TCC - Projeto e Fabricação de Uma Rosca Única para Extrusora
TCC - Projeto e Fabricação de Uma Rosca Única para Extrusora
TCC - Projeto e Fabricação de Uma Rosca Única para Extrusora
ESCOLA POLITÉCNICA
por
Banca Examinadora:
__________________________________ __________________________________
Prof. Me. André Luiz Grando Santos Prof. Me. Mário Augusto Morozo
(Orientador) (Membro da Banca)
__________________________________ __________________________________
Prof. Dr. Éverton Rafael Breitenbach Prof. Me. Mário Augusto Morozo
(Membro da Banca) (Docente de Projeto de Pesquisa 2)
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus pela força e persistência para superar cada obstáculo
encontrado ao longo da graduação.
A minha família, pelo suporte, apoio e incentivo que sempre me deram durante esta
jornada.
Ao meu orientador Prof. Me. André Luiz Grando Santos pelo tempo dedicado à
orientação para realização deste trabalho.
A todos os amigos e professores que de alguma forma contribuíram ao longo desta
caminhada.
v
RESUMO
The new technologies used in the manufacturing process, such as the replacement of
people by machines, are already a great reality in companies, a new Industrial Revolution that
is increasingly seeking the direction of innovation. Where even small companies will have to
adapt to this innovation, so that they can respond positively to their demands, and consequently
increase them. One of the pillars of this technological advance is the so-called Additive
Manufacturing (MA), which makes it possible to manufacture products using various
techniques, among which the most popular is 3D printing. Some processes play an important
role in contributing to additive manufacturing, such as the extrusion process, responsible for
the continuous transformation of polymeric materials, among them are the polymeric filaments
for use in 3D printers. For an extruder to perform the polymer processing satisfactorily, several
process variables must be analyzed and understood in order to generate a good quality filament.
One of the main components of the extruder is the screw, as it has the function of transporting,
homogenizing and plasticizing the polymer. In this context, the work proposes to design and
manufacture an extrusion thread suitable for laboratory-sized extruders. In the initial phase of
this project, the design variables are identified and the methodologies adopted in the design of
extrusion threads are studied. Next, a calculation script is developed to specify the geometry
and dimensions of the thread, proceeding to the design and detailing of the components that
constitutes the extrusion thread. Completing a projective step, then, a programmed simulation
of the manufacture is started, establishing the thread machining processes. Finally, a full-scale
prototype of the screw is manufactured, using the 3D printing technique itself.
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Materiais utilizados para proteção contra abrasão e corrosão de roscas. ............... 49
15
LISTA DE SIGLAS
LISTA DE SÍMBOLOS
A Área (𝑚 )
b Largura do Canal da Rosca (mm)
C Carbono
c Constante de Conversão
Cp Calor Específico (J/kgºC)
Cr Crômio
D Diâmetro da Rosca (mm)
Db Diâmetro Interno do Barril (mm)
Dm Diâmetro da Matriz (mm)
E Módulo de Elasticidade do Material da Rosca (Pa)
e Espessura ou Largura do Filete da Rosca (mm)
𝜀 Deformação Sofrida em Tração
F Força Limite (N)
𝐹⃗ Vetor Força
Fd Fator de Correção para Fluxo de Arraste
Fp Fator de Correção para Fluxo de Contra Pressão
Ft Força de Transmissão (N)
G Módulo de Cisalhamento (MPa)
g Aceleração da Gravidade (𝑚/𝑠 )
hi Profundidade do Canal na Zona de Alimentação (mm)
ℎ𝑖 á Profundidade Máxima do Canal na Zona de Alimentação (mm)
hf Profundidade do Canal na Zona de Dosagem (mm)
k Condutividade Térmica (W/mºC)
Ks Fator para Vazão Volumétrica na Matriz (𝑚 /𝑁. 𝑠)
L Comprimento da Rosca (mm)
Lm Comprimento da Matriz (mm)
Ls Passo da Rosca (mm)
Lt Comprimento Total do Eixo da Rosca (mm)
Mn Manganês
Mo Molibdênio
𝑛 Vetor Normal a Superfície onde a Força é Aplicada
17
N Rotação (RPS)
𝜂 Viscosidade do Polímero Fundido (Pa.s)
Ni Níquel
θ Ângulo de Hélice da Rosca
P Fósforo
P𝑐𝑟 Pressão Crítica (MPa)
P𝑚á𝑥 Pressão Máxima Crítica (MPa)
𝜌 Massa Específica (𝑘𝑔/𝑚 )
𝜌𝑖 Densidade do Polímero na Zona de Alimentação (𝑘𝑔/𝑚 )
𝜌𝑓 Densidade do Polímero Fundido (𝑘𝑔/𝑚 )
𝑄d Vazão Volumétrica de Arraste (𝑚 /𝑠)
𝑄p Vazão Volumétrica de Contrapressão (𝑚 /𝑠)
Qe Vazão Volumétrica de Escape (𝑚 /𝑠)
Qm Vazão Volumétrica na Matriz (𝑚 /𝑠)
Rc Razão de Compressão
rf Raio da Engrenagem Maior (mm)
ri Raio da Engrenagem Mneor (mm)
R𝜌 Razão de Densidade
𝑅𝑠 Raio do eixo Maciço (mm)
Si Silício
T Torque do Motor (N.m)
Tg Temperatura de Transição Vítrea (°C)
Tm Temperatura de fusão (°C)
𝜏 Tensão de Cisalhamento (MPa)
𝜏𝑎 Tensão Admissível (MPa)
𝜏𝑚á𝑥 Tensão Máxima de Cisalhamento (MPa)
Tr Torque na Rosca (N.m)
𝜎 Tensão Aplicada em Tração (MPa)
V Velocidades do Fluxo do Fluido nos Canais da Rosca (m/s)
Vb Velocidade do Fluido na Parede do Barril (m/s)
Vbx Velocidade do Fluido na Secção Transversal do Canal (m/s)
Vbz Velocidade do Fluido ao Longo do Canal (m/s)
Y(L) Deflexão na Extremidade da Rosca (mm)
18
𝛾̇ Taxa de Cisalhamento (𝑠 )
𝛾 Deformação em Cisalhamento (𝑠 )
Z Comprimento Helicoidal da Rosca (mm)
Zm Potência do Motor (CV)
Zr Potência da Rosca (CV)
δ Folga entre a Rosca e o Barril (mm)
ΔF Força Atuando na Área (N)
ΔP Queda de Pressão no Sistema (MPa)
19
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 15
1.1 JUSTIFICATIVA .............................................................................................................. 16
1.2 OBJETIVOS ...................................................................................................................... 17
1.2.1 Objetivo Geral................................................................................................................ 17
1.2.2 Objetivos Específicos ..................................................................................................... 17
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................................... 18
2.1 MANUFATURA ADITIVA E OS FILAMENTOS POLIMÉRICOS ............................... 18
2.2 FILAMENTOS POLIMÉRICOS PARA IMPRESSÃO 3D .............................................. 19
2.2.1 Propriedades desejadas do polímero PLA .................................................................. 21
2.2.2 Reciclagem de Filamentos ............................................................................................. 22
2.3 A EXTRUSORA E O PROCESSO DE EXTRUSÃO ....................................................... 23
2.3.1 Componentes e Princípios Gerais de Extrusora de Rosca Simples........................... 24
2.4 REOLOGIA DO PROCESSO DE EXTRUSÃO ............................................................... 26
