Caderno de Doutrina e Questões
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
AVISO IMPORTANTE
O material será disponibilizado com os dados pessoais do participante, em área de acesso restrita. O
compartilhamento indevido de materiais da PREPARAÇÃO EXTENSIVA DELEGADO DE POLÍCIA – TURMA 7
ensejará a interrupção imediata do serviço, bem como adoção das medidas cabíveis.
O principal material da nossa preparação é o e-book dividido em metas com doutrina e questões
sobre o tema. Este material será disponibilizado na nossa plataforma sempre aos finais de semana para que
vocês possam utilizá-lo ao longo da semana.
1- E-book de doutrina e questões - Este e-book é dividido em metas, que correspondem aos
dias da semana em que o aluno deve cumprir. No início de cada meta, disponibilizamos os artigos
relacionados ao tema, ao passo que no final disponibilizamos questões de concursos anteriores para
treinamento (disponibilizado semanalmente);
2- E-book de Súmulas por assunto - Este e-book visa orientar nosso aluno, a partir de um
cronograma, a realizar uma leitura das principais súmulas dos Tribunais Superiores (disponibilizado
integralmente no início do curso);
3- E-book de Lei Seca - Compilamos as principais leis, que possuem grande incidência em
concursos de Delegado de Polícia e que são específicas para o seu concurso. Esse e-book visa, através de um
cronograma elaborado por nossa equipe, organizar o estudo tão importante da lei seca (disponibilizados
semanalmente).
4- E-book de Jurisprudência - Selecionamos os principais julgados mais recentes para facilitar o
seu estudo. Com o cronograma criado pela nossa equipe, você estudará os principais informativos de uma
maneira constante e leve (disponibilizados semanalmente).
5- E-book de Revisão (ciclos de revisão) – Com o objetivo de sedimentar o estudo realizado ao
longo do curso, utilizaremos o nosso método de revisão 5x1, ou seja, a cada 5 semanas de conteúdo, teremos
uma semana de revisão.
Isto é bem intuitivo. No E-book principal (doutrina e questões), cada meta se refere a um dia
da semana (Meta 1, Segunda-feira; Meta 2, terça-feira, etc).
Acreditamos que o melhor método de estudo é a partir da edificação de uma base de
conhecimento pautada no tripé doutrina – lei seca – jurisprudência, aliada à constante resolução de questões
objetivas.
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SEMANA 03/30
Por isso, aconselhamos que se inicie o dia estudando a meta do dia (E-book principal doutrina
e questões). No momento do estudo não tente resumir a matéria, pois nossas metas diárias já suprirão esta
necessidade. O ideal é que tome notas inteligentes em post-its e façam grifos para a revisão. Notas
inteligente são aquelas que sem precisar esgotar o tema faz com que você relembre os principais pontos. A
organização das suas anotações é crucial para sua aprovação.
Atendendo sugestões, explicaremos melhor como vocês devem se guiar com esse material:
Vamos Juntos!
Prezado(a) aluno(a),
Caso possua alguma dúvida jurídica sobre o conteúdo disponibilizado no curso, pedimos que utilize a sua
área do aluno. Há um campo específico para enviar dúvidas.
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Sumário
META 1 ...........................................................................................................................................................11
DIREITO PENAL: TEORIA DO CRIME – PARTE I.................................................................................................11
1. CONCEITO DE CRIME: .................................................................................................................................11
1.1. Crime X Contravenção Penal ..................................................................................................................................12
1.2. Classificações dos Crimes .......................................................................................................................................14
1.2.1 Quanto à Qualidade do Sujeito Ativo ..............................................................................................................14
1.2.2 Quanto à Estrutura do Tipo Penal ....................................................................................................................15
1.2.3 Quanto à Relação entre a Conduta e o Resultado Naturalístico .....................................................................15
1.2.4 Quanto ao Momento de Consumação .............................................................................................................16
1.2.5 Quanto ao Número de Agentes ........................................................................................................................17
1.2.6 Quanto ao Número de Vítimas .........................................................................................................................18
1.2.7 Quanto ao Grau de Intensidade do Resultado ................................................................................................18
1.2.8 Quanto ao Número de Atos Executórios .........................................................................................................20
1.2.9 Quanto à Forma pela qual a Conduta é Praticada ...........................................................................................20
1.2.10 Quanto ao Modo de Execução Admitido .......................................................................................................21
1.2.11 Quanto aos Bens Jurídicos Atingidos .............................................................................................................21
1.2.12 Quanto À Existência Autônoma Do Crime: ....................................................................................................21
1.2.13 Quanto À Necessidade De Corpo De Delito Para A Prova Da Existência .......................................................21
1.2.14 Quanto ao Local de Produção do Resultado ..................................................................................................21
1.2.15 Quanto ao Vínculo com outros Crimes ..........................................................................................................22
1.2.16 Quanto à Liberdade ou não para o Início da Persecução Penal ....................................................................22
1.2.17 Quanto à Violação de Valores Universais ......................................................................................................22
1.2.18 Quanto ao Potencial Ofensivo ........................................................................................................................22
1.2.19 Crime Falho e Quase-Crime ............................................................................................................................23
1.2.20 Crimes de Impressão ......................................................................................................................................23
1.2.21 Crimes de Colarinho Branco e Crimes de Colarinho Azul ..............................................................................23
1.2.22 Outras Classificações ......................................................................................................................................23
2. SUJEITOS DO CRIME ....................................................................................................................................25
3. OBJETO DO CRIME ......................................................................................................................................26
4. ELEMENTOS ESTRUTURAIS DO CRIME ........................................................................................................26
4.1 Fato Típico ...............................................................................................................................................................26
4.1.1 Conduta ............................................................................................................................................................27
QUESTÕES PROPOSTAS ..................................................................................................................................36
META 2 ...........................................................................................................................................................42
DIREITO PENAL: TEORIA DO CRIME – PARTE II................................................................................................42
TEORIA DO CRIME – ELEMENTOS ESTRUTURAIS DO CRIME ...........................................................................42
1. CONTINUAÇÃO DOS ELEMENTOS DO FATO TÍPICO ....................................................................................42
2. CONCAUSAS ................................................................................................................................................52
3. TEORIA DO TIPO ..........................................................................................................................................57
3.1 Funções do Tipo Penal.............................................................................................................................................57
3.2 Estrutura do Tipo Penal ...........................................................................................................................................58
3.3 Classificações do Tipo Penal ....................................................................................................................................58
PREPARAÇÃO EXTENSIVA DELEGADO DE POLÍCIA – TURMA 7 SEMANA 03/30
META 4 .........................................................................................................................................................173
DIREITO PROCESSUAL PENAL: AÇÃO PENAL..................................................................................................173
1. PRETENSÃO PUNITIVA ..............................................................................................................................174
2. AÇÃO PENAL .............................................................................................................................................175
2.1 Direito de Ação ......................................................................................................................................................175
4.2 Neoconstitucionalismo..........................................................................................................................................248
4.3 O papel da Constituição em um Estado Democrático de Direito .........................................................................249
5. APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS ..................................................................................251
6. INTERPRETAÇÃO DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS ..................................................................................253
6.1. Hermenêutica x Interpretação Jurídica ...............................................................................................................253
6.2 Interpretação Jurídica x Interpretação Constitucional .........................................................................................254
6.3 Correntes Norte-americanas ................................................................................................................................254
6.4 Métodos de interpretação ...................................................................................................................................254
6.5 Regras, princípios e postulados normativos .........................................................................................................257
6.6 Princípios de interpretação Constitucional ..........................................................................................................258
6.7 Técnicas de interpretação Constitucional ............................................................................................................260
7. PODER CONSTITUINTE ..............................................................................................................................260
7.1 Espécies de Poder Constituinte Originário ...........................................................................................................261
A natureza do poder constituinte é jurídica ou extrajurídica? ................................................................................262
Existem duas correntes doutrinárias (NOVELINO, 2017, p. 73): ..............................................................................262
a) Positivistas (Carl Schmitt): o Poder Constituinte é anterior e se encontra acima de toda e qualquer norma
jurídica, devendo ser considerado um poder político (extrajurídico ou de fato) resultante da força social
responsável por sua criação. Em razão de sua natureza essencialmente revolucionária, o Poder constituinte
estaria liberado de valores referentes à sua legitimidade. Por ter o seu sentido na existência política, o sujeito do
Poder Constituinte poderia fixar livremente o modo e a forma da existência estatal a ser consagrada na
constituição, sem ter que se justificar em uma norma ética ou jurídica...............................................................262
Características essenciais sob a óptica positivista: I- inicial, por não existir nenhum outro antes ou acima dele; II-
autônomo, por caber apenas ao seu titular a escolha do conteúdo a ser consagrado na constituição; e III-
incondicionado, por não estar submetido a nenhuma regra de forma ou de conteúdo. ........................................262
b) Jusnaturalistas (Abade Sieyès): o Poder Constituinte é um poder jurídico (ou de direito). Os defensores da
existência de um direito eterno, universal e imutável, preexistente e superior ao direito positivado, sustentam
que o Poder Constituinte, apesar de não encontrar limites no direito positivo anterior, estaria subordinado aos
princípios do direito natural ...............................................................................................................................262
7.2 Limitações Materiais .............................................................................................................................................262
7.3 Titularidade do Poder Constituinte Originário .....................................................................................................263
7.4 Legitimidade ..........................................................................................................................................................263
7.5 Poder Constituinte Derivado ................................................................................................................................263
7.5.1 Reformador.....................................................................................................................................................264
7.5.2 Poder Constituinte Derivado Decorrente ......................................................................................................266
7.5.3 Poder Constituinte Derivado Revisor .............................................................................................................267
7.6 Poder Constituinte Difuso ....................................................................................................................................267
7.7 Poder Constituinte Supranacional ........................................................................................................................268
QUESTÕES PROPOSTAS ................................................................................................................................272
META 6 – REVISÃO SEMANAL .......................................................................................................................280
Direito Penal: Teoria Do Crime – Parte I ....................................................................................................................280
Direito Penal: Teoria Do Crime – Parte II ...................................................................................................................281
Direito Administrativo: Entes Da Administração ........................................................................................................282
Direito Processual Penal: Ação Penal .........................................................................................................................284
Direito Constitucional: Teoria Constitucional ............................................................................................................285
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ATENÇÃO
Equipe DD
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META 1
DIREITO PENAL: TEORIA DO CRIME – PARTE I
TODOS OS ARTIGOS
⦁ Art. 1, CP
⦁ Art. 13. §2º, CP
⦁ Art. 14, CP
⦁ Art. 75, CP
⦁ Art. 1º a 10º da Lei de Contravenções Penais (DL 3688/41)
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO PODEM DEIXAR DE LER
⦁ Art. 1, CP
⦁ Art. 13. §2º, CP
⦁ Art. 14, CP
⦁ Art. 75, CP
1. CONCEITO DE CRIME:
A depender do critério adotado para a definição de crime, este conceito será diferente. Temos os
seguintes critérios:
I – Critério material/substancial: considera crime toda ação ou omissão humana (ou da pessoa jurídica nos
crimes ambientais) que lesa ou expõe a perigo de lesão bens jurídicos penalmente tutelados;
II – Critério legal: é o conceito dado pelo legislador. É o que a lei definiu. De acordo com o art. 1º da Lei de
Introdução ao Código Penal, “considera-se crime a infração penal a que a lei comina pena de reclusão ou de
detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa”;
III – Critério analítico/formal: define crime de acordo com os elementos que compõe sua estrutura. Pode ter
como base uma posição quadripartida (crime é fato típico, ilícito, culpável e punível), tripartida (crime é fato
típico, ilícito e culpável) ou bipartida (crime é fato típico e ilícito). Será aprofundado mais à frente.
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CONCEITO DE CRIME
CRITÉRIO MATERIAL Ação ou omissão humana (ou de PJ nos crimes ambientais)
que lesa ou expõe a perigo de lesão, bem jurídico protegido.
CRITÉRIO LEGAL O que a lei define como tal. (Art. 1º CP)
Crime: A infração penal a que a lei comina pena de reclusão
ou detenção, cumulativa ou alternativamente com pena de
multa.
Contravenção: é espécie de infração penal a que a lei
comina a prisão simples e/ou multa.
A diferença é meramente qualitativa (espécie de pena) e
quantitativa (quantidade da pena).
CRITÉRIO FORMAL/ • Quadripartida – fato típico, ilícito, culpável e
ANALÍTICO punível (crítica: punibilidade não é elemento, mas
consequência do crime – não vingou);
• Tripartida – fato típico, ilícito e culpável (clássicos –
obrigatoriamente, e finalistas);
• Bipartida – fato típico e ilícito (finalistas).
No mais, infração penal é gênero, podendo ser dividida em crime (ou delito) e contravenção penal.
Vamos ver as diferenças:
CRIME CONTRAVENÇÃO
Quanto à pena Infração penal que a lei comina Infração penal a que a lei comina,
privativa de liberdade pena de reclusão ou de isoladamente, pena de prisão
detenção, quer isoladamente, simples (cumprida sem rigor
quer alternativa ou penitenciário, nos termos do art.
cumulativamente com a pena 6º da LCP) ou de multa, ou ambas
de multa alternativa ou cumulativamente.
Quanto à espécie de Pode ser ação penal pública Ação penal pública
ação penal condicionada/incondicionada incondicionada, nos termos do
ou privada. Art. 17 da LCP.
Quanto à Tentativa é punível (em regra). Não é punível a tentativa, nos
admissibilidade da termos do a Art. 4º. LCP.
tentativa (punibilidade)
Quanto à Admite-se extraterritorialidade Não se admite
extraterritorialidade da (art. 7º do CP). extraterritorialidade, nos termos
lei penal brasileira do Art. 2º da LCP.
Quanto à competência Pode ser competência da justiça Somente competência da justiça
para processar e julgar estadual ou federal. estadual.
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* ATENÇÃO:
• A pena máxima de 40 anos foi atualizada pelo Pacote Anticrime. Trata-se de uma mudança que
piora a situação do réu (novatio legis in pejus), motivo pelo qual só se aplica aos fatos ocorridos após
sua entrada em vigor (23/01/2020).
De acordo com Cleber Masson, os fundamentos para essa mudança legislativa são basicamente 2:
1) O aumento da expectativa de vida: A média de vida do brasileiro em 1940, quando o Código Penal
foi elaborado, era de 45 anos. Hoje a expectativa de vida é de 70 anos.
2) Gravidade e número de crimes: Em 1940 quase não havia o crime de organização criminosa. Os
crimes em mais evidência, à época, eram crimes de furto, crimes de bar, etc. Atualmente, a atuação
criminosa se tornou cada vez mais complexa devido ao surgimento de organizações criminosas. Não
pode o sujeito que pratica 30 crimes de tráfico com soma de 300 anos ter o mesmo tratamento do
sujeito que pratica 1 crime de tráfico apenas.
Diante dessa mudança, como fica a Súmula 715 do STF? Continua valendo? Sim. O limite de 40 anos
é para fins de cumprimento máximo da pena, entretanto para os benefícios penais, considera-se o total da
condenação.
S. 715, STF - A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento,
determinado pelo art. 75 do Código Penal, não é considerada para a concessão de
outros benefícios, como o livramento condicional ou regime mais favorável de
execução.
• O Brasil adotou o sistema dualista ou binário: divide a infração penal (que é gênero) em crime
(sinônimo de delito) e contravenção penal (crime anão/delito liliputiano/crime vagabundo).
• As contravenções penais foram expressamente excluídas da competência da Justiça Federal (art. 109,
IV, CF). O único caso em que a Justiça Federal terá competência para julgar as contravenções penais
é quando o contraventor detém foro de prerrogativa de função federal, o qual será julgado pelo TRF
respectivo.
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• E o artigo 28 da Lei de Drogas, que não tem nenhuma dessas penas, é o que? Há entendimento
doutrinário de que não seria nem crime nem contravenção, e sim uma infração penal sui generis.
Para o STF, no entanto, o artigo 28 é crime. De acordo com julgado da Suprema Corte, não houve
descriminalização da conduta pela nova lei de drogas, ocorrendo apenas a despenalização no tocante
à pena privativa de liberdade (mais detalhes e novidades sobre o delito em material específico da Lei
de Drogas).
Obs.: Há também os crimes bicomuns, que podem ser cometidos por qualquer pessoa e contra qualquer
pessoa.
Sujeito Ativo Comum e Sujeito Passivo Comum – Crime Bicomum: Ex – Homicídio.
II- Crimes próprios/especiais: o tipo penal exige uma condição (fática ou jurídica) especial do sujeito ativo.
Admitem coautoria e participação. Exemplo: peculato (somente pode ser praticado por funcionário público);
Obs.: Os crimes próprios podem ser puros e impuros. Nos crimes puros, a ausência da condição especial do
sujeito ativo leva à atipicidade do fato. Por sua vez, nos crimes impuros, a ausência dessa condição especial
acarreta a desclassificação para outro delito.
Obs. 2: Há também os crimes bipróprios, que exigem uma condição peculiar do sujeito passivo e do sujeito
ativo, como no caso do infanticídio
III- Crimes de mão própria ou de conduta infungível: crimes que somente podem ser praticados por pessoa
expressamente indicada no tipo penal, como no caso de falso testemunho. O agente deve agir pessoalmente.
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Segundo a doutrina majoritária, não admitem coautoria, mas somente participação (ex.: se houve o
envolvimento do advogado – tem decisão do STF nesse sentido).
a) Crime complexo em sentido estrito: resulta da união de dois ou mais tipos penais, como o crime
de roubo, que deriva da fusão entre furto + ameaça ou furto + lesão corporal;
Obs.: São crimes famulativos aqueles que compõem a estrutura unitária do crime complexo.
c) Crime ultracomplexo: resta caracterizado quando crime complexo é acrescido de outro, que serve
como qualificadora ou majorante daquele. Ex.: roubo majorado pelo emprego de arma de fogo = roubo
(crime complexo) + porte ilegal de arma de fogo (que vai servir como causa de aumento).
I – Crimes materiais/causais: o tipo penal compreende uma conduta e um resultado naturalístico essencial
para a consumação;
II – Crimes formais/de consumação antecipada o tipo penal contém uma conduta e um resultado
naturalístico, mas esse resultado é desnecessário para a consumação;
III – Crimes de mera conduta/de simples atividade: o tipo penal se limita a descrever uma conduta, sem que
haja um resultado naturalístico, como no caso de ato obsceno (art. 233 do CP).
CLASSIFICAÇÕES PERTINENTES:
- Delitos de tendência interna transcendente ou de intenção: requerem um agir com ânimo, finalidade ou
intenção adicional de obter um resultado ulterior, distinto da realização do tipo penal.
Habib: “Transcendente, além do dolo, transcende o dolo”. Ex: 288, o dolo é associar-se. O que vai além do
dolo? cometer crimes – o que é indiferente para a consumação ou não do delito”.
São crimes formais! Se consumam com a prática da conduta, independentemente da realização do resultado
naturalístico
Ex.: No furto há a intenção de ter a coisa para si ou para outrem (essa intenção transcende o dolo)
Ex.: No crime de extorsão mediante sequestro temos a expressão “com o fim de”.
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Diferenciam-se de:
- Delitos de tendência intensificada ou de atitude pessoal: que são diferentes dos explicados acima, pois não
transcendem a vontade do agente. Temos um “algo a mais” além do dolo de praticar a conduta, ou seja, além
da vontade e da consciência, mas que não transcende. É uma tendência interna que intensifica, REFORÇA o
dolo (Welzel).
Habib: o fato só será criminoso se o dolo for intensificado com essa tendência interna. Ex: injúria: o dolo é
“xingar”, mas se a tendência interna for brincar, não vai ser crime e se for ofender sim.
Welzel já dizia: “Elementos especiais, pessoais, subjetivos que colorem o conteúdo ético-social da conduta”.
Essa tendência intensificada colore, dá novas cores ao enfoque subjetivo, ao conteúdo ético-social.
Na prova de Delegado do Rio Grande do Sul, em 2018, foi considerada correta a seguinte assertiva: Os crimes
formais também podem ser definidos como crimes de resultado cortado.
Esse tema foi objeto recente de questão no concurso de Delegado da Polícia Civil de Pernambuco, na fase
dissertativa, onde trazia um caso onde o médico ginecologista, mediante fraude, enganava a paciente para
que pudesse realizar procedimento nela e com isso satisfazer a sua lascívia, respondendo o médico por
violação sexual mediante fraude. Se fosse simplesmente examinar, não seria crime. Como foi para satisfazer
lascívia, era. Seria crime de tendência intensificada.
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b) eventualmente permanentes: são crimes instantâneos, mas nos quais, no caso concreto, a
situação de ilicitude pode ser prolongada, como no caso de furto de energia elétrica;
Na prova de Delegado do Rio Grande do Sul, em 2018, foi considerada correta a seguinte assertiva: O crime
de furto é classificado como crime instantâneo, porém há a possibilidade de um crime de furto ser
considerado, eventualmente, crime permanente.
IV – Crimes Instantâneos de Continuidade Habitual - Se consumam por meio de uma única conduta que
causa um resultado instantâneo, mas que exigem, em seguida, para a configuração do tipo, a reiteração da
conduta de forma habitual. - Ex: Art. 228 do CP: Favorecimento à Prostituição. Deve haver a constatação da
prostituição com habitualidade, que é elemento intrínseco da atividade. Exige prova concreta da reiterada
conduta da vítima, uma vez que prostituição implica em habitualidade.
V – Crimes Instantâneos de Habitualidade Preexistente – Se concretiza com uma única conduta, com
resultado instantâneo, embora exija, para tanto, o desenvolvimento habitual de outro comportamento
preexistente. - Ex: Art. 334, § 1º, "c" do CP - Venda de Mercadoria Estrangeira, introduzida clandestinamente
no país, no exercício de atividade comercial - se não existir anteriormente a prática habitual da atividade
empresarial, não se configura o delito.
IV – Crimes a prazo: a consumação exige a fluência de determinado período de tempo. Ex: apropriação de
coisa achada.
Na prova de Delegado do Rio Grande do Sul, em 2018, foi considerada correta a seguinte assertiva: O crime
de lesão corporal grave em decorrência da incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias é
classificado, em relação ao momento consumativo, como um crime a prazo. Nesse sentido, dispõe o CPP:
Art. 168, §2o.: Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no art. 129, § 1o, I, do Código Penal,
deverá ser feito logo que decorra o prazo de 30 dias, contado da data do crime.
I – Crimes unissubjetivos/unilaterais/de concurso eventual: podem ser praticados por um único agente,
mas nada impede que sejam em concurso de pessoas;
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Obs.: Crimes PLURISSUBJETIVOS não se confundem com crimes de PARTICIPAÇÃO NECESSÁRIA. Estes podem
ser praticados por uma única pessoa, nada obstante o tipo penal reclame a participação necessária de outra
pessoa, que atua como sujeito passivo e, por esse motivo, não é punido (ex: rufianismo – CP, art. 230).
I – Crimes de dano/de lesão: a consumação somente ocorre com a efetiva lesão do bem jurídico;
II – Crimes de perigo: a consumação ocorre com a mera exposição do bem jurídico a uma situação de perigo,
podendo ser subdivididos em:
*ATENÇÃO:
Constitucionalidade do crime de perigo abstrato:
∘ 1ª Corrente: LFG, Bittencourt, Damásio: Crime de perigo abstrato viola o princípio da lesividade ou
ofensividade.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
∘ 2ª Corrente: O crime de perigo abstrato revela maior zelo do Estado em proteger adequadamente
certos interesses. Essa corrente volta a ganhar força no STF.
No mesmo sentido é o crime de entregar a direção de veículo automotor à pessoa não habilitada:
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De acordo com o STJ (6ª Turma. HC 473.334/RJ – 2019), os delitos de posse e de porte de arma de
fogo são crimes de perigo abstrato, de forma que, em regra, é irrelevante a quantidade de munição
apreendida.
De acordo com o STJ (Info. 613/2017), o crime previsto no art. 56, caput, da Lei nº 9.605/98 é de
perigo abstrato, sendo dispensável a produção de prova pericial para atestar a nocividade ou a periculosidade
dos produtos transportados, bastando que estes estejam elencados na Resolução nº 420/2004 da ANTT.
Portanto para o STJ, apesar do crime ser concreto, ele tem aptidão abstrata (ou Abstrato-Concreto), ou seja,
não precisa de perícia ou prova para comprovar a situação de perigo, a conduta per si teria aptidão para
gerar um perigo concreto.
I – Crimes unissubsistentes: o crime depende de apenas um ato de execução, capaz, por si só, de produzir a
consumação. Não admitem tentativa;
II – Crimes plurissubsistentes: a conduta se exterioriza por meio de dois ou mais atos, que devem ser
somados para produzir a consumação. Admitem tentativa.
II – Crimes omissivos: são praticados por meio de uma conduta negativa, uma inação, podendo ser:
a) Omissivos próprios/puros: a omissão está contida no tipo penal, de modo que a descrição da
conduta já prevê a realização do crime por meio de uma conduta negativa;
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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III – Crimes de conduta mista: o tipo penal é composto de duas fases distintas: uma inicial e positiva; outra
final e omissiva. Exemplo: crime de apropriação de coisa achada, no qual o agente encontra uma coisa
perdida e dela se apropria, deixando de restituí-la ou entregá-la à autoridade competente no prazo de 15
dias.
II – Crimes de forma vinculada: somente podem ser executados pelos meios indicados no tipo penal.
II – Crimes não transeuntes: deixam vestígios materiais. Nesses crimes, a ausência do exame de corpo de
delito leva à nulidade da ação penal, salvo quando impossível a sua realização.
III- Crimes em trânsito: somente parte da conduta ocorre em um país, sem causar lesão ou expor a situação
de perigo bens jurídicos de pessoas que nele vivem, tendo país diverso como foco de produção do resultado.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
II – Crimes conexos: são crimes que estão interligados. Essa ligação pode ser penal ou processual penal. A
conexão penal pode ser:
I – Crimes condicionados: a persecução penal depende de uma condição objetiva de procedibilidade. Essa
condição deve estar prevista expressamente na norma penal;
II – Crimes incondicionados: a persecução penal pode ocorrer livremente, sem necessidade de autorização.
II – Crimes plásticos: não ofendem valores universais, apesar de previstos em leis penais;
III – Crimes vazios: são delitos plásticos que não protegem qualquer bem jurídico. Nem toda a doutrina
concorda com a existência dessa espécie.
II – Crimes de menor potencial ofensivo: a pena privativa de liberdade em abstrato não ultrapassa dois anos,
cumulada ou não com multa – segue o rito do Jecrim (Lei 9.099/95)
III – Crimes de médio potencial ofensivo: a pena mínima não ultrapassa um ano, independentemente do
máximo da pena privativa de liberdade cominada. São os que cabem a suspensão condicional do processo;
IV – Crimes de elevado potencial ofensivo: apresentam pena mínima superior a um ano, não sendo cabível
a suspensão condicional do processo. Aplica-se na totalidade os institutos do Código Penal .
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
V – Crimes de máximo potencial ofensivo: recebem tratamento diferenciado pela Constituição Federal. São
os crimes hediondos, o tráfico de drogas, a tortura, o terrorismo, o racismo e a ação de grupos armados
contra a ordem constitucional.
Crime falho: é sinônimo de tentativa perfeita, tentativa acabada. O sujeito praticou todos os atos da
execução, mas não conseguiu consumar o crime por circunstâncias alheias à sua vontade.
Quase-crime: não há crime, o que há é um crime impossível, por impropriedade absoluta do objeto
ou impropriedade absoluta do meio.
São aqueles que provocam determinado estado de ânimo, de impressão na vítima. Subdividem-se
em:
I – Crimes de colarinho branco: são os crimes cometidos na órbita econômica, como a lavagem de dinheiro,
praticado por quem, normalmente, teria condições de viver adequadamente sem o cometimento de crimes,
que gozam da elevada condição financeira e do poder dela decorrente. Geram as chamadas “cifras douradas”
da criminalidade, vez que raramente são apurados e punidos.
II – Crime de rua ou crime de colarinho azul: de modo oposto aos crimes de colarinho branco, são aqueles
praticados por pessoas economicamente menos favorecidas, em situações de vulnerabilidade. O nome se dá
pelo fato de que essa é uma alusão aos operários norte-americanos no final do século XX, denominado e
“blue collars”. Quando não integram o conhecimento do Poder Público, constituem as “cifras negras” da
criminalidade – ponto a ser melhor estudado em criminologia.
• Crime gratuito: é o crime praticado sem motivo conhecido. Não se confunde com motivo fútil, pois
neste há motivação, porém, desproporcional ao crime praticado.
• Crime de ímpeto: é o cometido sem premeditação, decorrente de reação emocional repentina.
• Crime de circulação: é o praticado em veículo automotor, a título de dolo ou culpa
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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• Crime de atentado ou empreendimento: É aquele em que a lei pune de forma idêntica o crime
consumado e a forma tentada. Ou seja: não há diminuição da pena em face da tentativa. Ex: crime
de Evasão mediante violência contra a pessoa
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
• Crimes parcelares: são os crimes da mesma espécie que compõem a série da continuidade delitiva,
desde que preenchidos os requisitos exigidos pelo art. 71, caput, do Código Penal. Adota-se no Brasil
a teoria da ficção jurídica – na qual os delitos parcelares são considerados, para fins de aplicação da
pena, como um único crime.
• Crime de catálogo (LEMBRAR DE LISTA TELEFÔNICA) diz respeito aos delitos compatíveis com a
interceptação telefônica, disciplinada pela Lei 9.296/1996, como meio de investigação ou de
produção de provas durante a instrução em juízo.
2. SUJEITOS DO CRIME
a) Sujeito ativo: é a pessoa que pratica a infração penal. Qualquer pessoa física e capaz e com 18
anos completos pode ser sujeito ativo de crime.
Conclusão: Tanto a pessoa física quanto a pessoa jurídica praticam crimes ambientais, podendo ser
responsabilizadas administrativa, civil e penalmente.
STJ – a denúncia deve imputar o fato criminoso à pessoa física para também
abranger a pessoa jurídica criminosa. mudança jurisprudencial em 2016
STF (1º Turma) – a denúncia pode imputar o fato criminoso, somente, a pessoa
jurídica, principalmente nos casos em que não é possível identificar a pessoa física
autora do comportamento indesejado ao meio ambiente (2º Fase MP/MG).
Nesse sentido, é possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por delitos ambientais
independentemente da responsabilização concomitante da pessoa física que agia em seu nome. A
jurisprudência não mais adota a chamada teoria da "dupla imputação.
• STJ. 6ª Turma. RMS 39.173-BA, julgado em 6/8/2015 (Info 566).
• STF. 1ª Turma. RE 548181/PR, julgado em 6/8/2013 (Info 714).
b) Sujeito passivo: É pessoa ou ente que sofre as consequências da infração penal. Pode figurar no
sujeito passivo qualquer pessoa física ou jurídica, ou mesmo ente indeterminado, a exemplo da coletividade
e da família.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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3. OBJETO DO CRIME
b) objeto material: é a pessoa ou a coisa que foi atingida pela conduta criminosa. Exemplos:
homicídio – a pessoa; furto – coisa subtraída. É possível que haja crime sem objeto material (ex: falso
testemunho).
Vimos o conceito analítico de crime, que pode variar de acordo com o sistema adotado. Aqui, no
entanto, vamos destrinchar esse conceito, abordando cada um dos elementos que podem compor o delito.
E lembre-se: atenção máxima, sem deixar dúvidas para trás, pois é o tema mais cobrado em provas!
Conceito: “o fato humano (ou também o fato praticado por pessoa jurídica, em relação aos crimes
ambientais) que se enquadra com perfeição aos elementos descritos no tipo penal” (Masson, 2017, p. 243).
Elementos (via de regra, são 4): Conduta, Resultado, Nexo causal e Tipicidade.
Conduta
Tipicidade
Fato Resultado
típico
Nexo
causal
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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Resultado (naturalístico* - veremos melhor à frente) e nexo causal estão presentes apenas nos
crimes materiais.
4.1.1 Conduta
Como tudo no direito, há aqui uma diversificação de sistemas/teorias, sendo que, para cada um
deles, há um conceito diferente de conduta, bem como há diversificações acerca da localização de
determinados elementos na composição da estrutura do crime.
A culpabilidade, terceiro elemento do crime, também varia bastante de acordo com as teorias a
seguir, de modo intimamente ligado à definição de conduta, razão pela qual optamos por explicá-las
integralmente aqui. Quando chegarmos em culpabilidade, faremos apenas um resumo do essencial falado
neste ponto, ok? Então atenção!
A) TEORIAS
Teoria do tipo avalorado ou acromático: Não há qualquer relação prévia entre fato típico e antijuridicidade.
O fato de o fato ser típico não gera qualquer.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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ENTENDA: No modelo clássico, a imputabilidade está fora do conceito analítico de crime, sendo um
pressuposto para a culpabilidade.
Isso ocorre porque a imputabilidade é um elemento normativo, que exige juízo de valor, ao passo que, no
modelo clássico, o conceito de crime só admite elementos objetivos e subjetivos, não comportando
elementos normativos.
• Dolo e culpa aqui são espécies de culpabilidade, pois permitem avaliar o vínculo psicológico entre o
autor e a conduta – ou seja, não são analisados de pronto, na verificação do fato típico (dentro de
“conduta”), mas tão somente no terceiro substrato do crime – a culpabilidade.
• Problemas:
a) não explica os crimes omissivos (há necessidade de “movimento”, ou seja, ação), tampouco
os crimes formais e de mera conduta (vez que dependia de produção de resultado naturalístico);
b) só faz a análise da finalidade do agente na culpabilidade, terceiro elemento do crime,
inviabilizando que esta seja analisada desde logo (assim, para esse sistema, caso alguém
pratique atos criminosos durante um episódio de sonambulismo, por exemplo, estes seriam
considerados fatos típicos);
c) é equivocado separar a conduta da relação psíquica do agente, não analisando sua vontade.
• Quem é clássico, é obrigatoriamente “tripartida” (falado anteriormente). Não pode ser “bipartida”,
já que dolo e culpa aqui só são analisados na culpabilidade, de modo que esta deverá então ser
considerada elemento do crime, sob pena haver responsabilidade penal objetiva.
• Foi abandonada com o tempo.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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ENTENDA: o dolo continua sendo vínculo psicológico que agrega a conduta ao resultado, mas agora recebe
elementos normativos, recebe uma carga valorativa, pois exige o conhecimento da ilicitude.
• Como o modelo neoclássico é um modelo claramente valorativo, pois começa a fazer um juízo de
valor nos elementos do crime, começam a surgir teorias que passam a reconhecer uma relação entre
o fato típico e a antijuridicidade (a absoluta autonomia entre elas cai por terra – teoria do tipo
avalorado)
Nesse sentido, a antijuricidade também ganha um aspecto normativo, que é a danosidade social do
fato (o fato, além de ser ilícito, precisa ser danoso).
Surgem 2 teorias principais para explicar a relação do fato típico com a ilicitude: TEORIA DA RATIO
ESSENDI E TEORIA DOS ELEMENTOS NEGATIVOS DO TIPO.
