campo elétrico resultante no ponto b entre as placas. Fonte: Adaptado de
YOUNG, HUGH.
A Figura 13 (a) mostra os efeitos de borda do capacitor de placas paralela. Como carga de sinais
opostos se atraem, as cargas se acumulam nas superfícies opostas das placas, de modo que existe certo
espalhamento e “encurvamento” das linhas de campo nas bordas das placas.
Quando as placas são muito grandes em comparação à distância entre elas, as cargas nas superfícies
externas das placas são muito pequenas. Assim, desprezamos os efeitos de encurvamento, exceto sobre as
bordas. Nesse caso, podemos supor que o campo elétrico é uniforme na região entre as placas.
38
𝜎 𝜎
|𝐸⃗𝑅 | = 2𝜖 + 2𝜖
0 0
𝜎 𝑄
|𝐸⃗𝑅 | = 𝜖 = 𝜖 𝐴
0 0
O campo elétrico é uniforme, sua direção é perpendicular ao plano das placas e seu módulo é
independente da distância entre as placas.
Esse capacitor é um dos mais simples e é construído por duas placas condutores paralelas, cada uma
delas com área 𝐴, separadas por uma distância 𝑑 pequena em comparação às suas dimensões.
Verificamos que o campo elétrico entre as placas paralelas do capacitor é dado por:
𝜎 𝑄
|𝐸⃗𝑅 | = 𝜖 = 𝜖 𝐴
0 0
O campo é uniforme e a distância entre as placas é 𝑑, logo a diferença de potencial entre as duas
placas pode ser determinada utilizando a Equação 23,
𝑏
𝑉𝑎𝑏 = − ∫𝑎 𝐸⃗ ∙ 𝑑𝑟 = |𝐸⃗ |𝑑
1 𝑄𝑑
𝑉𝑎𝑏 = 𝜖
0 𝐴
Utilizando a definição de capacitância, temos que a capacitância para o capacitor de placas paralelas
é dada por:
𝑄
𝐶=𝑉
𝑎𝑏
𝐴
𝐶 = 𝜖0 𝑑
Quase todos os capacitores possuem entre suas placas condutoras um material isolante (ou
dielétrico). Colocar um dielétrico sólido entre as placas de um capacitor possui três objetivos que são:
➢ resolver o problema mecânico de manter duas grandes placas metálicas separadas por uma pequena
distância, sem que entrem em contato;
39
➢ aumentar a diferença de potencial máxima entre as placas, quando submetido a um campo elétrico
suficientemente elevado;
➢ aumentar a capacitância mantendo as dimensões do capacitor.
Sabemos que qualquer material isolante, quando submetido a um campo elétrico intenso, sofre uma
ruptura dielétrica (uma ionização parcial que permite a condução através dele). Muitos materiais dielétricos
conseguem suportar campos elétricos mais elevados do que o do ar, sem que ocorra ruptura do isolamento.
Portanto, o uso de um dielétrico permite a sustentação de uma diferença de potencial mais elevada 𝑉,
podendo assim o capacitor acumular maior quantidade de carga e energia.
𝐴
𝐶 = 𝜖𝑟 𝐶0 = 𝜖 𝑑
Estudaremos sobre os materiais elétrico de forma mais aprofundada no próximo capítulo! Agora,
vamos aplicar os conhecimentos adquiridos neste capítulo em uma questão de concurso.
40
(Perito Criminal ITEP-RN- Instituto AOCP – 2017) Um capacitor de placas paralelas com dielétrico de
poliestireno possui intensidade de campo elétrico de 𝟏𝟎 𝒌𝑽/𝒎, sendo que a distância entre as placas
é de 𝟏, 𝟓 𝒎𝒎. Assinale a alternativa que apresenta o valor da densidade superficial de cargas livres
nas placas do capacitor em questão. Considerar 𝝐𝒓 = 𝟐, 𝟓𝟓 para o poliestireno.
Resolução e comentários:
A questão solicita que você determine o valor da densidade superficial de cargas nas placas do
capacitor.
Podemos solucionar essa questão de várias maneiras. Você pode utilizar as equações desenvolvidas
referente aos capacitores com dielétricos ou utilizar o conceito de campo elétricos entre as lâminas do
capacitor com ou sem dielétrico.
Sabemos que o campo entre as placas de um capacitor com placas paralelas é dado por 𝐸0 = 𝜎/𝜖0 ,
quando entre as placas há vácuo. De forma análoga, par um capacitor de placas paralelas com
dielétrico, o campo é dado por:
𝑄
|𝐸⃗ | =
𝜖𝐴
Sendo que,
𝑄
𝜎=𝐴
41
Sabemos também que ao alterar o meio entre as placas, não se modifica a geometria dos capacitores,
permitindo que a densidade superficial de carga das placas se mantenha. Como o problema forneceu
a permissividade relativa 𝜖𝑟 = 2,55, temos
Portanto,
42
4. MATERIAIS ELÉTRICOS
Nos capítulos anteriores, consideramos campos eletrostáticos no espaço livre (vácuo). No entanto,
eles também podem existir em meios materiais que são classificados conforme suas propriedades elétricas.
De forma geral, eles podem ser classificados em dois grandes grupos como materiais condutores e isolantes
(ou dielétricos).
