Relatorio Dissertacao Mestrado 180335012 CarlaBarroso PDF

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CARLA CRISTINA CONCEÇÕES E PERSPETIVAS

CARNEIRO FERNANDES SOBRE A AVALIAÇÃO


BARROSO DAS APRENDIZAGENS DOS ALUNOS
NA DISCIPLINA DE FÍSICO-QUÍMICA
DO ENSINO BÁSICO

Relatório de Dissertação do Mestrado


em Gestão e Administração de Escolas

ORIENTADOR
Professor Doutor, Jorge Pinto

Setembro de 2021
CARLA CRISTINA CONCEÇÕES E PERSPETIVAS
CARNEIRO FERNANDES SOBRE A AVALIAÇÃO
BARROSO DAS APRENDIZAGENS DOS ALUNOS
NA DISCIPLINA DE FÍSICO-QUÍMICA
DO ENSINO BÁSICO

JÚRI

Presidente: Professor Adjunto Agostinho Manuel de


Inácio Bucha, ESCE-IPS
Orientador: Professor Coordenador Jorge Manuel
Bento Pinto, ESE-IPS
Vogal Arguente Principal: Professor Adjunto Rodrigo
Teixeira Lourenço, ESTS-IPS

Setembro de 2021

i
À Mariana,
pela presença, incentivo e apoio em todos os momentos.
Obrigada, filha.

ii
Se voltar aos seus tempos de escola, lembrar-se-á da excitação (ou
ansiedade) devida à espera dos resultados de um teste ou das notas finais
na pauta. (…) “Qu’é que tive?” Também se lembrará (…) de outra das
perguntas preferidas dos estudantes: “Vai sair no teste?” Estas perguntas
e a emoção por detrás delas realçam o importante papel da avaliação na
vida dos alunos.

Arends, 1995, p. 227

Não abandoneis as tarefas educativas mais importantes para correr atrás


das que são mais facilmente avaliáveis.

Jean Piaget

A avaliação escolar hoje só faz sentido se tiver o intuito de buscar


caminhos para melhorar a aprendizagem.

Jussara Hoffmann

iii
Agradecimentos

Agradeço, em primeiro, ao Professor Doutor Jorge Pinto, meu orientador, pela


sua disponibilidade, pelo seu feedback positivo, decisivo e motivador, deixando-me à
vontade para que a realização deste trabalho fosse sendo construída de acordo com o
meu próprio ritmo.
A todos os professores do curso de mestrado, pelos conhecimentos e
competências transmitidos ao longo deste percurso académico, que culminaram na
elaboração desta dissertação.
A minha gratidão a todos os colegas participantes neste estudo, pela
amabilidade que demonstraram e pelos contributos imprescindíveis ao sucesso deste
trabalho.
À Direção do Colégio Laura Vicunha o meu sincero obrigado, pela abertura,
compreensão e apoio, que possibilitou a concretização deste objetivo.
Agradeço profundamente aos meus filhos e marido, cuja compreensão e
encorajamento no decorrer deste percurso, se mostraram inestimáveis nas horas que
deixámos de partilhar.
A todos aqueles que, de alguma forma, me apoiaram, motivaram e tornaram
mais claro o meu caminho, um grande bem hajam.

iv
RESUMO

A presente investigação tem como objetivo tomar conhecimento da perceção


que sete professores de Físico-Química possuem acerca da avaliação. Para a
realização deste estudo recorreu-se à metodologia de investigação qualitativa do tipo
interpretativo. Assim sendo, procedeu-se à realização de entrevistas aos sete
docentes que lecionam a disciplina de Físico-Química no 3.º Ciclo do Ensino Básico,
em dois agrupamentos de escolas distintos: quatro professores ensinam num
agrupamento de escolas do distrito de Évora, concelho de Vendas Novas; três
ensinam num agrupamento de escolas que se localiza no distrito de Setúbal, concelho
de Montijo. Procurámos, então, conhecer as conceções e perceções dos professores
de Físico-Química acerca do uso da avaliação, e associá-las à modalidade de
avaliação mais usada e/ou privilegiada em sala de aula, analisando se se aproxima ou
se afasta de uma avaliação formadora, construtiva, relacional e reguladora, ou
classificadora.
O nosso estudo baseou-se em dados empíricos recolhidos através das
entrevistas individuais semiestruturadas efetuadas por videoconferência via plataforma
Zoom, devido à situação pandémica de Covid19 que surgiu ano letivo 2019/2020.
Deste modo, adotámos uma linha metodológica inspirada num estudo de caso.
A partir da análise de conteúdo dos dados das entrevistas foi possível constatar
que grande parte dos professores realiza a avaliação (trimestral) com recurso a
questões de aula, a relatórios das atividades experimentais, que consideram
instrumentos avaliativos para avaliação formativa, assim como, recorrem a fichas,
testes e planeamento das atividades tendo em conta as aprendizagens essenciais.
Também se verificou que a avaliação sumativa é praticada pela totalidade dos
professores e que a maioria avalia para verificar a aquisição de conhecimentos.
Todavia, os docentes preocupam-se em analisar os resultados obtidos com os seus
alunos, de modo a refletir sobre possíveis lacunas e a transmitir o seu feedback de
forma consistente, durante as aulas ou após os momentos de avaliação. Por fim,
evidencia-se o reconhecimento de áreas fortes e a identificação de oportunidades de
melhoria da prática e apoio pedagógico, nomeadamente através da possibilidade de
formação contínua específica que vise a melhoria dos resultados e das aprendizagens
dos alunos.

Palavras-chave: aprendizagem, avaliação das aprendizagens em Físico-Química,


conceções sobre avaliação das aprendizagens, formação

v
ABSTRACT

The present investigation aims to understand the perception that seven


teachers of Physics and Chemistry have about assessment. In order to carry out this
study, we used the qualitative research methodology of the interpretative type.
Therefore, interviews were carried out with the seven teachers who teach the subject
of Physics and Chemistry in the 3rd Cycle of Primary Education, in two different school
groupings: four teachers teach in a group of schools in the Évora district, Vendas
Novas municipality; three teach in a group of schools located in the district of Setúbal,
municipality of Montijo. We then sought to know the conceptions and perceptions of
Physics and Chemistry teachers about the use of assessment, and associate them
with the most used and/or privileged type of assessment in the classroom, analysing
whether it approaches or moves away from a formative, constructive, relational and
regulatory assessment, or a classifying one.
Our study was based on empirical data collected through individual semi-
structured interviews carried out by videoconferencing via Zoom platform, due to the
Covid 19 pandemic situation, which emerged in the 2019/2020 school year. Thus, we
adopted a methodological approach inspired by a case study.
From the content analysis of the data from the interview, it was possible to
verify that most teachers carry out the (quarterly) evaluation using class questions,
reporting experimental activities as evaluative tools, which they consider to be using as
formative assessment, as well as resorting to forms, tests and planning of activities
taking into account the essential learning. It was also found that summative
assessment is practiced by all teachers and that most of them evaluates to verify the
acquisition of knowledge. However, teachers are concerned with analysing the results
obtained with their students, in order to reflect on possible gaps and transmit their
feedback consistently, during classes or after evaluation moments. Finally, it highlights
the recognition of strong areas and the identification of opportunities to improve the
practice and pedagogical support, namely through the possibility of specific continuous
training aimed at improving the results and learning of students.

Keywords: learning, assessment of learning in Physical Chemistry, concepts of


assessment of learning, training

vi
ÍNDICE

Índice de quadros

Agradecimentos ................................................................................................ IV

Resumo .............................................................................................................. V

Abstract ............................................................................................................. VI

ÍNDICE .......................................................................................................................VII

CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO ...................................................................................... 1

CAPÍTULO II – REVISÃO DA LITERATURA ............................................................... 6

DA AVALIAÇÃO DAS APRENDIZAGENS – DIGRESSÃO PELO CONCEITO ....................... 6

Da avaliação sumativa ......................................................................................... 10


Da avaliação formativa ........................................................................................ 10
Feedback como núcleo central da avaliação formativa ........................................ 12
Para uma integração da função formativa e sumativa da avaliação ..................... 14
A IMPLEMENTAÇÃO DOS PROCESSOS DE AVALIAÇÃO – DA TEORIA À PRÁTICA .........15

Instrumentos de avaliação ................................................................................... 17


Critérios de avaliação .......................................................................................... 19
O PAPEL DA ESCOLA NA GESTÃO DAS PRÁTICAS AVALIATIVAS ................................ 21

SINGULARIDADE DA DISCIPLINA DE FÍSICO-QUÍMICA ..............................................24

CAPÍTULO III - METODOLOGIA................................................................................ 27

OPÇÕES METODOLÓGICAS .................................................................................27

TIPO DE ESTUDO ............................................................................................... 29

TÉCNICAS DE RECOLHA DE DADOS - INQUÉRITO POR ENTREVISTA .......................... 30

TÉCNICAS DE ANÁLISE DE DADOS .......................................................................33

vii
CAPÍTULO IV – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ................................. 36

CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES ............................................................... 36

DIMENSÕES DO CAMINHO AVALIATIVO .................................................................37


Dimensão 1 – Conceito de avaliação na opinião dos docentes............................ 38
Dimensão 2 - Função da avaliação nos processos de ensino e aprendizagem ... 39
Dimensão 3 – Modalidade(s) de avaliação preferida(s) pelos docentes ............... 40
Dimensão 4 - Autoavaliação dos alunos .............................................................. 41
Dimensão 5 - A função do aluno e do professor face à avaliação ........................ 43
Dimensão 6 - Instrumentos de avaliação ............................................................. 45
Dimensão 7 - Planificação de atividades ............................................................. 46
Dimensão 8 - Critérios de avaliação .................................................................... 48
Dimensão 9 - Feedback ao resultado da avaliação do aluno ............................... 50
Dimensão 10 - A especificidade da avaliação na disciplina de Físico-Química .... 51
Dimensão 11 – Melhorias na avaliação da disciplina de Físico-Química ............. 52

CAPÍTULO V – CONCLUSÃO E INVESTIGAÇÃO FUTURA ..................................... 54

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................... 59

ANEXOS .................................................................................................................... 71

ANEXO I - GUIÃO DE ENTREVISTA ....................................................................... 72


ANEXO II – ENTREVISTAS AOS PROFESSORES ................................................. 73

viii
ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1: Modelo de tipologia em entrevista


Quadro 2: Dimensões de análise
Quadro 3: Caracterização académica e profissional dos entrevistados
Quadro 4: Categorias, subcategorias e unidades de registo referentes à dimensão
conceito de avaliação
Quadro 5: Categorias, subcategorias e unidades de registo referentes à dimensão
propósito e função da avaliação
Quadro 6: Categorias, subcategorias e unidades de registo referentes à dimensão
modalidade de avaliação preferida
Quadro 7: Categorias, subcategorias e unidades de registo referentes à dimensão
autoavaliação
Quadro 8: Categorias, subcategorias e unidades de registo referentes à dimensão
função do aluno e do professor face à avaliação
Quadro 9: Categorias, subcategorias e unidades de registo referentes à dimensão
instrumentos de avaliação
Quadro 10: Categorias, subcategorias e unidades de registo referentes à dimensão
planificação de atividades
Quadro 11: Categorias, subcategorias e unidades de registo referentes à dimensão
critérios de avaliação
Quadro 12: Categorias, subcategorias e unidades de registo referentes à dimensão
feedback ao resultado da avaliação do aluno
Quadro 13: Categorias, subcategorias e unidades de registo referentes à dimensão
especificidade da avaliação na disciplina de Físico-Química
Quadro 14: Categorias, subcategorias e unidades de registo referentes à dimensão
melhorias na avaliação da disciplina de Físico-Química

ix
Capítulo I

INTRODUÇÃO

(…) a avaliação não é uma medida, mas uma construção social sobre
um desempenho (…) onde a comunicação desempenha um elemento
fundamental.
Santos & Pinto (2018)

O tema escolhido para a realização desta investigação surgiu de preocupações no


exercício da função docente relacionada com a prática avaliativa. É neste percurso de
inquietações que estudamos a temática da avaliação, provavelmente uma das componentes
mais delicadas no processo de ensino e aprendizagem. E, nesta linha de pensamento,
abordar a avaliação passa por entrar num mundo, onde existem diversas respostas
dependentes do contexto onde esta se encontra inserida (Valadares & Graça, 1998).
Numa conjuntura de frequentes mudanças entre Metas Curriculares, Aprendizagens
Essenciais, Flexibilidade Curricular e Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória
pretende-se com este estudo indagar, identificar e caracterizar as práticas de avaliação dos
docentes de Físico-Química do 3.º Ciclo do ensino Básico. Importa, ainda, concluir se estes
percebem as suas práticas de avaliação como promotoras da aprendizagem dos alunos,
tentando assim contribuir para a melhoria e inovação das práticas atuais.
A avaliação assume esta dupla função de elemento integrante do currículo e da
prática pedagógica, contribuindo para a melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem
e, enquanto elemento de certificação das aprendizagens realizadas e das competências
desenvolvidas, concorre para a confiança social no funcionamento do sistema educativo
(Cid & Fialho, 2011). A exigência da certificação e o caráter administrativo que a avaliação
tem assumido criaram uma representação social, de tal forma enraizada na tradição escolar,
que a implementação de novas formas de avaliação colide, sistematicamente, com as
práticas tradicionais centradas na avaliação de conhecimentos de caráter sumativo. Acresce
que a avaliação para as aprendizagens, apesar de consagrada nos documentos legais
orientadores do Ensino Básico e Secundário desde os anos noventa do século passado, não
tem conseguido implantar-se de forma sustentada e fundamentada no sistema educativo
português. É, por isso, fundamental que a avaliação seja entendida como estando ao
serviço das aprendizagens, e que seja valorizada pelos órgãos de gestão pedagógica das
escolas e integrada nos projetos curriculares (ibid.).
1
Segundo Fernandes (2005) e Pinto e Santos (2006), o objeto de avaliação deve
influenciar positivamente o ensino e a aprendizagem, em particular as Ciências, isto é, deve
ter um fim formativo. Deve, também, encorajar os professores e os alunos a incidir nos
aspetos mais importantes da aprendizagem e em atividades relacionadas com o
desenvolvimento de competências de diferentes domínios do currículo das Ciências,
incentivando a criatividade e a inovação e proporcionando um conhecimento mais
avançado, inovador e sustentável. A avaliação formativa deve ser a principal modalidade de
avaliação1, pois integra o processo de ensino e de aprendizagem, e fundamenta o seu
desenvolvimento, ou seja, é orientada para a regulação contínua e sistemática das
aprendizagens, muito mais do que para a classificação dos alunos. Para além disso, o
processo avaliativo inscreve-se numa dinâmica de ação em que os seus intervenientes se
preocupam com aspetos referentes à adequação, eficácia e o significado das ações
decorrentes das decisões ou julgamentos avaliativos (Pinto & Santos, 2006). Isto significa
que existe uma preocupação em verificar constantemente se as dinâmicas de ação e as
dinâmicas avaliativas respeitam as atuais recomendações do programa, e se respondem às
necessidades dos alunos. Apesar de todas as iniciativas, verifica-se uma permanente e
crescente taxa de insucesso escolar na disciplina de Físico-Química, como se constata pela
análise dos resultados das provas de exames nacionais do quatriénio 2014-2018 publicado
pela DGEEC - Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência2, onde se observa uma
taxa média de insucesso de quarenta e sete vírgula quatro por cento (47,4%). Esta
incapacidade de o professor conseguir levar o aluno a atingir os objetivos globais definidos
para cada ciclo de estudos3 decorre certamente de múltiplos fatores, como sejam, as
realidades socioculturais de origem, dos programas e sua articulação e das suas práticas
educativas, em particular as de avaliação. Assim sendo, importará indagar os docentes,
enquanto intervenientes diretos no ato educativo, sobre as suas práticas de avaliação,
tentando das suas respostas retirar informações relevantes, sendo esse um dos propósitos
primeiros deste trabalho. Assim, construiu-se um questionário que pretende identificar e
clarificar as conceções que os professores têm sobre a avaliação das aprendizagens,
nomeadamente o conceito, alvo, especificidades, instrumentos e critérios da avaliação,

1 Documentos oficiais da Direção Geral da Educação tais como Decreto-Lei n.º 139/2012, de 5 de julho,
Despacho normativo nº1-F/2016, de 5 de abril, Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória,
homologado pelo Despacho n.º 6478/2017, 26 de julho; Decreto-Lei n.º 54/2018, de 6 de julho; Decreto-Lei n.º
55/2018, de 6 de julho; Orientações Curriculares do Ensino Básico e Aprendizagens Essenciais referentes ao
Ensino Básico homologadas pelo despacho n.º 6944-A/2018, de 19 de julho.

2DGEEC – Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência. Consultado a 22/01/2020 e disponível em


http://www.dgeec.mec.pt/np4/441/%7B$clientServletPath%7D/?newsId=982&fileName=PrincipaisIndicadoresProvasFinais
ExamesN.pdf

3Eurydice, 2019. Reformas em curso e Desenvolvimentos Políticos. Consultado em 22/01/2020 e disponível em


https://eacea.ec.europa.eu/national-policies/eurydice/content/ongoing-reforms-and-policy-developments-53_pt-pt
2
assim como recolher sugestões que em sua opinião poderiam contribuir para a melhoria de
resultados. Normalmente, as causas do insucesso são atribuídas ao aluno. No entanto,
importa desenvolver novos olhares sobre as práticas geradoras de aprendizagem, as quais
não só exigem uma intencionalidade diferente por parte dos professores, mas também
impõem procedimentos, técnicas e instrumentos de avaliação diversificados, abrangentes,
consistentes e fundamentados, que tenham em conta o domínio cognitivo, os
comportamentos, as capacidades e as atitudes.
Ora, um dos grandes consensos da pedagogia na atualidade, é que o ensino deve
ter como meta o desenvolvimento de competências que levem os alunos a “aprender a
aprender”4, a saber cada vez mais e melhor, sendo responsáveis pelo progresso das suas
aprendizagens. Nesse contexto, importa regular o ensino em função dos resultados da
avaliação e direcioná-lo para a meta-aprendizagem, ajudando o aluno a antecipar as suas
dificuldades presentes e as que vai encontrar no seu processo de aprendizagem ao longo
da vida.
Reconhecendo que o professor desempenha um papel fundamental na redução do
insucesso, pois é o mediador entre o conhecimento e o aluno, Thompson (1992), considera
o professor como o sustentáculo de articulação de qualquer estratégia utilizada para reduzir
o insucesso escolar. O que o professor faz na sala de aula é o principal fator que determina
a aprendizagem e o sucesso dos alunos, Hattie (2012). Como tais práticas não se alteram
só por legislação, torna-se indispensável um trabalho profundo e empenhado por parte dos
docentes para as transformar de forma consistente e generalizada. Mas, para tal, é
necessário que, tanto os docentes como os diretores das escolas, reformulem as suas
conceções sobre a avaliação, considerando que esta tem um papel decisivo na
aprendizagem (Earl, 2013) e, consequentemente, na prevenção do insucesso (Grácio,
1995). Apesar das reformas educativas que, no nosso país, foram conferindo à avaliação
formativa um lugar central no Ensino Básico, reconhece-se que, por vezes, não será fácil
levá-la à prática devido, por exemplo, à falta de formação dos professores nesta área, ao
elevado número de alunos por turma, ao “peso” das classificações finais e da avaliação
externa. Assim, consequentemente se perderá de vista um dos principais propósitos da
avaliação: melhorar a qualidade das aprendizagens e do ensino.
Ora, é pelo facto de considerarmos a necessidade de existir uma boa articulação
entre as avaliações sumativa e formativa, que este estudo tem como objetivo central
aquilatar a perceção que os professores possuem acerca da avaliação na área da Físico-
Química, identificando as práticas dominantes e tentando descortinar alguma relação entre
estas e o mediano desempenho que os alunos evidenciam.

4 Conceito fundamentado na teoria psicológica e epistemológica construtivista de Jean Piaget. Sobre os


fundamentos teóricos do construtivismo ver (Dagar & Yadav, 2016).
3
É neste contexto que, a eventual existência de um défice de avaliação formativa,
num dado sistema de ensino e numa dada disciplina, pode ser uma explicação para a
existência de resultados menos conseguidos, vulgo, insucesso escolar. Em Portugal, os
resultados da disciplina de Físico-Química, no 7º, 8º e 9º ano não tem sido brilhantes, só
sendo suplantados em pior desempenho pelas disciplinas de Matemática e de Português5 .
Assim, será útil tentar descortinar algumas razões plausíveis que justifiquem a ocorrência
de tal situação:
1. Existirá défice de avaliação formativa nas práticas pedagógicas?
2. A existir, tal decorre da conceção que a maioria dos professores tem do que deve
ser a avaliação?
3. Na hipótese de a causa de tal défice ser a conceção que os docentes têm da
avaliação, existirá um problema de formação pedagógica dos próprios docentes que
importa solucionar?
4. Se, ao invés, o défice não decorrer de uma opção dos professores, assente nas
suas conceções, que fatores os impedem de, na prática e no terreno, implementarem um
tipo de avaliação em que acreditam e pela qual pugnam?
É, na tentativa de responder ao leque de questões acima elencadas, que iremos
direcionar a nossa investigação. Tendo conhecimento da legislação pretende-se, com este
estudo, conhecer o significado, para os professores, do conceito de avaliação e refletir
sobre a “forma de avaliar” a aprendizagem dos alunos, “como” avaliar e “com que
finalidade”.
Assim, considerámos como necessário elencar os seguintes objetivos instrumentais
para tentar responder ao leque de itens que atrás enunciámos:
a) compreender as perceções dos professores de Físico-Química do Ensino Básico
sobre avaliação;
a.1) detetar a perceção dos professores sobre a avaliação formativa;
a.2) mostrar a perceção dos professores sobre a avaliação sumativa;
b) considerar a modalidade de avaliação que os professores de Físico-Química do
Ensino Básico usam com mais frequência, atendendo à especificidade da disciplina;
c) reconhecer as propostas de melhoria da avaliação apresentadas pelos
professores da disciplina de Físico-Química do Ensino Básico.
Alcançar tais objetivos passa, assim, por ver esclarecidas as seguintes questões:
1. Qual a perceção que os professores têm sobre avaliação?

5 No período de 2011 a 2016, a percentagem de notas negativas, na disciplina e nesse ciclo de estudos,
ultrapassou sempre os 10%, e a percentagem de alunos com classificação de 4 ou 5 andou apenas à volta de
30% (Direcção-Geral de Estatísticas de Educação e Ciência, 2018).
4
2. Qual a modalidade de avaliação que usam com mais frequência os professores de
Físico-Química do Ensino Básico?
3. Que propostas apresentam para o melhoramento da avaliação na disciplina de
Físico-Química do Ensino Básico?

De forma a proceder à recolha de dados, e poder responder às questões elencadas,


foi elaborada uma entrevista semiestruturada que foi apresentada a docentes da disciplina
de Físico-Química do Ensino Básico - 7º, 8º e 9º anos de escolaridade. Mediante o contacto
direto com os professores pretendeu-se tomar conhecimento da realidade, das suas
opiniões e dificuldades.
Assim, o nosso trabalho estruturar-se-á em cinco capítulos sequenciados. Em
primeira linha apresentamos o capítulo I, com uma breve introdução ao estudo e os seus
principais objetivos. De seguida, no capítulo II, expomos a revisão da literatura relativa à
aprendizagem e aos processos de avaliação em genérico, especificidades, instrumentos,
critérios e dificuldades de implementação, particularizando posteriormente os conceitos na
sua aplicação singular à Físico-Química.
No capítulo III, discutimos a metodologia utilizada, justificando as nossas opções em
função dos objetivos que pretendemos alcançar e das perguntas a que pretendemos
responder.
No capítulo IV, são analisados os dados obtidos através das entrevistas realizadas e
posteriormente discutidos os resultados. Terminamos, no capítulo V, tecendo as nossas
conclusões e a sua articulação com a investigação de pares

5
Capítulo II

REVISÃO DA LITERATURA

(…) quanto mais penetramos no domínio da avaliação, mais tomamos


consciência do caráter enciclopédico da nossa ignorância e cada vez mais
pomos em causa as nossas certezas. Cada tema arrasta outro consigo,
cada árvore oculta outra árvore, e a floresta afigura-se-nos sem fim.