Obs.: O principal ponto em comum dessas teorias é: juntar/unir os substratos do fato típico e ilicitude
em um único substrato (para que haja só um momento de análise)
Conclusão: Para essa teoria, os elementos negativos do tipo não podem estar no tipo penal, uma vez
que a presença deles excluiria a própria tipicidade. E exclui a tipicidade pois compõem a face negativa do
próprio tipo.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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• ENTENDA: Como não há mais qualquer vedação para o ingresso do valor na teoria do crime, a
culpabilidade passa a sofrer um influxo. Assim, a IMPUTABILIDADE (elemento normativo), que antes
era um pressuposto na culpabilidade, se torna elemento da culpabilidade
• Por ser “comportamento” aqui e não mais movimento, engloba crimes omissivos.
• Continua não explicando formais e de mera conduta, pela exigência da produção de modificação no
mundo exterior
III – Teoria Finalista (prevalece): (Hans Wetzel – 1930, livro “O novo sistema jurídico penal”). A conduta
também está no fato típico.
• Conduta: comportamento humano voluntário, psiquicamente dirigido a um fim.
• Dolo e culpa: Migram da culpabilidade para o fato típico (dentro do elemento “conduta” – ou seja,
estruturalmente, não mudaram os elementos do fato típico).
• O dolo deixa de ser normativo e passa a ser natural: Retirou-se de sua análise o elemento normativo
(‘consciência atual da ilicitude”), constituindo este um elemento similar autônomo da culpabilidade:
“potencial consciência da ilicitude” (ou seja, a consciência da ilicitude deixou de ser atual para se
tornar potencial. Permanece em sua análise apenas a vontade (elemento volitivo) e a consciência
(elemento cognitivo).
∘ O potencial conhecimento da ilicitude não integra o dolo, mas sim a culpabilidade.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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Nesse modelo, temos a Teoria da RATIO COGNOSCENDI ou TEORIA DA INDICIARIEDADE para explicar
a relação entre o fato típico e a ilicitude:
Essa teoria diz que o fato típico é a RAZÃO DE CONHECER da ilicitude (na ratio essendi era razão de
SER). Ou seja: fato típico é INDICIO/PRESUNÇÃO da ilicitude
Essa presunção é relativa, podendo ser afastada pela prova em contrario de causa excludente da
ilicitude (presunção iuris tantum)
• No exemplo do sonambulismo, aqui não haveria fato típico, vez que o comportamento não foi
psiquicamente dirigido a esta finalidade, vez que não houve dolo ou culpa, agora analisados na
conduta.
• Finalistas podem ser bipartites ou tripartites porque aqui o dolo e a culpa estão na conduta e não na
culpabilidade. Então, a culpabilidade pode ser tanto elemento do crime, como pressuposto de
aplicação da pena.
• Explica crimes omissivos (comportamento), bem como os formais e de mera conduta (não há mais
a necessidade de modificação no mundo exterior, mas que o comportamento seja psiquicamente
dirigido a um fim).
• Falha: a) não explica crimes culposos; b) centralizou-se no desvalor da conduta, ignorando o desvalor
do resultado.
• Doutrina entende que foi a adotada pelo CP, vez que, tendo em vista que no artigo 20, a ausência
de dolo vai acarretar a exclusão do fato típico, é porque o dolo está na conduta.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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PS.: TEORIA CIBERNÉTICA: Wetzel criou esta teoria para compatibilizar o finalismo com os crimes culposos.
Ele dizia aqui que a conduta seria a ação biociberneticamente antecipada, preocupando-se com o controle
da vontade do agente, existente tanto nos crimes dolosos quando culposos.
Para ele, tanto alguém que mata no intuito de efetivamente matar, quanto alguém que mata por uma atitude
imprudente, possuiriam o controle da vontade em relação a ação que estariam praticando.
Não vingou. Ele mesmo reconheceu que a teoria era inconsistente para os crimes culposos, tendo continuado
a aplicá-la em relação aos crimes dolosos.
V – TEORIA SOCIAL DA AÇÃO: É tripartite, estando a conduta no fato típico. A conduta seria comportamento
humano voluntário dirigido a um fim socialmente relevante.
Ou seja: Essa teoria explicava a ação, não com base na finalidade e nem em relações de causa e efeito
(explicações física-naturalística), mas com base na RELEVÂNCIA SOCIAL DA CONDUTA.
Crítica: não há definição clara do que seria “socialmente relevante”.
B) CARACTERÍSTICAS DA CONDUTA
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Não há crime sem conduta (o ordenamento jurídico brasileiro não admite os crimes de mera
suspeita);
Consequência prática: Foi decidido pelo Plenário do STF (RE 583.523), que o art. 25 da Lei de
Contravenção Penal não foi recepcionado pela Constituição.
Art. 25. Ter alguém em seu poder, depois de condenado, por crime de furto ou
roubo, ou enquanto sujeito à liberdade vigiada ou quando conhecido como vadio
ou mendigo, gazuas, chaves falsas ou alteradas ou instrumentos empregados
usualmente na prática de crime de furto, desde que não prove destinação
legítima
Apenas o ser humano pode praticar condutas penalmente relevantes (salvo pessoas jurídicas em
crimes ambientais;
Apenas a conduta voluntária interessa ao Direito Penal (vontade é elemento do dolo, que é elemento
da conduta no finalismo);
Apenas os atos exteriorizados no mundo ingressam no conceito de conduta (a mera cogitação não é
punível). Segundo Nelson Hungria, o direito penal só pode agir quando a intenção criminosa sai do claustro
psíquico do agente e se projetaa no mundo.
I. Crime comissivo (ação): É movimento corporal exterior, postura positiva. O agente infringe um tipo
proibitivo, realizando a conduta vedada.
II. Crime omissivo: Conduta de não fazer o que poderia ser feito, postura negativa. O agente deixa de agir de
acordo com o determinado por lei.
Obs.: temos ainda os Crimes de conduta mista, que vimos nas classificações, que é aquele que possui uma
parte inicial praticada por ação e uma parte final praticada por omissão (ex: apropriação de coisa achada, art.
169, § único, II, CP).
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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#OLHONANOMENCLATURA: Crimes de "olvido" (ou de esquecimento) é o nome dado aos crimes omissivos
impróprios culposos, ou seja, nos casos em que a omissão do garantidor ocorrer por culpa. Aproveitando o
exemplo do afogamento, o salva-vidas não impediu aqui por estar beijando a namorada, por exemplo.
• Caso fortuito (ação humana) e força maior (natureza) são acontecimentos imprevisíveis e
inevitáveis, que escapam ao controle da vontade. Sem vontade não há conduta. (A depender da
corrente adotada, esses conceitos podem ser encontrados invertidos – caso fortuito como ação da
natureza etc.)
• Movimentos reflexos: Reações corporais automáticas, as quais independem da vontade do ser
humano. São reações fisiológicas, que decorrem da provocação dos sentidos. Não se confundem
com:
∘ Ações em curto circuito, que derivam de uma explosão emocional repentina (há conduta e
crime).
∘ Atos habituais: realizados pela pessoa repetidamente, mesmo que contrários ao
ordenamento jurídico – há vontade. Lembrando que hábito e costume são diferentes, vez
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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que o hábito (dirigir falando ao celular) se faz por repetição por vontade do agente e o
costume, embora também haja repetição, é porque se acredita na obrigatoriedade.
• Coação física irresistível (vis absoluta) – O agente é fisicamente controlado pelo coator, de modo
que não há vontade. Exclui o dolo e, por conseguinte, a tipicidade. Ex. Thiago aperta o dedo do de
Ana contra o gatilho para matar alguém. Mas atenção: aqui a coação deve ser física. Se for moral
irresistível (vis compulsiva) a situação é de inexigibilidade de conduta diversa. Há vontade, vez que o
agente decide se obedece ou não, mas é uma vontade viciada. Exclui a culpabilidade.
• Sonambulismo e hipnose: os atos são praticados em estado de inconsciência, de modo que se não
há consciência, não há dolo e, consequentemente, não há conduta.
• Embriaguez letárgica
∘ Santiago Mir Puir e Grande parte da doutrina - hipótese de ausência da conduta
∘ Bittencourt - é um transtorno mental transitório que, como tal, deveria ser tratado. Dessa
forma, deveria ser analisado como uma hipótese de exclusão da imputabilidade, e não como
ausência de conduta.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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QUESTÕES PROPOSTAS
a) A tipicidade ocorre quando há correspondência entre a conduta concreta examinada e a descrição legal
de crime (tipo penal).
b) Se uma conduta típica ocorre em estado de necessidade, legítima defesa, exercício regular de direito ou
estrito cumprimento do dever legal ela é justificada, razão pela qual não é contrária ao ordenamento jurídico
como um todo.
c) A culpabilidade se caracteriza quando o sujeito for imputável, tiver ao menos potencial consciência da
ilicitude de sua conduta e puder agir em conformidade com o direito.
d) Uma pessoa com menos de 18 anos é inimputável e, se ela praticar uma conduta típica e não justificada,
seu comportamento será considerado no máximo como ilícito de natureza cível, mas não penal.
e) Os comportamentos em estado de inconsciência, os movimentos reflexos e os provocados por coação
física absoluta (irresistível) não constituem ação ou omissão (conduta) para o direito penal, portanto não
podem constituir crime.
a)A diferença entre autoria indireta intelectual e autoria indireta mediata é que naquela, há o planejamento
pelo autor indireto e a execução do crime por um terceiro. Nesta, o autor se vale de um instrumento, alguém
que esteja sob coação moral irresistível, por exemplo, para a prática do crime. Na autoria indireta mediata,
não haverá concurso de pessoas.
b)De acordo com o entendimento que prevalece, atualmente, na doutrina, há a possibilidade de
reconhecimento de tentativa no dolo eventual, entretanto, esse mesmo entendimento, majoritário
doutrinariamente, não admite o reconhecimento da tentativa naqueles crimes identificados como crimes de
ímpeto.
c)O Código Penal adota a teoria da atividade, no que diz respeito ao tempo do crime. Já com relação ao lugar
do crime, o Código Penal adota a teoria da ubiquidade, também chamada de teoria eclética.
d)De acordo com a doutrina, prevalece o entendimento de que em um crime praticado em concurso de
agentes, a aplicação da denominada “ponte de prata”, prevista no artigo 16 do Código Penal, quando
reconhecida para um, estende-se aos seus comparsas.
e)O que a doutrina denomina crime oco, nada mais é do que o crime impossível, também conhecido como
quase crime, reconhecido pelo artigo 17 do Código Penal.
a)Os partidários da teoria tripartida do delito consideram a culpabilidade como pressuposto da pena e não
elemento do crime.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
b)Os partidários da teoria tripartida do delito consideram elementos do crime a tipicidade, a antijuricidade e
a punibilidade.
c)A tipicidade, elemento do crime, na concepção material, esgota-se na subsunção da conduta ao tipo penal.
d)O dolo, na escola clássica, deixou de ser elemento integrante da culpabilidade, deslocando-se para a
conduta, já que ação e intenção são indissociáveis.
e)Os partidários da teoria funcionalista da culpabilidade entendem que a culpabilidade é limitada pela
finalidade preventiva da pena; constatada a desnecessidade da pena, o agente não será punido.
a)o tipo, para Welzel, é objetivo e neutro, ao passo em que o injusto é uma criação normativa, propiciada
por juízos de valor que teriam como norte o objetivo almejado pelo legislador, seja a proteção de bens
jurídicos, seja outra situação estatal de conveniência.
b)para a teoria finalista de Welzel. ação é uma manifestação da personalidade, que abrange todos os
acontecimentos atribuíveis ao centro de ação psíquico-espiritual do homem, não distinguindo a
manifestação da personalidade da realização de um propósito.
c)a direção final de uma ação se dá em duas fases, que nas ações simples se entrecruzam, a saber, uma que
ocorre na esfera do pensamento, com a antecipação do fim a realizar, a seleção dos meios necessários à sua
realização e a consideração dos efeitos simultâneos decorrentes dos fatores causais eleitos; e a concretização
da ação no mundo real, de acordo com a projeção mental.
d)ora a ação é apresentada como comportamento humano socialmente relevante, ora como fenômeno
social, em modelos nos quais a finalidade humana é apresentada como um fator formador de sentido da
realidade social.
e)a teoria foi desenvolvida a partir de modelos ditados pelo método científico de Descartes, com as
contribuições positivistas de pensadores como Comte, resultando em uma formulação na qual o conteúdo
da vontade é dissociado do processo causal que desencadeia a vontade no mundo exterior.
a)estruturação do direito penal sob o princípio da intervenção mínima, que orientará iniciativas político-
criminais pelo prisma da ultima ratio.
b)ingresso pelo agente nos atos executórios de um crime, quando este se posta, de acordo com sua
idealização, em atividade imediata e diretamente coligada à realização do tipo.
c)possibilidade de punição da punição da participação em sentido estrito quando o agente da conduta
principal é um adolescente-infrator, bastando que este aja de forma típica e antijurídica.
d)concepção da culpabilidade como uma relação psicológica entre o autor e o fato por ele praticado, de sorte
que dolo e culpa, para a teoria, são espécies de culpabilidade.
e)fusão entre dois substratos do conceito analítico de crime, a saber, a tipicidade e a antijuridicidade, sendo
aquela reconhecida como a razão de ser desta; assim, o crime é composto pelo fato antijurídico (injusto) e
pela culpabilidade.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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a)O crime de homicídio doloso praticado contra mulher é hediondo e, por conseguinte, o cumprimento da
pena privativa de liberdade iniciar-se-á em regime fechado, em decorrência de expressa determinação legal.
b)No crime de tráfico de entorpecente, é cabível a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva
de direitos, bem como a fixação de regime aberto, quando preenchidos os requisitos legais.
c)Constitui crime de dano, previsto no CP, pichar edificação urbana. Nesse caso, a pena privativa de liberdade
consiste em detenção de um a seis meses, que pode ser convertida em prestação de serviços à comunidade.
d)O STJ autoriza a imposição de penas substitutivas como condição especial do regime aberto.
e)O condenado por contravenção penal, com pena de prisão simples não superior a quinze dias, poderá
cumpri-la, a depender de reincidência ou não, em regime fechado, semiaberto ou aberto, estando, em
quaisquer dessas modalidades, obrigado a trabalhar.
a)Clássica.
b)Técnico-Jurídica.
c)Correcionalista.
d)Positivista.
e)Moderna.
( ) Certo ( ) Errado
( ) Certo ( ) Errado
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Em qual sistema penal a culpabilidade é concebida como o vínculo psicológico que une o autor ao fato?
a)finalista
b)neoclássico
c)clássico
d)funcionalista
a)A antinormatividade, de acordo com Zaffaroni, consiste em se averiguar a proibição através da indagação
do alcance proibitivo da norma, não considerada de forma isolada, e sim conglobada na ordem normativa.
b)A culpa imprópria está presente na discriminante putativa, nela, o agente dá causa dolosa ao resultado,
mas responde como se tivesse praticado crime culposo, em razão de erro evitável pelas circunstâncias.
c)No dolo direto, o agente quer efetivamente produzir o resultado, ao praticar a conduta típica, e no dolo
indireto, o agente não busca com sua conduta resultado certo e determinado, subdividindo-se em dolo
alternativo e eventual.
d)De acordo com a teoria objetiva-formal, há tentativa, quando o agente, de modo inequívoco, exterioriza
sua conduta no sentido de praticar a infração penal.
a)Com relação ao tipo doloso, o Código Penal Brasileiro adotou as teorias da vontade e do assentimento e
não a da atividade.
b)A perda de cargo, função pública ou mandato eletivo é efeito genérico da condenação, não necessitando,
dessa forma, ser determinada de forma explícita e fundamentada da sentença penal condenatória.
c)A previsibilidade objetiva é elemento integrante do tipo culposo, podendo a previsibilidade subjetiva ser
analisada por ocasião da culpabilidade.
d)De acordo com a teoria fnalista, a ação é o comportamento humano voluntário, dirigido à atividade fnal
lícita ou ilícita.
a)que, exercendo a tipicidade, conforme a teoria da ratio essendi, função incidiária da ilicitude, pode-se falar
em causas justificantes legais, mas não em causas supra- legais, por ferirem estas o princípio da legalidade.
b)que, para a teoria diferenciadora, adotada por nosso Código Penal, o estado de necessidade é justificante,
afastando a ilicitude do fato típico praticado pelo agente.
c)que, para a teoria social da ação, a ação é concebida como o exercício de uma atividade final dirigida
concretamente a fato juridicamente relevante.
d)que são elementos da culpabilidade normativa pura a imputabilidade, a consciência potencial da ilicitude
e a exigibilidade de conduta diversa.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
a)o código penal adota a teoria diferenciadora, sendo todo estado de necessidade justificante;
b)não há distinção entre estado de necessidade justificante e estado de necessidade exculpante;
c)o código penal adota a teoria unitária, sendo todo estado de necessidade exculpante;
d)no estado de necessidade exculpante, o bem jurídico preservado sempre será de maior valor do que o bem
jurídico sacrificado;
e)para distinguir estado de necessidade exculpante e estado de necessidade justificante, é preciso ponderar
bens jurídicos depois de confrontá-los.
SEMANA 03/30
a)erro de tipo;
b)erro de proibição;
c)delito putativo por erro de tipo;
d)delito putativo por erro de proibição;
e)crime impossível.
Respostas1
1
01: D 02: B 03: E 04: C 05: E 06: B 07: D 08: C 09: C 10: C 11: D 12: B 13: D 14: D 15: A 16: E
17: D 18: A
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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META 2
⦁ Art. 13, caput e §1º, CP (muito, muito, muito importante! Não vá para a prova sem ter este
artigo decorado na ponta da língua!)
⦁ Art. 15 a 17, CP
Vimos anteriormente que o fato típico é composto por 4 elementos: conduta, resultado, nexo causal
e tipicidade, sendo que “conduta” já estudamos. Vamos ao restante:
I – CONDUTA
Visto na parte anterior.
II – RESULTADO:
É consequência da conduta do agente.
“Resultado” é a terminologia mais utilizada no Brasil, mas alguns doutrinadores usam o termo
“evento”.
• Naturalístico/Material: Alteração física no mundo exterior. Se o delito é de homicídio, a morte da
vítima é o resultado material.
o Presente apenas nos crimes materiais consumados.
o Nos crimes formais, a ocorrência do resultado naturalístico é possível, mas é dispensável
para a sua consumação.
o Já os de mera conduta, jamais terão resultado naturalístico.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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- Crime Material: O tipo penal descreve conduta e resultado naturalístico. E esse resultado
naturalístico é indispensável para a consumação. Ex. homicídio;
- Crime Formal ou Crime de consumação antecipada: O tipo penal descreve que a simples prática
da conduta já é suficiente para a consumação do crime. Sendo assim, o resultado naturalístico é
dispensável para consumação; é mero exaurimento do crime. O crime se consuma com a conduta (por isso
é chamado de consumação antecipada). Ex. Extorsão. E o exaurimento do crime é importante (i) na
aplicação da pena e, (ii) serve como limite temporal para o ingresso de coautor ou partícipe (parte da
doutrina – Cirino, Nilo Batista)
- Crime de mera conduta: O tipo penal descreve uma mera conduta, sem resultado naturalístico
descrito no tipo e a realização da conduta vai gerar a consumação.. Ex. violação de domicílio.
• Jurídico/Normativo: Lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. É a transgressão da lei penal.
Presente em todos os crimes.
“Mas calma aí, então há crime sem resultado?” Sem resultado naturalístico sim. Mas todo e qualquer
crime terá resultado jurídico.
Vamos relembrar a classificação doutrinária do Crime quanto ao resultado Normativo ou Jurídico:
o Crime de Dano (ou lesão): A consumação exige efetiva lesão ao bem jurídico. Ex: Homicídio.
o Crime de Perigo: A consumação se dá com a exposição do bem jurídico a uma situação de perigo.
a) Crime de Perigo Abstrato
⦁ Perigo advindo da conduta é absolutamente presumido por lei.
⦁ Basta o MP comprovar a conduta
⦁ Ex.: todos os crimes previstos no Estatuto do Desarmamento são crimes de Perigo Abstrato
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
Nexo de causalidade é a relação de causa e efeito entre a conduta e o resultado material do delito.
Em outras palavras: É o vínculo entre conduta e resultado.
O estudo da causalidade busca concluir se o resultado naturalístico, como um fato, decorreu da ação
e se pode ser atribuído objetivamente ao sujeito passivo, motivo pelo qual só tem relevância nos crimes
materiais.
O CP utilizou a expressão “relação de causalidade” (art. 13).
TEORIAS QUE BUSCAM EXPLICAR A RELAÇÃO DE CAUSA E EFEITO ENTRE A CONDUTA E O RESULTADO:
Ex: João, intencionalmente, ateia fogo na casa de Maria com ela dentro, de modo que esta vem a
óbito. Se eliminarmos a conduta de João a morte de Maria teria ocorrido? Então a conduta dele foi causa.
Ex.: A tem ideia para cometer um crime. Fala com B e B o instiga. C empresta a arma sabendo que
era para matar B (auxílio material). A acaba matando B com as próprias mãos (sem o uso da arma de fogo
emprestada).
⦁ A → quer matar
⦁ B → instiga para ele matar mesmo
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
Na investigação da relação de causalidade, temos que eliminar hipoteticamente cada uma das
condutas para saber qual delas deu causa ao resultado.
Crítica: A teoria dos antecedentes causais gera um grande inconveniente apontado pela Doutrina:
Permite o regresso “ad infinitum”.
Se formos regressando cada vez mais no tempo e eliminando condutas que geraram outras, por
exemplo, chegaríamos ao ponto de que se a mãe de João não tivesse dado à luz a ele, ele não teria existido
e nem causado a morte de Maria. Assim, essa conduta teria sido causa, o que é bizarro. Então esse regresso
deve ser feito somente até onde há relevância, analisando não só a causalidade física, como a causalidade
psíquica/subjetiva, verificando dolo/culpa.
A Teoria da causalidade Adequada veio para limitar o nexo causal nos desdobramentos causais
extraordinários produzidos pelas concausas relativamente independentes. Ou seja: veio limitar esse regresso
ao infinito promovido pela Teoria da Equivalência dos Antecedentes Causais
* Adotada como exceção, no §1º, para concausa relativamente independente que por si só produziu o
resultado.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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a causa disparo de arma de fogo não é adequada ao resultado morte por acidente de
trânsito.
Ao contrário do que o nome sugere, esta teoria não defende a aplicação de responsabilidade
objetiva. Trata, na verdade, de delimitar, objetivamente, como será feita a imputação (atribuição) do
resultado ao agente.
A Teoria da Imputação Objetiva busca impedir o regresso ao infinito decorrente da teoria da
equivalência dos antecedentes causais. Não substitui a citada teoria, mas a complementa, inserindo, além
da análise do nexo físico (relação entre a conduta e o resultado – que é o que está presente na causalidade
simples), o nexo normativo, para a análise objetiva da relação de causalidade.
Para que se evite o regresso infinito nesta análise, dentro da teoria da conditio sine qua non (adotada
pelo CP), faz-se necessário analisar a causalidade psíquica/subjetiva, ou seja, os elementos subjetivos (dolo
ou culpa do agente) – o que seria, na verdade, a imputação subjetiva do resultado. Isso seria um problema,
por exemplo, para os causalistas e neokantistas, já que dolo e culpa estão apenas na culpabilidade.
Já na teoria da imputação objetiva, analisa-se nexo físico + nexo normativo, que analisa
objetivamente a finalidade do agente, definindo a relação de causalidade de forma objetiva, dispensando,
neste primeiro momento, a análise dos elementos subjetivos (dolo e culpa) – que formaria a imputação
subjetiva, o que só ocorrerá em momento seguinte.
IMPUTAÇÃO OBJETIVA se insere na TIPICIDADE OBJETIVA → vai verificar se vai imputar aquele
comportamento ou resultado (a depender da teoria adotada), antes mesmo de analisar o dolo e culpa.
* PEGADINHA DE PROVA: Examinador narra caso concreto afirmando que o indivíduo atuou com dolo de
matar/atuou com culpa, induzindo a uma responsabilidade penal. Ocorre que DOLO é tipo objetivo, e a
análise da imputação objetiva é feita antes da análise do dolo.
Ou seja: o caminho é: praticou uma conduta → 1º deve-se verificar se há nexo pela conditio sine qua
non? → SE SIM → AGORA SIM VAMOS VERIFICAR A IMPUTAÇÃO OBJETIVA.
1º - Prática da conduta (analisa se houve conduta)
2º - Verificar se houve nexo pela Teoria da Conditio Sine Que non
3º - Analisa a tipicidade objetiva (o fato de aquela à alguma norma?)
4º - Analisa a imputação objetiva (que está inserido na tipicidade objetiva)
5º - Analisa a tipicidade subjetiva (ver se há dolo ou culpa)
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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IMPUTAÇÃO OBJETIVA DE
ROXIN
IMPUTAÇÃO OBJETIVA DE
JAKOBS
Considerações importantes:
(1) A imputação objetiva de ROXIN é imputação do RESULTADO
(2) O ponto central da imputação objetiva de Roxin é a ideia do risco - TEORIA DO RISCO
Ele se apropria da ideia de sociedade de risco da sociologia. E ele constata que, em sociedades
complexas, o risco é inerente à sociedade. Acabamos assimilando que determinadas condutas
de risco são fundamentais ao funcionamento da sociedade.
→ Caso concreto citado por Roxin e Jakobs: João deseja a morte de seu tio, Pedro. Para isso, ele
convence Pedro andar de avião frequentemente, rezando para que o avião caia. Nesse caso, embora
ele QUEIRA a morte da pessoa (ele tem o dolo, porque ele quer), ele não responde por homicídio,
caso o avião caia e Pedro morra, porque não há a criação ou incremento de um risco não permitido.
→ Dirigir com velocidade muito acima do permitido é um risco proibido que dá causa à imputação do
resultado.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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ocorrido, significa que o risco incrementado (excess de velocidade) não eliminou o resultado morte advindo
do atropelamento, pois o acidente ocorreria da mesma maneira.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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* Obs.: Em ambos a vítima se coloca no perigo, a diferença é quem gera o risco/quem tem o
domínio sobre o risco/quem realiza efetivamente a situação arriscada.
Günther Jakobs também tem sua vertente da imputação objetiva, porém, menos discutida na
doutrina.
Considerações importantes:
(1) A Imputação objetiva de Jakobs é DO COMPORTAMENTO (E não do resultado)
(2) A ideia central é a ideia de PAPEIS SOCIAIS/EXPECTATIVAS – Em uma sociedade complexa, cada
pessoa tem seu papel na sociedade.
Requisitos para a exclusão da imputação (se presente algum deles, não há imputação):
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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(3) PROIBIÇÃO DE REGRESSO (autoexplicativo – e traz a mesma ideia, só tem relevância regressar
até onde há violação do papel social)
Se determinada pessoa atuar de acordo com limites de seu papel social, sua conduta, mesmo que
contribuindo para o sucesso da infração penal levada a efeito pelo agente, não lhe poderá ser imputada.
Ex.: o autor compra uma peça de pão para envenená-lo e matar alguém. Mesmo que o padeiro
soubesse da finalidade ilícita do agente ao comprar o pão, não poderia responder pela infração penal, pois
a atividade de vender pães, seja qual for a sua utilização, consiste no papel social de padeiro. Dessa forma,
como o padeiro estava atuando dentro do limite do seu papel social, não lhe pode ser imputado o
comportamento criminoso de outrem.
CONCLUSÃO: Ambas as vertentes (Imputação de Roxin e de Jakobs) buscam a mesma coisa: definir
objetivamente a relação de causalidade. A “diferença”, é o sentido que cada um deu à sua teoria. E aqui,
lembremos do que estudamos sobre o funcionalismo de cada um. Enquanto para Roxin não haverá nexo
causal se não foi violado ou ameaçado aquilo que o ordenamento jurídico buscava proteger (para ele a função
do DP é proteger bens jurídicos), para Jakobs não existirá o nexo causal e não será crime se o agente não
tiver violado seu papel na sociedade (para ele a função do DP é assegurar o império da norma). Tema
bastante interessante para uma discursiva!
Vamos de tabelinha?
NEXO CAUSAL / RELAÇÃO DE CAUSALIDADE
Teoria da equivalência dos
antecedentes ou conditio • Causa é todo e qualquer acontecimento provocado
sine qua non. pelo agente, sem o qual o resultado não teria
(nexo físico + elementos ocorrido como e quando ocorreu.
subjetivos) • Método de eliminação hipotética
Art. 13 , caput, CP.
Teoria da causalidade
• Causa é todo e qualquer comportamento humano
adequada
adequado/idôneo/eficaz/capaz de produzir o
§1º do artigo 13 do CP
resultado como ele ocorreu.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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Juris relevante: É inepta denúncia que impute a prática de homicídio na forma omissiva imprópria quando
não há descrição clara e precisa de como a acusada – médica cirurgiã de sobreaviso – poderia ter impedido
o resultado morte, sendo insuficiente a simples menção do não comparecimento da denunciada à unidade
hospitalar, quando lhe foi solicitada a presença para prestar imediato atendimento a paciente que foi a óbito.
De igual modo, é também inepta denúncia que, ao descrever a conduta da acusada como sendo dolosa, o faz
de forma genérica, a ponto de ser possível enquadrá-la tanto como culpa consciente quanto como dolo
eventual. STJ. 6a Turma. RHC 39.627-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 8/4/2014.
Quando se imputa a alguém CRIME COMISSIVO POR OMISSÃO (art. 13, § 2o, “b”, do CP), é necessário que
se demonstre o NEXO NORMATIVO (também chamado de NEXO DE EVITAÇÃO) entre a conduta omissiva
e o resultado normativo, porque só se tem por constituída a relação de causalidade se, baseado em
elementos empíricos, for possível concluir, com alto grau de probabilidade, que o resultado não ocorreria se
a ação devida fosse efetivamente realizada. Na hipótese em foco, a denúncia não descreveu com a clareza
necessária qual foi a conduta omitida pela denunciada que teria impedido o resultado morte, com
probabilidade próxima da certeza. (Via Dizer o Direito)
Como foi cobrado: (PC-AC – Delegado – 2017) Sobre causalidade e imputação objetiva, assinale a resposta
correta.
A – Para a teoria da imputação objetiva em Roxin. não há riscos juridicamente irrelevantes em ações dolosas.
Errada. Para ele, se não há risco juridicamente relevante não deve incidir o direito penal.
B – A teoria da equivalência dos antecedentes, adotada no Código Penal, é abolida pela imputação objetiva,
que renega a existência de uma causalidade natural.
Errada. Nem foi abolida, vez que a imputação objetiva complementa, nem há renegação por esta da
causalidade natural, mas apenas impõe limites a esta.
C – A teoria da conditio sine qua non tem como consequência o regresso ad infinitum na análise dos
antecedentes causais, o que pode ser evitado, entre outras análises, pela imputação objetiva.
Verdadeira. Exatamente o que já vimos.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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2. CONCAUSAS
O resultado, não raras vezes, é feito de pluralidade de comportamentos, associação de fatores, entre
os quais a conduta do agente aparece como seu principal (mas não único) elemento desencadeante.
Nesse sentido, concausas consiste na pluralidade de causas concorrendo para o mesmo evento.
As concausas podem ser:
As espécies de concausas foram objeto da prova oral do MPMG em 2020!
o Dependentes: Não são capazes de produzir, por si só, o resultado. Precisam da conduta do agente e,
por isso, não excluem a relação de causalidade;
o Independentes: Capazes de produzir, por si só, o resultado, ou seja, não dependem da conduta do
agente. Podem ser absolutas ou relativas, como veremos à frente.
▪ Concausa absolutamente independente: Ocorre quando há uma concausa capaz de produzir por si
só o resultado e que NÃO se origina da conduta do agente. É totalmente desvinculada, motivo pelo
qual ocorre a EXCLUSÃO DA IMPUTAÇÃO DAQUELE RESULTADO (deixa de ser causa)
Pode ser:
(a) Absolutamente independente preexistente: Anterior à conduta concorrente do agente. A alveja B
com disparo de arma de fogo, mas B morre em razão do veneno ministrado a ele anteriormente por
C e não em razão do tiro.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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⦁ Que exclui a imputação do resultado morte – Pois não foi o disparo de arma de fogo que
causou a morte. Retirando o disparo de arma de fogo do processo causal, a morte ocorreria
como ela ocorreu? SIM! A vítima morreria do mesmo jeito: envenenada.
(b) Absolutamente independente concomitante: é aquela que ocorre ao mesmo tempo que a conduta
do agente – Seguindo o exemplo anterior, A alveja B com disparo de arma de fogo, mas B morre em
razão de traumatismo craniano por um tijolo de um prédio que ao mesmo tempo da conduta de A
caiu e atingiu a sua cabeça
⦁ Causas absolutamente independentes → pois um disparo não tem nada a ver com o
traumatismo craniano.
⦁ Como o resultado foi causado pelo traumatismo, exclui-se o resultado morte de A, que
responde por homicídio tentado.
(c) Absolutamente independente superveniente: A causa efetiva é posterior à conduta do agente. Ex:
A coloca veneno na comida de B. Antes que o veneno cause a morte de B, C entra na casa dele e o
mata com um tiro.
⦁ O tiro é uma causa absolutamente independente → mesmo sem o envenenamento, ele teria
morrido de qualquer jeito pelo disparo efetuado por C.
⦁ A só responde pela tentativa de homicídio, justamente porque, por causas alheias à sua
vontade, B morreu pelo disparo de tiro, e não pelo veneno como ele queria.
A concausa absolutamente independente, por produzir por si só o resultado, rompe o nexo causal
entre o resultado e a conduta do agente, fazendo com que este responda apenas pelo crime na modalidade
TENTADA. Adotou-se aqui a regra geral do artigo 13 do CP, teoria da conditio sine qua non.
Podem ser:
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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Causas relativamente independentes não excluem a imputação. Logo, o indivíduo que desferiu as
facadas deve responder pelo resultado morte.
(b) Relativamente independente concomitante: ocorre ao mesmo tempo que a conduta do agente. Ex:
A, objetivando matar B, efetua disparo de arma de fogo contra a vítima, não vindo, contudo, a atingi-
la. B, em decorrência do susto causado pelo disparo, sofre um infarto e falece. A morte se deu pelo
conjunto das causas, de modo que A responde pelo delito consumado;
⦁ O disparo, por si só, não levaria ele à morte. Assim como o colapso cardiaco, por si só,
também não o levaria à morte.
⦁ O que levou à morte foi a conjunção dos dois resultados: uma causa depende da doutra
Se uma causa depende da outra, não haverá a exclusão do resultado morte, e A deve responder
pelo homicídio.
i. Que por si só produz o resultado: A atira em B e este é socorrido. Estando no hospital, com
vida, o teto desaba e ele vem a falecer em decorrência do desabamento. Qual seria a
responsabilidade de A? Sabemos que se não fosse o tiro, ele não estaria no hospital, é
verdade. Mas aqui, é a EXCEÇÃO em que o CP adotou a teoria da causalidade adequada (§1º
do art. 13), mais restrita, em que há um juízo de probabilidade do que normalmente acontece
(todas as demais hipóteses de concausas são analisadas com base na conditio sine qua non).
Tendo em vista que o desabamento de um teto não está dentro do resultado esperado
advindo de um tiro, houve o rompimento do nexo causal, de modo que o agente responde
apenas por tentativa.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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ii. Por si só não produz o resultado: Aqui, com base no mesmo exemplo anterior, suponhamos
que B morre em razão de infecção nos ferimentos decorrentes do tiro. Tendo em vista que
não fosse o tiro não haveria a infecção e que esta infecção é uma possibilidade normal, que
se encontra dentro das consequências esperadas de um tiro, o agente responde pelo delito
consumado.