Este é um assunto de particular interesse na engenharia elétrica, pois seu estudo é fundamental para
o entendimento de matérias como instalações elétricas, máquinas elétricas e eletrônica industrial.
Além disso, também é um assunto muito cobrado em concursos para diversas áreas da engenharia
(elétrica, nuclear, mecânica, química e civil por exemplo). Daí a importância em estudar esse assunto.
Este último capítulo da Unidade I será responsável por fornecer os principais conceitos e
características referentes aos materiais elétricos.
Os materiais podem ser classificados de acordo com sua condutividade. Dessa forma, a condutividade
elétrica é usada para caracterizar o comportamento elétrico de um determinado material.
Os metais sólidos possuem uma grande faixa de condutividade elétrica. Assim, a maneira mais
simples de se classificar os materiais condutores é de acordo com sua condutividade elétrica. Os metais são
bons condutores de eletricidade, no entanto alguns apresentam uma condutividade intermediária ou muito
baixa.
Quando um campo elétrico é aplicado ao condutor, as cargas livres positivas são empurradas no
sentido do campo aplicado. Já as cargas negativas movem-se no sentido posto. A superfície do condutor
acaba por possuir um acúmulo de cargas formando uma superfície induzida. Dessa forma, as cargas induzidas
na superfície estabelecem um campo elétrico que cancela o campo elétrico externo inicialmente aplicado.
Uma importante propriedade dos condutores é:
Um condutor perfeito não pode conter um campo elétrico em seu interior. Ele também é
caracterizado por ser um corpo equipotencial. Ou seja, em qualquer ponto, o potencial é o
mesmo.
Você deve lembrar que o número de elétrons disponíveis em um material depende do arranjo com o
qual os elétrons estão dispostos na camada de valência. Assim, praticamente a maior parte dos condutores
de eletricidade são metais e isso ocorre justamente devido a sua estrutura atômica (na qual os átomos da
camada de valência estão livres).
43
Em outros materiais, a camada de valência pode estar quase completa (quase completando 8 elétrons
pela regra do octeto). Nesta situação, a força de ligação dos elétrons com o núcleo é grande, ou seja, os
elétrons não estão livres como nos materiais condutores. Esses materiais são denominados isolantes ou
dielétricos e serão estudados na próxima subseção.
De forma geral, podemos concluir que os materiais que apresentam elétrons livres são bons
condutores elétricos, dando um destaque para os materiais metálicos!
Existem materiais não metais que são bons condutores! Por exemplo: grafite e água
salgada.
Você pode se perguntar: Professora, por qual razão é comum ocorrer o aquecimento, por exemplo,
de um chuveiro elétrico em funcionamento?
Uma simples resposta é a seguinte: quando os elétrons são arrastados devido a ação do campo
elétrico, eles acabam se chocando com as moléculas do material condutor perdendo energia sob forma de
calor!
Entendeu? Além de boa condutividade elétrica, os metais possuem também boa condutividade
térmica, o que justifica o aquecimento de diversos aparelhos elétricos.
Geralmente a condutividade elétrica dos metais diminui com o aumento da temperatura. Essa
diminuição da condutividade elétrica ( ou seja, aumento da resistividade já que são grandezas inversa) ocorre
devido principalmente à excitação térmica dos átomos que provoca vibrações dentro do material.
Como mencionei anteriormente, muitos metais são bons condutores de eletricidade à temperatura
ambiente. Posso citar a prata, o cobre, o ouro e o alumínio como materiais que apresentam elevada
condutividade elétrica. A maioria dos metais é forte, dúctil e maleável que são fundamentais características
para a produção de componentes elétricos.
44
A escolha do material mais adequado nem sempre é o que possui maior condutividade
elétrica, mas sim em materiais que satisfaz outros requisitos de utilização.
Agora vou resumir as principais características e aplicações de alguns metais que são utilizados na
engenharia elétrica!
𝜌𝐴𝑙 0,0290
= 0,0175 = 1,65
𝜌𝐶𝑢
45
Os materiais isolantes são o outro extremo quando comparados aos condutores. Assim, possuem
resistividade muito alta, ou seja, eles se opõem o máximo possível à passagem de corrente elétrica. São
chamados também de dielétricos. Exemplo de dielétricos são a borracha, o silicone, o vidro e o ar. Perceba
que os materiais dielétricos podem ser sólidos, líquidos ou gasosos.
Os materiais dielétricos ou isolantes são materiais caracterizados por não permitirem a livre
circulação de cargas elétricas não possuem "elétrons livres" na camada de valência.
Quando uma tensão elétrica atua sobre o dielétrico, ocorre o processo de polarização do material.
Dessa forma, as cargas são deslocadas de forma limitada. Os materiais isolantes impedem a passagem de
corrente elétrica enquanto o campo elétrico estabelecido não ultrapassar um valor específico que depende
do material. Assim que o nível de tensão ultrapassa este valor, o material torna-se condutor de eletricidade.
Volto a ressaltar que um dielétrico submetido a uma tensão será polarizado, comportando-se como
um capacitor. As principais formas de polarização destes materiais são a polarização eletrônica, dipolar e
estrutural.
De maneira simplória e sem aprofundar a nossa análise sobre a estrutura e polarização destes
materiais, a ausência de elétrons livres é o motivo pelo qual um material é denominado isolante!
