Policia Comunitaria Entre A Retorica Do Estado

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POLÍCIA COMUNITÁRIA: entre a retórica do estado e a prática cotidiana 1 2


Communitarian police: between state rhetoric and daily practice

Article · April 2021

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Marcelo Bordin
Università del Salento
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ISSN 2175-9596

POLÍCIA COMUNITÁRIA: entre a retórica do estado e a prática


cotidiana1 2

Communitarian police: between state rhetoric and daily practice

Marcelo Bordina

(a)
Laboratório de Estudos Sobre Polícia do Centro de Estudos em Segurança Pública e Direitos Humanos (UFPR),
Curitiba, PR – Brasil, e-mail: [email protected]

Resumo
Após a promulgação da Constituição de 1988, as Polícias Militares no Brasil iniciaram um processo de
mudança com relação às ações de policiamento ostensivo, buscando uma adequação aos modelos
internacionais de policiamento comunitário, porém os índices de letalidade nas ações policiais
continuaram crescendo, contrariando a idéia inicial desse tipo de policiamento que, em tese, deveria
aproximar-se da população e promover a redução dos índices de violência policial a níveis toleráveis. No

1
Este trabalho é fruto da minha experiência de 16 anos como profissional de segurança pública, (especificamente
como Praça da Policia Militar do Estado do Paraná) e também como pesquisador do Centro de Estudos em
Segurança Pública e Direitos Humanos (CESPDH/UFPR), mais especificamente das reflexões originadas no
Laboratório de Estudos sobre Policia, local este que procura ser um ambiente alternativo de discussão e reflexão a
cerca das questões sobre a segurança pública e instituições policiais no Estado do Paraná. Como profissional de
segurança pública e como pesquisador vinculado a um grupo de pesquisa de uma instituição universitária federal
(CESPDH/UFPR) sofro de vários problemas com relação à neutralidade com o objeto em questão, porém inúmeros
autores questionam a existência de uma neutralidade verdadeira com relação ao que se propõe pesquisar
(THIOLLENT, 1982). Essa questão foi colocada aqui para que eu explique inicialmente esse problema deste artigo e
também para que possa tentar explicar para aqueles que, sem ler ou conhecer esse trabalho, já o tenham questionado
com relação a sua “cientificidade”, crítica esta vinculada “a pesquisa de campo”, mas como pesquisador e
funcionário da área da segurança pública, acredito estar vinculado a uma espécie de “observação participante”
(BECKER, 1977, 1994). No Brasil um dos estudiosos da filosofia do policiamento comunitário era um policial
militar do Estado do Rio de Janeiro (Coronel CERQUEIRA), e que ate hoje tem seus trabalhos aceitos dentro dos
grupos de estudos e das instituições de segurança pública sem maiores contestações, mas é claro que as críticas
sempre vão se fazer presentes sempre, fator este que estamos cientes e prontos para aprender com elas, entendendo
que como policial e também pesquisador isso sempre irá ocorrer.
2
Agradeço imensamente a amiga Camila Caldeira Nunes Dias, Mestre e Doutoranda em Sociologia pela USP e do
amigo Bruno Zavataro, Policial Civil do Estado do Paraná, Bacharel em Direito (UFPR), Cientista Social (UFPR),
Especialista em Sociologia Política (UFPR) Mestrando em Criminologia pela Universidade Livre de Bruxelas,
Bélgica, também integrante do CESPDH/UFPR, pelos comentários, sugestões e criticas sobre esse trabalho.

Vigilância, Segurança e Controle Social na América Latina, Curitiba, p. 349-368. ISSN 2175-9596
Organizadores: Rodrigo Firmino, Fernanda Bruno e Marta Kanashiro.
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Estado do Paraná, essa prática não foi diferenciada, salvo pelas mudanças cosméticas que variam de
governo para governo, as instituições policiais continuaram a tentar alcançar um modelo de polícia
comunitária, porém os índices de violência letal nas ações policiais continuaram a aumentar, sendo que no
período em que o modelo de policiamento comunitário teve maior ênfase na propaganda oficial, a
violência institucional, leia-se confrontos ou “trocas de tiros”, contra civis foi maior. Este trabalho tem o
objetivo de discutir se a implementação de programas de policiamento comunitário no Paraná influencia
ou não nas formas de ação da Polícia Militar no Estado do Paraná e se a filosofia de policiamento
comunitário importada dos Estados Unidos funciona dentro dos modelos policiais brasileiros,
especialmente das Policias Militares como um todo.
Palavras-chaves: Policia Militar, Polícia Comunitária, Violência, Criminalidade Urbana, Letalidade
Policial.

INTRODUÇÃO

O objetivo deste artigo é verificar se essa “nova” modalidade de policiamento, (denominada


“policiamento comunitário”) realizada por uma instituição policial militar, extremamente
hierarquizada e sem verdadeiros princípios democráticos, se constitui uma nova forma de atuar
perante a população civil ou se apenas tem um caráter institucional cosmético que visa somente à
sobrevivência política das polícias militares no período pós-democrático, consubstanciado pelo
advento da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
Sendo esse trabalho ficará focado na discussão do policiamento comunitário implantado pela
Polícia Militar do Paraná especificamente em Curitiba e sua Região Metropolitana, que abrange
30,7% da população do Estado do Paraná e registra também o maior número de registros de
ocorrências policiais e no período de 1994 até 2004 registrou um aumento de 198,7% nos
registros de homicídios (WAISELFISZ, 2006). Num primeiro momento, iremos delinear os
principais traços da filosofia do policiamento comunitário. Ou seja, através de seus idealizadores,
pretendemos mostrar quais são os principais dispositivos constitutivos do policiamento
comunitário.
Num segundo momento deste trabalho, pretendemos apresentar um breve histórico da
emergência do policiamento comunitário no Brasil, em especial ao discurso e aos dispositivos
adotados no Rio de Janeiro e outros Estados da Federação. Enfim, objetiva-se apresentar o
desenvolvimento histórico do policiamento comunitário ao longo das últimas décadas no Paraná.
Com isso, pretendemos mostrar certas divergências entre os dispositivos adotados nos diferentes
governos, mas, sobretudo, a continuidade. Essa discussão ficara limitada à análise com relação à
propaganda oficial do Estado sobre a policia comunitária através das noticias vinculadas na mídia

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local e também da percepção do autor como profissional da segurança publica e pesquisador do


Laboratório de Estudos sobre Policia do Centro de Estudos em Segurança Pública e Direitos
Humanos da UFPR. Numa derradeira parte, este trabalho intenta analisar até que ponto a
“adoção” do policiamento comunitário se faz através e no interior de uma mudança nas políticas
de segurança pública.