O Exemplo do erro médico foi abordado na prova oral do MPMG/2020
O indivíduo que toma um tiro pode morrer do tiro, mas pode morrer também de uma infecção
hospitalar ou de um erro médico, que são desdobramentos naturais do tiro. No entanto, quem toma um
tiro, não morre envenenado, não morre asfixiado, não morre queimado, não morre soterrado, não morre
pelo incêndio do hospital. Essas são mortes anormais, são causas que, por si só, produzem o resultado,
pois há um rompimento na linha de desdobramento físico causal natural.
⦁ Por si só produz o resultado → contexto que não corresponde a um desdobramento físico ou
natural da conduta→ impede a imputação do resultado → só responde pelos atos anteriores (tentativa)
⦁ Não produz por si só o resultado → o contexto corresponde a um desdobramento físico ou natural
da conduta → cabe a imputação do resultado ao agente → responde pelo resultado produzido de acordo
com seu dolo.
Se liga na tabela para revisar:
IV – TIPICIDADE
É o elemento do fato típico presente em todo e qualquer crime. Conforme a doutrina moderna, a
tipicidade penal é formada por:
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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•
Tipicidade Formal: Juízo de subsunção do fato à norma;
•
Tipicidade Material: Lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado.
Há ainda a TIPICIDADE CONGLOBANTE, preconizada por Zaffaroni, que é formada pela tipicidade
material + antinormatividade. (QUESTÃO PROVA ORAL DELEGADO DE SE/2019)
A antinormatividade é a relação de contrariedade entre o fato típico e o ordenamento jurídico como
um todo. Para ele, não se pode considerar ilícita uma conduta que é determinada ou fomentada pelo Estado.
Assim, para o autor, o estrito cumprimento do dever legal e o exercício regular do direito, que para
a doutrina majoritária e para o CP constituem causas excludentes de ilicitude, seriam, na verdade, causas de
exclusão da tipicidade, tonando, por consequência, a conduta atípica, justamente por achar absurdo que
alguém que esteja cumprindo seu dever legal ou esteja exercendo uma atividade fomentada pelo direito
tenha estas ações consideradas como fatos típicos.
Um exemplo é do oficial de justiça que promove penhora de bens em razão de cumprimento de
mandado (ele está nada menos que subtraindo coisa alheia móvel), que só ficará isento de responsabilidade
na análise do segundo elemento do crime, enquanto não deveria sequer haver tipicidade penal.
Já legítima defesa e estado de necessidade continuariam como excludentes de ilicitude, segundo esta
teoria, vez que não são fomentadas e nem determinadas pelo Estado, mas tão somente toleradas.
O STJ já adotou a tipicidade conglobante (AP 638).
Como foi cobrado: (PC-PI – Delegado – 2014) Segundo a teoria da tipicidade conglobante proposta por
Eugenio Raúl Zaffaroni, quando um médico, em virtude de intervenção cirúrgica cardíaca por absoluta
necessidade corta com bisturi a região torácica do paciente, é CORRETO afirmar que: não responde por
nenhum crime, carecendo o fato de tipicidade, já que não podem ser consideradas típicas aquelas condutas
toleradas ou mesmo incentivadas pelo ordenamento jurídico.
V. ADEQUAÇÃO TÍPICA
(1) Subsunção direta ou adequação típica imediata: não há dependência de qualquer dispositivo
complementar para adequar o fato à norma. Ex.: A subtrai o celular de B. Neste caso o fato de subtrair
coisa alheia móvel se enquadra diretamente ao art. 155 do CP.
(2) Subsunção indireta ou adequação típica mediata: há uma conjugação do tipo penal com a NORMA DE
EXTENSÃO, também denominada de norma de adequação típica mediata. No nosso Código Penal temos
3 hipóteses:
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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A. Norma de extensão temporal: Tentativa (art. 14, II do CP). Os tipos penais não possuem definição
direta de tentativa em cada um deles. Há essa norma geral que será combinada com o tipo penal não
consumado. Ex.: A tenta matar B. Este fato não há subsunção direta ao art. 121. Neste caso, devemos
utilizar do art. 121 do CP, cumulado com o art. 14, II, do CP.
B. Norma de extensão pessoal e espacial: Participação, artigo 29 do CP (esse artigo trata de todo o
concurso de pessoas, mas o que tem relevância aqui é a figura do partícipe). Quem espera do lado
de fora da casa enquanto o comparsa subtrai a televisão da vítima, embora não tenha subtraído coisa
alheia móvel, como manda o tipo, responderá pelo furto qualificado pelo concurso de pessoas em
razão da norma de extensão prevista no art. 29 do CP.
C. Norma de extensão da conduta: Crimes comissivos por omissão (em que há um garantidor): a
conduta que só podia ser praticada por ação passa a ser praticada por omissão, quando o garante
devia e podia agir para evitar o resultado. Art. 13, §2º, CP.
3. TEORIA DO TIPO
O tipo penal é aquele que descreve as condutas proibidas ou permitidas pelo direito penal de modo
genérico e abstrato, ou seja, condutas criminosas ou as hipóteses em que a prática destas é tolerada (já vimos
sobre isso nas classificações da lei penal).
Atenção: não confundir TIPO X TIPICIDADE. Enquanto o tipo é a figura penal que resulta da
imaginação do legislador, a tipicidade consiste na averiguação se determinada conduta se amolda ou não
nesse modelo imaginário pensado pelo legislador.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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Todos possuem núcleo e elementos, que formam o tipo fundamental. Quando há privilégios ou
qualificadoras, acrescentam-se circunstâncias, formando os tipos derivados.
O núcleo é o verbo do tipo – ex: “subtrair”, “matar”. É o ponto de partida.
Os elementos/elementares se dividem em:
A. Objetivos/descritivos: trazem um juízo de certeza. Podem ser compreendidos por qualquer pessoa.
Ex: “coisa alheia móvel” no furto, “alguém” no homicídio etc.
B. Subjetivos: Se relacionam com o animus do agente, sua especial finalidade de agir, suas intenções.
Ex: “para si ou para outrem” no furto. Não basta a subtração de coisa alheia móvel, faz-se necessário
o animus rem sibi habendi, dolo de assenhoramento definitivo.
C. Normativos: Demandam um juízo de valor por parte do aplicador do direito. Ex: “obsceno”,
“indevidamente”, “cruel”, “honesto”, “pudor”, “decoro” etc. Termos não definidos, que demandam
uma interpretação caso a caso.
▪ Tipo normal / neutro / acromático / avalorado – é o que, além do núcleo, contém somente
elementos objetivos/descritivos (ex: matar alguém).
▪ Tipo anormal é aquele que, além de núcleo e elementos objetivos, contem também elementos
subjetivos e/ou normativos (no finalismo TODOS os tipos são anormais, vez que dolo e culpa estão
no fato típico, como elemento da conduta e são essenciais a qualquer tipo).
▪ Tipo congruente (simétrico) é aquele em que há perfeita congruência entre a vontade do agente e
o fato tipificado (exemplo: crimes dolosos consumados).
▪ Tipo incongruente (assimétrico) é aquele em que não há congruência entre a vontade do agente o
fato por ele praticado (exemplo: os crimes tentados, os crimes culposos, preterdolosos). Se A quer
matar B, mas apenas o lesiona, há uma assimetria entre os elementos objetivos e subjetivos.
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algo a mais que o dolo, havendo um hipertrofiamento do aspecto subjetivo com relação ao objetivo. Esse
“algo a mais” além do dolo é tratado como elemento subjetivo do tipo distinto do dolo (ou, para a doutrina
clássica, dolo específico). São exemplos os delitos de intenção que contém expressões designativas de
intenções especiais (“com o fim de”, “em proveito próprio”), bem assim aqueles crimes chamados de
tendência, como os contra os costumes em que se exige que a ação se desenvolva seguindo uma intenção
sexual (satisfação da lascívia).
O professor paranaense Luiz Alberto Machado se reporta a uma outra terminologia sobre o tema:
ele chama de tipos originariamente incongruentes (ou assimétricos), aqueles em que, de maneira textual, (a)
o elemento objetivo vai além do elemento subjetivo (crime qualificado pelo resultado – aqui, há excesso
objetivo); ao reverso, quando (b) o tipo subjetivo vai além do objetivo (excesso subjetivo), tem-se o chamado
crime formal (consumação antecipada) e a que outros que exigem especial fim de agir. Por fim, fala-se em
congruência defeituosa (assimetria); nestes casos, pode haver erro de tipo ou tentativa. A congruência
defeituosa pode se dar em relação ao tipo subjetivo (este não vê a perfeição do tipo objetivo), e se observa
no erro de tipo: EX. o agente subtrai a coisa alheia móvel para si, crendo-a invencivelmente própria. Ao
contrário, quando o defeito de congruência estiver situado no tipo objetivo, se está diante de hipótese de
tentativa. Nesta hipótese, o tipo objetivo não se aperfeiçoa porque o verbo não se completa por um acidente
de percurso no iter criminis (circunstâncias alheias à vontade do agente, art. 14, II, do Código Penal)), como
sucede, v.g., na tentativa de homicídio; daí porque, neste caso, a conatus também pode ser definida como
um tipo penal acidentalmente incongruente ou incongruente per accidens.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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* Diferença entre tipo aberto e norma penal em branco: esta última é complementada por lei ou
ato administrativo, enquanto o primeiro é complementado por um juízo de valor.
A) DOLO
Vontade livre e consciente, dirigida a realizar ou aceitar realizar a conduta prevista no tipo penal
incriminador.
ELEMENTOS DO DOLO:
1) Intelectivo/Cognitivo: Consciência (ocorre primeiro);
2) Volitivo: Vontade.
* Dentro do elemento cognitivo (saber), o que o indivíduo precisa ter consciência para que ele
efetivamente tenha dolo? Ou seja: quais os limites desse conhecimento (do elemento cognitivo) para que eu
possa tecnicamente afirmar que o indivíduo tinha dolo?
Resposta: O conhecimento precisa ser ATUAL E REAL, precisa abranger as CIRCUNSTÂNCIAS DE FATO
DO TIPO OBJETIVO (são as elementares típicas), ou seja, ele precisa ter o conhecimento de todos os
elementos descritos no tipo penal incriminador, e precisa, ainda, abranger os ELEMENTOS PRESENTES E
FUTUROS DO TIPO OBJETIVO.
•
TEORIAS SOBRE O DOLO (se dividem em cognitivas/intelectivas ou volitivas):
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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b) DOLO INDIRETO: O agente, com sua conduta, não busca realizar um determinado resultado:
➢ Dolo alternativo: O agente prevê pluralidade de resultados, dirigindo sua conduta na
realização de qualquer dele.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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➢ Dolo eventual: Embora o agente não deseje o resultado, assume o risco de produzi-lo. Age
com indiferença.
TEORIA POSITIVA DO CONHECIMENTO: Reinhard Frank. “Seja como for, dê no que dê, eu não deixarei de
agir”.
o Dolo cumulativo: O agente pretende alcançar dois ou mais resultados típicos em sequência (progressão
criminosa);
o Dolo geral (erro sucessivo): Ocorre quando o agente, supondo já ter alcançado um resultado por ele
visado, pratica nova ação que efetivamente o provoca. É espécie de erro de tipo acidental, não
isentando o agente de pena.
o Dolo de propósito (refletido): resulta da reflexão do agente. Ocorre nos crimes premeditados.
o Dolo de ímpeto (repentino): resulta de uma explosão emocional. Ocorre nos crimes passionais.
B) CULPA
* ATENÇÃO: as hipóteses de crimes culposos devem vir expressamente previstas em lei, desse
modo, a regra é o dolo, enquanto a culpa é exceção.
* Discursivas com consulta: além do 18, II do CP, o CPM tem uma melhor definição do que seria o crime
culposo (DICA: FAZER REMISSÃO)
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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ELEMENTOS DA CULPA:
1) Conduta humana voluntária
2) Violação de um dever de cuidado objetivo
3) Resultado naturalístico
4) Nexo de causalidade
5) Previsibilidade Objetiva
6) Tipicidade
2) Violação de um dever objetivo de cuidado: O agente atua de forma diversa do esperado pela lei e
sociedade:
▪ Imprudência: Culpa positiva ou “in agendo”. Ação intempestiva e irrefletida. Faz algo que a cautela
não recomenda. Ex: excesso de velocidade na direção de veículo automotor;
▪ Negligência: Culpa negativa ou “in omitendo”. Falta de precaução. Deixa de fazer o que a cautela
recomenda. (Ex: médico que não esterilizou seus utensílios antes de uma cirurgia);
▪ Imperícia: Culpa profissional. Falta de aptidão técnica para o exercício de arte, ofício ou profissão. O
agente está autorizado a exercer determinada atividade, mas não tem as habilidades necessárias. Ex:
Engenheiro civil, com CREA, que não tem conhecimento necessário para a construção de um prédio,
mas o faz e o mesmo desaba.
OBS.1: É tendência achar que sempre que tivermos um profissional envolvido, o caso será de imperícia, mas
não é verdade. Depende da conduta. Como vimos no exemplo dado em negligência, também foi algo no
exercício da profissão. Olho vivo nisso!
OBS.2: Nos crimes culposos no CTB, a Jurisprudência vem no sentido de que é IMPRESCINDÍVEL apontar,
precisamente, qual foi a conduta culposa. Vejamos:
Denúncia no caso de homicídio culposo deve apontar qual foi a conduta culposa
- É inepta a denúncia que imputa a prática de homicídio culposo na direção de
veículo automotor (art. 302 da Lei 9.503/1997) sem descrever, de forma clara e
precisa, a conduta negligente, imperita ou imprudente que teria gerado o resultado
morte, sendo insuficiente a simples menção de que o suposto autor estava na
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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3) Resultado naturalístico: Alteração física no mundo exterior. São crimes materiais, via de regra.
Há exceções. Ex: art. 38 da Lei de Drogas. Prescrever drogas culposamente sem que delas necessite
o paciente. Se consuma com a mera prescrição feita por médico ou dentista, ou seja, é um crime de mera
conduta. Se o indivíduo usar a droga será mero exaurimento.
5) Previsibilidade objetiva:
Ao contrário da previsibilidade subjetiva, que analisa as analisa as condições do agente no momento
da conduta, a previsibilidade objetiva analisa o fato de acordo com a visão do “homem médio”. Ou seja, não
será analisado se aquele agente específico previu o resultado, mas se, naquelas circunstâncias, era possível
que um homem médio as tenha previsto.
Assim, haverá previsibilidade objetiva quando o agente, nas circunstâncias em que se encontrava,
podia, segundo a experiência geral (homem médio), ter representado como possível as consequências de
seu ato
Art. 18, §único, CP: Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém
pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica
dolosamente.
ESPÉCIES DE CULPA:
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
1) Culpa consciente: O agente prevê o resultado, decidindo prosseguir com sua conduta, acreditando que
ele não ocorrerá ou que conseguirá evita-lo;
Diferente do dolo eventual, em que o agente, embora também preveja, não se importa que o
resultado ocorra.
Professor Cézar Roberto Bitencourt: Há culpa consciente, também chamada culpa com
previsão, quando o agente, deixando de observar a diligência a que estava obrigado,
prevê um resultado, previsível, mas confia convictamente em que ele não ocorra. Quando
o agente, embora prevendo o resultado, espera sinceramente que este não se verifique,
estar-se-á diante de culpa consciente e não de dolo eventual. No entanto, na análise dessa
espécie de culpa, deve-se agir com cautela, pois a simples previsão do resultado não
significa, por si só, que o agente age com culpa consciente, uma vez que, mais que a
previsão, o que a caracteriza efetivamente é a consciência acerca da lesão ao dever de
cuidado. Logo, nada impede que possa ocorrer erro de proibição, quando o agente se
equivocar a respeito da existência ou dos limites do dever objetivo de cuidado
2) Culpa inconsciente: O agente NÃO prevê o resultado que, entretanto, lhe era previsível naquelas
circunstâncias;
3) Culpa própria: o agente não quer o resultado nem assume o risco de produzi-lo;
4) Culpa imprópria (culpa equiparada ou por assimilação): O agente, por erro evitável, fantasia certa
situação de fato que não existe, supondo estar acobertado por excludente de ilicitude (discriminante
putativa) e, em razão disso, provoca intencionalmente o resultado ilícito. Embora a conduta seja dolosa,
o agente responde por culpa, por razões de política criminal (art. 20, §1º, CP)
Ex.: A vê um vulto dentro de casa e dispara, pensando ser um bandido, mas na verdade era seu genro
que estava indo embora de lá de madrugada sem ele saber. Neste caso, A matou porque quis, mas achou
que estaria em legítima defesa. Por essa situação, responderá por culpa.
Olha o bizu: Via de regra, crime culposo não admite tentativa. Porém, no caso de culpa imprópria, admite-
se, justamente por ser um dolo tratado como culpa. (Foi questão da 2ª Fase de Delegado de Polícia de Minas
Gerais em 2018!)
Olha o bizu: Há autores que defendem a possibilidade de se reconhecer a tentativa em crimes preterdolosos
(dolo no antecedente e culpa no consequente), quando a parte frustrada da conduta é a dolosa. Nesse
sentido: Grecco e Rogério Sanches.
5) Culpa mediata: é aquela em que o resultado naturalístico é produzido indiretamente a título de culpa.
6) Culpa presumida (“in re ipsa”): não é admita no Brasil, pois a culpa precisa ser provada.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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EXCLUSÃO DA CULPA:
1) Caso fortuito e força maior;
2) Princípio da confiança
3) Erro profissional;
4) Risco tolerado;
5) Risco praticado por outrem.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
o 2ª Corrente (LFG): Não admite nem coautoria e nem participação nos crimes culposos, em razão da
ausência de vínculo subjetivo entre os envolvidos.
o 3ª Corrente (Fernando Capez): Ambos são possíveis, sendo autor aquele que realiza o núcleo do tipo
e partícipe o que concorre para o crime, sem, no entanto, cometer o núcleo verbal da ação.
A. CRIME PRETERDOLOSO
É uma espécie de crime agravado pelo resultado, constituindo de dolo no antecedente e culpa no
consequente (art. 19, CP).
Cleber Masson: A conduta dolosa acarreta a produção de um resultado mais grave do que o desejado pelo
agente à título de culpa.
Elementos:
✓ Conduta dolosa visando a determinado resultado;
✓ Provocação culposa de resultado mais grave do que o desejado;
✓ Nexo causal entre conduta e resultado;
✓ Tipicidade.
4. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
4.1 Consumação
*Só haverá inter criminis nos crimes dolosos! Já que, nos crimes culposos, o resultado ilícito não é
querido, ele provém da violação de um dever objetivo de cuidado.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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I. FASE INTERNA:
1) COGITAÇÃO:
Abarca:
⦁ Idealização – quando surge a ideia da prática do delito;
⦁ Deliberação – o agente faz a análise de prós e contras da empreitada criminosa;
⦁ Resolução – o agente decide praticar o crime.
* ATENÇÃO: A simples ideia de crime NÃO pode ser punida, em razão do princípio da
materialização do fato. “Direito à perversão”. “Claustro psíquico”.
1) PREPARAÇÃO:
Os atos preparatórios representam o início da fase externa da ação. Isso porque o indivíduo
exterioriza o projeto criminoso que ele havia elaborado mentalmente.
Ou seja: A preparação corresponde aos atos indispensáveis à prática da infração penal.
Obs.: Há quem entenda que compõe a fase interna, a exemplo de Rogério Sanches,
mas não prevalece.
o Regra: Impunível, vez que o CP busca punir o crime a partir dos atos executórios;
o Exceção – Atos preparatórios podem gerar crimes autônomos chamados de crimes-obstáculo.
⦁ Fabricar, fornecer, adquirir e portar explosivos;
⦁ Incitação ao crime;
⦁ Petrechos de falsificação de moeda;
⦁ Associação criminosa.
ENTENDA: Trata-se do fenômeno chamado antecipação da tutela penal. É o fenômeno pelo qual o
legislador criminaliza condutas que seriam atos preparatórios de outros crimes, mas que constituem
crimes autônomos. Essa ampliação está atrelada ao próprio papel do Estado, como provedor de
determinados direitos.
2) EXECUÇÃO:
Inicia a agressão ao bem jurídico. Deve ser:
• Ato idôneo: Com capacidade suficiente para lesar o bem jurídico penalmente tutelado;
• Ato inequívoco: Direcionado ao ataque do bem jurídico.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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• Teoria subjetiva: não há distinção entre o ato preparatório e o executório. Considera-se o dolo do
agente, que está presente a todo momento – não é admitida no Brasil
• Teorias objetivas
a) Teoria da hostilidade ao bem jurídico: o ato de execução é aquele em que o agente ataca o bem
jurídico, enquanto que o ato preparatório não altera o seu “estado de paz”. (Nelson Hungria, Max
Ernst Mayer)
b) Teoria objetivo-formal ou lógico-formal: é a teoria majoritária no Brasil. Caracteriza ato de
execução como aquele em que o agente começa a praticar o verbo (o núcleo do tipo) da conduta
criminosa, enquanto que os atos anteriores são preparatórios. (Franz Von Liszt)
d) Teoria objetivo-material: Os atos de execução são aqueles em que o agente inicia a realização do
núcleo do tipo e também os atos que lhe são imediatamente anteriores, NA VISÃO DO TERCEIRO
OBSERVADOR. É o que diferencia da lógico-individual / objetivo-subjetiva. O juiz deve avaliar os atos
a partir de uma visão externa da situação (não necessariamente de uma terceira pessoa presente no
local do crime – é uma figura hipotética). (Reinhart Frank).
f) Teoria negativa: entende não ser possível limitar, em uma regra geral, o que seriam atos
preparatórios ou executórios, devendo tal definição ficar a cargo do julgador no momento da análise
de cada caso.
3) CONSUMAÇÃO:
Surge quando no crime se reúnem todos os elementos de sua definição legal (crime completo ou
perfeito):
⦁ Crime material = conduta + resultado naturalístico (indispensável);
⦁ Crime formal = concretização da conduta. Resultado naturalístico dispensável;
⦁ Crime de mera conduta = tipo descreve mera conduta, SEM resultado naturalístico;
⦁ Crime habitual = A consumação ocorre com a reiteração de atos que revelam o estilo de vida do
agente;
⦁ Crime permanente = A consumação se arrasta no tempo.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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⦁ Crimes de perigo concreto = a consumação se dá com a efetiva exposição do bem jurídico a uma
probabilidade de dano
⦁ Crimes de perigo abstrato = a consumação se dá com a mera prática da conduta definida pela
lei como perigosa (porte de arma e dirigir sem habilitação).
ITER CRIMINIS:
b) Conceito:
É o início da execução de um crime que somente não se consuma por circunstâncias alheias à vontade
do agente.
Também é chamada de “crime manco”, vez que o tipo subjetivo está perfeito
(vontade/voluntariedade), mas o tipo objetivo, a figura criminosa, não se realiza integralmente.
c) Natureza Jurídica:
• Trata-se de norma de extensão temporal
• Sob o enfoque da PENA - trata-se de causa geral obrigatória de diminuição de pena
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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d) Elementos:
• Início da execução (questão de lógica: se tentativa é justamente a execução interrompida por
circunstâncias alheias à vontade do agente, é imprescindível o seu início)
• Ausência de consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente
• Dolo de consumação (o dolo é o mesmo do delito consumado)
• Resultado possível (se o resultado não ocorreu por ser impossível, será crime impossível, ora bolas).
• Teoria subjetiva/voluntarista/monista: o sujeito é punido por sua intenção, pois o que importa é o
desvalor da ação, sendo irrelevante o desvalor do resultado, de modo que deveria suportar a mesma
pena;
→ Assim, se ele tem a intenção de matar, a tentativa de homicídio deve ser punida da mesma
forma que o homicídio. Ou seja: ele deve ser punido pela pena da consumação tangente à
sua vontade.
→ Consequências de adotar a teoria subjetiva:
1. É a punição da tentativa inidônea ou crime impossível
2. Equiparação do crime consumado ao crime tentado (o crime tentado é punido com a
mesma pena do crime consumado, uma vez que a intenção, o ânimus, o dolo era de
consumar a conduta).
- REGRA: a Teoria Objetiva é teoria adotada pelo nosso CP! (Art. 14, §único, 2ª parte).
- EXCEÇÃO: Essa teoria foi adotada com ressalvas, em razão da primeira parte do §único do
art. 14, que é considerada pela doutrina como um resquício da Teoria Subjetiva.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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CONCLUSÃO: Em regra, a teoria adotada pelo Código Penal é a Teoria Objetiva. No entanto,
excepcionalmente, adotou a Teoria Subjetiva nas hipóteses de crimes de atentado ou de mero
arrependimento, hipóteses em que a tentativa é punida com a mesma pena da consumação.
f) Espécies:
• Tentativa branca ou incruenta: O objeto material NÃO é atingido pela conduta criminosa;
• Tentativa vermelha ou cruenta: O objeto é atingido;
• Tentativa perfeita ou crime falho: O agente esgota todos os meios executórios que estavam à
disposição, e mesmo assim não sobrevém a consumação por circunstâncias alheias a sua vontade.
Apenas é compatível com os crimes materiais, tendo em vista que nos formais e de mera
conduta, esgotando-se os atos executórios, teremos crime consumado, não tentado;
Atenção à nomenclatura! Não confunda crime falho com crime impossível (quase-crime,
crime oco, tentativa inidônea e tentativa impossível).
• Tentativa imperfeita, inacabada ou tentativa propriamente dita: O agente inicia a execução sem
utilizar todos os meios que tinha ao seu alcance, e o crime não se consuma por circunstâncias alheias
a sua vontade.
• Tentativa simples: É a tentativa propriamente dita. O resultado não ocorre por circunstâncias alheias
à vontade do agente.
• Tentativa qualificada/abandonada: Embora carregue o termo “tentativa”, de tentativa só tem o
nome, pois, na verdade, não é. É o termo utilizado como gênero, do qual são espécies a desistência
voluntária e o arrependimento eficaz (que veremos mais à frente).
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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o Crimes culposos: são incompatíveis com a tentativa, em razão do resultado ser involuntário.
Na culpa imprópria admite-se a tentativa.
o Crimes preterdolosos: a tentativa é inadmissível na parte culposa;
o Crimes unissubsistentes: são aqueles em que a conduta é composta por um único ato, sendo
impossível fracionar o “inter criminis”, motivo pela qual a tentativa é inadmissível (exemplo:
injúria verbal);
o Crimes omissivos próprios e de perigo abstrato: são unissubsistentes, razão pela qual a
tentativa é inadmissível;
o Contravenções penais: a tentativa de contravenção é penalmente irrelevante por previsão
legal (art. 4°, LCP)
o Crime obstáculo: vez que a preparação já está sendo punida de forma autônoma;
o Crime habitual: exige reiteração de atos, motivo pelo qual a tentativa não seria cabível.
Doutrina minoritária entende que sim, ex.: falso médico aluga local e faz anúncio da futura
abertura de sua clínica, antes de chegar a atender alguém.
a) Conceito:
Os dois institutos constituem aquilo que a doutrina chamou de "tentativa abandonada" ou "tentativa
qualificada", em que o crime não se consuma pela própria vontade do agente. – NÃO CONFUNDIR com a
"tentativa", propriamente dita (em que o crime não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do
agente).
São chamados também de "ponte de ouro" - pela oportunidade que o agente tem de "corrigir o seu
percurso", voltando à esfera da licitude.
▪ Desistência voluntária: O agente inicia os atos executórios, mas por vontade própria, interrompe este
processo, abandonando a prática dos demais atos necessários e que estavam à sua disposição para
a consumação. Em regra, conduta negativa.
Um terceiro pode influenciar, pedir, mas não pode ter havido coação. Exige-se, portanto, a
vontade livre do agente, mas não precisa ser espontânea (surgir da cabeça dele).
É incabível nos crimes unissubsistentes, que são realizados por apenas 1 (um) ato.
c) Requisitos:
o Voluntariedade – vontade livre (é diferente de espontaneidade, que não é requisito);
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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o Eficácia - Para que se apliquem esses institutos, a conduta do agente deve ter sido eficaz para
impedir a consumação. Se ele apenas tentou, mas não conseguiu evitar, será cabível somente
uma atenuante genérica (Art. 65, III, b, primeira parte, do Código Penal).
Já caiu em prova e foi considerada CORRETA a seguinte alternativa: O agente que tenha desistido
voluntariamente de prosseguir na execução ou, mesmo depois de tê-la esgotado, atue no sentido de evitar
a produção do resultado, não poderá ser beneficiado com os institutos da desistência voluntária e do
arrependimento eficaz caso o resultado venha a ocorrer.
#QC – Banca CESPE: Pedro, José e Alfredo integram uma organização criminosa que opera com tráfico de
drogas e comete vários crimes na periferia de uma grande cidade brasileira. José ocupa uma posição mais
alta na organização, sendo responsável por punir quem não correspondesse às expectativas do grupo. Certo
dia, tendo Alfredo falhado na cobrança de uma dívida do tráfico, José, com a ajuda de Pedro, deu-lhe uma
surra. Com o objetivo de se vingar de ambos, Alfredo armou um plano para acabar com a vida de José e
atribuir a responsabilidade a Pedro. Assim, durante um tiroteio entre integrantes da organização criminosa
e policiais, Alfredo, apontando na direção de José, que estava atrás de um arbusto, orientou Pedro a atirar
nele, sob a alegação de que se tratava de um policial. O tiro atingiu José e Alfredo fugiu. Tendo percebido o
erro, Pedro levou José ao hospital, o que evitou sua morte. Considerando que, conforme o Código Penal, o
crime de homicídio consiste em matar alguém e o crime de lesão corporal em ofender a integridade corporal
ou a saúde de outrem, assinale a opção correta a respeito da responsabilização de Alfredo e Pedro na
situação hipotética apresentada.
A - Pedro não será responsabilizado pela prática de crime, em razão do erro sobre pessoa, e Alfredo
responderá por tentativa de homicídio.
B - Alfredo será responsabilizado por tentativa de homicídio e Pedro por lesão corporal.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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C - Nem Alfredo nem Pedro serão responsabilizados pela prática de crime, já que Pedro impediu a morte de
José.
D - Tanto Pedro quanto Alfredo responderão por tentativa de homicídio.
E - Pedro não será responsabilizado pela prática de crime, por estar configurada discriminante putativa, e
Alfredo responderá por lesão corporal.
CORRETA: Alfredo será responsabilizado por tentativa de homicídio e Pedro por lesão corporal.
Justificativa: Pedro: Aberratio ictus + arrependimento eficaz.
“Ué, mas vocês acabaram de falar que se comunica. Por qual razão foi diferente aqui?”
Note que Alfredo agiu com má fé, levando o autor executor a erro. Assim, na verdade, não houve concurso
de pessoas, mas autoria mediata mediante induzimento a erro de tipo (art. 20, §2º do CP: responde pelo
crime o terceiro que determina o erro). Ele não é mero partícipe, ele foi o AUTOR MEDIATO. Por esta razão,
Alfredo não será beneficiado com o arrependimento eficaz praticado por José. Se o caso fosse de concurso
de pessoas mediante participação, como muita gente pensa ao ler o enunciado, ele seria sim beneficiado,
vez que o instituto se aplica aos demais agentes, mesmo que não concordem com o arrependimento. Assim,
Alfredo será responsabilizado por tentativa de Homicídio.
Quais as consequências da desistência voluntária e do arrependimento eficaz?
R.: O agente NÃO responde pela forma tentada do crime inicialmente desejado, mas apenas pelos
atos já praticados.
Em outras palavras: a desistência voluntária e arrependimento eficaz ELIMINAM a tentativa – vez
que para a tentativa a não consumação é por circunstâncias alheias à vontade do agente (sim, falamos pela
terceira vez que é para gravar!).
6. ARREPENDIMENTO POSTERIOR
Ocorre quando o responsável pelo crime praticado sem violência à pessoa ou grave ameaça,
voluntariamente e até o recebimento da denúncia ou queixa, restitui a coisa ou repara o dano provocado
por sua conduta.
Arrependimento posterior
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado
o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato
voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.
b) Extensão do benefício:
Conforme a doutrina majoritária, alcança qualquer crime que com ele seja compatível, e não apenas
delitos contra o patrimônio, vez que o CP não limita a eles.
No entanto, o STJ tem jurisprudência em sentido contrário: “Os crimes contra a fé pública, assim
como nos demais crimes não patrimoniais em geral, são incompatíveis com o instituto do arrependimento
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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posterior, dada a impossibilidade material de haver reparação do dano causado ou a restituição da coisa
subtraída” (REsp 1.242.294/PR, j. 18/11/2014).
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(STJ; AgRg-HC 510.052; Proc. 2019/0136931-4; RJ; Sexta Turma; Rel. Min. Nefi
Cordeiro; Julg. 17/12/2019; DJE 04/02/2020)
c) Fundamentos:
• Proteção à vítima;
• Fomento ao arrependimento do agente.
d) Requisitos (cumulativos):
(1) Natureza do crime: crime praticado sem violência ou grave ameaça à pessoa (a violência à coisa não obsta
o reconhecimento do instituto).
Cabe arrependimento posterior nos casos em que há violência imprópria? Ex.: quando utiliza um
sonífero para diminuir a capacidade de resistência da vítima.
R.: Há divergência doutrinária: Parte da doutrina entende que o arrependimento posterior é uma das
poucas hipóteses em que o legislador se preocupa com a vítima, se preocupa com a fora de diminuir os danos
causados à vítima. Assim, como esse instituto é direcionado à vítima, sempre que puder incentivar o autor a
reparar o dano ou restituir a coisa, reduzindo os prejuízos da vítima, admitiria a aplicação do arrependimento
posterior. No entanto, a jurisprudência é muito reticente em aplicar.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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o Integral.
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: III - ter o agente:
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime,
evitar-lhe ou minorar-lhe as conseqüências, ou ter, antes do julgamento, reparado
o dano;
e) Algumas características:
• A reparação do dano ou restituição da coisa tem natureza objetiva, razão pela qual comunica-se aos
demais coautores e partícipes do crime (majoritário).
• A recusa do ofendido NÃO impede a redução da pena.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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• Em algumas situações, não se aplicará pelo fato de existir norma específica mais favorável para o
caso de haver reparação do dano, como por exemplo, extinção da punibilidade, ex: apropriação
indébita, crimes de menor potencial ofensivo, peculato culposo etc.
1. PECULATO CULPOSO
• Reparação do dano até a sentença irrecorrível — extinção da punibilidade
• Reparação do dano após a sentença irrecorrível — redução de ½ da pena
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por
absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.
a) Conceito: Verifica-se quando jamais ocorrerá a consumação, seja pela ineficácia absoluta do meio, ou por
absoluta impropriedade do objeto. Também conhecido por “tentativa inidônea, tentativa inadequada,
tentativa impossível ou quase crime”.
Súmula 145, STF: “não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia
torna impossível a sua consumação”. Segundo Greco, “por intermédio da Súmula
n° 145 do STF foi pacificado o entendimento daquela Corte no sentido de que, em
determinadas situações, se a polícia preparar o flagrante de modo a tornar
impossível a consumação do delito, tal situação importará em crime impossível,
não havendo, por conseguinte, qualquer conduta que esteja a merecer a
reprimenda do Estado”.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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Já caiu em prova e foi considerada INCORRETA a seguinte alternativa: No direito penal brasileiro, adota-se a
teoria subjetiva para o regramento do crime impossível, o que significa que o agente não responde, inclusive
pela tentativa, diante da impossibilidade da consumação do crime em razão da ineficácia absoluta do meio
ou da absoluta impropriedade do objeto.
