RSE Pronúncia NPJ PDF
RSE Pronúncia NPJ PDF
RSE Pronúncia NPJ PDF
Autos nº 317.98.005533-5
Pede deferimento.
RAZÕES DE RECURSO
Eminentes Desembargadores,
Restou assentado na decisão de pronúncia que “não há nos autos a certeza necessária
para a configuração dos requisitos necessários para o reconhecimento da legítima defesa”.
(fls. 169).
Nessa linha de argumentação, restou positivado ainda na aludida decisão que “nos
limites da prova até então produzida, existe uma aparente desproporção entre a injusta
agressão invocada e o uso moderado dos meios necessários” (fls. 169).
No entanto, não é esta a conclusão que se obtém a partir de uma leitura atenta dos autos.
Com efeito, tratava-se de uma agressão física prestes a ser cometida por um homem contra uma
mulher, que se defendera disparando um só tiro de arma de fogo em direção ao seu algoz.
Não se pode desconsiderar o fato de que se tratava de uma agressão física prestes a ser
levada a cabo por um homem contra uma mulher; o que, por óbvio, revela a desproporção de
forças, existente entre o agressor e a agredida; o que autorizaria a utilização de uma arma de
fogo, tal como fora empregada, isto é, de forma moderada. Não é demais insistir que a
recorrente disparou um só tiro de revólver no sentido de repelir a agressão física que estava na
iminência de sofrer. Aqui, novamente, a lição de Hungria amolda-se como uma luva ao caso
concreto:
“ Um meio que, prima facie, pode parecer excessivo, não será tal se
as circunstâncias demonstrarem sua necessidade in concreto.
Assim, quando um indivíduo franzino se defende com arma de fogo
contra um agressor desarmado, mas de grande robustez física, não
fica elidida a legítima defesa”. (id. p. 462).
Resta inconteste, portanto, que Joana agira em legítima defesa própria. Não há
dúvida alguma neste aspecto. E mesmo que esta existisse não seria uma dúvida séria a
ponto de se proclamar o repisado, anacrônico, irracional e desumano: in dubio pro
societate... Pois não se pode fazer disto um hábito: “O maior inimigo dos juízes!”. “ O
hábito, esse demônio que devora todos os sentimentos”... A acusação é data venia,
estapafúrdia e leviana, e por isso mesmo, extremamente perigosa... Dito de outra forma:
Sendo assim, pede a esse ínclito Tribunal que se digne reformar a sentença de pronúncia
para ABSOLVER SUMARIAMENTE a recorrente, com base no artigo 415, inciso IV do
Código de Processo Penal Brasileiro.
Pede deferimento.