O SURGIMENTO DA FILOSOFIA DE POLICIAMENTO COMUNITÁRIO NO BRASIL

Com uma crescente sensação de insegurança e do aumento nos índices de criminalidade e


violência, ausência de políticas de segurança pública voltadas à resolução de conflitos de maneira
pacífica aliado à manutenção de instituições policiais extremamente repressivas, militarizadas,
centradas numa política de “combate ao crime” e que mantém índices de letalidade extremamente
elevados (BORDIN, 2005, 2008; CANO, 1997; OLIVEIRA JÚNIOR, 2003; PINHEIRO, 1983;
1997) a questão da segurança pública atualmente no Brasil se resume à idéia de mais policiais nas
ruas como fator inibidor da criminalidade.
Não são levados em conta os demais fatores socioeconômicos, como, por exemplo, falta de
acesso à justiça, morosidade das instituições do poder judiciário, instituições policiais ineficientes
e com elevados níveis de corrupção, concentração de renda extremamente elevada, baixos níveis
de qualidade no ensino, para citar alguns, etc.
O discurso dos governos estaduais no tocante a modernização da segurança pública, em todo o
Brasil, limita-se à aquisição de novos carros, motocicletas, armas mais modernas e equipamentos
tecnológicos de controle (GOLDSTEIN, 2003; ZAVATARO, 2007).
Todo esse investimento não ameniza as constantes crises por que passa a segurança pública no
Brasil, em especial após a redemocratização e relega a um plano secundário uma discussão mais
profunda e realmente séria sobre a real modernização das instituições policiais e das relações
entre seus integrantes, caso esse mais específico nas relações entre os funcionários das bases e de
comando das Polícias Militares, que em virtude do modelo dessas instituições estatais propicia
uma divisão de seus integrantes com enormes variações de direitos, deveres e também de salários
(LIMA, 2007).
O Estado de São Paulo é o exemplo mais factível do investimento equivocado do dinheiro
público. A política de segurança pública nesse Estado tem se resumido a contratação de policiais,

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compra de armas e veículos, construção de inúmeras unidades prisionais (alem da interiorização


dessas unidades prisionais que acabam por gerar inúmeros outros problemas, seja para os
custodiados do Estado, seja os familiares que precisam se deslocar centenas de kilometros para
visitas) e outras medidas puramente cosméticas ou paliativas.
Isso fica visível no início de 2006, após os ataques perpetrados pela facção criminosa
denominada Primeira Comando da Capital contra prédios públicos e privados, delegacias de
polícia civil, bases policiais militares e de guardas municipais e contra seus profissionais.
As providências de maior repercussão do Estado de São Paulo, referente aos problemas na área
da segurança pública no ano de 2006, em especial após esses ataques, foram baseadas apenas em
ações extremamente paliativas, por exemplo, no aluguel de um helicóptero de transporte de
tropas e ataque do Exército Brasileiro à Polícia Militar dessa Unidade da Federação, a um custo
exorbitante de US$ 5.0603 por hora de vôo, sendo que essa ação refletiu muito pouco ou quase
nada na sensação de segurança da população.
Diante do quadro caótico da segurança pública no Brasil, do aumento da violência policial letal
(ou não letal, baseada em torturas e agressões) no cotidiano de suas operações, as instituições
policiais militares brasileiras visualizaram no modelo de policiamento comunitário, uma chance
de mudança nas formas de atuação no patrulhamento preventivo das grandes cidades, porém, mas
mantendo suas próprias estruturas inalteradas do ponto de vista de uma maior participação da
comunidade no planejamento de suas ações.
Essas características das instituições policiais militares (burocracia excessivamente
centralizadora, hierarquia baseada no medo de punições e um modelo de “combate ao crime”)
vão contra as idéias básicas da filosofia do policiamento comunitário (descentralização das
responsabilidades, maior autoridade e responsabilidade ao policial de ponta, dentre outras, etc).
Nesse turbilhão das questões da segurança pública, o modelo de policiamento comunitário
aparece no Brasil como uma inovação e também como uma idéia de renovação das relações das
instituições policiais com a comunidade, especificamente a polícia militar, que é responsável pelo
patrulhamento ostensivo e mantém um maior contato com a população, sendo que esse contato se
da de forma extremamente violento e com resultados extremamente negativos para toda a
sociedade (ADORNO, 2002).

3
Disponível em http://www.estadao.com.br/ultimas/cidades/noticias/2006/ago/03/167.htm, do Jornal O ESTADÂO,
do Estado de São Paulo, acessado em Março de 2007.