Cardinet (1993)

DA AVALIAÇÃO DAS APRENDIZAGENS – DIGRESSÃO PELO CONCEITO

Atualmente, ao analisar-se o conceito de avaliação vemo-nos confrontados com a


utilização de uma pluralidade de termos, como seja julgar, verificar, medir, comparar ou
interpretar, entre outros. Esta diversidade de vocábulos foi-se afastando da característica
essencial de quantificação e objetividade, entendendo mesmo alguns que a avaliação em
educação é uma atividade subjetiva – ainda que não arbitrária -, envolvendo mais do que
medir e formular juízos acerca do valor de um dado item, e mensurando esse valor de
acordo com determinados critérios.
Ora, não é possível operacionalizar, hoje em dia, qualquer teoria da aprendizagem
sem ter em conta que a educação tem uma centralidade decisiva na política das nações
porque, internacionalmente, um alto padrão educacional é considerado um fator-chave para
o desenvolvimento social, económico e de bem-estar. No entanto, não é a educação, mas a
aprendizagem que é decisiva, pelo que mais educação não resulta automaticamente em
mais e melhor aprendizagem (Illeris, 2018, p. 98). Assim sendo, avaliar as aprendizagens
passa necessariamente pela avaliação do sistema de ensino a quem são acometidas em
grau elevado – ainda que não exclusivo -, as funções educacionais. Contudo, a existência
de um consenso amplo sobre tal constatação é relativamente recente, como veremos mais à
frente.
É que, sendo os seres humanos, pessoas condenadas a aprender, através de uma
dada mediação instrumental de processos mentais, as primeiras teorias da aprendizagem6

6Apesar de não as pretendermos discutir em detalhe identificam-se, na primeira metade do século XX, quatro
teorias principais da aprendizagem e duas acessórias, ancoradas respetivamente nos seguintes corpos teóricos:
6
resultaram de elaborações da psicologia, da sociologia, da biologia, e mesmo de estudos
sobre as funcionalidades cerebrais. Assim, tendo em conta a multiplicidade de áreas do
saber que se empenharam no estudo do fenómeno da aprendizagem, pode concluir-se que
tal fenómeno só pode ser plenamente explicado numa perspetiva multidisciplinar,
confluência de fatores psicológicos e físicos em diálogo permanente com fatores sociais,
porque não se aprende sem interação com o meio circundante, seja este um mero cenário
natural, seja este uma qualquer realidade, intencional e socialmente construída, como é o
caso da escola e do sistema de ensino institucionalizado. Tal confluência implica que:
Toda a aprendizagem compreende sempre três dimensões: a dimensão do
conteúdo, que é geralmente - mas nem sempre -, cognitiva; a dimensão do
incentivo, que abarca o empenhamento, o interesse, a motivação e que é
principalmente emocional; e a dimensão da interação, que é social e que
pode ter várias camadas, que vão desde a situação imediata, local,
institucional, ambiental, nacional e outras condições do contexto global em
geral (Illeris, 2018, p. 96).
Num primeiro momento, a avaliação tradicional servia unicamente para medir,
classificar, selecionar os indivíduos, surgindo, desse modo, ligada a um tipo de análise
essencialmente quantitativa e ancorada teoricamente no paradigma positivista. Sem
pretender esgotar esta temática, julga-se ser pertinente referir, em cronologia, alguns
contributos importantes para a formulação do conceito.
Assim, iniciamos a nossa digressão pela conceção de aprendizagem e de avaliação
desenvolvida por Tyler, nos anos 1930-1940. Tyler foi um precursor da pedagogia por
objetivos e da avaliação educacional, que viria mais tarde a influenciar todas as práticas de
avaliação. Seguidor da teoria behaviorista e neo-behaviorista da aprendizagem, Tyler e os
seus continuadores criaram um modelo de avaliação por objetivos, baseado numa
permanente comparação dos resultados de aprendizagem face a objetivos comportamentais
preconizados na planificação inicial do ensino, sem esquecer a globalização do processo, e
focalizando apenas a aprendizagem e os alunos (Popham, 2011). Perante esta atitude,
considerava-se serem os desempenhos a avaliar nos alunos - no final do programa
educativo -, a prova de que o currículo tinha atingido - ou não -, os seus objetivos. A
avaliação era tida, assim, como uma avaliação de comportamentos em confronto com os
objetivos estabelecidos a curto prazo, em virtude de serem os mais fáceis de operacionalizar
e de observar. Neste contexto, a avaliação servia para “medir” produtos de aprendizagem.

1) na psicologia gestalt alemã; 2) no behaviorismo americano; 3) na teoria histórico-cultural russa; 4) no


construtivismo de Piaget; 5) no conceito e na prática da psicanálise de Sigmund Freud; 6) nos trabalhos de John
Dewey sobre escolaridade e pedagogia. (Illeris, 2018).
7
Contudo, foi precisamente no contexto da dimensão da interação - que toda a ação
de aprendizagem encerra -, que a problemática da avaliação passou, a partir do início dos
anos 70 do século passado, a merecer particular atenção das investigações sobre
aprendizagem. Podemos enumerar três razões principais para justificar tal ocorrência:
1. O desenvolvimento das economias - e do quadro tecnológico associado -, que
passou a exigir crescentes níveis de formação e educação nos mercados de
trabalho.
2. O consequente acréscimo de investimento dos governos nos sistemas de ensino e
a decorrente necessidade de avaliar resultados e, em função deles, poderem ser
implementadas reformas direcionadas para a melhoria da eficiência.
3. A necessidade de operacionalizar os modelos explicativos propostos pelas teorias
da aprendizagem, dotando-os de uma métrica capaz de os validar em termos
empíricos e, a partir daí, identificar na tríade de dimensões acima referida –
conteúdo, incentivo e interação -, as causas de resultados menos conseguidos.
Em consequência, começam-se a pôr em causa as perspetivas anteriores. Com
efeito, criticam-se as teorias que dão ênfase aos resultados a obter - subordinando e
fragmentando os processos educativos -, e também aquelas que ignoram a dimensão global
do aluno e a sua formação integral. Nesse contexto, e como resposta a essas críticas,
surgem novas formulações que, dando relevo ao papel social da educação e à participação
da escola na mudança, defendem uma perspetiva holística que aproxima a avaliação das
realidades socioculturais-educativas onde ocorrem. Assim, esta visão centra-se na ação e
negociação de todos os intervenientes no processo de ensino e aprendizagem incidindo, de
forma prioritária, na pesquisa de informações acessíveis aos implicados no processo
educativo. Dentro deste paradigma avaliativo, baseado na negociação, situam-se três
teorizações: a avaliação iluminista, a avaliação respondente e a avaliação democrática.
A avaliação iluminista, defendida por Parlette e Hamilton (1972), considera que a
avaliação deve abarcar a totalidade dos atos praticados (fundamentação, desenvolvimento,
dificuldades), pelo que deve atender ao contexto onde se desenrolou e teve lugar o ensino.
Este conceito abrange um acumulado de condicionamentos psicossociais, materiais e
estruturais, em permanente interação com o ensino no seu processo de desenvolvimento.
A avaliação respondente, defendida por Stake (1977), tem como objetivo responder
aos problemas e questões reais que se colocam a professores e alunos quando
desenvolvem um programa educativo. Este teórico refere que a avaliação deve envolver a
comparação de um valor observado com um padrão. Os padrões devem ser definidos pelas
expectativas e critérios dos diferentes atores intervenientes no programa a avaliar, e os
valores observados devem ser baseados nos valores realmente propostos pelo programa. A
função do avaliador será fazer uma exposição sobre aquilo que constitui os valores
8
observados no programa, com referências úteis à (in) satisfação das pessoas selecionadas.
Igualmente importante no trabalho de Stake foi a proposta de uma metodologia de estudo de
caso, abrindo caminho para a introdução de métodos qualitativos nas investigações sobre
avaliação.
Por último, a avaliação democrática aponta para a necessidade de investigar e
avaliar a sala de aula com procedimentos metodológicos naturalistas. Isto é, para conhecer
a realidade e os seus significados é necessário atender às diversas interpretações dos
indivíduos que vivem esses mesmos acontecimentos. Assim, “a principal finalidade da
avaliação deve ser facilitar e promover a transformação de conceções, crenças e modos de
interpretar dos que participam no programa educativo” (Stenhouse, 1975, p. 141).
Deve dizer-se que as perspetivas referidas anteriormente continuam a prevalecer no
nosso sistema educativo7 com maior ou menor expressão, apesar de estarem dependentes
de modelos teóricos que se adequam com muita dificuldade aos currículos atuais, às novas
visões acerca das aprendizagens e às exigências de democratização efetiva de sistemas
socialmente tão diversos.
O conceito de Avaliação das Aprendizagens e das suas modalidades sumativa e
formativa surgiu pela primeira vez com (Scriven, 1967), abarcando o debate sobre a
operacionalização da dicotomia avaliação formativa – reportando-se esta, essencialmente, à
avaliação dos meios de ensino (métodos, manuais e recursos) -, versus avaliação dos
resultados de um dado programa. Assim, a avaliação não se restringia apenas aos
resultados, mas também ao processo de desenvolvimento, estando para além da mera
listagem de objetivos. Assim, enquanto a avaliação sumativa se centrava no estudo e leitura
dos resultados, a formativa constituía uma apreciação da realização do processo de ensino-
aprendizagem. Acresce que a avaliação sumativa implicava uma reflexão sobre objetivos
intencionalmente previstos e os seus resultados (Scriven, 1967). Em síntese, enquanto Tyler
perspetivava a avaliação tendo por base referencial os objetivos, Scriven advogava,
essencialmente, uma avaliação centrada não só nos resultados, mas também nos meios
postos à disposição e na implementação do referido programa.
O texto de Scriven, sobretudo no que toca à dualidade da avaliação formativa versus
sumativa, gerou alguma agitação das águas na literatura, debates vários, posições a favor e
contra, algumas delas de cariz crítico, como Patton (1996), a quem o autor respondeu
tentando esclarecer mais cabalmente as suas posições (Scriven, 1996). Passemos, então,
em revista, algumas das formulações mais recentes desses conceitos, que emergiram das
continuadas e profícuas reflexões que tais debates originaram.

7 Um estudo relativamente recente chama a atenção para, a ainda dominante preponderância da avaliação
sumativa no ensino em Portugal, mormente a avaliação externa, tendo tal dominância vindo a acentuar-se nas
últimas décadas (Ferreira, 2015).
9
DA AVALIAÇÃO SUMATIVA

A avaliação sumativa representa, em si mesma, o resumo da avaliação pois deriva


do vocábulo súmula, ou síntese. A avaliação sumativa determina o resultado do
desempenho do aluno num dado momento, que pode ser variado, sempre que seja
necessário fazer o balanço das aprendizagens, relativamente ao desempenho esperado
nesse momento. Para evitar injustiças e erros, o professor deve recorrer ao máximo de
instrumentos disponíveis e adequados às características da disciplina que leciona, não só
para avaliar os seus alunos, mas também para analisar os processos de avaliação
utilizados.
Em síntese, a avaliação sumativa corresponde a balanços pontuais, que se aplicam
normalmente após os processos de ensino e aprendizagem, como por exemplo no final de
uma unidade temática ou conteúdo, no sentido de formular um juízo de valor acerca do que
o aluno aprendeu. Contudo, esses balanços também podem ter uma função formativa ao
longo de um período, quando as classificações ou resultados obtidos não são utilizados para
classificar o aluno no final de cada período letivo ou ciclo, onde a função sumativa é
predominante.

DA AVALIAÇÃO FORMATIVA

Uma avaliação formativa continuada e sistemática é, para além de uma avaliação do


aluno nas suas múltiplas dimensões, uma avaliação dos processos - como o aluno faz -, dos
contextos - os fatores que interagem e influenciam na aprendizagem e dos produtos -, e a
informação recolhida é investida na superação das dificuldades do aluno, podendo
expressar-se de forma qualitativa ou quantitativa. Nesse sentido, Fernandes (2011) privilegia
uma ótica qualitativa da avaliação, na medida em que a atividade avaliadora ultrapassa a
simples medida ou constatação de dados para se projetar nos processos de regulação do
ensino-aprendizagem. Avalia-se quando se valorizam as informações, logo, é a utilização
destes dados que permite determinar e valorizar uma situação que se pretende avaliada.
Mas, este tipo de avaliação, é cada vez menos passível de se encerrar num conceito
simples e acabado, tendo incursões teóricas mais recentes originado alguns
desenvolvimentos que requerem elucidação. A avaliação que se baseia em princípios que
decorrem do cognitivismo, do construtivismo, da psicologia social e das teorias
socioculturais e sociocognitivas é designada, atualmente, por avaliação formativa
alternativa. Como refere Fernandes:

10
A avaliação formativa alternativa é uma construção social complexa, um processo
eminentemente pedagógico, plenamente integrado no ensino e na
aprendizagem, deliberado, interativo, cuja principal função é a de regular e de
melhorar as aprendizagens dos alunos. Ou seja, é a de conseguir que os
alunos aprendam melhor, com compreensão, utilizando e desenvolvendo as
suas competências, nomeadamente as do domínio cognitivo e metacognitivo
(Fernandes, 2005, p. 65).

Entre os investigadores que defendem aquela conceção destaca-se Perrenoud. Este


autor sugere, de acordo com Fernandes (2005, p. 38), “um conjunto de condições de
natureza organizativa, pedagógica e funcional que, supostamente, facilitam uma prática de
avaliação de natureza formativa”. Contudo, num outro trabalho, Perrenoud (1993) defende
que uma teoria da avaliação formativa só será possível no contexto de uma outra
pedagogia8 e de uma outra escola norteada para um ensino mais diferenciado que regule o
ensino-aprendizagem. No entanto Perrenoud, de forma realista, reconhece as dificuldades
de tal constructo até pelo facto de tal implicar a mudança de mentalidade dos avaliadores.
Existe então, nesta perspetiva, uma relação estreita entre o modo de encarar a
avaliação e o ensino e a aprendizagem, pelo que uma mudança no conceito e nas práticas
de avaliação implica, necessariamente, uma mudança na conceção e na operacionalização
do ensino associado às didáticas, induzindo tal mudança alterações nas noções que
possuímos de ensinar e de aprender e, consequentemente, alterações da prática
pedagógica. Mas, sendo o processo biunívoco, alterações nas conceções de ensino e de
aprendizagem conduzem a necessárias mudanças nas práticas de avaliação.
Em perfeita ligação com a avaliação formativa, merece também particular
importância o conceito de regulação dos processos de aprendizagem. Como sublinha
Fernandes (2005, p 66), “interessa sobretudo estudar como é que os alunos aprendem, a
partir das teorias que se conhecem, para que se utilize uma avaliação formativa que os
ajude a regular, por si sós, a aprendizagem”. Perrenoud (1993) chama-lhe “a regulação por
defeito” dado que os alunos, ao efetuarem a sua própria avaliação, são capazes de regular
as suas aprendizagens sem recorrerem sistematicamente aos professores.
Em suma, a avaliação formativa alternativa é bastante pragmática, influenciada pelas
teorias sociocognitivas, entre outras, e coloca em relevo a regulação dos processos através
da interação pedagógica. A avaliação alia-se e integra-se na aprendizagem, não sendo,
como refere Zabalza (1995), “um apêndice independente” da mesma, defendendo-se até
que, de acordo com as avaliações e aprendizagens dos alunos, se deverão adotar, se

8Teremos oportunidade de retornar a esta posição quando, mais à frente, analisarmos os vários trabalhos de
Paul Black e de Dylan Wiliam sobre avaliação e aprendizagens.
11
necessário, novas metodologias. Por um lado, impõe-se diferenciar, ou seja, adequar o
processo de aprendizagem às características cognitivas do aluno e às suas necessidades.
Por outro lado, diversificar ou alterar os recursos, bem como as atividades a realizar na sala
de aula, quer no que toca a aspetos dos conteúdos, quer no que respeita às fases do
processo de aprendizagem. Assim, a avaliação apresenta-se como pedagógica,
distinguindo-se da classificação. Verifica-se assim a manifestação de preferência pela
avaliação formativa, a qual concorrerá para a melhoria das aprendizagens.
As várias pesquisas, aliadas ao feedback eficiente9 e às ações por parte do
professor, mostram que a avaliação formativa produz grande impacto nas aprendizagens
dos alunos. No entanto, o que será necessário para que o professor tenha a garantia que
está, efetivamente, a pôr em prática uma avaliação formativa, reguladora das
aprendizagens? A avaliação formativa depende sobretudo da intenção do professor em
fazê-la, ou seja, de usar as informações recolhidas para melhorar as aprendizagens. É este
tipo de avaliação que considera os resultados da aprendizagem e relaciona-os com os
processos desenvolvidos pelos alunos face às tarefas propostas. Contudo, a avaliação só é
verdadeiramente formativa quando é compreendida pelo aluno nas suas diferentes
dimensões, permitindo-lhe regular a sua aprendizagem, o que supõe a escuta dos pares e o
confronto de pareceres facilitadores da autoavaliação e do autocontrole. Esta constatação é
crucial para a existência de uma efetiva avaliação formativa e remete-nos para a
problemática do feedback.

FEEDBACK COMO NÚCLEO CENTRAL DA AVALIAÇÃO FORMATIVA

No âmbito educacional, a investigação em avaliação tem sido consistente quanto à


avaliação formativa. Segundo Pinto e Santos (2006), a avaliação formativa e diagnóstica
sempre que ocorrem num momento prévio ao processo de ensino e aprendizagem,
assumem um papel essencial e estratégico na melhoria da gestão do processo de ensino e
aprendizagem. Este processo contribui para superar limitações, encontrar as
potencialidades dos alunos, integrar os mesmos na vida escolar e facultar um feedback a
professores e alunos durante a formação.

Desse modo, o feedback pode ser entendido como as informações efetuadas


intencionalmente, que servem para auxiliar o aluno a melhorar o seu desempenho, ainda
que efetivamente não consiga realizá-lo (Santos & Pinto, 2018). Os mesmos autores

9Sobre o feedback eficiente, como condição imperativa para existência da avaliação formativa, ver (Boston,
2003).
12
afirmam que o feedback pode ser facultado ao aluno de forma oral ou escrita. A forma oral
reflete-se na sala de aula através da comunicação entre professores e alunos. Esta
comunicação, segundo Santos e Pinto (2018), engloba três dimensões: dinâmica da
interação - quem a realiza e a quem se dirige, foco - em que atividade se centra, e
significado - contextualização do sentido pedagógico. Isto significa que os professores
devem estar atentos à reação dos alunos, de forma a que estes os compreendam e aceitem,
em prol de um processo de aprendizagem eficaz. Por sua vez, o feedback escrito ou
avaliativo (externo) contribui para que o aluno pondere sobre o que realizou, dialogando
consigo próprio, o que é essencial para a adaptação e integração do feedback (Santos &
Pinto, 2018).

Se o feedback for devidamente interiorizado pelo aluno, então o mesmo será eficaz,
tendo para isso de ser complementado com um conjunto de características, fatores
relacionados aos alunos e variáveis de contexto (Santos & Pinto, 2018). No que se refere às
características do feedback, há autores, como é o caso de Gipps (1999, cit. por Santos &
Pinto, 2018), que defende que o feedback pode ser caracterizado de diferentes formas:
pode ser avaliativo - juízo de valor pautado por normas e focado nas atitudes dos alunos -, e
descritivo - realização do aluno e da tarefa solicitada -, ou de Hattie e Timperley (2007, cit.
por Santos & Pinto, 2018), onde o feedback pode incidir sobre a tarefa, o processo, a
autorregulação e o self. Nos fatores relacionados aos alunos destacam-se as crenças, as
motivações, as perceções dos alunos e o desempenho escolar, diferindo de aluno para
aluno. Por sua vez, nas variáveis de contexto evidencia-se a relevância do momento
adequado para que os professores atribuam o feedback aos alunos, ou seja, o feedback não
deve ser facultado antes do aluno poder pensar e trabalhar sobre uma determinada tarefa
(Wiliam, 1999, cit. por Santos & Pinto, 2018).

Concetualmente, podem elencar-se algumas das formas de definir o feedback


(Santos & Silveira Kroeff, 2018):
i. Dispositivo para a promoção de aprendizagem, autonomia e responsabilidade no
aluno.
ii. Informações sobre aquilo que foi e o que se pretende que seja compreendido.
iii. Informação dada ao aluno para descrever e avaliar o seu desempenho.
iv. Informação dada ao aluno sobre seu desempenho e desenvolvimento em vista a
alcançar um determinado objetivo.
Assim sendo, é a partir do feedback que se podem delinear estratégias de mudança
e de melhoria das aprendizagens trazendo o aluno para cerne de definição dessas mesmas
estratégias, sejam de regulação, sejam de autorregulação, sejam de autoavaliação (Bruno,
2006), (Selvaraj & Azman, 2020).

13
PARA UMA INTEGRAÇÃO DA FUNÇÃO FORMATIVA E SUMATIVA DA
AVALIAÇÃO

Como se pode depreender da literatura que recenseámos, a dicotomia avaliação


formativa versus avaliação sumativa tem vindo a ser objeto de investigação continuada, de
tal modo que a definição atual destes conceitos já pouco ou nada tem a ver com a que
existia à época do texto primordial de Scriven, (Fernandes, 2019).
Na verdade, nas suas primeiras definições concetuais, os dois tipos de avaliação
surgiam como entidades distintas e quase incompatíveis, quando atualmente são vistos
como complementares, ou mesmo integrados10 numa única realidade formativa, como
resultado das reformulações teóricas produzidas nas últimas décadas, após o trabalho de
Paul Black e de Dylan Wiliam, (Black & Wiliam, 1998a). Ou seja, a conceção que restringia a
avaliação sumativa apenas a propósitos classificatórios – fosse dos estudantes, das escolas
e também do sistema de ensino -, enquanto a avaliação formativa estaria vocacionada para
validar ou assegurar que os objetivos dos programas de ensino estariam a ser alcançados -
servindo de guia para a correção de eventuais insuficiências assim reveladas -, foi
praticamente abandonada. Atualmente, a avaliação é tida como formativa quando toma o
estudante como alvo, mas colocando a centralidade no processo de aprendizagem,
Avaliação para as Aprendizagens, em contraponto com a avaliação sumativa - Avaliação
das Aprendizagens (Fernandes, 2019). Assim, o que determina, se a avaliação é formativa
ou sumativa, não é o tipo de processo instrumental pelo qual a mesma é conduzida, mas
sim o tipo de inferências que se decide formular a partir de cada uma delas:
Quando as inferências se relacionam com o estado do aluno, ou sobre seu potencial
futuro, a avaliação está a operar de forma sumativa. Quando as inferências se
relacionam com os tipos de ações que melhor ajudam o aluno a aprender, a
avaliação está a operar de forma formativa. Como argumentámos já (ver, por
exemplo, Wiliam & Black, 1996), uma consequência imediata desta perspetiva
é que as avaliações, só por si, não podem ser tidas como formativas ou
sumativas (Black & Wiliam, 2018).
Iremos subscrever esta conceção ao longo da nossa exposição, até porque ela se
fundamenta no trabalho empírico dos docentes dentro da sala de aula, da condução da
avaliação e da definição dos seus propósitos, (Black & Wiliam, 1998a), (Black & Wiliam,
1998b), (Black P. W., 2006), ainda que seja de não ignorar ou de minimizar as dificuldades
de tal propósito e os obstáculos práticos a ultrapassar (Santos L. , 2016).

10 Integrating summative and formative functions of assessment, (Wiliam D. , 2000).


14
Contudo - e regressando às teorias da aprendizagem -, qualquer conceção teórica da
avaliação formativa deve ser inserida num campo teórico mais alargado, nomeadamente de
uma perspetiva de aprendizagem, que permita interpretar os resultados de uma avaliação,
de resto já salientado por Perrenoud (1993). Deste modo, é enquanto tentativa de responder
a essa exigência, que Black & Wiliam (2018) abordam tal problemática, apontando
importantes pistas para o desenvolvimento futuro de estudos de índole pedagógica.

A IMPLEMENTAÇÃO DOS PROCESSOS DE AVALIAÇÃO – DA TEORIA À


PRÁTICA

Ao longo dos últimos tempos, a avaliação tem sofrido profundas alterações do ponto
de vista formal e, sobretudo, do ponto de vista dos seus objetivos. Esta evolução reflete-se
na ramificação de perspetivas diferenciadas, não só ao longo do tempo, mas também entre
as escolas/agrupamentos de escolas e, entre os professores da mesma escola. Assim, a
compreensão da avaliação deve ter em conta marcos de referência e modelos teóricos que
possibilitem entender certas práticas, em particular, de avaliação discente. Neste contexto a
avaliação tem merecido, nas últimas décadas e por parte dos investigadores, uma maior
reflexão, principalmente na relação entre o ensino e a aprendizagem, no sentido de avaliar o
que se ensina e o que se aprende, e a sua interferência recíproca.

