8 Evaporadores
8 Evaporadores
8 Evaporadores
EVAPORADORES
Um evaporador qualquer superfcie de transferncia de calor na qual o liquido voltil e vaporizado com o objetivo de remover calor de um espao ou produto refrigerado. Por causa das muitas e diversas aplicaes da refrigerao mecnica, os evaporadores so fabricados em uma grande variedade de tipos, formas, tamanhos e projetos, e podem ser classificados de diferentes modos, tais como tipo de construo, mtodo de alimentao dos lquidos, condio de operao, mtodo de circulao do ar (ou lquido), tipo de controle de refrigerante, e aplicao. 8.1 TIPOS CONSTRUTIVOS DOS EVAPORADORES
Os principais tipos de construo dos evaporadores para resfriamento de ar so: de tubo liso, de placa, e de tubos aletados. 8.1.1 Evaporador de tubo liso Em geral so construdos com tubo de ao, cobre ou alumnio. Tubos de ao so utilizados em evaporadores maiores ou de qualquer tamanho quando se utiliza amnia como refrigerante, em aplicao industrial ou comercial. Tubos de cobre e alumnio so utilizados na fabricao de evaporadores menores uso em unidades residenciais e comerciais que empregam refrigerantes diferentes de amnia (fig. 75). FIGURA 75 - SERPENTINAS DE TUBO LISO - a) plana ou zigue-zague b) trombone oval
8.1.2 Evaporador de placa Existem vrias formas de construo. Um dos tipos mais comuns feito com duas placas soldadas de forma que entre elas fiquem sulcos por onde passa o fluido refrigerante. Este tipo muito usado em refrigeradores domsticos. Outro
98
99
tipo comum feito com duas placas planas e paralelas justapostas a tubos simples. O espao vazio entre as placas ou evacuado ou cheio de uma soluo euttica com objetivo de promover um bom contato trmico. Normalmente, nas cmaras, so usados grupos de placas (bancos) montados horizontalmente ou verticalmente, no teto ou nas paredes da cmara (fig. 76).
8.1.3 Evaporador de tubos aletados So evaporadores de tubos que atravessam placas perfuradas e paralelas (aletas). As aletas devem ficar ligadas rigidamente aos tubos, pois operam como superfcies secundrias e devem transmitir o calor para os tubos e refrigerante. O uso das aletas aumenta a rea de troca trmica permitindo usar evaporadores de menores dimenses. O tamanho das aletas e o espaamento entre elas dependem sobremaneira da aplicao do evaporador. O tamanho dos tubos define o tamanho das aletas. A temperatura de operao define o espaamento entre as aletas. O espaamento pode variar de 1 a 14 aletas por polegada. Para baixas temperaturas devem-se usar poucas aletas por polegada (3 a 4) para evitar o congelamento entre elas, (fig. 77).
99
100
8.2
CIRCUITO DO EVAPORADOR
A queda de presso excessiva no evaporador resulta no vapor de suco que chega admisso do compressor a uma presso mais baixa do que realmente necessrio, causando com isso, uma perda na capacidade e eficincia do compressor. Para evitar perdas desnecessrias na capacidade e eficincia do compressor, interessante projetar o evaporador de tal modo que o refrigerante sofra uma queda mnima na presso. Por outro lado, requerida uma certa quantidade de queda de presso para fluir o refrigerante atravs do evaporador e, dado que a velocidade uma funo da queda de presso, a queda de presso deve ser suficiente para assegurar velocidades do refrigerante, suficientes para tornar as superfcies do tubo livres de bolhas de vapor e leo e para levar o leo para o compressor. Por isso, bons projetos requerem que o mtodo de circuito do evaporador seja tal, que a queda de presso atravs deste seja o mnimo necessrio para produzir velocidades do refrigerante suficientes para assegurar uma taxa alta de transmisso de calor e bom retorno de leo. Na (fig. 78) mostrase uma circuitao do evaporador com distribuidor de refrigerante que muito eficiente e bastante usado, principalmente quando a carga do circuito pesada, como no caso de uma serpentina de condicionamento de ar, onde o diferencial de temperatura entre o refrigerante e o ar grande e onde a aleta externa pesada. Observa-se que o ar que passa em contrafluxo para o refrigerante, de modo que o ar mais quente fica em contato com a parte mais quente da superfcie da serpentina. Isto garante a diferena mdia de temperatura maior, e a taxa mais elevada de transmisso de calor. Observa-se tambm que a carga dos circuitos igual. O nmero e comprimento dos circuitos que tal serpentina poderia ter so determinados pelo tamanho do tubo e pela carga sobre os circuitos.