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Há vários trabalhos que apresentam a discussão sobre a filosofia de policiamento comunitário em


outros países (BAYLEY, 2001; 2002; BEATO, 2002; BRODEUR, 2002; ROLIM, 2006) e
apresentam características essenciais para que a efetivação desse tipo de policiamento. Esses
autores destacam como elementos principais e norteadores da filosofia de policiamento
comunitário uma real integração entre polícia e comunidade; patrulhamento policial visando à
resolução de problemas como um todo e não apenas os criminais e urgências e uma maior
descentralização das responsabilidades na esfera das instituições policiais, conferindo ao policial
de ponta maior autonomia e poder de decisão.
A descentralização do comando e por conseqüência das decisões e uma maior distribuição das
responsabilidades aos policiais das categorias de base em uma instituição policial militar talvez
seja o maior entrave a aplicação das idéias básicas da filosofia de policiamento comunitário no
Brasil. Segundo Gondim & Varejão(2007, p. 40):

Destarte, o policiamento comunitário tem como função diminuir a delinqüência


e o medo do crime, aumentando a qualidade de vida. Assim, a ampliação do
trabalho da polícia e a reorganização de suas funções em prol de uma política de
benefícios em longo prazo, voltada para o trabalho com a comunidade são
características essenciais dessa iniciativa, que possui três fundamentos: a) as
parceiras comunitárias, como forma de trazer as pessoas e a vizinhança para a
prática do policiamento; b) a solução de problemas, que transforma os medos e
anseios da comunidade em prioridades a serem combatidas pelas intervenções;
c) o gerenciamento da mudança, em que se vê necessária a mudança estrutural
da organização do policiamento.

No Brasil, a idéia inicial de mudanças na forma de atuação das Policias Militares junto às
comunidades surgiu junto com o processo de abertura política, especificamente no Rio de Janeiro
em 1984/85, durante o governo estadual de Leonel Brizola (NETO, 2004). A filosofia do
policiamento comunitário encontrou terreno mais propício ao seu desenvolvimento nas
instituições policiais militares brasileiras após a promulgação da Constituição Federal de 19884,
que propõe em seu texto a preocupação com o respeito aos direitos elementares do cidadão. No
ano de 1986, o Estado do Ceará também implantou mudanças referentes ao policiamento
ostensivo, visando uma maior integração com a comunidade (KAHN, 2002). Em 1988, no Estado
do Espírito Santo, na cidade de Guaçui e Alegre, surgem também experiências iniciais de

4
A Assembléia Nacional Constituinte, que culminou com a promulgação da nova Carta Constitucional em 1988, não
foi suficiente para modificar o sistema de justiça criminal, em especial no tocante as instituições policiais, mantendo
as características militares que se formaram juntamente com a sociedade brasileira.

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policiamento comunitário, embora de forma embrionária e extremamente carente de recursos


materiais e humanos (BEATO, 2002; BARROS, 2005, p.197).
Apesar da inovação no tocante as garantias constitucionais de direitos mínimos do cidadão, a
organização das forças policiais estaduais foi mantida exatamente como o do período de maior
repressão policial (uma polícia civil (polícia judiciária) e no caso das policiais militares (polícia
administrativa), mantendo-a como força reserva e auxiliar do Exército Brasileiro), contrariando o
atual estado democrático de direito e mantendo ainda ativa a participação das forças armadas em
questões de interesse puramente civil (ZAVERUCHA, 1994; 2000; 2005).5 A manutenção desse
modelo de duas polícias estaduais e de ciclo incompleto de polícia6 não foi capaz de influenciar
nos índices de violência e criminalidade. Esse modelo evitou uma modernização das estruturas e
dos procedimentos utilizados pelas duas instituições policiais estaduais
Mantiveram-se as mesmas práticas de repressão à população pobre, utilizada de forma explicita
pelos organismos de segurança estatal, métodos esses que foram amadurecidos ao longo de toda a
história de formação das instituições policiais do Brasil. Essa divisão de duas instituições com a
mesma função na área da segurança pública, uma militarizada e outra civil, tem por característica
a divisão de seus quadros de funcionários em Oficiais e Praças nas policiais militares e nas
polícias civis em Delegados e demais categorias de base (investigadores, escrivães, peritos, etc.).
A separação é caracterizada no campo salarial e também, mas também no campo dos direitos e
deveres (LIMA, 2007), mantendo as categorias de bases com salários extremamente baixos
enquanto as cúpulas recebem salários exorbitantes, demonstrando o pouco valor que o policial
que esta em contato com a população tem para os governos estaduais, relação essa também
marcada por relações paternalistas e de cumplicidade entre dirigentes e funcionários de base das
polícias. A relação entre superiores e subordinados nas duas instituições policiais das unidades da

5
Aqui fazemos uma critica com relação à Constituição Federal de 1988, que apesar de inovar em uma serie de
garantias individuais e de promover a “cidadania” pelo menos em tese, esses direitos ainda estão relegados a segundo
plano, mantendo uma espécie de divisão social entres os brasileiros, em virtude de suas condições sociais,
econômicas e ate mesmo com relação ao nível de escolaridade das pessoas, deixando claro ainda que a sociedade
brasileira não alcançou um estagio de efetiva cidadania, ou estaríamos ainda numa espécie de subcidadania como
proposto por Jesse de Souza (2003).
6
A Polícia Militar é responsável pelo policiamento ostensivo e a Polícia Civil realiza investigações e produz os
inquéritos policiais, que serão encaminhados ao judiciário, porém existem setores das Polícias Militares que realizam
investigações e setores das Policias Civis que utilizam uniformes e carros caracterizados ostensivamente, situação
essa peculiar, pois uma instituição pode efetuar reivindicações salariais (policiais civis) e a outra não (policias
militares), fato este que não impediu que movimento grevista nas Policias Militares em vários Estados da Federação
a partir de 1997.