2.4.1 Comportamento reológico de Polímeros Fundidos .................................................... 26
2.4.1.1 Reologia ........................................................................................................................ 26
2.4.1.2 Definição de Tensão ..................................................................................................... 27
2.4.1.3 Taxa de cisalhamento ................................................................................................... 28
2.4.1.4 Classificação reológica dos materiais ........................................................................... 29
2.4.1.5 Viscosidade ................................................................................................................... 30
2.4.1.6 Fluidos não newtonianos .............................................................................................. 31
2.4.1.7 Índice de fluidez (IF) .................................................................................................... 31
2.4.2 Reologia de processamento na extrusora de rosca simples........................................ 32
2.4.2.1 Equação de Fluxo numa extrusora de rosca única ........................................................ 32
2.4.2.2 Determinação do ponto operacional da extrusora de rosca simples ............................. 36
2.4.2.3 Perfil de pressão na extrusora de rosca única ............................................................... 38
2.5 ROSCA DE EXTRUSÃO ................................................................................................. 39
2.5.1 Zonas das roscas extrusoras e suas características ..................................................... 41
2.5.2 Conceitos gerais sobre o projeto da rosca de extrusão............................................... 42
2.5.2.1 Comprimento da rosca .................................................................................................. 42
2.5.2.2 Diâmetro e Razão L/D .................................................................................................. 42
2.5.2.3 Passo, ângulo e comprimento helicoidal da rosca ........................................................ 43
2.5.2.4 Espessura do filete e largura do canal da rosca ............................................................ 43
2.5.2.5 Taxa de compressão...................................................................................................... 44
2.5.2.6 Folga entre barril e filete .............................................................................................. 44
2.5.2.7 Resistência Torcional na Base da Rosca ...................................................................... 45
2.5.2.8 Desgastes da rosca ........................................................................................................ 46
2.5.3 Materiais e tratamentos indicados para roscas extrusoras........................................ 48
3 MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................................... 50
20
1 INTRODUÇÃO
1.1 JUSTIFICATIVA
1.2 OBJETIVO
Objetivo Geral
Projetar e fabricar uma rosca simples para extrusora laboratorial com vistas na
fabricação e reciclagem de filamentos de impressão 3D.
Objetivos Específicos
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
O PLA não é indicado para produtos que necessitam serem submetidos a esforços
mecânicos, atrito e temperaturas mais altas, nem para lugares úmidos ou expostas ao sol,
portanto é recomendado para produção de esculturas, peças de decoração e peças mais rígidas.
Os pontos favoráveis do filamento é o valor acessível, facilidade e velocidade de impressão e
menor custo por 𝑐𝑚 /grama/hora da peça, pois não necessita de mesa aquecida e estufa. Devido
a tudo isso e questões de sustentabilidade, recomenda-se em projetos o PLA.
O ABS é um termoplástico proveniente do petróleo, e muito utilizado nas indústrias, foi
um dos primeiros filamentos a serem usados na impressão 3D. É considerado a principal
matéria prima da tecnologia FDM (Fused Deposition Modeling), de aparência fosca e com uma
variedade de cores opacas. Material com ótimo custo-benefício. Diferente do PLA é indicado
para produção de peças mais fortes, protótipos funcionais que necessitam de resistência à
temperatura, atrito, impacto e produtos que precisam de flexibilidade para encaixe. Seu ponto
negativo é pela questão ecológica pois é derivado de fontes não renováveis e devido ao seu
solvente ser tóxico (PORSANI; SILVA; HELLMEISTER, 2017).
21
Pole (ácido láctico) ou também conhecido como polilactídeo (PLA), são polímeros a
base de ácido lático, que tem grande potencial para substituir os polímeros de base petroquímica
pois se trata de um polímero biodegradável podendo ser produzidos por polimerização de
condensação dos monômeros de ácido lático, e estes monômeros são obtidos a partir da
fermentação de matéria prima renovável e não tóxica como por exemplo milho, açúcar de
beterraba e açúcar de cana. Portanto o PLA é um produto ecológico facilmente processável
sendo um dos principais biomaterial para inúmeras aplicações na medicina, ou na indústria para
produzir peças moldadas, filmes ou fibras (FARAH; ANDERSON; LANGER, 2016).
O PLA é um fluido pseudoplátisco não newtoniano de altas propriedades mecânicas,
plasticidade térmica, capacidade do tecido e biocompatibilidade, este polímero possui uma
temperatura de fusão relativamente alta e temperatura de transição vítrea moderada em
comparação com outros polímeros biodegradável (AHMED; VARSHNEY, 2011).
A Tabela 1 apresenta as principais propriedades físicas e reológicas do PLA que serão
utilizadas no decorrer do trabalho.
Tabela 1- Propriedades do PLA.
Reciclagem de Filamentos
Como já mencionado, tudo vem evoluindo junto com o avanço tecnológico e o cuidado
com o meio ambiente não seria diferente. O aumento na produção de resíduos plásticos e
consequente participação na poluição do meio ambiente estimula o uso de plásticos
biodegradáveis como uma solução para este problema.
Um dos tipos de polímeros biodegradáveis é o poliácido lático (ou do inglês PolyLactic
Acid, PLA), um termoplástico biocompatível que atualmente é uma matéria-prima muito
utilizado na impressão 3D. Por isso a importância em destacar a reciclagem dos polímeros.
De acordo com a ASTM existem quatro tipos de reciclagem: primária, secundária,
terciária e quaternária.
Na reciclagem primária, a matéria prima é oriunda de fontes limpas em geral, resíduos
de indústrias de plástico, assim o produto final é reciclado com propriedades parecidas com a
resina virgem. Semelhante com a reciclagem primária, a secundária ocorre quando a matéria
prima é oriunda de resíduos sólidos, mas urbanos e o seu produto final é o material reciclado,
porém com características, inferior a resina virgem. Esses dois tipos de reciclagem também são
chamados de reciclagem mecânica (ZANIN; MANCINI, 2015).
