Vinicius Frate O CONTRABAIXO BRASILEIRO Um Álbum-Panorama
Vinicius Frate O CONTRABAIXO BRASILEIRO Um Álbum-Panorama
Vinicius Frate O CONTRABAIXO BRASILEIRO Um Álbum-Panorama
VINICIUS FRATE
O CONTRABAIXO BRASILEIRO
Um álbum-panorama
Rio de Janeiro
2020
Vinicius Frate
O CONTRABAIXO BRASILEIRO
Um Álbum-Panorama
Rio de Janeiro
2020
Produto Artístico:
O contrabaixo brasileiro
Um Álbum Panorama
Este trabalho é dedicado a Sandrino Santoro,
pilar fundamental da escola de contrabaixo
brasileira. Mestre e amigo que mudou a minha
história e de tantas outras pessoas dividindo e
espalhando música e amor. E que, com especial
generosidade, abriu para mim o mundo do
contrabaixo.
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao meu orientador, Prof. Dr. André Cardoso sua orientação precisa e
profunda em suas análises, por sua pesquisa histórica fundamental para este trabalho.
Aos colaboradores que com sua arte deram vida a esse álbum musical: Stefano Bravo,
Sanderson Cortez, Sandrino Santoro, Maestro Leonardo David e Músicos da Orquestra
Sinfônica da UFRJ, Ramon Feitosa e Músicos da Orquestra Sinfônica de Barra Mansa.
A Caio Cesar Loures por todo o suporte e expertise técnico compartilhado durante os
processos de gravação.
Aos meus mestres Ronal Silveira, Cláudio Alves e Massimo Giorgi, pessoas
fundamentais na minha caminhada.
Agradeço aos meus pais Dilea Frate e Vitor Cezar Paranhos por sempre terem
apoiado e incentivado a continuar crescendo como músico.
RESUMO
FRATE, Vinicius. The Brazilian Double Bass - A Panorama Album. Rio de Janeiro, 2020.
Dissertation (Master in Music). School of Music, Federal University of Rio de Janeiro. Rio de
Janeiro, 2020.
The project “The Brazilian Double Bass - A Panorama Album” intends to produce a
phonographic record of Brazilian pieces originally written for the soloist double bass.
Through a sound album and a text about the genesis of each work, the double bass is
presented in two modes: soloist and chamber instrument. With music by José Nunes, Miguez,
Gnattali, Santoro, Mahle, Villani-Côrtes, Ficarelli and Aguiar, this work seeks to highlight the
production of Brazilian composers who within a period of 174 years, from 1838 to 2012,
composed music for the double bass, and as a result it attempts to shed a light on this little-
known part of Brazilian music.
1. INTRODUÇÃO................................................................................................11
2. REPERTÓRIO.................................................................................................13
2.6.2 Choron................................................................................................................24
2.6.3 Ponteio................................................................................................................25
3. RELATOS DE EXPERIÊNCIA......................................................................28
contrabaixo ......................................................................................................36
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................39
5. COLABORADORES........................................................................................41
REFERÊNCIAS................................................................................................44
Anexo 1 Análise comparativa dos repertórios de orquestras entre
Brasil e Itália....................................................................................................48
Lista de QR Codes...........................................................................................109
11
1.INTRODUÇÃO:
Nosso país foi pródigo em produzir música original para o contrabaixo como
instrumento solista. Esta história começa a ser escrita em 1838 com as Lições de Lino José
Nunes, primeiras composições brasileiras hoje conhecidas para o instrumento, e se amplia
consideravelmente durante o século XX. Com o desenvolvimento da técnica do contrabaixo
no país e no mundo, impulsionado pela invenção das cordas sintéticas de aço na década de
1930 1 e a chegada de renomados professores imigrantes europeus, como o russo Wasili
Eremeev e o italiano Antonio Leopardi, ambos professores da Escola Nacional de Música,2
foram formadas várias gerações de contrabaixistas com cada vez melhores níveis de
performance que por sua vez estimularam vários compositores a explorar a sonoridade
peculiar do contrabaixo e produzir cada vez mais obras originais.
O último catálogo publicado de composições brasileiras originais para o contrabaixo
solista, pesquisa da contrabaixista e professora da UFG Sonia Ray, havia identificado até
então 136 obras com esse perfil entre solos (19), peças com piano (61), música de câmara (44)
e peças para contrabaixo e orquestra (12). Do total, somente 21 são transcrições, e as 116
restantes, peças originais.3
A ideia deste trabalho foi concebida após a constatação de que não há registros
fonográficos profissionais da maior parte desse repertório acessível ao ouvinte, estudante ou
pesquisador. A maioria das peças propostas neste trabalho, quando encontradas, são acessíveis
somente através do site “https://www.youtube.com”, sendo em sua maioria gravações
amadoras e execuções ao vivo, o que muitas vezes não nos permite ter uma referência sonora
precisa dessas obras. E por que existem tão poucos registros desse repertório?
Na minha experiência como estudante e intérprete entre Brasil e Itália, sempre notei
grande desconexão entre o meio musical erudito, sua cultura local e o contexto histórico no
qual está inserido. Se analisarmos o repertório das principais orquestras sinfônicas e de ópera
do Brasil e da Itália durante os anos de 2018 e 2019, percebemos um ponto comum que
caracteriza os dois meios musicais: apresenta-se pouca música contemporânea e nacional.4
1
BRUN, Paul A New History of the Double Bass, pg. 212-213
2
Fundada como Conservatório de Música em 1848, transformou-se no Instituto Nacional de Música em 1890
e é hoje a Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
3
RA S nia 6 p -111)
4
Ver Anexo I
12
Ciente desta lacuna, creio que seja importante inserir a própria produção artística na
realidade local contribuindo assim não somente com satisfação pessoal e do público, mas para
a construção da identidade cultural da sociedade na qual me insiro.
Estudar e pesquisar mais a fundo estas obras nacionais, a maioria nunca gravada de
maneira profissional, significa para mim possibilitar a mais pessoas o acesso a essa parte da
nossa música. Uma pequena contribuição nesse esforço de tornar conhecido, inclusive
internacionalmente, o repertório brasileiro para o contrabaixo.
Muitos estudantes de música no Brasil enxergam o próprio país como um lugar onde é
impossível alcançar a excelência, pois recebem um ensino de raiz europeia e entendem a
música de concerto como uma manifestação cultural identificada com essa visão. Para sairmos
desse lugar comum é fundamental a valorização da cultura brasileira através da circulação de
fonogramas de obras nacionais. O conhecimento da nossa história e de nossas manifestações
de arte e cultura formam a base para edificar um meio musical clássico brasileiro, que, mesmo
influenciado em sua origem por escolas estrangeiras, encontra nesta terra uma voz singular e
bela.
13
2. REPERTÓRIO
A escolha das obras foi feita para percorrer o maior período de tempo histórico possível,
abrangendo em panorama geral um período de 174 anos de composições brasileiras escritas
para o contrabaixo. As obras mais antigas do repertório são as Lições de Lino José Nunes,
compostas em 1838, e a mais recente é o Ponteio de Edmundo Villani-Côrtes, composta em
2012.
A ordem das peças neste álbum é determinada pela data de nascimento de cada
compositor e não pela data de composição, para poder manter a unidade estilística de cada
autor durante a escuta.