100
101
8.3
Os evaporadores podem ser classificados de acordo com o mtodo de alimentao do lquido, como expanso seca, inundado ou de sobre-alimentao lquida. No evaporador de expanso seca (fig. 79a) o fludo refrigerante inicia sua vaporizao j na vlvula de expanso. Na sada do evaporador todo refrigerante deve se encontrar na forma de vapor. A taxa de vaporizao no interior do evaporador uma funo da carga trmica exigida. O evaporador inundado (fig. 79b) aquele que trabalha repleto de lquido refrigerante. O nvel de refrigerante dentro do evaporador mantido por uma vlvula de bia. O vapor formado no evaporador succionado pela ao do compressor, como vantagens, o evaporador inundado apresenta maior coeficiente de transmisso de calor, melhor comportamento em relao variao na carga trmica, fornece vapor saturado seco ao compressor e no vapor superaquecido e como desvantagens, o evaporador inundado caro, necessita de um separador de lquido, utilizado para grandes instalaes, apresenta elevado volume e grande quantidade de refrigerante se faz necessrio. Um evaporador de sobre-alimentao lquida aquele em que a quantidade de refrigerante lquido circulada atravs do evaporador consideravelmente excessiva em relao quela que pode ser vaporizada. O excesso de lquido separado do vapor por um coletor de baixa presso ou acumulador, e recirculado ao evaporador, enquanto o vapor extrado da suco do compressor. Os evaporadores de sobre-alimentao (recirculao de lquido) so mais comuns e mais economicamente empregados em sistemas de evaporadores mltiplos (fig. 80).
101
102
(a)
(b)
102
103
8.4
Um sistema de refrigerao de expanso direta aquele em que o evaporador do sistema, empregando um refrigerante de expanso direta, est em contato direto com o espao ou material que est sendo refrigerado, como ilustra a (fig. 81). FIGURA 81 - SISTEMA DE EXPANSO DIRETA
Muitas vezes, inconveniente ou antieconmico circular um refrigerante de expanso direta para a rea ou reas onde requerida a refrigerao. Em tais casos, empregado um sistema de refrigerao de expanso indireta (fig. 82) que aquele em que aparece um agente intermedirio, como, por exemplo, gua ou salmoura entre o meio a ser resfriado e o refrigerante. gua ou salmoura resfriada por um refrigerante de expanso direta num resfriador de lquido e ento bombeada atravs de tubulao apropriada para o espao ou produto que est sendo refrigerado. O agente intermedirio, aquecido pela absoro de calor do espao refrigerado ou do produto, retorna ao resfriador para ser resfriado e recirculado. Vantagens da expanso indireta:
103
104
- mais fcil distribuir gua ou salmoura do que amnia ou halogenados. - no circula fluido frigorfico dentro do meio a resfriar. - a parte frigorfica fica concentrada. - a flutuao da carga mais bem atendida (Indicada quando se necessita de muito frio durante pouco tempo). Desvantagens da expanso indireta: - a temperatura de evaporao menor no caso de expanso indireta, portanto, menor o coeficiente de eficcia; tamanho do compressor maior; motor necessrio maior; - preo maior; - mais complexo.
Os resfriadores para o caso de expanso indireta podem ser classificados como, resfriadores de ar, resfriadores de lquido e resfriadores de slido. A (fig. 83) ilustra uma serpentina de gua gelada utilizada em fan&coils para resfriamento do ar.
104
105
8.5
Utilizam-se os evaporadores de conveco natural, quando so desejveis baixas velocidades de ar e mnima desidratao do produto. Ex. refrigeradores domsticos, expositores e grandes cmaras de armazenagem. Os evaporadores de conveco forada so utilizados quando no h problema de desidratao do produto, tendo como vantagens: um evaporador mais compacto, maior coeficiente de transmisso de calor, melhor uniformidade da temperatura interna da cmara e maior rapidez no resfriamento do ar e como desvantagens: aumento da carga trmica devida aos motores que acionam os ventiladores, provoca a desidratao dos produtos e a construo compacta dificulta manuteno. 8.6 MTODOS DE DEGELO
Existem muitos tipos de controle que podem ser utilizados. Em algumas aplicaes no necessrio que exista perodos programados de degelo. O fato de o compressor desligar quando a temperatura da cmara atingida j poder propiciar o degelo (isso em casos em que a cmara trabalha com temperaturas superiores a 0oC). Em outras aplicaes um temporizador de degelo poder ser necessrio para que se mantenha a serpentina isenta de gelo. Em cmaras de mdia temperatura, o degelo por ar controlado pelo temporizador, mas o(s) ventilador(es) do evaporador continuam operando de maneira a facilitar o degelo. Outros sistemas de degelo necessitam uma parada dos ventiladores durante o perodo de degelo (para evitar que os mesmos joguem o calor do degelo dentro da cmara). Para a maior parte das aplicaes dois a quatro ciclos de degelo por dia so suficientes. As necessidades de degelo variaro de instalao para
105
106
instalao. Por isso as regulagens de degelo devero ser determinadas observando-se o sistema em funcionamento. Os mtodos mais comuns de degelo da serpentina de refrigerao so: DEGELO A AR: Assume distintas formas. Em espaos refrigerados que operem a temperaturas superiores a 2oC possvel utilizar o prprio ar ambiente para degelar a serpentina, desde que a circulao de refrigerante seja cortada. O processo lento, de modo que o projetista deve se assegurar que as serpentinas que permanecem em operao durante o degelo, satisfaam a carga de refrigerao. DEGELO A GUA: Consiste em espargir gua sobre a serpentina, drenando a gua fria resultante para fora do espao refrigerado, (fig. 84).