Na reciclagem terciária, utiliza-se para reciclar métodos químicos, térmicos/ catalíticos,
esse processo é chamado de reciclagem química (SPINACÉ; PAOLI, 2005).
Já na reciclagem quaternária, o processo que se utiliza é com base na combustão, sendo
assim, o objeto o aproveitamento do conteúdo energético. Nesse processo, acontece a
reutilização do resíduo polimérico, e é chamado de reciclagem energética (ZANIN; MANCINI,
2015).
A reciclagem Química, envolve dois níveis de despolimeração, a mesma produz
monômeros que poderão ser úteis para uma fabricação de polímeros, esses são chamados de
hidrólise possível técnica para poliésteres, poliamidas e poliuretanos. A despolimeração
também pode ser térmica, chamadas de pirólise que é o aquecimento do plástico na ausência de
oxigênio. São usados esse tipo de processo com o acrílico e poliestireno por exemplo (ERIK
LOKENSGARD 2013).
A reciclagem Mecânica é possível através do reprocessamento por extrusão, injeção,
termoformagem, moldagem por compressão entre outros processos. Para a realização desse
reprocessamento são necessárias algumas etapas, como: a separação do resíduo polimérico, a
moagem, lavagem, secagem, o reprocessamento e por último, a transformação do polímero em
23
produto acabado. As etapas podem variar devido procedência e o tipo de polímero. Para não
ocorrer contaminação de impurezas e alteração das propriedades dos polímeros, como metal,
vidro, a etapa de separação é essencial, com isso poderá limitar as impurezas a níveis inferiores
a 1% m/m. Com isso, a reciclagem mecânica acaba sendo a mais utilizada no Brasil devido por
exemplo, o custo da mão de obra, otimização dos processos. Contudo, a reciclagem dos
polímeros, o método utilizado dependerá da qualidade, quantidade, custo de materiais, e a
existência de mercado para o produto feito (SPINACÉ; PAOLI, 2005).
A máquina extrusora é uma das principais máquinas utilizadas pelas indústrias para a
transformação dos polímeros em diversos outros produtos. A primeira extrusora industrial foi
inventada no ano de 1795, por Joseph Bramah, e foi utilizada para fabricação de tubos de
chumbo. Em 1860, foi desenvolvida por A.G de Wolfe, nos Estados Unidos, a primeira máquina
de rosca para fabricar as peças perfiladas, o que foi uma grande inovação. As máquinas
extrusoras inicialmente eram utilizadas para borracha, nitrato de celulose e caseína, e somente
em 1935, foi criada por Paul Troester, a primeira máquina de extrusão para termoplásticos.
Após esse ano, as extrusoras evoluíram de aquecimento a vapor para elétrico, e aumentaram
em comprimento. Já as extrusoras de dupla rosca foram desenvolvidas no ano de 1930 por
Roberto Colombo e Carlo Pasquetti, na Itália (SOUZA, ALMEIDA, 2015).
A extrusão é o processo realizado pela máquina extrusora. Um dos métodos mais
importantes para a transformação de materiais termoplásticos. O processo se dá, basicamente,
pelos polímeros sendo alimentados pelo funil de alimentação, que são transformados numa
massa fundida, e após serão moldados na matriz, adquirindo um novo formato. A finalidade do
processo de extrusão é resultar na fabricação de um produto, ou até mesmo matéria prima para
outros processos (SOUZA, ALMEIDA, 2015).
Atualmente a vários produtos obtidos com essa técnica de processamento, alguns
exemplos são:
- Mangueiras e tubulações para a condução de fluidos em residências ou indústrias;
- Recobrimento de cabos e fios utilizados nas áreas eletroeletrônica, tais como telefonia,
internet e televisão a cabo;
24
Uma máquina extrusora de rosca simples para desempenhar a função que lhe é
empregada, segundo Manrich (2005), deve conter:
Funil: É o componente responsável por alimentar a máquina com a adição de
matérias primas (pó, grânulos, péletes);
Canhão e Rosca: Devem possuir um comprimento grande, pois nesse
componente será gerado pressão e é onde ocorre a transmissão de calor;
Restrição: É o componente que fica após a rosca pois gera pressão, podendo ser
a matriz, grelha com ou sem telas filtrantes;
Rosca (parafuso): Sua função é comprimir, cortar e tornar uniforme o polímero.
É a parte móvel que fica em contato com o material fundido;
25
2.4.1.1 Reologia
Na literatura a palavra “reologia” tem a sua origem no termo grego “reo” que significa
escoar. Sendo assim, a reologia é a ciência que estuda a deformação e o fluxo da matéria por
meio da análise das respostas que um material tem, devido a aplicação de uma deformação ou
tensão. Ao sofrer deformação, os materiais podem se comportar como elásticos, viscosos,
viscoelásticos etc. Como por exemplos os polímeros, que podem se comportar como materiais
viscoelásticos, tanto no estado sólido como no líquido (MANRICH, 2005).
Os materiais poliméricos no processo de transformação em produtos acabados, como
por exemplo, a extrusão de filamentos poliméricos, são submetidos a escoamento no estado
fundido, de acordo com as características específicas do processo. Com isso, é importante
conhecer todas as propriedades de escoamento dos polímeros, a fim de realizar boas condições
de processamento, gerando um filamento de boa qualidade. Entendendo as principais
propriedades reológicas dos polímeros fundidos, pode-se ao fim deste capítulo ter
conhecimento de algumas variáveis importantes para a realização do projeto da rosca, como, o
tipo mais adequado de polímero para a extrusora, detectar as falhas de processamento,
permitindo soluções para corrigi-las, estabelecer relações entre fatores característicos do
equipamento com as propriedades reológicas do polímero. E eventualmente, com o
27
Existe vários tipos de forças atuando sobre um fluido que se encontra em movimento,
dentre elas estão as forças gravitacionais, forças de convecção através do movimento do fluido,
e forças de superfícies relacionada ao gradiente de pressão e iterações entre as moléculas do
fluido, essas forças estão diretamente relacionadas com a tensão (BRETAS; D'ÁVILA, 2005).
Bretas e D'ávila, (2005) trazem duas definições de tensão em um dado ponto, a primeira
pode ser expressa pela Equação (1):
∆
τ = lim (1)
∆ → ∆
Quando um vetor é associado a uma direção, obtém-se um tensor. Assim pode-se definir
o tensor tensão 𝜏̿ como:
𝐹⃗ = 𝑛. 𝜏̿ (2)
Onde o 𝐹⃗ é o vetor força e 𝑛 o vetor unitário norma a superfície onde a força é aplicada.
Para a definição de deformação, deve-se analisar o conceito físico da deformação, que está
relacionado com a mudança de forma de um corpo (BRETAS; D'ÁVILA, 2005).