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federação é marcada por demonstrações de autoritarismo e falta de respeito mínimo aos direitos
individuais dos policiais.
Esses fatores mencionados anteriormente formam o que podemos chamar de entraves à aplicação
da filosofia de policiamento comunitário, uma vez que não favorecem uma verdadeira
oxigenação na estrutura institucional das polícias estaduais. Com o início de projetos de
policiamento comunitário em 1993 no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, e em 1997 no Estado de
São Paulo, sendo que neste estado, o marco inicial foi à criação dos Conselhos Comunitários de
Segurança (BEATO, 2002), mas nota-se que a criação desses conselhos parte de uma iniciativa
do governo estadual, através de decretos e não indicam uma participação popular efetiva no
campo da segurança pública.7
Esses Estados possuem instituições polícias militares com altos índices de letalidade em seu
cotidiano de policiamento ostensivo (CANO, 1997; OLIVEIRA JÚNIOR, 2003), procuraram
melhorar o relacionamento com as suas comunidades, porém sem alterações estruturais
verdadeiras.
A Polícia Militar do Estado de São Paulo manteve a filosofia de policiamento comunitário apenas
no que diz respeito à distribuição de seus carros de patrulha em determinados setores geográficos,
ou seja, aplicou apenas ao patrulhamento de áreas geográficas, não aplicando efetivamente as
questões relativas à descentralização de comando, maior autonomia ao policial de ponta e
melhoria das relações com a comunidade através de contatos com comerciantes ou visitas a
moradores (MARINHO, 2002, p. 45). O modelo adotado pela Polícia Militar do Estado de São
Paulo não visou à criação de condições para que se iniciasse um processo de descentralização e
de maior poder de decisão para os policiais envolvidos diretamente nas atividades de
policiamento ostensivo, contrariando uma das principais idéias da filosofia do policiamento
comunitário, e que poderiam gerar modificações modernizadoras em seu interior. Esse modelo de
policia comunitária também não foi suficiente para reverter o quadro de profissionalização das
policias brasileiras, ou seja, profissionalização8 essa baseada em uma central telefônica que

7
Diferentemente dos Estados Unidos, nação que difundiu a filosofia de policiamento comunitário para os paises da
América Latina, o Brasil tem uma participação comunitária incipiente e a maioria das iniciativas de mobilização
comunitária surge dentro das instituições governamentais. Para um melhor entendimento ver ZAVATARO (2006).
8
“O modelo profissional da ênfase a eficiência operacional, conquistada a partir de um controle centralizado, linhas
nítidas de organização, melhor e mais efetiva utilização dos agentes policiais, maior mobilidade, intensificação dos
treinamentos e crescente uso de equipamentos e tecnologias”. (GOLDSTEIN, op. Cit, P. 15). As policias brasileiras,
atualmente, estão atingindo uma fase de extrema profissionalização, em virtude do uso cada vez maior de
mecanismos tecnológicos avançados, alem dos rádios digitais o uso de modernos softwares de mapeamento de

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recebe os chamados da população e que retransmite essas ocorrências via radio para policiais em
veículos e baseada na resposta rápida a esses chamados, modelo este que já demonstra sérios
problemas e que não atende a todas as demandas da população.
No ano de 1993 inicia-se um projeto piloto de policiamento comunitário na Polícia Militar do
Estado do Rio de Janeiro, mais especificamente no bairro de Copacabana. Na ocasião,
apresentou-se um estudo mais aprofundado por parte da Academia (MUNIZ , 1997), porém esse
processo embrionário de policiamento comunitário na Cidade do Rio de Janeiro não obteve
sucesso, pois tentava mudar toda uma lógica cultural dentro de uma instituição sesquicentenária,
autoritária e com inúmeros problemas estruturais e de natureza contrária a inovações na forma de
agir.
Um dos sérios problemas enfrentados no processo de instalação da filosofia de policiamento
comunitário na Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro foi à lógica do “combate ao crime” ou
a política de ocupação de morros, este sim aceito como trabalho “verdadeiramente” de polícia
(MUNIZ, op. Cit). A incapacidade das autoridades em enfrentar de maneira séria e sem
vinculações políticas a questão da segurança pública no Estado do Rio de Janeiro fez com que a
situação se tornasse insustentável atualmente.
Essa lógica guerreira e de ocupação de determinadas áreas, aliada ao modelo de polícia
militarizada e sem propensão a mudanças institucionais, foi extremamente prejudicial à
continuação do projeto de policiamento comunitário na região do Bairro de Copacabana, fazendo
que o projeto definhasse até a sua extinção em favor da cultura tradicional de segurança pública
(MUNIZ, op. Cit).
Atualmente, a política de segurança pública no Estado do Rio de Janeiro é de ocupar
militarmente morros e áreas pobres que podem ser esconderijos de traficantes, ou seja, não
ocorreram mudanças significativas nas políticas de segurança publica no Rio de Janeiro. Essas
ocupações resultam na cíclica escalada da violência, mantendo todos sob a rotina do medo de
confrontos diários e sujeitos a inúmeros abusos cometidos por policiais ou traficantes de drogas.
As policiais estaduais do Rio de Janeiro utilizam o mesmo modelo utilizado por tropas norte
americanas durante a Guerra do Vietnã, ações do tipo search and destroy9.

ocorrências policiais, mecanismos de localização via satélite (sistemas de posicionamento - GPS), em grande parte
de modelos importados pouco adaptados às condições econômicas e institucionais de nossas policiais.
9
As ações search and destroy (também chamadas de search and clean) eram utilizadas no período de ocupação
norte americana no Vietnã, eram baseadas em pequenas patrulhas de infantaria ou grupos de operações especiais, que

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Ainda no Estado do Rio de Janeiro foram criadas unidades denominadas Grupamento de