DEGELO ELTRICO: obtido atravs de um aquecedor eltrico montado de forma a manter um bom contato trmico com a serpentina. Uma soluo freqentemente utilizada a insero de uma resistncia tubular durante a montagem da serpentina, constituindo um tubo no ativo. O custo inicial do degelo eltrico , provavelmente, o menor entre todas as opes propostas anteriormente. No entanto, o seu custo operacional pode ser elevado em virtude das tarifas de energia eltrica em vigor, (fig. 85).
106
107
DEGELO POR GS QUENTE: Consiste em interromper o suprimento de refrigerante lquido ao evaporador, substituindo-o pelo de vapor do refrigerante a alta presso. Para garantir um rpido degelo, a temperatura de saturao mantida em nveis suficientemente elevados pela ao de uma vlvula de controle de presso instalada na sada do evaporador. Assim durante o degelo, a serpentina se comporta como um condensador, (fig. 86). Uma maneira de controlar a formao de neve sobre as superfcies das serpentinas que operam a baixas temperaturas borrif-las com algum anticongelante (salmoura), como etileno glicol ou propileno glicol.
107
108
8.7
A localizao do evaporador na cmara pode ser fundamental para o sucesso de sua operao. Recomendaes bsicas para a localizao do evaporador, (fig. 87): - A distribuio do ar deve cobrir toda a cmara; - Evitar instalao sobre as portas; - Localizar as unidades para o mnimo comprimento das linhas de refrigerante; - Deve-se conhecer na cmara a posio dos corredores, prateleiras, etc. - Localizao das linhas de dreno para o mnimo comprimento; - Deixar espao suficiente entre o fundo do evaporador e a parede, no menos que 45 cm.
8.8
CAPACIDADE DO EVAPORADOR
a quantidade de calor que ele deve absorver do espao refrigerado, num certo intervalo de tempo. O calor chega ao evaporador por trs mtodos distintos: conveco do ar; radiao direta do produto; conduo direta (quando o produto est em contato com o evaporador). J, o calor que passa atravs do evaporador com destino ao refrigerante, o faz por conduo. Este calor pode ser obtido por: & (57) Q e = U A LMTD
108
109
onde, & capacidade do evaporador, kJ/h Qe U coeficiente global de transferncia de calor, kJ/hm2oC A rea de superfcie do evaporador (tubos e aletas), m2 LMTD diferena de temperatura mdia logartmica entre o refrigerante dentro do evaporador e o meio externo, oC A diferena de temperatura mdia logartmica, LMTD dada por:
LMTD =
(t e - t r ) - (t s - t r ) (t t ) ln e r (t s t r )
(58)
onde, te temperatura do ar que entra na serpentina, oC ts temperatura do ar que deixa a serpentina, oC tr temperatura do refrigerante nos tubos, oC O coeficiente global de transmisso de calor em um evaporador resfriado a ar com o refrigerante circulando dentro dos tubos pode ser calculado por:
Uo = 1 (A o /A i )/h w + (t/k)(A o /A m ) + 1/(h r w )
(59)
onde, Uo coeficiente global de transferncia de calor baseado na superfcie externa e a LMTD, kJ/hm2oC Ao/Ai relao entre a rea da superfcie externa e interna do tubo hw coeficiente de filme interno lado do refrigerante, W/m2oC t espessura da parede do tubo, m k condutibilidade trmica do material do tubo, W/moC Ao/Am relao de rea entre a superfcie externa e a superfcie circunferencial mdia da parede de metal do tubo hr coeficiente de filme externo lado do ar, W/m2oC w eficincia da aleta (100% para tubos no aletados) 8.9 SELEO DO EVAPORADOR
O projeto de serpentinas de refrigerao complexo, incluindo tpicos como circuitagem, disposio dos tubos, projetos das aletas, entre outros, para conseguir uma taxa de transferncia de calor mxima para um dado custo inicial. Assim o presente captulo visa to somente o selecionamento de serpentinas atravs de catlogos de fabricantes para aplicao em instalaes, atravs do procedimento a seguir: - calcular a carga trmica sem considerar os motores que acionam os ventiladores do evaporador (caso seja conveco forada); - escolher a diferena de temperatura do evaporador, T(tab. 2);
109
110