𝛾̇ = = = (3)
Onde
𝛾̇ =taxa de cisalhamento;
𝛾 = deformação (adimensional);
t = tempo; (s)
v = velocidade (cm/s);
y = distância transversal (cm).
29
𝜎 = 𝐸. 𝜀 (4)
Onde:
𝜏 = 𝐺. 𝛾 (5)
Onde:
𝜏 é a tensão de cisalhamento;
𝛾 é a deformação em cisalhamento;
𝐺 e o módulo de cisalhamento.
30
Para os fluidos classificados como newtonianos, são aqueles em que a tensão de cisalhamento
(𝜏) é linearmente proporcional a taxa de cisalhamento (𝛾), tendo a seguinte relação:
𝜏 = η . 𝛾̇ (6)
2.4.1.5 Viscosidade
O índice de fluidez como o próprio nome já diz, serve para medir a fluidez dos polímeros
e também para classificar as resinas conforme aplicação e processo. Para realizar a medição do
IF, utiliza-se um barril aquecido com um pistão acionado por um peso padrão, permitindo o
polímero fluir por um capilar. A forma que utilizam para coletar o valor deste índice, é pelo
32
𝑄 =𝑄 ± 𝑄 ±𝑄 (8)
33
Onde:
𝑄 = vazão devido ao arraste;
𝑄 =vazão devido à contra-pressão;
𝑄 = vazão devido ao escape.
Os sinais positivos e negativos da equação descrevem o comportamento do gradiente de
pressão, ou seja, em algum ponto da rosca a pressão gerada é máxima, para o caso da rosca
proposta neste trabalho o valor máximo de pressão é no final dela, e para estes casos o gradiente
é negativo, sendo assim a equação levará somente o sinal negativo. (MANRICH, 2005).
Para não haver contato entre a rosca e o barril, é necessário que exista uma folga (δ),
evitando o desgaste dos materiais. É recomendado que esta folga não ultrapasse os 0,15 mm de
espessura (δ < 0,15 mm), para que não ocorra o vazamento (escape) do polímero fundido que
se encontra no processo, com uma viscosidade relativamente alta. Adotando este valor máximo
de folga, é possível desprezar o escape na folga e o termo (Qe) da equação é eliminado
(MANRICH, 2005).
Levando em conta as considerações descritas acima, a Equação (8) pode ser reescrita
como:
𝑄𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝑄𝑑 – 𝑄p (9)
.
𝑉= ± ∗ ∗ (ℎ𝑦 − 𝑦 ) (10)
.
a contribuição do fluxo de arraste por atrito entre as ferramentas, e a parte final depois dos
sinais, refere-se ao fluxo de contra pressão gerada ao longo da rosca. Esta equação é válida para
h/b < 0,1. Isto é, a largura do canal é grande em relação a profundidade do canal. Para
determinar a taxa de descarga volumétrica (Q) do fluido no canal da extrusora, basta integrar a
Equação (10) para toda a extensão do canal obtendo assim (MANRICH, 2005).
𝑄= ± ∗ (11)
Onde
𝑏 = 𝜋𝐷 𝑡𝑎𝑛𝜃 ∗ 𝑐𝑜𝑠𝜃 (12)
= 𝑠𝑒𝑛𝜃 (13)
A Equação (11), foi deduzida assumindo que os filetes da rosca estão paralelos com um
ângulo da hélice igual a zero. Porém na realidade o canal helicoidal raso e retangular da rosca
está em movimento com uma inclinação em relação a superfície interna do barril,
correspondente ao ângulo 𝜃 conforme Figura 6, ou seja, conforme a rosca gira com rotação “N”,
o polímero escoa na direção Z acompanhando o ângulo “𝜃”. A geometria da rosca simples de
extrusão apresentando um passo (Ls) e o filete da rosca apresentando um ângulo “𝜃” da hélice
é ilustrado abaixo (MANRICH, 2005).
𝑉 = 𝜋. 𝐷 . 𝑁 (14)
𝑉 = 𝜋. 𝐷 . 𝑁. 𝐶𝑜𝑠θ (16)
𝑃. ℎ . 𝜋. 𝐷. (𝑆𝑒𝑛𝜃) (17)
𝑄 = (0,5𝜋 . 𝐷 . ℎ. 𝑁. 𝑆𝑒𝑛𝜃. 𝐶𝑜𝑠𝜃. 𝐹 ) − ∗𝐹
12. 𝜂. 𝐿
Onde:
h: Altura do filete na zona de dosagem (m);
N = Rotação da rosca (RPM);
𝑃 = Pressão máxima (Pa);
𝜂 = Viscosidade do polímero fundido (Pa.s);
L = Comprimento da rosca (m);
𝜃= ângulo do filete;
D= diâmetro da rosca (m).
Fd é descrito como fator de correção para termos de fluxo de arraste e Fp fator de
36
correção para fluxo de contra pressão, e representam o efeito negativo do araste do fluxo nas
paredes laterais dos filetes da rosca. Os termos Fd e Fb estão entre 1 e 0 e dependem da relação
t=h/b do canal da extrusora. Quando t/b<0.1 os valores de Fd=Fp=1. Sendo assim, é possível
montar um gráfico de Fd e Fp com relação a t=h/b, como mostrado na Figura 7.
𝑄 = 𝑄 e ∆𝑃 = ∆𝑃
37
Obtêm-se para uma dada operação de extrusão, com extrusora e matriz definida as
condições operacionais do processo descritas nas Equações (18) e (19):
Equação da vazão no sistema:
∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗
𝑄= [ ∗ ∗ ∗ ]
(18)
∗ ∗ ∗
∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗
∆𝑃 = [ ∗ ∗ ∗ ]
(19)
𝑄𝑚 = 𝐾𝑠 ∗ 𝑃 (20)
Onde:
𝐾𝑠 = (21)
𝐷𝑚 – diâmetro da matriz;
𝐿𝑚 – comprimento da matriz.
Na região “A” da Figura 9, o barril não apresenta alteração, com suas características
comuns para o processo de extrusão, o canal da rosca (h) na zona de controle de vazão é fundo
ao ponto de a pressão aumentar até o final da rosca onde obtém-se o valor máximo de pressão.