Neste sentido, a apreciação formativa precisa de integrar a organização do trabalho


como uma prática dinâmica. Esta fonte de informação contínua de recolha de dados é um
elemento essencial para a criação das condições necessárias para o sucesso dos alunos,
para além de auxiliar a orientação das práticas dos professores. Frequentemente, o termo
avaliação formativa remete para uma diversidade de instrumentos tais como a observação,
trabalhos, testes, fichas, projetos, pesquisa, etc. Mas o mais importante não é o instrumento
de avaliação, mas o que o professor consegue fazer com a informação recolhida. Se é para
a promoção da aprendizagem, estamos perante a avaliação formativa. Se é apenas para
apurar e certificar os conhecimentos adquiridos pelo aluno, falamos de avaliação sumativa,
como já foi referido. Portanto, a avaliação tanto pode constituir um processo regulador do
ensino, orientador do percurso escolar como constituir um elemento certificador das
aprendizagens obtidas e capacidades desenvolvidas pelo aluno.
A avaliação diagnóstica e formativa, sempre que ocorre num momento prévio ao
processo de ensino-aprendizagem, assume um papel essencial e estratégico na melhoria da

15
gestão do processo de ensino e aprendizagem (Pinto & Santos, 2006). No entanto, o facto
de a avaliação ter sido concebida como uma medida e só depois vista com função
reguladora, fez com que as diferentes formas de olhar e praticar a avaliação formativa
ocorressem mais rapidamente no plano teórico do que no campo prático (Pinto & Santos,
2006). Talvez por este motivo, ainda existam professores que demonstrem alguma
resistência à avaliação reguladora.
Contudo, a verificação dos conhecimentos adquiridos e das capacidades
desenvolvidas nos alunos é utilizada por professores e por alunos para, em conjunto,
melhorar o ensino e colmatar dificuldades de aprendizagem. A avaliação das aprendizagens
dos alunos visa a melhoria do ensino através da verificação dos conhecimentos adquiridos e
das capacidades desenvolvidas nos alunos11.
Com a alteração à organização curricular através do Perfil dos Alunos à Saída da
Escolaridade Obrigatória12, documento de referência para a organização do currículo
escolar, desafiam-se professores e instituições de ensino a refletirem sobre os seus projetos
educativos, orientando-os para uma ação inclusiva. Apesar do enorme estímulo que é o de
preparar os alunos para o futuro, este documento remete não só para um novo perfil de
aluno, mas também para um novo perfil de escola e de professor. Estes princípios, valores e
capacidades implicam alterações de práticas pedagógicas e didáticas que rompem com
“processos predominantemente baseados na transmissão de conhecimentos” (Sousa-
Pereira & Leite, 2019).

Desta forma, a gestão da aprendizagem dos alunos é um processo de mediação na


construção do currículo aprendido, estando diretamente relacionada com a avaliação
(Perrenoud, 1993). O seu objetivo é, entre outros, o de ponderar «[…] a adequação, a
eficácia e o sentido das ações resultantes das decisões/julgamentos avaliativos» (Pinto &
Santos, 2006, p.36). Deste modo, sublinha-se que o processo de avaliação dos alunos deve
estar ao serviço dos protagonistas do processo de ensino e aprendizagem, ou seja, dos
professores e dos alunos em simultâneo.
Para tal, importa considerar estratégias de avaliação adequadas, o que nos remete
para a discussão dos instrumentos de avaliação.

11 Decreto-Lei n.º 139/2012, de 05/07 e Despacho Normativo n. º13/2014, de 15/09.


12 Homologado pelo Despacho n.º 6478/2017, 26 de julho.
16
INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO

Consideram-se técnicas de avaliação «[…] qualquer instrumento, situação, recurso


ou procedimento que seja utilizado para obter informação…» (Zabalza, 1992, p. 230), com o
fim de permitir percecionar, em toda a sua globalidade, o que acontece no processo de
ensino e aprendizagem dos alunos.
O valor da avaliação não está no instrumento em si, mas no uso que se faz dele.
(Méndez, 2002). Os instrumentos de avaliação devem ser adequados ao que se pretende
avaliar; não é qualquer instrumento que está adequado ao trabalho que o professor realizou,
aos conteúdos lecionados, ou serve para avaliar um determinado aluno, ou ainda, que o
professor vai utilizar em todos os tipos de avaliação. Existem instrumentos que serão mais
adequados para fazer uma avaliação diagnóstica e outros para utilizar numa avaliação final.
Ao propor um instrumento de avaliação o professor deve pensar num instrumento ou
situação, que possa auxiliá-lo a obter a informação que deseja sobre os alunos, mas, ter o
cuidado de analisar, se aquele instrumento não está a prejudicar algum tipo de aluno pois,
por vezes, o aluno pode não ter a capacidade para um tipo instrumento. Por isso, é
fundamental diversificar os instrumentos de avaliação. Ao pensar no instrumento de
avaliação, deve-se refletir que os alunos são diferentes, que eles aprendem de forma
diferenciada e, ao se variar os instrumentos, isso também vai mostrar que estes aprenderam
de uma forma diferenciada.
Meirieu (1987) distingue, em qualquer instrumento de avaliação em ambiente de sala
de aula, quatro elementos: o suporte, a estrutura, os materiais e a situação social. Os
materiais têm de ser apropriados aos domínios afetivo e social. O contexto ou local onde é
feita a avaliação como, por exemplo, a ida ao quadro ou a permanência no lugar habitual,
noutra sala ou na mesma sala, devem ser considerados. No entanto, dado o valor relativo
dos instrumentos de avaliação, há que ter em conta a avaliação informal, mais ou menos
intuitiva, que ocorre durante o processo de aprendizagem. A utilização repetida e exclusiva
de um mesmo tipo de instrumento de avaliação não permite ver o avaliado sob todos os
ângulos, o que pode conduzir a grandes desvios avaliativos.
Neste contexto, devedores do paradigma behaviorista, os testes escritos sumativos
são utilizados para verificar se os alunos conseguem reproduzir com fidelidade aquilo que o
professor expôs, atribuindo-lhes no final de cada período uma classificação através de uma
contabilidade entre certos e errados e decidindo, no final do ano, a sua aprovação ou
reprovação. A utilização dos testes sumativos tem implícita uma conceção de avaliação
reduzida à classificação e segue, fundamentalmente, uma abordagem normativa. Em
Portugal, quando se fala em instrumentos de avaliação sumativa destaca-se o teste escrito,

17
por ser o que este predomina na prática avaliativa dos professores, independentemente do
ciclo de escolaridade ou disciplina (Santos & Pinto, 2018).
Com o alargamento do currículo aos domínios sócio - afetivo, a importância dos
processos e a necessidade de individualizar o ensino aconselham a que se estruture a
avaliação informal através de diversas formas de registo. Estas devem fornecer ao professor
informações organizadas sobre alguns aspetos do currículo. Assim, os instrumentos mais
utilizados, dentro do paradigma cognitivo, para fazer o registo das observações, são as
grelhas de verificação. Das variadas grelhas facilitadoras da autoavaliação, coavaliação e
heteroavaliação de capacidades, conhecimentos e atitudes, destacamos as listas de
verificação e as rubricas de avaliação. Uma lista de verificação ou check-list, destina-se a
registar a presença ou ausência de um comportamento ou de um resultado de
aprendizagem, desempenhando um papel formativo importante quando dá indicação aos
alunos e aos professores das atitudes que se pretendem desenvolver e que serão avaliadas.
Podem incluir-se neste instrumento de avaliação, a realização de trabalhos de casa, a
organização do caderno diário ou a interação do aluno num trabalho de grupo. Dentro
destas listas podemos incluir escalas de classificação numéricas e/ou gráficas descritivas.
Estas escalas integram um conjunto de características ou qualidades, distribuídas por
níveis, que se pretendem avaliar. Para serem instrumentos adequados, as escalas não
devem conter muitos níveis (os quais indicam o grau de cada atributo), com vista a facilitar o
seu preenchimento em situações de sala de aula.
As rubricas de avaliação constituem uma ferramenta bastante completa no processo
de avaliação formativa. As rubricas têm em conta quatro elementos fundamentais na sua
estrutura: a descrição da tarefa que será objeto de avaliação; um conjunto coerente e
consistente de critérios; um conjunto muito claro de três, quatro ou mesmo cinco níveis de
desempenho a eles associados, que deverão traduzir orientações fundamentais, para que
os alunos possam regular e autorregular os seus progressos nas aprendizagens e a
definição de uma escala que atribui a cada nível de desempenho uma dada menção. As
rubricas ajudam a melhorar o rigor e a qualidade da avaliação, a clarificar o que os alunos
devem aprender e saber fazer, ajudando-os a serem mais ativos e a assumirem maior
responsabilidade pela sua aprendizagem (autorregulação), a perceber para onde devem
caminhar a partir do estádio em que se encontram, e que esforços têm de fazer para
progredir. As rubricas possibilitam que professores e alunos avaliem o seu trabalho,
permitem que os professores se centrem mais nas aprendizagens que os alunos têm de
desenvolver e menos nas tarefas que têm de realizar e facilitam o feedback de qualidade
(Fernandes, 2019c) p. 5). Salientamos ainda que as rubricas podem ser utilizadas quer no
contexto da avaliação formativa, avaliação para as aprendizagens, ou seja, para distribuir
feedback de elevada qualidade, quer no contexto da avaliação sumativa, avaliação das
18
aprendizagens, para que, num dado momento, se possa fazer um balanço ou um ponto de
situação acerca do que os alunos sabem e são capazes de fazer.
Um outro instrumento de avaliação incluído na avaliação formativa alternativa é o
portefólio. Como refere Fernandes (2005):
Um portefólio é uma coleção organizada e devidamente planeada de trabalhos
produzidos por um aluno durante um certo período de tempo. A sua
organização deve ser tal que permita uma visão tão alargada quanto possível
das aprendizagens conseguidas pelos alunos. (Fernandes, 2005, p. 86).
Este instrumento pedagógico tem vantagens para alunos e professores. Com efeito,
relativamente aos alunos estimula, entre outros aspetos, o pensamento reflexivo quer nos
trabalhos (progressos e dificuldades) quer na avaliação. Também contribui para melhorar a
autoestima e interliga o ensino com a aprendizagem e a avaliação. Quanto aos professores,
os portefólios constituem um excelente meio de concretização de uma avaliação continuada
ao longo do tempo, mostrando mais detalhadamente as aprendizagens dos alunos, o que
permite tomar decisões através da reorientação do processo de aprendizagem. Todavia,
para ter um efeito mais positivo nos alunos, este meio de avaliação implica uma planificação
e organização rigorosas, assim como uma revisão regular dos trabalhos dos alunos (V.
Mircheva*, 2020).
Sendo as técnicas de avaliação do desempenho escolar dos alunos bastante
diversificadas, deverá o professor, «selecioná-las conforme os modelos de avaliação que
considerar mais adequados às necessidades e características dos alunos» (Pacheco 1994,
p.79), para que se verifique uma sistematização da informação recolhida.
Apesar de – como avançámos no tópico anterior -, o instrumento, só por si, não
determinar se a avaliação é de carácter sumativo ou formativo, fica claro que há
instrumentos mais adequados para uma e outra modalidade de avaliação. Esta questão
leva-nos à problemática dos critérios de avaliação, que estão sempre presentes,
independentemente dos instrumentos de avaliação utilizados.

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO

O papel atribuído à avaliação num sistema de formação humana está, forçosamente,


ligado à finalidade do próprio sistema. Na realidade, quando se pretende que os alunos
atinjam, de forma global, os objetivos preconizados é necessário, antes de mais, estabelecer
critérios de avaliação que permitam a adaptação do ensino às diversas capacidades de
aprendizagem e saberes dos alunos. As normas ou critérios de referência tornam possível a

19
qualificação de algo que se pretende avaliado. Isto é, para que algo seja considerado como
satisfatoriamente validado, é preciso estabelecer, previamente, critérios e constatar se o
item avaliado está em conformidade com os mesmos.
Nos sistemas de ensino fortemente centralizados e hierarquizados, os critérios são
estabelecidos numa linha descendente, a partir orientações políticas superiores de onde
provêm os programas educativos. Esses critérios vão, progressivamente e através dos
níveis hierárquicos, chegar ao docente, a quem não é garantida a seleção, mas apenas
exigido um rigoroso cumprimento quando avalia. Um tal sistema é, de certa forma,
opressivo, pois é limitada a autonomia do docente, no sentido em que são restringidas as
suas capacidades de atuação profissional, sendo a sua atividade prescrita
administrativamente e regida por critérios elaborados por comissões especializadas. Não
existe em Portugal um sistema desse tipo. Os docentes não são constrangidos na fixação
dos seus critérios de avaliação.
Assim, estabelecem livremente critérios na medida em que avaliar é comparar
fenómenos observados, tais como comportamentos e objetivos cognitivos, com base num
referencial de indicadores. A operacionalização destes critérios pode sofrer alterações,
segundo a natureza e as características dos projetos. No entanto, o sucesso e a qualidade
da avaliação, ao serem relacionados através desses múltiplos critérios não podem, de forma
alguma, alterar a validade dos contextos avaliativos reais. Assim, entende-se que a
pertinência das questões colocadas durante um momento da avaliação está diretamente
relacionada com os critérios definidos e as hipóteses ou esquemas explicativos prévios, que
se pressupõem válidas.
Os critérios de carácter pessoal centram-se em cada aluno e são baseados nos
progressos ocorridos em relação a estádios anteriores da aprendizagem. Logo, a
comparação de um aluno é feita com ele mesmo e segundo o seu próprio avanço, o que
implica um conhecimento histórico, pessoal e académico do aluno. Poder-se-á mesmo dizer
que é conveniente uma adaptação de critérios tanto na sala de aula como, inclusivamente, a
nível da escola, uma vez que cada estabelecimento apresenta características que se
prendem com o seu processo interno de evolução e com o contexto sociocultural em que se
inscreve. Em todo o caso, o objetivo central é que os critérios segundo os quais as
aprendizagens dos alunos são apreciadas, sejam explicitados.
Nessa explanação pode, por exemplo, revelar-se útil a tipologia apresentada por
Nunziati (1990), segundo a qual os critérios são de dois tipos: de realização e de sucesso.
Os primeiros indicam os atos concretos que esperamos dos alunos quando lhes pedimos
para executar determinada tarefa ou obter determinado resultado, estando ligados ao
próprio processo de aprendizagem visando, em última análise, a regulação da
aprendizagem. Os segundos, referem-se aos resultados obtidos e estabelecem as
20
condições de aceitabilidade dos mesmos sendo, na sua essência, critérios de incidência
sumativa. Em síntese, a explicitação de critérios será tanto mais completa e mais útil quanto
melhor se conseguir, por um lado, indicar com clareza os atos que os alunos devem
executar quando se encontram em situação de aprendizagem e, por outro lado, evidenciar
as características que o produto final dessa aprendizagem deve apresentar. Uma vez que a
avaliação conduz a resultados, os critérios e a sua compreensão tornam-se pertinentes:
Quando os alunos não compreendem exatamente o que se pretende e não
identificam vantagens em desenvolver a produção de uma determinada forma
em detrimento daquela que está subjacente aos seus padrões autoimpostos
dificilmente irão ao encontro dos critérios de avaliação (porque os primeiros
prevalecem relativamente aos segundos), especialmente os mais confiantes e
com maior sentido crítico. (Bruno, 2013, p. 387).
Mas, ainda que o docente tenha autonomia para fixar os seus próprios critérios, tal
fixação é sempre contextual e dependente de dois importantes fatores: 1) A conceção de
avaliação do docente; 2) O papel da escola na gestão das práticas avaliativas. É este último
tópico que passaremos a analisar.

O PAPEL DA ESCOLA NA GESTÃO DAS PRÁTICAS AVALIATIVAS

No contexto de alterações ocorridas na organização curricular – após a publicação


do Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória13 -, o estudo das conceções de
avaliação dos professores do 3.º ciclo do ensino básico, exercendo funções em
escolas/agrupamentos de escolas, levou à utilização de um conjunto de práticas
pedagógicas que contribuiu para a construção de um perfil do professor adequado a esta
mudança. Este documento de referência para a organização do currículo escolar desafia
professores e instituições de ensino a refletirem sobre os seus projetos educativos,
orientando-os para uma ação inclusiva. Apesar do enorme estímulo que é o de preparar os
alunos para o futuro este documento remete, não só para um novo perfil de aluno, mas
também um novo perfil de escola e de professor. Estes princípios, valores e capacidades
implicam alterações de práticas pedagógicas e didáticas que rompem com “processos
predominantemente baseados na transmissão de conhecimentos” (Sousa-Pereira & Leite,
2019). Evidentemente, a aprendizagem não deve ser o armazenamento de conceitos e

13 Homologado pelo Despacho n.º 6478/2017, 26 de julho.


21
processos, mas uma procura, um movimento em espiral regulado pela avaliação formativa
(IIE, 1994).
A atividade do professor, por ser exigente e complexa, resulta da sua formação de
base, experiência e desenvolvimento profissional, sendo considerada como o fator de maior
impacto na aprendizagem dos alunos (OCDE, 2005). Assim, reconhece-se que o professor
faz a diferença e desconhece-se o que faz a diferença no professor (Wiliam, 2011). Na
verdade, a formação docente, inicial ou ao longo da carreira, deve apontar não só para a
avaliação como parte integrante do processo pedagógico, mas permitir também identificar
os entraves que obstaculizam essa integração. Tendo em conta que todos conseguem
aprender, devem ser criadas condições necessárias à aprendizagem, de modo a evitar
deixar alguns alunos para trás. Por esse motivo, a avaliação só pode ser considerada um
processo que promove a inclusão de todos os alunos, quando as estratégias pedagógicas
considerarem as especificidades dos alunos (Christofari, 2012).
Ao analisar as práticas de avaliação dos professores em Portugal encontram-se
alguns obstáculos à inovação das práticas avaliativas. O modelo centrado no professor que
defende uma metodologia expositiva e descritiva, direcionada para o aluno passivo e
disciplinado continua, apesar de criticado, a ser prática corrente (Neves & Barbosa, 2006).
Na sombra da segurança e da aceitação, muitos professores utilizam repetidamente a
mesma estratégia e os mesmos instrumentos de avaliação, nomeadamente os testes
escritos. Alegam a extensão dos programas letivos e a inerente falta de tempo para
diversificar estratégias de ensino e de avaliação14. Apesar de tais argumentos serem
verosímeis, a utilização de metodologias não expositivas e de estratégias e instrumentos de
avaliação diferenciados possibilitariam mais oportunidades de avaliação aos alunos. Ao
contrário da testagem, a avaliação durante o próprio processo de ensino-aprendizagem
permitiria a utilização de outras metodologias e estratégias de ensino, promovendo o
desenvolvimento de competências e a apropriação dos conteúdos de forma mais profícua.
Avaliar não é apenas classificar, mesmo que de forma correta e considerada justa. Em
consequência, e de acordo com um princípio de equidade, deveriam ser consideradas as
características individuais dos alunos, nomeadamente os diferentes modos como se
apropriam dos conhecimentos e o seu desempenho de tarefas.
É certo que, erguendo uma bandeira contra a discriminação e implementando ideais
de educação ao alcance de todos, as escolas esforçam-se por proporcionar igualdade de
oportunidades, apesar da diversidade social e intelectual de partida dos alunos. Mas a

14Numa análise das teses de doutoramento sobre avaliação das aprendizagens publicadas em Portugal, no
período de 2001-2010, afirma-se que as investigações concluíram que “A avaliação, na maioria dos casos, não
está integrada ou articulada com os processos de ensino e de aprendizagem. No entanto, nos seus discursos, os
professores participantes reconheceram quase sempre as vantagens pedagógicas da avaliação para as
aprendizagens ou da avaliação formativa, mas referiam que não tinham formação e/ou tempo para a pôr
realmente em prática.” (Fernandes & Gaspar, 2014, p. 411).
22
educação inclusiva15 implica mudanças ao nível dos valores e práticas do sistema escolar
que não podem resultar dos procedimentos voluntaristas de cada escola, já que a educação
inclusiva
[…] assume-se como respeitadora das culturas, das capacidades e das
possibilidades de evolução de todos os alunos… aposta na escola como
comunidade educativa, defende um ambiente de aprendizagem diferenciado
e de qualidade para todos os alunos. É uma escola que reconhece as
diferenças, trabalha com elas para o desenvolvimento e dá-lhes um sentido,
uma dignidade e uma funcionalidade. (Rodrigues, 2000, p. 10).
Neste sentido, a formação inicial e contínua dos professores é essencial para a
implementação do ensino inclusivo em ambiente escolar. Os professores serão mais
eficazes, não só devido à utilização de práticas avaliativas diversas, mas também devido à
implementação de novas abordagens à aprendizagem. O principal objetivo deve ser, não o
de constatar o que não sabem, mas o de descobrir potencialidades.
No entanto, o professor precisa do apoio da escola para poder chegar a todos os
alunos, independentemente das suas diferenças e dificuldades. As políticas educativas
devem, pois, promover e enquadrar a ação das escolas e das comunidades educativas.
Para conciliar os ritmos e estilos de aprendizagem, a escola deve fornecer recursos
diferenciados aos alunos, entre eles professores especializados, centros de apoio ao estudo
ou adaptação de conteúdos. Sabe-se que os recursos financeiros para as adaptações ou
aquisição de equipamentos necessários são escassos, o que dificulta o pleno acesso a um
ensino escolar de qualidade. Contudo, a instituição escolar deve assegurar a qualidade dos
edifícios e dos equipamentos e proporcionar ambientes adequados, fazendo com que os
alunos se sintam seguros e valorizados.
A nível individual, os alunos podem ter necessidades educativas especiais, baixos
níveis de empenho e de expectativas, considerar a escola como uma obrigação pouco
relevante, ou apresentar comportamentos de risco, o que limita a ação do professor. Daí a
necessidade de a avaliação se centrar cada vez mais na aprendizagem no, e para o
quotidiano, e com base nas competências. Importa, também, desenvolver currículos
consonantes com os interesses e necessidades dos alunos, estimulando a aprendizagem
autodidata.

15 Para um debate sobre a educação inclusiva em Portugal no ensino básico, propostas e dificuldades, um
estudo exploratório, ver (Lemos M. A., 2012).
23
SINGULARIDADE DA DISCIPLINA DE FÍSICO-QUÍMICA

Tendo discutido a problemática da aprendizagem e da avaliação em genérico há, no


entanto, especificidades disciplinares que é necessário não ignorar, quer as que derivam do
âmbito dos conteúdos, quer as que derivam dos instrumentos com os quais o aluno pode
interagir para aprender.
Uma das características diferenciadoras da disciplina de Físico-Química é que o
progresso do aluno na aprendizagem ocorra em contexto de sala de aula, através da
pesquisa e experimentação, independentemente das dificuldades de operacionalização do
currículo. A Física e a Química operam em campos do conhecimento próximos, ainda que
distintos. A Física estuda fenómenos naturais, observa os seus agentes, regista
propriedades e estados, visa explicar a sua interação, através da utilização de correlações
matemáticas entre acelerações, forças, calor, temperatura ou comportamento da luz. A
Química também observa e regista propriedades e estados, mas focalizada nas
substâncias, principalmente nas reações que fazem com que determinada substância se
transforme numa outra. São os químicos que descobrem o que resulta da combinação de
determinadas quantidades de certos elementos, sob condições definidas.
Cada uma das componentes desta disciplina, a Física e a Química, é lecionada em
metade do ano letivo e tem uma componente laboratorial. Com isto, pretende-se
desenvolver capacidades e hábitos inerentes ao trabalho científico, tais como: observação,
pesquisa de informação, experimentação, abstração, generalização, previsão, espírito
crítico, resolução de problemas, comunicação de ideias e resultados, tanto na forma escrita,
como na forma oral. Espera-se que os alunos se envolvam em diversas atividades nas
aulas, nomeadamente mediante as demonstrações efetuadas pelo professor, com prática de
laboratório, recurso a filmes, animações ou simulações computacionais para ajudar a
assimilar conceitos mais abstratos. Esta disciplina, pela sua própria natureza, também
recorre a conhecimentos de métodos matemáticos, o que pode gerar em alguns alunos
algumas dificuldades na interpretação. Destacam-se as relações quantitativas entre
grandezas físico-químicas ou a resolução analítica de problemas quantitativos, pelo que o
professor deve desenvolver estratégias que visem a superação das dificuldades detetadas.
O recurso a calculadoras gráficas ou tablets deve ajudar a ultrapassar constrangimentos,
devendo o professor ensinar a trabalhar com esses equipamentos16. Os alunos são
incentivados a trabalhar em grupo, designadamente nas atividades laboratoriais, o que
aumenta o espírito de cooperação e desenvolve hábitos de trabalho e de autonomia,
levando-os a investigar, refletir e comunicar as suas aprendizagens oralmente e por escrito.