onde T diferena de temperatura entre a temperatura do ar que entra no evaporador (tomado como sendo a temperatura interna da cmara) e a temperatura de evaporao do fluido frigorfico. Como exemplo um evaporador com um T de 6oC, quer dizer que com uma temperatura na cmara de 7oC, a temperatura de evaporao do refrigerante de 1oC. O evaporador deve operar a uma temperatura inferior da cmara e a diferena entre estas duas temperaturas permite controlar a umidade dentro da cmara. O controle da umidade em ambientes refrigerados muito importante. Em alguns casos, como no armazenamento de verduras frescas, a umidade do ambiente deve ser mantida elevada para preservar a qualidade do produto. Em outros, como no caso de cmaras de resfriamento de carnes, a umidade deve ser mantida baixa a fim de evitar a formao de nvoa e o gotejamento de gua sobre o produto. TABELA 2 - DIFERENA DE TEMPERATURA, T
SISTEMA Unidade Evaporadora - alta temperatura Unidade evaporadora - baixa temperatura Condensador remoto para refrigerao Ar condicionado T 3 a 12 C 4a8C 5a8C 10 a 17 C
Os fabricantes trabalham com T da ordem de 6oC a 8oC. - Dependendo do fabricante verificar se o T igual ou maior que o utilizado pelo fabricante, com o qual foram definidos as capacidades dos evaporadores. - Escolher o evaporador em funo da capacidade em [kW] e da temperatura de evaporao. - Recalcular a carga trmica considerando os motores dos ventiladores. - Verificar se a nova carga trmica no ultrapassa a capacidade do evaporador ou evaporadores. Caso ultrapasse, escolha o(ou) evaporador(es). 8.10 RESFRIADORES DE LQUIDO
Como os evaporadores de resfriamento de ar, os evaporadores que resfriam lquidos, chamados de resfriadores de lquido, variam em tipo e projeto, de acordo com o tipo de trabalho a que so destinados, como, por exemplo, o resfriador de lquido do tipo carcaa-tubos (shell and tube), ilustrado na (fig. 68), onde o refrigerante muda de fase escoando pelo interior dos tubos.
110
111
8.11
TROCADOR DE PLACAS
O trocador de placas de gaxeta (fig. 69), consiste de um conjunto de placas corrugadas com aberturas para passagem de dois fluidos entre os quais ocorrer a transferncia de calor. O conjunto de placas montado entre as placas de estrutura e presso e apertado por parafusos. As placas contm gaxetas que as fixam selando os canais e direcionam os fluidos em canais alternados. Graas ao projeto, pode ser facilmente desmontado para inspeo e limpeza. Alm disso, pode ser ampliado, modificado segundo um novo arranjo com facilidade a fim de atender a um aumento ou alterao de servios.
111
112
O trocador de calor a placas usado para aquecimentos, resfriamentos e recuperao de calor em muitas reas tais como, processamento qumico, produo de polpa e papel, processamento de leite e alimentos, HVAC (aquecimento, ventilao e ar condicionado), engenharia mecnica, gerao de energia, produo de ao e metais, plataformas de produo de gs e leo; processamento de gs e leo, a bordo de navios. Da mesma maneira que o trocador de calor a placas de gaxeta, o trocador de calor a placas soldado (fig. 90) construdo de uma srie de placas de metal corrugadas, mas sem gaxetas, parafuso de aperto, estrutura e barras transportadoras. O trocador de calor a placas soldado consiste simplesmente de placas de ao inoxidvel e duas placas finais. As placas so brazadas juntas em um forno a vcuo, para formar uma unidade compacta resistente presso. Os dois fluidos correm em canais separados. A construo faz-se ideal para condies de operao com alta temperatura e alta presso. A turbulncia criada pelo desenho das placas promove transferncia de calor, mas retarda incrustao. Este tipo compacto pode ser facilmente montado diretamente na tubulao sem braadeiras ou furaes.
8.12
EXEMPLO ILUSTRATIVO
EXEMPLO 8.12.1: Qual deve ser o valor do coeficiente global de transferncia de calor, U, em um evaporador em que o coeficiente de transferncia de calor no lado do ar igual a 60 W/m2 e o coeficiente correspondente no lado do refrigerante igual a 1200 W/m2 oC. O tubo apresenta dimetro interior e exterior de 20,9 mm e 26,7 mm, respectivamente. O material do tubo ao, cuja condutividade trmica de 45 W/moC.
112