Boas Práticas em Contratos de Serviços Terceirizados
Boas Práticas em Contratos de Serviços Terceirizados
Boas Práticas em Contratos de Serviços Terceirizados
de Serviços Terceirizados
Aposentadoria e Previdência
Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Conteudista/s
Alessandra Andrade Medeiros Carneiro de Albuquerque (Conteudista, 2022).
Bruno Ribeiro Piana (Conteudista, 2022).
Carlos Henrique Benedito Nitão Loureiro (Conteudista, 2022).
Carlos José Macedo Maia (Conteudista, 2022).
Célio Rodrigues da Cruz (Conteudista, 2022).
Francisco Neves Siqueira (Conteudista, 2022).
Gabriel Santana Mônaco (Conteudista, 2022).
Kamila dos Santos Tabaquini (Conteudista, 2022).
Paulo Antonio Costa de Almeida Penido (Conteudista, 2022).
Pedro Augusto Martins Ribeiro (Conteudista, 2022).
Phelippe Alves Cizilio (Conteudista, 2022).
Vinicius Loureiro da Mota Silveira (Conteudista, 2022).
Enap, 2022
Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Diretoria de Desenvolvimento Profissional
SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF
Sumário
Módulo 1 – Definição da terceirização e a responsabilidade
subsidiária das entidades públicas
Unidade 1 – Abertura e apresentação do curso.................................................... 7
1.1. Terceirização x responsabilidade da Administração............................................. 8
1.2. Terceirização na Administração e os principais impactos na
legislação federal............................................................................................................. 18
1 Definição da terceirização e a
responsabilidade subsidiária das
entidades públicas
Art. 5º-A. Contratante é a pessoa física ou jurídica que celebra contrato com
empresa de prestação de serviços determinados e específicos.
[...]
§ 5º A empresa contratante é subsidiariamente responsável pelas obrigações
trabalhistas referentes ao período em que ocorrer a prestação de serviços, e o
recolhimento das contribuições previdenciárias observará o disposto no art. 31
da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991.
Conceito legal:
De acordo com o art. 4º-A da Lei nº 6.019/1974, com redação dada pela Lei nº
13.467/2017, consiste na transferência feita pela contratante da execução de
quaisquer de suas atividades, inclusive sua atividade principal, à pessoa jurídica
de direito privado prestadora de serviços que possua capacidade econômica
compatível com a sua execução.
Por sua vez, nos termos do art. 121 da Lei nº 14.133/2021, são os serviços
contínuos com regime de dedicação exclusiva de mão de obra.
Assim sendo, figurando o ente público como dono da obra, não é possível sua
responsabilização pelas obrigações de cunho trabalhista não adimplidas pela
empresa contratada, uma vez que o objeto do negócio jurídico celebrado foi a
realização da obra.
XVII - serviços não contínuos ou contratados por escopo: aqueles que impõem ao
contratado o dever de realizar a prestação de um serviço específico em período
predeterminado, podendo ser prorrogado, desde que justificadamente, pelo
prazo necessário à conclusão do objeto;
Art. 48. Poderão ser objeto de execução por terceiros as atividades materiais
acessórias, instrumentais ou complementares aos assuntos que constituam área
de competência legal do órgão ou da entidade, vedado à Administração ou a
seus agentes, na contratação do serviço terceirizado:
I - indicar pessoas expressamente nominadas para executar direta ou
indiretamente o objeto contratado;
II - fixar salário inferior ao definido em lei ou em ato normativo a ser
pago pelo contratado;
III - estabelecer vínculo de subordinação com funcionário de empresa
prestadora de serviço terceirizado;
TST
TST – SBDI – ônus da prova do Poder Público: “(...) é do Poder Público, tomador dos
serviços, o ônus de demonstrar que fiscalizou de forma adequada o contrato de prestação
de serviços (...)” (E-RR-925-07.2016.5.05.0281, Subseção I Especializada em Dissídios
Individuais, Relator Ministro Claudio Mascarenhas Brandao, DEJT 22/05/2020).
STF
Por sua vez, os arts. 117 e 118, ambos da Lei nº 14.133/2021, dispõem acerca das
normas direcionadas ao acompanhamento e à fiscalização da execução do contrato:
Vejamos:
Art. 96. A critério da autoridade competente, em cada caso, poderá ser exigida,
mediante previsão no edital, prestação de garantia nas contratações de obras,
serviços e fornecimentos.
I - caução;
II - seguro-garantia;
III - fiança bancária.
Adiante, importante destacar que a norma do antigo artigo 71, § 1º, da Lei nº
8.666/1993 agora encontra assento no artigo 121, § 1º, da nova Lei, com a
seguinte redação:
Na parte das sanções a serem aplicadas, deve ser destacado que, aplicada a
multa, e se as indenizações cabíveis forem superiores ao valor de pagamento
eventualmente devido pela Administração ao contratado, além da perda
desse valor, a diferença será descontada da garantia prestada ou será cobrada
judicialmente:
Especialmente quanto aos documentos que deverão ser entregues aos fiscais (kit
fiscal), deve ser mencionado o art. 42, § 4º, da IN SEGES/MP nº 05/2017:
1) Estudos Preliminares;
3) contrato;
4) proposta da contratada;
No art. 46, temos uma obrigação direcionada ao fiscal dos contratos, para registrar
todas as ocorrências verificadas na execução contratual:
A indicação do fiscal do contrato deve recair sobre servidor público pertencente aos
quadros da Administração Pública contratante (terceirizado não pode ser fiscal de
contrato). O Tribunal de Contas da União assim já decidiu:
Art. 43. O encargo de gestor ou fiscal não pode ser recusado pelo
servidor, por não se tratar de ordem ilegal, devendo expor ao superior
hierárquico as deficiências e limitações técnicas que possam impedir o
diligente cumprimento do exercício de suas atribuições, se for o caso.
2 Fase pré-contratual
1.1.1. Introdução
A pesquisa de preços não pode ser vista como mera formalidade no processo
de contratação, pois existem riscos muito grandes de sobrepreço, de proposta
inexequível, de licitação deserta, de licitação fracassada e de não atendimento da
demanda.