A gênese de cada obra foi usada como ponto de partida para pensar e construir a
interpretação. Por isso foi importante coletar informações sobre as circunstâncias nas quais as
obras foram criadas e qual finalidade eventualmente tiveram. A maior parte da pesquisa foi
feita a partir de reportagens e publicações. Alguns compositores, porém, cordialmente
concordaram em ceder entrevistas e dar sua própria versão sobre a origem de suas obras: Ernst
Mahle respondeu às perguntas por e-mail, Ernani Aguiar por telefone e Villani-Côrtes
concedeu uma entrevista filmada em sua residência em São Paulo.
Lino José Nunes foi um contrabaixista, pedagogo e compositor do Brasil Imperial. Pouco
ainda se sabe sobre sua vida. Segundo BORÉM:
Lino José Nunes foi um dos músicos brasileiros mais ecléticos e inovadores até, pelo
menos, a primeira metade do século XIX. Mulato, filho da escrava mineira
alforriada „ Paula Joaquina Oliveira parda liberta natural de Minas Gerais e [de]
Pay incógnito ‟ Teixeira 8 8) Lino José foi batizado no Rio de Janeiro em 3
de maio de 789 e faleceu em 5 de setembro de 847”
O autor da obra, Lino José Nunes, músico que viveu no Rio de Janeiro, entre o final
do século XVIII e a primeira metade do século XIX, estudou com o padre José
Maurício Nunes Garcia no curso gratuito que o mesmo mantinha em sua residência.
Como seu discípulo, ingressou no coro da Capela Real. Em 1821, oferecia-se em
anúncio na imprensa carioca para “ensinar a todas as pessoas de ambos os sexos que
quiserem aprender a cantar toda a qualidade de música, e demais cançonetas
italianas e modinhas portuguesas tudo com acompanhamento de viola” Ayres de
Andrade informa que em 1824 foi nomeado contrabaixista da Capela Imperial com
salário de 200 mil réis por ano. Um documento datado de 15 de novembro de 1842,
de Monsenhor Fidalgo inspetor da Capela Imperial informa que “Lino José Nunes
serve desde 8 5”, o que pode representar uma diferença de tempo entre o ato de
nomeação e a efetiva entrada em exercício. 6
5
CARDOSO, André. 2011, pg.425
6
Idem pg. 426-427
15
Em 1838, a Capela Imperial do Rio de Janeiro passava por seu momento de pior crise,
marcado pela dissolução do grupo em 1831. Segundo CARDOSO:
7
Lino foi um dos remanescentes da orquestra, o que demonstra a importância do
instrumento para o funcionamento do conjunto, além de sugerir a boa capacidade técnica e o
prestígio desse contrabaixista.
Das seis lições, escolhi executar as de números 2, em lá menor, e 4, em mi menor. O
baixo usado é um instrumento de quatro cordas com afinação solo8, diferentemente do
contrabaixo de três cordas usado por Lino, e o arco utilizado foi um modelo clássico como os
utilizados na Europa do final do século XVIII, emulando a articulação da época e evitando ao
máximo mudar as articulações originais.
7
BORÉM, Fausto. 2017 pg.
3 8Fá#1, Si 1, Mi 2 e La 2.
16
A peça Impromptu foi composta por Leopoldo Miguez em 1898 para a prova de
exame final do aluno de contrabaixo Alfredo de Aquino Monteiro, do Instituto Nacional de
Música (atual Escola de Música da UFRJ). Acreditava-se tratar-se de um concerto, como
destacou Arzolla:
Esta peça ficou quase desconhecida por muitos anos até que, segundo relato de Fausto
BORÉM:
O contrabaixista e pedagogo Sandrino Santoro, ex-professor da UFRJ e um dos mais
reconhecidos nomes da história do contrabaixo no Brasil, me cedeu a cópia de um
manuscrito de duas páginas (Miguez, s.d.), com uma parte de contrabaixo apenas,
denominada Impromptu. (2005, pg.284)
Em 2004 realizou-se um concurso para a criação de uma parte de piano perdida, que
teve como vencedor o professor da UFRJ e especialista na obra de Miguez, Roberto Macedo
Ribeiro. Esta é a parte utilizada nesta gravação. Miguez é considerado por muitos autores
como um compositor de estética europeia nascido no Brasil. Segundo Vasco Mariz,
“ Miguez ) regressou ao Brasil em 884 completamente convertido ao wagnerismo”
Mário de Andrade cita Miguez como pertencente a um grupo de compositores brasileiros
“presos por demais à lição europeia e cujas tentativas de músicas abrasileirada mais parecem
concessão ao exótico ” ANDRADE Mário de 5 pg 6 ). Por ser um compositor tão
ligado à tradição romântica europeia, a abordagem interpretativa desta obra acabou sendo
completamente voltada para concepções de estilo romântico: frases longas e vibrato
abundante.
8
A publicação de Arzolla é anterior a descoberta da partitura do Impromptu, por isso ele é chamado aqui de
“concerto“
17
Para demonstrar o enthusiasmo com o qual Leopardi encara o Contrabaixo basta este
facto: vae mandar imprimir por sua conta as peças de Radamés Guattelli e Leopoldo
Miguez, escriptas originalmente para o instrumento(...) Leopardi desejando ampliar
o repertório para Contrabaixo fez um apello a todos os Compositores brasileiros
afim de que escrevam para o instrumento, comprometendo-se a divulgar por todos
os meios essas futuras obras
9
Ver nota 2
18
acervo que pertencera a Leopardi. 10 Necessitando de uma obra orquestral com solo de
contrabaixo para incluir em seu recital de mestrado, Sandrino propôs ao compositor11 a versão
com orquestra de cordas. A estréia da versão orquestral aconteceu no dia 3 de agosto de 1982
no Salão Leopoldo Miguez da UFRJ com Sandrino como solista e a Orquestra de Câmara da
Rádio MEC sob a regência de Nelson Nilo Hack.
10
RODRIGUES, Ricardo. (2003, pgs. 104-108)
11
Ver Anexo V
20
Sua grande produção pode ser dividida em duas fases: a primeira marcada por um
folclorismo direto e por certo virtuosismo de escritura, e a segunda por uma
transfiguração do espírito folclórico e um melhor domínio da técnica composicional,
que se torna mais simples e menos virtuosística. (2008, pg. 110)
12
Esta afirmação se baseia nas nos relatos contidos nos documentários sobre os aboiadores nordestinos
descritos na bibliografia.
21
Cláudio Santoro pode ser caracterizado como um compositor versátil. Fez parte de
diferentes movimentos musicais, compondo música tonal e atonal, nacionalista e universal,
acústica e eletrônica.
Para o concurso Jovens Intérpretes de Música Brasileira de 1983, Cláudio Santoro
escreveu uma série de 14 peças para diversos instrumentos, todas nomeadas Fantasia
SulAmérica. Como não havia neste concurso categorias para distintos instrumentos, Santoro
fez esta série de solos curtos para diversos instrumentos, como peças de confronto que, apesar
de não serem iguais, apresentam características semelhantes: atonalismo; contrastes
tímbricosdinâmicos exagerados e escrita virtuosística dentro de uma estrutura formal livre.