Já caiu em prova e foi considerada INCORRETA a seguinte assertiva: Crime impossível e delito putativo são
considerados pela doutrina como expressões sinônimas.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
- Direito Penal – Parte Geral – Volume 1 – 13ª edição – Cleber Masson;
- Sinopse nº1 – Direito Penal – Parte geral – 7ª edição – Alexandre Salim e Marcelo André de Azevedo;
- Manual de Direito Penal – Parte geral – 7ª edição – Rogério Sanches Cunha.
- Site Dizer o Direito – www.dizerodireito.com.br
- Curso de Direito Penal – Parte Geral – Volume 1 – 21ª edição – Rogério Greco
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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QUESTÕES PROPOSTAS
1. Parte da doutrina entende que a desistência voluntária deve ser também autônoma (determinada por
decisão do próprio agente), pois se um fator externo levasse o agente a desistir da execução, a situação
descrita no art. 15 do Código Penal não se caracterizaria.
2. O iter criminis corresponde ao desenvolvimento da conduta criminosa e pode ser dividido nas seguintes
etapas: cogitação, preparação, execução, consumação e exaurimento, sendo que a cogitação e os atos
preparatórios em regra não são puníveis, salvo quando manifestem claramente a intenção de cometer o
crime.
3. O arrependimento eficaz se caracteriza quando o agente com eficiência impede o resultado inicialmente
almejado, não respondendo, então, pelo crime que pretendia praticar, mas pelos atos já praticados (se por
si constituírem crime).
4. A teoria material objetiva distingue os atos preparatórios do início da execução pelo início do ataque ao
bem jurídico: tão logo se inicie uma situação de risco para o bem jurídico, a execução começa e a conduta
passa a ser punível.
J.J. respondeu processo pelo crime de peculato (art. 312 do Código Penal) cometido no dia 30/09/2010,
quando tinha 66 anos de idade.Adenúncia foi oferecida pelo Ministério Público em 16/10/2014 e recebida
pelo(a) Magistrado(a) competente no dia 18/10/2014. O processo tramitou regularmente e J.J. foi condenado
a cumprir pena de 2 anos de reclusão, em regime inicial semiaberto, e ao pagamento de 10 dias-multa no
valor de 1/30 do salário mínimo vigente à época do fato. A sentença foi proferida em 16/11/2016 e publicada
no dia 18/11/2016. Não houve interposição de recurso pelas partes e foi certificado o trânsito em julgado,
ocorrido em 05/12/2016. Em 20/10/2018 se iniciou o cumprimento da pena.
A partir das normas aplicáveis à extinção da punibilidade, é correto afirmar que nesse caso:
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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3 - 2021 - FGV - PC-RN - FGV - 2021 - PC-RN - Delegado de Polícia Civil Substituto
Prescrição é a perda pelo Estado do direito de punir ou executar a pena em razão do decurso do tempo,
tratando-se de causa de extinção da punibilidade. Sobre o tema, analise as afirmativas a seguir.
I. O termo inicial da prescrição da pretensão punitiva é o do dia em que cessar a permanência, em crimes
desta natureza.
II. A publicação do acórdão condenatório interrompe o prazo da prescrição da pretensão executória. III. A
desclassificação posterior pelo Tribunal do Júri faz desaparecera causa de interrupção da prescrição em razão
da pronúncia.
Está correto somente o que se afirma em:
A-I;
B-II;
C-III;
D-I e III;
E-II e III.
4- 2021 - INSTITUTO AOCP - PC-PA - INSTITUTO AOCP - 2021 - PC-PA - Delegado de Polícia Civil
De acordo com o Direito Penal, assinale a alternativa INCORRETA.
A-Aplica-se a lei brasileira ao crime de homicídio cometido na Argentina contra o Presidente da República do
Brasil. Trata-se de hipótese de extraterritorialidade incondicionada, dada a incidência do princípio da
representação.
B-A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo
qualquer efeito condenatório.
C-Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego de violência ou grave
ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa
roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada.
D-Para a configuração do delito de violação de direito autoral e a comprovação de sua materialidade, é
suficiente a perícia realizada por amostragem do produto apreendido, nos aspectos externos do material, e
é desnecessária a identificação dos titulares dos direitos autorais violados ou daqueles que os representem.
E-O crime de estupro de vulnerável se configura com a conjunção carnal ou prática de ato libidinoso com
menor de catorze anos, sendo irrelevante eventual consentimento da vítima para a prática do ato, sua
experiência sexual anterior ou existência de relacionamento amoroso com o agente.
5- 2021 - INSTITUTO AOCP - PC-PA - INSTITUTO AOCP - 2021 - PC-PA - Delegado de Polícia Civil
Referente ao Direito Penal, assinale a alternativa correta.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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A-São exemplos de crimes que não admitem a tentativa: os preterdolosos, os unissubsistentes, os omissivos
próprios e os de perigo concreto.
B-Os crimes próprios são incompatíveis com a coautoria, haja vista que são delitos em que o tipo penal exige
uma situação de fato ou de direito diferenciada por parte do sujeito ativo.
C-Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até
o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um terço até
a metade.
D-O indulto extingue os efeitos primários da condenação (pretensão executória), mas não atinge os efeitos
secundários, penais ou extrapenais.
E-Em relação ao concurso formal próprio, o Código Penal adotou o sistema da exasperação, aplicando-se a
pena de qualquer dos crimes, se idênticos, ou então a mais grave, aumentada, em qualquer caso, de um
sexto até dois terços.
6- 2021 - INSTITUTO AOCP - PC-PA - INSTITUTO AOCP - 2021 - PC-PA - Delegado de Polícia Civil
Analise a seguinte situação hipotética: Romeu, funcionário público, praticou dois crimes de peculato (art.
312, caput, CP), devendo o segundo, pelas condições de tempo, local, modo de execução e outras
semelhantes, ser considerado continuação do primeiro. Foi regularmente processado e condenado, com a
aplicação da pena privativa de liberdade no patamar mínimo. Nesse caso, considerando que ocorreu o
trânsito em julgado da sentença penal condenatória para ambas as partes, a extinção da punibilidade pela
prescrição ocorrerá em
A-quatro anos.
B-oito anos.
C-doze anos.
D-dezesseis anos.
E-vinte anos.
7 - 2021 - INSTITUTO AOCP - PC-PA - INSTITUTO AOCP - 2021 - PC-PA - Delegado de Polícia Civil
Assinale a alternativa correta no que concerne ao Direito Penal.
A-Na teoria naturalística, conduta é o comportamento humano voluntário que produz modificação no mundo
exterior. Nessa teoria, dolo e culpa se alojam no interior da conduta, isto é, do fato típico.
B-Nas causas supervenientes relativamente independentes que produzem por si sós o resultado, adotou-se
a teoria da causalidade adequada. Sendo assim, rompe-se o nexo causal em relação ao resultado e o agente
só responde pelos atos até então praticados.
C-Os elementos normativos são os dados da conduta criminosa que não pertencem ao mundo anímico do
agente. Exprimem um juízo de certeza.
D-No dolo de propósito, não há intervalo entre a cogitação do crime e a execução da conduta penalmente
ilícita. Ocorre, de modo geral, nos crimes passionais.
E-A concorrência de culpas se verifica quando duas ou mais pessoas concorrem, culposamente, para a
produção de um resultado naturalístico. Nesse caso, ambos os agentes respondem pelo resultado em
coautoria.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
8 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE / CEBRASPE - 2021 - Polícia Federal - Delegado de
Polícia Federal
Com relação à teoria geral do direito penal, julgue o item seguinte.
Certo
Errado
9- 2021 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE / CEBRASPE - 2021 - Polícia Federal - Delegado de
Polícia Federal
Acerca da teoria da pena, julgue o item que se segue.
Certo
Errado
10- 2021 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE / CEBRASPE - 2021 - Polícia Federal - Delegado de
Polícia Federal
Acerca da teoria da pena, julgue o item que se segue.
Certo
Errado
11- 2021 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE / CEBRASPE - 2021 - Polícia Federal - Delegado de
Polícia Federal
No que concerne aos crimes previstos na parte especial do Código Penal, julgue o item subsequente.
Certo
Errado
12- 2021 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE / CEBRASPE - 2021 - Polícia Federal - Delegado de
Polícia Federal
No que concerne aos crimes previstos na parte especial do Código Penal, julgue o item subsequente.
A adoção de sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico, por si só, não torna impossível a
configuração do crime de furto.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
Certo
Errado
13- 2021 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE / CEBRASPE - 2021 - Polícia Federal - Delegado de
Polícia Federal
No que concerne aos crimes previstos na parte especial do Código Penal, julgue o item subsequente.
Em se tratando do crime de falsidade ideológica, o prazo prescricional se reinicia com a eventual reiteração
de seus efeitos.
Certo
Errado
14- 2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Instituto Acesso - 2019 - PC-ES - Delegado de Polícia - Anulado
Tício, morador do Rio de Janeiro, começou a namorar Gabriela, uma jovem moradora da cidade de São Paulo.
Com o passar do tempo e os efeitos da distância, Tício, motivado por ciúmes, resolveu tirar a vida de Gabriela.
Pôs-se então a planejar a prática do crime em sua casa, no Rio de Janeiro, tendo adquirido uma faca,
instrumento com o qual planejou executar o crime. No dia em que seguiu para São Paulo para encontrar
Gabriela, que lhe o esperava na rodoviária, Tício combinou com a jovem uma viagem a passeio para o Espírito
Santo. Ao ingressarem no ônibus que os levaria de São Paulo para o Espírito Santo, Tício afirmou para
Gabriela que iria matá-la. Todavia, dada a calma de Tício, a jovem achou que se tratava de uma brincadeira.
Durante o trajeto, Tício, ofereceu a ela uma bebida contendo substância que causava a perda dos sentidos.
Após Gabriela beber e dormir, sob efeito da substância, enquanto passavam pela BR-101, no Rio de Janeiro,
Tício passou a desferir golpes com a faca no peito da jovem. Quando chegou ao destino, Tício se entregou
para polícia, e Gabriela, embora tenha sido socorrida, veio a óbito ao chegar ao Hospital.
O crime descrito no texto foi praticado, de acordo com a lei penal, no momento
A-da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. Trata-se, portanto, do momento em
que Tício desferiu os golpes em Gabriela.
B-em que o agente se prepara para a promoção da conduta criminosa. Ou seja, trata-se do momento em que
Tício planejou e adquiriu as ferramentas necessárias ao cometimento do crime.
C-em que a autoridade policial toma conhecimento do crime. Ou seja, quando Tício se entregou para a
polícia.
D-em que é alcançada a consumação do crime. Trata-se, portanto, do momento da morte de Gabriela, que
ocorreu no hospital.
E-da ação ou omissão, se este for concomitante ao resultado. Não sendo possível determiná-lo, no presente
caso, em razão da separação temporal entre a conduta e o resultado.
15- 2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Instituto Acesso - 2019 - PC-ES - Delegado de Polícia - Anulado
“A extinção da punibilidade significa o desaparecimento do poder de punir do Estado em relação a fatos
definidos como crimes, pela ocorrência de eventos, situações ou acontecimentos determinados na lei como
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
causas de extinção da punibilidade (art. 107, CP).” (SANTOS, Juarez Cirino dos. Direito Penal Parte Geral. 5ª
ed., Florianópolis: Conceito, 2012).
Tendo em vista as causas de extinção de punibilidade conhecidas em âmbito de Direito Penal, assinale a
alternativa correta com relação ao indulto.
16- 2018 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE - 2018 - Polícia Federal - Delegado de Polícia Federal
Em cada item seguinte, é apresentada uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada com
base na legislação de regência e na jurisprudência dos tribunais superiores a respeito de exclusão da
culpabilidade, concurso de agentes, prescrição e crime contra o patrimônio.
Júnior, maior e capaz, foi processado e julgado pelo crime de estelionato. Tendo verificado que Júnior tinha
sido condenado pelo mesmo crime havia dois anos, o juiz aumentou a pena em um terço. Nessa situação, o
aumento da pena não influirá no prazo da prescrição da pretensão punitiva.
Certo
Errado
17- 2018 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE - 2018 - Polícia Federal - Delegado de Polícia Federal
Em cada item a seguir, é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada com
base na legislação de regência e na jurisprudência dos tribunais superiores a respeito de execução penal, lei
penal no tempo, concurso de crimes, crime impossível e arrependimento posterior.
Cristiano, maior e capaz, roubou, mediante emprego de arma de fogo, a bicicleta de um adolescente, tendo-
o ameaçado gravemente. Perseguido, Cristiano foi preso, confessou o crime e voluntariamente restituiu a
coisa roubada. Nessa situação, a restituição do bem não assegura a Cristiano a redução de um a dois terços
da pena, pois o crime foi cometido com grave ameaça à pessoa.
Certo
Errado
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
Quando o agente, em crime cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa, repara voluntariamente o
dano até o recebimento da denúncia, ocorre:
A-arrependimento eficaz.
B-arrependimento posterior.
C-crime impossível.
D-desistência voluntária.
E-tentativa.
A-no caso de concurso de crimes, incidirá sobre o somatório das respectivas penas.
B-no caso de evadir-se o condenado ou de revogar-se o livramento condicional, é regulada pelo tempo que
resta da pena.
C-no caso de pena de multa, ocorrerá em três anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada.
D-quando o criminoso era, na data da sentença, maior de sessenta anos, tem seu prazo reduzido pela
metade.
E-antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr, nos crimes permanentes, a partir do dia
em que se iniciou a permanência.
A-exemplificativo, já que são admitidas pela legislação causas ali não contidas, como, por exemplo, o
cumprimento da suspensão condicional do processo.
B-taxativo, já que não admite exceção.
C-taxativo, uma vez que as causas supralegais de extinção da punibilidade não são reconhecidas pela
jurisprudência.
D-exemplificativo, já que são admitidas pela legislação causas ali não contidas, como, por exemplo, a
incapacidade mental superveniente ao crime.
E-exemplificativo, já que são admitidas pela legislação causas ali não contidas, como, por exemplo, o indulto.
Respostas2
2
1: D 2: C 3: A 4: A 5: D 6: A 7: B 8: E 9: E 10: C 11: E 12: C 13: E 14: A 15: E 16: E 17: C 18: B 19: B 20: A
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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META 3
DIREITO ADMINISTRATIVO: ENTES DA ADMINISTRAÇÃO
CF/88
⦁ Art. 33
⦁ art. 48, XI
⦁ Lei 9637/98
⦁ Lei 13.303/16
⦁ Lei 13.019/14
⦁ Lei 9986/2000
⦁ Art. 48, XI, CF/88 (criação de ministérios deve ser por lei)
Principais artigos da Lei 13.303/16 - (Lei das empresas públicas e sociedades de economia
mista)
⦁ Art. 1º, caput e §§5º e 6º
⦁ Art. 3º, 4º e 5º
⦁ Art. 8º
⦁ Art. 27 a 30
⦁ Art. 47 e 49
⦁ Art. 85 e 86
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
⦁ Art. 1º e 2º
⦁ Art. 5º, 6º, 7º e 9º
⦁ Art. 11º e 12º
⦁ Art. 14 e 17
Principais artigos da lei 9.790/99– Lei das organizações da sociedade civil de interesse público
(OSCIP)
⦁ Art. 1º e 2º (atenção ao §único do art. 2º! Novidade legislativa!)
⦁ Art. 3º
⦁ Art. 11, 14 e 16
Principais artigos da lei 13.019/2014 – Lei das organizações da sociedade civil (OSC)
⦁ Art. 1º
⦁ Art. 3º
⦁ Art. 16 a 21
⦁ Art. 69 e 73
⦁ Art. 84-B
⦁ Art. 10, 14 e 15
⦁ Art. 34 e 35
• Planejamento
• Coordenação
• Descentralização Administrativa
• Delegação de competência
• Controle: Exercido em todos os níveis e órgãos do governo
2. DESCENTRALIZAÇÃO X DESCONCENTRAÇÃO
É importante relembrar que Administração Pública é uma expressão plurissignificativa. Possui dois
sentidos:
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
• Subjetivo: conjunto de órgãos e entidades que integram a estrutura do Estado e tem como função
satisfazer o interesse público, a vontade política governamental. Nesse sentido, deve ser grafada
com letras maiúsculas, pois refere-se aos sujeitos.
• Objetivo: é o conjunto de atividades que esses órgãos e entidades desempenham. Ex.: fomentar
iniciativa privada, prestar serviço público, exercer poder de polícia.
Assim, o exercício das atividades administrativas pode se dar tanto de forma centralizada quanto de
forma descentralizada.
a) Desconcentração:
Na desconcentração, o que o Estado faz é distribuir, dentro da sua estrutura, as atividades estatais.
Há uma especialização de funções dentro da mesma pessoa jurídica. Haverá a criação dos órgãos
públicos/órgãos estatais, sem que haja a criação de uma nova pessoa jurídica, pois se trata de mera divisão
interna.
Cada órgão tem sua atribuição específica, para garantir eficiência. Ex.: Ministério da Saúde, Secretaria
Estadual de Segurança Pública (não são pessoas jurídicas, mas sim órgãos criados a partir de um
procedimento de desconcentração). Portanto, tenha em mente que a desconcentração dá origem aos órgãos
públicos.
Características da Desconcentração que é preciso saber:
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
b) Descentralização:
Na descentralização, o Estado vai transferir a execução da atividade para outra pessoa, seja física ou
jurídica, integrante ou não da Administração.
O Estado pode criar a pessoa jurídica para transferir a atividade (administração indireta) ou pode
realizar um contrato de concessão (com pessoa jurídica já existente) ou permissão de serviço público (com
pessoa jurídica ou pessoa física). Em outras palavras: Enquanto a desconcentração ocorre dentro de apenas
1 pessoa jurídica, na descentralização há mais de uma pessoa envolvida.
Características da Descentralização:
Como o tema foi cobrado (CESPE/2018/PC-SE/Delegado de Polícia): No que se refere aos institutos da
centralização, da descentralização e da desconcentração, julgue o item a seguir.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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Descentralização
Por meio de
Transfere a Transfere Transfere só Negócio Jurídico
titularidade Execução execução
ou lei
Territorial
Já caiu em prova e foi considerada INCORRETA a seguinte alternativa: Há um controle pela Administração
Direta, nas entidades da Administração Indireta , denominado controle hierárquico.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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Vamos esquematizar?
DESCENTRALIZAÇÃO DESCONCENTRAÇÃO
Transferência da atividade administrativa para Distribuição interna de atividade dentro de uma
outra pessoa, física ou jurídica, integrante ou não mesma pessoa jurídica, resultando na criação de
do aparelho estatal. centros de competências, denominados órgãos
públicos, dentro de uma mesma estrutura
hierárquica.
Há mais de uma pessoa jurídica Dentro da mesma pessoa jurídica
Não há hierarquia, apenas controle e fiscalização. Há hierárquica e decorre do Poder Hierárquico
Há uma relação de vinculação Há uma relação de subordinação
Pode ser: Dá origem aos órgaos públicos
Descentralização por outorga- dá origem às
entidades da Administração Indireta
Descentralização por colaboração – delega à
pessoa já existente, através de concessão ou
permissão.
3. ÓRGÃOS PÚBLICOS
Órgãos públicos são centros de atribuições que resultam da desconcentração administrativa. Sua
criação e justifica pela necessidade de especializar as funções, com o intuito de tornar a atuação estatal mais
eficiente (#princípio da eficiência). A principal característica dos órgãos é que ELES NÃO POSSUEM
PERSONALIDADE JURÍDICA PRÓPRIA.
Art. 1º, §2º, I *Lei 9.784/99 - Para os fins desta Lei, consideram-se: I - órgão - a
unidade de atuação integrante da estrutura da Administração direta e da estrutura
da Administração indireta.
✓ Não têm personalidade jurídica própria. Isso significa que, em regra, eles não podem ser
sujeitos de direitos ou de obrigações. Ex.: morte ocorrida dentro de escola pública municipal –
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
responsabilidade do Município. A escola e a prefeitura são órgãos públicos e, portanto, não são
sujeitos de obrigações.
✓ Não celebram contrato. O órgão, no entanto, realiza licitação, gestão e exercício do contrato,
mas quem celebra é o ente personalizado.
EXCEÇÃO: Contrato de gestão/de desempenho: Embora os órgãos públicos não possam celebrar
contratos por não possuírem personalidade jurídica e, consequentemente, capacidade contratual, o art. 37,
§8º da CF/88 admite a celebração de contrato de gestão ou “contrato de desempenho” (antes também
denominado como “contrato de autonomia”) entre órgãos públicos e administradores ou entes federativos,
que tem como objetivo AMPLIAR a autonomia gerencial orçamentária e financeira dos órgãos, que deverão,
em contrapartida, cumprir determinadas metas de desempenho.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
ATENÇÃO: Em regra, os órgãos, por NÃO terem personalidade jurídica, NÃO têm capacidade
processual, SALVO nas hipóteses:
1) Previsão legal – Ex.: órgão público na defesa dos consumidores (art. 82, inc. III, CDC).
CDC:
Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá
ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo.
Art. 82. Para os fins do art. 81, parágrafo único, são legitimados concorrentemente:
III - as entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta, ainda que
sem personalidade jurídica, especificamente destinados à defesa dos interesses e
direitos protegidos por este código;
2) Em que os órgãos são titulares de direitos subjetivos, o que lhes conferem capacidade processual
para a defesa das prerrogativas e competências, para defesa de atribuições institucionais. Ex:
Órgãos independentes e autônomos podem figurar em juízo, desde que:
2.1. Sejam órgãos de cúpula de hierarquia administrativa;
2.2. Na defesa de suas prerrogativas institucionais.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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#DD EXPLICA: A legitimidade dos órgãos de cúpula é apenas referente aos seus
interesses institucionais, relacionados ao funcionamento, independência e
autonomia. De modo que não haverá legitimidade quando se tratar de interesse
patrimonial, que não possui relação com as prerrogativas institucionais.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
1. Teoria do Mandato: O agente público é mandatário da pessoa jurídica, sendo a relação construída
em função de um contrato de mandato.
Crítica: NÃO se admite que um Estado, que NÃO tem vontade própria e nem tem como exterioriza-
la, possa assinar um contrato, instrumento que depende da autonomia da vontade.
2. Teoria da Representação: O agente público seria representante do Estado por força de lei,
equiparando-se ao tutor ou curador, representando os incapazes.
Críticas:
A representação pressupõe duas figuras independentes, com suas vontades, o que na verdade NÃO
acontece, já que a vontade do agente e do Estado NÃO se confundem.
A pessoa jurídica ficaria equiparada a um incapaz por essa teoria, sendo absurda a ideia de que o
incapaz confere representante de si mesmo.
O incapaz NÃO pode ser civilmente responsabilizado, o que NÃO ocorre com o Estado.
3. Teoria do Órgão (Teoria da imputação volitiva) – Otto Von Gierke – Por essa teoria, a manifestação
do órgão público é atribuída à pessoa jurídica ao qual ele pertence. Ou seja: quando um agente
público, integrante de um órgão público, manifesta a sua vontade, na realidade, é a própria pessoa
estatal que está agindo. Por esse motivo, é possível imputar, ao Estado, os danos causados por seus
agentes.
Explica a teoria do funcionário de fato putativo, que é aquele cuja investidura foi irregular ou
viciada, mas a situação tem aparência de legalidade. Para a Teoria, consideram-se válidos os atos
praticados por um funcionário de fato putativo, em nome da boa-fé dos administrados, segurança jurídica e
legalidade dos atos, pois o ato é do órgão (e, consequentemente, da pessoa jurídica ao qual pertence), não
do agente.
A regra é que os órgãos públicos sejam criados e extintos por lei ordinária. E, em regra, a lei será de
iniciativa do chefe do Executivo. Essa exigência aparece na CF em alguns momentos:
⦁ art. 61 § 1º, II, "e"
⦁ art. 84, VI, "a"
Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro
ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso
Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais
100
PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não
exigida esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias
de competência da União, especialmente sobre: XI - criação e extinção de
Ministérios e órgãos da administração pública;
Para a criação de órgãos no Poder Judiciário, a iniciativa será do presidente do próprio TJ - art. 96,
II, “c” e “d”, CF/88.
Art. 96. Compete privativamente:
II - ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores e aos Tribunais de Justiça
propor ao Poder Legislativo respectivo, observado o disposto no art. 169:
c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores;
d) a alteração da organização e da divisão judiciárias;
No âmbito do MP, a iniciativa para a criação de órgãos será do chefe da instituição (PGJ ou PGR) –
art. 127, §2º.
101
PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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a) Quanto à hierarquia:
▪ Independentes: NÃO estão hierarquicamente subordinados a nenhum outro órgão, se
sujeitando apenas ao controle dos poderes estruturais do Estado (Sistema de Freios e
contrapesos). Ex: Presidência da República, Congresso Nacional, STF, etc. – Têm origem na CF.
MPM não tem legitimidade para atuar diretamente no STF. STF. 2ª Turma. HC
155245 AgR-AgR, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 11/11/2019.
▪ Subalternos: Órgão com reduzido poder de decisão, destinado à mera execução de atividades
administrativas. Ex.: zeladoria, almoxarifado, etc.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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c) Quanto à estrutura
▪ Simples/unitário - Atuam sozinhos (um único centro de competência), sem subdivisões em seu
interior. Ex.: Gabinete
▪ Composto – Há mais de um órgão atuando em sua estrutura. Ex.: Congresso Nacional é formado
pela Câmara dos Deputados e Senado Federal.
d) Quanto às funções
▪ Ativos – responsáveis pela execução de atividades administrativas.
▪ Consultivos – exercem função de assessoramento.
▪ De controle – exercem função de fiscalização.
Resumindo ..........................................................................................................................................................
NÃO estão hierarquicamente subordinados a
nenhum outro órgão, se sujeitando apenas ao
controle dos poderes estruturais do Estado
INDEPENDENTES (Sistema de Freios e contrapesos).
Ex: Presidência da República, Congresso
Nacional, STF, etc. – Têm origem na CF.
Órgãos imediatamente subordinados aos
órgãos independentes. São órgãos diretivos que
QUANTO À desempenham funções de coordenação,
HIERARQUIA AUTÔNOMOS: planejamento, supervisão e controle. Possuem
autonomia administrativa e financeira (não
possuem autonomia política!).
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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4. DESCENTRALIZAÇÃO
Espécies:
a) Descentralização política – Feita pela CF, ao dividir a competência entre os entes federativos;
b) Descentralização Administrativa – Feita aos entes da administração indireta
(descentralização por outorga) e a particulares (descentralização por delegação).
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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5. ADMINISTRAÇÃO INDIRETA
5.1. Características
Art. 37, XIX - Somente por lei específica poderá ser criada autarquia
e autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de
economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste
último caso, definir as áreas de sua atuação.
SEMANA 03/30
5.2.1 Autarquias
a) Conceito:
São pessoas jurídicas de direito público que desenvolvem atividades típicas, próprias do Estado (ou
seja: atividades que só podem ser desempenhadas por pessoas jurídicas de direito público). Possuem regime
muito semelhante aos dos entes da Administração Direta. Como exemplos de autarquia, podemos enumerar:
INSS, INCRA, conselhos de classe, UF, IBAMA, BANCO CENTRAL, autarquias territoriais, agências reguladoras,
associações públicas de regime público (lei 11.107/05).
b) Características principais
⦁ NÃO possuem autonomia política, mas possuem autonomia financeira e de autorregulação
⦁ Possuem regime jurídico de Direito Público
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
⦁ São CRIADAS por lei específica (competência do chefe do Poder Executivo), através da
descentralização por outorga ou descentralização legal. (art. 37, XIX da CF)
XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a
instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação,
cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação;
Súmula 620 STF: As entidades autárquicas NÃO gozam do reexame necessário => A
jurisprudência AFASTA essa súmula, de modo que gozam do duplo grau
obrigatório.
Art. 1º da Lei 8666 - Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitações e contratos
administrativos pertinentes a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras,
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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c) Responsabilidade Civil:
As autarquias possuem responsabilidade civil objetiva, com fundamento na Teoria do Risco
Administrativo (art. 37, §6º, CF/88)
d) Regime Jurídico
• Regime estatutário – art. 39, CF/88
Na promulgação da CF/88: Obrigatoriedade do regime jurídico único;
Com a Reforma Administrativa – EC 19/98: Fim da obrigatoriedade do Regime Jurídico Único.
Decisão liminar do STF em ADI – Retorno da obrigatoriedade do RJU, liminar com efeitos ex
nunc
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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CONCLUSÃO: regime deve ser estatutário, SALVO contratações celetistas antes da decisão do
STF e após a reforma administrativa.
NÃO se admite o ingresso de servidores celetistas para a prestação dos serviços nos entes da
administração direta, autárquica e fundacional, pois são regidos pela Lei 8.112/90.
f) Espécies de autarquias:
Obs.: Parte da doutrina ainda menciona AS AGÊNCIAS EXECUTIVAS e ASSOCIAÇÕES PÚBLICAS como
formas de autarquia:
• Agências executivas – são as autarquias e fundações públicas que celebram contrato de gestão
com o intuit de melhorar sua eficiência e reduzir custos (art. 51 e 52 da Lei 9649/98)
• Associações públicas – os consórcios públicos (art. 241, CF/88), quando se constituem na forma
de pessoa jurídica de direito público, assumem forma de Associação Pública (autarquia
integrante da Administração Indireta dos entes federativos consorciados).
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CESPE/2021 – Se entes da federação celebrarem consórcio público para realização de determinado objetivo
de interesse comum, esse consórcio passará a integrar a administração indireta dos entes envolvidos, seja
qual for a personalidade jurídica adquirida. Item incorreto.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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SEMANA 03/30
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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decisões proferidas nas ADI n. 1.717/DF e ADI n. 2.135/DF, esta última em sede de
liminar, segue o regime estatutário.
10) Compete a Justiça Federal processar e julgar execução fiscal promovida por
Conselho de Fiscalização Profissional. (Súmula n. 66/STJ)
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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6) O exame de suficiência instituído pela Lei n. 12.249/2010, que alterou o art. 12,
§ 2º, do Decreto-Lei n. 9.295/1946, será exigido de contadores e de técnicos em
contabilidade que completarem o curso após a vigência daquela lei.
SEMANA 03/30
a) Origem: De inspiração norte-americana, foram instituídas no Brasil a partir da década de 90, para
estabelecer novo modelo regulatório brasileiro.
b) Definição: São autarquias com regime jurídico especial, dotadas de autonomia reforçada em relação
ao ente central, com base em dois fundamentos:
1) Despolitização (desgovernamentalização) – busca retirar do âmbito político e conferir um
tratamento ao setor regulado (o que acarreta, consequentemente, maior segurança jurídica).
2) Necessidade de celeridade na regulação de determinadas atividades técnicas –
Teoricamente, a agência reguladora, quando baixa normas para o setor, teria maior velocidade
para se adaptar à realidade econômica e tecnológica do setor, o que muda rapidamente. Ex. A
evolução do celular se deu em um curto espaço de tempo.
SEMANA 03/30
d) Características:
✓ AUTONOMIA ADMINISTRATIVA:
∘ Nomeação diferenciada dos dirigentes – Nomeados pelo Presidente da República após
aprovação prévia do Senado para cumprir mandato certo (demais autarquias: demissíveis
ad nutum e comissionados);
Obs.1: Não é possível exigir a aprovação prévia do Senado para a exoneração dos
dirigentes
Obs.2: Não se submetem à exoneração ad nutum.
Obs.: Antes da Lei 13.848/2019, que alterou a redação do art. 6º da Lei 9986, o mandato dos
dirigentes não poderia ultrapassar o mandato do presidente. Com a novel lei, o mandato
passou a ter prazo certo de 5 anos, não coincidindo mais com mandato presidencial,
justamente para conferir mais autonomia técnica à agência.
✓ AUTONOMIA DECISÓRIA:
∘ Impossibilidade de manejar recurso hierárquico impróprio: O objetivo é assegurar que
a decisão final na esfera administrativa seja da autarquia regulatória, em razão da sua
autonomia decisória. Ressalta-se que a impossibilidade de manejar recurso hierárquico
impróprio não afasta a apreciação pelo Poder Judiciário.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
✓ AUTONOMIA FINANCEIRA:
∘ Possuem recursos próprios e recebem dotações orçamentárias:
∘ Recursos próprios - Podem instituir as taxas regulatórias
∘ Recebimento de dotações orçamentárias - enviam proposta orçamentária ao Ministério
ao qual estão vinculada, para receber recursos que serão geridos pela própria agência
reguladora.
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a) Conceito
Agência executiva é uma autarquia ou fundação que recebeu esta qualificação por ter celebrado
um contrato de gestão com a Administração Pública (art. 37,§8º, CF/88) e por possuir um plano de
reestruturação (art. 51 da Lei nº 9.649/98).
b) Requisitos:
• Autarquia ou fundação ter plano estratégico de reestruturação e desenvolvimento em andamento;
• Celebração de contrato de gestão com Ministério Supervisor com periodicidade mínima de 01 ano.
c) Características
✓ Gozam de dispensa de licitação para celebração de contrato em até 20% da modalidade convite.
✓ Pode ter natureza de autarquia ou de fundação pública.
✓ É uma autarquia ou fundação que temporariamente será agência executiva, enquanto durar o
contrato de gestão. É apenas um status temporário. Não se pode falar em conversão, mas mera
qualificação (José dos Santos).
✓ Busca mais eficiência e redução de custos.
a) Definição: Pessoas jurídicas sem fins lucrativos, cujo elemento essencial é a utilização do patrimônio
para a satisfação de objetivos sociais, definidos pelo instituidor.
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instituidor da fundação separa (destaca) um determinado patrimônio (dinheiro, imóveis, créditos etc.)
declarando que esses bens serão utilizados para a realização de um objetivo específico.
b) Criação
• As fundações públicas de direito público - são criadas por lei ordinária específica, mas seu objeto
de atuação deve ser definido por lei complementar.
• As fundações públicas de direito privado - a criação é autorizada por lei ordinária específica,
sendo criadas após o registro no cartório competente, mas seu objeto de atuação deve ser
definido por lei complementar.
Art. 37, XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a
instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação,
cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação;
- Rafael Oliveira: A ausência de lucro NÃO afasta a necessidade de eficiência por parte da entidade. Na
hipótese de resultados financeiros positivos, quando os créditos superam as despesas, os valores,
considerados superávit (e não lucro), deverão ser reinvestidos nas finalidades da entidade, não sendo
permitida a sua distribuição ou repartição entre seus administradores.
d) Atividade
• Fundação Pública de Direito público: atividades típicas de Estado
• Fundação Pública de Direito Privado: atividades de conteúdo econômico passíveis de delegação
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e) Patrimônio:
• Fundação Pública de Direito público: bens públicos
• Fundação Pública de Direito Privado: bens privados (em regra)
Obs.: Bens privados afetados ao seviço público, ou seja, empregados diretamente na
prestação de serviços públicos, sujeitam-se às regras de direito público.
f) Regime de pessoal:
• Fundação Pública de Direito público: Estatutário;
• Fundação Pública de Direito Privado: Celetista
Observações importantes:
◘ Tanto as fundações públicas de direito público quanto de direito privado possuem imunidade
tributária de impostos sobre rendas, bens ou serviços, conforme dispõe o artigo 150, inciso VI, alínea
“a” e §2º, da Constituição Federal.