Destaca-se o Acórdão 2.463/2008 TCU: “A ampla pesquisa de mercado não pode
Lacerda (2012), avaliou alguns pregões eletrônicos, realizados em 2011, com o objeto
de aquisição de resmas de papel A4. O preço de referência, entre todos os certames
avaliados, foi de aproximadamente R$ 46,00, e os valores finais homologados
variaram entre R$ 6,80 e R$ 15,82, variação de 130% dos valores adjudicados,
porcentagem que é ainda maior em comparação com o valor estimado.
O que se pode concluir até agora é que: quanto maior o valor estimado, quanto
menos refletir o valor de mercado, maior será o preço adjudicado; quanto menor
for a variação de entre o valor estimado e o valor adjudicado, melhor refletido estárá
o valor de mercado (considerando uma pesquisa de mercado bem realizada).
A IN SEGES/ME nº 65/2021, no seu art. 3º, dispõe que a pesquisa de preços será
materializada em documento que conterá, no mínimo:
Aliás, é valido ressaltar o teor do art. 6º, § 6º, da IN SEGES/ME nº 65/2021, que
determina que, quando o preço estimado for obtido com base única no inciso I do
art. 5º, o valor não poderá ser superior à mediana do item nos sistemas consultados.
1.1.5. Conclusão
O Plenário do TCU, por meio do Acórdão 1108/2007, entendeu não ser admissível
que a pesquisa de preços feita pela entidade seja destituída de juízo crítico acerca
da consistência dos valores levantados.
Quanto pior a descrição do que se pretende comprar, pior a coerência dos preços
de referência (Santos, 2015). A descrição do produto ou serviço inconsistente e
muito vaga compromete a realização de uma pesquisa bem-feita e está diretamente
relacionada com a realização de uma pesquisa de preços ruim e imprecisa.
1.2.1. Introdução
Î Módulo 1 - Remuneração
• Piso salarial: CCT, remuneração do mercado ou salário mínimo
A Salário-Base
B Adicional de Periculosidade
C Adicional de Insalubridade
D Adicional Noturno
E Adicional de Hora Noturna Reduzida
F Outros (especificar)
Total
2.1 13º Salário, Férias e Adicional de Férias Percentual (%) Valor (R$)
A INSS 20,00%
B Salário Educação 2,50%
C SAT (RAT X FAP)
D SESC/SESI 1,50%
E SENAI/SENAC 1,00%
F SEBRAE 0,60%
G INCRA 0,20%
H FGTS 8,00%
Total
Figura 3: Encargos Previdenciários (GPS), Fundo de Garantia por
Tempo de Serviço (FGTS) e outras contribuições.
A Transporte
B Auxílio Alimentação
C Plano de Saúde
D Seguro de Vida
E Auxílio Funeral
F Outros
Total
A Férias
B Ausências Legais
C Licença-Paternidade
D Ausência por acidente de trabalho
E Afastamento Maternidade
F Outros
Total
A Substituto na Intrajornada
Total
A Uniformes
B Materiais
C Equipamentos
Total
• Tributos federais:
A Custos Indiretos
B Lucro
C Tributos
C.1 Tributos Federais
PIS
Confins
CPRB
C.2 Tributos Federais
ISS
Total
1.2.3. Conclusão
Vamos nos ater ao que dispõem os artigos da Lei nº 14.133/2021 sobre a fase de
habilitação, principalmente o art. 68.
A nova Lei de Licitações, no art. 68, ao tratar do tema da habilitação fiscal, social
e trabalhista das empresas, não trouxe muitas mudanças em relação à Lei nº
8.666/1993, porém destacamos a inclusão do nome social ao tipo de habilitação. A
seguir, observaremos os aspectos mais importantes.
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem
à melhoria de sua condição social:
[...]
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de
dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de
aprendiz, a partir de quatorze anos; (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 20, de 1998)
Atualmente, quase todas as certidões de regularidade fiscal são obtidas pela internet.
Os licitantes poderão imprimir as respectivas documentações exigidas no art. 68 da
Lei nº 14.133/2021 pela internet e apresentá-las em processos licitatórios.
Cabe ressaltar o que dita o § 1º do art. 68 da Lei nº 14.133/2021, o qual aduz que os
documentos referidos nos incisos do caput desse artigo poderão ser substituídos ou
supridos, no todo ou em parte, por outros meios hábeis a comprovar a regularidade
do licitante, inclusive por meio eletrônico.
Para fim de habilitação, a Administração Pública não deve exigir dos licitantes a
apresentação de certidão de quitação de obrigações fiscais e sim prova de sua
regularidade.
‘[...] a cláusula do Edital que, “in casu”, se afirma descumprida (5.5.1.), entremeada
da expressão “se for o caso”, só pode ser interpretada no sentido de que, a prova
Cabe lembrar que o inciso II do art. 68 da Lei nº 14.133/2021 exige a prova de inscrição
no cadastro de contribuintes estadual e/ou municipal. O inciso III do mesmo artigo
requer a regularidade perante Fazenda federal, estadual e/ou municipal. Note-se
que o legislador utilizou as conjunções adicional e disjuntiva “e/ou”.
Diante do exposto, podemos concluir que a Administração deve tomar suas decisões
conforme o caso, o que significa que a regra não é exigir, em todas as situações,
ambas as inscrições e regularidades estadual e municipal.
Art. 193. Salvo quando expressamente autorizado por lei, nenhum departamento
da administração pública da União, dos Estados, do Distrito Federal, ou dos
Municípios, ou sua autarquia, celebrará contrato ou aceitará proposta em
concorrência pública sem que o contratante ou proponente faça prova da
quitação de todos os tributos devidos à Fazenda Pública interessada, relativos à
atividade em cujo exercício contrata ou concorre.
[...] em licitação realizada por órgão federal e com recursos da União não se deve
exigir regularidade com a Fazenda municipal.
I - alimentação;
[...]
VII - conservação e jardinagem;
VIII - copeiragem;
[...]
XIV - limpeza;
XV - manutenção de prédios e instalações, incluindo montagem, desmontagem,
manutenção, recuperação e pequenas produções de bens móveis;
[...]
XIX - reprografia, plotagem, digitalização e atividades afins;
XX - secretariado, incluindo o secretariado executivo;
XXI - segurança, vigilância patrimonial e brigada de incêndio;
A Lei nº 14.133/2021 dispõe que “Nos contratos para serviços contínuos com regime
de dedicação exclusiva de mão de obra ou com predominância de mão de obra, o prazo
para resposta ao pedido de repactuação de preços será preferencialmente de 1 (um) mês,
contado da data do fornecimento da documentação prevista no § 6º do art. 135 desta Lei”.