Isto permitiu que a banca examinadora da qual Santoro fez parte pudesse comparar os
diferentes instrumentos dentro da mesma estética musical, mantendo um elevado padrão de
exigência técnica adaptado à realidade de cada instrumento. O concurso foi vencido pela
contrabaixista Renate Kollarz, atualmente contrabaixista da Orquestra Sinfonica de Porta
Alegre (OSPA).
Compreendendo a função da obra, busquei uma interpretação com a maior fidelidade
possível às inúmeras marcações de dinâmica, tempo e articulação minuciosamente colocadas
pelo autor. Assim, coloquei-me no papel de um competidor a ser julgado por uma banca
examinadora, simulando o contexto para o qual esta música foi escrita.
22
2.5 Ernst Mahle (1929) Sonatina 1975 para contrabaixo e piano e Concertino 1978 para
contrabaixo e orquestra de cordas
Nascido em Stuttgart, Alemanha, Ernst Mahle imigrou aos 22 anos para o Brasil,
aqui formando-se compositor e regente pelo Conservatório Dramático e Musical de São
Paulo.13 Apesar de não ser brasileiro de nascimento, Mahle contribuiu imensamente para o
meio musical brasileiro através de seu trabalho como pedagogo e fundador da Escola de
Música de Piracicaba, de onde saíram muitos músicos importantes desde sua fundação em
1953.
Sobre a relação de Mahle com o contrabaixo discorre o eminente contrabaixista
piracicabano, ex-aluno de Mahle e atual professor da UNI-Rio, Antonio Arzolla:
Nota-se, portanto, o escopo didático de tais obras que, em geral, não exploram a
região mais aguda do instrumento, dificilmente trabalhada pelos estudantes nos primeiros
anos de estudo. Sobre estas peças, Arzolla prossegue:
Considerando-se o caráter didático dessas obras, assim como nas Lições de Lino José
Nunes, procurei não alterar nenhuma dinâmica ou articulação original do compositor, visto
que as articulações e dinâmicas são pensadas para se adequar naturalmente ao instrumento.
13
ARZOLLA, Antonio. 1996 pg. 16
23
Para entender o estilo musical deste compositor, é importante saber que ele transitou
durante toda sua carreira profissional entre os universos da música erudita e popular. A
Maestrina Monica Giardini compara a atuação de Villani-Cortes na música popular com a de
Radamés Gnattali:
O nome Choron vem segundo o compositor de „choro para On‟ On é o apelido de sua
filha Gê Cortes) e segundo o próprio compositor a peça é simplesmente um “choro para
contrabaixo e piano”
Considerando a simplicidade com a qual o compositor se refere à interpretação,
procurei pelo estilo e fraseado de mestres do choro como Pixinguinha, Altamiro Carrilho,
24
Garoto e Jacob do Bandolim a fim de trazer o caráter „chorão‟ ao contrabaixo Como a peça
possui muitas repetições do 1o tema, busquei um espírito diferente para cada uma e com
variações rítmicas.
Composta e dedicada para sua filha Gê Cortes, que na infância se apelidava de „On‟ a
peça Praeludius Omnibus Em latim „para On‟)
Sobre a importância das sonoridades graves nesta música, o compositor discorre:
O que significa o contrabaixo são os baixos, não é? Então eu fiz questão de fazer
uma música que não fosse para explorar o virtuosismo de fazer o contrabaixo tocar
como se fosse violino. Não concordo com isso, acho que o baixo é importante
porque ele é o baixo. 14
14
Ver Anexo II
25
Neste momento, a música caminha para sua conclusão que me pareceu ser de caráter
sereno e pleno, contrastando com o sentimento inicial. O timbre mais agudo e definido da 1a
corda é aqui inserido para reforçar ao ouvinte esse contraste de espírito dentro da música, com
a adição de um elemento sonoro até então inexplorado.
15
Ver Anexo II
26
repetidas para dar o efeito de eco (chiaro-scuro), crescendos nas frases ascendentes e
diminuendos nas descendentes, elementos interpretativos comuns na era barroca.
No início da peça, tem-se a indicação de caráter molto marcato (rítmico). Busquei
aqui marcar o ataque das ligaduras desiguais presentes para evidenciar as síncopes para
produzir efeito marcado e percussivo.
Após esta primeira parte enérgica, a música apresenta uma um tema mais lento e
contemplativo, descrito com as palavras menos (molto cantabile). Para se obter o efeito de
contraste com o marcado da primeira parte, procurei aqui emendar o máximo possível o som
das notas através da flexibilidade dos dedos e mão do braço direito para que, ao voltar ao tema
marcado do princípio, a interpretação possa causar mais impacto com a mudança brusca de
ataque de arco.
Parte de uma série de duos para instrumentos de cordas escritos após um período de
crise criativa do compositor, os Duos de Oxósse foram estreados no dia 24 de janeiro de 1985
no auditório do Instituto dos Meninos Cantores de Petrópolis pelos contrabaixistas Tarcísio
José da Silva e Luiz Felipe Klein. Como os duos foram compostos no dia 20 de janeiro do
mesmo ano, dia de São Sebastião, o autor os nomeou segundo a correspondência sincrética
regional deste santo, ou seja, Oxóssi.
O primeiro movimento -andante- é um contraponto lírico entre os dois contrabaixos,
onde as vozes se entrelaçam sem uma definição clara entre quem acompanha e quem é o
solista. O trabalho de grupo foi mais focado em equilibrar as vozes do ponto de vista dinâmico
e tímbrico, para fazer soar claramente as duas partes.
O segundo movimento – moderato - é baseado na exploração tímbrica, com extenso
uso de efeitos como pizzicato-Bártok, glissandos e arco sul ponticello(próximo ao cavalete). A
busca interpretativa dos músicos aqui foi por definir bem os diferentes efeitos sonoros para
que a violência das mudanças tímbricas ficasse mais evidente e sentida pelo ouvinte.
A ligação do autor com a cultura africana 16 é bastante evidente nessa série de três
peças que compõem esses duos, principalmente no ritmo dançante do terceiro movimento –
vivo – que termina com os contrabaixistas tocando o tampo do instrumento como um atabaque
em semicolcheias com acentos sincopados, emulando padrões rítmicos afro-brasileiros.
16
Ver Anexo III
28
3. RELATOS DE EXPERIÊNCIA
3.1 GRAVAÇÕES:
O resultado da microfonação, feita com microfones próximos para não captar ruídos
externos, acabou não me satisfazendo pela diferença entre o som captado e a memória do som
do contrabaixo in loco. A captação do piano, feita no sistema AB, formado por um par com
cápsulas omnidirecionais oktava mk-012 produziu uma captação satisfatória.
Este concerto dentro da série de música de câmara Talentos foi produzido pela Escola
de Música da UFRJ e realizado por alunos do PROMUS.
A captação de áudio foi feita por Eduardo Monteiro e o repertório gravado foi:
VillaniCôrtes – Praeludius Omnibus para contrabaixo e piano; Radamés Gnattali – Canção e
Dança para contrabaixo e piano; Leopoldo Miguez – Impromptu para contrabaixo e piano;
Ernani Aguiar – Duos de Oxósse para dois contrabaixos. Ao piano esteve Stefano Bravo. A
gravação audiovisual desta apresentação foi feita por Felipe Portinho (vídeo) e Eduardo
Monteiro (áudio).
