Heterotopias
Heterotopias
Heterotopias
Entretanto foi esquecido fato cientifico que Jan Gehl apresenta com doce
ironia de que o homem moderno ainda é “um ser humano de orientação
horizontal, frontal, linear, que anda no máximo a 5km/h”. O urbanismo moderno
é feito para carros, e a percepção da paisagem urbana muda drasticamente
quando você está a 60km/h, e muito mais ainda quando você está vendo a
cidade de um avião – as vezes até como um avião, como é o caso de Brasília.
Os urbanistas viam a cidade dessa perspectiva, e se a cem metros de distância
é difícil perceber alguém, quiçá de 1000 metros de altura...
Através de um estudo feito com uma filmagem desse trecho por horas
consecutivas durante dias da semana, foi revelada a subutilização desse
espaço, os pedestres evitam passar por ele, há apenas uma faixa de pedestre
aproximadamente cem metros da direção oposta dessa foto. A ausência de
elementos convidativos ao fluxo dos pedestres cria esse tipo de situação.
A arquitetura não pode mais ser pensada sem subjetividade, como vimos
nos casos mencionados, espaços são geradores de comportamentos e relações.
Nossas cidades têm sido planejadas segundo princípios modernistas, entretanto
eles não foram capazes de alcançar a imprevisibilidade da vida. As inúmeras
camadas de relações sociais que se sobrepõe dando vitalidade a paisagem
urbana. Porém os ideais da obra Cidade Para as Pessoas e as ferramentas How
to Study Public Life de Jan Gehl nos dão recursos para pensar uma cidade
diferente. Afinal, segundo ele, a cidade somos nós. E já foi dito outrora que “o
homem é fruto do meio”, que cidades pretendemos criar afim de reatarmos
nossos laços como humanidade?
Referências Bibliográficas
GEHL, Jan. Cidades para pessoas. 3. ed. São Paulo: Perspectiva, 2015.
JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. São Paulo: Martins Fontes,
2000.