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As fundações públicas de direito privado não fazem jus à isenção das custas
processuais. A isenção das custas processuais somente se aplica para as entidades
com personalidade de direito público. Dessa forma, para as Fundações Públicas
receberem tratamento semelhante ao conferido aos entes da Administração Direta
é necessário que tenham natureza jurídica de direito público, que se adquire no
momento de sua criação, decorrente da própria lei. STJ. 4ª Turma. REsp 1.409.199-
SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 10/03/2020 (Info 676)
a) Conceito
As Empresas Públicas (EP) e Sociedades de Economia Mista (SEM) são pessoas jurídicas de direito
privado integrantes da Administração Pública Indireta.
São regidas por um regime predominantemente privado, chamado por alguns de regime híbrido, sui
generis. Isso porque, por mais que sejam influenciadas pelo regime privado, possuem características do
regime de direito público.
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Obs.: NUNCA serão titulares de serviço, recebendo apenas sua descentralização para a execução
(NÃO há outorga do serviço).
A Lei 13.303/16 estabelece o estatuto jurídico das empresas estatais (empresas públicas, SEM e suas
subsidiárias, demais empresas privadas controladas pelo Estado). Tal estatuto era muito aguardado e
regulamenta o art. 173, §1º, da CRFB/88. A CRFB/88 pedia a fixação, por meio de um estatuto (por meio de
lei ordinária), de regras sobre: licitações e contratos, questões societárias, a função social das estatais e sua
fiscalização pelo poder público e pela sociedade civil, aplicação das mesmas normas de direito privado às
empresas estatais, no que couber. Assim, o estatuto, com essas regras, veio com a Lei 13.303/16.
Art. 37, XIX, CRFB/88 - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e
autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e
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O art. 37, XIX, da CRFB/88 define que somente por lei específica poderá ser autorizada a instituição
de estatais. Havia uma controvérsia quanto à parte final desse inciso, que determina que “cabe à Lei
Complementar definir as áreas de sua atuação”. Nunca houve polêmica que lei ordinária específica vai criar
autarquia. Em regra, a lei vai autorizar a criação de estatais.
Contudo, o que significa “neste último caso”? Parte da doutrina entendia que essa ressalva apenas
se aplicaria às fundações e outros entendiam que a lei complementar também definiria área de atuação das
empresas estatais, além das fundações.
A tese majoritária sempre foi no sentido que a expressão “neste último caso” apenas se refere às
fundações (Rafael Oliveira). Logo, a própria lei ordinária que autoriza a criação da estatal já define qual vai
ser a área de atuação da estatal, não necessitando de lei complementar. A própria lei 13.303/16 não exige
lei complementar, apenas lei.
Ressalta-se que, quanto às empresas subsidiárias, o STF entende pacificamente que não seria
necessária uma lei específica autorizando a criação de cada subsidiária, bastando uma autorização legal
genérica. Vale lembrar, contudo, que é necessária uma lei específica para a criação de cada estatal
(“empresa-mãe”).
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d) Capital
▪ Empresas Públicas – capital 100% Público;
▪ Sociedade de Economia Mista – capital Misto (maior parte público)
e) Forma Societária:
▪ Empresas Públicas – Qualquer forma societária. Há a possibilidade, inclusive, de empresas com um
único sócio, a exemplo da CEF (exceção à regra geral de direito societário, que exige a presença de
pelo menos dois sócios para instituir a sociedade), assim como na forme de sociedade anônima.
▪ Sociedade de economia mista – Sociedade anônima (somente)
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f) Competência:
▪ Empresa Pública Federal – Justiça Federal;
▪ Sociedade de economia mista federal – Justiça Estadual. Exceção (serão processadas na Justiça
Federal):
∘ Se a União intervier como assistente ou opoente;
∘ Para processar e julgar MS contra ato ou omissão do dirigente da sociedade de economia mista
federal, investido em função administrativa.
Súmula 517, STF: As sociedades de economia mista só têm foro na justiça federal,
quando a união intervém como assistente ou opoente.
Súmula 556 do STF: É competente a Justiça Comum para julgar as causas em que é
parte sociedade de economia mista.
g) Regime de pessoal: Celetista (CLT), mas, por possuírem um regime jurídico híbrido, se sujeitam a
algumas prerrogativas e regras da Administração Pública:
✓ Concurso público
✓ Teto remuneratório
✓ Regras de cumulação de empregos públicos
✓ Lei de improbidade administrativa.
✓ Obediência aos princípios administrativos
Obs.: O regime varia e acordo com a finalidade da empresa estatal. Se for empresa pública que
presta serviço público, o regime se aproxima mais daqueles das pessoas jurídicas de direito público. Se for
exploradora de atividade econômica, se aproxima das empresas privadas que estão fora da Administração.
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∘ De pessoa que atuou, nos últimos 36 meses, como participante de estrutura decisória de partido
político ou em trabalho vinculado a organização, estruturação e realização de campanha
eleitoral;
∘ De pessoa que exerça cargo em organização sindical;
∘ De pessoa que tenha firmado contrato ou parceria, como fornecedor ou comprador,
demandante ou ofertante, de bens ou serviços de qualquer natureza, com a pessoa
políticoadministrativa controladora da estatal ou com a própria empresa ou sociedade em
período inferior a 3 anos antes da data de nomeação;
∘ De pessoa que tenha ou possa ter qualquer forma de conflito de interesse com a pessoa político-
administrativa controladora da estatal ou com a própria empresa ou sociedade.
i) Patrimônio: Bens privados, mas sofre modulações de direito público, especificamente no tocante à
alienação, que depende do cumprimento das exigências do art. 17 da Lei 8.666/93.
j) Controle
Há controle do Tribunal de Contas. O STF entendeu existir esse controle, pois na instituição das
empresas estatais haveria contribuição ao erário (patrimônio público).
Se empresas estatais com mais de um Ente Federado participando, o controle será exercido apenas
pelo Tribunal de Contas responsável pelo controle das contas do ente federado administrador da estatal,
conforme decidiu o STF.
k) Licitação e contratos:
A Lei das Estatais passou a disciplinar a realização de licitações e contratos no âmbito das empresas
públicas e sociedades de economia mista, independentemente da natureza da atividade desempenhada
(prestadora de serviço ou exploradora de atividade econômica).
Nesse sentido, a Lei 8.666/93 deixou de ser aplicada a essas entidades, salvo nos casos
expressamente descritos na própria Lei 13.303 (normas penais e parte dos critérios de desempate).
Por outro lado, o pregão, conforme disciplinado na Lei 10.520/2002, será adotado
preferencialmente, nas empresas públicas e sociedades de economia mista, para aquisição de bens e serviços
comuns.
Os contratos terão prazo máximo de 5 anos. Salvo:
∘ Projetos contemplados no plano de negócios e investimentos;
∘ Prática rotineira de mercado e a imposição desse prazo inviabilize ou onere excessivamente o
negócio.
l) Imunidade tributária:
• Se atuam em regime concorrencial: NÃO gozam de imunidade
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• Se prestadoras de serviços públicos não remunerados por preços públicos ou tarifas + estatais que
exercem atividades monopolizadas: Gozam de imunidade.
Art. 150, §3º - As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior não se aplicam
ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades
econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em
que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem
exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao
bem imóvel.
ATENÇÃO: O art. 173 da CF, § 2º, assim dispõe: § 2º As empresas públicas e as sociedades de economia mista
não poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado. Entretanto, segundo a doutrina
majoritária, no que pese não haver menção expressa ou distinção entre as empresas públicas e sociedades
de economia mista exploradoras de atividades econômicas e prestadoras de serviços públicos, tal vedação
se aplica somente às empresas públicas e sociedades de economia mista exploradoras de atividades
econômicas. Vejamos o que diz Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo sobre o tema: “(...) é amplamente
majoritário o entendimento de que a vedação alcança somente as empresas públicas e sociedades de
economia mista exploradoras de atividades econômicas – e não as prestadoras de serviço públicos.” (Direito
Administrativo Descomplicado. 24ª Edição. Pág. 87). Ressalta-se, por fim, que essa concessão de benefício
fiscal exclusivo deve obedecer a natural observância dos princípios constitucionais pertinentes.
Obs.1: NÃO configura irregularidade a transferência de atividades auxiliares da atividade postal (Ex:
Entrega de encomendas e impressos podem ser delegados, por NÃO serem considerados serviços
postais propriamente dito).
Obs.2: Se as empresas estatais e subsidiárias NÃO receberem recursos dos entes federativos para
custeio e manutenção de pessoal, pode haver pagamentos acima do teto remuneratório.
Obs.3: Deve-se motivar a dispensa de seus empregados.
Já caiu em prova e foi considerada CORRETA a seguinte alternativa: a Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos (ECT) goza de imunidade tributária recíproca mesmo quando realiza o transporte de bens e
mercadorias em concorrência com a iniciativa privada.
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m) Precatório: Somente as empresas públicas e sociedades de economia mista que prestam serviços
públicos submetem-se ao regime de precatórios!
Já caiu em prova e foi considerada INCORRETA a seguinte alternativa: não é aplicável o regime dos
precatórios às sociedades de economia mista prestadoras de serviço público próprio do Estado, ainda
que de natureza não concorrencial.
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Obs: no caso das autarquias, vale ressaltar que é possível exigir sabatina
prévia para os membros das agências reguladoras, que são autarquias
especiais. Pela legislação, os conselheiros, no modelo federal, são
submetidos à aprovação do Poder Legislativo.
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Veja, ainda, os enunciados aprovados naI Jornada de Direito Administrativo CJF/STJ sobre as estatais.
Atenção: é muito importante decorar, pois as provas certamente irão abordar
pegadinhas com a letra fria destes enunciados.
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12) Compete à justiça federal decidir sobre a existência de interesse jurídico que
justifique a presença, no processo, da União, suas autarquias ou empresas públicas.
(Súmula n. 150/STJ)
13) Compete à justiça comum estadual processar e julgar as causas cíveis em que é
parte sociedade de economia mista e os crimes praticados em seu detrimento.
(Súmula n. 42/STJ)
Em direito administrativo, além da clássica divisão entre administração direta e indireta, os autores
dividem o Estado em setores:
• Primeiro setor – Composto pela administração direta e indireta;
• Segundo setor – Segundo a professora Di Pietro, o segundo setor seria o mercado, o qual é formado
pelas concessionárias e permissionárias de serviço público;
• Terceiro setor – Composto pelo que a doutrina coloca como particulares em colaboração com o
Estado.
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∘ Sistema ‘S’: Serviços sociais autônomos, tais como o SESI, SESC, SENAI e SENAC;
∘ Sistema ‘OS’: Organizações sociais, regidas pela Lei 9.637/98;
∘ OSCIP’s: Organizações da sociedade civil de interesse público, regidas pela Lei 9.790/99;
∘ OSC’s: Organizações da sociedade civil, regidas pela Lei 13.019/14;
∘ Fundações de apoio
a) Introdução:
As entidades do 3º Setor são particulares em colaboração, sem fins lucrativos, que atuam ao lado
do Estado na prestação de serviços públicos e atividades de interesse social, mediante vínculo formal de
parceria do Estado. Em outras palavras: são entidades privadas que não integram a estrutura da
Administração Pública Direta ou Indireta!
Tais entidades recebem incentivos do Poder Público, mediante dotação orçamentária, cessão de
bens públicos, e se submetem, consequentemente, às restrições de controle impostas ao ente estatal,
sujeitos ao controle do Tribunais de Contas.
Caracerísticas principais:
✓ São criadas pela iniciativa privada (“particulares em colaboração”)
✓ Não integram formalmente a Administração Pública
✓ A criação depende de lei autorizativa
✓ Possuem vínculo legal ou negocial com o Estado
✓ Não possuem finalidade lucrative
✓ Recebem benefícios públicos
✓ Possuem regime jurídico de direito privado
✓ Adquirem personalidade jurídica com a inscrição do estatuto em cartório próprio
✓ Prestam atividades privadas de interesse social (serviços não exclusivos de Estado)
Principais consequências por serem pessoas entidades privadas (pessoa jurídica de direito privado):
✓ Bens privados
✓ Regime CLT
✓ Não exige concurso público
✓ Não possuem prerrogativas processuais
✓ Não se submetem a precatórios
✓ Não se submetem ao teto remuneratório previsto na CF/88
✓ Não precisam fazer licitação (doutrina majoritária)
✓ Não precisa ter a remuneração fixada por lei
CESPE/2021 - Serviços sociais autônomos são pessoas jurídicas de direito privado, com ou sem fim
econômico, criadas por lei para desempenhar certas atividades, integrando a administração pública indireta.
Item incorreto, pois não pode ter fim econômico!
b) Espécies:
• Sistema S- Serviço Social Autônomo;
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c) Foro processual:
∘ É a Justiça Estadual, inclusive para as entidades que formalizam parcerias com a União.
∘ Serviços Sociais autônomos que recebem recursos federais: Justiça Estadual – VIDE SÚMULA 516
STF.
Súmula 516 - O Serviço Social da Indústria (SESI) está sujeito à jurisdição da Justiça
estadual.
d) Controle: Para a doutrina amplamente majoritária, sujeitam-se ao controle do TCU. Nas palavras do
professor Rafael Oliveira:
“As entidades do Terceiro Setor, que formalizam parcerias com o Poder Público,
12.4.3 12.4.4 são fiscalizadas pelo respectivo Ente federativo parceiro, pelo
Ministério Público e pelo Tribunal de Contas, na forma do art. 70, parágrafo único,
da CRFB. Da mesma forma, admite-se o controle social, especialmente por meio
da propositura da ação popular.”
e) Regime de Pessoal: Empregados celetistas (submetem-se à CLT), sendo inaplicável as regras de concurso
público.
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No entanto, embora não haja concurso público, doutrina majoritária e STF entendem que deve haver
um processo seletivo público, objetivo e impessoal, de modo que a contratação obedeça aos princípios
constitucionais da impessoalidade e moralidade.
g) Licitação
• Licitação entre o Estado e as entidades do 3º setor: Embora haja divergência, a doutrina majoritária
entende que não há necessidade de licitação! Isso porque, os contratos de gestão e termos de
parceria firmados entre o 3º Setor e a Administração possuem natureza jurídica de convênio (que
busca o interesse comum entre os partícipes) – e não de contrato administrativo que exige licitação.
• Licitação entre o 3º setor e a contratação com terceiros utilizado dinheiro público: Há forte
divergência doutrinária sobre o tema! Veja:
∘ 1ª C (Carvalhinho) – Exige a licitação, tendo em vista que a hipótese se subsume à expressão
“demais entidades controladas direta ou indiretamente pelo Poder Público”, constante do
art. 1º, §único da Lei 8666.
∘ 2ª C (DFMN) – Não exige licitação, pois não é possível ampliar, mediante lei ordinária, o rol
de destinatários da licitação previsto no art. 37, XX da CF/88. Haveria, no caso, uma
inconstitucionalidade por vício formal.
∘ 3ª C (Rafael Oliveira e TCU – Não exige licitação, mas é necessário um procedimento
simplificado e objetivo para as contratações realizadas com dinheiro público, de modo a
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Lei 9790/99. Art. 14. A organização parceira fará publicar, no prazo máximo de
trinta dias, contado da assinatura do Termo de Parceria, regulamento próprio
contendo os procedimentos que adotará para a contratação de obras e serviços,
bem como para compras com emprego de recursos provenientes do Poder Público,
observados os princípios estabelecidos no inciso I do art. 4o desta Lei.
Para essa 3ª corrente, haverá ainda responsabilidade subsidiária do Estado pelos danos
causados pelo 3º setor no desempenho das atividades que são objeto de parceria.
São entidades criadas mediante autorização legal para a realização da atividade de fomento, auxílio
e capacitação de determinadas categorias profissionais, seja indústria ou comércio. É o chamado SISTEMA
“S”.
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NÃO atuam na prestação de serviços públicos exclusivos de estado por meio de delegação de
atividades, mas sim executam atividades particulares de cunho social, sem a intenção de auferirem
qualquer espécie de lucro. A ATUAÇÃO É DE FOMENTO E NÃO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO PÚBLICO.
Estas entidades são particulares, criadas por autorização legal para a execução de atividades de
interesse do Estado, admitindo-se que sejam constituídas sob a forma de associação ou fundação ou, ainda,
por meio de estruturas não previstas no direito civil e reguladas pela lei específica da entidade.
Para auxiliar na execução de suas atividades, o Poder Públicos lhes transfere a capacidade
tributária, de modo que os entes do serviço social autônomo gozam de parafiscalidade, que é a
transferência do poder de cobrar tributos.
Não obstante a concessão da capacidade tributária, tratam-se de entidades privadas e, por isso,
NÃO gozam de privilégios administrativos, sejam fiscais, processuais ou contratuais.
As ações propostas em face desses entes deverão tramitar na Justiça Estadual. => VIDE SÚMULA
516 STF.
Súmula 516 - O Serviço Social da Indústria (SESI) está sujeito à jurisdição da Justiça
estadual.
Lembrando que...
∘ Regime de pessoal: CLT e NÃO dependem de concurso público para ingressos em suas
atividades. No entanto, os empregados são considerados agentes públicos e se submetem à
LIA (Lei 8.429/92).
∘ Por constituírem pessoas jurídicas privadas, NÃO se submetem ao regime de precatório em
relação ao pagamento de seus débitos oriundos de sentença judicial, conforme decidiu o STF.
Serviços sociais autônomos NÃO devem figurar no polo passivo de ação proposta
pelo contribuinte discutindo a exigibilidade das contribuições sociais
As entidades dos serviços sociais autônomos não possuem legitimidade passiva nas
ações judiciais em que se discute a relação jurídico-tributária entre o contribuinte
e a União e a repetição de indébito das contribuições sociais recolhidas. Os serviços
sociais são meros destinatários de subvenção econômica e, como pessoas jurídicas
de direito privado, não participam diretamente da relação jurídico-tributária entre
contribuinte e ente federado. O direito que tais entidades possuem à receita
decorrente da subvenção não gera interesse jurídico a ponto de justificar a
ocorrência de litisconsórcio com a União. O interesse dos serviços sociais
autônomos nesta lide é reflexo e meramente econômico. STJ. 1ª Seção. EREsp
1.619.954-SC, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 10/04/2019 (Info 646).
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Instituídas por servidores públicos, porém em nome próprio, sob forma de fundação, associação ou
cooperativa para prestação, em caráter privado, de serviços sociais não exclusivos do Estado.
As fundações de apoio são fundações instituídas por particulares com o objetivo de auxiliar a
Administração Pública, pela elaboração de convênios ou contratos.
Particulares que atuam ao lado de hospitais e Universidades Públicas, auxiliando no exercício da
atividade destas entidades, através da realização de programas de pesquisa e extensão.
Podem ser constituídas sob a forma de fundações, associações e cooperativas, sempre sem
finalidade lucrativa, atuando ao lado do órgão público, NÃO se confundindo com a entidade estatal.
O vínculo com o poder público decorre da assinatura de convênio, que lhe garante a destinação de
valores públicos, com dotação orçamentária específica, além da possibilidade de cessão de bens públicos e,
até mesmo, a cessão de servidores.
Possuem personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio e administração próprios, NÃO
fazendo parte da Administração indireta, sendo suas demandas julgadas pela Justiça Estadual.
As entidades de apoio, quando tiverem natureza jurídica de fundação, deverão estar constituídas
sob a forma de fundações de direito privado, sem fins lucrativos, regidas pelo Código Civil.
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Na execução dos vínculos jurídicos (convênios, contratos, acordos e/ou ajustes), que envolvam a
aplicação de recursos públicos, as fundações de apoio sujeitam-se às seguintes obrigações:
• Observância da legislação de licitações e contratos administrativos
• Prestação de contas de recursos aplicados aos órgãos públicos financiadores;
• Submissão ao controle finalístico e de gestão pelo órgão máximo da Instituição Federal de ensino;
• Fiscalização da execução dos contratos pelo TCU e órgão de controle interno competente.
• Podem se utilizar de servidores públicos federais, que NÃO possuirão vínculo empregatício com a
fundação e poderão receber bolsas de ensino, pesquisa e extensão, respeitadas condições e limites
fixados no regulamento.
a) Conceito
São entidades privadas, sem fins lucrativos, qualificadas na forma da Lei 9.637/98, que celebram
contrato de gestão com o Estado para o cumprimento de metas de desempenho e recebimento de
benefícios públicos, através da prestação de serviços públicos NÃO exclusivos de estado, como ensino,
pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico, proteção e preservação do meio ambiente.
É importante lembrar que tais entidades NÃO integram a estrutura da administração, não
dependendo de lei para a sua criação. No entanto, por executarem atividades de interesse social, sem
escopo de lucro, e receberem auxílio do ente estatal de diversas formas, sujeitam-se a algumas restrições
impostas à Fazenda Pública.
Art. 2o São requisitos específicos para que as entidades privadas referidas no artigo
anterior habilitem-se à qualificação como organização social:
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c) Contrato de gestão
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O vínculo da OS com o Poder Público ocorre pelo CONTRATO DE GESTÃO, instrumento firmado que
visa fomento e a execução de atividades relacionadas ao estudo, pesquisa, desenvolvimento tecnológico,
cultura, meio ambiente e saúde.
Art. 5o Para os efeitos desta Lei, entende-se por contrato de gestão o instrumento
firmado entre o Poder Público e a entidade qualificada como organização social,
com vistas à formação de parceria entre as partes para fomento e execução de
atividades relativas às áreas relacionadas no art. 1o.
d) Remuneração e fiscalização
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Primeiramente, perceba que a OSCIP não é uma pessoa jurídica, mas sim uma qualificação especial
concedida pelo Estado às entidades privadas sem fins lucrativos, em funcionamento há pelo menos 3 anos,
e criadas para a prestação de serviços públicos não exclusivos de:
• Promoção de assistência social;
• Cultura;
• Defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;
• Educação;
• Saúde;
• Segurança alimentar e nutricional;
• Defesa, preservação e conservação do meio ambiente;
• Desenvolvimento sustentável.
§ 1o Para os efeitos desta Lei, considera-se sem fins lucrativos a pessoa jurídica de
direito privado que não distribui, entre os seus sócios ou associados, conselheiros,
diretores, empregados ou doadores, eventuais excedentes operacionais, brutos ou
líquidos, dividendos, bonificações, participações ou parcelas do seu patrimônio,
auferidos mediante o exercício de suas atividades, e que os aplica integralmente na
consecução do respectivo objeto social.
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Parágrafo único. Para os fins deste artigo, a dedicação às atividades nele previstas
configura-se mediante a execução direta de projetos, programas, planos de ações
correlatas, por meio da doação de recursos físicos, humanos e financeiros, ou ainda
pela prestação de serviços intermediários de apoio a outras organizações sem fins
lucrativos e a órgãos do setor público que atuem em áreas afins.
c) Termo de parceria
O vínculo firmado entre a OSCIP e o Poder Público ocorre mediante a celebração de TERMO DE
PARCERIA, que, além de estabelecer metas de desempenho, discriminará direitos, responsabilidades e
obrigações das partes signatárias.
O TERMO DE PARCERIA permite a destinação de valores públicos às instituições privadas, mediante
dotação orçamentária, com liberação destes recursos em conta bancária específica. Ou seja: após a
celebração do termo de parceria, as entidades estarão aptas a receber recursos orçamentários do Estado.
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Art. 10. O Termo de Parceria firmado de comum acordo entre o Poder Público e as
Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público discriminará direitos,
responsabilidades e obrigações das partes signatárias.
Para a celebração e termo de parceria NÃO há a necessidade de realizar licitação, ante o vínculo de
convênio. No entanto, caso haja mais de um interessado na celebração do termo de parceria, e todos
cumpram os requisitos legais, a Administração deverá realizar procedimento simplificado que justifique a
escolha de uma entidade em detrimento de outra, a DESIGNAÇÃO DE PROJETOS.
d) Fiscalização
As entidades se sujeitam ao controle financeiro e orçamentário exercido pelo Tribunal de Contas,
além do acompanhamento e fiscalização do termo de parceria por órgão do Poder Público.
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As OSCIP devem constituir conselho fiscal ou órgão equivalente, dotado de competência para
opinar sobre os relatórios de desempenho financeiro e contábil e sobre as operações patrimoniais
realizadas.
Servidores Públicos podem participar da composição do conselho de uma OSCIP, sendo vedada a
percepção de remuneração ou subsídio a qualquer título.
ATENÇÃO:
A lei exige que a OSCIP tenha um CONSELHO FISCAL, mas NÃO existe um conselho
de administração;
A lei exige que a OS tenha um CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO, mas NÃO exige que
tenha um conselho fiscal.
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7. NOVO MARCO REGULATÓRIO PARA AS ORGANIZAÇÕES SOCIAIS DA SOCIEDADE CIVIL – LEI 13.019/2014
a) Objetivo da lei:
A Lei 13.019/14 foi um novo marco regulatório para as parcerias formalizadas entre a Administração
Pública e as Organizações da Sociedade Civil, que são entidades privadas sem fins lucrativos e que
desempenham atividades socialmente relevantes.
A Lei 13.019/14 não revoga algumas normas específicas que já tratavam e, portanto, vão continuar
tratando de algumas parcerias entre o Estado e algumas entidades do terceiro setor. Ex. não revoga as
normas vigentes de contrato de gestão com organizações sociais. Os contratos de gestão com OS continuam
regidos pela Lei 9.637/98; não revoga a legislação específica que trata das OSIPs em relação aos termos de
parceria formalizados entre o poder público e as OSIPs (Lei 9.790/99).
Nesse sentido, a Lei busca regular, em âmbito nacional*, o regime jurídico das parcerias voluntárias,
envolvendo ou não a transferência de recursos financeiros, firmados entre a Administração e as organizações
da sociedade civil sem fins lucrativos.
* Para a doutrina majoritária, trata-se de norma NACIONAL (e não federal), que
estabelece normas gerais aplicadas a todos os entes federativos (e não apenas à
União!).
Art. 1º Esta Lei institui normas gerais para as parcerias entre a administração
pública e organizações da sociedade civil, em regime de mútua cooperação, para a
consecução de finalidades de interesse público e recíproco, mediante a execução
de atividades ou de projetos previamente estabelecidos em planos de trabalho
inseridos em termos de colaboração, em termos de fomento ou em acordos de
cooperação. (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
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a) entidade privada sem fins lucrativos que não distribua entre os seus sócios ou
associados, conselheiros, diretores, empregados, doadores ou terceiros eventuais
resultados, sobras, excedentes operacionais, brutos ou líquidos, dividendos,
isenções de qualquer natureza, participações ou parcelas do seu patrimônio,
auferidos mediante o exercício de suas atividades, e que os aplique integralmente
na consecução do respectivo objeto social, de forma imediata ou por meio da
constituição de fundo patrimonial ou fundo de reserva;
Entenda: o excesso de arrecadação é superávit e a lei diz que ele tem que ser
reinvestido na própria atividade da entidade
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Assim, em resumo, as parcerias que são reguladas por legislação específicas continuam sendo
reguladas pela legislação específica. Hoje, temos um microssistema dentro do 3º setor, com normas que
tratam de diversas parcerias com o 3º setor. Ex. legislação que trata de parcerias com OS, com OSIP, com o
Sistema S (serviço social autônomo) etc. Assim, a Lei 13.019/14 não é aplicável às parcerias que possuem lei
específica.
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A Lei 13.019/14 estabelece, como regra geral, o procedimento de chamamento público. Assim,
quando a Administração Pública for celebrar parceria com uma OSC, ela deve fazer um procedimento
objetivo com regras impessoais para a escolha da entidade privada que vai se beneficiar da parceria. Note
que não há necessidade de licitação, mas sim de um procedimento administrativo com regras simplificadas
que garantam uma escolha impessoal da entidade privada.
Além do chamamento ao público, a lei também menciona o Procedimento de Manifestação de
Interesse Social (PMIS), cuja definição está prevista pelo art. 18:
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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Conclusões importantes:
∘ O PMIS é facultativo e não vincula o Estado a realizar o chamamento público, de modo que
não há que se falar em indenização;
∘ O PMIS não dispensa futuro chamamento público.
∘ A entidade que propôs ou participou do PMIS não está impedida de participar de eventual
chamamento público
∘ Só há necessidade de chamamento público quando o vínculo com o Estado for celebrado
mediante termo de fomento ou termo de colaboração. Isso porque, como no acordo de
cooperação NÃO há transferência de recursos públicos, não há necessidade de realizar o
chamamento público.
No chamamento público da Lei 13.019/14, primeiro, o poder público seleciona a proposta mais
vantajosa da entidade privada sem fins lucrativos. Depois, o poder público avalia o que chamamos de
requisitos de habilitação, analisa se entidade cumpre os requisitos legais para ser beneficiada com o termo
de fomento ou termo de colaboração. Além desse julgamento antes da habilitação, a Lei 13.019/14
estabelece critérios de julgamento (que não são os tradicionais da Lei 8.666/93). Ex. grau de adequação da
proposta aos objetivos específicos objeto da parceria e, quando for o caso, ao valor de referência constante
do chamamento público.
1º. Julgamento/seleção da proposta mais vantajosa através de critérios de julgamentos
próprios/específicos
2º. Análise do preenchimento dos requisitos de habilitação.
Art. 24. Exceto nas hipóteses previstas nesta Lei, a celebração de termo de
colaboração ou de fomento será precedida de chamamento público voltado a
selecionar organizações da sociedade civil que tornem mais eficaz a execução do
objeto. (essa é a regra geral, mas a lei consagra casos de dispensa de chamamento
público e casos de inexigibilidade de chamamento público).
§1º O edital do chamamento público especificará, no mínimo:
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A Lei 13.019/14, seguindo e adaptando um modelo que encontramos na Lei 8.666/93, vai trazer a
regra do chamamento público, mas também traz casos de dispensa e inexigibilidade do chamamento
público. As hipóteses são mais restritas, mas elas têm inspiração em hipóteses previstas na Lei 8.666/93. Os
casos de dispensa estão no art. 30 e os de inexigibilidade no art. 31:
• Dispensa de chamamento público: art. 30
Hipóteses relacionadas à necessidade proeminente/guerra/calamidade
Trata-se de rol TAXATIVO
A atuação da Administração pública é Discricionária (ou seja: pode dispensar o chamamento
público ou não)
Art. 30. A administração pública poderá DISPENSAR A REALIZAÇÃO DO
CHAMAMENTO PÚBLICO:
I - no caso de urgência decorrente de paralisação ou iminência de paralisação de
atividades de relevante interesse público, pelo prazo de até cento e oitenta dias;
(nesses 180 dias poderia a AP fazer parcerias sem chamamento público).
II - nos casos de guerra, calamidade pública, grave perturbação da ordem pública
ou ameaça à paz social;
III - quando se tratar da realização de programa de proteção a pessoas ameaçadas
ou em situação que possa comprometer a sua segurança;
IV - (VETADO).
V - (VETADO);
VI - no caso de atividades voltadas ou vinculadas a serviços de educação, saúde e
assistência social, desde que executadas por organizações da sociedade civil
previamente credenciadas pelo órgão gestor da respectiva política.
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Art. 32. Nas hipóteses dos arts. 30 e 31 desta Lei, a ausência de realização de
chamamento público será justificada pelo administrador público. (tal artigo
equivale ao art. 26 da Lei 8.666/93).
§1º Sob pena de nulidade do ato de formalização de parceria prevista nesta Lei, o
extrato da justificativa previsto no caput deverá ser publicado, na mesma data em
que for efetivado, no sítio oficial da administração pública na internet e,
eventualmente, a critério do administrador público, também no meio oficial de
publicidade da administração pública. (curiosidade: há obrigatoriedade de
publicização via internet e facultatividade via diário oficial).
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Depois de realizado o chamamento público, o poder público vai selecionar a entidade privada
interessada que apresentou a melhor proposta e com ela vai celebrar o vínculo jurídico (a parceria). A Lei
13.019/14 traz 03 parcerias distintas: termos de colaboração, termo de fomento e acordo de colaboração.
O art. 2º da Lei 13.019/14 define cada um desses instrumentos.
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Art. 16. O termo de colaboração deve ser adotado pela administração pública para
consecução de planos de trabalho de sua iniciativa, para celebração de parcerias
com organizações da sociedade civil que envolvam a transferência de recursos
financeiros. (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
Parágrafo único. Os conselhos de políticas públicas poderão apresentar propostas
à administração pública para celebração de termo de colaboração com
organizações da sociedade civil.
Art. 17. O termo de fomento deve ser adotado pela administração pública para
consecução de planos de trabalho propostos por organizações da sociedade civil
que envolvam a transferência de recursos financeiros. (Redação dada pela Lei nº
13.204, de 2015)
Por fim, segundo a lei, os instrumentos só passam a produzir efeitos jurídicos após a publicação em
meio oficial de publicidade (diário oficial).
Rafael Oliveira apelida as hipóteses do art. 39 de “parcerias ficha limpa” porque há várias vedações
fortemente influenciadas pela Lei da Ficha Limpa.
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g) Contratações:
A doutrina majoritária sempre defendeu que a entidade privada do 3º setor não precisa fazer uma
licitação formal, bastando um processo objetivo com regras impessoais, garantindo a observância dos
princípios constitucionais, como impessoalidade, moralidade etc.
Portanto, as contratações de bens e serviços realizadas pelas entidades da sociedade com recursos
públicos devem observar procedimento que atenda aos princípios da Administração Pública.
A seleção da equipe de trabalho deve ser precedida de processo seletivo, com regras transparentes,
impessoais e objetivas para a seleção dos empregados. A remuneração NÃO gera vínculo com a
Administração.
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h) Prestação de contas e accountability: A lei traz normas detalhadas sobre a prestação e contas das
entidades privadas.
i) Responsabilidade e sanções:
A OSCIP possui responsabilidade exclusiva pelos encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e
comerciais relativos ao funcionamento da instituição e ao adimplemento do termo de colaboração ou de
fomento, inexistindo responsabilidade solidária ou subsidiária da Administração na hipótese de
inadimplemento => Sequer estabelece responsabilidade do Poder Público para débitos previdenciários.
Ou seja: aqui, a lei estabelece que o Estado não terá qualquer responsabilidade pela parceria, seja
solidária, seja subsidiária.
Para uma prova de concurso, deve-se observar a letra da lei: o Estado não tem
qualquer responsabilidade.
Art. 73. Pela execução da parceria em desacordo com o plano de trabalho e com
as normas desta Lei e da legislação específica, a administração pública poderá,
garantida a prévia defesa, aplicar à organização da sociedade civil as seguintes
sanções:
I - advertência;
II - suspensão temporária da participação em chamamento público e impedimento
de celebrar parceria ou contrato com órgãos e entidades da esfera de governo da
administração pública sancionadora, por prazo não superior a dois anos;
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Referências bibliográficas:
Rafael Carvalho Resende Oliveira. Curso de Direito Administrativo
Matheus Carvalho: Manual de Direito Administrativo
Diogo de Figueiredo Moreira Neto. Curso de Direito Administrativo
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QUESTÕES PROPOSTAS
A-Dado que o poder de polícia é titularizado por pessoas jurídicas de direito público, resta inviável sua
delegação a sociedade de economia mista.
B-O regime de precatórios é inaplicável às sociedades de economia mista prestadoras de serviço público
próprio do Estado e de natureza não concorrencial.
C-As sociedades de economia mista não poderão adotar como tipo societário o de sociedade limitada,
podendo ser constituídas somente como sociedades anônimas.