30
Fig. 12. Concerto com a Orquestra Sinfonica de Barra Mansa. Foto Thiago Rocha
O concerto com a Orquestra Sinfônica de Barra Mansa foi uma oportunidade rara de
poder fazer um registro do Concertino 1978 de Ernst Mahle, gravado em apresentação ao vivo
com esta orquestra no Instituto Cultural Municipal de Barra Mansa.
17
Ver Anexo VI
32
A preparação dos músicos foi feita pelo violinista e spalla da orquestra Ramon
Feitosa.
A microfonação, pensada pelo técnico Caio Cesar Loures e montada por mim, foi feita
usando um gravador de campo Zoom F8 em 3 canais:
-Par de microfones estéreo Oktava mk – 012 com capsulas omnidirecionais em padrão
AB afastado 2,5 metros entre eles para a captação geral da orquestra.
-Microfone cardioide Sanken CU-55 para o contrabaixo solista.
A penúltima seção de gravação foi realizada nas condições controladas de estúdio que,
apesar da pouca reverberação natural do ambiente, naturalmente imprescindível para a
audição da música de concerto, proporciona o silêncio fundamental para eventuais cortes e
edições necessárias para a obtenção de registro sonoro possivelmente sem erros de execução.
Fator decisivo para a escolha deste estúdio foi a qualidade do piano, um Yamaha C9
de cauda inteira, de excelente sonoridade e mecânica.
Foi a sessão mais longa de todas, durando um total de 17 horas. Trabalhei com o
engenheiro de som Clement Zular na mixagem das obras gravadas anteriormente e na
gravação das peças solo. O repertorio gravado nesse dia foi: Villani-Cortes – Ponteio, Claudio
Santoro – Fantasia Sulamerica e Lino Jose Nunes – Lições 2 e 4.
O microfone próximo ao baixo utilizado foi o Sanken-55, além de um par estéreo
BRUEL & KJAER 4006 mais afastado para captar a sala.
2. Arco em pau-brasil e prata 39 gramas modelo “top” fabricado por Daniel Romeu
Lombardi (SP).
3. Arco clássico de autor desconhecido feito em pau-cobra para as lições de Lino José
Nunes.
Para mim a forma de captação que mostrou com maior fidelidade o som que desejo
alcançar (ou que esperava ouvir) foi a última, com ângulo de 45º em relação ao solo a 160 cm
de altura apontando para o F do instrumento distando entre 100 a 120 centímetros do f do
instrumento, dependendo das condições da sala. Talvez essa forma de captação me tenha
parecido ideal por emular de forma espelhada a relação de distância que existe entre o ouvido
do contrabaixista e o f do instrumento, referência natural sobre a qual nós contrabaixistas
construímos nosso som. Essa é uma percepção subjetiva, baseada somente no timbre sonoro
que me foi mais agradável no resultado natural da gravação.
A desvantagem desta posição, constatada durante a edição, é a maior quantidade de
sons de respiração captados pelo microfone, forçando o intérprete a controlar e acalmar a
respiração se quiser evitar esses ruídos.
38
4. CONIDERAÇÕES FINAIS
O processo que envolveu a pesquisa, aulas, ensaios em grupo, gravação e edição foi
extremamente benéfico para meu desenvolvimento como intérprete.
A pesquisa ajudou imensamente na construção das performances, criando referencias e
conceitos que guiaram as escolhas interpretativas e objetivos musicais novos. Os objetivos
interpretativos que as pesquisas históricas indicam
As aulas pontuais foram essenciais para a concretização do projeto, pois focaram em aspectos
práticos da elaboração do produto artístico, lidando com assuntos para mim inéditos como:
Direito autoral, Psicoacústica, Estudo Metodológico entre outros, dando-me ferramentas
práticas para ser um músico mais adaptado ao meio musical contemporâneo.
O processo de gravação foi de grande ajuda para o desenvolvimento da percepção
sobre meu próprio som, pois me colocou no lugar do ouvinte. Daí pude perceber com mais
clareza a diferença entre intenções que tinha ao tocar e como elas reverberavam desde uma
perspectiva externa. Colocando-me no lugar de professor, pude analisar e melhorar pontos
específicos como afinação e fraseado para chegar gradualmente a um resultado cada vez mais
consciente na minha performance que, creio eu, sem o uso da tecnologia de registro sonoro
seria mais difícil.
Na edição, pude comparar as diferentes acústicas e posicionamento de microfones. A
diferença entre as acústicas mostrou o caminho e tipo de gravação que irei seguir daqui em
diante. Depois da experiência de ter gravado em diferentes ambientes sonoros, entre grandes
auditórios e o ambiente seco e controlado do estúdio, cheguei às seguintes conclusões:
- O jeito de tocar é diferente nos dois ambientes. Percebi que no estúdio é melhor buscar um
timbre doce, com ataques suaves de arco, enquanto as salas reverberantes exigem um toque
mais ríspido e articulado.
- Durante esse processo, descobri que o tipo de gravação que me pareceu mais adequado para
a interpretação e o timbre que busco extrair do instrumento é o de salas amplas, com maior
reverberação, com maior destaque para os microfones afastados, captando a sala como um
todo para filtrar ruídos indesejados de ataques de arco e valorizar a relação instrumentista-
sala. O problema neste caso é conseguir uma sala grande, com agradável reverberação e que
tenha bom isolamento acústico.
- Não existe timbre ou posição ideal para microfonar o contrabaixo. Corresponder às
expectativas sonoras do instrumentista requer diferentes posicionamentos e tipos de
40
microfones segundo o gosto de cada músico. Por isso convido aqui todos os cantores e
instrumentistas acústicos a experimentarem com o maior número possível de captações
diferentes, pois o controle de timbre que este conhecimento propicia também é um meio de
expressividade, principalmente no contexto contemporâneo da difusão musical.
41
5. COLABORADORES:
Stefano Bravo (Piano) - Iniciou seus estudos com Rodrigo Balloussier, sendo posteriormente
orientado por Marcelo Verzoni a partir de seu ingresso na Escola de Música da UFRJ, em
2013. Tendo se dedicado sobretudo às atividades da própria faculdade, destacando-se em
master classes e recitais de alunos sua participação com a Orquestra Sinfônica da Escola de
Música na primeira montagem da ópera O Diletante, de João Guilherme Ripper, iniciou no
último ano sua participação em concursos, tendo sido premiado com o terceiro lugar no 23º
concurso Abrão Calil Neto, de Ituiutaba, em outubro de 2016, e também no I Concurso
Nacional de Piano recentemente realizado na Escola de Música Villa-Lobos, e tendo também
participado,em 2016, do IV Concurso Internacional Piana de Cavaliere [Arsoli (RM), Itália],
onde recebeu o inusitado Prêmio Simpatia. Mais recentemente, foi aceito como candidato no
IX Concurso Internacional María Clara Cullell, na Costa Rica.