16 Sobre a utilização de calculadoras gráficas no ensino da Física ver (Macieira & Fiolhais, 2007). Sobre a
utilização de programas interativos de simulação em computador, no ensino da Física e da Química, ver
(Guedes, 2010), (Feliciano, 2015).
24
No que reporta ao manual escolar, apesar de este desempenhar um elo essencial
entre o programa curricular e a ação do professor, verifica-se a necessidade de elaboração
de algumas fichas de trabalho para orientar as aprendizagens dos alunos. As metodologias
de ensino contemplam momentos em que os alunos recolhem dados, fazem sínteses,
formulam hipóteses, fazem observações de experiências e aprendem a consultar e a
interpretar fontes diversas de informação, para responder a questões e delinear soluções
para os problemas levantados. Importa, por isso, envolver ativamente todos os alunos no
processo de aprendizagem - o que se torna difícil quando a turma é menos interventiva.
Neste caso, para promover a interação, é preciso aplicar estratégias orientadas para a
pesquisa e descoberta, em grupo e em sala, para que o professor se aperceba das
dificuldades evidenciadas por cada aluno.
Os processos de investigação permitem ao aluno construir e reconstruir, continuada
e progressivamente, a sua compreensão do mundo17, enquanto o professor os avalia
através da consolidação de tarefas diferenciadas tais como a exposição, a investigação e a
discussão de resultados. Assim, o professor acompanha os alunos com mais dificuldades,
enquanto motiva os restantes para prosseguirem tarefas de acompanhamento e interajuda,
de forma a conseguir alcançar todo o conjunto. Outra forma de apoiar os alunos é
diversificar metodologias, seja na transmissão de conteúdos, seja nas práticas investigativas
em laboratório18. Um dos obstáculos a suplantar é que, nem todos os alunos, demonstram
abertura intelectual para problemas científicos. Para os motivar, o professor deve ter a
capacidade de criar empatia, suscitar a curiosidade dos alunos, e demonstrar a utilidade do
que está a ensinar (Amador, 2018).
É também importante variar os instrumentos de avaliação porque muitos alunos
mostram um conhecimento em sala de aula superior ao demonstrado através dos
instrumentos mais formais, o que pode ser, eventualmente, um indício de deficiente literacia
na interpretação de questões escritas e não de uma deficiente apreensão do programa. No
entanto, há diferença entre o trabalho experimental em Física e o de Química. Na Física há
um exemplar do equipamento, o qual o professor monta e demonstra, e o aluno observa e
recolhe dados. É o tratamento desses dados que lhe permite tirar ilações e responder às
questões pré e pós laboratoriais. Em Química existe por norma insuficiência de materiais,
pelo que o professor tende a avaliar a destreza e a autonomia durante a atividade
laboratorial. A dinâmica em sala de aula tem de procurar despertar o interesse e a iniciativa
do aluno para o estudo. Para tal, há que conciliar a formulação de questões para relacionar
os conhecimentos e ajudar o aluno a sistematizar e ordenar as ideias fundamentais. Deste

17 Sobre o papel decisivo que o ensino da Física pode desempenhar nessa reconstrução e no desenvolvimento
cognitivo dos alunos, ver (Lopes, 2011).
18 Sobre o trabalho em laboratório e práticas de avaliação, ver (Correia & Freire, 2009).

25
modo, o professor está a desenvolver a capacidade dos alunos para resolverem
problemas19, relacionando-os com o quotidiano e com conteúdos lecionados, assim como a
desenvolver capacidade crítica e de autoavaliação20.
Outro fator que condiciona o desenrolar da aprendizagem é o número excessivo de
alunos em sala de aula. Logo, os alunos menos participativos têm menor probabilidade de
serem avaliados e ajudados. Como a disciplina de Físico-Química é, indiscutivelmente,
teórico-prática, tal pode implicar que a avaliação decorra de um juízo de valor que se irá
traduzir num número, contribuindo assim para a existência de um sistema classificatório
excludente.

Como resultado dessa revisão pudemos concluir que: 1) As conceções de avaliação


têm vindo a evoluir ao longo do tempo, tendo os modelos iniciais da psicometria sido
substituídos pela pedagogia por objetivos (anos 70) e, ultimamente, pela pedagogia
associada às teorias cognitivas do desenvolvimento. 2) Existem ainda grandes debates
teóricos sobre a temática e muitas questões continuam em aberto. 3) Na sequência das
pesquisas iniciadas por Black & Wiliam (1998), tem-se vindo a comprovar que a avaliação
pedagógica, sobretudo a de natureza formativa, contribui, e muito, para que os alunos
aprendam mais e melhor, com mais profundidade e com mais compreensão. 4) A disciplina
de Físico-Química tem particularidades que não podem ser ignoradas, quer em termos das
aprendizagens em sentido estrito, quer em termos de avaliação dessas mesmas
aprendizagens.

19 Sobre a aprendizagem baseada na resolução de problemas em Física e Química, ver (Loureiro, 2008).
20 Para o estudo da especificidade do ensino da Química, dos problemas inerentes e propostas de
ultrapassagem, ver (Galvão, 2016).
26
Capítulo III

METODOLOGIA

A avaliação (…) é um processo desenvolvido por e para seres humanos,


que envolve valores morais e éticos, juízos e questões de natureza
sociocultural, psicológica e também política. Todo o tempo é pouco para
que os professores se possam dedicar ao essencial: ajudar os alunos a
desenvolver as suas aprendizagens.

Fernandes (2007)

OPÇÕES METODOLÓGICAS

Este estudo é, na sua essência, de natureza qualitativa interpretativa, já que o


objetivo é conhecer melhor as conceções dos professores acerca das dimensões do uso da
avaliação, pretendendo refletir acerca do processo de avaliação em ambiente escolar, ou
seja, em contexto e com pessoas reais.
Como estamos em presença de um objeto de estudo concreto, a nossa investigação
assume-se como particularística, isto é, inspirada num estudo de caso21. Este tipo de
abordagem é um método específico de investigação em ciências sociais, uma inquirição
empírica, e não uma técnica específica de recolha de dados de pesquisa. Assim, a questão
fundamental do estudo de caso não é a escolha da metodologia, mas o conhecimento
gerado por ele (Salomão, D. 2020). Logo:
Um estudo de caso debruça-se deliberadamente sobre uma situação específica que
se supõe ser única ou especial, pelo menos em certos aspetos, procurando descobrir
o que há nela de mais essencial e característico e, desse modo, contribuir para a
compreensão global de um certo fenómeno de interesse. (Ponte, 2006, p. 2).
Nessa situação específica, o investigador tem “acesso aos sujeitos que estão
envolvidos no estudo” (Bogdan & Biklen, 1994, p.89). Este tipo de investigação é flexível
quanto à recolha de dados, pois,
[…] Permite que os investigadores retenham as caraterísticas holísticas e
significativas dos eventos da vida real – como os ciclos individuais da vida, o
comportamento dos pequenos grupos, os processos organizacionais e
21 Para uma análise sobre a génese e posterior evolução deste método de investigação, seus fundamentos e
orientações metodológicas mais recentes ver (Harrison, et al., 2017).
27
administrativos, a mudança de vizinhança, o desempenho escolar […]. (Yin, 2010, p.
24).
Frequentemente, encontra-se na literatura a distinção entre métodos quantitativos e
qualitativos de investigação, que são utilizados diferenciadamente ou em simultâneo, em
função do objeto de estudo e das perspetivas do investigador. Ora, tendo em conta as
questões em estudo neste trabalho, a opção metodológica considerada adequada para o
seu progresso, foi uma abordagem mista, quantitativa e qualitativa.
Na educação, a investigação qualitativa é, frequentemente, designada por
naturalista, uma vez que o investigador realiza a sua pesquisa nos locais onde os sujeitos
estão inseridos. As informações são recolhidas em situações de contacto direto com os
participantes nos seus contextos habituais e, posteriormente, serão registadas e analisadas.
Este tipo de abordagem também é descritivo, isto é, os dados são recolhidos em forma de
palavras ou de imagens. Tal informação deve ser cuidadosamente tratada, e preservada tal
e qual como foi registada ou transcrita. Neste tipo de trabalho as palavras escritas têm
particular importância, quer no registo dos dados, quer na divulgação dos resultados. Os
investigadores qualitativos tendem a analisar os seus dados de forma indutiva, ou seja, não
recolhem dados ou provas com o objetivo de confirmar hipóteses construídas previamente,
mas sim planeiam utilizar parte do estudo para perceber quais são as questões mais
relevantes. Bogdan & Biklen (1994) consideram que “os dados não são apenas aquilo que
se recolhe no decurso de um estudo, mas a maneira como as coisas aparecem quando
abordadas com um espírito de investigação”. Também na investigação qualitativa a recolha,
a validade e a fiabilidade dos dados depende do conhecimento, da experiência e da
sensibilidade do investigador. Neste tipo de estudos, a descrição deve ser rigorosa e resulta
diretamente dos dados recolhidos. O plano de investigação é flexível, pois o mesmo não
obedece a planos rígidos, previamente estabelecidos, ou seja, segundo Bogdan & Biklen
(1994) “não se recolhem dados ou provas com o objetivo de confirmar ou infirmar hipóteses
construídas previamente.” (cit. por Ferreira, 2013, p. 365). O investigador desenvolve ideias
e chega à perceção dos fenómenos a partir de modelos resultantes da recolha de dados.
Desta forma, ser-nos-á possível agrupar os dados em quadros estatísticos,
permitindo uma leitura mais acessível dos resultados. De seguida, procederemos à análise
dos dados e à sua quantificação das variáveis em estudo de forma a obter um tratamento
rigoroso dos fenómenos. Quanto à utilização da metodologia mista, Yin (2010) sublinha as
vantagens de utilizar dados qualitativos e quantitativos em simultâneo, para que as
metodologias se complementem ao invés de se oporem, incrementando a compreensão.

28
TIPO DE ESTUDO

Neste estudo, inspirado num estudo de caso, pretende-se conhecer melhor as


conceções e dimensões do uso da avaliação. Como este tipo de estudos se centram sobre
realidades, acontecimentos ou grupos específicos, mas de âmbito restrito, importa definir
corretamente à partida o foco do estudo e a sua delimitação, para que a interpretação
posterior dos dados e as inferências decorrentes tenham algum significado operacional.
Neste estudo procurou-se compreender as conceções sobre avaliação, na disciplina
de Físico-Química do ensino básico, manifestadas pelos professores, tendo em
consideração o contexto em que se inserem. As opiniões sobre a avaliação que os
docentes nos transmitiram, permitiram aquilatar qual a prática consensualmente dominante
dos seus processos de avaliação, as razões das suas opções, as suas expetativas quanto
aos resultados a alcançar, bem como as razões para recorrerem a tais processos e não a
outros.
Tendo em conta que existem realidades que exigem investigação – como neste
caso, a conceção de avaliação -, mas que são de difícil mensuração, a forma de ultrapassar
tal dificuldade é utilizar a análise de conteúdo, procurando analiticamente fenómenos
equivalentes, mesmo que expressos em termos e contextos diferentes. Este método é o
mais frequentemente adotado no tratamento de dados das investigações qualitativas, e
constitui um conjunto de técnicas de interpretação da informação que visa obter, por
procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens,
indicadores que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de
produção (ou eventualmente, de receção) dessas mensagens.
Como na prossecução dos estudos de caso é comum a consideração detalhada dos
fatores contextuais, estes estudos surgem como um instrumento importante de ultrapassar
as limitações da pesquisa meramente quantitativa (Starman, 2013). Assim, as vantagens da
utilização do estudo de caso - e a sua validade concetual enquanto instrumento analítico de
investigação -, encontram-se plenamente justificadas. Contudo, é evidente que um estudo
de caso será tanto mais profícuo quanto melhor for o planeamento inicial que presida à sua
conceção, e onde se decidirão itens como a seleção da estratégia de investigação, a
preparação do investigador, a criação das questões de investigação e a forma de as
apresentar. A estratégia usada na investigação é determinada pelas questões a elucidar,
pelos objetivos do estudo, e pelos meios ao dispor do investigador.
Foi levando tudo isso em linha de conta que delineámos o nosso processo de
recolha de dados, que passamos a explanar.

29
TÉCNICAS DE RECOLHA DE DADOS - INQUÉRITO POR ENTREVISTA

A recolha de dados é uma fase decisiva de qualquer investigação. Numa


investigação com uma vertente qualitativa o investigador tem ao seu dispor vários
processos de obtenção de dados, mas podemos elencar as observações, as entrevistas e
os documentos como sendo os mais utilizados.
No caso do nosso estudo, o recurso a observações da prática letiva faria sentido,
pois assistir ao vivo e em tempo real a aulas de exposição e/ou de carácter experimental, ou
mesmo a aulas de testes, dir-nos-ia mais sobre a conceção de avaliação. A aplicação desta
técnica não foi possível devido a dificuldades logísticas, causadas pela atual situação de
pandemia global por COVID-19, que forçou a implementação de medidas de emergência e
restrições para impedir a propagação do vírus em todos os países do mundo. O Governo
português, a 12 de março de 2020, decidiu suspender todas as atividades presenciais de
todas as escolas e em todos os níveis de ensino, situação que se perpetuou até ao final do
ano letivo para o 3.º Ciclo do Ensino Básico, nível onde este estudo incide.
Ficamos apenas pela realização de entrevistas, sendo esse o percurso que
trilhámos.
A finalidade das entrevistas é a de obter informações, como sejam sentimentos,
pensamentos, intenções, práticas ou perspetivas do entrevistado sobre um determinado
tema, que não se poderiam obter de outra forma, sendo um dos meios mais eficazes de
recolher informação. Esta técnica de recolha de dados tem, entre outras vantagens, a de
clarificar e ajudar a interpretar o sentido das opiniões dos entrevistados, bem como as suas
atitudes e conceções, exatamente o objetivo deste estudo no que respeita à avaliação.
Acresce que a realização de entrevistas pode ter dois objetivos: ser a principal
estratégia para a recolha de dados ou ser utilizada, juntamente com outras técnicas, como
mecanismo de observação participante. Segundo Bogdan & Biklen (1994),
Uma entrevista engloba uma conversa intencional, normalmente entre duas pessoas,
podendo envolver mais pessoas, sendo orientada por uma das pessoas com o intuito
de obter informações sobre outrem (p. 134).
Através dessa interação, com intenções e objetivos bem definidos, estabelece-se um
processo de comunicação durante o qual os sujeitos entrevistados exprimem as suas
interpretações e opiniões sobre um facto ou situação, assim como as suas experiências.
(Tuckman, 2000), Quivy e Campenhoudt (1998, cit. por Amado, 2013) consideram que a
entrevista é o método, que serve para a análise do significado que os atores colocam nas
situações diárias pautadas pelos valores, normas e interpretações das próprias
experiências. Deste modo, o objetivo das entrevistas é entrar no mundo do entrevistado e
compreender o seu pensamento.
30
A entrevista pode assumir vários formatos, em função da autonomia de respostas
que se pretendem. Podem realizar-se entrevistas estruturadas, semiestruturadas e não
estruturadas, abertas, semiabertas ou fechadas – ver Quadro 1 -, (Duarte, J. 2005). A
entrevista estruturada não é flexível e, por isso, permite pouca espontaneidade por parte do
entrevistado, reduzindo a possibilidade de aprofundar alguma questão que não tenha sido
mencionada e, principalmente, não considera contextos nem particularidades. Por oposição,
a entrevista não estruturada faculta ao entrevistador a liberdade de individualizar as
questões, de forma a melhorar a comunicação e, consequentemente, aumentar a sua
perceção acerca das diferenças pessoais e de eventuais mudanças, o que dificulta a
obtenção de informação sistemática.

Quadro 1 - Modelo de tipologia em entrevista (adaptado de Duarte, J. 2005)

Pesquisa Questões Entrevista Modelo Abordagem Respostas


Questão
Não-estruturadas Aberta
central Em
Qualitativa Indeterminadas
profundidade
Semiestruturadas Semiaberta Roteiro

Quantitativa Estruturadas Fechada Questionário Linear Previstas

O problema das entrevistas não estruturadas e abertas é a dificuldade posterior do


tratamento da informação recolhida, tratamento cujos resultados poderão vir a ser
influenciados pela subjetividade do investigador devido à não existência de fronteiras
definidas para o âmbito das respostas. Na entrevista semiestruturada e semiaberta existe
um roteiro que serve tópicos aos entrevistados que eles devem abordar. A forma como o
fazem, a extensão das respostas, a divagação eventual para temáticas correlacionadas é
aceite pelo entrevistador, sendo sempre uma abordagem em profundidade, isto é,
entrevistas individuais, contínuas e sem limite de tempo fixado à partida.
Assim, as entrevistas semiestruturadas – que, segundo Ludke & André (1986), são o
meio mais adequado à investigação em educação -, oferecem uma ampla liberdade na
formulação de perguntas e na intervenção do entrevistado. Pelo que optámos, no processo
de recolha de dados, por realizar esse tipo de entrevistas, com a existência de um guião
(Anexo I), previamente preparado, servindo de eixo orientador (Afonso, 2005). Apesar de
não ser um imperativo neste tipo de estudos, preferimos seguir a ordem de formulação das
perguntas previstas no guião, no sentido de facilitar a recolha de informação bem como o
registo e o tratamento dos dados. Uma das vantagens desta abordagem é a de oferecer ao
investigador uma perceção das motivações humanas e da interação social, que lhe permite
esclarecer junto do entrevistado, desde o princípio, os seus objetivos, a estrutura que

31
pretende dar ao progredir da entrevista e a finalidade a que se destinam as informações a
recolher (Vilelas, 2009). Construído a partir das questões da pesquisa e organizado em
perguntas, o guião permite ao entrevistador orientar a sequência das questões e fazer as
adaptações necessárias, de modo a que os entrevistados clarifiquem e esclareçam as suas
opiniões e os seus pontos de vista.
Recolha de dados foi feita em contexto e com pessoas reais22. Foram entrevistados
sete docentes, que demonstraram disponibilidade para participar no estudo e reuniam as
condições desejadas. Pretendia-se professores que não possuíssem constrangimentos para
falar das suas opiniões sobre o ensino e avaliação, fossem conhecidos da investigadora,
com proximidade geográfica desta, acessíveis e com interesse em participar no estudo.
Duas das condições decisivas para a escolha dos professores participantes foram a sua
experiência de ensino na disciplina de Físico-Química e o nível de escolaridade que
lecionam. Os professores teriam que ter uma experiência profissional superior a sete anos
de serviço docente e lecionarem no 3º Ciclo do Ensino Básico. Estes critérios baseiam-se no
facto desta investigação incidir no estudo das conceções de avaliação de professores cuja
prática profissional tenha sido iniciada antes ou com a introdução, em 2013, das Metas
Curriculares de Físico-Química no Ensino Básico e a transição/evolução para as
Aprendizagens Essenciais em 2018. É essencial para o estudo conhecer as conceções de
avaliação destes professores, uma vez que a partir de 2018 já se utiliza como referência as
Aprendizagens Essenciais.
Os professores participantes foram informados dos objetivos deste estudo e foi-lhes
garantido o absoluto anonimato. Os mesmos foram contactados durante o mês de fevereiro,
do ano letivo 2019/2020, para a marcação das entrevistas e agendamento da observação
das práticas letivas. Perante a impossibilidade da observação das práticas letivas, como
mencionado anteriormente, e da elaboração de entrevistas presenciais aos professores que
lecionam a disciplina de Físico-Química no 3.º ciclo do Ensino Básico23, estes foram
entrevistados individualmente através da plataforma Zoom24, tendo as entrevistas sido
realizadas em horário previamente combinado, de acordo com a disponibilidade dos
professores, e ouvidos individualmente. As mesmas foram gravadas em áudio e
posteriormente transcritas. Durante a interação foi dada liberdade de resposta aos
entrevistados (Amado, 2013).

22 Por vezes, os professores têm um discurso que pouco tem a ver com as suas práticas. Só que, neste caso,
como se trata de inquirir de conceções de avaliação, não resta alternativa senão assumir como verdadeiras as
respostas dos sujeitos entrevistados, acerca de algo que é do foro da sua subjetividade pessoal.
23 De notar o contexto atual de pandemia e do consequente estado de emergência em março de 2020.
24 A recolha de dados com recurso à Internet tem vindo a possibilitar um surgimento acrescido de estudos de

investigação em ciências sociais já que permitem tempos de recolha de dados muito menores e com menos
custos. Contudo, existem algumas particularidades nas entrevistas feitas em contexto virtual que as
diferenciam das entrevistas presenciais, quer no que toca à posição do entrevistador quer do entrevistado
(Vaz et al., 2018).
32
Procurou-se conhecer experiências e compreender comportamentos. Sempre que os
entrevistados dão a sua opinião, permitem a identificação de um problema ou a perceção
de uma hipótese. Isto aumenta as possibilidades de entendimento das questões estudadas,
facilitando a compreensão do objeto de estudo. Como tal, recorremos à dedução para
analisar e interpretar o significado das respostas. Sabemos que trabalhámos com uma
amostra de pequena dimensão, pelo que assumimos a ausência de qualquer grau de
generalização quantitativa dos resultados, mas também não é essa a matriz de um estudo
de caso. O objetivo não era obter generalizações, mas sim aprofundar o estudo sobre uma
particularidade: a perceção dos professores acerca da avaliação na disciplina de Físico-
Química.

TÉCNICAS DE ANÁLISE DE DADOS

Após ter sido concedida autorização para a gravação das entrevistas, procedemos à
recolha de dados descritivos dos participantes. Temos como objetivo principal, a obtenção
de dados acerca das conceções que os docentes têm sobre a avaliação. Há, ainda, que
confirmar a função da avaliação nos processos de ensino e de aprendizagem. Importa,
também, verificar as noções de avaliação formativa e sumativa, assim como identificar qual
a modalidade privilegiada pelos docentes, e propostas para melhorias da avaliação na
disciplina de Físico-Química do Ensino Básico.
Para o tratamento dos dados usou-se a análise de conteúdo, reduzindo as suas
características a elementos-chave de forma a compará-los entre si. Segundo Bogdan &
Biklen (1994), a análise de conteúdo engloba o trabalho com os dados, nomeadamente a
sua organização, síntese, procura de padrões, descoberta sobre o que deve ser apreendido
e de que forma deve ser divulgado. Esta técnica de investigação científica privilegiada pelas
ciências sociais procura “combater” a natural subjetividade característica destas ciências, e
pode ser aplicada a quase todas as formas de suportes comunicacionais (Bardin, 2008).
Isto é, trata-se de um processo sistemático de procura e organização dos materiais que vão
sendo recolhidos ao longo do trabalho de campo.
Para se realizar a análise de dados, Amado (2013) menciona que após a recolha e
transcrição do material, é altura de iniciar o processo de análise, que deve compreender os
critérios de objetividade, fidelidade, validade e discriminação. Esta técnica visa transformar
a informação obtida em algo que seja interpretável e que tenha significado para o
investigador através de
[…] Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter
procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens

33
indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos
relativos às condições de produção/receção destas mensagens. (Bardin 2008, p. 44).

Listámos as respostas de cada docente, o que permite verificar quais os traços


comuns e alcançar uma melhor interpretação (Amado, 2013). É um processo formado por
um elemento-chave que representa o significado do conceito que se pretende aprender,
assim como de outros indicadores que caracterizem o campo semântico do conceito (Vala,
1986). É considerado um método flexível e muito utilizado na análise qualitativa que permite
identificar, analisar e relatar temas que emergem dos dados podendo, assim, organizar e
descrever a transcrição da entrevista com maior pormenor, fornecendo uma melhor
compreensão e produção do conhecimento sobre o fenómeno que está a ser estudado
(Braun & Clarke, 2006). Assim, a análise de conteúdo processa-se segundo as seguintes
etapas: (1) Definição dos objetivos e do Quadro de referência teórico; (2) Constituição de um
corpus; (3) Definição de categorias; (4) Definição de unidades de análise; (5) Quantificação
(não obrigatória); (6) Interpretação dos resultados obtidos (Bardin, 2008).
Segundo Janis (1982), as regras de uma análise de conteúdo devem distinguir quais
os traços que devem ser classificados e em que categorias, uma vez que estas devem ser
distintas entre si, para não se confundirem. No entanto, os seus conteúdos devem ser
adjacentes. Simultaneamente, as categorias devem abranger todo o conteúdo a investigar,
ou seja, serem exaustivas e exclusivas (Bailey, 1984). A classificação das categorias exige
objetividade, de forma a atender aos interesses das questões em pesquisa. Prefere-se uma
categorização de tipo aberto, uma vez que o sistema de categorias resulta da análise das
respostas. Optou-se por agrupar as questões em unidades de contacto temáticas que
cumpram os requisitos de objetividade e pertinência desejados (Amado, 2013).
Como tal, chegou-se ao seguinte quadro de análise composto por onze dimensões,
que serão as nossas unidades de análise das respostas dos entrevistados, para as quais
foram convocados a pronunciar-se em várias perguntas do guião construído para o efeito.

34
Quadro 2 – Dimensões de análise

DIMENSÕES

1 Opinião sobre avaliação

2 Função da avaliação nos processos de ensino e aprendizagem

3 Modalidade(s) de avaliação usada(s) pelos docentes

4 Autoavaliação dos alunos

5 Função do professor e do aluno na avaliação

6 Instrumentos de avaliação utilizados

7 Planificação de atividades

8 Critérios de avaliação

9 Feedback ao resultado da avaliação do aluno

10 Especificidade da disciplina de Físico-Química

11 Proposta de melhorias para a avaliação da disciplina

Em síntese, o presente estudo caracteriza-se pela sua metodologia qualitativa,


utilizada com recurso à técnica de análise de conteúdo efetuada às entrevistas
semiestruturadas realizadas.

35
Capítulo IV

APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma
coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso aprendemos sempre.

(Paulo Freire)

No presente capítulo apresentaremos os conteúdos extraídos das entrevistas


realizadas a sete professores de Físico-Química, de modo a concretizar a análise,
interpretação e discussão das mesmas. Para tal, foram consideradas onze dimensões de
análise: opinião sobre avaliação, função da avaliação nos processos de ensino e
aprendizagem, modalidades de avaliação usadas pelos docentes, autoavaliação dos
alunos, função do professor e do aluno na avaliação, instrumentos de avaliação utilizados,
planificação de atividades, critérios de avaliação, feedback ao resultado da avaliação do
aluno, especificidade da disciplina de Físico-Química e proposta de melhorias para a
avaliação da disciplina.

CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES

Esta investigação foi realizada no ano letivo 2019/2020 e as entrevistas foram


efetuadas a sete professores que lecionam a disciplina de Físico-Química no Ensino Básico
em dois estabelecimentos de ensino público. Dois docentes ensinam num agrupamento de
escolas do concelho de Montijo, os outros cinco lecionam no agrupamento de escolas do
concelho de Vendas Novas. A escolha destas escolas deve-se à sua localização
geográfica, de proximidade com a investigadora, e à prestabilidade dos docentes para a
participação no estudo.
Os professores quando contactados pela investigadora para participarem no estudo,
mostraram boa vontade e interesse, e encararam a sua participação numa perspetiva de
desenvolvimento profissional e pessoal. São profissionais com idades compreendidas entre
os 39 anos e os 52 anos, sendo três do sexo feminino e quatro do sexo masculino. O
professor mais novo possui o menor tempo de serviço docente, oito anos, tendo os

36
restantes entre os quinze e os vinte e três anos de serviço docente. Podemos constatar que
estes professores possuem vasta experiência na sua área profissional. Dos sete
professores mencionados, a maioria tem vínculo na escola onde leciona, apenas dois, os
mais novos, são docentes contratados.
De forma a garantir o anonimato dos participantes foram atribuídos códigos a cada
entrevista referenciados com a letra E (Entrevistado) e identificados por E1, E2, E3. E4, E5,
E6 e E7.
A síntese da informação pessoal e profissional recolhida dos entrevistados é
apresentada no Quadro 3.

Quadro 3 - Caracterização académica e profissional dos entrevistados


Anos de Nível de
Habilitações Situação
Designação Género Idade serviço escolaridade que
académicas profissional
docente lecionam no 3.º CEB
Licenciatura e
Prof. (E1) Feminino 52 Efetivo 23 9.º
Mestrado

Prof. (E2) Feminino 46 Licenciatura Efetivo 16 8.º e 9.º

Prof. (E3) Masculino 44 Licenciatura Efetivo 18 7.º, 8.º e 9

Prof. (E4) Feminino 50 Licenciatura Efetivo 21 7.º e 9.º

Prof. (E5) Masculino 42 Licenciatura Contratado 15 7.º e 8.º

Prof. (E6) Masculino 39 Licenciatura Contratado 8 7.º

Licenciatura e
Prof. (E7) Masculino 46 Efetivo 20 7º e 8º
Mestrado

DIMENSÕES DO CAMINHO AVALIATIVO

A profissão docente está relacionada de forma intrínseca com a avaliação da


aprendizagem. Geralmente, esta é efetuada através de critérios pré-estabelecidos e
configura um dos temas mais relevantes na atividade educacional porque possui um
elevado potencial na promoção e manutenção da mudança. A avaliação compreende uma
ampla variedade de atividades, de acordo com os indivíduos, os elementos que avalia e a
finalidade a que atende, podendo ser direcionada para os alunos, para os professores, para
os currículos, para as instituições ou para todo o sistema educativo. A avaliação é
entendida por uns como uma apreciação da qualidade, por outros como um plano metódico
para avaliar temas relevantes e outros ainda a concebem como uma atividade diária que se
realiza sempre que se pretende tomar uma decisão. No entanto, é vista, na maioria das
37
vezes, como um instrumento construtivo utilizado para introduzir melhorias e inovações, ou
como uma atividade destrutiva que ameaça a espontaneidade e paralisa a criatividade. Em
síntese, a avaliação pode ser tudo isto, no entanto, a sua principal função centra-se na
classificação e certificação.
Posto isto, nesta fase, procedeu-se à seleção, transcrição e categorização de
excertos das entrevistas realizadas, que evidenciam informação relevante para o estudo.
Para o efeito estabeleceram-se diferentes dimensões, abrangendo cada uma diversas
categorias e subcategorias, e referentes unidades de registo.

Dimensão 1 – Conceito de avaliação na opinião dos docentes

Quadro 4 - Categorias, subcategorias e unidades de registo referentes à dimensão conceito


de avaliação

Categorias Subcategorias Unidades de registo


Funções Aquisição de conhecimentos “é uma forma de perceber o que os
Adaptações alunos estão a adquirir a nível de
Verificar aprendizagens conhecimentos, competências” – E2
Ajustar processos e “é necessário para perceber o estado
estratégias dos alunos, e o estado do ensino e,
Identificar resultados essencialmente, da aprendizagem” – E1
Processo Apreciação dinâmica “é uma apreciação … dinâmica, contínua
Apreciação contínua e sistemática” – E4
Apreciação sistemática
Objetividade/Subjetividade Conceito abstrato “um conceito abstrato, que requer um
Necessita critérios conjunto de parâmetros mensuráveis (os
critérios)” – E7
“É sempre subjetivo” – E6

Para o efeito, na dimensão “conceito de avaliação na opinião dos docentes” e


sustentados na opinião dos inquiridos estabeleceram-se três categorias de análise: funções,
o processo e a objetividade/subjetividade da avaliação.
Assim, face ao exposto no quadro 4, foi possível identificar diferentes opiniões sobre
a avaliação. A maioria dos professores referem que a avaliação é um elemento chave e
fundamental no atual sistema educativo, a sua função constitui “uma forma de perceber o
que os alunos estão a adquirir a nível de conhecimentos, competências” (E2), permite “fazer
as devidas adaptações” (E2), “ajustando processos e estratégias” (E5), “é necessário para
perceber o estado dos alunos, e o estado do ensino e, essencialmente, da aprendizagem”
(E1), Dá-lhes a possibilidade de perceber “o resultado do trabalho concretizado com os
alunos” (E3) e auxilia-os na tomada de “decisões sobre o seu trabalho com os alunos” (E4).
É, na sua essência “um dos processos mais difíceis no processo de ensino-aprendizagem”
38
(E6), no entanto é um processo “que tem de ser dinâmica, contínua e sistemática” (E4) que,
por ser um conceito “subjetivo” (E6) e “abstrato” (E7) requer “um conjunto de parâmetros
mensuráveis (os critérios) para o tornar mais explícito” (E7).

Dimensão 2 - Função da avaliação nos processos de ensino e aprendizagem

Quadro 5 – Categorias, subcategorias e unidades de registo referentes à dimensão propósito


e função da avaliação

Categorias Subcategorias Unidades de registo


Objetivo Verificar a assimilação de conteúdos “regular o processo de ensino e de
Regular processo aprendizagem do aprendizagem e redefinir estratégias”
aluno – E5
Regulação das práticas do professor “Se já adquiriram determinados
conhecimentos” – E1
Função Aferir conhecimentos “aferir o conhecimento adquirido pelos
Redefinir estratégias alunos” – E7
Identificar dificuldades “a avaliação identifica as dificuldades
do aluno” – E4
Responsabilidade Responsabilidade dos alunos “ajustando a sua forma de estudo e
Comprometimento dos professores melhorando os seus resultados
escolares” – E3
“refletindo sobre o seu trabalho e
alterando estratégias de ensino-
aprendizagem” – E3

Nesta dimensão pretendeu-se identificar o propósito da avaliação. Neste sentido,


estabeleceram-se três categorias de análise: o objetivo, a função e a responsabilidade da
avaliação.
A análise das respostas revelou que para a maioria dos inquiridos a avaliação tem
como propósito aferir “o estado de desenvolvimento dos alunos, ou seja, se eles estão a
adquirir competências, a conseguir desenvolver as suas capacidades” (E1). Além disso a
avaliação é vista também como uma ferramenta que serve para “mudar as nossas
estratégias” (E2), “regular o trabalho de cada um dos intervenientes” (E3) e “identifica as
dificuldades do aluno” (E4), entre outras. Os inquiridos referem também que a avaliação é
um instrumento que visa “regular o processo de ensino e de aprendizagem e redefinir
estratégias” (E5), embora, o atual sistema educativo a promova como “momento e
instrumento de classificação” (E6). Todavia, esta pode possuir um papel mais inclusivo, tal
como ser utilizada como instrumento elementar na “autorregulação de todo o processo de
ensino-aprendizagem” (E6) possibilitando ajustes na “forma de estudo” dos alunos de modo
a estes melhorarem “os seus resultados escolares” (E3).

39
Além do mais, na opinião dos professores entrevistados a função da avaliação
passa por tornar o processo ensino e aprendizagem mais significativo através da aferição
da qualidade da sua própria prática profissional o que resultará na alteração de estratégias
e metodologias, caso se considere necessário, ou seja, “(…) os professores (…) devem ir
refletindo sobre o seu trabalho e alterando estratégias de ensino-aprendizagem consoante
os resultados que vão obtendo dos seus alunos” (E3) de modo a “melhorar os resultados
nas avaliações seguintes” (E2) e, consequentemente numa “atitude mais responsável do
aluno em relação ao estudo” (E4).
Em suma, seis dos entrevistados referem a avaliação, não só como mecanismo de
aferição de conhecimentos adquiridos pelos alunos, mas também como instrumento de
adaptação de estratégias de ensino com o objetivo de melhorar a aprendizagem.

Dimensão 3 – Modalidade(s) de avaliação usada(s) pelos docentes

Quadro 6 – Categorias, subcategorias e unidades de registo referentes à dimensão


modalidade de avaliação preferida

Categorias Subcategorias Unidades de registo


Espaço temporal Diária “A avaliação é sistemática, formal e
Final do período letivo informal… recorro à avaliação formativa
Final do ano letivo e sumativa ao longo do ano” – E5
Sempre que se justifique

A análise desta dimensão teve como objetivo perceber a opinião dos inquiridos
relativamente às modalidades de avaliação utilizadas por si durante a sua prática letiva e
qual a sua preferência em relação a esta. Para o efeito estabeleceu-se uma categoria de
análise, o espaço temporal.
Assim, os inquiridos referem que a avaliação deve ser efetuada “Ao longo do ano”
(E2), de forma “sistemática, formal e informal” (E5). Ou seja, a “avaliação é feita aula a aula”
(E7), embora “estejam agendados os momentos formais de avaliação” (E3). Deste modo, os
docentes inquiridos referem que utilizam a avaliação formativa ao longo do ano, recorrendo
também à avaliação sumativa geralmente a meio de cada período e no final destes. Isto é,
“A meio do período há sempre um teste de avaliação sumativa, no final outro de avaliação
sumativa, e entre eles há as questões de aulas e os relatórios” (E2).
Em suma, os docentes inquiridos optam pela avaliação formativa, ao longo do ano,
recaindo esta sobre as “intervenções dos alunos/argumentação face ao conteúdo em
estudo” (E7), embora utilizem também a avaliação sumativa, através de testes, uma vez
que estão “agendados os momentos formais de avaliação” (E3), coincidindo esta

40
“geralmente, com o final das unidades temáticas” (E5). Além disso, no final do ano letivo, os
docentes efetuam “um balanço global e sai a avaliação final” (E2).

Dimensão 4 - Autoavaliação dos alunos

Quadro 7 – Categorias, subcategorias e unidades de registo referentes à dimensão


autoavaliação

Categorias Subcategorias Unidades de registo


Promoção Efetuam a autoavaliação “Sim (…) são incentivados a realizar
Autoavaliação orientada uma reflexão orientada” – E6
Periodicidade “no final de cada período letivo” – E3
Instrumentos Documento próprio “um questionário de autoavaliação” –
Oral e escrita E2
“no final de cada período letivo, em
documento próprio” – E3
“conjunto de questões (escolha
múltipla e resposta aberta) (…) na
padronizada folha de autoavaliação”
– E7
Influência nas práticas avaliativas Influencia positivamente “Tenho sempre em conta a
Influencia de forma autoavaliação dos alunos” – E4
negativa “Não, não tem influenciado” – E1
Reflexão Obrigatoriedade do “uma obrigação do professor
professor ponderar as suas práticas
Consideração sobre educativas” – E3
resultados finais “Reflito sempre sobre os resultados
Influencia práticas letivas dos alunos” – E4
futuras “tenho que fazer adaptações na
minha prática pedagógica” – E4

A dimensão “Autoavaliação dos alunos” envolve as questões dezoito, dezanove e


vinte do guião da entrevista, as quais pretendiam indagar os inquiridos sobre a opção e
periodicidade da autoavaliação, se esta influencia as práticas avaliativas e se de alguma
forma costumam refletir sobre os resultados obtidos e, por sua vez, se esta influencia as
práticas pedagógicas e avaliativas posteriores.
Da análise das respostas surgiram cinco categorias de análise: a promoção, a
periodicidade, os instrumentos, a influência nas práticas avaliativas e a reflexão.
Por conseguinte, quando questionados sobre se promovem a autoavaliação com os
alunos das suas turmas, todos os inquiridos responderam “Sim, promovo a autoavaliação”
(E4), embora a maioria só a efetuem “no final de cada período” (E1). No entanto, alguns
docentes referem que a realizam “no final de cada período e nos testes escritos”, ou ainda

41
“No final de cada tarefa e no final do período” (E6). Relativamente à forma como a
executam, isto é, aos instrumentos que utilizam para efetuar a autoavaliação, os inquiridos
referiram que utilizam “um questionário de autoavaliação” (E2), oral ou escrito, dando
preferência a este último, contudo a maioria referiu que utiliza “uma ficha de autoavaliação
elaborada pelo grupo disciplinar” (E4) constituída por um “conjunto de questões (escolha
múltipla e resposta aberta) abordadas para o efeito, na padronizada folha de autoavaliação”
(E7).
Em relação à influência da autoavaliação nas práticas avaliativas, os inquiridos
responderam que esta é sempre tida em conta e refletem sempre que a sua avaliação não
coincide com a autoavaliação do aluno (E4). Embora, três inquiridos salientam que a
autoavaliação dos alunos não influencia as suas práticas letivas, os restantes referem que
esta influi de alguma forma nas suas práticas, uma vez que constitui “um momento
importante de reflexão sobre o trabalho desenvolvido e vai auxiliar na procura de outras
formas mais eficientes de melhorar os resultados dos alunos” (E3), esta permite-lhes
“redefinir estratégias e reorientar a aprendizagem” (E4) e dá-lhes a possibilidade de “ajustar
o tipo de tarefas propostas” (E6). Além disso, um dos inquiridos revela que a autoavaliação
do aluno não reflete a realidade, uma vez que a opinião dos alunos está “de acordo com o
que eles queriam que fosse, mas não corresponde à realidade” e deste modo, não sendo
sincera, não o influencia nas suas práticas letivas (E2), sendo esta utilizada “mais para ver
se eles têm noção, e se difere muito da minha classificação final” (E1).
Quando questionados se efetuam alguma reflexão sobre os resultados obtidos e se
estes influenciam as práticas pedagógicas e avaliativas posteriores, os inquiridos referem
que sim, considerando ser “uma obrigação do professor ponderar as suas práticas
educativas, e se estão ou não a ter o sucesso pretendido” (E3). Por conseguinte,
consideram que refletir sobre os resultados obtidos permite-lhes “fazer adaptações na
minha prática pedagógica, tentando arranjar outras estratégias de ensino-aprendizagens
para que os alunos melhorem os seus resultados” (E4). Deste modo, a reflexão sobre os
resultados obtidos exerce influência sobre as práticas pedagógicas avaliativas futuras, uma
vez que lhes possibilita o ajuste das “tarefas propostas às dificuldades apresentadas,
promovo auto e heteroavaliação, privilégio o trabalho a pares e o apoio mais individualizado
sempre que verifico que os resultados obtidos estão aquém do esperado” (E5). Além disso
consideram que é “fundamental analisar e redesenhar novas estratégias para responder
aos resultados obtidos pelos alunos. A análise dos resultados e a proposta de melhoria das
práticas letivas é um processo em constante mudança, no qual os alunos devem estar
envolvidos” (E6). No entanto, um dos inquiridos embora afirme que efetua uma reflexão
sobre os resultados obtidos, não faz “grandes alterações aos procedimentos na medida em

42
que os resultados dos alunos dependem maioritariamente de fatores que não controlo
(apoio parental, expectativas sociais, etc.)” (E7).

Dimensão 5 - A função do aluno e do professor face à avaliação

Quadro 8 - Categorias, subcategorias e unidades de registo referentes à dimensão função do


aluno e do professor face à avaliação

Categorias Subcategorias Unidades de registo


Destinatário Professor “no sentido geral, destina-se a
Aluno todos” – E1
Outros “O destinatário final é o aluno” –
E2
“pode estender-se às instituições,
ao currículo, aos docentes, aos
alunos e à totalidade do sistema
educativo” – E4
Papel Centralidade no professor “dinamizar uma série diversificada
Centralidade no aluno de atividades que lhe permita
aferir todos os conhecimentos e
competências dos alunos” – E1
“reforçar o seu estudo e ir
obtendo melhores resultados” –
E3

Ao estabelecer-se a dimensão “A função do aluno e do professor face à avaliação”


pretendeu-se, por um lado, saber a opinião dos inquiridos em relação a quem se destina a
avaliação e, por outro, perceber o papel do professor e do aluno na avaliação. Da análise
das respostas às questões três e cinco do guião assomaram duas categorias de análise: o
destinatário da avaliação, e o papel desempenhado por docentes e alunos perante a
avaliação.
Por conseguinte, os inquiridos afirmam que em última instância “a avaliação do
processo de ensino-aprendizagem realizada pelo docente destina-se ao aluno” (E4). Porém,
a maioria dos inquiridos salienta que além dos alunos, a avaliação também deve recair em
“todos os intervenientes no processo educativo” (E3), ou seja, deve “estender-se às
instituições, ao currículo, aos docentes, aos alunos e à totalidade do sistema educativo”
(E4). Todavia, no caso específico do ensino básico, o inquirido E1 refere que “a avaliação
destina-se a todos os alunos”, mesmo aqueles que apresentam maiores dificuldades, mas
esta “deve também ser adaptada aos diferentes alunos”. Em síntese, ficou patente nas
respostas dos inquiridos que a avaliação “se destina a aferir e a certificar as aquisições
realizadas pelo aluno” (E5), “deve ser realizada com enfoque nas aprendizagens dos

43
alunos” (E6) e esta apesar de constituir um “processo transversal a todos os intervenientes,
os alunos devem estar no centro dos objetivos da avaliação” (E6).
Em relação ao papel que desempenha o professor face à avaliação, a análise das
respostas indica que o docente deve centralizar em si e “dinamizar uma série diversificada
de atividades que lhe permita aferir todos os conhecimentos e competências dos alunos”
(E1). Por conseguinte, “deve produzir materiais” e de acordo com os resultados obtidos
“adaptar as estratégias” para situações posteriores, ou seja, “Terá de adaptar os materiais e
as estratégias de ensino e aprendizagens” (E2).
Além disso perante a avaliação, o docente deve focar-se no aluno e em si mesmo e
“assumir um papel de moderador do trabalho dos alunos, incentivando-os à melhoria dos
seus resultados e atitudes e ao conhecimento em geral” (E3), de maneira que ao “fornecer
ao aluno um conjunto variado de atividades/estratégias com critérios específicos de sucesso
e recorrer de forma sistemática à observação e feedback do processo de aprendizagem”
(E5), possa “guiar o aluno durante a avaliação” motivando-o e envolvendo-o em todo o
processo (E6).
Relativamente ao papel do aluno perante a avaliação, os inquiridos salientam que “a
avaliação só é verdadeira quando compreendida pelo aluno” (E4), ou seja, este “deverá
compreender claramente o que vai ser avaliado e verificar, com a ajuda do professor, aquilo
que é capaz de realizar” (E6). Neste pressuposto, os inquiridos referem que perante os
resultados da avaliação, o aluno deve mostrar “a sua melhor parte” quando está a ser
avaliado (E1) e “mediante os resultados e a dificuldade na realização dos materiais, deve
consciencializar-se das suas dificuldades e tentar melhorar” (E2), uma vez que é através da
avaliação que os discentes reforçam o estudo e obtêm melhores resultados (E3) e esta
quando compreendida por eles “permite regular a sua aprendizagem, o que supõe a escuta
dos pares e o confronto de pareceres facilitadores da autoavaliação e do autocontrole” (E4).
Em suma, embora existam dois elementos que afirmam que a avaliação se reporta
“aos alunos” (E7) e (E4), a maioria dos professores considera que a avaliação se reporta às
“instituições, ao currículo, aos docentes, aos alunos e à totalidade do sistema educativo”
(E4), ou seja, “é um processo transversal a todos os intervenientes [em que] os alunos
devem estar no centro dos objetivos da avaliação” (E6).
Neste processo a função “do professor, é dinamizar uma série diversificada de
atividades que lhe permita aferir todos os conhecimentos e competências dos alunos. Para
os alunos, é mostrarem a sua melhor parte quando estão em momentos de avaliação” (E1).
A este propósito, o E4 salienta o papel determinante do professor nesta matéria,
nomeadamente nos conhecimentos “relativos aos conteúdos científicos que têm que
lecionar, à didática específica da disciplina que ensinam e a uma diversidade de conteúdos
de natureza pedagógica”, assim como, no desenvolvimento de um papel cujo cariz seja “de
44
moderador do trabalho dos alunos, incentivando-os à melhoria dos seus resultados e
atitudes e ao conhecimento em geral” (E3). Por outro lado, “o aluno [deverá] integrar a
preparação do processo de avaliação, pelo que deverá compreender claramente o que vai
ser avaliado e verificar, com a ajuda do professor, aquilo que é capaz de realizar” (E6).
Um dos inquiridos manifesta uma visão redutora do papel do professor e dos alunos
na avaliação, ao afirmar que “O docente é o avaliador e o aluno é o avaliado!” (E7).

Dimensão 6 - Instrumentos de avaliação

Quadro 9 – Categorias, subcategorias e unidades de registo referentes à dimensão


instrumentos de avaliação

Categorias Subcategorias Unidades de registo


Instrumento Testes “O que utilizo mais frequentemente são os
Instrumentos diversificados testes escritos” – E5
“Questões de aula, trabalhos de grupo,
trabalhos individuais, teste de avaliação,
relatórios de atividades experimentais” – E7
Critérios Competências “A nota trimestral é resultado do
Departamento curricular e grupo cumprimento dos critérios de avaliação” – E1
disciplinar

Para a dimensão “Instrumentos de avaliação” estabeleceram-se as categorias de


análise: instrumento e critérios, com o objetivo de perceber quais os instrumentos de
avaliação utilizados pelos docentes da disciplina de Físico-Química e quais os critérios que
utilizam para obter a avaliação final trimestral dos seus alunos.
Assim, pelo que nos foi dado a aferir pela análise das questões onze e catorze do
guião, os inquiridos sustentam que os instrumentos utilizados para avaliar os seus alunos
tende a ser a “mais diversificada possível” (E1), ou seja, os instrumentos que mais utilizam
para avaliar os alunos são “os testes escritos, as questões na aula, relatórios práticos,
apresentações orais, trabalhos de grupo ou pares e registos de participação oral e escrita
dos alunos” (E4), entre outros.
Além disso, os inquiridos referem que os testes escritos são os que têm “mais peso,
de acordo com os critérios” (E2) da avaliação final do aluno, porque os percebem como “a
forma mais direta e objetiva de avaliação” (E4), ao passo que para a avaliação formativa
utilizam “fichas de trabalho, resolução de atividades sugeridas pelo manual, testes digitais e
em papel, questões de sala de aula, participação dos alunos, relatórios orientados,
organização do caderno diário” uma vez que estes instrumentos facultam ao aluno “as
técnicas de estudo e de resolução de exercícios e problemas necessários para os testes

45
mais formais” (E3), ou seja, os docentes dizem recorrer a estes instrumentos porque “para
além de estarem padronizados na disciplina, são eficazes” (E7).
Posto isto, quando inquiridos sobre os critérios seguidos para obterem a nota final
trimestral dos seus alunos, estes referem que a avaliação “é resultado do cumprimento dos
critérios de avaliação”, ou seja, quando estes são baseados nas competências, no
conhecimento, na comunicação científica, na criatividade, e na responsabilidade, entre
outros, são criados “elementos de avaliação de resposta a estas competências, para poder
dar a média final” (E1). No entanto, a avaliação “resulta da aplicação dos critérios de
avaliação” (E3) e a nota é “ponderada de acordo com todos os materiais que eles
produziram” (E2). Em suma “A nota trimestral é obtida através de uma grelha de avaliação
elaborada pelo departamento curricular e grupo disciplinar, onde se pondera todos os
critérios específicos de avaliação da disciplina” (E4). Tendo em conta o descrito, os
professores manifestam a preocupação de avaliarem os conhecimentos/aquisição de
competências dos alunos de forma integrada de acordo com o desenvolvimento dos
critérios de avaliação, das competências básicas e não na mera assimilação de conteúdos.