Neste caso o gradiente de pressão (dP/dl) é negativo. Na região “B” a rosca possui canal (h)
mais baixa em relação ao ponto A, com isso a pressão também irá aumentar, porém ela atinge
seu valor máximo na região central da rosca, neste caso o gradiente de pressão assume valores
tento negativo como positivo ao longo deste ponto. Partindo para o caso “C”, a região em que
ocorre valor máximo de pressão é antes do centro da rosca, isso por haver um canal raso (hf)
na zona de controle de vazão e uma boa refrigeração na zona de alimentação, favorecendo para
o arraste de maior quantidade de massa por rotação da rosca. Para a última região “D” o ponto
de maior elevação na pressão é no início da rosca, pois a região de alimentação do barril
apresenta ranhuras aumentando o coeficiente de atrito entre o polímero e as paredes do cilindro,
gerando um maior poder de bombeamento, levando maior quantidade de material para frente
em comparação com os casos anteriores (MANRICH, 2005)
Para fins de equação, levando em consideração a extrusora apresentada neste trabalho,
em que se assemelha com uma extrusora convencional descrita pelo caso “A” da Figura 9, onde
a pressão máxima ocorre na região final da rosca, tem-se a Equação (22) que permite determinar
a pressão máxima neste ponto:
∗ ∗ ∗ ∗ ∗
𝑃 á = (22)
∗
A rosca única ou também denominada como parafuso sem fim, foi criada pelo
matemático, físico e inventor grego Arquimedes, inicialmente teve em sua principal finalidade
o transporte de água dos rios e atualmente é utilizada para diversos fins, como por exemplo nos
moedores de carne, transportadores e secadores.
Outra finalidade onde este tipo de rosca desempenha papel fundamental, é no processo
de extrusão. A rosca de extrusão é um dos principais componentes de uma extrusora, pois tem
a função de transportar, homogeneizar e plastificar o polímero. Através de seu movimento a
rosca é capaz de gerar cerca de 80% da energia térmica e mecânica necessária para modelar o
40
polímero. Aquecedores externos como mantas elétricas, também podem ser utilizadas para
auxiliar na condução de calor, porém o ideal é que a plastificação do polímero seja realizada na
sua maioria, pelo trabalho mecânico da rosca, tendo em vista que os polímeros possuem baixa
condutividade térmica e alta viscosidade. Para que a rosca realize todas estas funções, será
necessário considerar uma série de variáveis a fim de que sua geometria promova alta
eficiência, vazão constante, durabilidade, e plastificação de forma adequada sem prejudicar as
características do polímero (MANRICH, 2005).
Algumas variáveis da geometria da rosca são apresentadas a seguir e também através da
Figura 10.
𝜃 = ângulo da hélice da rosca;
Ls = passo da rosca;
Z = comprimento helicoidal da rosca;
D = diâmetro da rosca;
Db = diâmetro do barril;
L = comprimento axial da rosca na zona de dosagem;
𝛿 = folga da rosca no topo do filete;
b = largura do canal da rosca;
e = espessura do filete da rosca;
hi = altura do canal na zona de alimentação;
hf = altura do canal na zona de compressão.
Uma rosca padrão de extrusão costuma apresentar três seções distintas: zona de
alimentação, zona de homogeneização ou compressão e zona de dosagem. A zona de
alimentação se encontra na parte inicial da rosca, enquanto a de compressão fica na parte
intermediaria, já a zona de dosagem está localizada na parte final da peça, cada uma delas
apresenta uma função definida que será descrita abaixo:
Zona de Alimentação: possui um canal de maior profundidade para alojar os grânulos
que entram através do bocal, nesta região os grânulos não podem ser comprimidos e fundidos
pois poderá ocorrer o bloqueio do transporte. Esta zona costuma ter comprimento de 5 a 10
passos, dependendo do material a ser processado, ou para situações em que o passo tem
tamanho diferente do diâmetro pode-se utilizar a ralação de 4-8 D para o comprimento desta
seção (SOUZA E ALMEIDA, 2015; RAUWENDAAL, 2014).
Zona de Compressão: nesta seção o material inicia o processo de transformação de
sólido para líquido, para isso a profundidade do canal deve ser diminuída gradativamente para
o material ir comprimindo. Desta forma o canal tem seu volume reduzido, e com o atrito dos
grãos com as partes metálicas da máquina, ocorre um aumento do calor no sistema, permitindo
a fundição do polímero. Esta região geralmente possui tamanho equivalente a cinco passos de
rosca (SOUZA E ALMEIDA, 2015).
Zona de Dosagem: é a que possui menor profundidade de canal em relação as outras
duas, isto é necessário para que o material comprima de maneira eficiente a fim de eliminar
quaisquer resíduos de gás que ficam aprisionados na massa polimérica fundida, o que levaria a
presença de bolhas indesejáveis no produto final. Seu comprimento também costuma ter cinco
passos, ou 6-10D (SOUZA E ALMEIDA, 2015; RAUWENDAAL, 2014).
A Figura 11 ilustra as zonas de processamento de uma rosca extrusora.
Figura 11 - Ilustração de uma rosca extrusora e suas zonas de processamento.
= 20~30 (23)
43
Segundo Manrich (2005), roscas que apresentam resultados satisfatórios para a maioria
dos polímeros, são denominadas de “roscas quadradas” onde o passo (Ls) da rosca, possui o
mesmo tamanho de seu Diâmetro (D), para situações onde a rosca não apresenta estas
características, (Ls) pode ser definido através da Equação (24) :
Ls = π ∗ D ∗ tgθ (24)
Outra característica das “roscas quadradas” pelo qual já foi mencionando anteriormente
neste trabalho, é o fato desta rosca possuir ângulo de hélice (𝜃) definido em 17,6°, sendo este
valor obtido empiricamente.
O canal da rosca é helicoidal em relação ao seu eixo ou direção L, e nesta região o
material se apresenta nas duas fases (sólida/líquida), o comprimento helicoidal (Z) na zona de
dosagem pode ser expressa por:
Z = (25)
A espessura do filete (e) e a largura do canal (b) da rosca, segundo Manrich (2005),
podem ser determinadas a partir das Equações (26) e (27) respectivamente.
e = 0,1D (26)
𝑅𝑐 = (28)
A taxa de compressão deve ser maior do que a razão de densidade (R𝜌), entre a
densidade do polímero na zona de alimentação (𝜌𝑖), pela densidade na zona de fusão (𝜌𝑓), a
representação desta razão é descrita pela Equação (29):
R𝜌 = (29)
Para situações em que o passo e o diâmetro não são constantes, deve-se considerar o
volume ocupado pelo material num determinado comprimento na parte inicial da rosca, e
comparar com o volume ocupado na parte final da rosca para o mesmo comprimento
determinado (MANRICH, 2005; SOUZA E ALMEIDA, 2015).
Como já visto na descrição da equação de fluxo, para não haver atrito entre o barril e o
filete da rosca, é necessária a existência de uma folga (𝛿) entre eles, evitando o desgaste dos
dois componentes, e também o ruído, para isso Manrich (2005), sugere que este curto espaço
não seja maior que 0,15 mm de espessura, desta forma evita-se que o polímero retorne,
ocorrendo o fluxo de escape prejudicando o processo. Estima-se que quando a folga for maior
45
𝜏 = (30)
Onde:
𝑇=𝑐 (31)
Onde:
Zr= Potência da rosca em hp, e vale 75% da potência do motor;
N= Velocidade rotacional da rosca em RPM;
c= Constante de conversão = 7120,9.