D-A alienação do controle acionário de empresas públicas e sociedades de economia mista prescinde de
autorização legislativa e poderá ser operacionalizada sem processo de licitação pública.
E-A transferência do controle de empresas subsidiárias e controladas por sociedades de economia mista não
exige a anuência do Poder Legislativo, devendo ser operacionalizada mediante processo de licitação pública,
na modalidade concorrência.
A-O chefe do Poder Executivo pode criar cargos e reestruturar órgãos públicos por meio de decreto.
B-Legislação estadual pode condicionar a nomeação de dirigente de autarquia ou fundação à aprovação
prévia da Assembleia Legislativa local.
C-Na ordem constitucional ora vigente não se admite a criação de fundação de direito privado com o intuito
de que essa fundação seja integrante da Administração Indireta.
D-Decreto do chefe do Poder Executivo pode extinguir órgãos colegiados cujas criações tenham decorrido de
lei, desde que ausente expressa indicação de suas competências ou dos membros que compõem esses
órgãos.
E-Os Conselhos de Fiscalização Profissional detêm natureza jurídica de autarquias, cabendo-lhes prazo em
dobro para recorrer em processos judiciais.
A centralização consiste na execução de tarefas administrativas pelo próprio Estado, por meio de órgãos
internos e integrantes da administração pública direta.
Certo
Errado
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Na administração pública, desconcentrar significa atribuir competências a órgãos de uma mesma entidade
administrativa.
Certo
Errado
Certo
Errado
A-órgãos públicos são unidades de atuação administrativa, com personalidade jurídica, ordenados para a
consecução de uma predeterminada atribuição no âmbito da Administração Pública.
B-os entes descentralizados estão hierarquicamente vinculados às entidades centrais que decidiram pela
descentralização.
C-servidores efetivos detentores de cargos públicos lotados nas autarquias não se submetem ao regime
jurídico de servidores com as mesmas características citadas lotados na Administração Direta de Goiás.
D-as autarquias estaduais estão desobrigadas de licitar a contratação de obras, serviços, compras e
alienações.
E-é imprescindível, para a criação de autarquia, no estado de Goiás, a edição de lei específica.
A-Autarquia.
B-Empresa pública.
C-Fundação pública.
D-Sociedade de economia mista.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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A-O processo de desconcentração administrativa tem por consequência a criação de entidades dotadas de
personalidade jurídica própria, distinta do ente político criador.
B-Às entidades que integram a administração indireta podem ser atribuídas, nos termos da lei que as institui,
as mesmas competências cometidas ao ente político criador.
C-A teoria do órgão não reconhece a responsabilidade do Estado em relação aos atos praticados pelos
denominados “funcionários de fato”, assim considerados os que foram irregularmente investidos em cargos,
empregos ou funções públicas.
D-As autarquias podem desempenhar atividades típicas de estado e, excepcionalmente, explorar atividade
econômica.
E-As empresas públicas e sociedades de economia mista, ainda que explorem atividade econômica de
prestação de serviços, sujeitam-se ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos
direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributárias.
9 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - PC-MA - CESPE - 2018 - PC-MA - Delegado de Polícia Civil
Com relação à organização administrativa, julgue os itens a seguir.
I As autarquias são pessoas jurídicas com capacidade de autodeterminação, patrimônio e receitas próprias,
criadas por lei para o desempenho de atividades típicas do Estado, submetidas ao controle hierárquico pela
administração pública direta.
II As sociedades de economia mista e empresas públicas são entidades de direito privado integrantes da
administração indireta, criadas por autorização legal, para o desempenho de atividades gerais de caráter
econômico ou, em certas situações, prestação de serviços públicos.
III Por meio da contratação de consórcios públicos, poderão ser constituídas associações públicas para a
realização de objetivos de interesse comum, adquirindo tais entidades personalidade jurídica de direito
público e passando a integrar a administração indireta de todos os entes federativos consorciados.
IV Por serem entes despersonalizados, os órgãos públicos não detêm capacidade processual para a defesa
de suas prerrogativas e competências.
A-I e II.
B-I e IV.
C-II e III.
D-I, III e IV.
E-II, III e IV.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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O direito administrativo constitui uma seção, qualificada por seu conteúdo, da ordem jurídica total, aquela
seção que se refere à administração, que regula a administração. Se introduzirmos nesta acepção brevíssima
do conceito de direito administrativo o conceito de administração, o que significa como função de
determinados órgãos, o direito administrativo se apresenta como aquela fração da ordem jurídica que deve
ser aplicada por órgãos administrativos, isto é, órgãos executivos com competência para fixar instruções ou
dever de obedecê-las. Se transpusermos a definição do orgânico ao funcional, poder-se-á definir o direito
administrativo como conjunto de normas jurídicas que regulam aquela atividade executiva condicionável
pelas instruções, ou - aceitando, por certo, que toda a atividade executiva está composta de funções
jurídicas-, o conjunto de normas jurídicas que regulam aquelas funções jurídicas determináveis mediante as
instruções.
MERKL. Adolf. Teoria general dei derecho administrativo. Granada: Cornares, 2004 apud ALMEIDA, Fernando
Dias Menezes de. Conceito de direito administrativo. Tomo Direito Administrativo e Constitucional. (PUC-SP),
1. ed., p. 13, 2017
A-As fundações públicas de direito privado devem ser criadas por lei específica.
B-As fundações públicas de direito público devem ser criadas por lei específica.
C-A imunidade tributária recíproca não se estende às fundações.
D-As sociedades de economia podem revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito.
E-As empresas públicas só podem explorar diretamente atividade econômica, se tal exploração for necessária
à segurança nacional ou relevante para o interesse coletivo, na forma de lei complementar.
A-a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) goza de imunidade tributária recíproca mesmo quando
realiza o transporte de bens e mercadorias em concorrência com a iniciativa privada.
B-o Tribunal de Justiça não detém legitimidade autônoma para impetrar mandado de segurança contra ato
do Governador do Estado em defesa de sua autonomia institucional.
C-não é aplicável o regime dos precatórios às sociedades de economia mista prestadoras de serviço público
próprio do Estado, ainda que de natureza não concorrencial.
D-as entidades paraestatais gozam dos privilégios processuais concedidos à Fazenda Pública.
E-os serviços sociais autônomos estão sujeitos à observância da regra de concurso público para contratação
de seu pessoal.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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A-deve obrigatoriamente ter sido instituída por lei e recebido a titularidade do serviço público em questão,
o que autoriza a celebração de contrato de concessão à iniciativa privada ou a contratação de consórcio
público para delegação da execução do referido serviço.
B-integra a estrutura da Administração pública indireta municipal e portanto não se submete a todas as
normas que regem a administração pública direta, sendo permitindo a flexibilização do regime publicista
para fins de viabilizar a aplicação do princípio da eficiência.
C-submete-se ao regime jurídico de direito privado caso venha a celebrar contrato de concessão de serviço
público com a Administração pública municipal, ficando suspensa, durante a vigência da avença, a incidência
das normas de direito público, a fim de preservar a igualdade na concorrência.
D-pode ser criada por decreto, mas a delegação da prestação do serviço público prescinde de prévio ato
normativo, podendo a autarquia celebrar licitação para contratação de concessão de serviço público ou
prestar o serviço diretamente.
E-possui personalidade jurídica de direito público, mas quando prestadora de serviço público, seu regime
jurídico equipara-se ao das empresas públicas e sociedades de economia mista.
A-A possibilidade de nomeação, pelo chefe do Poder Executivo, dos dirigentes das autarquias públicas,
empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações é consequência da hierarquia existente entre
a Administração direta e a Administração indireta.
B-As agências reguladoras são espécies de empresas públicas. Têm por finalidade a normatização técnica de
serviços públicos e atividades econômicas.
C-Caso o Estado do Acre edite uma lei criando uma autarquia pública, fala-se em desconcentração
administrativa, mantendo-se, assim, a hierarquia entre o novo ente da Administração indireta e a
Administração direta.
D-Somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de
sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar ou à lei ordinária, neste último
caso, definir as áreas de sua atuação.
E-A agência executiva, autarquia de regime especial, tem por forte característica a operacionalidade e a
eficiência. Seu qualificativo como agência executiva é temporário, pois, de ordinário, depende de
instrumento firmado perante a Administração direta.
14 - 2016 - FUNCAB - PC-PA - FUNCAB - 2016 - PC-PA - Delegado de Policia Civil - Reaplicação
Acerca da organização administrativa, especificamente em relação aos contratos de gestão, julgue os itens a
seguir, marcando apenas a opção correta.
A-Os contratos de gestão das Agências Executivas serão celebrados com periodicidade mínima de quatro
anos, com previsão de critérios e instrumentos para a avaliação do seu cumprimento.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
B-O Contrato de Gestão terá metas e objetivos definidos, bem como recursos orçamentários e financeiros
para o cumprimento de ambos. O Poder Executivo editará medidas de organização administrativa específicas
para as Agências Executivas.
C-O Poder Executivo poderá qualificar como Agência Executiva a autarquia, fundação, sociedade de
economia mista ou empresa pública que tenha celebrado Contrato de Gestão com o respectivo Ministério
supervisor.
D-O contrato de gestão, elaborado pelo órgão, ministério ou entidade supervisora, sem a participação da
organização social, com a finalidade de garantia da supremacia do interesse público, discriminará as
atribuições, responsabilidades e obrigações do Poder Público e da organização social.
E-Os contratos de gestão somente poderão ser celebrados entre a administração direta e as autarquias e
fundação, não existindo previsão legal de celebração de contrato de gestão entre o poder público e entidades
privadas.
A-As empresas públicas e as sociedades de economia mista, se constituídas como pessoa jurídica de direito
privado, não integram a administração indireta.
B-Desconcentração é a distribuição de competências de uma pessoa física ou jurídica para outra, ao passo
que descentralização é a distribuição de competências dentro de uma mesma pessoa jurídica, em razão da
sua organização hierárquica.
C-Em decorrência do princípio da legalidade, é lícito que o poder público faça tudo o que não estiver
expressamente proibido pela lei.
D-A administração pública, em sentido estrito e subjetivo, compreende as pessoas jurídicas, os órgãos e os
agentes públicos que exerçam função administrativa.
E-No Brasil, por não existir o modelo da dualidade de jurisdição do sistema francês, o ingresso de ação judicial
no Poder Judiciário para questionar ato do poder público é condicionado ao prévio exaurimento da instância
administrativa.
A-a aplicação do regime jurídico próprio das empresas privadas às estatais (sociedade de economia mista e
empresas públicas) que exploram atividade econômica não afasta a observância dos princípios da
administração pública.
B-a remuneração dos dirigentes das empresas públicas e das sociedades de economia mista será fixada em
lei.
C-a criação, por lei, de uma autarquia é exemplo de desconcentração do serviço público.
D-se aplica às empresas estatais que exploram atividade econômica o prazo prescricional previsto no Decreto
n.º 20.910/1932.
E-é inconstitucional norma que isente os Correios, empresa pública federal, do pagamento de impostos, pois,
como ele explora atividade econômica, deve ter as mesmas regras impostas aos concorrentes.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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A-A CF assegura aos serviços sociais autônomos autonomia administrativa, não estando sujeitos ao controle
do tribunal de contas.
B-Diante do recebimento de dinheiro público, os serviços sociais autônomos estão submetidos às regras de
concurso público para contratação de seus funcionários, os quais serão regidos pela consolidação das leis
trabalhistas (CLT).
C-As organizações sociais qualificadas no âmbito da União podem ser contratadas com dispensa de licitação
para execução de contrato de gestão firmado com a União.
D-Suponha-se que João seja responsável pela fiscalização de contrato de gestão firmado com certa
organização social. Nesse caso, ao tomar conhecimento de qualquer irregularidade na utilização de recursos
públicos pela fiscalizada, João deverá dar ciência do fato ao TCU, sob pena de multa, mas não de
responsabilidade solidária.
E-Uma instituição religiosa, desde que seja sem fins lucrativos e que tenha por objeto social as atividades
descritas na referida lei, pode ser qualificada como organização da sociedade civil de interesse público.
18 - 2015 - VUNESP - PC-CE - VUNESP - 2015 - PC-CE - Delegado de Polícia Civil de 1a Classe
Numa entrevista com um gestor público que tem como foco verificar conhecimentos atualizados sobre os
diferentes tipos de organizações na administração pública brasileira, o entrevistado poderia citar,
corretamente, exemplos de empresas públicas e de agências reguladoras brasileiras que estão contidos,
respectivamente, em:
A-Petrobras e ECT – Empresa de Correios e Telégrafos; ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica e ANS –
Agência Nacional de Seguros.
B-BB – Banco do Brasil e CEF – Caixa Econômica Fe- deral; ANAC – Agência Nacional de Aviação Civil e ANI –
Agência Nacional de Informática.
C-Eletrobras e BB – Banco do Brasil; ANA – Agência Nacional de Águas e ANEEL – Agência Nacional de Energia
Elétrica.
D-Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agrope- cuária e Petrobras ; ANS – Agência Nacional de Saúde
e ANAC – Agência Nacional de Aviação Civil.
E-ECT – Empresa de Correios e Telégrafos e CEF – Caixa Econômica Federal; ANA – Agência Nacional de Águas
e ANATEL – Agência Nacional de Teleco- municações.
19 - 2015 - VUNESP - PC-CE - VUNESP - 2015 - PC-CE - Delegado de Polícia Civil de 1a Classe
Um gestor público municipal da área de assistência social, em busca de alternativas para a melhoria na
prestação dos serviços à sociedade, iniciou um processo de parcerias com creches conduzidas por ONGs
situadas no município em que atua este gestor. Esse tipo de prática é frequente na gestão pública brasileira,
e é denominada:
A-Socialização.
B-Descentralização.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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C-Eficiência.
D-Eficácia.
E-Desconcentração.
A-seus dirigentes têm forma de escolha diferenciada, mitigando o controle político realizado pelo ente
federativo que as criou.
B-são formas de descentralização contratual.
C-essas entidades possuem dependência técnica para o desempenho de suas atividades.
D-o recurso interposto por seus administrados é o hierárquico impróprio.
E-seus atos administrativos normativos são insindicáveis por ter seu fundamento de validade na lei que as
criou.
Respostas3
3
1: C 2: E 3: C 4: C 5: C 6: E 7: B 8: E 9: C 10: B 11: A 12: A 13: E 14: B 15: D 16: A 17: C 18: E 19: B 20: A
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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META 4
DIREITO PROCESSUAL PENAL: AÇÃO PENAL
CF/88
⦁ Art. 129, I, CF/88
CPP
⦁ Art. 3º-B, IV, CPP
Olá pessoal. Antes de começarmos o estudo do nosso material, é importante lembrar que vários
dispositivos da L.13964/19 estão com a eficácia suspensa. Decidimos deixar os apontamentos no
material para o caso do STF julgar o mérito da ADI 6298.
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(a) Da implantação do juiz das garantias e seus consectários (Artigos 3º-A, 3º-B, 3º-C, 3º-D, 3ª-
E, 3º-F, do Código de Processo Penal);
(b) Da alteração do juiz sentenciante que conheceu de prova declarada inadmissível (157,
§5º, do Código de Processo Penal);
1. PRETENSÃO PUNITIVA
Possui o jus puniendi como seu elemento intersubjetivo, e é composta pelo próprio direito de punir,
situado dentro da relação jurídico-penal que se forma após a prática do crime.
A legislação, a exemplo do Código Penal, prevê a conduta de matar alguém, com pena de 6 a 20 anos
(art. 121, CP). O tipo penal incriminador até então encontra-se no plano abstrato.
Porém, no momento em que o sujeito pratica a conduta, in casu, o delito, o direito de punir, que
estava no plano abstrato, passa para o plano concreto, ocasião em que, surge o Ius Puniendi do Estado
(direito de punir).
→ A partir do momento em que alguém pratica a conduta delituosa prevista no tipo penal, este
direito de punir desce do plano abstrato e se transforma no ius puniendi in concreto.
• Ação penal: É instrumento utilizado pelo Estado para obter o julgamento da pretensão punitiva. A
ação penal é instrumentalmente conexa a uma pretensão punitiva pois, ao propor a ação penal, o
Ministério Público pede a condenação do réu, o que só será possível quando procedente a pretensão
punitiva.
• Pretensão punitiva: Verifica-se quando se imputa ao réu, mediante a ação penal, a prática de crime
e pede a aplicação da pena cominada na norma incriminadora.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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2. AÇÃO PENAL
a) Conceito
O Estado trouxe para si o exercício da função jurisdicional, de modo que ele deverá fornecer ao
cidadão a tutela jurisdicional. Esse instrumento encontra-se solidificado no direito de ação.
Nesse sentido, o direito de ação é o direito público subjetivo consagrado na CF/88, de se exigir do
Estado-Juiz a aplicação do direito objetivo ao caso concreto, para a solução da demanda penal.
É o direito que a parte acusadora – Ministério Público ou ofendido (querelante) – tem de mediante
o devido processo legal, provocar o Estado-Juiz a dizer o direito objetivo no caso concreto. (Renato
Brasileiro).
b) Fundamento Constitucional
O direito de ação é extraído da própria Constituição Federal, art. 5º, XXXV: “a lei não excluirá da
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”.
O dispositivo constitucional consagra o chamado princípio da inafastabilidade de jurisdição. Assim,
se ela não excluirá de sua apreciação, significa dizer que incumbe a esta o dever de prestá-la.
DICA: não confundir Direito de ação com ação propriamente dita:
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Conforme leciona Renato Brasileiro (2017, p. 199): “De acordo com a doutrina majoritária, o direito
de ação penal é o direito público subjetivo de pedir ao Estado-Juiz a aplicação do direito penal objetivo a um
caso concreto. Funciona, portanto, como o direito que a parte acusadora – Ministério Público ou o ofendido
(querelante) – tem de, mediante o devido processo legal, provocar o Estado a dizer o direito objetivo no caso
concreto”.
*ATENÇÃO: não se pode confundir o direito de ação com o direito que se afirma ter quando se
exercita o direito de ação, o qual pode ser designado como o direito material deduzido em juízo. O direito
de ação é abstrato, pois independe deste conteúdo que se afirma quando se provoca a jurisdição.
2) Direito subjetivo: o titular do direito de ação penal pode exigir do Estado-Juiz a prestação
jurisdicional, relacionada a um caso concreto;
3) Direito autônomo: não se confunde com o direito material que se pretende tutelar;
4) Direito abstrato: existe e será exercido mesmo quando a demanda for julgada improcedente;
Para uma doutrina moderna, as condições da ação penal não podem ser extraídas da teoria geral do
processo civil, deve ter suas próprias condições da ação. Nesse sentido professor Aury Lopes Jr (abordaremos
mais adiante as condições da ação para o autor).
Lembrando que esse tema foi uma das questões discursivas para Delegado PR 2013 (Disserte sobre
as condições da ação).
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a) Conceito: São requisitos mínimos indispensáveis ao julgamento da causa. Segundo Nestor Távora (2017,
p. 156)
A doutrina trabalha com duas espécies de condições da ação: condições genéricas e as condições
específicas (condições de procedibilidade).
b) Condições Genéricas:
São aquelas condições que deve estar presente em toda e qualquer ação penal, independentemente
da natureza do crime, da pessoa processada, e do procedimento a ser seguido.
São elas:
c) Condições Específicas
Serão necessárias apenas em relação a determinadas infrações penais, ou ainda, em alguns
procedimentos específicos.
Exemplo 1: condição específica em decorrência da natureza do crime – implemento da
representação, sendo a representação uma condição específica para seu ajuizamento
Exemplo 2: autorização de assembleia para que determinados agentes políticos sejam criminalmente
processados.
Desse modo, contemplamos que as condições podem ser GENÉRICAS presentes em qualquer ação
penal, e ESPECÍFICAS presentes apenas em algumas espécies de ação penal.
• Legitimidade ativa:
Nessa esteira, segundo Renato Brasileiro, é a situação prevista em lei que permite a um determinado
sujeito propor a demanda judicial e a um determinado sujeito ocupar o polo passivo dessa mesma demanda.
Há legitimidade de partes quando o autor afirma ser titular do direito subjetivo material demandado
(legitimidade ativa) e pede a tutela em face do titular da obrigação correspondente àquele direito
(legitimidade passiva).
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A legitimidade ativa pertence ao titular da ação penal, o que por via consequencial, dependerá se o
crime é de ação penal pública ou ação penal privada. Assim:
Lembre-se que, ainda que de ação penal pública, se verificada a inércia do MP, surge para o
ofendido a possibilidade de propor queixa-crime subsidiária (ação penal privada subsidiária da pública).
Em face de quem pode ser proposta a ação penal? A legitimidade recai sobre o suposto autor do fato
delituoso, com 18 anos completos ou mais.
IMPORTANTE (1): Legitimidade ad causam ativa e passiva da Pessoa Jurídica no Processo Penal:
A pessoa jurídica é dotada de legitimidade ativa (pode oferecer ação penal – pública, se restar
caracterizada a inércia do MP ou privada).
Quanto à legitimidade passiva, (pode ser o provável autor do delito) também é admitida, todavia
com relação apenas aos crimes ambientais.
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b.1. Necessidade: No processo penal a necessidade é presumida, pois “nulla poena sine judicio”. Desse
modo, não é possível a imposição de pena sem existência de um processo penal.
Exceção:
Transação Penal (Lei 9.099/95):
Acordo de não persecução penal (art. 28-A, CPP – inserido pelo Pacote Anticrime)
Art. 76. É possível o cumprimento imediato de pena, sem que haja sequer processo,
pois a pena negociada é anterior mesmo ao oferecimento da peça acusatória.
b.2. Adequação: É preciso pleitear-se uma medida adequada para buscar seus interesses.
Atenção: Essa adequação não tem importância para as ações penais condenatórias. Tem
relevância nas ações penais não condenatórias, por exemplo, Habeas Corpus.
Exemplo: HC nas hipóteses que não é cabível a mesma. Não se admite HC quando a pena é apenas
pecuniária ou em casos de crime de porte para o uso de drogas, pois não há o risco ambulatorial. E, ainda, a
Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu, por unanimidade, que a concessão do benefício da
transação penal impede a impetração de habeas corpus em que se busca o trancamento da ação penal. A
decisão, lavrada no âmbito do HC 495.148-DF, teve como relator o ministro Antonio Saldanha Palheiro - (HC
495.148/DF, Rel. Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 24/09/2019, DJe
03/10/2019)
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b.3. Utilidade: Consiste na eficácia da atividade jurisdicional para satisfazer a tutela do autor.
STF e STJ não admitem a prescrição virtual. Nesse sentido, a súmula 438 do STJ.
c) JUSTA CAUSA: Podemos conceituar justa causa como sendo o lastro probatório mínimo indispensável
para a instauração de um processo penal.
Assim, deve a acusação ser portadora de elementos de informação que justifiquem a admissão da
acusação e o custo que representa o processo penal em termos de estigmatização e penas processuais.
Funciona, pois, como uma condição de garantia contra o uso abusivo de direito de acusar, evitando a
instauração de processos levianos ou temerários.
A natureza Jurídica da Justa Causa é alvo de divergência doutrinária, no entanto, prevalece que o CPP
insere a justa causa como condição genérica da ação, em razão do art. 395, III, CPP:
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: (Redação dada pela Lei nº
11.719, de 2008).
I - for manifestamente inepta;
I - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal.
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Lei n. 9.613/98, art. 2º, § 1º: A denúncia será instruída com indícios suficientes da
existência da infração penal antecedente, sendo puníveis os fatos previstos nesta
Lei, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor, ou extinta a punibilidade
da infração penal antecedente.
• Justa causa triplicada:
A doutrina aponta ainda para a existência de uma justa causa triplicada que ocorre quando a infração
penal antecedente à lavagem de capitais também possui uma infração penal antecedente para a sua
configuração. É o exemplo do crime de lavagem que tem como infração penal antecedente o crime de
receptação, o qual, por sua vez, tem como infração penal antecedente o crime de roubo.
Assim, quando do oferecimento da denúncia, cabe ao Parquet revelar o suporte probatório mínimo
em relação a estes três delitos, daí porque a justa causa se apresenta, de fato, triplicada.
Imagine a seguinte situação hipotética: O Ministério Público ajuizou ação penal contra João
acusando-o da prática de determinado crime. O juiz recebeu a denúncia e determinou a citação do réu para
responder a acusação. João apresentou resposta escrita alegando que não havia justa causa e que, portanto,
ele deveria ser absolvido sumariamente. O magistrado, contudo, rejeitou o pedido de absolvição sumária e
determinou o início da instrução penal.
João ainda continuava inconformado. Existe algum recurso que ele possa interpor? Cabe algum
recurso contra a decisão do juiz que rejeita o pedido de absolvição sumária?
NÃO. Não existe recurso cabível na legislação para esse caso. Diante disso, a jurisprudência admite a
impetração de habeas corpus sob o argumento de que existe risco à liberdade de locomoção.
Desse modo, em nosso exemplo, a defesa de João impetrou habeas corpus no Tribunal de Justiça
pedindo o trancamento da ação penal por falta de justa causa. O Desembargador negou o pedido de liminar
e designou o dia 15/08 para o julgamento do habeas corpus pela Câmara Criminal do TJ. Ocorre que, antes
disso, no dia 08/08, o juiz proferiu sentença condenando o réu.
Diante desse cenário, o que acontece com o julgamento do habeas corpus? O Tribunal de Justiça irá
apreciar o mérito do habeas corpus?
NÃO. A superveniência de sentença condenatória torna prejudicado o pedido feito no habeas
corpus se buscava o trancamento da ação penal sob a alegação de falta de justa causa. A sentença
condenatória analisa a existência de justa causa de forma mais aprofundada, após a instrução penal com
contraditório e ampla defesa. Logo, não faz mais sentido o Tribunal examinar a decisão de rejeição da
absolvição sumária se já há uma nova decisão mais aprofundada. Será essa nova manifestação (sentença)
que precisará ser analisada.
Logo, o réu terá que interpor apelação contra a sentença condenatória, recurso de cognição ampla por meio
do qual toda a matéria será devolvida ao Tribunal, que terá a possibilidade de examinar se a condenação foi
acertada, ou não.
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E se a sentença tivesse sido absolutória? Se o juiz tivesse absolvido João, o HC também ficaria
prejudicado?
SIM. Com maior razão, o habeas corpus estaria prejudicado, mas agora por outro motivo: falta de
interesse processual já que a providência buscada pela defesa foi alcançada em 1ª instância. Nesse sentido:
d) ORIGINALIDADE
E, por fim, como uma condição da ação, mas não está em qualquer manual de processo penal, seria
a ORIGINALIDADE.
Nos ensinamentos dos professores, André Luiz Nicolitt e Afrânio Silva Jardim, a originalidade seria
uma das condições da ação, vejamos:
• CONDIÇÃO DE PROCEDIBILIDADE – é aquela necessária para dar INÍCIO À AÇÃO PENAL. Ex.: nos
crimes contra a honra, em regra, a representação é uma condição de procedibilidade, pois, sem ela,
a ação penal não pode ser iniciada.
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Agora, é certo que sem a representação se pode nem iniciar a persecutio criminis, conforme
preconiza o artigo 5º, §4º, do CPP. Nesse caso, a representação é condição especial de
PERSEQUIBILIDADE, porque sem a representação não há como deflagrar a persecutio criminis.
Exemplo: A lei dos Juizados Especiais (Lei nº 9099/95) passou a exigir representação para os crimes
de lesão corporal leve e lesão corporal culposa. Ou seja, tais crimes, que antes eram de ação penal pública
incondicionada, passaram a exigir a representação tanto para dar início à ação penal (hipótese em que a
representação funciona como condição de procedibilidade), como para dar continuidade à ação que já
estava em andamento (hipótese em que funciona como condição de prosseguibilidade).
Nesse sentido, qual a natureza da representação quando se tratar de lesão corporal leve ou culposa
no âmbito dos Juizados Especiais?
Resposta: Depende!
▪ Processos relativos à lesão corporal leve e culposa ainda não iniciados: exige representação para
dar início à ação penal (condição de procedibilidade) – art. 88, Lei 9.099/95
▪ Processos relativos à lesão corporal leve e culposa que já estavam em andamento: exige
representação para dar continuidade à ação penal (condição de prosseguibilidade) – art. 91, Lei
9099/95
Lei nº 9.099/95. Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação
especial, dependerá de representação a ação penal relativa aos crimes de lesão
corporais leve e lesões culposas. → Condição de procedibilidade
Lei nº 9.099/95. Art. 91. Nos casos em que esta Lei passa a exigir representação
para a propositura da ação penal pública, o ofendido ou seu representante legal
será intimada para oferecê-la no prazo de 30 dias, sob pena de decadência. →
Condição de prosseguibilidade.
Sem representação a autoridade policial não pode instaurar o inquérito e assim dar início à persecutio
(condição especial de persequibilidade), sem a representação não se procede em Juízo, isto é, não se deflagra
ação penal (condição especial de procedibilidade) e sem a representação não se pode dar sequência ao feito
(condição especial de prosseguibilidade).
CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES:
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1) A lei que altera a natureza jurídica de uma ação penal é considerada norma penal mista ou híbrida.
Vamos relembrar os tipos de norma penal e processual?
• Normas penais – são aquelas que cuidam do crime, da pena, da medida de segurança, dos efeitos da
condenação e do direito de punir do Estado (v.g., causas extintivas da punibilidade
• Normas processuais penais – são aquelas que versam sobre o processo desde o seu início até o final
da execução ou extinção da punibilidade. Lembre-se que, à luz do art. 2º do CPP, a lei processual
penal possui aplicação imediata:
Art. 2º - A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos
atos realizados sob a vigência da lei anterior.
a) Norma genuinamente processual – são aquelas que cuidam de procedimentos, atos processuais,
técnicas de processo.
b) Norma processual material (ou norma mista ou híbrida) – são aquelas que versam sobre o processo
desde o seu início até o final da execução ou extinção da punibilidade. Assim, se um dispositivo legal,
embora inserido em lei processual, versa sobre regra penal, de direito material, a ele serão aplicáveis
os princípios que regem a lei penal, de ultratividade e retroatividade da lei mais benigna. (Renato
Brasileiro, Manual de Processo Penal, 2017).
→ Em outras palavras: quando se tratar de norma penal mista, o critério a ser aplicado é o mesmo do
direito penal, ou seja, irretroatividade da lei maléfica e retroatividade da lei benigna.
ENTENDA: As normas que alteram a natureza jurídica de uma ação penal são consideradas normas híbridas
porque, embora inseridas em diploma processual penal, possuem reflexos diretos em institutos de direito
penal, como, por exemplo, a extinção da punibilidade.
Isso porque, o crime que antes era de ação penal pública incondicionada e se torna de ação penal pública
condicionada, passa a admitir uma nova hipótese de extinção da punibilidade, qual seja, a decadência pela
ausência de representação).
2) Considerando que a norma sobre a natureza jurídica da ação penal é uma norma híbrida e que as
normas híbridas devem seguir as regras das normas penais, é possível dizer que, em regra, caberá a
retroatividade da lei em benefício do réu.
No entanto, tenham cuidado!!! Essa retroatividade nem sempre será possível!!! Não basta analisar
o instituto apenas de acordo com a lei penal no tempo, sendo necessário também analisar se se trata de uma
condição de procedibilidade ou prosseguibilidade.
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A Lei 13.964/2019 (PACOTE ANTICRIME) alterou a natureza jurídica da ação penal referente ao
crime de estelionato. Antes, o crime de estelionato era sempre de ação penal pública incondicionada. Com
a vigência da lei, o crime passou a ser de ação penal pública condicionada à representação, salvo algumas
hipóteses expressamente previstas. Veja:
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Mas cuidado. O tema é polêmico: em duas experiências já anteriores vivenciadas pelo STF e pelo
STJ, quais sejam, lesões corporais leves e culposas e sua transição de ação penal pública
incondicionada para ação penal pública condicionada à representação, bem como no estupro
praticado mediante violência real e a sua transição de crime que era de ação penal pública
incondicionada para crime de ação penal pública condicionada à representação, STF e STJ
entenderam sem sustos que se tratam de novatio legis in mellius e, por isso, retroativas, alcançando
não apenas as investigações, mas também as ações penais em curso, também as ações penais em
andamento. E agora, mais uma vez isso repete com o estelionato, vamos ficar de olho! E tanto isso
é verdade que hoje o art. 225 do CP foi novamente alterado para estabelecer que os crimes contra
a dignidade sexual são de ação penal pública incondicionada, e, nesse caso, à unanimidade se diz
que é uma lex gravior, é uma novatio legis in pejus e, portanto, não vai retroagir. Então só são de
ação penal pública incondicionada os crimes contra a dignidade sexual perpetrados após a inovação
legislativa que os tornou de ação penal pública incondicionada. Ora, é a mesma linha de raciocínio,
só que no sentido inverso. Não é um crime de ação penal pública incondicionada que passou a ser
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A partir de então, passou a haver muita divergência entre as turmas do STJ, que somente fora
pacificada em abril de 2021. Veja a evolução jurisprudencial:
(1) Em 04/08/20, no Julgado HC 583.837-SC, a decisão do STJ foi no sentido de que, por ser lei mais benéfica,
deve retroagir.
(2) Em 14/09/2020, a 5ª Turma do STJ decidiu no sentido anterior: a retroatividade da representação deve
se restringir à fase policial, pois do contrário estar-se-ia transformando uma condição de procedibilidade
em prosseguibilidade.
(3) Em 21.09.20, a 5ª Turma reiterou o entendimento de que a retroatividade da representação no crime
de estelionato deve se restringir à fase policial (ato jurídico perfeito).
(4) Em 14.10.2020, a 1ª Turma do STF reconheceu não ser cabível a aplicação retroativa do parágrafo 5º do
artigo 171 do CP, uma vez que no momento do oferecimento da denúncia a ação era incondicionada e
não se exigia representação (HC 187.341/SP).
(5) Por fim, em 13.04.2021, a Terceira Seção consolidou o entendimento das turmas criminais do Superior
Tribunal de Justiça (STJ) ao definir que a exigência de representação da vítima como pré-requisito para
a ação penal por estelionato – introduzida pelo Pacote Anticrime– não pode ser aplicada
retroativamente para beneficiar o réu nos processos que já estavam em curso. Houve, portanto, o fim
da tão famigerada divergência!
Obs.: Para o professor Aury Lopes Jr, como dissemos alhures, o processo penal não poderia se valer da
teoria geral do processo civil para conferir das mesmas condições da ação. Para o processualista penal, são
condições da ação penal:
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a) Prática de fato aparentemente criminoso - fumus comissi delicti: o fato penalmente relevante praticado
in tese, deve ser típico, ilícito e culpável, não se admitiria uma ação penal por um fato que não fosse crime.
Ex: denúncia por incesto, furto de coisa própria.
b) Punibilidade concreta: deve o juiz rejeitar a peça acusatória quando houver prova de extinção da
punibilidade. Quando presente a causa de extinção de punibilidade, como prescrição, decadência, renúncia,
a denúncia ou queixa deverá ser rejeitada e o réu absolvido sumariamente, conforme o momento em que
seja reconhecida.
OBS: As outras duas condições para o professor Aury são idênticas as já exauridas acima e, por uma questão
de economia nos estudos, não abordaremos.
b) Peça inicial: Denúncia é a peça privativa do Ministério Público que dá início à ação penal pública.