Policiamento em Áreas Especiais (GPAE), porém os resultados do ponto de vista da filosofia de
policiamento comunitário foram pífios e a manutenção desses grupos de policiamento fica muito
mais vinculada à imagem de ocupação militar, no sentido de manter a “paz a qualquer custo”,
porem com uma forte vinculação da efetividade do projeto com a personalidade dos comandantes
desses grupos, conforme Albernaz et all (2007, p.45):
No entanto, o que é possível observar no caso do Rio de Janeiro é uma centralização na figura do
comandante, ou melhor, na pessoa do comandante da unidade: um personagem híbrido que congrega o
personalismo (pessoa física) por um lado e o policial comandante de polícia (pessoa jurídica, representante
do Estado), por outro lado. Se a existência desse titular carismático é definida como um aspecto positivo
da experiência, é também aí que reside sua fragilidade: suscetível a mudanças, a transferência do
comando da unidade poderia colocar em risco a continuidade do projeto. No caso do Pavão-
Pavãozinho/Cantagalo isso se concretizou de alguma forma, com a transferência de seu primeiro
comandante após dois anos à frente da unidade.
Esse modelo de ocupação militar vem selar atualmente qualquer tentativa de volta do projeto de
policiamento comunitário na capital fluminense.
A manutenção de programas de policiamento comunitário nas polícias militares de várias
Unidades da Federação não trouxe resultados efetivos na mudança da realidade violenta das
comunidades atendidas, apesar de algumas exceções,10 que aparentam estar reduzindo alguns
índices de criminalidade e violência, que teve uma redução considerável no número de
homicídios, aonde foram criadas inúmeras outras condições de cunho social, e não apenas a
implantação da modalidade de policiamento comunitário.

adentravam o território inimigo para emboscar e destruir tropas e equipamentos dos exércitos ou tropas irregulares
(guerrilheiros) adversários, não se preocupando com vítimas civis ou alvos que não fossem realmente militares,
utilizando a contagem de corpos como forma de produtividade e de efetividade das ações. Atualmente encontramos
esse modelo de medir a efetividade das ações governamentais contra grupos guerrilheiros e de narcotraficantes na
Colômbia, em que civis não envolvidos em ações de guerrilha ou criminosas, eram capturados e mortos e declarados
como guerrilheiros ou narcotraficantes, inflacionando os números do governo em suas ações contra esses grupos.
10
Os projetos que conseguiram reduzir a sensação de insegurança e reduzir os índices de criminalidade estão
localizados no Bairro Jardim Ângela, na cidade de São Paulo, considerado pela ONU como um dos bairros mais
violentos do mundo; o caso do Morro do Quadro, no Bairro de Santo Antônio, na Cidade de Vitória (Espírito Santo)
e no Bairro Perpétuo Socorro, na Cidade de Macapá (Amapá). Esses projetos, porém carecem de uma verdadeira
aceitação, em especial pelas próprias instituições policiais, pois nos três casos, ficam evidentes as faltas de carros
policiais, combustível, refeições e, no caso de da Cidade de Vitória, a população forneceu até as fardas (uniformes)
aos policiais militares envolvidos no programa (OLIVEIRA, 2002).

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A participação popular é visto como um fator importante na implantação da filosofia de


policiamento comunitário, sendo talvez o principal, todavia, alguns estudos indicam um
entendimento equivocado do que vem a ser essa participação por parte das instituições policiais.
As participações nos conselhos comunitários de segurança são acompanhadas, na maioria dos
casos, de aspirações políticas futuras e também é entendido como um local de arrecadação de
fundos para a manutenção dos postos policiais, compra de refeições11 para os funcionários e até
mesmo de combustível para os veículos de patrulha (NEVES, 2005).
Em pesquisa realizada na Cidade de São Paulo, observou-se que a participação popular nas
questões envolvendo o policiamento comunitário não é ampla, porém, a população mesmo indica
a existência de diferenças entre o policiamento ostensivo normal e o policiamento comunitário, e
que o maior apoio para o programa vem principalmente dos conselhos de segurança e das
próprias policiais estaduais, seja civil ou militar. Ainda sobre a efetividade da participação
popular e da efetividade dos programas de policiamento comunitário no Brasil, Kahn (2007, p.94
- 95) afirma que:

A polícia e os outros órgãos públicos, neste caso, podem ajudar a recuperar a


vizinhança e torná-la novamente funcional. Mas o que a polícia pode fazer numa
favela? Trata-se de uma área ainda por construir e com pouca coisa para ser
revitaliza da. A teoria das janelas quebradas funcionaria num contexto como
esse? Ou que tal a adoção do policiamento comunitário em áreas dominadas por
traficantes fortemente armados e que atiram granadas na polícia? As pesquisas
de vitimização européias estão preocupadas com “furto de bicicletas”, enquanto
no Brasil é possível captar até mesmo violência policial por meio desses
levantamentos, dada a incidência do fenômeno. Programas de vigilância de
bairro e vários outros pressupõem muitas vezes uma sociedade civil organizada,
num nível que raramente se encontra entre os cidadãos brasileiros.

E nesse contexto de uma sociedade extremamente dividida, com uma concentração de renda
altíssima e com disparidade social enorme que os governos estaduais tentam implantar uma

11
Essa prática é comum em diversas instituições policiais militares no Brasil. Um exemplo específico é o 13º
Batalhão da Polícia Militar do Paraná, situado na região Oeste da Capital do Estado do Paraná, região que está
localizada a Cidade Industrial de Curitiba, com diversas empresas instaladas, que fornecem refeições aos policiais
em serviço de patrulha na região. Segundo uma funcionária da multinacional Roberto Bosch S/A, o número de
policiais militares que freqüentam o refeitório da empresa nos horários de refeições era de 20 a 25 pessoas. Essa
prática é mais comum nas cidades do Interior do Estado do Paraná, segundo informações não oficiais de policiais
militares dessas regiões, não ficando restrito ao fornecimento de refeições, mas também em doações em forma de
combustível, peças e serviços automotivos, materiais de expediente, criando certa parcialidade no oferecimento dos
serviços públicos feito pela instituição policial e também desobrigando o Estado a fornecer as mínimas condições aos
seus funcionários quando em serviço. Para um melhor entendimento dessas policias que solicita de lanches ate
pastilhas de freios ou trocas de óleo dos carros de patrulha, ver o excelente trabalho de Barros (2005, op. Cit.).