Para extrusoras onde o motor não é diretamente acoplado ao eixo da rosca, possuindo
uma transmissão através de correias e engrenagens, é utilizado a Equação (32), que relaciona
46
Segundo Rauwendaal (2014), a resistência máxima deve ser menor que a resistência
admissível 𝜏 da rosca metálica (𝜏 =50 a 100 Mpa). Com isso, tem-se para a rosca sólida
(RAUWENDAAL, 2014):
/
𝑅 >( ) (33)
A relação torque (T) e potência (Zr) da rosca é representada pela seguinte expressão:
𝑍𝑟 = 2𝜏𝑇𝑁 (34)
Onde N é a velocidade rotacional da rosca em RPS.
/
ℎ𝑖 = 𝐷−( ) (35)
O principal fator para o desgaste da rosca na extrusora é a deflexão lateral da rosca, que
ocasiona o contato entres os filetes da rosca e a superfície interna do cilindro. Para Rauwendaal
(2014) existem 2 fatores principais que contribuem para a deflexão da rosca durante a operação
de uma extrusora, são elas:
Deflexão da extremidade da rosca Y(L): devido ao seu próprio peso por se tratar de uma
viga engastada.
Para definir a deflexão da extremidade da rosca, deve-se utilizar a seguinte equação:
47
𝑌(𝐿) = (36)
Onde:
g = Aceleração da gravidade;
ρ = Densidade do material utilizado para fabricação da rosca;
E = Módulo de elasticidade do material da rosca;
Lt = Comprimento total do eixo;
D = Diâmetro externo da rosca.
A deflexão Y(L) na extremidade da rosca devido ao seu próprio peso pode ser
representada pela Figura 12.
𝐹= (37)
Onde:
𝐼= (38)
𝑃 = (39)
48
A rosca como sendo uma das partes mais importantes da extrusora, deve ser construída
com materiais resistentes à corrosão e ao desgaste. No entanto, é um dos elementos com vida
útil relativamente baixa, alcançando em média uma vida útil de 2 a 6 anos, sendo necessário o
recondicionamento ou substituição da mesma após este tempo, isso se deve pelo fato da
utilização de compostos mais abrasivos, já roscas utilizadas para processar compostos repleto
de fibras de vidro, duram apenas de 6 meses a 1 ano e meio, considerando que estas máquinas
trabalhem de forma contínua durante este tempo (MANRICH 2005).
A região em que ocorre maior desgaste nas roscas extrusoras, é na superfície dos filetes,
onde ocorre fricção sob alta pressão entre o metal tanto da rosca como do barril, e o polímero.
A dureza de uma rosca, normalmente é da ordem de 55 a 70 Rockwell C, para alcançar esses
níveis, são necessários alguns tratamentos superficiais (MANRICH 2005).
Partindo do princípio, as roscas devem ser construídas com materiais capazes de
aguentar o torque durante o processo, e para isto o módulo de elasticidade não poderá ser
elevado a fim de ocorrer fratura da rosca sob tensionamento. Para isto é utilizado materiais com
menor dureza como por exemplo é o caso do aço 8550, e após realizar o tratamento para
endurecer a superfície da rosca com este material. Alguns tipos de tratamento superficial são a
nitretação, carbonetação, niquelação e a cromeação (MANRICH 2005).
A nitretação por sistema a gás é bastante utilizada por gerar um gradiente de dureza
desejável, podendo a superfície atingir 70 Rockwell C, tendo um desagaste inicial mais
demorado. Roscas com tratamento por carbonetação por exemplo, apresentam uma camada
muito fina de proteção, quando esta camada é desgastada, a rosca deve ser rapidamente
recondicionada para evitar sua perda total. A nitretação superficial via gás (amônio), é um
tratamento mais demorado, porem eficiente, neste tratamento a rosca deve ser aquecida
progressivamente por no mínimo 20 horas, e resfriada lentamente por um período similar,
podendo demorar até 80 horas em forno com temperatura atingindo 550°C (MANRICH 2005).
Roscas para PVC recebem tratamento superficial de níquel, resistente ao ácido
49
clorídrico, pois outros tipos de tratamento são atacados, ocorrendo a perda da rosca. Porém se
este tratamento à base de níquel for aplicado em aços-carbonos, poderá resultar em algumas
trincas (MANRICH 2005).
Alguns outros tipos de materiais usados na fabricação de roscas incluem os aços tipo
AISI4140 ou AISI4340, em que as propriedades médias são: dureza Rockwell C=56, resistência
a tração= 450 MPa e composição: 0,41 C; 0,85 Mn; 0,12 Ni; 1,01 Cr; 0,24 Mo; 0,023 P; 0,031Si.
Roscas são frequentemente mais recondicionadas que os barris. Para a recuperação de
uma rosca desgastada, primeiramente deve-se avaliar se esta não apresenta fadiga mecânica,
depois estima-se a nova geometria que a mesma terá após o recondicionamento mantendo a
folga entre barril. Com isso é adicionado uma camada de material sobre o filete, através de
deposição do metal fundido. O ajuste dimensional é realizado por fresas, seguindo do
polimento. Normalmente uma rosca depois de recondicionada, não recebe um novo tratamento
superficial, pois se utiliza sobre os filetes, um material com resistência a abrasão (MANRICH
2005). No Quadro 1, é possível analisar alguns materiais utilizados para o reparo e proteção de
roscas.
Quadro 1 - Materiais utilizados para proteção contra abrasão e corrosão de roscas.
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Uma técnica importante para a contribuição e obtenção dos materias processados, é o processo
de extrusão.
Sendo assim o estudo se baseia neste método, utilizando como referência uma unidade
de extrusão móvel, desenvolvida pelo autor Stolaski (2018), como parte do trabalho de
conclusão de curso do mesmo. A revisão dos conceitos sobre o processamento de polímeros,
aplicados para a devida técnica, bem como o comportamento reológico, podem ser explorados
no item da revisão bibliográfica.
O ponto principal esperado para esta etapa, foi o desenvolvimento de uma rosca cuja
principal função seria o processamento de polímeros voltados para a impressão 3D, porém
devido as restrições do equipamento já construído, será elaborado um roteiro de cálculo baseado
nos conceitos de rosca única convencional para o processamento de termoplásticos em geral,
capacitando a máquina a extrudar mais de um tipo de polímero. A primeira etapa consiste em
identificar as variáveis geométricas da rosca e a partir delas as equações para o
dimensionamento do perfil da rosca extrusora.