Leonardo David (Regência): Iniciou seus estudos musicais aos sete anos, em um projeto
musical do SESI-ES. Foi aluno dos professores Carmelita Reis (RJ), Edson Queiroz de
Andrade (MG), e na classe do Prof. Hariton Nathanailidis graduou-se Bacharel em Música -
Habilitação em Violino. Foi professor de violino da Faculdade de Música do ES de 2001 a
2008. É Maestro titular e diretor artístico da Orquestra de Câmara Camerata SESI-ES e Coro
do SESI-ES e Maestro Adjunto na Orquestra Sinfônica do Espírito Santo. Foi o fundador e
regente da orquestra camerata jovem da Faculdade de Música do ES, com a qual realizou
diversas apresentações pelo Espírito Santo, São Paulo e Minas Gerais. É regente e
coordenador dos coros e orquestra da IEBV.
Ramon Feitosa (Violino e Regência): Bacharel em violino pela UFPB e Mestre pelo
PROMUS – UFRJ, iniciou seus estudos aos sete anos no Centro Musical Suzuki. Como seus
principais professores de violino, contou com a orientação de Ademar Rocha e Daniel
Guedes. Como camerista, vem tocando ao lado de importantes músicos como Fabio
Presgrave, Alexandre Razera, Horacio Schaefer, Heleno Feitosa, John MacGrosso, Daniel
Khalikov, Marcio Malard, Yerko Tabilo, entre outros. Desde 2014 atua também como
violista. Em 2019 atuou como diretor pedagógico e coordenador geral do Festival
internacional de Música de Barra Mansa. Atualmente é spalla da Orquestra Sinfônica de Barra
Mansa, professor do Projeto Música nas Escolas, violinista no Quarteto da Guanabara e atua
frequentemente como solista.
Orquestra Sinfônica da UFRJ – Violinos: Marco Catto, Andreia Carizzi, Felipe Prazeres,
Fabio Peixoto, André Bukowitz, Angélica Alves, Her Agapito, Inah Pena, Kelly Davis,
43
Marília Aguiar, Mauro Rufino, Talita Vieira e Ricardo Coimbra. Violas: Thaís Mendes, Rúbia
Siqueira, esse Pereira, Ivan Zandonade, Francisco Pestana, Cecília Mendes. Violoncelos:
Ricardo Santoro, Paulo Santoro, Mateus Ceccato, Marzia Miglietta, João Bustamante,
Tarcísio Silva e Rodrigo Favaro. Oboés: Leandro Finotti, Thiago Neves, Pierre Descaves,
Juliana Bravim. Clarinetes: Igor Carvalho, Gabriel Peter, Márcio Costa. Fagotes: Pedro Paulo
Parreiras, Paulo Andrade, Mauro Ávila. Trompas: Mateus Lisboa, Gilieder Verissimo, Tiago
Carneiro, Sérgio Motta. Trombone: Everson Moraes. Percussão: Tiago Calderano, Pedro
Moita.
Orquestra Sinfônica de Barra Mansa - Primeiro Violino: Olga Galeano, Ramon Feitosa,
Isaque Andrade, Jorge Oliveira, Lucas Santana, Luís Oliveira Marcos, Vinícius Mateus
Soares, Taira Lima, Wesley Ramon. Segundo Violino: Elizeu Moreira, Alisson da Cruz,
Aléxia Freitas, Ataly Odara, Elioenai Seabra, Gabriel Carmo, Kimberly Alves, Mariana
Oliveira, Rosélia Marinho, João Marques. Viola: Adlas Gabriel, Gutemberg Mamedes, Mikil
Francis, Patrícia Souza, Marinara Bogado, Nícolas Dias, Patrick Almeida, Sheila Dias.
Violoncello: Priscila Assumpção, Bárbara Mitrof, Douglas Lara, Guilherme Aguiar, Jéssica
Faria, Jouseane Valvano, Luis Fernando Lopes, Michele Medeiros, Raiane da Silva, Suzana
Dias. Contrabaixo, Johnny Lamim, Amanda Karen, Caio Vinícius, Clarice Roberta, Michel
Lamim, Nathália Silva, Silvano Guimarães, Bernardo.
44
REFERÊNCIAS
BARLETT Bruce, BARLETT Jenny. Recording Music on Location. Ed. Focal Press,
2006
BERANEK Leo. Concert Halls and Opera Houses: Music, Acoustics, and
Architecture. Ed. Springer, 1996
BERANEK Leo, MELLOW Tim. Acoustics: Sound Fields, Transducers and Vibration.
Ed. Academic Press, 2019.
KING Richard. Recording Orchestra and Other Classical Music Ensembles. Ed.
Routledge, 2016
LANGNES Cato. New recording techniques for solo double bass. Oslo, 2014
45
MARIZ, Vasco. História da Música no Brasil. 6ª Ed. Ampliada, Rio de Janeiro, 2005
MEYER Jürgen. Acoustics and the Performance of Music. Ed. Springer 2004
NEVES, José Maria. Música Contemporânea Brasileira. Ed. Contra Capa, 2008
RAY, Sonia. Catálogo de obras brasileiras para contrabaixo. São Paulo. Annablume
FAPESP, 1996
ROEDERER, Juan. The Physics and Psychophysics of Music. Ed. Springer, 2008
ZORZAL, Ricieli Carlini. Dez estudos para violão de Radamés Gnattali: estilos
musicais e propostas técnico-interpretativas. UFBA 2005
Artigos:
BORÉM, Fausto; TAGLIANETTI Ana. Construção de uma performance cênica para as três
modinhas imperiais de Lino José Nunes (1789-1847). Opus, v. 22, n. 2, p. 193-215, dez.
2016.
46
Partituras publicadas:
FICARELLI, Mario. Dois estudos para dois contrabaixos. São Paulo, 1969. Editora
Novas Metas.
VILLANI-C RTES E Ponteio. São Paulo, 2012. Edição Eletrônica do próprio autor.
Partituras Manuscritas:
MAHLE, Ernst. Sonatina. Piracicaba, 1975. Manuscrito cedido por Sandrino Santoro
NUNES, Lino José. Methodo pratico ou Estudos complettos para o contrabaxo. Manuscrito
cedido por André Cardoso
Sites:
Vídeos:
1. Introdução
Nesse estudo, pretende-se analisar as escolhas curatoriais das direções artísticas das
principais orquestras sinfônicas e de ópera do Brasil e Itália comparando em
assiduidade de execução de obras nas seguintes categorias: Obras Nacionais, Obras
Nacionais Contemporâneas, Obras Internacionais, Obras Internacionais
Contemporâneas.
Como instituições mais importantes de ópera e música sinfônica de cada país foram
escolhidos os grupos musicais que recebem maior montante de investimentos do estado
e, portanto, representam a politica oficial no que se refere à música clássica.
No Brasil analisou-se a OSESP e a Orquestra do Theatro Municipal de São Paulo.
Na Itália a Accademia Nazionale di Santa Cecilia de Roma e a Orquestra do Teatro alla
Scala de Milão.
2. Objetivos
3.Critérios
49
Não se faz distinção de tamanho para se contar cada peça musical. Uma ópera de 5
horas tem o mesmo valor de uma peça orquestral curta. Isso faz com que, naturalmente,
orquestras especializadas em repertório sinfônico apresentem maior quantidade total de
peças por temporada.