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filosofia de policiamento comunitário foi desenvolvido em paises com um nível de


desenvolvimento bem a frente do Brasil.

O POLICIAMENTO COMUNITÁRIO NO ESTADO DO PARANÁ

A filosofia de policiamento comunitário surgiu no Estado do Paraná em 1993, na primeira gestão


de Roberto Requião no Governo Estadual, aproveitando o surgimento em outras unidades da
federação, e em como em todas elas, da necessidade de mudanças na forma de agir das
instituições policiais, mas não como uma solicitação popular por melhorias na forma de
realização do policiamento ostensivo, mas como uma imposição do governo estadual para as
policias estaduais.
No Estado do Paraná esse modelo foi denominado Policiamento Ostensivo Volante (P.O.VO.) e
tinha por características iniciais a presença de dois policiais em um veiculo tipo KOMBI e de
uma a duas duplas que utilizavam motocicletas, que poderiam ser acionadas tanto pela central de
rádios da polícia militar quanto por telefones celulares móveis que tinhas seus números
divulgados nos bairros que atendiam. Essas equipes deveriam atender unicamente um bairro
somente (DA SILVA, 2001).
Esse modelo de policiamento é uma variação do modelo de policiamento modular fixo,
implantado em 1980, que consistia em estruturas físicas com equipes que atendiam a população
local e equipes em veículos que atendiam as ocorrências via central de rádio e realizava o
policiamento preventivo (DA SILVA, 2001).
O modelo modular fixo revelou-se incapaz de atender as crescentes demandas por melhorias na
forma de atuar da Polícia Militar perante a sociedade paranaense, especialmente por sua
característica fixa e também por falta de recursos humanos, ficando na maioria das vezes um
policial para cuidar das instalações físicas e que não tinha poderia atender qualquer solicitação da
população que gerasse uma saída do local, pois poderia ser punido por abandono de posto. Esse
modelo não trouxe nenhuma perspectiva de mudanças estruturais e manteve o modelo
extremamente burocrático e centralizado, continuando a manutenção de uma relação
problemática com a população.
Após o fim modelo de módulos fixos, surge a idéia do modelo P.O.VO. (Policiamento Ostensivo
Volante), que foi muito explorado do ponto de vista político, sendo que quando da

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implementação desse tipo de policiamento em determinado bairro da Capital ou região


Metropolitana acontecia um verdadeiro desfile de carros de polícia para chegar ao local da
inauguração, fazendo com que a população imaginasse que aqueles inúmeros veículos e seus
policiais fossem permanecer nessa região, porém era apenas uma grande propaganda levada a
cabo pela administração estadual. Nesse período ficou evidente o caráter midiático das ações de
segurança pública, que posteriormente foi utilizado em outras ocasiões.
O projeto de Policiamento Ostensivo Volante (P.O.V.O.) não resistiu às mudanças políticas na
administração estadual, perpetradas pelo Governador Jaime Lerner, que utilizou a idéia de pontos
fixos, denominados “totens”, que em tese deveriam ter uma ligação com a central de
comunicações da Policia Militar, em Curitiba, e os policiais deveriam ter esse ponto como
referencial, mas outra vez o modelo foi utilizado como marketing político e os policiais tinham
determinação de ficar fixo nesses pontos, não saindo nem para nada desses locais.
O projeto ainda foi alvo de inúmeras solicitações por parte de diversos setores da sociedade que
queriam totens em cada esquina ou nas proximidades de suas casas e áreas comerciais (COSTA,
2003). O modelo denominado Policiamento Ostensivo Localizado (totens) também não trouxe
nenhuma mudança na estrutura organizacional da Polícia Militar do Paraná e revelou-se mais um
problema do que uma solução, pois inúmeros policiais foram deslocados de outras cidades para
permanecer nesses pontos, onerando o Erário Publico nos gastos com a manutenção desses
policiais na capital e causando transtornos pessoais a todos os profissionais envolvidos e não
melhorando a qualidade no relacionamento entre a polícia militar e a população, demonstrando
também a falta de planejamento com relação às necessidades de recursos humanos para a
aplicação de uma política de segurança eficaz e de qualidade.
Findo os dois mandatos do Governador Jaime Lerner (1995 a 2002) e voltando ao Governo
Estadual, Roberto Requião, em 2003 reativa a idéia de seu mandato anterior, o Projeto P.O.V.O.
e também expande a Patrulha Escolar denominada inicialmente Patrulha Escolar Comunitária
(P.E.C.) que atualmente tem formato de um Batalhão Policial Militar (BEPC – Batalhão de
Patrulha Escolar Comunitária), atendendo todo o Estado, que foi dividido em Companhias de
Policia Militar, absorvendo também o Programa de Resistência a Violência e as Drogas
(PROERD).12

12
O PROERD originou-se em um modelo denominado DARE (Drug Abuse Resistance Education) que surgiu nos
Estados Unidos na década de 1990 do século XX e tem por discurso central a educação de crianças nas fases iniciais
dos estudos para que não usem de violência e drogas. O modelo foi copiado inicialmente pela Policia Militar do

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A retomada do Projeto P.O.V.O. trouxe novamente as discussões sobre a filosofia de polícia


comunitária no Estado do Paraná, e pensou-se em transformações das instituições policiais
alimentada pela chegada, ao governo federal, um presidente dito de esquerda, porém nenhuma
mudança significativa ou mesmo inovadora no campo da segurança pública foi feita e as polícias
militares continuaram sendo instituições burocratizadas e centralizadoras tanto em suas decisões
quanto nas relações interpessoais de seus funcionários.
No tocante as práticas de policiamento ostensivo, não foram observadas mudanças significativas,
apenas mudanças de caráter estético nos veículos policiais e a transformação da maioria das
modalidades de policiamento ostensivo em “policiamento comunitário”, ou seja, o policiamento
comunitário no Estado do Paraná transformou-se apenas em mais uma modalidade de
policiamento,13 das muitas outras que compõem a atividade cotidiana da polícia militar. Segundo
Tortato (2001, p. 182):

Para tanto, demonstrou-se com clareza que o CPC, ressalvado o Projeto Piloto
de Implementação de Filosofia e Estratégia de Policia Comunitária, com
pequena abrangência inicial em apenas três bairros de Curitiba, atua
prioritariamente através de um sistema reativo as ocorrências policial-militares,
com uma atuação mínima em termos preventivos/pro-ativos – o sistema vigente
concentra-se no COPOM, que recebe as ligações entrantes através do fone 190,
e nas guarnições de radiopatrulha (RPA) e de tático móvel (TMA), que
atendem, dentro das possibilidades, essas ocorrências despachadas via radio.