Dimensão 7 - Planificação de atividades

Quadro 10 – Categorias, subcategorias e unidades de registo referentes à dimensão


planificação de atividades

Categorias Subcategorias Unidades de registo


Processo Conteúdos e aprendizagens “dar as indicações essenciais à boa
concretização das atividades” – E3
Objetivos Objetivos gerais “Costumo ter por base as
Aprendizagens essenciais aprendizagens essenciais” – E1
“Os objetivos de aprendizagem” – E5
Espaço temporal “Os objetivos e os critérios de
sucesso são comunicados,
normalmente antes de uma atividade”
– E4
Conteúdo Faculta matriz “Sim, forneço essa informação” – E4
“Não. A maioria dos alunos não a
utiliza” – E7

A dimensão planificação de atividades envolve as questões sete, oito e doze do


guião de entrevista. Com estas questões pretendeu-se perceber o que os docentes
consideram mais no momento da planificação, em que circunstâncias comunicam aos
alunos os objetivos de aprendizagem e os critérios de sucesso de uma atividade e se

46
costumam fornecer aos alunos, antes da realização de um teste ou ficha de avaliação, uma
matriz dos conteúdos e objetivos para o prepararem de forma adequada.
Face ao exposto, estabeleceram-se as categorias de análise: processo, objetivos,
espaço temporal e conteúdo.
Posto isto, em relação a perceber o que consideram mais relevante no planeamento
das suas atividades os inquiridos afirmaram que costumam ter em especial atenção “as
aprendizagens essenciais” (E1). Assim, para eles é fundamental “fornecer uma boa base
teórica sobre o assunto em estudo, depois dar as indicações essenciais à boa
concretização das atividades” (E3). Neste sentido, o que atentam mais “depois da
identificação da situação pedagógica são os objetivos gerais, específicos e os
comportamentais. As estratégias de trabalho e de avaliação, de gestão de tempo e de
espaço e ainda estratégias de recursos/materiais” (E4). Ou seja, os docentes consideram
essencial comunicar aos alunos “os objetivos de aprendizagem” (E5). Por conseguinte
ponderam “A forma como vou abordar os assuntos – estratégias para ministrar e transmitir o
conhecimento” (E7) tendo em linha de conta “As aprendizagens essenciais, a tipologia das
atividades realizadas, o público-alvo e adequação ao nível de ensino e motivação dos
alunos” (E6).
Relativamente às circunstâncias em que comunicam aos seus alunos os objetivos de
aprendizagem e os critérios de sucesso de uma atividade, a maioria dos docentes afirmam
que o fazem “antes de uma atividade” (E5). No entanto, os inquiridos acham oportuno faze-
lo também “na entrega dos resultados do trabalho dos alunos, para aferir com eles os
critérios de correção” (E3), ou ainda “Sempre que há momentos de avaliação em ‘jogo’”
(E7). Refere-se também que um dos inquiridos sublinha que no ensino básico “não costumo
partilhar os critérios de sucesso das atividades, só no secundário, a menos que a atividade
seja muito fora do normal, da rotina” (E1).
Por último, questionados se facultavam aos alunos, para preparação das fichas ou
testes de avaliação, uma matriz de conteúdos e objetivos, grande parte dos inquiridos refere
que “Sim, sempre” (E6). Ou seja, os docentes, antes de um teste ou ficha de avaliação
facultam ao aluno uma matriz de conteúdos e objetivos, para que este saiba “quais os
conteúdos que deve privilegiar estudar para melhor preparar os momentos de avaliação
formais” (E3). Porém, alguns inquiridos revelam que não facultam este tipo de matiz porque
entendem que esta “não é mais do que um índice da matéria” (E1) e, uma vez que, “A
maioria dos alunos não a utiliza” preferem indicar os “conteúdos e [as] páginas do manual a
estudar” (E7).
Em suma, a planificação das atividades é vista pelos professores como uma das
traves-mestras no processo relacionado com a aprendizagem do aluno. Desta forma, por
norma, os professores elaboram a planificação tendo em consideração “a base das
47
aprendizagens essenciais e os interesses dos alunos” (E1). Além disso, consideram
também “Os objetivos de aprendizagem” (E5), “os assuntos – estratégias para ministrar e
transmitir o conhecimento” (E7) e “o público-alvo e adequação ao nível de ensino e
motivação dos alunos” (E6).
Todos os professores, exceto o E5, afirmam que comunicam os objetivos de
aprendizagem aos alunos antes da atividade.
A maioria dos professores revela que fornece antecipadamente aos alunos uma
matriz de conteúdos e objetivos para a preparação de uma ficha/teste de avaliação, outros,
porém, referem não o fazer pois não consideram esta estratégia benéfica para os alunos.

Dimensão 8 - Critérios de avaliação

Quadro 11 – Categorias, subcategorias e unidades de registo referentes à dimensão critérios


de avaliação
Categorias Subcategorias Unidades de registo
Local Documentos orientadores “Em departamento curricular, de acordo
os documentos orientadores do
Ministério da Educação e da legislação
inerente” – E1
Informação Espaço temporal “Logo no início do ano” – E1
Forma “no início do Ano letivo e por escrito” –
E6;
Adaptações Adaptação dos critérios de “É mesmo obrigatório adaptar a
avaliação avaliação”; “testes adaptados” - E1
“mais tempo para a concretização das
atividades” – E3
“tarefas de diferentes graus de
dificuldade” – E5

Para a dimensão critérios de avaliação estabeleceram-se as categorias de análise:


local, informação e adaptação.
Por conseguinte, quando questionados sobre como eram definidos os critérios de
avaliação da disciplina que lecionam, os docentes inquiridos afirmam que estes são
definidos “Em sede de departamento e grupo disciplinar” (E6), de acordo com “os
documentos orientadores do Ministério da Educação e da legislação inerente” (E1). No
entanto, e embora pensados e discutidos no departamento curricular da disciplina, os
critérios de avaliação podem ser adaptados pelos diferentes grupos de docentes, porém a
existir “alguma adaptação é precisamente na parte experimental” (E2).
Em relação a perceber se os docentes informam os alunos sobre os critérios de
avaliação, como e quando o fazem, os inquiridos responderam que o fazem “sempre” (E1),

48
geralmente “no início do ano letivo e por escrito” (E6), “Logo que o documento é aprovado
em Conselho Pedagógico” (E3). Assim, logo que “os critérios de avaliação são aprovados
no conselho pedagógico” (E1) os “os alunos são informados, juntamente com os seus
encarregados de educação, pelo site da escola”, no entanto, esta informação também é
facultada aos alunos “oralmente e por escrito” (E3) na sala de aula “durante um mês/dois
meses do início do ano letivo, consoante informações superiores” (E4) e “com (alguma)
periodicidade no decorrer do ano letivo” (E7).
Posteriormente, pretendeu-se perceber se os docentes adaptavam a avaliação ao
nível de desempenho dos alunos da turma e a forma como o faziam em caso de resposta
afirmativa. Neste pressuposto, com exceção do E7 que só o faz “para os alunos avaliados
ao abrigo das medidas universais, adicionais ou seletivas” todos os outros inquiridos
responderam que adaptam a avaliação “consoante a turma, se é mais fraca ou não” (E4).
Assim, “de forma a potenciar o sucesso educativo” (E5) os docentes entendem que “É
mesmo obrigatório adaptar a avaliação” (E1), nomeadamente “Quando existem alunos com
características próprias que necessitam de adaptações ao nível da avaliação” (E3) porque
“senão no final dava(m) negativa a toda a gente” (E2). Para tal, recorrem a “testes
adaptados a alguns com maiores dificuldades” (E1) e atribuem “mais tempo para a
concretização das atividades” (E3), ou seja, “Tento diversificar a forma de abordar os temas
e proponho tarefas de diferentes graus de dificuldade” (E5).
Em suma, todos os professores referem que os critérios de avaliação são definidos
em departamento curricular. Da mesma forma todos afirmam que informam os alunos
acerca dos critérios de avaliação. Além disso, afirmam que adaptam a avaliação que
realizam ao nível de desempenho dos alunos de uma turma. Todavia, refere-se que, uma
vez que os critérios de avaliação são decididos em sede de departamento ou grupo
disciplinar, e apresentados aos alunos no início do ano letivo, podemos deduzir que estes
não intervêm na elaboração dos mesmos. Os alunos apenas tomam conhecimento dos
critérios de avaliação a que estão sujeitos, não lhes sendo permitida qualquer interferência
na sua negociação (Pinto & Santos, 2006). De facto, apesar das inúmeras mudanças a que
o sistema educativo tem sido sujeito nas últimas décadas, a cultura pedagógica e avaliativa
ainda não prevê inovações a este nível (Fernandes et al. 2011).

49
Dimensão 9 - Feedback ao resultado da avaliação do aluno

Quadro 12 – Categorias, subcategorias e unidades de registo referentes à dimensão


feedback ao resultado da avaliação do aluno

Categorias Subcategorias Unidades de registo


Espaço temporal Data em que o facto “Este feedback é geralmente
acontece realizado no final de cada período
e/ou atividade e/ou teste” – E5
Modo Oral “Normalmente faço no momento e
Escrito de forma oral” – E4
“Com mais frequência tem de ser
o escrito” – E2

Na dimensão feedback ao resultado da avaliação do aluno tinha-se por intenção


perceber se os docentes davam a sua opinião crítica em relação aos resultados da sua
avaliação e, em caso afirmativo qual o tipo de feedback utilizado com mais frequência. Para
o efeito foram-lhes colocadas as questões dezasseis e dezassete do guião. Assim, para a
dimensão em estudo e através das respostas às questões referidas foram estabelecidas as
categorias de análise: espaço temporal e modo.
Neste sentido, todos os docentes afirmam que dão o feedback aos alunos sobre o
resultado da sua avaliação. Ou seja, atribuem “uma nota qualitativa, quantitativa, e a alguns
deixo uma informaçãozinha na ficha ou no teste” (E2), ou “uma indicação mais rigorosa”
(E1) sempre que se justifique. Geralmente, o feedback ocorre “no final de cada momento de
avaliação, sendo sempre feita a correção e a explicitação dos critérios de classificação”
(E3), ou por vezes “Ao longo do desenvolvimento das tarefas ou no final da tarefa” (E6),
além disso são assinalados “os erros, indico os aspetos que poderia ou pode melhorar e
reforço os aspetos positivos do trabalho desenvolvido” (E5).
Em relação à forma particular utilizada para transmitir o feedback da avaliação aos
alunos, a maioria dos docentes utiliza mais a forma oral, especialmente “na resolução de
exercícios de aplicação, testes formativos” (E3), e a forma escrita “a nível de testes,
questões aula, relatórios e trabalhos de grupo” (E4).
Em síntese, um dos aspetos que os professores consideraram essenciais no
procedimento de avaliação é o feedback. Na perspetiva dos mesmos, o feedback é
transmitido através de indicações feitas nas fichas de avaliação, “no final de cada momento
de avaliação” (E3, E5), sejam eles “trabalhos práticos e apresentações orais” (E4) de forma
a melhorarem os seus resultados (E2). Estes pormenores revelam o professor como um
agente intérprete e impulsionador, uma vez que, por um lado, procura entender o nível de
conhecimento e tipo de aprendizagem do aluno e, por outro, transmite orientações para que
o aluno possa superar as suas fragilidades e impulsionar o seu progresso. Tal intervenção
50
implica uma mudança direcionada para o desenvolvimento dos conhecimentos e
competências dos alunos. Ainda, de acordo com os dados, a maioria dos professores refere
que privilegia o feedback oral.

Dimensão 10 - A especificidade da avaliação na disciplina de Físico-Química

Quadro 13 – Categorias, subcategorias e unidades de registo referentes à dimensão


especificidade da avaliação na disciplina de Físico-Química

Categorias Subcategorias Unidades de registo


Atividade Componente prática “Tendo esta disciplina uma forte
Componente experimental componente prática experimental,
essa parte também tem de ser
avaliada” – E1
Ponderação Com a componente “Sim, existe uma ponderação para
experimental essa mesma componente
experimental” – E5

O propósito desta dimensão relaciona-se com a intenção de perceber se, na opinião


dos inquiridos, existe alguma especificidade na avaliação da disciplina de Físico-Química,
uma vez que esta constitui uma disciplina de índole experimental.
Neste pressuposto estabeleceram-se as categorias de análise: atividade e
ponderação.
Assim, os docentes aludem à especificidade da disciplina que lecionam, visto esta
conter uma parte prática/experimental e uma componente teórica e ambas devem ser
avaliadas. Deste modo, todos referem que “Nesta disciplina, como em todas as disciplinas
de ciências experimentais, as atitudes e comportamentos num laboratório, a correta
utilização dos equipamentos e a elaboração de atividades experimentais, deve ser avaliado
com critérios bem definidos” (E6). Ou seja, “Esta disciplina tem aprendizagens específicas
que decorrem das aprendizagens essenciais” (E4) e como tal “existe uma ponderação para
essa mesma componente experimental” (E5), uma vez que “Estas aulas colocam em
evidências quem adquiriu os conhecimentos e a capacidade intelectual de cariz científico
(criatividade e abstração) dos alunos” (E7). Contudo, salientam que esta avaliação deve
ocorrer com maior relevância e frequência ao longo de todo o processo de avaliação
formativa e, além disso, o aluno deve ser informado dos critérios a serem avaliados (E6).
Além do mais, está “previsto nas Aprendizagens Essenciais que os alunos
desenvolvam capacidades e aprendizagens num contexto prático, leitura de protocolos,
realização de relatórios, manuseamento de material de laboratório e análise de resultados
práticos nas diferentes unidades” (E5). Neste sentido, sendo a Físico-Química “uma

51
disciplina com uma boa parte experimental, a avaliação deve incluir o trabalho desenvolvido
em todas as atividades práticas em que os alunos são envolvidos.” (E3). No entanto, para
um dos docentes, esta não é uma prática corrente porque os alunos estão dispostos em
“turmas grandes, em escolas com poucos equipamentos, com falta de pessoal, muitas
vezes nem há turmas divididas em turnos, as escolas deixaram de ter aquele funcionário
que dava apoio às experiências, ao laboratório” (E1) optando por avaliar esta componente
prática/experimental através de relatórios.

Dimensão 11 – Melhorias na avaliação da disciplina de Físico-Química

Quadro 14 – Categorias, subcategorias e unidades de registo referentes à dimensão


melhorias na avaliação da disciplina de Físico-Química

Categorias Subcategorias Unidades de registo


Formação Formação inicial “Os centros de formação e as
Formação contínua universidades não oferecem
formações na área de Físico-
Química” – E1
“importante apostar na formação
dos professores para novas
práticas no ensino-aprendizagem”
– E5
Redução Programas “penso que a redução dos
Currículos e conteúdos programas, dos conteúdos, seria
importante” – E4
“Os programas e currículos
deveriam ser mais curtos e
possuírem maior componente
prática” – E6

Esta dimensão tinha por objetivo perceber o que poderia ser feito para melhorar a
avaliação da disciplina. Deste modo, estabeleceram-se duas categorias de análise: a
formação dos docentes e a redução dos programas, currículos e conteúdos da disciplina.
Neste sentido, os docentes inquiridos afirmam que uma das formas de melhorar a
avaliação da disciplina que lecionam passa pela sua formação. Assim, e embora seja
obrigatória a “formação na área científica (…). Os centros de formação e as universidades
não oferecem formações na área de Físico-Química” (E1). Em seu entender “a formação
continuada de professores deixa muito a desejar, portanto poderia ser uma área a investir,
não só pelas faculdades, mas pelos centros de formação”, para além disso, o inquirido E1
entende que “a avaliação das atividades experimentais merecia mais atenção” e gostaria de
“aprender mais a como avaliar em laboratório”. Neste pressuposto, é importante “apostar na

52
formação dos professores para novas práticas no ensino-aprendizagem e dar recursos às
escolas para que haja essa melhoria” (E5).
Além disso, os inquiridos referem também que a avaliação “e os respetivos
resultados advêm de muitos fatores que não dependem apenas do docente” (E7). Ou seja,
além dos docentes a avaliação também “cabe ao aluno, e cada um tem as suas
características próprias” (E3) e, se não existir “a colaboração necessária” entre eles “os
resultados (…) tardam em chegar” (E3).
Em relação aos programas e conteúdos da disciplina, os inquiridos entendem que a
sua “redução (…) seria importante” (E4). Assim, em seu entender deveriam ser “mais curtos
e possuírem maior componente prática” (E6), uma vez que “A extensão de alguns deles não
permite que os professores possam abordar alguns temas com mais pormenor” (E4), não
possibilitando, em seu entender, a consolidação destes conteúdos pelos alunos.
É ainda opinião dos inquiridos que a avaliação deve passar “por um exercício
interno, pois muitos de nós estão agarrados a um método de ensino e avaliação pouco
adequado às caraterísticas dos alunos dos tempos que correm” (E5).
Em suma, a avaliação tende a melhorar “sempre, quando todos sabem o que têm de
fazer e o fazem cada vez melhor” (E3) no entanto, é necessário criar “uma escola que
envolva efetivamente os alunos neste processo, que promova a autonomia do aluno,
autocorreção e um conjunto de experiências educativas diversificadas e inclusivas” (E5).
Além disso, melhorar a formação inicial dos professores e aumentar a capacidade de
formação ao longo da carreira assim como, reduzir os programas, os conteúdos e a
extensão dos currículos são apontados como sugestão de melhoramento para a avaliação
da disciplina. Outra estratégia para melhorar a avaliação nas escolas passa pela
colaboração entre professores e alunos, uma vez que a diversidade de cada aluno terá
efeitos na avaliação.
Neste sentido, sabemos que é necessário apostar na formação de professores “[…]
para a utilização equilibrada de técnicas de testagem e os alunos serem qualitativamente
julgados em função das suas possibilidades e ritmos de aprendizagem” (Pacheco, 1994, p.
135).

53
Capítulo V

CONCLUSÃO E INVESTIGAÇÃO FUTURA

É fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, de


tal forma que, num dado momento, a tua fala seja a tua prática.

Paulo Freire

A avaliação da aprendizagem deve ser entendida como uma atividade planeada pelo
corpo docente dentro de um conjunto de estratégias definidas e implantadas para favorecer
a aprendizagem dos alunos, Alarcão (1996). Não é uma instância separada do processo de
ensino-aprendizagem, mas sim uma atividade que apoia, fortalece e fomenta a
aprendizagem, uma vez que é utilizada como meio de observação, análise e feedback,
afastando-se do entendimento punitivo e exclusivamente qualificador.
Partindo da análise das perceções dos professores de Físico-Química entrevistados
acerca do processo de avaliação, de uma maneira geral, observa-se que os professores
reconhecem a importância do processo avaliativo como forma de aferir os conhecimentos e
as competências adquiridas pelos alunos. Verificámos que existe vontade por implementar
uma avaliação de carácter formativo e construtivo, ainda que pouco expressivo, a partir do
recurso a vários instrumentos avaliativos, a saber: questões-aula; apresentações orais;
trabalhos de grupo; relatórios, entre outros. Os professores ao usarem essas informações
para reformular procedimentos que, por sua vez, serão trilhados para tomar decisões
(Tenbrink, 2006), resultará na alteração de estratégias e metodologias de forma a que o
processo de ensino e aprendizagem seja mais significativo (Cid & Fialho, 2011).
Quanto às funções na avaliação observa-se que alguns docentes defendem que esta
se reporta apenas aos alunos, o que confirma o resultado do estudo de Heritage (2010),
enquanto que a maioria destaca o comprometimento do professor no processo avaliativo.
Desta forma, o professor apresenta-se como um acompanhante dos alunos nas suas
aprendizagens, como organizador dos contextos (Pinto & Santos, 2006) e, também, como
um mediador, facilitador das aprendizagens ao definir critérios e equacionar diferentes tipos
de estratégias para promover a autonomia, o sucesso dos alunos (Fernandes, 2008) e
integrar o aluno no processo avaliativo (Fernandes, 2005, 2008; Fredricks, Blumenfeld, &
Paris, 2004).

54
Contudo, constatamos que a avaliação é vista por estes professores como algo que
diz apenas respeito aos intervenientes na sala de aula, desconsiderando a participação dos
pais e/ou encarregados de educação na escola e, consequentemente, na avaliação.
Todavia, cada vez mais é destacada a opinião de levar os pais à escola e a componente ou
função informativa da avaliação (Pinto & Santos, 2006), pois “(…) deve ser dada informação
aos pais de forma a regular a situação e evolução escolar dos seus filhos” (Pinto & Santos,
2006, p. 40).
Quanto à função da avaliação, uma pequena parte, dois docentes, refere-se apenas
à função classificadora da avaliação, isto é, avaliação estritamente sumativa. Os restantes
acrescentam a regulação e a adaptação do processo de ensino à aferição de
conhecimentos, mas, curiosamente ou talvez não, nenhum dos entrevistados faz qualquer
referência a práticas de avaliação para as aprendizagens25, surgindo estas como um
processo de necessária integração com a avaliação sumativa e para esta concorrendo.
No entanto, todos os professores afirmam que incentivam a participação ativa do
aluno em todo o processo avaliativo, fazem uso da autoavaliação, que permite aos alunos
terem consciência das suas dificuldades e arranjar estratégias para poderem superá-las de
forma a atingir os objetivos estabelecidos (Alarcão, 1996). Simultaneamente, permite aos
professores desenvolverem uma reflexão crítica das próprias práticas docentes (Bruno &
Santos, 2010). Todavia, estes professores, não reconhecem a autoavaliação como um
instrumento mais precioso e uma possibilidade de os alunos regularem de forma mais
continuada e sistemática as suas aprendizagens, pois só a empregam no final de cada
período letivo, seguindo um modelo próprio. Isto leva-nos a crer que no momento de
autoavaliação os alunos não são alertados quanto à importância e potencialidades deste
instrumento, nem lhes é dado conhecimento que devem considerar formativos todos
momentos de autoavaliação.
Quanto aos procedimentos de avaliação, nota-se um esforço de todos os docentes
para a utilização de diferentes instrumentos para aquilo que consideram ser a avaliação
formativa. Dois dos professores entrevistados dizem utilizar, em simultâneo, dois
instrumentos de avaliação formativa - questões de aula e relatórios experimentais -, sendo
que, 71,4% dos inquiridos (cinco professores), utiliza pelo menos um desses instrumentos.
42,84% (três professores), privilegia o trabalho de grupo, 28,56% (dois professores)
facultam aulas interativas com recurso a ferramentas informáticas digitais diversas
(PowerPoint, Kahoot ou Quizz), enquanto 14,28% (um professor) promove aulas temáticas
apresentadas pelos alunos. Ainda como procedimento de avaliação, 14,28% valoriza a
organização e apresentação do caderno diário. Como exposto anteriormente, os
instrumentos de avaliação eleitos são as fichas e testes, por todos os docentes, os
25 De acordo com o quadro concetual já abordado no Cap. I, segundo Fernandes, (2019).
55
relatórios experimentais e as questões de aula (71,4%), os trabalhos de grupo (42,84%), as
aulas interativas (28,56%) e, por último, as aulas apresentadas pelo aluno (14,28%).
Assim sendo, e como corolário lógico, nenhum dos entrevistados refere qualquer
dificuldade de implementação de processos de integração da função formativa e sumativa
da avaliação. A frequência da avaliação também varia: trimestral (28,56%); duas vezes por
trimestre (28,56%); e ao longo do trimestre, com avaliação sumativa no final do mesmo
(28,56%). Apenas um entrevistado referiu que avalia “sempre que necessário”.
Quanto ao planeamento das atividades, 85,68% dos professores (seis) privilegiam
as aprendizagens essenciais, isto é, o roteiro definido no programa, sendo que 42,84%
refere a influência dos recursos materiais e dos interesses dos alunos nessa planificação.
28,56%, valorizam o grau de iniciativa e motivação dos alunos e 14,28% privilegia o
comportamento, a elaboração das atividades e os relatórios experimentais. Todos os
professores revelam que transmitem aos alunos o feedback da sua avaliação. Apenas um
professor, 14,28%, refere que o faz por escrito, mediante uma informação extra no teste,
com sugestões para a melhoria de resultados. Os restantes, 85,72%, transmitem o seu
feedback de forma oral.
Quanto à questão do uso da avaliação - atendendo à especificidade da disciplina de
Físico-Química -, concluiu-se a predominância da periodicidade trimestral, com o contributo
de outras avaliações realizadas no decurso da época escolar. É de realçar que a
autoavaliação do aluno ocorre no final de cada período, pelo que 57,12% dos professores
reconhecem que ponderam as suas estratégias de ensino em função destes resultados.
85,68%, reconhecem que uma das funções do professor perante a avaliação é a de adaptar
as suas estratégias de ensino26. Relativamente à especificidade da avaliação, é salientada a
componente prática da disciplina, o que concorre para a sua melhoria devido à
diversificação de atividades, tais como:
o Aprendizagem em contexto prático;
o Leitura de protocolos;
o Realização de relatórios;
o Manuseamento de material de laboratório;
o Elaboração das atividades experimentais.

Por fim, pretendia-se conhecer as propostas dos inquiridos para melhoria da


avaliação na disciplina de Físico-Química, tendo sido elencadas as seguintes sugestões:
▪ Necessidade de mais colaboração dos alunos;
▪ Redução de conteúdos;
▪ Utilização de rubricas e check-lists;
26 Ou seja, a maioria reconhece o papel importante do feedback.
56
▪ Conceção de novas estratégias, que passariam por melhorar o uso de meios
audiovisuais e pela adaptação da tipologia das questões em teste;
▪ Necessidade da formação continua para professores na área da Físico-Química,
com ênfase na avaliação das atividades experimentais.