46
Quando o campo elétrico no interior de um dielétrico atinge um valor elevado, os elétrons das
moléculas começam a ser arrancados e, assim, o material se torna um condutor de eletricidade.
Esse fenômeno é denominado ruptura dielétrica do material. Todos os tipos de dielétricos estão
sujeitos à ruptura, que depende da natureza do material, temperatura e do tempo em que o campo é
aplicado.
A rigidez dielétrica é o campo elétrico máximo que o dielétrico pode ser submetido sem
que ocorra a ruptura dielétrica.
Na prática, não existe dielétrico ideal. Mesmo assim, a teoria de dielétricos considera sempre
dielétricos ideais (evitando a ruptura).
Vale ressaltar que alguns materiais isolantes demonstram uma melhor aplicabilidade na engenharia
elétrica. O fato de um determinado dielétrico apresentar propriedades isolantes superiores a outros
materiais, não significa que ele será empregado para determinada aplicação. Portanto, além de suas
propriedades elétricas é importante considerar suas qualidades mecânicas e térmicas como baixa rigidez e
resistência a elevadas temperaturas por exemplo.
É possível classificar os materiais isolantes segundo seu estado. As características e aplicações mais
importantes segundo esta classificação estão reunidas nas tabelas abaixo.
Podemos também comentar sobre os materiais semicondutores. Eles são sólidos que possuem uma
faixa intermediária de condutividade elétrica com muita aplicação na indústria eletrônica. Os
semicondutores mais utilizados são o Silício e o Germânio, no entanto o Selênio também já foi muito
utilizado.
47
(Perito Criminal ITEP-RN- Instituto AOCP – 2017) Sobre os materiais condutores e isolantes, assinale
a alternativa correta.
B) Os átomos de materiais isolantes são classificados por possuírem apenas 1 elétron em sua camada
de valência, sendo então muito ligados ao núcleo e, portanto, mal condutores de eletricidade.
D) Os materiais isolantes mais comuns encontrados são a borracha e o vidro, que possuem em sua
estrutura atômica uma característica em comum: apenas 1 elétron em sua camada de valência.
E) Em um condutor de cobre, os prótons possuem o triplo da carga dos elétrons e, por esse motivo, os
elétrons se movimentam e os prótons ficam agrupados no núcleo do átomo, pois são mais pesados.
Resolução e comentários:
A questão solicita que você julgue as alternativas acerca das características gerais materiais
condutores e isolantes. Vamos analisar cada alternativa separadamente.
A) A alternativa está correta. Os materiais condutores são caracterizados por possuírem elétrons
livres em sua camada de valência, possibilitando assim a condução de corrente elétrica.
B) A alternativa está incorreta. Os materiais isolantes são caracterizados por não possuírem
elétrons livres em sua camada de valência.
C) A alternativa está incorreta. Os materiais condutores possuem elétrons livres, logo não
completam 8 átomos em sua camada de valência para se tornarem estáveis.
D) A alternativa está incorreta. Essa não pode ser descrita como uma característica comum entre
a borracha e o vidro. Lembrando sempre que elétrons livres na camada de valência é uma característica
dos materiais condutores.
48
E) A alternativa está incorreta. Afirmação sem pé nem cabeça. O motivo apresentado não é a
justificativa correta relacionada à movimentação dos elétrons no átomo. Além do mais, os prótons e
o elétrons possuem valores iguais em módulo apesar de terem sinais opostos
Portanto,
49
5. LISTA DE QUESTÕES
1. (CESPE – TCE-PR – Eng. Elétrica - 2016) Considerando-se a figura precedente, que ilustra duas cargas
elétrica de sinais contrários, +𝟐𝒒 e −𝒒, separadas de 𝟏, 𝟎 𝒎, é correto afirmar que o campo elétrico
resultante é nulo no ponto sobre a linha reta (horizontal) que passa pelas cargas localizado
2. (UFPR - Pref. Municipal de Curitiba – Eng. Eletricista – 2019) Duas esferas iguais, eletricamente
carregadas com +𝟏𝟒𝟎 𝐦𝐂 e−𝟏𝟓𝟒 𝐦𝐂, e separadas de uma distância fixa 𝐝 se atraem com uma força
de intensidade 𝟔, 𝟔 𝐦𝐍 (𝐝 é suficientemente grande para que os raios das esferas possam ser
desconsiderados). Em seguida, mantidas nas mesmas posições, as duas esferas são colocadas
eletricamente em contato até que as cargas se redistribuam (o condutor usado é suficientemente fino
para que se despreze a carga distribuída sobre ele). Depois de removido esse condutor, a força de
interação entre as duas esferas passa a ser de:
(A) 15 μN (repulsão)
50
3. (CESPE - SLU -DF – Eng. Elétrica – 2019) Julgue o item abaixo, acerca de eletromagnetismo.
A força que atua sobre uma carga pontual colocada em um campo elétrico produzido por outra carga pontual
terá a mesma direção do vetor intensidade do campo elétrico.
