SILVA, Ana Celia - Represent Negro No Livr Didático - o Q Mudou
SILVA, Ana Celia - Represent Negro No Livr Didático - o Q Mudou
SILVA, Ana Celia - Represent Negro No Livr Didático - o Q Mudou
Introdução
Esse trabalho teve como objetivo investigar a
existência de transformações na representação social
do negro no livro didático de Língua Portuguesa de
séries iniciais e os fatores que determinaram essas
transformações, nos anos 90.
Parti da hipótese de que os diversos trabalhos
críticos-construtivos desenvolvidos sobre o livro
didático nas duas últimas décadas, influenciaram
ilustradores e autores dos livros, determinando
mudanças significativas na representação do negro.
É importante para a interpretação da transformação
da representação social do negro, a compreensão do
conceito de representação social, sua função e as
condições de suas produção. Apesar das
representações sociais constituírem-se em entidades
quase tangíveis, que se cruzam e se cristalizam
através da fala, do gesto, no nosso universo
cotidiano, existe uma dificuldade de apreensão desse
conceito devido a sua posição “mista”, situada na
encruzilhada de uma série de conceitos sociológicos
e psicológicos e às divergências de tratamento do
seu objeto (Moscovici, 1978). Nos aproximamos da
noção de representação “quando precisamos sua
natureza de processo psíquico capaz de tornar
familiar, situar e tornar presente em nosso
universo interior o que se encontra a uma certa
distância de nós, o que está de certo modo ausente”
(Moscovici, id, p. 62-63).
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1
BRAGANÇA, Angiolina/ CARPANEDA, Isabela. Porta de
papel alfabetização/cartilha, edição renovada, São Paulo 1994;
BRAGANÇA at all. Porta de papel, 2ª série, São Paulo, 1993;
BRAGANÇA at all. Porta de papel, 4ª série, edição renovada,
São Paulo, 1996; BRAGANÇA, at all. Viva vida, 4ª série, São
Paulo, 1994; AZEVADO, Dirce Guedes de. Festa das palavras,
livro 1, São Paulo, 1992.
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Considerações finais
Procurei nessa pesquisa refletir sobre os
determinantes das transformações identificadas na
representação social do negro no livro didático. A
identificação da convivência como principal
determinante de transformação da representação
estigmatizada, é de grande importância no trabalho
de formação dos professores. Aí as diferenças
culturais e fenotípicas poderão ser vistas sem
desigualdades e hierarquias, permitindo através do
contato diário, do diálogo, das experiências comuns
cotidianas, da luta do dia-a-dia, o reconhecimento do
real concreto daqueles que o estigma transformou
em nosso “outros”.
Os demais determinantes tornaram evidentes a
contribuição do Movimento Negro e de estudiosos
da academia para a multiplicação de temas não
instituídos ainda nos currículos brasileiros.
Por outro lado, acredito ser necessário que na
formação dos professores estejam presentes, além
dos estudos sobre desigualdade, exclusão e inclusão,
os estudos antropológicos da origem do homem, das
ideologias do recalque, do etnocentrismo e da
relativização, bem como o processo histórico
civilizatório dos diferentes grupos que constituem a
nação, para desconstruir as diversas ideologias que
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Referências bibliográficas
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país de negros? Rio de Janeiro: Pallas, Salvador:
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São Paulo: um estudo das relações raciais. São
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Louro. Rio de Janeiro: D&A, 1997.
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