Nesse cenário, a lei apresenta um prazo regra de 1 (um) mês, posto que utiliza a
expressão preferencialmente. Isso quer dizer que, desde que devidamente motivado,
a Administração Pública poderá fixar, no contrato, prazo para resposta ao pedido de
repactuação da contratada, devendo observar o previsto no § 6º do artigo 135 da Lei
nº 14.133/2021:
Art. 135. Os preços dos contratos para serviços contínuos com regime de
dedicação exclusiva de mão de obra ou com predominância de mão de obra serão
repactuados para manutenção do equilíbrio econômico-financeiro, mediante
demonstração analítica da variação dos custos contratuais, com data vinculada:
[...]
§ 6º A repactuação será precedida de solicitação do contratado, acompanhada
de demonstração analítica da variação dos custos, por meio de apresentação
da planilha de custos e formação de preços, ou do novo acordo, convenção ou
sentença normativa que fundamenta a repactuação.
Por fim, é de bom tom ressaltar que a Administração não se vincula às disposições
estabelecidas em acordo coletivo de trabalho, convenção coletiva de trabalho ou
dissídio coletivo que tratem sobre: (i) “pagamento de participação dos trabalhadores
nos lucros ou nos resultados da empresa contratada”; (ii) “matéria não trabalhista, ou
que estabeleçam direitos não previstos em lei, tais como valores ou índices obrigatórios
de encargos sociais ou previdenciários”; e (iii) “preços para os insumos relacionados
ao exercício da atividade”, nos termos do parágrafo único do art. 9º do Decreto nº
9.507/2018.
Nesse cenário, a art. 121, § 3º, prevê os instrumentos que podem ser utilizados
pela Administração, nos contratos de serviços contínuos com dedicação exclusiva
de mão de obra, para assegurar o cumprimento das obrigações trabalhistas pela
contratada. Importante destacar que tais mecanismos devem estar previstos no
edital ou no contrato.
13º
Férias
1/3 férias
Encargos Multa FGTS
sobre férias Contribuição
e 13º social
Conta
Vinculada
Imagine que a sua instituição tem um contrato de serviços contínuos com dedicação
exclusiva de mão de obra com a empresa Zeta Licitações. O contrato está sendo
executado de modo regular, com cumprimento das obrigações trabalhistas e
recolhimento mensal dos valores para conta vinculada. Porém, a empresa Zeta
Licitações tem contrato de serviços contínuos com DE com outro ente público.
Verbas
Rescisórias
Registro de Ponto
Depósitos do FGTS
Subtotal 25,43%
a2) Todavia, não há necessidade de que esse recebimento (ateste) dos serviços seja
em caráter definitivo, emitido após o recebimento provisório, uma vez que o definitivo
só deve ser feito se houver a quitação integral das obrigações previdenciárias e
trabalhistas, não sendo este o caso, haja vista que se tratará de pagamento direto
justamente em razão do inadimplemento da contratada. O importante mesmo é
que haja o recebimento (ateste) dos serviços pela Administração, reconhecendo que
o serviço tenha sido executado pelos empregados.
b2) Caso a contratada não responda tempestivamente a notificação ou, ainda que
responda, tenha ultrapassado o prazo de 15 (quinze) dias, contados da data de
vencimento para o pagamento do salário, inexistindo a quitação das obrigações por
c2) Em caso de negativa expressa da empresa para emissão dos documentos, a
contratante deverá utilizar-se dos valores retidos cautelarmente para realizar o
depósito judicial dos valores, a fim de garantir o direito dos trabalhadores alocados
na prestação do serviço, dispensando as etapas seguintes.
Nesse ponto, interessa-nos o disposto no inciso III do art. 4-B, que prescreve os
requisitos relacionados com o capital social, instituindo, assim, um capital social
mínimo que é fixado em razão da proporcionalidade com o número de empregados
das empresas de terceirização.
R$ 10.000,00
Até 10 empregados
(dez mil reais)
R$ 25.000,00
Mais de 10 e até 20 empregados
(vinte e cinco mil reais)
R$ 45.000,00
Mais de 20 e até 50 empregados
(quarenta e cinco mil reais)
R$ 250.000,00
Mais de 100 empregados
(duzentos e cinquenta mil reais)
Nas palavras de Ramos (2020), “pode-se definir o capital social, grosso modo, como o
montante de contribuições dos sócios para a sociedade, a fim de que ela possa cumprir
seu objeto social”.
Nesse cenário, segundo o autor, uma vez definido o capital social da sociedade, “todos
os sócios têm o dever de adquirir quotas da sociedade e de pagar por essas respectivas
quotas, contribuindo para a formação do capital social, ainda que essa contribuição seja
ínfima”.
1.3.1. Garantias
A Lei nº 14.133/2021 manteve a racionalidade da Lei nº 8.666/1993 no que diz
respeito às garantias que podem ser exigidas no edital, nas contratações de obras,
serviços e fornecimentos, nos termos do art. 96.
Sendo essa modalidade a escolha feita pela contratada, a garantia deverá ser
apresentada no prazo mínimo de 1 (um) mês, com termo inicial na data de
homologação da licitação e anterior à assinatura do contrato. Assim, não é possível
que o contrato seja assinado sem que a garantia seja prestada.
Art. 96. A critério da autoridade competente, em cada caso, poderá ser exigida,
mediante previsão no edital, prestação de garantia nas contratações de obras,
serviços e fornecimentos.
[...]
§ 3º O edital fixará prazo mínimo de 1 (um) mês, contado da data de homologação
da licitação e anterior à assinatura do contrato, para a prestação da garantia
pelo contratado quando optar pela modalidade prevista no inciso II do § 1º deste
artigo.
Art. 97. O seguro-garantia tem por objetivo garantir o fiel cumprimento das
obrigações assumidas pelo contratado perante à Administração, inclusive
as multas, os prejuízos e as indenizações decorrentes de inadimplemento,
observadas as seguintes regras nas contratações regidas por esta Lei:
I - o prazo de vigência da apólice será igual ou superior ao prazo estabelecido no
contrato principal e deverá acompanhar as modificações referentes à vigência
deste mediante a emissão do respectivo endosso pela seguradora;
Uma observação a respeito do percentual que poderá ser definido para fixar o valor da
garantia: segundo a Lei nº 14.133/2021, há um limite regra de 5% sobre o valor inicial
do contrato, sendo possível a sua majoração para até 10%, devendo ser analisada a
complexidade técnica e os riscos envolvidos, desde que o faça de forma motivada.