6. (UFPR - ITAIPU – Eng. Elétrica – 2019) Duas pequenas esferas condutoras, idênticas, possuem cargas
de 𝟐, 𝟎 × 𝟏𝟎−𝟗 𝑪 e −𝟎, 𝟓 × 𝟏𝟎−𝟗 𝑪. Assinale a alternativa que apresenta, respectivamente, a força
entre elas quando estiverem separadas por 𝟒 𝒄𝒎, e a força entre elas quando forem postas em contato
e novamente separadas por 𝟒 𝒄𝒎.
7. (CS UFG - profissional de Engenharia (SANEAGO) – Eng. Elétrica – 2019) A figura a seguir mostra um
capacitor de placas paralelas. As placas do capacitor estão separadas por ar e o capacitor está
carregado com carga 𝑸. Nesta condição, a diferença de potencial ente as placas do capacitor, medida
pelo voltímetro, é 𝑽. O voltímetro é ideal. Em um segundo momento, foi introduzido um material
dielétrico (constante dielétrica superior à do ar) entre a placas do capacitor. Nesta nova condição, a
diferença de potencial entre as placas do capacitor
A) Sofre redução.
B) Sofre aumento.
C) Permanece constante.
D) Diminui para zero.
51
8. (IADES – Analista Legislativo (ALEGO) – Engenheiro Eletricista – 2019) Duas placas condutoras
retangulares de comprimento 𝒙 e largura 𝒚 são colocadas em paralelo a uma distância 𝒅 uma da outra,
e, entre elas é inserido um dielétrico com permissividade relativa 𝜺𝒓 . Esse conjunto possui capacitância
𝑪. Com base nessas informações, é correto afirmar que, se
9. (Pref. São Gonçalo-UFF- 2011) O cobre e o alumínio são os dois metais mais usados na fabricação dos
condutores elétricos. Ao longo dos anos, o cobre tem sido o mais utilizado, sobretudo em condutores
isolados, devido, principalmente, a suas propriedades elétricas e mecânicas. Já o alumínio,
normalmente utilizado em linhas aéreas de transmissão e distribuição, tem seu uso vinculado ao aço
cuja função é:
52
A) Uma linha de fluxo elétrico é definida como uma trajetória cuja orientação, em qualquer ponto, é a
orientação do campo magnético nesse ponto.
B) Quando duas cargas pontuais de igual magnitude e sinais opostos estão separadas por uma pequena
distância, há o surgimento de um dipolo elétrico.
A) 1
B) -1
C) 0
𝑞
D)4𝜋𝜀 2
0𝑎
53
𝑞
E) 4𝜋𝜀 2
0𝑅
14. (UFFS-AOCP-Engenheiro Elétrico- 2016) Sobre o tema “materiais isolantes, condutores e magnéticos”,
assinale a alternativa correta.
A) Os materiais isolantes possuem majoritariamente átomos com 3 elétrons em sua camada de valência.
B) O alumínio pode ser utilizado para substituir o cobre como condutor de eletricidade, porém o alumínio
apresenta apenas 61% da capacidade de condução do condutor fabricado de cobre.
D) A relutância magnética é a medida da capacidade que determinado material apresenta em conduzir fluxo
magnético e é medida em Wb/mm².
54
6. QUESTÕES COMENTADAS
1. (CESPE – TCE-PR – Eng. Elétrica - 2016) Considerando-se a figura precedente, que ilustra duas cargas
elétrica de sinais contrários, +𝟐𝒒 e −𝒒, separadas de 𝟏, 𝟎 𝒎, é correto afirmar que o campo elétrico
resultante é nulo no ponto sobre a linha reta (horizontal) que passa pelas cargas localizado
Resolução e comentários:
A questão solicita que você determine o ponto no qual o campo elétrico é nulo. Ela explora
conceitos básico da Lei de Coulomb na forma de campo elétrico. Muitos alunos deslizam no caráter
vetorial da força e do campo elétrico. Questão clássica sobre campo elétrico nulo na presença de duas
cargas.
Vamos começar analisando os itens (a) e (d) no qual afirmam que o ponto de campo elétrico
resultante está entre as cargas.
Nessa situação (cargas de sinais opostos) é impossível obter um campo elétrico nulo, pois os dois
vetores têm a mesma direção e sentido.
55
Um local possível para o ponto 𝑷 representar o campo elétrico resultante nulo será à direta de −𝒒
ou à esquerda de +𝟐𝒒, como mostra a Figura.
Pelo que foi explanado, o ponto P poderia estar à direita da carga negativa e à esquerda da carga
positiva. Certo? Sim! Só que para o campo elétrico ser nulo isso só poderia acontecer no caso específico
em que as cargas tivessem o mesmo valor em módulo.
No caso da questão, como a carga positiva tem uma magnitude maior, a única possibilidade dos
campos elétricos resultantes de cada carga se anularem vai ser a situação em que o ponto P estiver
mais perto da carga de menor magnitude (no nosso caso, a negativa).
Pela própria equação do campo elétrico (que depende de forma diretamente proporcional de q e
inversamente proporcional da distância a r), podemos observar que, para compensar o valor da carga
positiva, a distância tem que ser maior.
1 Q
𝐸 = 4𝜋𝜖
0 𝑟2
Pense o seguinte...
Como que o campo elétrico produzido pela carga de maior magnitude vai conseguir produzir um
campo elétrico que vai "empatar" com o da mais fraca?
O módulo da carga positiva é maior, mas quando o ponto P está à direta da carga negativa, a
distância r vai ser também maior. Ou seja, uma coisa vai compensar a outra.