89%
83%
Repertório 2018-2019
Accademia di S. Cecilia
1% 3%1%
95%
2%
70%
5. Dados Gerais
88%
Nacional Internacional
Obras contemporâneas: 32
91%
Contemporânea Tradicional
6. Conclusão
A partir da análise dos gráficos e porcentagens pode-se afirmar que, apesar das
diferenças de cada orquestra, a música internacional e tradicional ocupa lugar de
imenso destaque em todas elas, enquanto a apresentação de obras nacionais e
contemporâneas ocupam, no máximo, 30% do total (Alla Scalla).
7. Bibliografia e fontes
56
http://www.santacecilia.it/file_gallery/Stagione_Sinfonica_2018-19.pdf
http://www.santacecilia.it/concerti_e_biglietti/index.html
http://www.teatroallascala.org/it/stagione/2018-2019/index.html
http://www.osesp.art.br/concertoseingressos/programacao.aspx
https://theatromunicipal.org.br/pt-br/programacao/
57
Villani-Côrtes: ”Não fala o sobrenome que você vai falar só na hora do improviso”
Entrevistador: “Você me disse na outra vez que seu impulso primordial para compor
foi o de ouvir uma música que não existe, ou seja, você queria ouvir alguma coisa, mas
aquilo não necessariamente existia. Como é o processo compositivo para você? O que
você diria que é seu moto inicial para compor? “
Villani-Côrtes: “Sintetizando pois agora já se passou muito tempo que eu comecei
originalmente a me dedicar a música, não comecei a estudar cedo. E a maioria dos
músicos que conseguiram algum sucesso, principalmente na composição, são gênios
que com cinco, seis anos de idade já o eram. Então, citando Mozart, Betthoven, Chopin
e mesmo os atuais, é tudo gente que começou cedo. E eu não comecei cedo, então estou
distante desse grupo, desse padrão. Eu realmente passei a me dedicar um pouco mais à
música e resolvi encarar a música como objetivo final da minha vida nos meus dezoito
anos de idade mais ou menos. Mas eu já tocava cavaquinho, violão, de ouvido mesmo a
partir dos meus dez anos de idade. O que acontecia comigo em relação à música? Eu
via, por exemplo, um dia bonito, florido, com sol, aquela alegria. Um poeta ele
naturalmente faz uma poesia para descrever aquilo. E eu não encontrava palavras para
descrever isso. Eu gostava, quando era menino e era muito franzino e leve, de subir em
árvores, de correr, de fazer essas coisas assim. Quando anunciava a tempestade, eu era
menino e começava aqueles trovões e tudo, havia uma goiabeira no quintal da minha
casa, e eu adorava subir naquela goiabeira e ficar balançando no meio daquela ventania.
Vendo aquela coisa, achava aquilo uma maravilha. Minha mãe ficava louca da vida
com o perigo de eu ser queimado até por um raio. E quando eu via nuvens bonitas, eu
adoro essas coisas da natureza, eu não tinha palavras para descrever isso e descobri que
determinadas musicas que eu ouvia me passavam aquela sensação daquela impressão
que eu tinha quando me ligava a esses fenômenos. Então eu descobri que a música era
58
Villani-Côrtes: “isso daí a culpada e responsável de tudo é a Gê C rtes que é minha filha e
que se interessou. Ela começou a estudar um pouco de piano, depois violão, depois ela falou
que queria tocar contrabaixo. E como ela era uma mocinha miúda e eu falei: „mas você não
quer estudar violoncelo que é mais adaptável para você ?‟ ela falou: ‟ não eu quero é tocar
contrabaixo!‟ então ela escolheu o contrabaixo mesmo Eu falei com ela: ` É o seguinte Gê
você está estudando um pouquinho de violão, então você vai treinando fazer uns baixos no
violão e quando você estiver fazendo uns baixos no violão eu compro um contrabaixo para
você ‟ E naquela época ela ficava ouvindo as músicas e prestando atenção nos contrabaixos e
aí ela sabia fazer os baixos de todas as músicas que tocavam no rádio. E logo que ela
começou a se desenvolver no contrabaixo e a estudar contrabaixo e dedicar, eu então escrevi
uma música que chamei de Praeludius Omnibus. Essa palavra omnibus em latim significa
„para todos‟ tanto que tem o nibus de carro que todo mundo pega Mas esse nibus que eu
coloquei aí não é o Omnibus que é „para todos‟ em latim É Onnibus quer dizer um prelúdio
para On porque a própria Gê se intitulava de On Ela dizia „On quer fazer isso, On quer fazer
aquilo „ não sei porque ela tinha essa coisa com On. Então eu fiz essa peça, e fiz questão
também de explorar o contrabaixo como contrabaixo. Porque às vezes eu via as pessoas
falarem: „ As peças do ‟ não vou citar o nome que não lembro bem, um compositor para
contrabaixo que é citado considerado o Paganini do contrabaixo ”
Entrevistador: “Bottesini “
Villani: “Acho que é o Koussevitzky nas peças dele e tal Mas ele fica querendo fazer
do baixo um violino. Não, o que significa o contrabaixo são os baixos. Então eu fiz
questão de fazer uma música que não fosse para explorar o virtuosismo de fazer o
59
contrabaixo tocar como se fosse um violino. Não concordo com isso, acho que o baixo
é importante porque ele é o baixo. Tem uma frase de Beethoven muito importante.
Perguntaram a ele a respeito da existência de Deus, não é? Então Beethoven respondeu:
„Deus é como o baixo profundo nele não se mexe!‟ Ou seja o baixo profundo a nota
grave que vai ter como resultante de harmônicos outras notas e que é a base da estrutura
de toda música é o grave do contrabaixo. E quando eu estava fazendo um mestrado no
Rio orientado pelo Henrique Morelembaum, ele me comentou também uma coisa muito
importante: me falou que um maestro famoso dizia que o segredo da sonoridade da
orquestra está nos contrabaixos. Quando os contrabaixos são firmes e afinados e
seguros, os harmônicos que são oriundos daquele baixo fundamental é que fazem a
orquestra ter um brilho que a pessoa às vezes não sabe explicar. Então eu pensei em
todas essas coisas assim e fiz essa peça chamada Praeludius Omnibus. E que no fim ela
termina inclusive com você invertendo o arco, para mostrar uma coisa que é
contrabaixo. Só o contrabaixo pode fazer isso, entendeu? Então eu acho muito
importante a pessoa, sei lá, explorar o instrumento na natureza dele. Então essa peça o
Praeludius Omnibus é assim, ela explora uma região que é o contrabaixo mesmo. A
pessoa não é obrigada a fazer ” E vocaliza em falsete “ e fazer um agudíssimo lá pra
dizer que ele tem aquilo ali Isso é exibicionismo não é musicalidade”
O entrevistador pergunta sobre a gênese da peça Choron
Villani: “Como eu fiz o Praeludius omnibus para a Gê então eu fiz um choro para a
On, então chamei de Choron. Outras pessoas que me perguntam porque chamei de
choron acham que choron é porque é um choro grande ou alguma coisa assim, Mas não
é isso. Choron é porque é um choro para On. E esse choro é um choro para contrabaixo
e piano com as características, cada qual tem a sua característica, cada um tem os seus
efeitos. No fim tem umas cordas duplas que são um pouco mais virtuosísticas e etc.