Art. 98. Nas contratações de obras, serviços e fornecimentos, a garantia poderá ser
de até 5% (cinco por cento) do valor inicial do contrato, autorizada a majoração
desse percentual para até 10% (dez por cento), desde que justificada mediante
análise da complexidade técnica e dos riscos envolvidos.
Por fim, é importante atentar para o fato de que, no caso de contratações de obras
e serviços de grande vulto, poderá ser exigido seguro-garantia em percentual de até
30% sobre o valor inicial do contrato.
Art. 827. O fiador demandado pelo pagamento da dívida tem direito a exigir, até
a contestação da lide, que sejam primeiro executados os bens do devedor.
Assim, a sugestão é de que a Administração Pública deve dispor no edital que não
aceitará fiança bancária sem a previsão de renúncia do benefício de ordem.
Atualmente, cada vez mais temos ferramentas administrativas e legais que nos
ajudam a fortalecer a fiscalização de um contrato dessa modalidade de prestação de
serviço, diferentemente de anos atrás, quando ainda não tínhamos uma legislação
eficiente, nem capacitação para os servidores que atuavam na área de gestão e
fiscalização de contratos.
É importante termos um bom modelo de ATA, em que constem data, local, nomes
de todos os participantes e layout do órgão. De preferência, que seja construída
usando o verbo no presente, registrando com detalhes o que foi acordado ou não,
discorrendo também sobre as sugestões e manifestações da empresa. Deve ser
assinada fisicamente ou por meio digital, para que se tenha a devida validade e
transparência do ato. É interessante abrir um processo específico para cada empresa
contratada, desde o início da primeira reunião, físico ou por meio eletrônico (exemplo:
SEI), e inserir todos os documentos, informações, e-mails etc. que façam parte desse
processo administrativo. Tudo isso dará à Administração do órgão transparência e
motivação para a abertura de um processo sancionatório, uma rescisão contratual
ou qualquer outra decisão que seja necessário ser tomada, pelo gestor do contrato
ou pela autoridade superior.
Outro ponto importante que também merece atenção por parte do fiscal do contrato
diz respeito aos prepostos e gerentes de empresas que são inexperientes em gerir
contratos com órgãos públicos, desconhecem as regras, normas e legislações,
principalmente empresas recém-criadas ou que vêm de outro ramo de prestação
de serviço. Nós sabemos bem sobre a grande diferença de prestar serviço a uma
empresa privada ou a um órgão público. Por isso, o fiscal do contrato sempre deve
convocar uma reunião preliminar, antes do início da execução do contrato, para
deixar bem esclarecidas todas as regras impostas pelo edital, pelo contrato e seus
anexos e quantas outras forem necessárias. Não significa que o fiscal do contrato
vai prestar assessoria técnica ou jurídica, mas sim orientar e prestar esclarecimentos
técnicos nos pontos críticos da prestação do serviço que foi contratado e seus
devidos ajustes. Isso pode evitar complicações e possíveis inexecuções contratuais.
Logo, é dever do fiscal do contrato passar todas as orientações para empresa
novata quanto às complicações e punições que pode sofrer caso não execute o
contrato o qual assinou, quais implicações ela irá sofrer caso não pague em dia
os direitos dos trabalhadores, tudo isso registrado em ATA. Sempre que for
necessário, no transcorrer da execução do contrato, que seja feita nova reunião
de orientação e alinhamento. Adotando essa postura muitas vezes, evita-se uma
demanda administrativa de penalidade ou até judicial. É bem mais saudável para
a Administração, com menos desgaste, menos tempo perdido e, inclusive, com um
melhor resultado de prestação de serviço à sociedade.
Caso a empresa já venha de uma contração antiga e não esteja indo bem, mesmo
após as reuniões que foram feitas e registradas em ATAS, solicite uma reunião
presencial com um representante acima do preposto, da diretoria da empresa ou,
se possível, com o próprio dono, como última tentativa para se evitar um processo
administrativo sancionatório. Evidencie bem nessa reunião todos os pontos e as
dificuldades enfrentadas até aquele momento e quais serão as consequências
que a empresa sofrerá pelo não cumprimento dos deveres contratuais. Esgotadas
todas as tentativas de conciliação e solução para o problema, e caso não tenha
conseguido o êxito, o fiscal deverá adotar todas as providências administrativas
e comunicar o setor de penalidades do órgão, para que se inicie o processo
sancionatório e, nos casos mais graves, em que o gestor do contrato verifique que
não há mais condições de manter contrato com a empresa, que seja rescindido o
contrato e providenciada uma nova licitação, para uma nova contração que atenda
à Administração. Lembrando que o Interesse Público sempre tem que prevalecer
em relação ao interesse da empresa contratada.
Por outro prisma, temos que entender que o servidor público tem o dever de bem
cumprir com a sua missão e entregar um trabalho de qualidade, o qual a sociedade
cobra constantemente. Um assunto que pode ser delicado, mas necessário de ser
abordado: para se reivindicar um melhor salário, uma melhor condição ou até uma
promoção, primeiro se tem que fazer por merecer, mostrar-se capaz e interessado
em colaborar com a melhoria e eficiência do seu órgão. Como já foi falado, em
contraparte, a direção desse órgão também tem que dar o devido reconhecimento
a esse servidor e dar-lhe condições de capacitação técnica, para que cumpra bem
com a sua missão.
Art. 66. O contrato deverá ser executado fielmente pelas partes, de acordo com
as cláusulas avençadas e as normas desta Lei, respondendo cada uma pelas
consequências de sua inexecução total ou parcial.
Veja a situação do dever que cabe a ambas as partes e cujo descumprimento não
pode ficar impune pela inexecução, mesmo que parcial. Logo, o fiscal e o gestor do
contrato, ambos, têm o dever de exercer suas funções e não podem ser omissos
quanto às suas responsabilidades funcionais.
Art. 68. O contratado deve manter preposto, aceito pela Administração, no local
da obra ou serviço, para representá-lo na execução do contrato.