56
Por outro lado, a carga negativa é mais fraca (por ter uma magnitude menor), mas está mais perto do
ponto P. A questão agora é saber a que distância...
Então, vamos considerar o ponto 𝑷 situado a direita da carga −𝒒, como mostra a próxima figura.
Calculando o campo resultante sobre o ponto 𝑷 e já utilizando a condição de que nesse ponto o
campo resultante é nulo, temos
𝐸⃗+2𝑞 = 𝐸⃗−𝑞
Trabalhando a equação em módulo, ou seja, para que o campo resultante seja nulo é necessário
que os módulos dos vetores campo elétrico sejam iguais.
|𝐸⃗+2𝑞 | = |𝐸⃗−𝑞 |
1 2𝑞 1 𝑞
= 4𝜋𝜖
4𝜋𝜖0 (𝑥 ′ +1)2 0 (𝑥 ′ )2
Simplificando,
2 1
= (𝑥 ′ )2
(𝑥 ′ +1)2
2
𝑥 ′ − 2𝑥 ′ − 1 = 0
Resolvendo,
𝑥 ′1 = 1 + √2 ≅ 2,41 𝑚
𝑥 ′1 = 1 − √2 ≅ −0,41 𝑚
Ou seja, o ponto P deve estar à direita da carga positiva, à uma distância de aproximadamente
2,41 metros. Vamos considerar a segunda raiz da equação? Não, pois o valor negativo significa que o
ponto P estaria entre as cargas e, como já estudamos, o campo elétrico resultante nessa situação não
57
seria nulo. Matematicamente o valor do campo produzido por cada uma seriam iguais, mas fisicamente
eles teriam o mesmo sentido.
A) A alternativa está incorreta, pois o campo elétrico resultante quando o ponto P está entre as
cargas de sinais opostos não pode ser nulo.
B) A alternativa está incorreta, pois a menos de dois metros à direita da carga negativa não satisfaz
a condição para o vetor resultante ser nulo.
C) A alternativa está correta. Conforme calculamos, o ponto P de fato deve estar a mais de 2
metros à direita da carga negativa (-q).
E) A alternativa está incorreta. Conforme foi analisado, o ponto P sempre estará do lado da carga
mais fraca em módulo, que no caso é a negativa(-q) e não a positiva (+2q)!
Portanto,
2. (UFPR - Pref. Municipal de Curitiba – Eng. Eletricista – 2019) Duas esferas iguais, eletricamente
carregadas com +𝟏𝟒𝟎 𝐦𝐂 e−𝟏𝟓𝟒 𝐦𝐂, e separadas de uma distância fixa 𝐝 se atraem com uma força
de intensidade 𝟔, 𝟔 𝐦𝐍 (𝐝 é suficientemente grande para que os raios das esferas possam ser
desconsiderados). Em seguida, mantidas nas mesmas posições, as duas esferas são colocadas
eletricamente em contato até que as cargas se redistribuam (o condutor usado é suficientemente fino
para que se despreze a carga distribuída sobre ele). Depois de removido esse condutor, a força de
interação entre as duas esferas passa a ser de:
(A) 15 μN (repulsão)
Resolução e comentários:
58
A questão solicita que você calcule a força de interação entre as duas esferas após a redistribuição
de cargas.
O problema explora conceitos de conservação da carga elétrica e aplicação direta da Lei Coulomb.
A questão afirma que duas esferas iguais e carregadas com cargas diferentes, estão separadas por uma
distância 𝑑. Essa distância 𝑑 deve ser considerada grande o suficiente para que os efeitos eletrostáticos
das esferas sejam análogos aos de cargas puntiformes, ou seja, deve-se desconsiderar os raios das
esferas.
1. O valor de 𝑑 é determinado utilizando a Lei de Coulomb. Sabendo que a interação entre as cargas
obedece a terceira Lei de Newton, ou seja, as forças têm a mesma intensidade, direção e sentidos
⃗⃗⃗1 | = |𝐹
opostos, |𝐹 ⃗⃗⃗2 | = |𝐹 |.
Após atingido o equilíbrio eletrostático, as cargas das duas esferas serão redistribuídas, pois temos
um único condutor resultante do contato das duas esferas. Pelo princípio da conservação da carga
elétrica, temos que a carga total do sistema antes do contato (𝑞1 + 𝑞2 ) deve ser igual a carga total do
sistema após o contato (𝑞1′ + 𝑞2′ ).
59
3. Após a condição de equilíbrio devido o contato, as esferas restabelecem suas posições originais. Com
o objetivo de quantificar a nova interação, aplicaremos novamente a Lei de Coulomb. Agora teremos
uma interação repulsiva. Vamos escrever as novas interações da seguinte forma, |𝐹 ⃗⃗⃗1 | = |𝐹 ⃗⃗⃗ |.
⃗⃗⃗2 | = |𝐹′
Portanto,
3. (CESPE - SLU -DF – Eng. Elétrica – 2019) Julgue o item abaixo, acerca de eletromagnetismo.
A força que atua sobre uma carga pontual colocada em um campo elétrico produzido por outra carga pontual
terá a mesma direção do vetor intensidade do campo elétrico.