Essa afirmação de Tortato deixa claro que o modelo de policiamento no Estado do Paraná ainda
não sofreu uma efetiva mudança, ficando restrito ao modelo reativo e profissional, baseado em
chamadas telefônicas e despacho de equipes policiais em carros ou motos, buscando um tempo de
resposta rápido, aliando atualmente para algumas equipes policiais, que em tese, seriam
responsáveis pelo policiamento comunitário, do recurso da telefonia celular para acesso direto
com a população.
Segundo relatos de um Oficial da Policia Militar, (Comandante de uma Companhia Policial
Militar, responsável por inúmeros bairros e, dentre estes, por um dos bairros mais populosos e
com uma população pendular de aproximadamente ¼ a mais que a original, na Cidade de

Estado de São Paulo no final da década de 1990 do século XX, sendo depois adaptado e disseminado para outras
policiais militares do Brasil.
13
Entende-se por modalidade de policiamento as diversas formas de emprego dos policiais militares no cotidiano,
tendo como exemplo o policiamento de trânsito, o policiamento a pé, o policiamento tático móvel, de choque,
hipomóvel (cavalaria), policiamento de guarda, etc.

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Curitiba, bairro este que conta com uma tentativa de aplicação de um novo horário de aplicação
dos recursos humanos da Policia Militar, variando de acordo com a demanda de chamadas
telefônicas) a grande preocupação atual por parte dos planejadores da instituição seria com a
demanda de chamadas telefônicas não atendidas pelas equipes policiais em patrulhamento, o que
geraria uma “demanda reprimida”, dando ênfase aos crimes de maior repercussão e não tendo
preocupações com o território geográfico, desviando equipes para outros bairros responsáveis por
esta unidade da policia militar.14
Esse aspecto, o tempo de resposta e de diminuição de uma “demanda reprimida” através do
despacho de equipes via radio ou mesmo telefones celulares, e fugindo inclusive de suas áreas
geográficas de responsabilidade foge completamente do modelo de policiamento comunitário na
sua origem, que tem por objetivo a permanência de policiais em áreas especificas por períodos
prolongados, criando com isso uma relação de confiança com a comunidade local.
Outro problema enfrentado para uma efetividade dos programas de policiamento comunitário,
não só no Estado do Paraná, mas em todo o Brasil, e o formato das instituições de policiamento
de ostensivo (policias militares) que são instituições extremamente centralizadas com relações as
suas decisões (características das instituições militares), não possibilitando a descentralização do
comando,15 essencial para a existência das ações de policiamento comunitário, fator este
prejudicado ainda mais pelo modelo de segurança publica e de justiça criminal no Brasil. Souza
(2007), em uma análise da Diretriz que implantou o policiamento comunitário no Paraná, afirma
que:

Ao determinar que a população deve ver na figura do policial militar, atuante e


prestativo, um zeloso guardião da ordem e da disciplina da vida social, digno da
confiança e da admiração pública, a diretriz extrapola sua competência, pois,
sendo uma determinação legal de ordem interna da PMPR, quer impingir aos
cidadãos o modo correto de entender o que seja um agente de segurança
pública. Porém, a diretriz apresenta uma visão abrangente do que sejam os
problemas sociais que envolvem a segurança pública. Nesse ponto volta a

14
Outro problema enfrentado pelos moradores de alguns bairros em Curitiba é a falta de estrutura no tocante a
manutenção dos veículos policiais, que levam em média três semanas no concerto. “O presidente do Conseg afirma
que semana passada um policial militar chegou a sacar a bateria do próprio carro para botar na viatura e poder
trabalhar, pois do contrário o veículo da PM não funcionaria. Outro caso foi um assalto, em que policiais tiveram que
correr a pé atrás de assaltantes em um carro. “Três semanas é muito tempo para consertar e devolver uma viatura. O
estado deveria agilizar isso”, cobra.” Jornal Gazeta do Povo, Edição do dia 05 de Dezembro de 2007.
15
Trojanowicz & Bucqueroux (1994) em seu trabalho “Policiamento Comunitário: como começar”, considerada
dentro das instituições policiais militares brasileiras como um manual introdutório para o policiamento comunitário,
alegam que os policiais que atuam no policiamento comunitário devem atuar como “mini-chefes” de policias, tendo
liberdade para fazer levantamentos sobre problemas das comunidades e atuando diretamente com elas.

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pergunta: será o policial militar capaz de induzir ou mesmo gerar a união


necessária dos cidadãos em torno de um objetivo comum? A resposta carece de
um estudo especifico, mas, parece que é uma responsabilidade muito grande
querer determinar que por meio de um modelo de policiamento se possa
envolver toda uma sociedade de modo mais abrangente. Tendo a PMPR a
característica centralizadora, no que diz respeito ao desenvolvimento do
policiamento ostensivo da qual ela é responsável, não se vislumbra maior
envolvimento dos policiais da ponta nas ações de policiamento
comunitário, por conta de um limitado, quase inexistente, poder de
decisão. (grifo meu).