Esses parágrafos do art. 117 da nova Lei trouxeram um entendimento mais completo
e exato sobre o assunto, no que diz respeito aos deveres dos fiscais do contrato e
ao assessoramento necessário para a atuação dos fiscais. Como já foi dito, nem
sempre o fiscal que foi designado tem conhecimento necessário e está devidamente
capacitado para tomar as decisões, sem ouvir antes a equipe técnica e até o apoio
jurídico, inclusive para defender a Administração e responder aos questionamentos
da empresa que foi contratada. Também ressalta-se a importância da prevenção de
riscos na execução contratual.
Do art. 118 ao art. 120, praticamente repete-se o que consta na Lei nº 8.666/1993:
permanecem a exigência de apresentação de preposto, que seja aceito pela
Outro tema sensível, porém necessário de ser abordado, é a corrupção, que, tanto
quanto a má gestão, causa danos ao órgão, além de manchar a sua imagem (marca)
perante a sociedade. Nesse ponto, temos hoje mecanismos de prevenção e controle
para que isso nunca aconteça. Um trabalho que foi feito recentemente sobre esse
tema está detalhado no Programa Radar Anticorrupção, que foi conduzido pela
Subsecretaria de Conformidade e Integridade do Ministério da Infraestrutura –
SCI/MInfra, com o objetivo de aprimorar a gestão pública e dificultar os desvios de
conduta, a qual recomenda a adoção de ações voltadas ao enfrentamento de riscos
de fraudes e à supervisão de ações nos órgãos que aderirem a esse projeto.
Fica a sugestão para que todos se sensibilizem e implantem nos seus órgãos esse
tipo de programa. Com certeza isso elevará o grau de confiança da sociedade em
relação à prestação de serviço que o órgão entrega, sendo ainda que as empresas
contratadas saberão da preocupação e do tratamento que é dado a esse tema, o
que também afastará os maus intencionados.
Por fim, mesmo diante de todos os desafios e dificuldades que cada órgão enfrenta,
o servidor deve: colocar-se como peça-chave para que a gestão seja de excelência;
procurar se motivar pelo fato de ser um diferencial, para seu órgão e para a
Para tanto, serão feitos breves comentários, artigo por artigo, das medidas que
foram previstas na citada Portaria.
Art. 3º Art. 3º Estabelecer um fluxo contínuo para dirimir dúvidas dos fiscais e
gestores de contratos de serviços contínuos com regime de dedicação exclusiva
de mão de obra, nos seguintes termos:
I - o coordenador de licitações e contratos do ICMBio deverá proceder,
preferencialmente na 1ª semana de cada mês, abertura de expediente para
todos os gerentes regionais do ICMBio, para que os mesmos notifiquem todos os
fiscais e gestores de contratos em serviços contínuos com dedicação exclusiva de
mão de obra, dentro das respectivas áreas territoriais, para envio de dúvidas e
questionamentos relacionados na atuação dos referidos encargos;
II - os gerentes regionais do ICMBio deverão consolidar, preferencialmente na
última semana de cada mês, todas as dúvidas encaminhadas pelos fiscais e
gestores de contratos serviços contínuos com dedicação exclusiva de mão de
obra, para encaminhamento à PFE/ICMBio;
III - as respostas elaboradas pelos procuradores atuantes da PFE/ICMBio, por
meio de manifestações consultivas, deverão ser encaminhadas ao Coordenador
da COMAD da PFE/ICMBio, para consolidação em forma de perguntas e respostas,
e posterior encaminhamento ao coordenador de licitações e contratos do ICMBIo;
IV - recebidas, da PFE/ICMBIo, as perguntas e respostas, o coordenador de licitações
e contratos do ICMBio deverá proceder à consolidação e atualizações periódicas,
em formato sequencial, disponibilizando o material na intranet do Instituto,
e divulgando o acesso para todos os fiscais e gestores de contratos serviços
contínuos com dedicação exclusiva de mão de obra do ICMBio.
Vejamos:
Art. 12 Determinar que o ICMBio utilize, nos termos dos arts. 87 e 88, ambos da
Lei 14.133/2021, o sistema de registro cadastral unificado disponível no Portal
Nacional de Contratações Públicas (PNCP), para efeito de cadastro unificado
de licitantes, cujo registro será público e deverá ser amplamente divulgado e
estar permanentemente aberto aos interessados, com obrigatória realização de
chamamento público pela internet, no mínimo anualmente, para atualização
dos registros existentes e para ingresso de novos interessados.
Anexo III - Cartilha de orientação aos prepostos trabalhistas, elaborada pela ER-
TRAB/PRF 1 (disponível em: https://www.in.gov.br/web/dou/-/portaria-conjunta-n-
5-de-02-de-agosto-de-2022-420312620).
5 Atuação judicial
Lei nº 8.666/1993
Súmula nº 331 do TST
(revogada pela Lei nº 14.133/2021)
A nova Lei de Licitações (Lei nº 14.133/2021) veio para pôr um ponto final na questão,
na medida em que incluiu em seu texto a possibilidade de reconhecimento da
responsabilidade subsidiária da Administração em relação aos encargos trabalhistas,
incorporando a jurisprudência consolidada sobre tal matéria, condicionando tal
responsabilidade à comprovação da falha na fiscalização do cumprimento das
obrigações do contratado.
5,00%
Subtotal 25,43%
Incidência do Submódulo 2.2 sobre o pagamento de férias, 1/3
(um terço) constitucional de férias e 13º (décimo terceiro) salário*
7,39% 7,60% 7,82%
Art. 8º [...]
§ 1º Na hipótese de não ser apresentada a documentação
comprobatória do cumprimento das obrigações trabalhistas,
previdenciárias e para com o FGTS de que trata o inciso VII do
caput deste artigo, a contratante comunicará o fato à contratada
e reterá o pagamento da fatura mensal, em valor proporcional
ao inadimplemento, até que a situação esteja regularizada.
§ 2º Na hipótese prevista no § 1º e em não havendo quitação
das obrigações por parte da contratada, no prazo de até quinze
dias, a contratante poderá efetuar o pagamento das obrigações
diretamente aos empregados da contratada que tenham
participado da execução dos serviços contratados.
A diferença entre autor e réu não é necessariamente uma distinção entre quem tem
direito e quem não tem, entre o bem e o mal, entre o justo e o injusto, muitas vezes
é uma questão de quem ingressou primeiro na Justiça...