Resolução e comentários:
Essa questão explora o conceito vetorial da lei de Coulomb e do campo elétrico. O vetor campo
elétrico é dado pela força por unidade carga imersa nesse campo elétrico: 𝐸⃗ = 𝐹 𝑞0 . Essa expressão
revela a natureza vetorial entre campo elétrico e força elétrica, ou seja, o campo e a força elétrica têm
a mesma direção.
60
Lembre-se que o sentido entre o vetor força elétrica e o vetor campo elétrico dependerá da relação
de atração ou repulsão entre as cargas analisada!
Se a carga teste for positiva, o campo elétrico e a força elétrica terão o mesmo sentido! Se a carga
teste for negativa, o campo elétrico e a força elétrica terão sentidos contrários!
Portanto,
O item é verdadeiro.
Resolução e comentários:
A força eletrostática tem uma característica muito especial, ou seja, ela é conservativa!
O trabalho realizado pela força elétrica para transportar em equilíbrio uma carga em uma
trajetória aberta de 𝒂 até 𝒃 é cada por:
O resultado mostra que o trabalho depende apenas das posições finais e iniciais, ou seja,
independe da trajetória.
Portanto,
61
O item é falso.
Resolução e comentários:
Perceba que o campo elétrico (dipolo) “nasce” na carga +𝑸 e “morre” na carga −𝑸, dessa forma,
temos linhas de campo aberto para o campo elétrico.
As linhas de campo magnético são linhas fechada, elas entram pelo pólo sul e saem pelo pólo
norte. Assim, quando envolvemos um dos pólos com uma superfície fechada 𝑺, como mostra a Figura
(b), o número de linhas de campo que atravessam a superfície fechada para fora é exatamente igual
ao número de linhas que atravessam a superfície para dentro, o que faz com que o fluxo de campo
magnético através da superfície fechada seja nulo.
Portanto,
O item é falso.
6. (UFPR - ITAIPU – Eng. Elétrica – 2019) Duas pequenas esferas condutoras, idênticas, possuem cargas
de 𝟐, 𝟎 × 𝟏𝟎−𝟗 𝑪 e −𝟎, 𝟓 × 𝟏𝟎−𝟗 𝑪. Assinale a alternativa que apresenta, respectivamente, a força
entre elas quando estiverem separadas por 𝟒 𝒄𝒎, e a força entre elas quando forem postas em contato
e novamente separadas por 𝟒 𝒄𝒎.
Resolução e comentários:
A questão solicita que você calcule a força entre as esferas quando elas estiverem separadas por
4 𝑐𝑚, e a força entre elas quando forem postas em contato e novamente separadas por 4 𝑐𝑚.
⃗ 𝟏 | = |𝑭
Sabendo que |𝑭 ⃗ 𝟐 | = 𝑭, temos
Com essa análise já poderíamos definir o gabarito, mas vamos prosseguir com a resolução.
Próximo passo é verificar qual é carga final das esferas após o contato. Após o contato, o sistema
ficará sob o mesmo potencial, de tal forma que a carga será redistribuída igualmente entre as esferas,
pois elas são idênticas. Usando o princípio da conservação da carga, a carga total antes do contato
(𝒒𝟏 + 𝒒𝟐 ) deverá ser igual a carga total após o contato (𝒒′𝟏 + 𝒒′𝟐 = 𝟐𝒒).
Agora vamos calcular a intensidade da nova interação após o contato e restabelecida a posição
original das esferas.
63
Portanto,
7. (CS UFG - profissional de Engenharia (SANEAGO) – Eng. Elétrica – 2019) A figura a seguir mostra um
capacitor de placas paralelas. As placas do capacitor estão separadas por ar e o capacitor está
carregado com carga 𝑸. Nesta condição, a diferença de potencial ente as placas do capacitor, medida
pelo voltímetro, é 𝑽. O voltímetro é ideal. Em um segundo momento, foi introduzido um material
dielétrico (constante dielétrica superior à do ar) entre a placas do capacitor. Nesta nova condição, a
diferença de potencial entre as placas do capacitor
E) Sofre redução.
F) Sofre aumento.
G) Permanece constante.
H) Diminui para zero.
Resolução e comentários:
64
Outra informação importante é sobre a carga acumulada nas placas do capacitor. Para a carga 𝑸
ser alterada, as dimensões do capacitor (características geométricas) precisam ser modificadas. Dessa
forma, ao inserir um dielétrico, o potencial diminui, a carga permanece constante e,
consequentemente a capacitância vai aumentar 𝑪 = 𝑸/𝑽.