Interessante notar que, sendo o autor da citação acima, oficial da Policia Militar do Paraná,
observou que essa característica centralizadora da instituição policial militar, é um obstáculo ao
real envolvimento da população com os policiais militares no sentido de gerar uma mobilização
comunitária. Além desse modelo centralizador de policia ostensiva, especialmente com relação às
decisões, aliado ao sistema de administração estadual da segurança publica esbarra nas questões
políticas das administrações municipais, que em virtude dos descompassos políticos entre
diferentes administrações estaduais e municipais, criam diversos problemas de comunicação entre
os gestores, seja da segurança publica, seja dos responsáveis pela aplicação dos recursos
municipais na resolução de problemas, como por exemplo, a aplicação de asfalto em uma rua, a
limpeza de um terreno baldio e a criação e manutenção de praças e quadras de esportes.16
Outro fator que podemos entender como um obstáculo da aproximação das polícias militares com
as comunidades em geral é a violência, que acaba por impor mais medo do que respeito. No
Estado do Paraná a violência letal contra civis aumenta ano após ano e muitas vezes são
utilizadas como discurso de produtividade ou de maior eficiência na luta contra o crime. O
gráfico abaixo nos da uma idéia da evolução das mortes de civis em confrontos com policiais
militares no Estado do Paraná.

16
Atualmente, diversas Prefeituras Municipais por todo o Brasil, estão criando Guardas Municipais, para a
manutenção de bens municipais, mas em algumas cidades de maior porte, essas “novas instituições” estão assumindo
um papel mais efetivo na questão da segurança pública, inclusive adotando modelos similares das policiais militares.
A Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP/MJ) atualmente investe recursos em municípios que queiram
criar ou ampliar os serviços de guardas municipais. Em uma recente pesquisa sobre guardas municipais (pesquisa
esta que se desenvolveu em conjunto com outros centros de estudos universitários e da qual este autor participou)
uma Guarda Municipal do sexo feminino afirmou, durante um grupo focal, que: “É, porque, até que a gente faz parte
da secretaria de defesa social, e a gente é visto na comunidade como uma polícia comunitária.”, ou seja, fica evidente
que nas guardas municipais já esta sendo desenvolvido e incorporado pelos seus funcionários a idéia de uma nova
“policia comunitária” de âmbito municipal, porem a Guarda Municipal de Curitiba não tem um contato muito
grande com a população, especificamente em ocorrências criminais ou que geram conflitos, o que ate certo ponto,
garante uma visão positiva com a população.

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FIGURA 1 - Total de civis mortos em confrontos com Policiais Militares no Estado do Paraná, de 1990 até
2008.

Fonte: de 1990 até 2004 ver: BORDIN (2005); de 2005 até 2007 ver: BORDIN (2008); para o ano de 2008
a fonte é a Agência Central de Inteligência da Polícia Militar do Paraná, porém para esse ano (2008) os dados são
parciais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A filosofia de policiamento comunitário pretende realizar, nas instituições que adotam tal
modalidade de relacionamento com a população, uma idéia de modificação em sua forma de
atuar e em suas estruturas, pois é fundamental que os policiais de ponta tenham maior poder de
decisão em suas atividades junto à comunidade. A filosofia do policiamento comunitário deve
promover mudanças hierárquicas e de relacionamento e funcionar como uma onda
modernizadora nas instituições policiais e não somente uma campanha de marketing institucional
visando a sua sobrevivência.
No Brasil como um todo, esse modelo de policiamento comunitário não se sustenta, em virtude
de ser responsabilidade de instituições militares realizarem o policiamento ostensivo. Ao
verificarmos, no âmbito da Polícia Militar do Paraná, quais foram às mudanças institucionais
decorrentes da implantação da filosofia de policiamento comunitário, nota-se que mesmo depois
de quase quatorze anos de altos e baixos, as mudanças institucionais não foram profundas a ponto
de melhorar as relações institucionais mantendo ainda relações de desconfianças e distanciamento

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entre os funcionários de base e seus superiores e dos policiais militares com a população em
geral.
Esse é o ponto essencial que separa a filosofia de policiamento comunitário em sua origem, ou
seja, essa filosofia de policiamento propõe a mudança estrutural das instituições policiais para
que possam se fazer mais próximas à comunidade17 e que mudem também as relações com a
população em geral. O modelo brasileiro de polícia militar impede qualquer prática de mudança
estrutural, não permitindo que seus policiais tenham poder de decisão na ponta do processo de
policiamento, fator esse sendo como importante na filosofia de policiamento comunitário. As
Polícias Militares no Brasil ainda mantém uma postura extremamente hierarquizada e com
modelos de ensino que vão contra a implementação da filosofia polícia comunitária, sendo que a
tônica nos bancos escolares da polícia paranaense é a de que os funcionários das categorias de
base não podem pensar.18 Esse modelo baseado cria uma sensação de imobilismo e apatia
profissional nas categorias funcionais de base da polícia militar, fazendo com que seja
impraticável decidir o rumo de situações rotineiras simples, observando que no Brasil os
programas de policiamento (ou polícia) comunitário não passam de novos rótulos para velhas
práticas ou “é utilizado para rotular programas tradicionais, em caso clássico de colocar vinho
velho em garrafas novas” (SKOLNICK; BAYLEY, 2002, p. 17).

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2002, p. 84-135.

17
A Polícia da Cidade de Chicago reduziu o número de cargos para tenentes de polícia e aboliu o cargo de capitão de
polícia, visando um maior envolvimento do pessoal com menor graduação e também por motivos econômicos
(BARRIENTOS, 2004, p. 49).
18
“[...] impedindo assim, a autonomia da vontade de quem esta sob a égide da disciplina militar de entender,
interpretar, ou analisar uma ordem em função de referencias ou valores oriundos de convicções próprias. Em matéria
de serviço, não vale o que se acha ou se pensa, mas fundamentalmente, a ética dos deveres, das obrigações e dos
imperativos regulamentares”. (VALLA, 2000, p. 76).

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