Obs.: Mais adiante veremos os pressupostos para a denúncia em contraposição à queixa crime (pena inicial
ofertada pelo ofendido nas ações penais privadas).
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1) Os crimes de lesões corporais leves e culposas no contexto da Lei Maria da Penha são de ação penal
pública incondicionada.
Súmula 542, STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de
violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada."
2) Todos os crimes contra a dignidade sexual passaram a ser de ação penal pública incondicionada, em
virtude da alteração promovida pela Lei nº 13.718/2018:
Art. 3º Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada.
A ação penal pública condicionada é aquela que depende da manifestação de vontade do legítimo
interessado para que a persecução penal possa se iniciar.
A ação penal pública condicionada pode ser:
1) Ação penal pública condicionada à representação do ofendido
2) Ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça.
Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do
Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro
da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para
representá-lo.
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Art. 5ª, § 4o , CPP O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de
representação, não poderá sem ela ser iniciado.
Lembrando que pode ser condição de prosseguibilidade, como vimos anteriormente, a exemplo da
Lei 9.099/95 quando passou a exigir representação para as lesões corporais leves e culposas.
Obs.: A representação pode ser feita pessoalmente ou por procurador maior de 18 anos,
desde que possua poderes especiais.
Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do
Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro
da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para
representá-lo.
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Art. 36. Se comparecer mais de uma pessoa com direito de queixa, terá preferência
o cônjuge, e, em seguida, o parente mais próximo na ordem de enumeração
constante do art. 31, podendo, entretanto, qualquer delas prosseguir na ação,
caso o querelante desista da instância ou a abandone.
FIQUE ATENTO!
Relevante julgado do STJ, ventilado no informativo 654 (09/2019), estendeu o direito à
representação ao companheiro.
No caso, trata-se de crime de calúnia contra pessoa morta, o que aponta que os
querelantes – mãe, pai, irmã e companheira em união estável da vítima falecida –
são partes legítimas para ajuizar a ação penal privada, nos termos do art. 24, § 1º,
do CPP. Cumpre anotar que a companheira, em união estável reconhecida, goza do
mesmo status de cônjuge para o processo penal, podendo figurar como legítima
representante da falecida. Vale ressaltar que a interpretação extensiva da norma
processual penal tem autorização expressa do art. 3º do CPP ("a lei processual penal
admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento
dos princípios gerais de direito"). Ademais, o STF, ao apreciar o tema 498 da
repercussão geral, reconheceu a "inexistência de hierarquia ou diferença de
qualidade jurídica entre as duas formas de constituição de um novo e
autonomizado núcleo doméstico, aplicando-se à união estável entre pessoas do
mesmo sexo as mesmas regras e mesmas consequências da união estável
heteroafetiva" (RE 646.721, Rel. Min. Marco Aurélio, Rel. Acd. Min. Roberto
Barroso, Tribunal Pleno, julgado em 10/05/2017, DJe 11/09/2017).
Atenção:
Pessoas jurídicas: Se vítimas de infrações penais, podem oferecer representação por quem os
respectivos contratos ou estatutos designarem ou, no silêncio destes, pelos seus diretores ou sócios-
gerentes.
• Forma da representação: De acordo com o STJ/STF, ela tem forma livre, podendo ser oral ou por
escrito. Ou seja: não precisa ser através de peça formal.
• Prazo para a representação: seis meses contados do conhecimento da autoria. Não interessa a data
do fato.
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Obs.: O prazo para oferecimento da representação tem natureza decadencial, não se admite suspensão,
prorrogação ou interrupção.
RETRATAÇÃO DA REPRESENTAÇÃO:
Lei 11.340/06. Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da
ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante
o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do
recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público.
ATENÇÃO! A vítima poderá se arrepender da retratação e renovar a representação, desde que esteja
dentro do prazo. Ou seja: “cabe retratação da retratação da representação”!
Porém, há DUAS EXCEÇÕES, dois microssistemas que fatalmente a retratação da representação por
lei extingue a punibilidade: Juizado da Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher, e Juizado, JECRIM.
Nos dois casos, a retratação da representação fulmina de vez o direito de representação, porque dá azo à
extinção da punibilidade.
• Eficácia Objetiva da Representação: Feita a representação por um fato delituoso ela abrange todos
os possíveis coautores e participes.
STF: HC 98.237/SP. STF, “(...) O fato que constitui objeto da representação oferecida
pelo ofendido (ou, quando for o caso, por seu representante legal) traduz limitação
material ao poder persecutório do Ministério Público, que não poderá, agindo
"ultra vires", proceder a uma indevida ampliação objetiva da "delatio criminis"
postulatória, para, desse modo, incluir, na denúncia, outros delitos cuja
perseguibilidade, embora dependente de representação, não foi nesta pleiteada
por aquele que a formulou. Precedentes. – A existência de divórcio ideológico
resultante da inobservância, pelo Ministério Público, da necessária correlação
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• Prazo: A lei é omissa. Logo, pode ocorrer desde que não extinta a punibilidade;
CESPE/2018 - É de seis meses o prazo para que o ministro da Justiça requeira a instauração de inquérito
policial em crime de ação penal pública condicionada. Findo esse prazo, opera-se a decadência do direito de
ação. Item incorreto.
• Destinatário: MP (PGJ);
• Hipóteses:
1) Crimes cometidos por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil;
2) Crimes contra a honra praticados contra o Presidente ou Chefe de Governo Estrangeiro.
Para alguns doutrinadores, essa subespécie de ação penal pode ser vislumbrada quando ocorre a
atuação de um órgão do MP diante da inércia de outro órgão do MP.
Alguns exemplos dessa espécie “sui generis” de ação penal pública subsidiária da pública podem ser
apresentados:
a) Artigo 2º., § 2º., do Decreto – Lei 201/67, o qual trata dos Crimes de Responsabilidade de Prefeitos e
prevê que em caso de inércia do Procurador Geral de Justiça (lembrando que os Prefeitos têm
prerrogativa de função e são julgados pelos Tribunais de Justiça respectivo – artigo 29, X, CF), poderá
este ser substituído pelo Procurador Geral da República.
b) Artigo 27 da Lei 7.492/86, que trata dos Crimes contra o Sistema Financeiro e prevê que quando a
denúncia não é intentada no prazo legal, cabe ao ofendido representar ao Procurador Geral da
República a fim de que este a oferte ou designe outro órgão do Ministério Público para ofertar ou
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mesmo que determine o arquivamento do feito. A lei não o diz, mas é implícito que também poderá o
Procurador Geral da República requerer novas diligências consideradas necessárias no caso concreto.
c) Finalmente, pode-se falar nos casos de deslocamento de competência como aqueles que ocorrem
quando há “grave violação dos direitos humanos” e inércia dos órgãos estaduais, podendo então o
caso, mediante representação do Procurador Geral da República perante o STJ, ser deslocado para a
Justiça Federal, isso com o fim de “assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados
internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte” (artigo 109, § 5º., CF). Também é
mencionável a possibilidade de deslocamento de Competência para o Tribunal Penal Internacional
(TPI), no caso de inércia dos órgãos internos brasileiros envolvendo crimes contra a humanidade
(artigo 5º., § 4º., CF).
O princípio da obrigatoriedade está previsto no art. 24 do CPP. Com isso, diferentemente do que
ocorre com os demais princípios que possuem status constitucional ou convencional, possui status de lei
ordinária. Consequentemente, pode ser excepcionado por outra lei ordinária.
Art. 24: Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do
Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro
da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para
representá-lo.
O MP, titular da ação penal pública, está obrigado a oferecê-la, sempre que constatar a presença de
prova da materialidade e indícios de autoria ou participação.
Assim, se presentes as condições da ação penal e havendo justa causa, o MP está obrigado a
oferecer denúncia. Em outras palavras: não se reserva ao MP qualquer juízo de discricionariedade quando
constatada a presença de conduta delituosa e das condições da ação penal.
1) Princípio da devolução – art. 28, CPP (redação ainda em vigor em razão da suspensão da nova
redação trazida pelo Pacote Anticrime)
2) Ação Penal privada Subsidiária da pública
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CPP, art. 385: Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença
condenatória, ainda que o Ministério Público tenha opinado pela absolvição, bem
como reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada.
Alguns doutrinadores (Aury Lopes Jr.) sustentam que, havendo o pedido de absolvição, o juiz seria
obrigado a absolver, já que o MP estaria retirando sua pretensão acusatória. Com isso, caso o juiz
condenasse, estaria agindo de ofício, em um verdadeiro processo judicialiforme (incompatível com o
princípio da inércia da jurisdição).
A maioria da doutrina, e principalmente a jurisprudência, compreendem que, a partir do momento
em que denúncia foi oferecida, o juízo foi provocado. Por isso, mesmo que o MP tenha pedido a absolvição,
o juiz continua livre para condenar ou para absolver, já que a pretensão punitiva já teria sido deduzida em
juízo.
Como visto acima, o princípio da obrigatoriedade possui status de lei ordinária. Por isso, é possível
que uma lei ordinária crie exceções ao princípio.
5 Obviamente que o MP, por mandamento constitucional, já que o artigo 129, VIII, 2ª parte, da CR,
diz que todas as manifestações processuais do MP hão de ser fundamentadas – TEM que
fundamentar. Por isso que é REGRADA!
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CESPE/2019 (adaptada) - Em se tratando dos crimes de ação penal pública incondicionada, nos juizados
especiais criminais, vigora o princípio da discricionariedade regrada. Item correto.
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Lei n. 9.430/96, art. 83, § 2º: É suspensa a pretensão punitiva do Estado referente
aos crimes previstos no caput, durante o período em que a pessoa física ou a pessoa
jurídica relacionada com o agente dos aludidos crimes estiver incluída no
parcelamento, desde que o pedido de parcelamento tenha sido formalizado antes
do recebimento da denúncia criminal (Incluído pela Lei nº 12.382, de 2011)
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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2) PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE:
• De acordo com o princípio da indisponibilidade, o MP NÃO pode desistir da ação penal após o
oferecimento da denúncia.
• EXCEÇÕES (em quais hipóteses o MP pode “dispor” da ação penal):
Cabe em crimes cuja pena mínima seja igual ou inferior a um ano (não só nos juizados).
Lei n. 9.099/95, art. 89: Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou
inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer
a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde
que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por
outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão
condicional da pena (art. 77 do Código Penal).
b) TRANSAÇÃO PENAL:
Mesmo após o oferecimento da denúncia, no caso de IMPO (art.79 da 9.099/95).
A. PRINCÍPIO DA OFICIALIDADE:
O titular da ação é o órgão oficial do Estado;
B. PRINCÍPIO DA DIVISIBILIDADE
Há controvérsia sobre o caráter divisível da ação penal pública.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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Ocorre quando o Estado legitima o ofendido ou seu representante legal a ingressar com ação penal,
pleiteando a condenação do agressor, em hipóteses excepcionais.
O particular, portanto, passa a ter o direito de ação, a legitimidade para o oferecimento da ação penal
privada, embora a titularidade da ação penal permaneça com o Estado.
∘ Para o STF – “menção ao fato criminoso" significa que, na procuração, deverá ser individualizado o
evento delituoso, não bastando apenas a menção do nomen iuris do crime.
∘ Para o STJ - "menção ao fato criminoso" significa que basta mencionar o tipo penal ou nomen iuris,
sendo desnecessário pormenorizar a descrição da conduta.
Art. 44. A queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais,
devendo constar do instrumento do mandato o nome do querelante e a menção
do fato criminoso, salvo quando tais esclarecimentos dependerem de diligências
que devem ser previamente requeridas no juízo criminal.
• Prazo para interpor a queixa crime: 6 meses a partir do conhecimento de quem é o autor do fato
Lembre-se que se trata de prazo decadencial!!!
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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Ex.: Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente,
ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não
pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por
motivo de erro ou impedimento, anule o casamento.
É aquela que pode ser proposta pelo ofendido ou seu representante legal. Na hipótese de ser
proposta pelo representante legal, sucessão processual.
Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão
judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge,
ascendente, descendente ou irmão.
Calúnia. CP, Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo (DOS CRIMES CONTRA
HONRA) somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140,
§ 2º, da violência resulta lesão corporal.
Atenção: A diferença entre a ação penal exclusivamente privada e a ação privada personalíssima é
que, na ação penal exclusivamente privada, admite-se a sucessão processual, ao passo que na ação penal
privada personalíssima, somente o próprio ofendido pode ajuizar queixa crime.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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a) Conceito
A ação penal privada subsidiária da pública também é chamada de ação penal acidentalmente
privada/supletiva e será admitida quando estiver caracterizada a inércia do MP.
Assim, em havendo inércia do órgão ministerial, a ação penal privada subsidiária da pública será
exercida pela vítima ou por seu representante na condição de substituição processual, já que ela atua em
nome próprio pleiteando a punição que será exercida pelo estado.
CF Art. 5º, LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não
for intentada no prazo legal;
CPP - Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não
for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa,
repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do
processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso
de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.
c) Pressupostos:
Há dois requisitos para que seja oferecida a “QUEIXA-CRIME SUBSIDIÁRIA / SUBSTITUTIVA DA
DENÚNCIA” .
Exemplo: se o promotor recebe o inquérito e em 15 dias (acusado solto) não faz nada, a partir do 16º
dia cabe ação penal privada. Se pedir arquivamento ou diligência não se trata de inércia, nem de ação
subsidiária.
Por exemplo: em crimes de perigo (incolumidade pública posta em risco) não cabe essa ação
subsidiária. Assim, tráfico de drogas, quem ofereceria a ação? Não existe.
Exceção: há 2 hipóteses em que, mesmo que a coletividade seja o sujeito passivo, será possível
interpor ação penal privada subsidiária da pública:
1) Crimes contra as relações de consumo (art. 80, CDC): nessa hipótese, os legitimados para propor
a queixa substitutiva serão as Associações de defesa do consumidor e os Procon’s.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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2) Crimes falimentares: nessa hipótese, os legitimados para propor a queixa substitutiva serão o
administrador judicial ou qualquer credor habilitado.
Conselho indigenista não pode ajuizar queixa-crime subsidiária por delito contra
índios
Determinado indivíduo teria proferido discurso racista contra um grupo de índios
que teria invadido uma fazenda em certa região. O Ministério Público não ofereceu
denúncia nem instaurou qualquer procedimento. Em virtude disso, o Conselho dos
Povos Indígenas (organização não-governamental indígena) ajuizou uma queixa-
crime subsidiária (art. 5º, LIX, da CF/88) contra o indivíduo, imputando-lhe a prática
dos crimes de racismo (art. 20 da Lei 9.459/97) e incitação à violência e ódio contra
os povos indígenas (arts. 286 e 287 do CP). Essa queixa-crime deverá ser rejeitada,
porque os conselhos indigenistas não possuem legitimidade ativa em matéria
penal. Na ação penal privada (mesmo sendo a subsidiária da pública), a queixa-
crime somente pode ser promovida pelo ofendido ou por quem tenha qualidade
para representá-lo (art. 100, § 2º do CP e art. 30 do CPP). A suposta vítima dos
crimes não foi o conselho indigenista, mas sim os próprios índios que
participaram da invasão. STF. 1ª Turma. Inq 3862 ED/DF, Rel. Min. Roberto
Barroso, julgado em 18/11/2014 (Info 768).
Fonte: Dizer o Direito
Assim, o MP pode:
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Art. 46, § 2o O prazo para o aditamento da queixa será de 3 dias, contado da data
em que o órgão do Ministério Público receber os autos, e, se este não se pronunciar
dentro do tríduo, entender-se-á que não tem o que aditar, prosseguindo-se nos
demais termos do processo.
Art. 45. A queixa, ainda quando a ação penal for privativa do ofendido, poderá ser
aditada pelo Ministério Público, a quem caberá intervir em todos os termos
subseqüentes do processo.
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(a) Decadência: A vítima dispõe do prazo decadencial de 06 (seis) meses para o exercício da ação
privada, contados do conhecimento do responsável pelo delito, sob pena de extinção da
punibilidade (art. 107, IV, CP)
(b) Renúncia: É ato unilateral do ofendido, e ocorre quando a vítima se recusa a tomar
providência contra o seu agressor.
Obs.: Tanto a decadência como a renúncia ocorrem antes de iniciada a queixa crime.
2) PRINCÍPIO DA INDIVISIBILIDADE
Proposta ação penal privada, o querelante deve promovê-la contra todos os que contribuíram para
o delito, não podendo deixar de processar os que sabidamente concorreram para a prática do crime.
Nesse sentido, a ação penal deve se estender a todos aqueles que praticaram a infração penal. Ou
seja: a vítima não pode escolher contra quem ela quer ajuizar a queixa crime, devendo ajuizá-la em face de
todos os autores do delito ou em face de nenhum.
CPP - Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo
de todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade.
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Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que
produza, todavia, efeito em relação ao que o recusar.
• Se a omissão foi INVOLUNTÁRIA: o MP deverá requerer a intimação do querelante para que ele faça
o aditamento da queixa-crime e inclua os demais coautores ou partícipes que ficaram de fora. Assim,
conclui-se que a não inclusão de eventuais suspeitos na queixa-crime não configura, por si só,
renúncia tácita ao direito de queixa. Para o reconhecimento da renúncia tácita ao direito de queixa,
exige-se a demonstração de que a não inclusão de determinados autores ou partícipes na queixa-
crime se deu de forma deliberada pelo querelante. STJ. 5ª Turma. RHC 55142-MG, Rel. Min. Felix
Fischer, julgado em 12/5/2015 (Info 562).
Obs.: Cabe ao Ministério Público fiscalizar o princípio da indivisibilidade na ação penal privada.
Contudo, o MP não pode aditar a queixa para incluir coautores, pois não tem legitimidade ativa. Deve,
portanto, pedir a intimação do querelante para que adite a queixa, sob a pena de a renúncia concedida a um
dos coautores ser estendida aos demais (quando a omissão for involuntária).
3) PRINCÍPIO DA DISPONIBILIDADE:
Após iniciada a queixa crime, o querelante pode dispor do seu direito de dar continuidade à queixa-
crime através de 2 institutos:
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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(a) Perdão: Ato de liberalidade, e requer a aceitação pelo réu (ato bilateral). Trata-se de causa extintiva
de punibilidade e só é admissível até o trânsito em julgado;
RENÚNCIA PERDÃO
Instituto pré-processual. Instituto processual.
Ato unilateral. Ato bilateral.
A renúncia feita a um dos agentes O perdão concedido a apenas um dos
se estende aos demais (art. 49, CP). agentes delitivos não
necessariamente se estende aos
demais.
(b) Perempção: É sanção processual pela desídia do querelante na ação privada (art. 60, CPP)
Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á
perempta a ação penal:
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do
processo durante 30 dias seguidos;
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não
comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60
(sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto
no art. 36;
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer
ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de
condenação nas alegações finais;
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar
sucessor.
CONCLUSÃO: Independentemente do momento em que o querelante decide abrir mão do seu direito de
queixa (antes mesmo de oferecida a queixa, através da decadência ou renúncia), ou após o oferecimento
desta (através do perdão ou perempção), a consequência será a mesma: EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE.
Vamos esquematizar?
• Antes de iniciada a queixa crime:
(a) Decadência Princípio da Conveniência e Oportunidade
(b) Renúncia
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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A denúncia ou queixa só podem ser oferecidas contra o provável autor do fato delituoso. Esse
princípio funciona como evidente desdobramento do princípio da pessoalidade da pena.
2) PRINCÍPIO DA OFICIOSIDADE:
O MP, titular da ação penal, pode agir de ofício, não dependendo da autorização de ninguém, da
mesma forma que o ofendido também pode agir de ofício quando legitimado.
= Inadmissibilidade da persecução penal múltipla: Ninguém pode ser processado duas vezes pela
mesma imputação.
Para o professor Nestor Távora, seria o litisconsórcio ativo entre o MP (no crime de ação penal
pública) e o querelante (nas hipóteses de ação penal privada).
Exemplo: Estupro (antes de 2009) de ação penal privada conexo com tentativa de homicídio. O MP
oferece denúncia e vítima queixa. As ações correriam juntas pela conexão.
Para o professor LFG, só existe na Alemanha. O MP ingressa com a Ação Penal pública, oportunidade
em que a vítima ingressa de maneira adesiva, porém com objetivos indenizatórios.
Tourinho Filho/Denilson Feitoza: Alemanha também, nos crimes de ação penal privada, é possível
que o MP promova ação penal, desde que visualize um interesse público. Neste caso, o ofendido ou seu
representante legal pode intervir no processo como assistente.
OBS: não confundir com a atuação obrigatória adesiva do MP (“interveniente adesivo obrigatório”)
na ação penal privada subsidiária da pública.
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Críticas:
• Habeas corpus não se trata de uma ação penal por excelência (ação penal propriamente dita),
mas sim de uma ação libertária, um meio de impugnação autônomo.
• Faculdade de qualquer cidadão oferecer “denúncia” por crime de responsabilidade?
Vejamos:
Quanto à “denúncia” perante o SF das autoridades mencionadas no art. 52, I e II da CF c/c arts. 14 e
41 da lei 1.079/50:
Logo, a doutrina majoritária entende não existir no Brasil Ação Penal Popular (Noberto Avena).
Em sentido contrário: Tourinho Filho.
Ocorre quando as circunstâncias do caso concreto fazem variar a modalidade de ação penal a ser
ajuizada.
• Exemplo 1: Crimes contra o patrimônio, art. 182 do CP (escusas absolutórias relativas). Cometidos sem
violência ou grave ameaça podem depender de representação, ou seja: ação penal secundária.
• Exemplo 2: crimes contra a honra: A regra é a Ação Penal Privada. Há algumas exceções, vejamos:
2. Crime Contra a Honra do Presidente da República: Ação penal pública condicionada à requisição do
Ministro da Justiça.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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Ação a ser proposta contra o inimputável do art. 26, caput, pois é uma denúncia que não pede
condenação, mas medida de segurança, a chamada absolvição imprópria. CP
CESPE/2019 – A sentença proferida em ação de prevenção penal será exclusivamente de absolvição, ainda
que aplique especificamente medida de segurança aos inimputáveis que praticarem fato definido como
crime ou contravenção penal. Item incorreto.
Justificativa da banca: Apesar da ação de prevenção penal ser aquela que visa a aplicação de medida de
segurança e esta, por sua vez ter natureza absolutória imprópria, nas ações de prevenção penal também é
possível se proferir sentença declaratória, como de extinção da punibilidade pela prescrição, que não se
confunde com a de absolvição. Nesse sentido, o erro da questão está em afirmar que a sentença proferida
em ação de prevenção penal será exclusivamente de absolvição, visto que, conforme acima narrado, esta
pode ter natureza declaratória.
• Denúncia: É a peça privativa do Ministério Público que dá início à ação penal pública.
• Queixa-crime: É a peça privativa do ofendido, de seu representante legal, seu sucessor ou ainda seu
curador que dá início à ação penal privada.
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as
suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se
possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das
testemunhas.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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Consiste na narrativa do fato delituoso, com todas as suas circunstâncias, de maneira simples,
objetiva e descritiva, sob a pena de inviabilizar o direito de defesa, pois, no processo penal, o acusado se
defende dos fatos que lhe são imputados.
Salienta-se que a narrativa deve responder questionamentos básicos: como? Quando? Quem? O
que? Por quê? Contra quem?
Segundo Renato Brasileiro, imputação “é a atribuição a alguém da prática de determinada infração
penal, funcionando como o ato processual por meio do qual se formula a pretensão penal”.
OBS: quando se tratar de crime culposo, é imprescindível que o titular da ação penal (MP ou
querelante) descreva em que consistiu a imprudência, negligência ou imperícia.
A inobservância deste requisito acarreta a inépcia da peça acusatória, pois viola o princípio da ampla
defesa (INÉPCIA FORMAL). A peça deve ser rejeitada pelo juiz.
OBS: Caso não haja a rejeição da peça acusatória, prevalece o entendimento que deve ser arguida
pela defesa até a sentença. Os tribunais entendem que se não foi arguida essa inépcia até a sentença, o
indivíduo conseguiu defender-se, portanto não teria por que alegar isso em esfera recursal (teoricamente
teria ocorrido preclusão).
Denúncia que não indica a data do delito é inepta? Não. Exemplo: corpo boiando, não se sabe a
data do delito, mas, fica comprovado quem foi o homicida.
A doutrina diferencia a presença/ausência de elementos necessários e secundários na peça
acusatória. Vejamos:
• Elementos NECESSÁRIOS (essenciais): são aqueles necessários para identificar a conduta como fato
típico. A ausência destes elementos causa evidente prejuízo à defesa e, portanto, nulidade absoluta.
Não se pode imaginar uma denúncia sem esses elementos essenciais, uma denúncia que não os têm,
não narra um fato criminoso.
• Elementos SECUNDÁRIOS (acidentais): são aqueles ligados às circunstâncias de tempo ou de espaço
cuja ausência nem sempre prejudica a ampla defesa, portanto, eventual vício quanto a um elemento
acidental, pode produzir, no máximo, uma nulidade relativa.
O que é “CRIPTOIMPUTAÇÃO”?
(QUESTÃO DA PROVA OBJETIVA – DELEGADO/ES 2019)
É a imputação contaminada por grave deficiência na narrativa do fato delituoso. Espécie de denúncia
criptografada, em códigos.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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É a denúncia que não individualiza a conduta do agente, imputa fato a agente sem descrever a
conduta ou diversos fatos a agentes indistintamente.
A discussão ganha relevo quando se trata de crimes societários (crimes de gabinete): se vale de uma
PJ como manto protetivo. A denúncia genérica, aqui, é aquela que inclui o diretor, o gerente, o preposto da
pessoa jurídica na ação apenas por ele ostentar essa qualidade, entretanto não descreve qual foi a conduta
criminosa dessa pessoa. Não estabelece o mínimo de vínculo entre o comportamento dessa pessoa e o crime.
Por isso, a denúncia genérica é inepta, devendo ser rejeitada por impedir o exercício do contraditório e da
ampla defesa.
A partir do momento que o STF começou a afastar a denúncia genérica, surge a doutrina de Pacelli
diferenciando acusação GERAL e acusação GENÉRICA:
• Acusação GERAL: ocorre quando o órgão da acusação imputa a todos os acusados, o mesmo fato
delituoso, independentemente das funções exercidas por eles na empresa. UM fato só – não há
inépcia, não viola o princípio da ampla defesa, o indivíduo como integrante da sociedade sabe de
qual fato típico tem de se defender.
• Acusação GENÉRICA: ocorre quando a acusação imputa vários fatos típicos, imputando-os
genericamente a todos os integrantes da sociedade. VÁRIOS fatos típicos - há inépcia, com vários
fatos típicos. De qual deles irei me defender? Violação da ampla defesa, gerando nulidade absoluta.
Para a jurisprudência, agravantes não precisam constar da peça acusatória (usam o art. 385 CPP).
Para a doutrina, isso viola a ampla defesa e o contraditório (DPE).
CPP Art. 385. Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença
condenatória, ainda que o Ministério Público tenha opinado pela absolvição, bem
como reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada.
Norberto Avena afirma que ao contrário do que ocorre com as qualificadoras, a inclusão de
agravantes na denúncia é uma faculdade do MP. Esta conclusão, inclusive depreende-se dos próprios termos
do art. 385 do CPP, quando reza que o juiz pode reconhecer agravantes na sentença, “embora nenhuma
tenha sido alegada”.
Tratando-se de majorantes previstas na PARTE ESPECIAL do CP, exigem, para o fim de serem
reconhecidas, a explicitação na denúncia ou queixa.
Todavia, se forem as da PARTE GERAL do CP, não é imprescindível que tenham sido expressamente
mencionadas na peça acusatória (exemplo: concurso formal próprio e crime continuado, podendo ser
reconhecidos pelo juiz na sentença caso exsurjam do contexto imputado ao réu).
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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3) CLASSIFICAÇÃO DA INFRAÇÃO:
É o enquadramento típico;
Não é requisito obrigatório. No processo penal, o acusado não se defende da classificação e sim dos
fatos que lhe são imputados. Isto porque o juiz, na hora da sentença, pode realizar a mutatio libelli ou
emendatio libelli. Veja:
• Emendatio libelli: Não há alteração em relação ao FATO delituoso, limitando-se o juiz a modificar a
CLASSIFICAÇÃO formulada na peça acusatória, ainda que tenha que aplicar pena mais
grave.Exemplo: o MP oferece denúncia descrevendo um furto, mas classifica de maneira errada,
como estelionato. Na hora da sentença, o juiz a corrige.
• Mutatio libelli: Ocorre quando o FATO que se comprovou pela instrução é diverso daquele narrado
na peça acusatória (surge no curso da instrução prova de ELEMENTAR ou CIRCUNSTÂNCIA não
contida na peça acusatória). Abre-se em seguida, prazo para a defesa se manifestar.
CPP - Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição
jurídica do fato, em consequência de prova existente nos autos de elemento ou
circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público
deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta
houver sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo
o aditamento, quando feito oralmente.
STJ: “(...) O limite máximo de 8 (oito) testemunhas descrito no art. 401, do Código
de Processo Penal, deve ser interpretado em consonância com a norma
constitucional que garante a ampla defesa no processo penal (art. 5º, LV, da CF/88).
Para cada fato delituoso imputado ao acusado, não só a defesa, mas também a
acusação, poderá arrolar até 8 (oito) testemunhas, levando-se em conta o princípio
da razoabilidade e proporcionalidade”. (STJ, 5ª Turma, HC 55.702/ES, Rel. Min.
Honildo Amaral de Mello Castro, j. 05/10/2010).
212
PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
Se queixa crime: Prazo de 6 (seis) meses, contados a partir do conhecimento da autoria (art. 38, CPP).
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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É inepta a denúncia que, ao imputar a sócio a prática dos crimes contra a ordem
tributária previstos nos incisos do art. 1° da Lei 8137/90, limita-se a transcrever
trechos dos tipos penais em questão e a mencionar a condição do denunciado de
administrador da sociedade empresária que, em tese, teria suprimido tributos, sem
descrever qual conduta ilícita supostamente cometida pelo acusado haveria
contribuído para a consecução do resultado danoso (STJ HC 224728).
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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8.1 Conceito
Inicialmente, vale destacar uma crítica à nomenclatura: seria acordo de não deflagração da ação
penal, pois já temos inquérito instaurado, ou seja, já tem persecução penal em andamento.
Trata-se de instituto de natureza mista** (penal e processual) que possibilita ao acusado confessar
a prática do crime e sofrer as sanções propostas pelo Ministério Público, possibilitando, assim, uma solução
negociada no processo penal (justiça negociada). O investigado confessa o crime, se sujeita às condições do
acordo e ao final, caso cumprido o acordo, vê extinta a punibilidade.
**Sobre a natureza mista do acordo de não persecução penal: Em 10.11.2020, a 1ª Turma do STF, no
bojo do AR no HC 191.464/SC, reconheceu a natureza mista (penal e processual) do acordo de não
persecução penal, tendo em vista que o seu cumprimento acarreta a causa de extinção da punibilidade –
admitindo, portanto, sua aplicação retroativa. Nesse sentido, fixou a tese no sentido de que “o acordo de
não persecução penal aplica-se a fatos ocorridos ANTES DA LEI 13.964/2019, desde que NÃO RECEBIDA
A DENÚNCIA”.
Por que até o recebimento da denúncia? R.: Estabeleceu o marco temporal do recebimento da denúncia
pois o acordo de não persecução penal é um negócio PRÉ-PROCESSUAL que busca evitar a deflagração
da ação penal. Nesse sentido, caso a denúncia já tenha sido admitida judicialmente, o instituto perde sua
razão de ser.
Ressalta-se que a tese fixada pelo STF modifica a decisão proferida anteriormente pelo STJ no bojo do HC
575.395/RN.
O acordo de não persecução penal (ANPP) aplica-se a fatos ocorridos antes da Lei
nº 13.964/2019, desde que não recebida a denúncia. A Lei nº 13.964/2019
(“Pacote Anticrime”) inseriu o art. 28-A ao CPP, criando, no ordenamento jurídico
pátrio, o instituto do acordo de não persecução penal (ANPP). A Lei nº 13.964/2019,
215
PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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Segundo a doutrina6, é a adoção pelo sistema brasileiro do chamado “plea bargaining” Norte-
Americano:
“Na prática, o plea bargainig visa lutar contra o acúmulo de trabalho (e isso, pelo
menos, desde o Século XIX, nos E.U.A.), mas sem deixar de lado os direitos e
garantias individuais, dos quais eles não abririam mão, ainda que muita gente
reclame e afirme que é justo isso que estão fazendo.
Eis, então, que, fundados em um modelo de pensamento (Francis Bacon como
principal corifeu) utilitarista (Jeremy Bentham e John Stuart Mill), empiricamente
6
(Lima, 2017, p. 260)
7
(Coutinho, 2019)
216
PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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não se incomodam, em tantas passagens, de operar com uma ética na qual os fins
justifiquem os meios, desde que se almeje o bem-estar de todos.
De certa forma, isso justifica, para eles, a negociação de um acordo sobre o crime
e a pena; o próprio acordo ainda na esfera material ou mesmo naquela processual
em face dos lugares ocupados pelos atores; e o lugar do juiz como aquele de –
quase que – tão só controlar o que se fez, para não permitir que se vilipendiem
direitos e garantias individuais.
[...]
Tudo leva a crer, enfim, que um plea bargaining metido em um processo do sistema
inquisitório como o brasileiro seja um desastre, retirando ainda mais o pouco de
democracia processual que restou depois da americanização à brasileira promovida
nos últimos anos, tudo sem o devido controle por quem de direito, seja lá por qual
motivo for.
Ter plea bargaining é inevitável se o processo penal brasileiro vier a ser acusatório.
Mas para isso é preciso, antes, importar o sistema todo, com ônus e bônus. Do jeito
que se está tentando impor, os ônus ficarão para os cidadãos
investigados/acusados(10); e os bônus – tudo indica – ficarão para o Estado e seus
órgãos. Em tempos neoliberais, tudo é contra o cidadão, quem sabe em nome
daquela ética utilitarista precitada, embora se saiba que ela é só discurso fácil para
iludir os incautos. Os de sempre serão os beneficiados, como sempre foi. É como se
existissem cidadãos e... cidadãos. O problema em uma sociedade assim é que tudo
se faz em nome do bem comum e da democracia, nem que seja contra a
Constituição. Um dia – ahimé, como dizem os italianos – a vida revida. ”
217
PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
Com a reforma, poderá o Ministério Público propor ao investigado o acordo de não persecução penal
obedecidos os seguintes requisitos:
a) Confissão formal e circunstancial do investigado;
b) Infração penal sem violência ou grave ameaça;
c) Com a pena mínima inferior a 4 anos.
d) Necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime;
8
(Lima, 2017, p. 234)
218
PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
para formar de ofício a proposta de transação penal, sob pena de evidente violação
ao art. 129, inciso I, da Constituição Federal.
Nas hipóteses de ação penal privada, recai sobre o querelante a legitimidade para
o ofereci mento da proposta de transação penal. Assim, na fase preliminar, deve o
magistrado questionar o ofendido ou seu representante legal acerca do
oferecimento da proposta de transação. Como o juiz não pode conceder o benefício
de ofício, nem tampouco se admite a formulação de proposta pelo MP, a recusa do
querelante em oferecer a proposta inviabiliza por completo a concessão do referido
benefício.”