De notar que nenhum dos inquiridos relaciona o processo de avaliação – mormente


no que reporta aos critérios de avaliação -, com os níveis de insucesso escolar que ocorrem
na disciplina, nem afirma que as suas propostas de melhoria serão essenciais para a
redução desse insucesso.
Apura-se que a maioria dos professores avalia para verificar a aquisição de
conhecimentos, o que demonstra estar mais próximo de uma avaliação da quantidade de
informação apreendida pelo aluno e não da qualidade desse mesmo conhecimento, nem da
forma como este contribuiu para o processo de desenvolvimento do aluno. Ainda assim,
verificamos que grande parte se preocupa em analisar os resultados obtidos com os seus
alunos, pretendendo averiguar e refletir sobre eventuais falhas. A maioria dos professores
declara transmitir aos seus alunos o feedback da sua avaliação de forma consistente,
durante as aulas ou após os momentos de avaliação, iniciativa que se insere no processo
de ensino-aprendizagem (Barreira, 2007). De uma maneira geral, pode afirmar-se que os
professores entrevistados valorizam o caráter construtivo da avaliação pois tentam, ao
longo do ano letivo, promover momentos de avaliação diversificada de forma a permitirem
aos alunos oportunidades de melhoria de resultados. Este aspeto reconstrutivo do processo
de ensino-aprendizagem implica, não só a eficácia da diversificação de instrumentos de
avaliação, mas também a autoavaliação do docente e a averiguação, e eventual retificação,
das suas metodologias.
A grande limitação deste estudo é o facto de a amostra ser composta por um
número reduzido de pessoas. Reconhecem-se ainda as dificuldades de aquilatar as práticas
de avaliação formativa, no concerne à recolha de dados, à sua interpretação e
quantificação. Contudo, daquilo que nos foi dito, acreditamos que chegámos a algumas
conclusões que poderão melhorar os resultados da avaliação na disciplina e que passamos
a explanar.
Não se sugere que o professor abandone as estratégias de avaliação sumativa, mas
que utilize a avaliação formativa como elemento central da construção do seu processo de
ensino-aprendizagem que, pelo seu cariz dinâmico, caracteriza a pedagogia por excelência,
uma vez que se destina a criar as condições necessárias ao sucesso dos alunos. É que,
manter o primado da avaliação sumativa, medindo o resultado dos alunos em termos de
sucesso ou insucesso escolar, significa que esta continuará a ser o suporte de todo o
processo de ensino-aprendizagem. O conhecimento dos alunos é medido através de um
57
teste ou ficha de trabalho, sem ter em conta as causas desses resultados. Contudo, é
sabido que os alunos gostam de atividades experimentais e debates sobre temas da
atualidade que estejam relacionados com a disciplina. Apreciam a história da ciência e
assuntos relacionados com tecnologia, sociedade e ambiente. A perceção dos conceitos
físicos e químicos dos fenómenos do quotidiano também estimula a curiosidade e o gosto
pela matéria. Os trabalhos de grupo contribuem para o desenvolvimento de atitudes
colaborativas, para além de serem uma forma bastante eficaz de aprendizagem. A
utilização de programas de simulação, a maioria deles gratuitos e acessíveis na Internet
são, tais como as plataformas Phet ou Quiz, excelentes recursos facilitadores da
aprendizagem para esta disciplina. Para estimular a participação dos alunos27 em aula
sugere-se também o uso de programas de recolha e tratamento de dados, tais como o
Tracker, uma das principais ferramentas de vídeo-análise para o ensino da Física. Apesar
de todos estes esforços para estimular a aprendizagem dos alunos, parece-nos útil a
colaboração com os docentes da disciplina de Matemática, no sentido de poderem utilizar
situações que envolvam a Física aquando da resolução de problemas. Tal
interdisciplinaridade seria uma válida contribuição para o aumento da compreensão por
parte de muitos alunos.
Importa também pensar nos desafios para os formadores de professores, de quem
se espera uma preparação atual com continuidade pedagógica que possibilite estabilidade
no processo de ensino e aprendizagem, e interajuda na partilha de materiais entre os
docentes. Poderiam agir de forma ainda mais colaborativa no desenvolvimento de técnicas
e instrumentos multidimensionais que abranjam diversas aptidões e estimulem a autonomia
dos alunos. Abreviando, há que dar maior relevância às atividades que contemplem o maior
número de competências.
Esperamos que, com este estudo, tenhamos contribuído para perceber o estado
atual da avaliação na disciplina de Físico-Química no Ensino Básico, e terem ficado mais
claras as razões que levam a que as práticas avaliativas no terreno se distanciem dos
modelos teóricos mais recentes de integração construtiva da função formativa e sumativa
da avaliação. Perscrutar tais razões é um dos desafios mais exigentes que se devem
colocar a futuras investigações (Henry & Mark, 2003), devendo ser, para tal, implementadas
novas metodologias de recolha e mensuração de dados - e outros modos interpretativos e
mais abrangentes dos processos de avaliação -, que possam dar origem a novos estudos
empíricos, ao progresso na teoria da avaliação, e ao eventual surgimento de uma nova
geração de políticas educativas.

27 A implementação de estratégias bem-sucedidas de motivação dos alunos é, só por si, todo um programa de
ação e um desafio constante à eficácia da docência. Ver (Weiner, 1990).
58
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Amador, J. V. (2018). Conhecimentos e habilidades dos professores para a avaliação das


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70
ANEXOS

71
ANEXO I - GUIÃO DE ENTREVISTA

Questões colocadas aos docentes de Físico-Química


do 3.º Ciclo do Ensino Básico

Nº Perguntas

1 A que ano(s) de escolaridade leciona a disciplina de Físico-Química?

2 Quando ouve falar em avaliação, o que pensa sobre o conceito?


3 Na sua opinião, a quem se destina a avaliação?
4 Na sua opinião, qual o propósito da avaliação?
5 Qual o papel do professor e do aluno na avaliação?
Existe, na sua opinião, alguma especificidade na avaliação da disciplina que
6
leciona, por ser de carácter experimental? Se sim, porquê?
Na planificação das atividades, em geral, o que costuma ter (mais) em
7
consideração?
Em que circunstâncias comunica aos alunos os objetivos de aprendizagem e os
8
critérios de sucesso de uma atividade?
9 Como são definidos os critérios de avaliação da sua disciplina?
Informa os seus alunos dos critérios de avaliação? Em que momento(s) e como o
10
faz?
Que tipo de instrumentos utiliza e privilegia de forma mais frequente para avaliar?
11
Porque esses e não outros?
Antes da realização de uma ficha/teste de avaliação costuma fornecer aos alunos
12
uma matriz de conteúdos e objetivos para a sua preparação?
13 Em que momentos procede à avaliação dos seus alunos?
14 Como obtém a nota trimestral (ou semestral) dos seus alunos?
Adapta a avaliação que realiza ao nível de desempenho dos alunos de uma
15
turma? Se sim, como o faz?
Costuma dar feedback aos alunos sobre os resultados da sua avaliação? Se sim,
16
como o faz e em que momentos?
17 Que tipo de feedback utiliza com mais frequência?
Promove a autoavaliação aos seus alunos? Se sim, com que periodicidade o faz?
18
Que instrumentos costuma utilizar?
A autoavaliação dos seus alunos vai influenciar as suas práticas avaliativas?
19
Porquê?
É habitual refletir sobre os resultados obtidos pelos seus alunos? Estes têm
20
influência nas suas práticas pedagógicas e avaliativas posteriores? Porquê?
O que pensa que poderia ser feito para melhorar a avaliação na disciplina que
21
leciona?

72
ANEXO II – ENTREVISTAS AOS PROFESSORES

Entrevista ao Professor 1

Nº Perguntas Respostas
A que ano(s) de escolaridade Este ano letivo só 9.º ano de escolaridade.
1 leciona a disciplina de Físico-
Química?
Avaliação é algo que eu não gosto, mas que é
necessário para perceber o estado dos alunos, e o
Quando ouve falar em avaliação, estado do ensino e, essencialmente, da
2 aprendizagem. Portanto, sem avaliação eu não tinha
o que pensa sobre o conceito?
a noção de que estou a exercer bem o meu papel e
de que eles estão a aprender.
Bem…no sentido geral, destina-se a todos. Portanto,
os professores também deverão ser avaliados, mas,
Na sua opinião, a quem se no caso concreto dos alunos do ensino básico, a
3 avaliação destina-se a todos os alunos, até aqueles
destina a avaliação?
com mais dificuldades, mas deve também ser
adaptada aos diferentes alunos.
Avaliação é nós irmos aferindo o estado de
desenvolvimento dos alunos, ou seja, se eles estão a
adquirir competências, a conseguir desenvolver as
suas capacidades. O nosso objetivo é desenvolver as
Na sua opinião, qual o propósito capacidades dos alunos. Se já adquiriram
4
da avaliação? determinados conhecimentos, se conseguem aplicar
a novas situações, a avaliação deve ser possível,
para nos dar uma perceção da aprendizagem dos
alunos.
Do professor, é dinamizar uma série diversificada de
atividades que lhe permita aferir todos os
Qual o papel do professor e do conhecimentos e competências dos alunos. Para os
5
aluno na avaliação? alunos, é mostrarem a sua melhor parte quando
estão em momentos de avaliação.
Tendo esta disciplina uma forte componente prática
experimental, essa parte também tem de ser
avaliada. Isto é muito difícil com turmas grandes, em
escolas com poucos equipamentos, com falta de
pessoal, muitas vezes nem há turmas divididas em
turnos, as escolas deixaram de ter aquele funcionário
Existe, na sua opinião, alguma que dava apoio às experiências, ao laboratório. Tudo
especificidade na avaliação da isto são constrangimentos que nos dificultam a ação
6 disciplina que leciona, por ser de e a avaliação. Não conseguimos estar, ao mesmo
carácter experimental? Se sim, tempo, a fazer tudo. Por isso é algo que não faço na
porquê? minha prática corrente, e que gostaria muito de
conseguir fazer.
Como avalio a parte prática? Nos relatórios. Não uso
os tradicionais, tirados da internet. Costumo usar um
relatório em “V” de going. Eu apresento uma questão-
problema, eles põem algumas, alguma teoria
associada a essa componente que estão a

73
experimentar, depois poem o tratamento de
resultados e tiram a conclusão. É o que mais uso nas
atividades experimentais.
Costumo ter por base as aprendizagens essenciais,
Na planificação das atividades, os interesses dos alunos, e dou-lhes maior ou menor
7 em geral, o que costuma ter abertura para determinadas atividades conforme o
(mais) em consideração? grau de iniciativa e comportamento das turmas.
Em que circunstâncias comunica No básico, não costumo partilhar os critérios de
aos alunos os objetivos de sucesso das atividades, só no secundário, a menos
8
aprendizagem e os critérios de que a atividade seja muito fora do normal, da rotina.
sucesso de uma atividade?
Em departamento curricular, de acordo os
Como são definidos os critérios documentos orientadores do Ministério da Educação
9 e da legislação inerente. Este ano foi definido entre
de avaliação da sua disciplina?
os diversos elementos do grupo disciplinar.
Sempre. Logo no início do ano, assim que os critérios
de avaliação são aprovados no conselho pedagógico.
Quando nos era permitido fotocopiar documentos,
Informa os seus alunos dos dava uma cópia em papel com um destacável para os
10 critérios de avaliação? Em que encarregados de educação assinarem. Este ano
momento(s) e como o faz? optou-se por divulgar na página do agrupamento.
Seja como for, eles passaram os tópicos essenciais
para o caderno diário. Usei o videoprojector e eles
copiaram.
Antes da pandemia, era o mais diversificada possível.
Que tipo de instrumentos utiliza e Havia uma ficha de avaliação por período, depois
privilegia de forma mais havia as questões em aula, o relatório, o darem eles
11 uma aula sobre um determinado tema, eu vario para
frequente para avaliar? Porque
esses e não outros? que eles tenham mais possibilidades de mostrar o
que sabem.
Antes da realização de uma Não, nunca, algumas matrizes que alguns
ficha/teste de avaliação costuma professores dão não é mais do que um índice da
12 fornecer aos alunos uma matriz matéria, então, eu digo o nº de páginas e eles ficam a
de conteúdos e objetivos para a saber o que vai sair.
sua preparação?
Em que momentos procede à Durante todo o período, depois no final faço um
13 balanço global e sai a avaliação final.
avaliação dos seus alunos?
A nota trimestral é resultado do cumprimento dos
critérios de avaliação. Se os critérios de avaliação
estão baseados em competências, a dos
Como obtém a nota trimestral (ou conhecimentos, a da comunicação científica, da
14
semestral) dos seus alunos? criatividade, da responsabilidade, etc. Tenho de criar
elementos de avaliação de resposta a estas
competências, para poder dar a média final.
Sim. É mesmo obrigatório adaptar a avaliação das
Adapta a avaliação que realiza pessoas que não conseguem responder ao mesmo
ao nível de desempenho dos tempo. A diversificação de instrumentos de avaliação
15 também vem beneficiar este problema. Seja como for,
alunos de uma turma? Se sim,
como o faz? é comum eu fazer testes adaptados a alguns com
maiores dificuldades.

74
Costuma dar feedback aos Sim. Ponho, não só a nota na ficha ou no trabalho,
alunos sobre os resultados da mas escrevo uma indicação mais rigorosa. Tento
16 sempre dar algum feedback pontualmente. Valorizo
sua avaliação? Se sim, como o
faz e em que momentos? muito os alunos na oralidade.
Que tipo de feedback utiliza com Participação oral.
17
mais frequência?
Promove a autoavaliação aos Sim, mas só no final de cada período, mediante o uso
seus alunos? Se sim, com que de uma ficha de autoavaliação.
18
periodicidade o faz? Que
instrumentos costuma utilizar?
A autoavaliação dos seus alunos Não, não tem influenciado, é mais para ver se eles
19 vai influenciar as suas práticas têm noção, e se difere muito da minha classificação
avaliativas? Porquê? final.
Sim, não tanto no final do período, mas mais como
um instrumento. Por exemplo, se há uma pergunta
É habitual refletir sobre os numa ficha de avaliação em que a maioria, ou muitos,
resultados obtidos pelos seus responde erradamente, fico a perceber que, ou a
20 alunos? Estes têm influência nas pergunta está mal formulada, ou a matéria foi mal-
suas práticas pedagógicas e ensinada e a maioria não entendeu. Aí, reforço para
avaliativas posteriores? Porquê?
não haver dúvidas. Tenho sentido necessidade de
modificar as minhas práticas.
A nossa formação científica. Nós somos obrigados a
ter formação para exercer, e a formação na área
científica é obrigatória. Os centros de formação e as
universidades não oferecem formações na área de
Físico-Química, seja através de workshops ou de
O que pensa que poderia ser oficinas de formação nesta área. Acho que a
21 feito para melhorar a avaliação avaliação das atividades experimentais merecia mais
na disciplina que leciona? atenção. Eu gostava de aprender mais a como avaliar
em laboratório. De facto, a formação continuada de
professores deixa muito a desejar, portanto poderia
ser uma área a investir, não só pelas faculdades, mas
pelos centros de formação.

75
Entrevista ao Professor 2

Nº Perguntas Respostas
A que ano(s) de escolaridade Este ano 8º e 9.º ano de escolaridade.
1 leciona a disciplina de Físico-
Química?
Avaliação é uma forma de perceber o que os alunos
estão a adquirir a nível de conhecimentos,
Quando ouve falar em avaliação, competências. Com a avaliação formativa, por
2
o que pensa sobre o conceito? exemplo, podemos fazer as devidas adaptações para
que aos alunos compreendam, é um processo.

Na sua opinião, a quem se O destinatário final é o aluno, mas a nível de


3 processo temos de pensar no aluno e no professor.
destina a avaliação?
Avaliação é aferir se os alunos compreenderam,
Na sua opinião, qual o propósito saber o que está a correr bem ou mal, e mudar as
4 nossas estratégias, para poder melhorar os
da avaliação?
resultados nas avaliações seguintes.
O professor produz os materiais para avaliação,
depois terá de os corrigir e, mediante os resultados,
terá de adaptar as estratégias e, nomeadamente, os
testes seguintes, ou relatórios de atividade
Qual o papel do professor e do experimental. Terá de adaptar os materiais e as
5 estratégias de ensino e aprendizagens. O aluno, na
aluno na avaliação?
avaliação, tem de realizar estas avaliações e,
mediante os resultados e a dificuldade na realização
dos materiais, deve consciencializar-se das suas
dificuldades e tentar melhorar.
Existe, na sua opinião, alguma Como é de carácter experimental, esta tem de
especificidade na avaliação da constar na avaliação. A nossa disciplina, na
6 disciplina que leciona, por ser de avaliação, tem de ter em conta a parte prática.
carácter experimental? Se sim,
porquê?
Costumo pensar sempre onde posso, na planificação,
Na planificação das atividades, o que posso trazer do dia a dia dos alunos para as
7 em geral, o que costuma ter aulas, para os conteúdos. Experiências dos alunos
(mais) em consideração? com os conteúdos, e pensar em atividades de cariz
experimental que possam ser realizadas.
Em que circunstâncias comunica Comunico antes da atividade.
aos alunos os objetivos de
8
aprendizagem e os critérios de
sucesso de uma atividade?
São pensados no departamento curricular, e depois o
Como são definidos os critérios grupo, ou grupos, adaptam um pouco. A haver
9 alguma adaptação é precisamente na parte
de avaliação da sua disciplina?
experimental.
Informo assim que me dão autorização. Assim que o
Informa os seus alunos dos pedagógico dá o aval dos critérios, e me dão
10 critérios de avaliação? Em que autorização para divulgar, eu divulgo. Gosto que os
momento(s) e como o faz? alunos passem para o caderno e que os
encarregados de educação assinem.

76
Até agora, foi muito na base da avaliação sumativa
nos testes. Temos as questões de aula e os relatórios
de atividade experimental. Gosto sempre de fazer
Que tipo de instrumentos utiliza e também um trabalho prático de grupo. O que tem
privilegia de forma mais mais peso, de acordo com os critérios, são os testes.
11
frequente para avaliar? Porque Agora, no próximo ano, estou a pensar fazer umas
esses e não outros?
perguntas no final de cada aula e fazer revisão na
aula seguinte e fazer adaptações, e assim faço
avaliação formativa, que é bastante importante.

Antes da realização de uma Sempre, pelo menos com uma semana de


ficha/teste de avaliação costuma antecedência. Antes entregava uma folha com tudo
12 fornecer aos alunos uma matriz especificado, mas deixei de o fazer devido a
de conteúdos e objetivos para a limitações do uso de fotocópias. Agora, eles passam
sua preparação? para o caderno.
Ao longo do ano. A meio do período há sempre um
Em que momentos procede à teste de avaliação sumativa, no final outro de
13 avaliação sumativa, e entre eles há as questões de
avaliação dos seus alunos?
aulas e os relatórios.
A nota trimestral é de acordo com os critérios de
Como obtém a nota trimestral (ou avaliação. É uma nota ponderada de acordo com
14
semestral) dos seus alunos? todos os materiais que eles produziram.

Adapta a avaliação que realiza Sim. Tenho de o fazer, senão no final dava negativa a
ao nível de desempenho dos toda a gente. Infelizmente, é sempre para facilitar.
15 Tanto que no 1º período há sempre mais negativas.
alunos de uma turma? Se sim,
como o faz? Vamos simplificando.
Sim. Têm uma nova qualitativa, quantitativa, e a
Costuma dar feedback aos alguns deixo uma informaçãozinha na ficha ou no
alunos sobre os resultados da teste. Vou-lhes dizendo o que têm de fazer para
16
sua avaliação? Se sim, como o melhorar. Sem que seja nenhum momento formal de
faz e em que momentos?
avaliação.
Que tipo de feedback utiliza com Com mais frequência tem de ser o escrito.
17
mais frequência?

Promove a autoavaliação aos A autoavaliação, tenho feito só no final do período.


seus alunos? Se sim, com que Por exemplo, este período foi um questionário de
18 autoavaliação. Às vezes, também é oral, mas gosto
periodicidade o faz? Que
instrumentos costuma utilizar? mais escrita.
Não tem influenciado. Até que verifico que eles,
A autoavaliação dos seus alunos muitas vezes, não são sinceros. A autoavaliação é de
19 vai influenciar as suas práticas acordo com o que eles queriam que fosse, mas não
avaliativas? Porquê? corresponde à realidade.
É habitual refletir sobre os Sim, tem influência, senão chegada ao final do ano
resultados obtidos pelos seus com um rol de negativas enorme. Não é só o aluno
20 alunos? Estes têm influência nas que tem de fazer um esforço, mas o maior esforço de
suas práticas pedagógicas e adaptação é do professor.
avaliativas posteriores? Porquê?
O que pensa que poderia ser Por exemplo, usar as rúbricas, check-lists, por
21 feito para melhorar a avaliação exemplo, mas principalmente as rúbricas.
na disciplina que leciona?

77
Entrevista ao Professor 3

Nº Perguntas Respostas
A que ano(s) de escolaridade Costumo lecionar ao 7.º, 8.º e 9.º ano.
1 leciona a disciplina de Físico-
Química?
Penso que avaliar é o resultado do trabalho
Quando ouve falar em avaliação, concretizado com os alunos, desde a primeira aula
2
o que pensa sobre o conceito? até à última aula.
Bem…todos os intervenientes no processo
educativo devem estar sujeitos à avaliação.
Portanto, não é só para alunos, os professores
Na sua opinião, a quem se também devem refletir sobre o seu trabalho e alterar
3
destina a avaliação? as suas formas de atuar se necessário. Mas
também temos os pais, os encarregados de
educação, que também fazem parte do processo…
Como disse anteriormente, a avaliação deve servir
para regular o trabalho de cada um dos
intervenientes. No caso dos alunos a avaliação deve
dar-lhes o feedback essencial para que possam ir
ajustando a sua forma de estudo e melhorando os
Na sua opinião, qual o propósito seus resultados escolares e, porque não dizê-lo?…
4
da avaliação? a própria conduta pessoal. Os professores, pela
avaliação que fazem aos seus alunos, também
devem ir refletindo sobre o seu trabalho e alterando
estratégias de ensino-aprendizagem consoante os
resultados que vão obtendo dos seus alunos.
Na minha opinião, o professor, na avaliação, deve
assumir um papel de moderador do trabalho dos
alunos, incentivando-os à melhoria dos seus
resultados e atitudes e ao conhecimento em geral.
Os alunos têm um papel interessante… pois apesar
Qual o papel do professor e do de não terem essa consciência, são eles que pela
5 avaliação conseguem reforçar o seu estudo e ir
aluno na avaliação?
obtendo melhores resultados. Mas também têm um
papel regulador do trabalho do professor, uma vez
que estes, os professores, vão ajustando os seus
métodos de trabalho à medida dos resultados que
os alunos vão conseguindo.
Claro que sim! Sendo uma disciplina com uma boa
parte experimental, a avaliação deve incluir o
Existe, na sua opinião, alguma trabalho desenvolvido em todas as atividades
especificidade na avaliação da práticas em que os alunos são envolvidos. Além
6 disciplina que leciona, por ser de disso, existe uma percentagem própria para a
carácter experimental? Se sim, componente prática na ponderação da avaliação
porquê?
dos alunos, e que normalmente melhora o
desempenho global à disciplina de Físico-Química.
Primeiro fornecer uma boa base teórica sobre o
Na planificação das atividades, assunto em estudo, depois dar as indicações
7 em geral, o que costuma ter essenciais à boa concretização das atividades, e por
(mais) em consideração? fim, estando a falar do ensino básico, fornecer um
guião para apresentação de relatórios das
78
atividades – o relatório orientado.

Em que circunstâncias comunica Logo de início, quando a atividade é proposta. E


aos alunos os objetivos de posteriormente, na entrega dos resultados do
8 trabalho dos alunos, para aferir com eles os critérios
aprendizagem e os critérios de
sucesso de uma atividade? de correção.
Em departamento curricular, de acordo os
Como são definidos os critérios documentos orientadores da escola e a
9
de avaliação da sua disciplina? especificidade da disciplina.
Logo que o documento é aprovado em Conselho
Pedagógico, em geral no início do ano letivo, os
Informa os seus alunos dos alunos são informados, juntamente com os seus
10 critérios de avaliação? Em que encarregados de educação, pelo site da escola. Mas
momento(s) e como o faz? também na sala de aula, os alunos são informados
oralmente e por escrito.
Para a avaliação formativa: fichas de trabalho,
resolução de atividades sugeridas pelo manual,
testes digitais e em papel, questões de sala de aula,
participação dos alunos, relatórios orientados,
Que tipo de instrumentos utiliza e organização do caderno diário. Penso que estes
privilegia de forma mais instrumentos vão fornecendo ao aluno as técnicas
11 de estudo e de resolução de exercícios e problemas
frequente para avaliar? Porque
esses e não outros? necessários para os testes mais formais. Na
avaliação sumativa aplico testes de avaliação
formais. Esta avaliação vai resultar, em cada final de
período letivo, da reflexão global do trabalho
realizado pelo aluno até esse momento.
Antes da realização de uma Matriz ou guião de estudo, como lhe queiram
ficha/teste de avaliação costuma chamar. O aluno sabe assim, quais os conteúdos
12 fornecer aos alunos uma matriz que deve privilegiar estudar para melhor preparar os
de conteúdos e objetivos para a momentos de avaliação formais.
sua preparação?
Em toda as aulas, sempre que há interação com
Em que momentos procede à eles, embora estejam agendados os momentos
13
avaliação dos seus alunos? formais de avaliação, como são os testes.
A nota de cada aluno resulta da aplicação dos
critérios de avaliação em grelha própria de registo
Como obtém a nota trimestral (ou dos resultados que os alunos vão obtendo nos
14
semestral) dos seus alunos? momentos de avaliação, e é preenchida ao longo do
período e do ano letivo.
Sim. Quando existem alunos com características
Adapta a avaliação que realiza próprias que necessitam de adaptações ao nível da
ao nível de desempenho dos avaliação. Por exemplo, quando é necessário
15 proceder à leitura de enunciados, fornecer um
alunos de uma turma? Se sim,
como o faz? formulário, atribuir mais tempo para a concretização
das atividades…

Costuma dar feedback aos Sem dúvida. Normalmente no final do cada


alunos sobre os resultados da momento de avaliação, sendo sempre feita a
16 correção e a explicitação dos critérios de
sua avaliação? Se sim, como o
faz e em que momentos? classificação.