Assim é um choro”
Entrevistador: “Sem mais é apenas um choro que você “
Villani: “ que eu fiz para a Gê também Inclusive eu tenho uma versão disso com
orquestra. Na época a Gê estreou esse choro com a Jazz Sinfônica, uma versão que eu
tenho para a Jazz Sinfônica e é difícil orquestrar para contrabaixo e orquestra porque,
como o baixo faz as fundamentais, então para sobressair o instrumento é um trabalho
bem difícil de fazer, mas acho que soa legal. É importante o Choron também, tem uma
60
gravação muito bonita feita pelo Milton Masciadri, ele gravou uma gravação muito
bem feita, muito bonita.
Entrevistador: “E em relação à Melodia para Luciana? “
Villani: “A Melodia para Luciana é uma História muito curiosa No ano dois mil e
poucos um grupo chamado grupo Aum, liderado pela Arlete Tirone, que é uma pianista,
eles gravaram um cd com coisas minhas. E nessa época a filha da Arlete que é a
Luciana, ela cuidava muito da propaganda do grupo e tudo, tirava fotos e tal e tudo, até
hoje ela se dedica a fotografia não é? E ela estava estudando contrabaixo. Estudando
violoncelo, estudando violoncelo! Então eu não sei se ela me pediu ou que eu resolvi
fazer. Fiz uma melodia para ela, para ela tocar no violoncelo e pensei na primeira
posição só, uma coisa bem simples e tudo. E a Luciana nunca tocou isso porque ela
começou a estudar e não se dedicou e tudo, e ficou aquela música ali. Uma peça para
violoncelo e piano, parada. Então eu encontrei nos corredores da ULM, que hoje
chama EMESP encontrei com o Raiff e falei „Raiff eu tenho uma peça lá que é bem
simples, só primeira posição e tudo. Você não quer ficar com ela aí para dar para algum
aluno? Então eu dei a peça para ele, era mais ou menos meados do ano, devia ser
setembro, alguma coisa assim, agosto sei lá. Então quando chegou no fim do ano o
Raiff me convidou para ir assistir uma apresentação que eles tinham de um trio, que
tinha piano, cello e violino. Um trio muito bonito que tocou, com o Ênio Antunes de
violino, o Raiff de violoncelo e o Paulo... não me lembro o sobrenome dele, agora me
falhou. Que absurdo, mas tudo bem depois eu lembro. Era um ótimo pianista, pianista
maravilhoso. Pessoal tocou e tudo. E depois que eles tocaram essa música, o Raiff
tocou uma música com cello e piano muito bonita, muito simples, todo mundo aplaudiu
muito eu achei muito bonito Era essa música Melodia para Luciana Eu falei „Ué não
sabia que essa música soava bem assim e tudo. Então o contrabaixista do grupo Aum da
Arlete se interessou pela música também, então eu fiz uma versão para contrabaixo e
piano, que aliás eu não mudei nota nenhuma, é só você tocar aquilo no contrabaixo e
pronto. E essa música ficou assim uma música curiosa, todo mundo ouve e gosta. É
bem simples, que eu fiz assim despretensiosamente, e soa muito bonito no contrabaixo
porque explora a região grave do instrumento também não é?”
O compositor discorre sobre sua peça Ponteio:
“O ponteio foi feito para baixo mesmo com intenção Eu fiz porque tinha um duo de
violão e contrabaixo que toca as minhas músicas. Então como eles iam gravar um CD,
61
não sei no que que deu, se gravaram ou não gravaram, como ficou isso. Um duo muito
bom, não é? E como nesse CD tinha uma peça para violão solo eu fiz uma peça para
baixo solo também, que foi esse ponteio. Mas eles acabara não gravando o CD e depois
eu não tive um contato mais estreito com eles e ficou. A Gê também estreou esse
ponteio, ela que me ajudou a ver as arcadas, essas coisas desse tipo. Eu fiz o ponteio
para baixo solo porque eu vejo por exemplo que o pessoal toca toda hora,
principalmente eles tocam aquele prelúdio solo de Bach que todo mundo toca. Então eu
falei, bom tem essa peça que todo mundo toca, então vou fazer para o contrabaixo uma
peça que os baixistas vão ter que trabalhar um pouquinho mais para tocar e tudo, não é?
Então eu fiz com essa intenção, procurando usar sempre umas coisas que são um pouco
características da nossa música Um pouco mais de sincopado as acentuações vão ser”
e demonstra cantando “ desencontrar um pouquinho não é as acentuações E explorar
harmonicamente um pouco mais o instrumento, a intenção foi essa. Agora está nas
mãos dos intérpretes é isso aí!”
Villani-Côrtes agora se senta ao piano e fala sobre seu processo compositivo inicial:
“Quando eu comecei a estudar piano e quando eu tive a oportunidade de ter um piano e
experimentar algumas coisas, eu achava assim que o que às vezes é chamado como
música clássica fica, às vezes, muito restrito àqueles encadeamentos oficiais. Tipo
primeiro quarto quinto primeiro Essa coisas assim” e demonstra os encadeamentos
ao piano “Então a primeira coisa que a primeira faz para tocar se estou em dó maior
então é um acorde de dó maior mesmo “ e demonstra um trecho musical em dó maior
com tríades simples “ Então eu acho que isso era meio simples e eu gostava muito de
ficar explorando uns sons assim” e toca uma harmonia com acordes alterados “ Eu
gostava desses sons assim usando uns acordes de sétima maior, umas nonas menores e
tudo. Então, um dos primeiros prelúdios que eu fiz ele é assim, ó. É todo, ao invés de
ser: “e toca uma sequência harm nica simples “ que é fá Eu então procurei explorar
assim: “ E toca a mesma sequência com os acordes alterados “ não é? Então um dos
primeiros prelúdios é assim ó ” E toca seu Prelúdio número 4 “Bom agora então
vamos fazer assim: vem aqui e me fala seu nome aqui perto de mim. E vamos ver o que
acontece ”
O entrevistador: “Meu nome é Vinicius Frate Paranhos ”
Villani: “Então vamos ver o que pode acontecer Então seria ta-ta-ra, ta-ra, ta-ta-ra.
Vamos tentar fazer sonoramente alguma coisa assim ”
62
Anexo III: Entrevista com Ernani Aguiar, realizada por telefone em setembro de
2018
“Eu fiquei um longo período sem compor (um ano e meio). Tive uma crise estética, aí
depois até conversei com o Leonardo Boff, meu amigo, e ele falou: -„não não se
preocupa com isso, daqui a pouco volta tudo ao normal`. E eu comecei a escrever duos.
Escrevi oito para violino, assim, duetos, não é?
Oito para violino, seis para viola, seis para violoncelo. E para contrabaixo eu fiz três,
mas três como se fossem um ligado ao outro. Na série de violino, violoncelo, viola cada
qual tocava dois, escolhia à vontade. O de contrabaixo não, é uma seriezinha dos três. E
foi engraçado que dois de violino, dois da viola, dois do violoncelo e os três do
contrabaixo estrearam no mesmo dia: vinte e quatro de janeiro de oitenta e cinco no
auditório dos Canarinhos de Petrópolis. Quem tocou foi o Luiz Felipe Klein e o
Tarcisio José da Silva. Depois o Fausto Borém fez uma revisão que o negócio tava
meio ruim. Agora, porque chamo de Oxósse? Porque eu compus no dia vinte de janeiro
de oitenta e cinco, e vinte de janeiro é são Sebastião, e é Oxósse. Minha ligação com a
música africana, afro-brasileira é grande Tem aqueles meus „Cantos Sacros para
Orixás` que cada vez que apresenta da uma merda desgraçada com os crentes não é? Se
tivesse inquisição crente eu estava na fogueira. Mas fora isso foi uma coisa foi uma
coisa bem despretensiosa, uma coisa bem tranquila, sem nenhum interesse. Quis dar
minha contribuição modesta para o contrabaixo que é o instrumento que , se faltar na
orquestra, a orquestra fica sem pé, sem base. Não pode ter orquestra sem contrabaixo.