Portanto,
8. (IADES – Analista Legislativo (ALEGO) – Engenheiro Eletricista – 2019) Duas placas condutoras
retangulares de comprimento 𝒙 e largura 𝒚 são colocadas em paralelo a uma distância 𝒅 uma da outra,
e, entre elas é inserido um dielétrico com permissividade relativa 𝜺𝒓 . Esse conjunto possui capacitância
𝑪. Com base nessas informações, é correto afirmar que, se
Resolução e comentários:
(A) Utilizando um novo material com 𝜺′𝒓 = 𝜺𝒓 /𝟑, teremos a seguinte capacitância:
(C) Como as placas têm formas retangulares, a área é 𝑨 = 𝒙. 𝒚. Se 𝒙 e 𝒅 são dobrados, temos:
(D) Da mesma forma do item (c), dobrando 𝒚 e 𝒅 teremos a mesma capacitância original. (item- Errado)
(E) Se 𝒙 for triplicado, a nova capacitância também será triplicada. (item- Errado)
Portanto,
9. (Pref. São Gonçalo-UFF- 2011) O cobre e o alumínio são os dois metais mais usados na fabricação dos
condutores elétricos. Ao longo dos anos, o cobre tem sido o mais utilizado, sobretudo em condutores
isolados, devido, principalmente, a suas propriedades elétricas e mecânicas. Já o alumínio,
normalmente utilizado em linhas aéreas de transmissão e distribuição, tem seu uso vinculado ao aço
cuja função é:
Resolução e comentários:
Portanto,
66
Resolução e comentários:
A questão solicita que você julgue as alternativas acerca de fundamento de eletricidade e magnetismo.
Para resolver a questão, vamos julgar cada alternativa separadamente.
B) A alternativa está incorreta. Essa equação é a terceira equação de Maxwell (Lei de Ampere na forma
diferencial e representa a característica de que o campo magnetostático não é conservativo.
C) A alternativa está correta. Essa equação representa a primeira equação de Maxwell e estabelece
que a densidade de volumétrica de carga é igual a divergência da densidade de fluxo elétrico.
D) A alternativa está incorreta, pois essa equação trabalha com a divergência e não com o gradiente.
E) A alternativa está incorreta, pois , além dessa equação a está relacionada com o gradiente e não o
divergente, o sinal negativo mostra que a direção de E é oposta à direção em que V cresce.
Portanto,
67
A) Uma linha de fluxo elétrico é definida como uma trajetória cuja orientação, em qualquer ponto, é a
orientação do campo magnético nesse ponto.
B) Quando duas cargas pontuais de igual magnitude e sinais opostos estão separadas por uma pequena
distância, há o surgimento de um dipolo elétrico.
Resolução e comentários:
A questão solicita que você julgue as alternativas acerca de fundamento de eletricidade e magnetismo.
Para resolver a questão, vamos julgar cada alternativa separadamente.
A) A alternativa está incorreta, pois a orientação a linha de fluxo elétrico é orientada conforme o campo
elétrico e não magnético.
B) A alternativa está correta, pois temos um dipolo elétrico quando duas cargas pontuais de igual
magnitude e sinais opostos estão separadas por uma pequena distância.
D) A alternativa está incorreta. Conforme estudamos na aula, um condutor perfeito não pode conter
um campo elétrico em seu interior. Ele também é caracterizado por ser um corpo equipotencial. Ou
seja, em qualquer ponto, o potencial é o mesmo.
Portanto,
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A) 1
B) -1
C) 0
𝑞
D)
4𝜋𝜀0 𝑎2
𝑞
E) 4𝜋𝜀 2
0𝑅
Resolução e comentários:
A questão solicita que você calcule o campo elétrico produzido pelo anel no ponto P, descrito pela
figura.
O procedimento para resolver essa questão consiste em aplicar a lei de Coulomb, explorando da
simetria do problema para fazermos uma análise mais simples.
O anel carregado é um caso típico de distribuição de cargas, então, é bom que, de fato, você tenha
o conhecimento de como calcular o campo elétrico em um anel carregado.
Conforme estudamos, o campo elétrico dE produzido por uma carga pontual dq é dado por:
1 𝑑𝑞
𝑑𝐸 = 4𝜋𝜖
0 𝑟2
O ponto chave para resolver essa questão é olhar para a simetria do problema, considerando a
própria figura do enunciado. Olhe pra ela e perceba que cada elemento de carga dq que compõem o
anel vai produzir um campo dE no ponto P. A questão é que, se tomarmos um elemento de carga dq
oposto e decompormos no esse vetor no eixo y, eles irão se anular nessa direção (apenas eixo Y!).
Em todas as direções que você olhar, vai sobrar apenas dE na direção do eixo x. Logo, por simetria,
Ey=0.
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Partindo desse princípio, temos que encontrar apenas a componente x do campo elétrico. E é
assim que vamos proceder!
𝑑𝐸𝑥 = 𝑑𝐸𝑐𝑜𝑠𝜃
𝐸𝑥 = ∫ 𝑑𝐸𝑐𝑜𝑠𝜃
Substituindo dE,
1 𝑑𝑞 1 𝑑𝑞
𝐸𝑥 = ∫ 4𝜋𝜖 𝑐𝑜𝑠𝜃 = 4𝜋𝜖 ∫ 𝑟 2 𝑐𝑜𝑠𝜃
0 𝑟2 0
1 𝑑𝑞 𝑎
𝐸𝑥 = 4𝜋𝜖 ∫ (𝑅2+𝑎2) 1
0 ( )
(𝑅 2 +𝑎2 ) 2
Simplificando,
1 𝑑𝑞 𝑎
𝐸𝑥 = 4𝜋𝜖 ∫ (𝑅2+𝑎2)3/2
0
1 𝑎
𝐸𝑥 = 4𝜋𝜖 ∫ 𝑑𝑞
0 (𝑅 2 +𝑎2 )3/2
Agora, basta analisarmos essa expressão de acordo com o que o enunciado solicita. Conforme o
enunciado, caso o raio R seja muito maior do que a distância a do seu centro até o ponto P (R>>a) e
apenas colocando R em evidência para podermos comparar esses parâmetros, temos que:
𝑞 𝑎
𝐸𝑥 = 4𝜋𝜖 𝑎 2
0 𝑅 3 (1+( ) )3/2
𝑅
Se R>>a, então podemos desprezar o termo entre parêntese ( elevado a 3/2)... Assim,
𝑞 𝑎
𝐸𝑥 = 4𝜋𝜖 3
0𝑅
70
Consequentemente chegamos à seguinte conclusão, já que não temos essa expressão nas
alternativas:
Se R>>a então o valor do campo elétrico se aproxima de 0, pois R ao cubo está no denominador
da expressão.