6 Certidão Explicativa
Nos casos em que sua força de trabalho foi direcionada a um terceiro – o tomador
de serviços – é comum que este seja reclamado (réu) na ação de modo subsidiário
ao empregador. Isso ocorre em face da atual redação da Súmula 331 do TST,
especialmente os itens IV, V e VI.
Para que a defesa do ente público, enquanto provável tomador dos serviços do
autor da ação, seja adequada, é necessário que o órgão de execução contenciosa
tenha conhecimento de características do contrato administrativo, do trabalho
do reclamante, das atividades de fiscalização, entre outros elementos, de modo a
demonstrar em juízo a ausência de culpa do ente público, afastando o pedido de
condenação subsidiária.
Atenção!
Se a demanda judicial for originária de contrato de empreitada de
obra, o fiscal deve deixar isso bem explícito no item 1 da Certidão.
Do mesmo modo deve ocorrer se o contrato não tiver dedicação
exclusiva de mão de obra, indicando-se também a cláusula do
termo de referência que faz menção ao fato. Se o contrato em
discussão foi cedido à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares
(EBSERH) por força de contrato de gestão, esse fato também deve
ser mencionado nesta parte da Certidão.
Neste ponto, cabe fazer alguns apontamentos muito relevantes em relação aos
contratos diversos da prestação de serviços com mão de obra exclusiva (aqueles
em que a entidade pública contrata a mão de obra e a aloca em suas dependências,
como os contratos de vigilância e limpeza), especialmente o contrato de empreitada
de obra, contratos sem dedicação exclusiva de mão de obra e contrato de cessão
de espaço público, uma vez que normalmente são tratados pelos reclamantes como
se fossem prestação de serviços com mão de obra exclusiva, o que pode induzir o
julgador ao erro.
Paraná
INSTITUTO FEDERAL DO PARANÁ
Rua Emilio Bertolini, nº 54,- Bairro Cajuru,Curitiba/PR, CEP 82920-030
Telefone: e Fax: @fax_unidade@ - http://www.ifpr.edu.br
CERTIDÃO
Processo nº 23411.002958/2021-31
Interessado: @interessados_virgula_espaco@
Caso quem está prestando os subsídios observe que o contrato pelo qual o reclamante
alega ter prestado serviços ao ente for da espécie sem dedicação exclusiva de mão
de obra, isso também deve ficar evidente na Certidão, indicando a cláusula do termo
de referência que faz menção ao fato. São espécies destes contratos aqueles de
manutenção de equipamentos, como ar condicionado, elevadores, etc.
Neste contrato, não há alocação de mão de obra exclusiva no ente público, de modo
que a prestação dos serviços ocorre por demanda e o empregado da empresa
contratada presta serviços a mais de um tomador concomitantemente.
Recomenda-se a leitura atenta dos art. 39 e art. 40, inciso III, da IN SEGES/MP nº
05/2017 e também do art.121, § 2º, da Lei nº 14.133/2021, cuja correta interpretação
é a de que apenas é exigida a fiscalização administrativa das obrigações trabalhistas
dos trabalhadores nos contratos com dedicação exclusiva de mão de obra.
Tal como ocorre nos serviços sem dedicação exclusiva de mão de obra, não há
responsabilidade do entre público concedente por eventuais irregularidades
trabalhistas cometidas pelo concessionário.
Por exemplo, se o autor alega ter trabalhado todos os dias realizando horas- extras,
ou ter trabalhado aos sábados, em domingos e feriados, deve a fiscalização informar
a jornada de trabalho, se havia previsão contratual ou necessidade de extrapolação
da jornada contratada.
No mais, havendo alegação de danos morais e assédios (moral e/ou sexual), deve ser
esclarecida a ocorrência, indicando se houve denúncia dos atos e ofensas à equipe
de fiscalização e os procedimentos adotados.
2. DO LABOR DO RECLAMANTE
O Reclamante exerceu a função d e vigilante armado, n a maior parte do t empo noturno, na
SR/DNIT-PR n a cidade d e Curitiba-PR, recebendo adicional d e periculosidade, conforme constante na
CCT da categoria. O Reclamante laborou para o DNIT-PR d o período d e 01/04/2017 a 20/05/2019, no
sistema de trabalho de 12x36 das 19:00 às 07:00, sem previsão de horas extras.
2. DO LABOR DO RECLAMANTE:
Essa é a parte mais importante da Certidão para a tese de defesa do ente público
quando estiver em análise um contrato de prestação de serviços com dedicação
exclusiva de mão de obra, uma vez que resume os principais atos de fiscalização.
Ela não precisará ser preenchida naqueles contratos em que não há exigência de
fiscalização trabalhista ou cedidos a outros (como para a EBSERH), devendo apenas
constar no item: “não se aplica ao contrato em questão”.
Exemplo 4
Exemplo 5:
3. DA FISCALIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
Anexamos ao presente processo os Relatórios de Fiscalização Administrativa, realizado pela UFPR durante a execução
contratual.
Foram apresentados ao faturamento da UFPR: cópia de folha analítica, cartão ponto e demais documentos anexos a esta
certidão.
O fiscal do contrato é o servidor _________________________, o qual fiscalizou o contrato subsidiado pela Equipe de
Apoio da CAAST/CLOG/PRA (Analistas de contratos).
Por fim, a quarta e última parte da Certidão Explicativa a ser preenchida refere-se
a outras informações relevantes que o servidor repute necessárias e que não foram
abarcadas nos campos anteriores.
Para finalizar, a Certidão Explicativa deve conter a data e o nome daquele que presta
as informações.
+ O GESTOR DO CONTRATO
É o responsável pelo gerenciamento do processo de fiscalização da execução
contratual. Cabe a ele: o acompanhamento das atividades exercidas pelos fiscais;
a instrução processual dos requerimentos da contratada e dos procedimentos
de alteração e prorrogação contratual; a adoção de providências, nos casos
de inadimplemento contratual, inclusive para instauração de procedimento
de apuração de falta contratual e de extinção dos contratos; a obediência das
+ O FISCAL ADMINISTRATIVO
É o servidor ou a unidade responsável por auxiliar o gestor do contrato na
fiscalização quanto aos aspectos administrativos da execução contratual.
+ O FISCAL SETORIAL
É aquele designado para acompanhar e fiscalizar “in loco” a execução do contrato
quanto aos aspectos técnicos e administrativos, quando a prestação dos serviços
ocorre, ao mesmo tempo, em setores distintos ou em unidades desconcentradas
do órgão.