Para a determinação do comprimento da rosca foi respeitada as dimensões do barril da
extrusora, chegando a um valor proporcional a medida do barril, uma vez encontrado o
comprimento da rosca foi possível estabelecer o diâmetro da mesma, pela equação (23), e
consequentemente o passo da rosca que, segundo a bibliografia, possui o mesmo valor do
diâmetro para roscas que satisfazem a maioria dos polímeros.
Com diâmetro interno do barril já definido pelo autor Stolaski (2018), também é
possível estabelecer o diâmetro exato que a rosca deve ter, utilizando a folga entre a rosca e o
barril recomendada pela literatura para um eficiente desempenho. Com as geometrias principais
da rosca, inicialmente pré-definas, o ângulo e espessura do filete e demais variáveis da rosca
podem ser determinados através das considerações e equações abordadas nos itens (2.5.2) ao
(2.5.3).
Considerando que para a extrusora proposta pelo autor Stolaski (2018), onde a pressão
máxima ocorre na região final da rosca e que a vazão na rosca e na matriz seja a mesma, bem
como a pressão do material fundido no final da zona de vazão é igual ao da entrada da matriz,
a pressão máxima no ponto e as condições operacionais da extrusora são definidas pelas
Equações (22) , (20) e (17) respectivamente.
3.5 SOFTWARES
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Neste capítulo são apresentados os valores e resultados obtidos dos métodos indicados
na seção 3, iniciando pela determinação das configurações geométrica da rosca, as regiões de
processamento e razão de compressão e demais considerações para o dimensionamento da
mesma. Em seguida parte-se para os valores obtidos das condições operacional da extrusora
tais como, vazão e pressão e eficiência volumétrica, posteriormente, o material pertinente a
fabricação bem como a modelagem geométrica e simulação da manufatura da rosca extrusora
serão apresentados e discutidos. Na sequência, é apresentado duas novas características de rosca
única, projetadas para processar outros tipos de polímeros sendo eles o policloreto de vinila
(PVC) e o polietileno tereftalato (PET). Por fim, é apresentado o protótipo em escala real da
rosca convencional, desenvolvida pela técnica da impressão 3D. Os valores obtidos
teoricamente através das equações descritas na revisão bibliográfica, e inseridos neste capítulo,
serão detalhados através dos memoriais de cálculos descritos no Apêndice A.
Como comentado anteriormente, este tipo de aço foi considerado apenas para a etapa
projetiva considerando suas propriedades para os cálculos necessários, para a etapa de
fabricação é avaliado a disponibilidade do material, e a viabilidade da utilização do mesmo,
pois, apesar de ser uns dos principais aços para a fabricação da rosca, algumas buscas para o
conhecimento, afirmaram que este tipo de material apresenta baixa usinabilidade, podendo
dificultar no processo de fabricação, portanto para esta etapa é realizado uma análise de escolha,
podendo haver alteração no tipo de material e assim utilizar um aço de menor dureza, e após a
usinagem estar analisando a necessidade da realização de algum tipo de tratamento para
endurecer a superfície dos filetes da rosca.
Com o módulo de elasticidade e a densidade do aço descrito na Tabela 4 torna-se
possível encontrar, através da Equação (36), a deflexão (Y(L)) na extremidade da rosca devido
ao seu próprio peso sendo igual a 0,044mm. Este valor é considerável se tratando de uma rosca
com dimensões pequenas e, portanto, seu peso não ser um fator que influenciaria no projeto.
Valendo-se das equações (37), (38) e (39), encontra-se a força limite requerida
(F=10873,53 N) e a pressão crítica no cabeçote da extrusora (𝑃 = 61,53𝑀𝑃𝑎) necessária para
que haja o empenamento da rosca na extrusora.
processamento polimérico.
A zona de alimentação da rosca proposta, de acordo com a literatura deverá apresentar
maior comprimento para alojar o polímero na forma de grãos, sendo de 5 a 10 passos de rosca,
ou 4 à 8 vezes o diâmetro da mesma. Ou seja, considerando um valor intermediário a este
proposto, esta zona terá um comprimento de 110mm. A zona de compressão situada na região
intermediária da rosca, medirá de 6 a 7 passos da rosca totalizando 100mm do comprimento
total da mesma. A zona de dosagem localizada na região final da rosca deverá apresentar a
menor profundidade em relação ao outras, pois o material precisa comprimir eficientemente,
desta forma esta região não excederá a consideração de 6-D, e medirá 90mm.
Outro parâmetro importante para o dimensionamento adequado da rosca, é a razão de
compressão (Rc) fundamental para capacitar a extrusora no cisalhamento do material, com ela
é possível determinar a altura inicial (hi) e final (hf) da rosca na zona de alimentação e dosagem
respectivamente. Seguindo a literatura, a altura do canal de alimentação da extrusora deve ser
próximo a 0,15D, e também fazendo a consideração descrita no item 4.2 em que hi< 3,53mm.
Desta forma, foi definido o valor da altura na zona de alimentação em 2,25 mm, como já
demostrado na Tabela 3. Com as considerações descritas na revisão bibliográfica e valendo-se
das Equações (28) e (29), chega-se à a razão de compressão de aproximadamente 2:1, da
extrusora proposta, e consequentemente a altura final de 1,1mm na zona de dosagem.
A Figura 15 apresenta detalhadamente a rosca desenvolvida, juntamente com suas
zonas de processamento e demais variáveis projetadas:
Tendo como base a rosca extrusora principal deste trabalho, na qual foi projetada para
processar os principais tipos de polímeros (PLA e ABS) utilizados na impressão 3D, este
capítulo apresenta duas novas configurações geométricas de roscas únicas, projetadas para o
processamento de outros tipos de polímeros sendo eles o policloreto de vinila (PVC) e o
polietileno tereftalato (PET).
Para Manrich (2005), as propriedades do PVC se diferem bastante dos outros polímeros,
pois é um material que sofre enorme degradação quando submetido a temperaturas superiores
a 210 °C. O PVC é processado para a obtenção de produtos rígidos e também produtos flexíveis.
O cisalhamento é uma propriedade que apresenta um grande efeito sobre o PVC rígido, pois
este material quando em processo, apresenta alta viscosidade e a energia para superar o atrito
interno é transformada em calor, em determinados pontos da massa este calor faz com que seja
63
iniciado o processo de degradação em cadeia, em função disso a rosca para a extrusão do PVC
tanto rígido como plastificado deverá apresentar um comprimento de 18 a 25 diâmetros.