79
Que tipo de feedback utiliza com Participação oral na resolução de exercícios de
17 aplicação, testes formativos.
mais frequência?
Promove a autoavaliação aos Sim, cada aluno deve proceder à sua autoavaliação
seus alunos? Se sim, com que no final de cada período letivo, em documento
18
periodicidade o faz? Que próprio.
instrumentos costuma utilizar?
Sim. É mais um momento importante de reflexão
A autoavaliação dos seus alunos sobre o trabalho desenvolvido e vai auxiliar na
19 vai influenciar as suas práticas procura de outras formas mais eficientes de
avaliativas? Porquê? melhorar os resultados dos alunos.
Penso que é uma obrigação do professor ponderar
as suas práticas educativas, e se estão ou não a ter
É habitual refletir sobre os o sucesso pretendido! Pessoalmente estar ao
resultados obtidos pelos seus serviço da educação é estar ao serviço da
20 alunos? Estes têm influência nas sociedade, atendendo às suas especificidades,
suas práticas pedagógicas e promovendo o desenvolvimento pessoal, social e
avaliativas posteriores? Porquê?
científico, tal como é possibilitado pela disciplina de
Físico-Química.
Boa pergunta! A avaliação não está só nas mãos do
professor… vai existir sempre a parte que cabe ao
aluno, e cada um tem as suas características
próprias. Numa turma, existem vários (tipos de)
O que pensa que poderia ser alunos, logo, o professor, terá de trabalhar e
21 feito para melhorar a avaliação “chegar/ganhar” (entre aspas), cada um deles para
na disciplina que leciona? que os resultados possam aparecer. Ora, em alguns
casos, a colaboração necessária tarda em chegar, e
dessa forma, os resultados também. Enfim…, a
avaliação melhora sempre, quando todos sabem o
que têm de fazer e o fazem cada vez melhor.

80
Entrevista ao Professor 4

Nº Perguntas Respostas
A que ano(s) de escolaridade Este ano leciono o 7º e o 9º ano.
1 leciona a disciplina de Físico-
Química?
Do meu ponto de vista a avaliação é uma
apreciação quantitativa e também qualitativa, que
Quando ouve falar em avaliação, tem de ser dinâmica, contínua e sistemática sobre
2 os dados relevantes do processo de ensino-
o que pensa sobre o conceito?
aprendizagem, e que ajuda o professor a tomar
decisões sobre o seu trabalho com os alunos.
A avaliação, de facto, pode estender-se às
instituições, ao currículo, aos docentes, aos alunos e
Na sua opinião, a quem se à totalidade do sistema educativo. No entanto,
3 posso dizer que a avaliação do processo de ensino-
destina a avaliação?
aprendizagem realizada pelo docente, destina-se ao
aluno.
Na minha opinião a avaliação identifica as
dificuldades do aluno e os conhecimentos prévios. A
avaliação tem como papel também o cumprimento
Na sua opinião, qual o propósito dos objetivos gerais e específicos da educação
4 escolar e permite um reajustamento com vista à
da avaliação?
prossecução dos objetivos pedagógicos
pretendidos, ao mesmo tempo favorece uma atitude
mais responsável do aluno em relação ao estudo.
Os professores podem desempenhar um papel
determinante no desenvolvimento da avaliação de
uma variedade de aprendizagens que os seus
alunos têm que adquirir. Neste sentido é
fundamental que eles sejam possuidores de
profundos conhecimentos tais como os que são
relativos aos conteúdos científicos que têm que
lecionar, à didática específica da disciplina que
ensinam e a uma diversidade de conteúdos de
Qual o papel do professor e do natureza pedagógica. Os professores são,
5
aluno na avaliação? necessariamente, profissionais altamente
especializados e, por isso, têm de ter uma formação
inicial e contínua para que possam responder à
complexidade e às exigências do processo de
ensino. Quanto ao aluno, a avaliação só é
verdadeira quando compreendida pelo aluno e lhe
permite regular a sua aprendizagem, o que supõe a
escuta dos pares e o confronto de pareceres
facilitadores da autoavaliação e do autocontrole.
Existe, na sua opinião, alguma Sim. Esta disciplina tem aprendizagens específicas
especificidade na avaliação da que decorrem das aprendizagens essenciais, em
6 disciplina que leciona, por ser de articulação com o perfil dos alunos à saída da
carácter experimental? Se sim, escolaridade obrigatória.
porquê?
Na planificação das atividades, A planificação é um processo cíclico de sucessão de
7 em geral, o que costuma ter tentativas e erros…o que tenho mais em
(mais) em consideração? consideração, depois da identificação da situação
81
pedagógica são os objetivos gerais, específicos e os
comportamentais… As estratégias de trabalho e de
avaliação, de gestão de tempo e de espaço e ainda
estratégias de recursos/materiais.
Em que circunstâncias comunica Os objetivos e os critérios de sucesso são
8
aos alunos os objetivos de comunicados, normalmente antes de uma atividade.
aprendizagem e os critérios de
sucesso de uma atividade?
Os critérios de avaliação têm por base o perfil do
aluno à saída da escolaridade obrigatória e os
documentos curriculares em vigor, com especial
relevância para as aprendizagens essenciais da
disciplina de físico-química. Em sede de
Como são definidos os critérios departamento curricular discutimos os critérios a
9
de avaliação da sua disciplina? considerar na avaliação. Em relação a instrumentos
de avaliação, estes envolvem as componentes
teóricas, a prática-laboratorial e a da avaliação de
atitudes e valores. A estas componentes são
atribuídas ponderações.
Sim informo. Esta informação é dada durante um
Informa os seus alunos dos mês/dois meses do início do ano letivo, consoante
10 critérios de avaliação? Em que informações superiores. Esta informação é dada aos
momento(s) e como o faz? alunos por escrito nas aulas e aos encarregados de
educação é colocado na página da escola.
Os instrumentos que utilizo para avaliação são os
Que tipo de instrumentos utiliza e testes escritos, as questões aula, relatórios práticos,
privilegia de forma mais apresentações orais, trabalhos de grupo ou pares e
11 registos de participação oral e escrita dos alunos.
frequente para avaliar? Porque
esses e não outros? Utilizo estes instrumentos pois é a forma mais direta
e objetiva de avaliação.
Antes da realização de uma Sim, forneço essa informação uma semana antes da
ficha/teste de avaliação costuma sua realização.
12 fornecer aos alunos uma matriz
de conteúdos e objetivos para a
sua preparação?
A avaliação é sempre feita cada vez que os alunos
Em que momentos procede à realizam um instrumento de avaliação. A trimestral é
13
avaliação dos seus alunos? sempre feita no final de cada período.
A nota trimestral é obtida através de uma grelha de
Como obtém a nota trimestral (ou avaliação elaborada pelo departamento curricular e
14 grupo disciplinar, onde se pondera todos os critérios
semestral) dos seus alunos?
específicos de avaliação da disciplina.
Adapta a avaliação que realiza Adapto a avaliação em termos de instrumentos de
15
ao nível de desempenho dos avaliação, consoante a turma, se é mais fraca ou
alunos de uma turma? Se sim, não.
como o faz?
Costuma dar feedback aos Sim, sobretudo durante a participação oral ou
alunos sobre os resultados da escrita, nos trabalhos práticos e apresentações
16 orais. Normalmente faço no momento e de forma
sua avaliação? Se sim, como o
faz e em que momentos? oral.

82
Que tipo de feedback utiliza com Utilizo mais oral. O escrito a nível de testes,
17 questões aula, relatórios e trabalhos de grupo.
mais frequência?
Promove a autoavaliação aos Sim, promovo a autoavaliação no final de cada
seus alunos? Se sim, com que período letivo e utilizo uma ficha de autoavaliação
18
periodicidade o faz? Que elaborada pelo grupo disciplinar.
instrumentos costuma utilizar?
Tenho sempre em conta a autoavaliação dos
A autoavaliação dos seus alunos alunos. Pondero sempre quando a minha avaliação
19 vai influenciar as suas práticas não coincide com a do aluno. Influenciar… penso
avaliativas? Porquê? que não.
Reflito sempre sobre os resultados dos alunos, pois
muitas vezes tenho que fazer adaptações na minha
É habitual refletir sobre os prática pedagógica, tentando arranjar outras
resultados obtidos pelos seus estratégias de ensino-aprendizagens para que os
20 alunos? Estes têm influência nas alunos melhorem os seus resultados. Esta situação
suas práticas pedagógicas e depende muito das caraterísticas de alunos, em
avaliativas posteriores? Porquê?
termos de interesse e capacidades de
aprendizagem.
Bem…penso que a redução dos programas, dos
conteúdos, seria importante. A extensão de alguns
O que pensa que poderia ser deles não permite que os professores possam
21 feito para melhorar a avaliação abordar alguns temas com mais pormenor. Como
na disciplina que leciona? consequência, os alunos ficam com esses
conteúdos menos consolidados.

83
Entrevista ao Professor 5

Nº Perguntas Respostas
A que ano(s) de escolaridade Leciono o 7º e 8º ano.
1 leciona a disciplina de Físico-
Química?
Penso na avaliação como uma tarefa associada à
profissão que escolhi. Permite-me verificar o
desenvolvimento das aprendizagens e também
Quando ouve falar em avaliação, orientar o meu trabalho como professora ajustando
2
o que pensa sobre o conceito? processos e estratégias sempre com o objetivo de
que o aluno atinga as Aprendizagens Essenciais
(AE).

Na sua opinião, a quem se Penso que se destina a aferir e a certificar as


3 aquisições realizadas pelo aluno.
destina a avaliação?

Na sua opinião, qual o propósito Será o de regular o processo de ensino e de


4 aprendizagem e redefinir estratégias.
da avaliação?
O papel do professor é fornecer ao aluno um
conjunto variado de atividades/estratégias com
Qual o papel do professor e do critérios específicos de sucesso e recorrer de forma
5
aluno na avaliação? sistemática à observação e feedback do processo
de aprendizagem.
Sim, existe uma ponderação para essa mesma
Existe, na sua opinião, alguma componente experimental. Está previsto nas AE que
especificidade na avaliação da os alunos desenvolvam capacidades e
6 disciplina que leciona, por ser de aprendizagens num contexto prático, leitura de
carácter experimental? Se sim, protocolos, realização de relatórios, manuseamento
porquê? de material de laboratório e análise de resultados
práticos nas diferentes unidades.
Na planificação das atividades, Os objetivos de aprendizagem.
7 em geral, o que costuma ter
(mais) em consideração?
Em que circunstâncias comunica Antes de uma atividade.
aos alunos os objetivos de
8
aprendizagem e os critérios de
sucesso de uma atividade?
Como são definidos os critérios Em sede de departamento/grupo disciplinar.
9
de avaliação da sua disciplina?
Informa os seus alunos dos Sim, na primeira aula, no começo do ano letivo.
10 critérios de avaliação? Em que
momento(s) e como o faz?
O que utilizo mais frequentemente são os testes
Que tipo de instrumentos utiliza e escritos e questões de aula. Considero que são os
privilegia de forma mais instrumentos que me permitem aferir de forma
11
frequente para avaliar? Porque rápida e simples a evolução das aprendizagens dos
esses e não outros?
alunos.
Antes da realização de uma Sim. Quando fazem os testes de avaliação
ficha/teste de avaliação costuma sumativa.
12 fornecer aos alunos uma matriz
de conteúdos e objetivos para a
sua preparação?

84
A avaliação é sistemática, formal e informal…
Em que momentos procede à recorro à avaliação formativa e sumativa ao longo
13 do ano, sendo que coincide, geralmente, com o final
avaliação dos seus alunos?
das unidades temáticas.
Como obtém a nota trimestral (ou Com base nos critérios definidos em departamento.
14
semestral) dos seus alunos?

Adapta a avaliação que realiza Sim, é necessário fazer essa adaptação de forma a
ao nível de desempenho dos potenciar o sucesso educativo. Tento diversificar a
15 forma de abordar os temas e proponho tarefas de
alunos de uma turma? Se sim,
como o faz? diferentes graus de dificuldade.
Sim, claro. Assinalo os erros, indico os aspetos que
Costuma dar feedback aos poderia ou pode melhorar e reforço os aspetos
alunos sobre os resultados da positivos do trabalho desenvolvido. Este feedback é
16
sua avaliação? Se sim, como o geralmente realizado no final de cada período e/ou
faz e em que momentos?
atividade e/ou teste.
Que tipo de feedback utiliza com Oral.
17
mais frequência?
Sim, faço isso no final de cada período e nos testes
Promove a autoavaliação aos escritos. Utilizo a ficha elaborada pelo departamento
seus alunos? Se sim, com que para o efeito e questões no final do teste escrito
18
periodicidade o faz? Que para avaliar a dificuldade da prova e o empenho do
instrumentos costuma utilizar?
aluno.
A autoavaliação dos seus alunos Sim, através da autoavaliação é possível redefinir
19 vai influenciar as suas práticas estratégias e reorientar a aprendizagem.
avaliativas? Porquê?
Sim. Só poderia ser assim senão não estaria a
É habitual refletir sobre os realizar o meu papel de forma adequada. Ajusto as
resultados obtidos pelos seus tarefas propostas às dificuldades apresentadas,
20 alunos? Estes têm influência nas promovo auto e heteroavaliação, privilégio o
suas práticas pedagógicas e trabalho a pares e o apoio mais individualizado
avaliativas posteriores? Porquê? sempre que verifico que os resultados obtidos estão
aquém do esperado.
Penso que passa por um exercício interno, pois
muitos de nós estão agarrados a um método de
ensino e avaliação pouco adequado às
caraterísticas dos alunos dos tempos que correm….
É também importante apostar na formação dos
O que pensa que poderia ser professores para novas práticas no ensino-
21 feito para melhorar a avaliação aprendizagem e dar recursos às escolas para que
na disciplina que leciona? haja essa melhoria. Criar uma escola que envolva
efetivamente os alunos neste processo, que
promova a autonomia do aluno, autocorreção e um
conjunto de experiências educativas diversificadas e
inclusivas…isso é que deveria de ser feito!

85
Entrevista ao Professor 6

Nº Perguntas Respostas
A que ano(s) de escolaridade Este ano o 7° ano. Também tive outras turmas, mas
1 leciona a disciplina de Físico- foi de secundário.
Química?
A avaliação é um dos processos mais difíceis no
processo de ensino-aprendizagem. É sempre
Quando ouve falar em avaliação, subjetivo e desperta preocupação para que
2
o que pensa sobre o conceito?
represente, da melhor forma, as aprendizagens dos
alunos.
A avaliação deve ser realizada com enfoque nas
aprendizagens dos alunos. Apesar de ser um
Na sua opinião, a quem se processo transversal a todos os intervenientes, os
3
destina a avaliação?
alunos devem estar no centro dos objetivos da
avaliação.
Penso que a avaliação tem servido como elemento
classificador. O sistema educativo e as suas regras
de funcionamento, continuam a promover a
Na sua opinião, qual o propósito avaliação como momento e instrumento de
4 classificação. No entanto, a avaliação poderá ter
da avaliação?
uma componente mais abrangente, ter um papel na
autorregulação de todo o processo de ensino-
aprendizagem. Depende do professor…e da escola.
O professor deve facilitar e guiar o aluno durante a
avaliação. Deve também motivar o aluno a estar
envolvido em todo o processo. O professor deve
ainda proporcionar um ambiente propício e positivo
Qual o papel do professor e do para o aluno durante os momentos de avaliação. O
5
aluno na avaliação?
aluno integra a preparação do processo de
avaliação, pelo que deverá compreender claramente
o que vai ser avaliado e verificar, com a ajuda do
professor, aquilo que é capaz de realizar.
Sim. Nesta disciplina, como em todas as disciplinas
de ciências experimentais, as atitudes e
comportamentos num laboratório, a correta
Existe, na sua opinião, alguma utilização dos equipamentos e a elaboração de
especificidade na avaliação da atividades experimentais, deve ser avaliado com
6 disciplina que leciona, por ser de critérios bem definidos. O aluno é informado dos
carácter experimental? Se sim,
critérios a ser avaliados, ao longo do ano letivo, o
porquê?
processo de avaliação formativa deve ser utilizado
com maior frequência e importância, mas às vezes
não há tempo!
Na planificação das atividades, As aprendizagens essenciais, a tipologia das
7 em geral, o que costuma ter atividades realizadas, o público alvo e adequação ao
(mais) em consideração? nível de ensino e motivação dos alunos.
Em que circunstâncias comunica Antes e durante as atividades.
aos alunos os objetivos de
8
aprendizagem e os critérios de
sucesso de uma atividade?
Como são definidos os critérios Em sede de departamento e grupo disciplinar.
9
de avaliação da sua disciplina?

86
Informa os seus alunos dos Normalmente, no início do ano letivo e por escrito.
10 critérios de avaliação? Em que
momento(s) e como o faz?
Utilizo mais os testes de avaliação e trabalhos a
pares. Também faço aulas interativas com Kahoot,
Que tipo de instrumentos utiliza e Quizz, por exemplo… A avaliação sumativa,
privilegia de forma mais geralmente é realizada com testes escritos ou
11 trabalhos de grupo, os relatórios laboratoriais. A
frequente para avaliar? Porque
esses e não outros? avaliação formativa tento que seja a mais
diversificada e procuro englobar as competências e
interesses dos alunos.
Antes da realização de uma Sim, sempre.
ficha/teste de avaliação costuma
12 fornecer aos alunos uma matriz
de conteúdos e objetivos para a
sua preparação?
Em que momentos procede à Sempre que se justifique ou que seja pertinente.
13
avaliação dos seus alunos?
Aplico os critérios estabelecidos no departamento e
Como obtém a nota trimestral (ou preencho uma grelha em Excel com os resultados
14
semestral) dos seus alunos?
das avaliações dos alunos.
Adapta a avaliação que realiza Sim. Na realização de uma atividade, de acordo com
15
ao nível de desempenho dos o tipo de atividade proposta. Se for em testes faço
alunos de uma turma? Se sim, as adaptações desse teste para o aluno.
como o faz?
Costuma dar feedback aos Sim, costumo. Ao longo do desenvolvimento das
alunos sobre os resultados da tarefas ou no final da tarefa. Normalmente o
16
sua avaliação? Se sim, como o feedback é feito oralmente e individualmente.
faz e em que momentos?
Que tipo de feedback utiliza com Oral, como já referi.
17
mais frequência?
Promove a autoavaliação aos Sim. No final de cada tarefa e no final do período.
seus alunos? Se sim, com que Os alunos respondem a um questionário e, por
18 vezes, são incentivados a realizar uma reflexão
periodicidade o faz? Que
instrumentos costuma utilizar? orientada.
A autoavaliação dos seus alunos Sim. Vai ajudar a ajustar o tipo de tarefas propostas.
19 vai influenciar as suas práticas
avaliativas? Porquê?
Claro que sim! É fundamental analisar e redesenhar
novas estratégias para responder aos resultados
obtidos pelos alunos. A análise dos resultados e a
É habitual refletir sobre os proposta de melhoria das práticas letivas é um
resultados obtidos pelos seus processo em constante mudança, no qual os alunos
20 alunos? Estes têm influência nas devem estar envolvidos. Geralmente, o tipo de
suas práticas pedagógicas e
atividades propostas, a maior utilização de recursos
avaliativas posteriores? Porquê?
audiovisuais e adaptação da tipologia de questões
nos testes de avaliação, são alguns exemplos de
mudanças letivas por mim realizadas.
O que pensa que poderia ser Os programas e currículos deveriam ser mais curtos
21 feito para melhorar a avaliação e possuírem maior componente prática.
na disciplina que leciona?

87
Entrevista ao Professor 7

Nº Perguntas Respostas
A que ano(s) de escolaridade 7º e 8º anos de escolaridade.
1 leciona a disciplina de Físico-
Química?
Penso que na avaliação como um conceito
Quando ouve falar em avaliação, abstrato, que requer um conjunto de parâmetros
2 mensuráveis, os critérios, para o tornar mais
o que pensa sobre o conceito?
explícito.
Na sua opinião, a quem se Aos alunos.
3
destina a avaliação?
Na sua opinião, qual o propósito Aferir o conhecimento adquirido pelos alunos.
4
da avaliação?
Qual o papel do professor e do O docente é o avaliador e o aluno é o avaliado!
5
aluno na avaliação?
Existe, na sua opinião, alguma Sim, existe. As aulas experimentais. Estas aulas
especificidade na avaliação da colocam em evidências quem adquiriu os
6 disciplina que leciona, por ser de conhecimentos e a capacidade intelectual de cariz
carácter experimental? Se sim, científico (criatividade e abstração) dos alunos.
porquê?
Na planificação das atividades, A forma como vou abordar os assuntos –
7 em geral, o que costuma ter estratégias para ministrar e transmitir o
(mais) em consideração? conhecimento.
Em que circunstâncias comunica Sempre que há momentos de avaliação em “jogo”.
aos alunos os objetivos de
8
aprendizagem e os critérios de
sucesso de uma atividade?
Como são definidos os critérios Em grupo disciplinar e departamento curricular.
9
de avaliação da sua disciplina?
Informa os seus alunos dos Sim. No início do ano letivo e com (alguma)
10 critérios de avaliação? Em que periodicidade no decorrer do ano letivo.
momento(s) e como o faz?
Questões de aula, trabalhos de grupo, trabalhos
Que tipo de instrumentos utiliza e individuais, teste de avaliação, relatórios de
privilegia de forma mais atividades experimentais. O recurso a estes
11 instrumentos, que para além de estarem
frequente para avaliar? Porque
esses e não outros? padronizados na disciplina, são eficazes. Não há
necessidade de reinventar a roda!
Antes da realização de uma Não. A maioria dos alunos não a utiliza. Não é
ficha/teste de avaliação costuma eficaz para este tipo de alunos (e no secundário).
12 fornecer aos alunos uma matriz Informo dos conteúdos e das páginas do manual a
de conteúdos e objetivos para a estudar.
sua preparação?
A avaliação é feita aula a aula. Por exemplo, nas
intervenções dos alunos/argumentação face ao
Em que momentos procede à conteúdo em estudo. Com o recurso aos
13 instrumentos referidos na questão onze, com
avaliação dos seus alunos?
periodicidade que varia entre os quinze dias e um
mês.
Como obtém a nota trimestral (ou Com o recurso aos critérios de avaliação definidos
14
semestral) dos seus alunos? em Grupo/Departamento e tendo como base os

88
critérios definidos em Conselho Pedagógico.

Adapta a avaliação que realiza Só o faço para os alunos avaliados ao abrigo das
15
ao nível de desempenho dos medidas universais, adicionais ou seletivas.
alunos de uma turma? Se sim,
como o faz?
Costuma dar feedback aos Sempre. De acordo com a periodicidade referida
alunos sobre os resultados da numa das questões anteriores.
16
sua avaliação? Se sim, como o
faz e em que momentos?
Que tipo de feedback utiliza com A oralidade.
17
mais frequência?

Promove a autoavaliação aos Sim. No final dos períodos. O instrumento utilizado


seus alunos? Se sim, com que é um conjunto de questões: escolha múltipla e
18 resposta aberta, abordadas para o efeito, na
periodicidade o faz? Que
instrumentos costuma utilizar? padronizada folha de autoavaliação.
A autoavaliação dos seus alunos Sim. Tenho sempre em atenção as respostas
19 vai influenciar as suas práticas dadas…
avaliativas? Porquê?
É habitual refletir sobre os Sempre que aplico os instrumentos já referidos.
resultados obtidos pelos seus Não faço grandes alterações aos procedimentos
20 alunos? Estes têm influência nas na medida em que os resultados dos alunos
suas práticas pedagógicas e dependem maioritariamente de fatores que não
avaliativas posteriores? Porquê? controlo (apoio parental, expectativas sociais, etc).
Não me ocorre nada de momento. Contudo, há a
O que pensa que poderia ser referir que a avaliação e os respetivos resultados
21 feito para melhorar a avaliação advêm de muitos fatores que não dependem
na disciplina que leciona? apenas do docente. Os que dependem de mim,
são pensados e implementados.

89

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