O entrevistador: Você compôs essa música para o evento, ou porquê estava com
necessidade de compor mesmo?”
Ernani: “Não! Quis fazer para violino viola violoncelo e bom para contrabaixo
também, não é?. Estreou tudo no mesmo dia, as últimas escritas foram as de
contrabaixo eu como tinha o vinte de janeiro mandei ver as três lá não é?“
Entrevistador: “Vinte de Janeiro então é o que deu o nome Oxósse às peças ”
Ernani ri.
Entrevistador:” tem algum jeito ou som que você admira do contrabaixo que você
gosta de ouvir dele?”
64
Ernani: “O contrabaixo é um instrumento muito rico você sabe disso melhor do que
eu. O agudo do contrabaixo é espetacular, o grave é substancial. Aquela história: o
contrabaixo é a base da orquestra “
Anexo IV: Entrevista com Ernst e Cidinha Mahle, texto recebido por email em
dezessete de junho de 2019.
De início foi de escrever para alunos, a fim de que eles tivessem estímulo, para
continuar seus estudos; depois foi para ter obras para os Concursos Jovens
Instrumentistas, realizados de 1971 a 2001, na EMPEM, depois atendendo a pedidos,
até chegar ao Concerto para contrabaixo, dedicado ao Antonio Arzolla, nossos ex-
aluno.
66
3- Conselho: gostar de tocar e descobrir que é bom ter peças para tocar, originais , para
o instrumento. Considerações: o Mahle pediu para que eu digitasse, mas tudo isso ele
falou para mim-não há nenhuma invenção, de minha parte, não ditou. É QUE ELE
GOSTA MAIS... É DE ESCREVER MÚSICA... e conta comigo para a
correspondência, mesmo não sendo uma boa digitadora...
Lembranças nossas.
Cidinha Mahle ”
67
Entrevistador: “Maestro você estreou aquela versão para cordas da Canção e Dança
do Gnattali”
Sandrino Santoro: “Isso “
Entrevistador: “Como que ele te conheceu o Gnattali? Como ele soube quem você
era?” Sandrino: “Bom eu na época fazia o mestrado também em contrabaixo. Então o
programa era difícil, eram quatro recitais que a pessoa tinha que fazer, eram dois por
ano com músicas diferentes: musica não brasileira e música brasileira. Então em oitenta
e dois, em agosto, eu encontrei a canção e dança, só que eu tinha somente a parte de
piano, que ela foi escrita, o Radamés escreveu a canção para o pai dele e a dança para o
Antonio Leopardi. Bom, aí eu precisava tocar isso com orquestra, e ai eu disse:
caramba, como é que vou fazer? Então fui procura-lo não e?“
Entrevistador: “Pessoalmente ”
Sandrino: “ é Fui ate a casa dele que não me lembro onde morava e aí eu falei „
maestro, precisava que o senhor fizesse por gentileza uma orquestração para a canção e
dança‟ Aí ele: „ Não posso porque estou ocupado!‟ Eu digo: „ Por favor precisaria
isso daqui a algum ‟ „Não não posso ‟ Muito bem e então deixei meu telefone com
ele Depois de três ou quatro dias ele me telefona e diz „Sandrino olha já está pronta a
parte de orquestra‟ Tudo bem eu aí mostrei para o Maestro Nelson Nilo Haack e a
gente fez ensaio e tocamos essa obra com a presença dele. Isso foi agosto me parece, de
oitenta e dois. Dois de agosto de oitenta e dois. Com a presença dele não foi fácil tocar.
Errei algumas coisas mas no final fomos até o final, muito aplauso e tal, e aí eu cheguei
perto dele: „E aí Maestro o que o senhor achou?‟ „É foi bom‟ Mas nada assim de
meus „parabéns por você ter tocado‟ não é? É foi bom foi bom e aí ficou Então essa
peça depois, essa Canção e Dança teve concurso com o MEC me parece e ele
imprimiram essa música. E o muno inteiro tomou conhecimento dessa peça para piano,
e a parte de solo do contrabaixo que não tinha. Mas um aluno meu, o Jorginho, Jorge
Soares fez muito bem. Naturalmente sempre aparece algum errinho e tal, mas foi tudo
bem. Eu sei que muita gente toca essa música porque ela é muito boa, tanto a Canção
quanto a Dança. Então é isso aí Vinicius, você também fez essa música. Não sei o que
você achou também, se estava dentro do teu programa da tua cabeça, do teu coração.
68
Porque quando a gente toca, as músicas mexem com a gente, não é? Mexe com os
ouvidos, mexe com a cabeça, mexe com o coração enfim, mexe com uma porção de
coisas “
Entrevistador: “Cada vez que a gente toca a gente sente alguma coisa, diferente às
vezes “
Sandrino: Foi na Escola de Música (da UFRJ), no Leopoldo Miguêz, na sala grande.
Naturalmente que no contrabaixo sempre fica difícil de você tocar num salão daquele
com orquestra. Mas eu tinha, eu tenho essa gravação, mas é em fita cassete, teria que
passar para um
CD para alguma coisa para ouvir Ouvir se está bom se está ruim os erros ” E ri “
Enfim “ Entrevistador: “E o Radamés? Qual era relação do Radamés com o
contrabaixo na sua opinião?“
Sandrino: “Olha ele era fanático pelo contrabaixo. Só que ele gostava realmente era
do Vidal. O Vidal era um colega meu da Rádio MEC, da rádio ministério, onde ele
tocou o trio para piano contrabaixo e bateria“
O entrevistador tenta lembrar o nome da peça, sem sucesso. Presumivelmente o
Concerto Carioca No 2.
Sandrino: De qualquer maneira o Vidal tocava muito com ele. Porque o Radamés era
um monstrinho tocando piano. Aliás, tudo dele é bonito, não é? Tem peças para flauta,
sonatas para flauta maravilhosas. Meu sobrinho, sobrinho da minha esposa que toca
flauta tocou a obra do Radamés Então é um compositor de alto nível ”
Entrevistador: “como é que você acha que ele via o contrabaixo?“
Música e foi meu primeiro professor também, estudei um ano e meio com ele, depois
veio a falecer. Leopardi tocava muito bem também, mas eram poucos, então, os
contrabaixistas da época...tocar acima da metade do instrumento era uma coisa horrível.
Hoje não hoje tem contrabaixistas “
Entrevistador: “ que só sabe tocar às vezes depois da segunda metade do
instrumento, esqueceu como toca o grave
Anexo VI:
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99
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101
102
103
104
105
106
Capa:
107
Disco:
108
Contracapa:
109
Lista de QR Codes
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