Art. 8º [...]
§ 1º Para o exercício da função, o gestor e fiscais deverão ser cientificados,
expressamente, da indicação e respectivas atribuições antes da formalização do
ato de designação.
5.7.7. O servidor designado para exercer o encargo de fiscal não pode oferecer
recusa, porquanto não se trata de ordem ilegal. Entretanto, tem a opção de
expor ao superior hierárquico as deficiências e limitações que possam impedi-
lo de cumprir diligentemente suas obrigações. A opção que não se aceita é uma
atuação a esmo (com imprudência, negligência, omissão, ausência de cautela e
de zelo profissional), sob pena de configurar grave infração à norma legal (itens
31/3 do voto do Acórdão nº 468/2007-P).
Bem ainda, a vedação diz respeito à situação em que o agente público atua na
contratação cujo objeto seja do mesmo ramo de atividade do licitante/contratado
habitual, para configurar o conflito de interesse.
Ademais, o agente de fiscalização não pode ter atuado como pregoeiro ou membro
da comissão de licitação; e situações que caracterizem conflito de interesses.
Art. 48. Poderão ser objeto de execução por terceiros as atividades materiais
acessórias, instrumentais ou complementares aos assuntos que constituam área
de competência legal do órgão ou da entidade, vedado à Administração ou a
seus agentes, na contratação do serviço terceirizado:
I - indicar pessoas expressamente nominadas para executar direta ou
indiretamente o objeto contratado;
II - fixar salário inferior ao definido em lei ou em ato normativo a ser pago pelo
contratado;
III - estabelecer vínculo de subordinação com funcionário de empresa prestadora
de serviço terceirizado;
IV - definir forma de pagamento mediante exclusivo reembolso dos salários
pagos;
V - demandar a funcionário de empresa prestadora de serviço terceirizado a
execução de tarefas fora do escopo do objeto da contratação;
1.8. Preposto
A boa execução dos contratos depende da fiscalização eficiente e da rapidez
na comunicação entre órgão contratante e empresa contratada. Para isso, é
indispensável a existência de duas figuras, a do Fiscal de contrato, por parte do órgão,
e a do Preposto, por parte da empresa, previsto no art. 69 da Lei nº 8.666/1993, no
art. 118 da Lei nº 14.133/2021 e no art. 44 da IN SEGES/MP nº 05/2017.
+ Vedações
• A função de gestor e fiscal deve ser conferida, preferencialmente, a
servidor efetivo ou empregado público dos quadros permanentes da
Administração Pública.
• Não é permitida a indicação de servidores que sejam cônjuge ou
companheiro de licitantes ou contratados habituais da Administração;
• Não é permitida a indicação de servidores com vinculo de parentesco,
colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, ou de natureza técnica,
comercial, econômica, financeira, trabalhista e civil.
• É vedada a designação de servidor que tenha atuado como pregoeiro ou
membros da comissão de licitação; e outras situações que caracterizem
conflito de interesses.
Por isso, os fiscais deverão instruir processo de fiscalização com cópias dos
documentos essenciais da contratação, Estudos Preliminares, termos básicos e
executivos, ato convocatório e seus anexos, contrato, proposta da contratada,
garantia, quando houver, para que se apropriem de todos os aspectos que devem
orientar sua atuação.
De modo geral, pode-se reunir as atribuições dos agentes de fiscalização nas seguintes
ações: planejar, conhecer, organizar, acompanhar, intervir, refletidas, de modo
exemplificativo, nas seguintes providências a serem adotadas na periodicidade que
será tratada:
f) Declaração de Nepotismo,
b) a utilização de EPI;
Cabe o registro, de outro lado, de que o TCU já se manifestou orientando que, caso o
gestor decida pela não apuração, tal situação deve ser devidamente justificada nos
autos do processo:
A Lei nº 9.784/1999 não estipula uma dada forma (solene e rígida) do processo
administrativo, determinando apenas que sejam adotadas “formas simples,
suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos
dos administrados” (art. 2º, parágrafo único, IX).
Art. 22. Caberá ao fiscal técnico do contrato e, nos seus afastamentos e seus
impedimentos legais, ao seu substituto, em especial:
[...]
emitir notificações para a correção de rotinas ou de qualquer inexatidão ou
irregularidade constatada, com a definição de prazo para a correção;
a) as inconsistências verificadas;
A partir disso, se as correções não forem feitas ou as justificativas não forem acatadas
pelos agentes da fiscalização, tem lugar a instauração do processo administrativo
sancionador. Todos aos argumentos e documentos apresentados pelo contratado
devem ser analisados pelos fiscais, em relatório circunstanciado a ser encaminhado
ao gestor e autoridade competente para a instaurado do processo administrativo
com finalidade apuratória do descumprimento.
• A finalidade da notificação;
• Sanções correlatas;
• pessoalmente;
A notificação/intimação poderá ser enviada por via postal com aviso de recebimento
no endereço constante nos autos da constituição do crédito, bem como nos cadastros
disponíveis pela entidade.
Caso a intimação por via postal seja devolvida com a indicação “ausente”, deverá
ser feita mais uma tentativa de envio no mesmo endereço. Caso a intimação por via
postal seja devolvida com a indicação de que a entrega não foi possível ou devolvida
pela segunda vez com a informação “ausente”, o setor responsável, nesta ordem,
deverá adotar as seguintes medidas de cautela:
Art. 183. Os prazos previstos nesta Lei serão contados com exclusão do dia do
começo e inclusão do dia do vencimento e observarão as seguintes disposições:
[...]
§ 2º Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil seguinte se o
vencimento cair em dia em que não houver expediente, se o expediente for
encerrado antes da hora normal ou se houver indisponibilidade da comunicação
eletrônica.
Nesse sentido, o artigo 5º, inciso LI, da Constituição Federal assegura aos litigantes,
em processo judicial ou administrativo, “o contraditório e ampla defesa, com os meios
e recursos a ela inerentes”. Isso porque, em um Estado Democrático de Direito,
consubstanciado no art. 1º da Constituição Federal, não basta a autorização para a
atuação estatal, mas esta deve ocorrer dentro - apenas - dos limites legais.