Portanto,
Quando R>>a, é como se o ponto P estivesse no centro do anel. Ou seja, os elementos de cargas
situadas em postos opostos iriam gerar elementos de campo elétrico que no final das contas iriam
acabar se anulando em todas as direções.
É muito importante que você entenda esses tipos de análise para diferentes distribuições de cargas
( as mais típicas) para que você tome essas conclusões de forma mais rápida e perspicaz no momento
da prova! Fica a dica!
Resolução e comentários:
71
A questão solicita que você calcule a capacitância de um capacitor de placas paralelas que possui
um dielétrico (cerâmica) entre as placas do capacitor.
O procedimento para resolver essa questão consiste em aplicar a fórmula para o cálculo da
capacitância. Estudamos nessa aula que a capacitância C de um capacitor de placas paralelas
preenchido com um dielétrico de constante dielétrica 𝜖𝑟 será dada por:
𝐴
𝐶 = 𝜖𝑑
Onde,
𝜖
𝜖𝑟 = 𝜖
0
𝐴
𝐶 = 𝜖𝑟 𝜖0 𝑑
(20𝑥20)∙10−4
𝐶 = 7500 ∙ 8,854 ∙ 10−12 5∙10−3
𝐶 = 5,3124 ∙ 10−7 𝐹
𝐶 = 531,24 ∙ 10−9 𝐹
Portanto,
Lembre-se sempre de tomar cuidado com as unidades de medida e as devidas conversões! A área
foi dada em cm2 e a distância em mm. Logo, tivemos que converter as unidades, respectivamente,
para m2 e m.
14. (UFFS-AOCP-Engenheiro Elétrico- 2016) Sobre o tema “materiais isolantes, condutores e magnéticos”,
assinale a alternativa correta.
A) Os materiais isolantes possuem majoritariamente átomos com 3 elétrons em sua camada de valência.
B) O alumínio pode ser utilizado para substituir o cobre como condutor de eletricidade, porém o alumínio
apresenta apenas 61% da capacidade de condução do condutor fabricado de cobre.
D) A relutância magnética é a medida da capacidade que determinado material apresenta em conduzir fluxo
magnético e é medida em Wb/mm².
72
Resolução e comentários:
A questão solicita que você julgue as alternativas sobre materiais elétricos. Para ficar mais clara a
análise da questão, vamos julgar cada alternativa separadamente. Outros aspectos de materiais
magnéticos são cobrados nessa questão, mas vamos manter o foco justamente nas propriedade dos
materiais condutores e isolantes.
A) A alternativa está incorreta, pois não podemos fazer essa afirmação. Os materiais isolantes
(dielétricos) são caracterizados justamente por uma camada de valência quase completa (quase
completando 8 elétrons pela regra do octeto). Nesta situação, a força de ligação dos elétrons com o
núcleo é grande, ou seja, os elétrons não estão livres como nos materiais condutores.
B) A alternativa está correta. Conforme foi comentado nesta aula, o alumínio possui uma resistividade
elétrica aproximadamente 65% maior do que a do cobre. Ou seja, é menos condutivo que o cobre, já
que a condutividade e resistividade se relacionam de forma inversa.
𝜌𝐴𝑙 0,0290
= 0,0175 = 1,65
𝜌𝐶𝑢
𝜎𝐶𝑢 1 0,0175
= 0,0290 ∙ ≅ 0,61
𝜎𝐴𝑙 1
Portanto,
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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHAVES, ALAOR. Física básica: Eletromagnetismo. Rio de Janeiro: LTC, 2012.
TIPLER. PAUL ALLEN. Física para cientistas e engenheiros, volume 2: Eletricidade e magnetismo: Rio de
Janeiro: Gen, 2012.
DA SILVA, CLAUDIO ELIAS. Eletromagnetismo: fundamentos e simulações. São Paulo: Pearson Education do
Brasil, 2014.
74
YOUNG, HUGH D. Física III: eletromagnetismo. São Paulo: Pearson Education do Brasil., 2009.
MACHADO, KLEBER DAUM. Teoria do eletromagnetismo. 2.ed. Vol I e II Ponta Grossa: Editora UEPG, 2005.
FEYNMAN, RICHARD P. The Feynman Lectures on Physics: The Definitive and Extended Edition, 2nd Edition.
Porto Alegre: Artmed Editora S.A, 2008.
SADIKU, M.O; ALEXANDER, C. K. Fundamentos de circuitos elétricos. 3a Edição. México: McGraw-Hill, 2006.
8. GABARITO
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