O PVC rígido geralmente é processado como um composto seco oriundo do misturador
diretamente para o funil da extrusora, assim o composto não sofre plastificação e
homogeneização e deve ser totalmente plastificado através de uma única passagem pela
extrusora, roscas que realizam este trabalho devem ter L/D em torno de 25:1 e RC entre 1,8:1
a 2,2:1. (MANRICH 2005).
A compressão do PVC dentro da extrusora deve ser alcançada gradualmente, assim evita-
se altas taxas de cisalhamento ao longo da rosca, por isso a profundidade h deve ser
constantemente decrescente até o final já que este tipo de polímero apresenta alta viscosidade
não necessitando de uma zona de controle de vazão com h constante, e nem muito rasa, já que
não ocorre flutuações no fluxo. (MANRICH 2005).
As Figuras 20 e 21 apresentam os resultados das variáveis geométricas das duas roscas
projetadas, levando em consideração as dimensões da extrusora laboratorial e seguindo as
geometrias recomendadas pela literatura para o melhor processamento, tanto do PVC rígido,
como do PET reciclado.
Segundo Manrich (2005), o PET reciclado é um material que funde em média a 275°C
64
liberando materiais voláteis durante a extrusão, por isso, a rosca para esse material é construída
com degasagem, essa região central é capaz de retirar gases ou ar que está presente no início da
fase de fusão da massa sob processamento, este tipo de rosca também é constituído por três
zonas antes e três depois da região de degasagem. A viscosidade no estado fundido do PET é
relativamente baixa, sendo assim, é indicado para este material uma rosca com barreira e
também um cisalhador intensivo tipo maddock localizados antes do controle de vazão, a taxa
de compressão na região antes da degasagem pode ser de 1,7:1 até 2,2:1 e depois da degasagem
pode ir de 2,0:1 até 3:1 essas características variam muito em função do tipo de PET e na sua
utilização anteriormente.
Utilizando este processo, foi possível fabricar o protótipo da rosca em escala real,
conforme apresentado na Figura 22, com as informações obtidas da representação geométrica
computacional 3D do componente, originado do Solid Works. O processo utilizou o PLA como
matéria prima, filamento polimérico mais acessível e utilizado na tecnologia de impressão.
5 CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AFINKO (Brasil). Filamentos: os 4 mais utilizados e suas característica. [S. l.]: Afinko
Soluções em polímeros, 25 out. 2018. Disponível em: https://afinkopolimeros.com.br/4-
filamentos-mais-utilizados-fdm/. Acesso em: 24 nov. 2020.
BRETAS, R.E.S; D'ÁVILA, M.A. Reologia de Polímeros Fundidos. 2. ed. São Carlos/SP:
Edufscar, 2005. 256 p.
LOKENSGARD, Erik. Plásticos Industriais: teoria e aplicações. 5.ed. São Paulo: Cengage
Learning, 2013. 616 p.
ZANIN, M.; MANCINI, S.D. Resíduos plásticos e reciclagem: aspectos gerais e tecnologia.
2. ed. São Carlos/SP: EdUFSCar, 2015.
69
𝐷=
𝐷 = 15𝑚𝑚
PASSO DA ROSCA
Ls = 𝐷 = 15𝑚𝑚
𝑍= (25)
( , °)
𝑍 = 988,90𝑚𝑚
ESPESSURA DO FILETE
𝑒 = 1,5𝑚𝑚
𝑏 = 12,79𝑚𝑚
70
TORQUE NA ROSCA
Para determinar o Torque na rosca (Tr), primeiramente é preciso determinar o torque (T) do
motor, e a força de transmissão (Ft).
Considerações:
Potência do motor (Zm) = 0,068 CV = 0,067HP
Rotação (N) = 52 RPM
Raio da engrenagem menor (ri) =0,0175m
Raio da engrenagem maior (rf) =0,025m
Estima-se uma eficiência de 75% da potência do motor na engrenagem acoplada, logo:
Zm=0,067CV * 0,75 = 0,05025CV
,
𝑇 = 7120,9 (31)
𝑇 = 6,88 𝑁. 𝑚
, .
𝐹𝑡 = (32)
,
𝐹𝑡 = 393,21 𝑁
𝑇𝑟 = 9,83 𝑁.m
∗ , . /
𝑅 > (33)
∗
𝑅 > 3,97𝑚𝑚
𝑅 = 7,5𝑚𝑚
∗ , .
𝜏 á = (30)
∗ ,
𝜏 á = 14,83 Mpa
71
∗ , . /
ℎ𝑖 á = 0,5 ∗ 0,015𝑚 − (35)
∗
ℎ𝑖 á = 3,53𝑚𝑚
ℎ𝑖 = 2,25𝑚𝑚
Considerações:
Comprimento total do eixo da rosca (Lt) = 340mm;
Densidade do Aço normalizado AISI 4340 (𝜌)=7850 kg/m³
Módulo de elasticidade do Aço normalizado AISI 4340 (E)=2,05x10 𝑃𝑎
Gravidade (𝑔) = 9,81 m/s².
∗ , / ²∗ / ³∗ ,
𝑌(𝐿) = (36)
, / ∗ ,
𝑌(𝐿) = 4,46x10−5 𝑚
𝑌(𝐿) = 0,044𝑚𝑚
∗ ,
𝐼= (38)
𝐼 = 2,48𝑋10 𝑚
∗ , / ∗ ,
𝐹= (37)
∗( , )
𝐹 =10873,53 N
72
∗ , / ∗( , )
𝑃 = (39)
∗( , )
𝑃 = 61,53 MPa
RAZÃO DE COMPRESSÃO
Considerações:
Densidade do polímero PLA à 55°C na zona de alimentação (𝜌𝑖) = 1,252g/cm³;
Densidade do polímero PLA fundido à 165°C (𝜌𝑓) = 1,073g/cm³;
A razão de compressão (R𝑐) deve ser maior que a razão entre as densidades (R𝜌) do polímero;
A razão de compressão de uma extrusora que atende a maioria dos polímeros deve estar na
faixa de 1,1:1 à 4:1.
, / ³
R𝜌 = (29)
, / ³
R𝜌 =1,2:1
R𝑐 =2,05:1
,
2,05 = (28)
ℎ𝑓=1,1 𝑚𝑚
73
∗ ∗ , ∗ , / ∗ , ∗ .
𝑃 á = (
(22)
, °)∗( , )
𝑃 á =673,89 MPa
𝑄𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝑄𝑑 – 𝑄p (9)
𝑄 = 6,49𝑋10 𝑚 /𝑠
𝑄 á = 𝑄𝑑 = 2,87𝑋10 𝑚 /𝑠
∗( , )
𝐾𝑠 = (21)
∗ . ∗ ,
𝐾𝑠 = 1,76𝑋10 𝑚 /𝑁. 𝑠
𝑄𝑚 = 1,18𝑋10 𝑚 /𝑠
74