Art. 68. As sanções, a serem aplicadas por autoridade competente, terão natureza
pecuniária ou consistirão em obrigação de fazer ou de não fazer, assegurado
sempre o direito de defesa.
Na hipótese de não acolhimento das razões de defesa apresentadas, deve ser emitido
relatório de conclusão da instrução favorável à aplicação de sanção administrativa,
contendo, no mínimo, a exposição resumida dos fatos alegados pela licitante/
adjudicatária/fornecedora/contratada, a análise da argumentação da defesa,
abrangendo cada ponto levantado, acatando-o ou não, a subsunção do fato à sanção
editalícia ou contratual e os dispositivos legais que fundamentam a conclusão.
Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever
atribuído ao órgão para a instrução. Quando o interessado declarar que fatos e
dados estão registrados em documentos existentes no próprio órgão, este proverá,
de ofício, a obtenção dos documentos ou das respectivas cópias.
Art. 166. Da aplicação das sanções previstas nos incisos I, II e III do caput do art.
156 desta Lei caberá recurso no prazo de 15 (quinze) dias úteis, contado da data
da intimação.
Os prazos para recurso sob a égide da Lei nº 8.666/1993 são menores e distintos,
a depender da sanção aplicada, de modo que se recomenda, a exemplo do prazo
para a defesa, a unificação em prazo único de 15 (quinze) dias, independentemente
da lei de regência, para padronizar a atuação administrativa, ampliando, ao mesmo
tempo, o direito de defesa, sem colidência, portanto, com a ordem legal incidente.
O recurso será dirigido à autoridade superior, por intermédio da que praticou o ato
recorrido, a qual poderá reconsiderar sua decisão, no prazo de 5 (cinco) dias úteis,
ou, nesse mesmo prazo, encaminhá-lo à autoridade competente.
Preceitua o art. 109, § 2º, da Lei nº 8.666/1993 que os recursos contra decisão de
habilitação ou inabilitação do licitante e de julgamento das propostas terão efeito
suspensivo, podendo a autoridade competente, motivadamente e presentes razões de
interesse público, atribuir ao recurso interposto eficácia suspensiva aos demais recursos.
2.7. Prazos
Anote-se que a garantia contratual, prevista no art. 56, § 1º, da Lei nº 8.666/1993,
e no art. 96, § 1º, da Lei nº 14.133/2021, visa ao cumprimento das obrigações
assumidas durante a execução dos contratos de obras, serviços e compras, podendo
ser prestada sob as modalidades de seguro-garantia e fiança bancária emitida por
banco ou instituição financeira devidamente autorizada a operar no País pelo Banco
Central do Brasil, caução em dinheiro ou títulos da dívida pública.
Unidade 1 – Seguro-Garantia
1.1.1. Introdução
O Seguro-Garantia é o seguro que garante o fiel cumprimento das obrigações
contraídas pelo tomador junto ao segurado em contratos privados ou públicos, bem
como em licitações. O Seguro-Garantia deve evitar as obrigações simplesmente de
pagamento. Estas são conhecidas como garantias financeiras e dificilmente obtêm
cobertura no mercado de seguros.
+ Tomador
Pessoa jurídica ou pessoa física (pouco usual) que assume com o segurado a
tarefa de construir, fornecer bens ou prestar serviços, por meio de um contrato
contendo as obrigações estabelecidas. Ao mesmo tempo, torna-se cliente
+ Segurado
Pessoa física ou jurídica contratante da operação.
+ Segurador
Quem garante o contrato ou o edital de concorrência.
1.1.2. Modalidades
Î Seguro-Garantia do Concorrente (SG-C)
Exemplo 1:
Exemplo 2:
Exemplo 3:
Exemplo 4:
+ Seguro-Garantia Aduaneiro
Exemplo 5:
O valor da garantia é o valor máximo garantido pela apólice (LMG). Este valor é
definido pelo segurado.
Exemplo: não pagamento do segurado ao tomador dos valores por ele devidos, de
acordo com o cronograma financeiro pactuado no objeto principal.
Poderá ser o prêmio fracionado conforme definido nos critérios da IRB Brasil Re.
3,50
Bilhões
3,00
2,50
2,00
1,50
1,00
0,50
0,00
2016 2017 2018 2019 2020 2021
500
M ilhões
400
300
200
100
0
2016 2017 2018 2019 2020 2021
1.1. Introdução
Para o nosso estudo, merece destaque a multa, que é uma sanção administrativa de
natureza pecuniária, e sua aplicação se dará na gradação prevista no instrumento
convocatório ou no contrato, quando houver atraso injustificado no cumprimento
da obrigação contratual, ou em decorrência da inexecução parcial ou total do objeto
da contratação.
Nesse sentido, a própria Lei nº 9.784/1999 diz que: “Art. 45. Em caso de risco iminente,
a Administração Pública poderá motivadamente adotar providências acauteladoras
sem a prévia manifestação do interessado”.
É importante frisar que uma medida acautelatória ou preventiva somente poderá ser
convertida em sanção administrativa se ficar comprovado que o acusado cometeu
a infração administrativa, mediante apuração regular em processo administrativo,
com as garantias do contraditório e da ampla defesa.
Art. 166. Da aplicação das sanções previstas nos incisos I, II e III do caput do art.
156 desta Lei caberá recurso no prazo de 15 (quinze) dias úteis, contado da data
da intimação.
Parágrafo único. O recurso de que trata o caput deste artigo será dirigido à
autoridade que tiver proferido a decisão recorrida, que, se não a reconsiderar
no prazo de 5 (cinco) dias úteis, encaminhará o recurso com sua motivação à
autoridade superior, a qual deverá proferir sua decisão no prazo máximo de 20
(vinte) dias úteis, contado do recebimento dos autos.
[...]
Art. 168. O recurso e o pedido de reconsideração terão efeito suspensivo do ato ou
da decisão recorrida até que sobrevenha decisão final da autoridade competente.
Parágrafo único. Na elaboração de suas decisões, a autoridade competente será
auxiliada pelo órgão de assessoramento jurídico, que deverá dirimir dúvidas e
subsidiá-la com as informações necessárias.
FERRAZ, Sérgio; DALLARI, Adilson Abreu. Processo administrativo. 2. ed. São Paulo:
Malheiros Editores, 2007. p. 90-91.
RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Direito empresarial: volume único. 10. ed. Rio de
Janeiro: Forense: 2020. p. 563 e 564.