O raciocínio acima merece ser interpretado à luz do Art. 28-A do CPP, incluído pela L.13964/19, que
retirou do juiz a função de fiscal do princípio da obrigatoriedade da ação penal e retirou de suas mãos
qualquer atividade que, por natureza, pertença à acusação.
Portanto, nos parece que, diante da negativa de proposta do acordo de não persecução penal,
poderá o investigado suscitar a manifestação do órgão de revisão ministerial, em solução próxima à que foi
dada no tocante à transação penal. Aqui nos parece não poderá o juiz suscitar tal providência de ofício.
Ressalto que a solução apresentada é fruto da interpretação do dispositivo e não possui previsão expressa
em lei, vamos aguardar o posicionamento dos Tribunais Superiores e da doutrina quanto ao tema.
Possível ainda uma segunda posição com base em uma interpretação literal do Art. 28 – A do CPP,
considerando uma mera faculdade do Ministério Público o oferecimento do acordo de não persecução penal.
Importante destacar, que segundo o §1º, para fins de aferição da pena mínima, serão consideradas
as causas de aumento e diminuição de pena.
219
PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
Cumpridos os requisitos, o acordo será oferecido mediante as seguintes CONDIÇÕES, que poderão
ser ajustadas cumulativamente ou alternativamente:
a) Reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo;
b) Renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como instrumentos,
produto ou proveito do crime;
c) Prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena mínima
cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da execução, na
forma do art. 46 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal);
d) Pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pública ou de interesse social, a ser indicada pelo juízo
da execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais ou
semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; ou
e) Cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, desde que
proporcional e compatível com a infração penal imputada.
A lei 13964/19 acrescenta ainda VEDAÇÕES em que o acordo não poderá ser celebrado:
a) Se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, nos termos da lei;
(CUIDADO PARA NÃO CONFUNDIR COM SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO!)
b) Se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem conduta criminal
habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações penais pretéritas;
c) Ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da infração, em acordo
de não persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do processo; e
d) Nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados contra a mulher
por razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor.
Art. 28-A.
[...]
§ 3º O acordo de não persecução penal será formalizado por escrito e será firmado
pelo membro do Ministério Público, pelo investigado e por seu defensor.
§ 4º Para a homologação do acordo de não persecução penal, será realizada
audiência na qual o juiz deverá verificar a sua voluntariedade, por meio da oitiva
do investigado na presença do seu defensor, e sua legalidade.
§ 5º Se o juiz considerar inadequadas, insuficientes ou abusivas as condições
dispostas no acordo de não persecução penal, devolverá os autos ao Ministério
Público para que seja reformulada a proposta de acordo, com concordância do
investigado e seu defensor.
§ 6º Homologado judicialmente o acordo de não persecução penal, o juiz
devolverá os autos ao Ministério Público para que inicie sua execução perante o
juízo de execução penal.
220
PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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§ 7º O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender aos requisitos
legais ou quando não for realizada a adequação a que se refere o § 5º deste artigo.
§ 8º Recusada a homologação, o juiz devolverá os autos ao Ministério Público para
a análise da necessidade de complementação das investigações ou o oferecimento
da denúncia.
§ 9º A vítima será intimada da homologação do acordo de não persecução penal
e de seu descumprimento.
§ 10. Descumpridas quaisquer das condições estipuladas no acordo de não
persecução penal, o Ministério Público deverá comunicar ao juízo, para fins de sua
rescisão e posterior oferecimento de denúncia.
§ 11. O descumprimento do acordo de não persecução penal pelo investigado
também poderá ser utilizado pelo Ministério Público como justificativa para o
eventual não oferecimento de suspensão condicional do processo.
§ 12. A celebração e o cumprimento do acordo de não persecução penal não
constarão de certidão de antecedentes criminais, exceto para os fins previstos no
inciso III do § 2º deste artigo.
§ 13. Cumprido integralmente o acordo de não persecução penal, o juízo
competente decretará a extinção de punibilidade.
§ 14. No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em propor o acordo de
não persecução penal, o investigado poderá requerer a remessa dos autos a órgão
superior, na forma do art. 28 deste Código. ”
Obs.: No caso haver a desclassificação do crime, será possível oferecer o acordo de não persecução
penal. Isso porque, nesse caso, embora a finalidade processual do acordo de não persecução penal já esteja
preclusa – tendo em vista que a ação penal foi deflagrada e a instrução processual encerrada - a sua finalidade
material, qual seja, a finalidade de preservar o estado de inocência do indivíduo ainda permanece!
Exemplo: o indivíduo foi denunciado por um crime de maior gravidade que, a princípio, não caberia
acordo de não persecução penal, caso haja a desclassificação do crime para um crime de menor gravidade,
221
PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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será possível oferecer o acordo de não persecução penal (da mesma forma que é possível o oferecimento da
transação penal e suspensão condicional do processo).
Destaque – Recentemente ocorreu a I Jornada de Direito Penal e Processo Penal CJF/STJ (10 a 14 de
agosto). Veja os enunciados atinentes sobre tema em estudo:
Enunciado 10 - Recomenda-se a realização de práticas restaurativas nos acordos de não persecução penal,
observada a principiologia das Resoluções n. 225 do CNJ e 118/2014 do CNMP.
Enunciado 17 - É possível aditar a denúncia para requerer a perda de bens cujo conhecimento se der após
iniciada a ação penal, caso em que, recebido o aditamento, deverão ser ouvidos os interessados e propiciada
a dilação probatória.
São 2 as formas de obter a indenização civil por danos decorrentes da infração penal:
1) Execução civil ex delicto (art. 63, CPP)
2) Ação civil ex delicto (art. 64, CPP)
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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Art. 64. Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, a ação para ressarcimento do
dano poderá ser proposta no juízo cível, contra o autor do crime e, se for caso,
contra o responsável civil.
Parágrafo único. Intentada a ação penal, o juiz da ação civil poderá suspender o
curso desta, até o julgamento definitivo daquela.
9.1 Execução Civil ex Delicto (Art. 63, Cpp) X Ação Civil ex Delicto (Art. 64, Cpp)
Fundamento legal: art. 63, CPP Fundamento legal: art. 64, CPP
223
PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
• Ofendido
• Representante legal
• Herdeiro
Art. 68. Quando o titular do direito à reparação do dano for pobre (art. 32, §§ 1o e
2o), a execução da sentença condenatória (art. 63) ou a ação civil (art. 64) será
promovida, a seu requerimento, pelo Ministério Público.
O art. 68 prevê que, na hipótese de vítimas hipossuficientes, a legitimidade para propor a ação civil
será do Ministério Público. No entanto, não podemos perder de vista que este dispositivo está passando por
uma inconstitucionalidade progressiva (dispositivo que era constitucional e está se tornando, com o decorrer
do tempo, inconstitucional). Isso porque, a partir do momento em que a Defensoria pública estiver
devidamente estruturada em todos estados, a legitimidade ativa será da Defensoria Pública, e não mais do
Ministério Público.
Veja a jurisprudência sobre o tema:
O art. 387, IV, CPP, prevê que o juiz deve fixar um VALOR MÍNIMO a título de reparação de danos
causados pela infração penal.
Essa indenização abrange QUALQUER TIPO DE DANO sofrido pelo crime. Assim, abrange:
• Danos materiais
• Lucros cessantes
• Danos morais
• Danos estéticos
Existe divergência sobre a necessidade de haver PEDIDO EXPRESSO acerca da indenização na inicial
acusatória (denúncia/queixa crime).
224
PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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▪ Doutrina majoritária – entende que NÃO há necessidade de pedido expresso pelo ofendido ou MP,
uma vez que se trata de um EFEITO GENÉRICO da sentença penal condenatória.
▪ Tribunais Superiores (STF e STJ) – entendem que, para que seja fixado um valor mínimo a título de
reparação de dano, DEVE HAVER PEDIDO EXPRESSO do MP ou do ofendido, sendo necessário
oportunizar o contraditório do réu.
Para descobrirmos quais são os efeitos civis de uma sentença absolutória, devemos conjugar alguns
artigos do CPP com Código Civil. Vejamos:
Art. 65. Faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o ato
praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento
de dever legal ou no exercício regular de direito
Art. 66. Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil poderá
ser proposta quando não tiver sido, categoricamente, reconhecida a inexistência
material do fato
Vamos esquematizar?
1) DECISÃO QUE FAZ COISA JULGADA NO CÍVEL – Não pode mais propor ação penal no cível quando:
→ A causa excludente de ilicitude deve ser PROVADA, uma vez que, se houver DÚVIDAS, a decisão não
irá fazer coisa julgada.
→ Não confundir excludentes de ilicitude com as excludentes de culpabilidade, uma vez que estas
(excludentes de culpabilidade) não fazem coisa julgada no cível.
225
PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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→ Se se tratar de uma excludente de ilicitude putativa (descriminantes putativas), também não fará
coisa julgada
2) DECISÃO QUE NÃO FAZ COISA JULGADA NO CÍVEL – É possível propor a ação penal no cível, ainda que
seja absolvido na seara criminal.
SEMANA 03/30
Ainda em relação aos efeitos cíveis de possíveis decisões proferidas em sede processual penal, há
de se ficar atento às seguintes hipóteses9:
a) Sentença absolutória imprópria: É dominante o entendimento no sentido de que, por mais que haja a
imposição de internação ou de tratamento ambulatorial, como tal sentença não tem natureza
condenatória, é incapaz de gerar o dever de reparação do dano, além de não funcionar como título
executivo. Isso, todavia, não impede o ajuizamento de ação civil contra a pessoa a quem competia a
guarda do inimputável.
b) Sentença absolutória proferida pelo Tribunal do Júri: diante do sigilo das votações e da adoção do
sistema da íntima convicção inerente ao Tribunal do Júri, resta impossível precisar o exato motivo que
deu ensejo à decisão dos jurados. Logo, é de se concluir que eventual sentença absolutória não deve
fazer coisa julgada no cível.
c) Transação penal: esta decisão não repercute no âmbito cível, vez que o art. 76, § 6º, da Lei nº 9.099/95,
dispõe expressamente que a imposição imediata de pena restritiva de direitos ou de multa não terá
efeitos civis, cabendo ao interessado propor a ação cabível no juízo cível;
d) Anistia: tem o condão de extinguir todos os efeitos penais decorrentes da prática do crime, sejam eles
principais, sejam eles secundários, mas não acarreta qualquer repercussão em relação aos efeitos
extrapenais. Logo, se concedida após o trânsito em julgado de sentença penal condenatória, nada
impede que o título obtido pelo ofendido seja executado perante o juízo cível.
e) Graça e indulto: Especificamente em relação aos reflexos cíveis, prevalece o entendimento de que
repercutem apenas em relação ao cumprimento da pena, subsistindo todos os efeitos penais
secundários e extrapenais, como a obrigação de reparar o dano. Logo, nada impede a execução da
sentença condenatória irrecorrível no âmbito cível. (Súmula n. 631 do STJ):
f) Perdão judicial: Embora haja certa controvérsia quanto à natureza jurídica da decisão concessiva do
perdão judicial, prevalece que se trata de uma decisão declaratória que não produz qualquer efeito,
penal ou extrapenal. Veja a súmula nº 18 do STJ:
9
Manual de Processo Penal Volume Único. Renato Brasileiro de Lima. 8ª edição. 2020. Pg. 403
227
PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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QUESTÕES PROPOSTAS
a) O advogado poderá ingressar com um Pedido de Explicações, preparatório ao oferecimento da ação penal
privada, providência que suspende o prazo decadencial enquanto não houver decisão judicial.
b) O advogado poderá ingressar com um Pedido de Explicações, preparatório ao oferecimento da ação penal
privada, providência que não interrompe o prazo decadencial.
c) O advogado poderá ingressar com um Pedido de Explicações, preparatório ao oferecimento da ação penal
privada, providência que prorroga o prazo decadencial em 6 meses.
d) Independentemente da propositura do Pedido de Explicações, o prazo para oferecimento da ação penal
privada é aumentado em 1/3 em virtude do número potencialdepessoasquetiveramconhecimentodaofensa.
e) O advogado deverá ingressar com um Pedido de Explicações, imprescindível para a propositura da ação
penal privada.
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A-a abertura do inquérito policial poderá ser determinada pela autoridade policial, diretamente, mas a ação
penal depende da iniciativa da vítima;
B-a abertura do inquérito policial não poderá ser determinada pela autoridade policial nem requerida por
Miriam, pois operou-se o prazo prescricional para representação;
C-a queixa-crime poderá ser oferecida por Miriam, mas, se através de procurador, exigem-se poderes
especiais;
D-a inicial acusatória não poderá ser oferecida por Miriam, pois operou-se o prazo decadencial;
E-a queixa-crime poderá ser oferecida por Miriam, pessoalmente ou por procurador sem poderes especiais.
a)poderá, ainda assim, condenar o réu, uma vez que a ação penal, nesta hipótese, é privada, cabendo a ele
tal decisão.
b)deverá, nestas situações, chamar o autor e o réu a fim de que possa promover a reconciliação entre eles.
c)não terá outra alternativa que não seja reconhecer a extinção da punibilidade de Arnaldo.
d)poderá condenar ou absolver Arnaldo, independentemente do fato de Márcio ter, em sede de alegações
finais, postulado a absolvição do agente.
e)ficará obrigado a absolver Arnaldo, porquanto Márcio é o titular da ação penal privada, podendo assim
desistir dela a qualquer tempo.
a)pública incondicionada.
229
PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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Acerca dessa situação hipotética e de aspectos a ela correlatos, assinale a opção correta à luz do
entendimento dos tribunais superiores.
a)O simples fato de os autos terem ficado sem movimentação externa ao MP por prazo superior a quinze
dias não autorizaria a propositura da ação penal privada.
b)Se os autos tiverem estado em diligência a cargo de órgão auxiliar técnico do MP para análise das questões
médicas envolvidas, então não houve omissão e, por isso, esteve suspenso o prazo para o exercício da ação
penal privada.
c)Caso a família da vítima tomasse ciência da realização de diligências no âmbito interno do MP para
esclarecimento dos fatos e se manifestasse nos autos dessas diligências sem questioná-las, isso implicaria
anuência, obstando o direito à ação penal privada.
d)O direito de propor ação penal privada subsidiária poderia ser exercido a qualquer tempo, desde que
decorrido o prazo legal conferido ao MP.
e)Tendo a CF erigido como fundamental o direito da vítima e de sua família à aplicação da lei penal, a vítima
e sua família podem tomar as rédeas da ação penal se o MP não o fizer no devido tempo.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
a)Aplica-se a perempção como forma extintiva da punibilidade às ações penais exclusivamente privadas e às
ações privadas subsidiárias das públicas.
b)O princípio da indivisibilidade, quando não observado, impõe ao juiz a rejeição da denúncia nas ações
penais públicas.
c)Há legitimidade concorrente do ofendido e do MP para a persecução de crimes contra a honra de
funcionário público em razão de suas funções.
d)Na ação penal privada, todas as manifestações de disponibilidade pelo ofendido serão extensivas a todos
os réus e(ou) responsáveis pelo fato delituoso, independentemente de qualquer reserva ou condição
apresentada por eles.
e)Diante de concurso formal entre um delito de ação penal pública e outro de ação penal privada, caberá ao
representante do MP oferecer denúncia em relação aos dois crimes.
a)a renúncia à representação é vedada no âmbito no Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a
Mulher.
b)a autoridade policial tem autonomia para instaurar inquérito policial mesmo na ausência de representação
da vítima, nos crimes em que a ação pública dela depender.
c)a representação tem caráter personalíssimo, de modo que a morte do ofendido implica na imediata
extinção da punibilidade do autor do fato criminoso.
d)o direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes especiais,
mediante declaração à autoridade policial.
e)a retratação da representação pode ser feita a qualquer tempo, dado o caráter disponível do direito
envolvido.
a)a ação penal privada, em certos casos é personalíssima, só podendo o delegado de polícia instaurar
inquérito, exclusivamente, no caso de requerimento do próprio ofendido.
b)na ação penal subsidiária da pública, quando o querelado deixa de comparecer aos atos do processo,
ocorre a perempção.
c)quanto ao exercício, classifica-se em pública incondicionada, condicionada a representação do ofendido ou
a resolução do Ministério da Justiça.
d)na ação penal privada o querelante tem legitimidade ordinária.
e)a ação penal pública rege-se pelos princípios da obrigatoriedade e disponibilidade, enquanto a privada
rege-se pela oportunidade e indivisibilidade.
231
PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
a)No crime de lesão corporal culposa no trânsito, a representação é uma condição específica de
prosseguibilidade.
b)Para a doutrina tradicional são condições da ação penal a legitimidade, o interesse de agir e a causa de
pedir.
c)Na ação penal privada podemos observar a hipótese de legitimidade extraordinária que dá azo a ocorrência
da sucessão processual.
d)Parte da doutrina sustenta, quanto a ação penal condenatória, a existência de 05 (cinco) condições para o
regular exercício do direito de ação, a saber: legitimidade, interesse de agir, possibilidade jurídica da
demanda, justa causa e originalidade.
e)Não existe no processo penal a figura do assistente litisconsorcial.
a)O princípio da obrigatoriedade deverá ser observado tanto na ação penal pública quanto na ação penal
privada.
b)O princípio da verdade real vigora de forma absoluta no processo penal brasileiro.
c)Na ação penal pública, o princípio da igualdade das armas é mitigado pelo princípio da oficialidade.
d)O sistema processual acusatório não restringe a ingerência, de ofício, do magistrado antes da fase
processual da persecução penal.
e)No sistema processual inquisitivo, o processo é público; a confissão é elemento suficiente para a
condenação; e as funções de acusação e julgamento são atribuídas a pessoas distintas.
a)A perempção incide tanto na ação penal privada exclusiva quanto na ação penal privada subsidiária da ação
penal pública.
b)Os prazos prescricionais e decadenciais incidem de igual forma tanto na ação penal pública condicionada
à representação do ofendido quanto na ação penal pública condicionada à representação do ministro da
Justiça.
c)De regra, não há necessidade de a queixa-crime ser proposta por advogado dotado de poderes específicos
para tal fim, em homenagem ao princípio do devido processo legal.
d)Tanto na ação pública condicionada à representação quanto na ação penal privada, se o ofendido tiver
menos de vinte e um anos de idade e mais de dezoito anos de idade, o direito de queixa ou de representação
poderá ser exercido por ele ou por seu representante legal.
e)É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do MP, condicionada à representação do
ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas
funções.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
a)o direito de oferecer queixa passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão; nos crimes de ação
privada, o juiz, a requerimento da parte que comprovar a sua pobreza, instaurará de ofício a ação penal.
b)o direito de oferecer queixa se extinguirá; nos crimes de ação privada, o juiz, a requerimento da parte que
comprovar a sua pobreza, instaurará de ofício a ação penal.
c)o direito de oferecer queixa passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão; nos crimes de ação
privada, o juiz, a requerimento da parte que comprovar a sua pobreza, nomeará advogado para promover a
ação penal.
d)no curso da ação privada, declarar-se-á a extinção da punibilidade do ofensor; nos crimes de ação pública
condicionada, o juiz, a requerimento da parte que comprovar a sua pobreza, nomeará advogado para
promover a ação penal.
e)no curso da ação pública condicionada, declarar-se-á a extinção da punibilidade do ofensor; nos crimes de
ação pública condicionada, o juiz, a requerimento da parte que comprovar a sua pobreza, nomeará advogado
para promover a ação penal.
a)O juiz da denúncia, ao classificar o crime, apenas quando consumado, não poderá reconhecer a existência
de causa especial de diminuição da pena.
b)O juiz da pronúncia, ao classificar o crime, consumado ou tentado, poderá reconhecer a existência de causa
especial de diminuição da pena.
c)O juiz da pronúncia, ao classificar o crime, apenas quando tentado, não poderá reconhecer a existência de
causa especial de diminuição da pena.
d)Se tiver sido intentada ação pública por crime que, segundo o Código Penal, só admite ação privada, esta,
salvo decadência intercorrente, poderá prosseguir nos autos daquela, desde que a parte legítima para
intentá-la ratifique os atos realizados e promova o andamento do processo.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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e)Se tiver sido intentada ação pública por crime que, segundo o Código Penal, só admite ação privada, esta,
salvo prescrição intercorrente, não poderá prosseguir nos autos daquela, desde que a parte legítima para
intentá-la ratifique os atos realizados e promova o andamento do processo.
a)As fundações, associações ou sociedades legalmente constituídas não poderão exercer a ação penal, pois
carecem de personalidade jurídica para esse fim.
b)Será admitida ação pública nos crimes de ação privada, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo
ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos
do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do
querelante, retomar a ação como parte principal.
c)As fundações, associações ou sociedades legalmente constituídas só poderão exercer a ação penal se
assistidas pelo Ministério Público.
d)Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo
ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos
do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do
querelante, retomar a ação como parte principal.
e)As fundações, associações ou sociedades legalmente constituídas só poderão exercer a ação penal se
representadas pelo Ministério Público.
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homologada pelo magistrado, tendo este suspendido o processo pelo prazo de dois anos com imposição das
condições a serem cumpridas nesse prazo. Considerando a narrativa, assinale a assertiva CORRETA.
a)Maria poderá impetrar habeas corpus objetivando o trancamento da ação penal por ausência de justa
causa, embora tenha aceitado a proposta
b)Maria não poderá impetrar habeas corpus uma vez concordado com a suspensão condicional do processo,
renuncia ao interesse de agir.
c)Não cabe habeas corpus no âmbito dos Juizados Especiais Criminais
d)Inexiste previsão legal para trancamento de ação penal via habeas corpus por ausência de justa causa.
e)Só é possível trancamento da ação penal nos casos de decisões que extinguem a punibilidade.
a)deverá, em juízo preliminar, modificar a classificação jurídica do crime feita na denúncia, a fim de que fique
em consonância com o relatório policial, sob pena de inépcia da denúncia.
b)poderá, em juízo preliminar, modificar a classificação jurídica do crime feita no relatório policial, a fim de
que fique em consonância com a denúncia, sob pena de nulidade da sentença.
c)poderá devolver os autos ao delegado de polícia responsável, caso entenda que a classificação do crime
deva ser retificada.
d)se não a rejeitar preliminarmente, deverá recebê-la e ordenar a citação do réu “X” para responder à
acusação por crime de furto mediante fraude.
e)deverá devolver os autos ao delegado de polícia responsável pelo relatório, a fim de que seja feita a
retificação da classificação do crime, sob pena de inépcia da
denúncia.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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I. Quando o Ministério Público oferece denúncia contra uns indiciados e deixa de apresentar denúncia contra
alguns dos indiciados, impede a propositura de ação penal privada subsidiária da pública.
III. Cabe perdão do querelante, instituto típico da ação penal de iniciativa privada.
Respostas10
10
01: C 02: B 03: C 04: A 05: C 06: E 07: E 08: E 09: C 10: D 11: A 12: D 13: C 14: E 15: B 16: C
17: D 18: E 19: D 20: A 21: A 22: D 23: C
236
PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
META 5
DIREITO CONSTITUCIONAL: TEORIA CONSTITUCIONAL
TODOS OS ARTIGOS
⦁ Art. 3º do ADCT
⦁ Arts. 1º a 4º da CF/88 → saber na ponta da língua. Despenca em prova;
⦁ Art. 34, CF/88
⦁ Art. 60, CF/88 → saber na ponta da língua. Despenca em prova;
⦁ Arts. 136 e 137, CF/88
1. CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO
J. J. Canotilho formulou o chamado conceito ideal de constituição, verbis: Este conceito ideal
identifica-se fundamentalmente com os postulados político liberais, considerando-se como elementos
materiais caracterizadores e distintivos os seguintes:
(a) a constituição deve consagrar um sistema de garantias da liberdade (esta essencialmente concebida
no sentido do reconhecimento de direitos individuais e da participação dos cidadãos nos actos do
poder legislativo através dos parlamentos);
(b) a constituição contém o princípio da divisão de poderes, no sentido de garantia orgânica contra os
abusos dos poderes estaduais;
(c) a constituição deve ser escrita (documento escrito). (CANOTILHO. José Joaquim Gomes. Direito
Constitucional. 6ª Edição Revista. Livraria Almedina. Coimbra, 1993, páginas 62 e 63).
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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Não há conceito único que defina o que é a Constituição. Por isso, cada doutrinador toma por base
um sentido com o fim de definir o termo “Constituição”.
a) Concepção SocioLógica (Ferdinand Lassale): uma Constituição só seria legítima se representasse o efetivo
poder social, refletindo as forças sociais que constituem o poder, do contrário seria uma simples “folha de
papel”. Portanto, a Constituição, segundo Lassale, seria a somatória dos fatores reais do poder dentro de
uma sociedade.
b) Concepção PolíTica (Carl SchimiTt): A Constituição seria a decisão política fundamental, emanada do
titular do poder constituinte, enquanto a lei constitucional representaria os demais dispositivos que estão
inseridos no texto constitucional e que não contém matéria de decisão política fundamental. Faz a distinção
entre Constituição (decisão política fundamental) e lei constitucional (lei formalmente Constitucional).
c) Concepção Jurídica (Hans Kelsen): A Constituição é norma pura, dever-ser, dissociada de qualquer
fundamento sociológico, político ou filosófico. Kelsen dá dois sentidos à palavra Constituição:
• SENTIDO LÓGICO-JURÍDICO – a Constituição é a NORMA HIPOTÉTICA FUNDAMENTAL, responsável
por dar sustentação ao sistema posto, e é o fundamento de validade de todas as outras leis.
• SENTIDO JURÍDICO-POSITIVO - é a Constituição positiva, conjunto de normas que regulam a criação
de outras normas, da qual todas as outras normas infraconstitucionais extraem seu fundamento de
validade. Logo, a Constituição é a lei máxima do direito positivo e encontra-se no topo da pirâmide
normativa.
d) Concepção Culturalista (Meirelles Teixeira e José Afonso da Silva): A Constituição é produto de um FATO
CULTURAL, produzido pela sociedade e que sobre ela pode influir.
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d) Constituição Institucionalista: Constituição é a expressão das ideias fortes e duradouras, dos fins
políticos, com vistas a cumprir programas de ordem social.
e) Constituição Estruturalista: Constituição é o resultado das estruturas sociais, servindo para equilibrar
as relações políticas e o processo de transformação da sociedade. Assim, a constituição não seria apenas
certo número de preceitos cristalizados em artigos e parágrafos, e sim uma unidade estrutural, um
conjunto orgânico e sistemático de caráter normativo sob inspiração de um pensamento diretor.
OBS.: A quarta revisão constitucional da Carta portuguesa de 1976, realizada em 1997, consagrou o
sentido biomédico de constituição.
g) Constituição Compromissória: É a constituição que reflete a pluralidade das forças políticas e sociais.
Típica da sociedade plural e complexa em que vivemos, ela é fruto de conflitos profundos. O procedimento
constituinte de elaboração das constituições compromissórias é tumultuado pelas correntes convergentes
e divergentes de pensamento, mas que ao fim encontram o consenso (compromisso constitucional).
h) Constituição Suave: É aquela que não contém exageros. Ao exprimir o pluralismo social, político e
econômico da sociedade, não consagra preceitos impossíveis de realização prática. A constituição suave
não faz promessas baseadas na demagogia política.
i) Constituição em Branco: É a constituição que não consagra limitações explícitas ao poder de reforma
constitucional. O processo de sua mudança subordina-se à discricionariedade dos órgãos revisores, que,
por si próprios, ficam encarregados de estabelecer as regras para a propositura de emendas ou revisões
constitucionais.
j) Constituição Plástica (Raul Machado Horta): É aquela que apresenta uma mobilidade, projetando a sua
forçam normativa na realidade social, política, econômica e cultural do Estado. Qualifica-se de plástica
porquanto revela uma maleabilidade. Maleabilidade porque permite a adequação de suas normas às
situações concretas do cotidiano. Tanto as cartas rígidas como as flexíveis podem ser plásticas. O que
caracteriza a plasticidade é a adaptação das normas constitucionais às oscilações da opinião pública.
Normalmente, as constituições plásticas consagram preceitos de eficácia limitada, porque deixam a cargo
do legislador ordinário a complexa tarefa de preenchimento das normas constitucionais.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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As constituições plásticas pretendem fazer coincidir o “dever ser” de seus preceitos com a realidade
social. Nesse particular, interligam-se ao fenômeno da mutação constitucional.
Obs.: A Constituição brasileira de 1988 é rígida e plástica. Já a Carta da Inglaterra é flexível e também
plástica.
l) Constituição Oral: É aquela em que o chefe supremo de um povo proclama, de viva voz, o conjunto de
normas que deverão reger a vida em sociedade. Exemplifica-a a Carta da Islândia do século IX, quando os
vikings instituíram, solene e oralmente, o primeiro parlamento livre da Europa.
m) Constituição Instrumental: É aquela em que suas normas equivalem a leis processuais. Seu objetivo é
definir competências, para limitar a ação dos Poderes Públicos.
Obs.: Grande parte dos constitucionalistas contemporâneos não aceitam essa ideia de constituição.
n) Constituição como Estatuto do Poder: Constituição que equivale a um mecanismo para legitimar o
poder soberano, segundo certa ideia de direito, prevalecente no seio da sociedade. O texto constitucional,
enquanto estatuto do poder, seria o pressuposto lógico do próprio Estado de Direito, servindo para balizar
a conduta de governantes, verdadeiros prepostos da sociedade política, e a conduta dos governados, os
quais devem se submeter ao poder de direito, juridicizado e racionalizado por meio de normas
constitucionais.
a) Constituição Dirigente (J. J. Gomes Canotilho): Constituição que pretende dirigir a ação governamental
do Estado. Propõe que se adote um programa de conformação da sociedade, no sentido de estabelecer
uma direção política permanente. Significa que o texto constitucional seria uma lei material, para
preordenar programas a serem realizados, objetivos e princípios de transformação econômica e social. A
ideia de constituição dirigente diverge daquela visão tradicional de constituição, que a concebe como lei
processual ou instrumento de governo, definidora de competências e reguladora de processos.
No sentido dirigente, a constituição é o “estatuto jurídico do político”, o plano global normativo de todo
o Estado e de toda a sociedade, que estabelece programas, definindo fins de ação futura.
OBS.: A constituição brasileira de 1988 e a portuguesa de 1976 são exemplos de constituições dirigentes.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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b) Constituição como instrumento de realização da atividade estatal: O texto maior é uma ordenação
global do Estado e da sociedade, ao mesmo tempo que é um projeto de determinação de sua identidade.
As constituições são ordens fundamentais que contêm, no âmbito da historicidade que as subjaz,
programas de ação que as identificam com ordenamentos político-sociais tendentes a um processo de
realização concreto. Esse pensamento nutre forte semelhança com a tese da constituição dirigente, pois
propõe o estabelecimento de metas para dirigir a atividade estatal.
d) Constituição como documento regulador do sistema político (Niklas Luhmann): A carta magna é um
instrumento funcional que serve para reduzir a complexidade do sistema político. Nesse contexto, propicia
a reflexão da funcionalidade do Direito, abandonando o exame isolado da relação de hierarquia das
normas constitucionais. Conforme Luhmann, urge banir a mera visão negativa da análise dos problemas
constitucionais. Não basta perquirir o vínculo de conformidade ou desconformidade das leis e atos
normativos com a constituição. É imperioso que se busque a lógica do sistema político. As constituições
não servem, somente, para emitir juízos de constitucionalidade ou de inconstitucionalidade. Constituem
algo maior, visto que estão inseridas no campo da contingência de autofixação do sistema político.
e) Constituição como processo público (Peter Haberle): Compreende o texto constitucional como
documento de uma sociedade pluralista e aberta, como obra de vários partícipes, como uma ordem
jurídica fundamental do Estado e da sociedade. Para essa corrente, as constituições não são atos
voluntarísticos do poder constituinte, porque dizem respeito à evolução social da comunidade. Assim, o
texto constitucional é o reflexo de um processo interpretativo aberto e conduzido à luz da força normativa
da publicidade.
f) Constituição como meio de resolução de conflitos: É uma constituição processual. Essa constituição
não é um meio de resolver problemas, e sim um simples instrumento pelo qual podemos eliminar conflitos.
Isso porque as constituições consagram processos de decisão que não podem ser impostos, pois servem
de parâmetro de resolução de casos concretos perante circunstâncias particulares, a fim de possibilitar
soluções ótimas.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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h) Constituição.com (crowdsourcing): É aquela cujo projeto conta com a opinião maciça dos usuários da
internet, que, por meio de sites de relacionamento, externam seus pensamentos a respeito dos temas a
serem constitucionalizados.
Obs.: Foi a Islândia que, pioneiramente, fez, no ano de 2011, uma “constituição.com”.
b) Quanto à forma:
• Escritas ou instrumental: É a Constituição sistematizada por procedimento formal;
• Não escritas ou consuetudinária: Resultante das práticas costumeiras.
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c) Quanto à mutabilidade:
• Rígidas: O processo de alteração da Constituição mais difícil e solene do que o processo de formação
das leis;
• Flexíveis ou Plásticas: A Constituição é alterada pelo mesmo processo utilizado para as leis ou até
mais simples;
Atenção: NÃO necessariamente as Constituições costumeiras serão plásticas;
• Semirrígida: É a Constituição que exige que apenas uma parte do seu texto seja alterado por processo
legislativo diferenciado e mais dificultoso. Quanto ao restante do texto, é possível a alteração pelo
procedimento ordinário;
• Super-rígidas (Maria Helena Diniz): O processo de alteração da Constituição é mais dificultoso e
solene do que o processo de formação das leis, possuindo pontos imutáveis;
• Imutáveis: A Constituição não admite alteração do seu texto;
• Fixa: Somente o Poder Constituinte Originário pode alterar o texto constitucional.
d) Quanto ao conteúdo:
• Formais: Constituição é tudo aquilo que está inserido no texto elaborado pelo Poder Constituinte,
por meio de um processo legislativo mais dificultoso, diferenciado e mais solene do que o processo
de formação das demais leis que compõem o ordenamento jurídico. Dessa forma, como não importa
o conteúdo da norma, será constitucional tudo que constar do texto da Constituição, mesmo que
não se trate de assunto relevante para o Estado e a sociedade;
• Materiais: leva em consideração o conteúdo da norma para defini-la como constitucional, que será
toda aquela que defina e trate das regras estruturais da sociedade e de seus alicerces fundamentais.
Assim, podem existir normas constitucionais em textos esparsos, fora da Constituição.
Toda constituição escrita é formal? NÃO, porque a constituição formal vai muito além de ser escrita,
exigindo supralegalidade/supremacia e procedimentos especiais para modificação. Logo, é possível uma
constituição escrita (textos constitucionais) que não seja formal (não goza de processo legislativo especial
para sua alteração).
f) Quanto à ideologia:
• Ortodoxas: Elaboradas em uma única linha ideológica;
• Ecléticas: Elaboradas com várias linhas ideológicas, a exemplo da CF/88.
g) Quanto à eficácia (Karl Lowenstein) – Classificação ontológica, pois analisa o MODO DE SER das
Constituições, conforme adequação à realidade social e política:
• Normativas (máxima eficácia, regulando todos os aspectos da vida social): São aquelas em que o
poder estatal está de tal forma disciplinado que as relações políticas e os agentes do poder
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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CLASSIFICAÇÃO DA CF
Origem Promulgada (Popular)
Forma Escrita
Extensão Analítica (Prolixa)
Conteúdo Formal
Modo de elaboração Dogmática (Codificada)
Alterabilidade Rígida
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Resposta: Letra C
j) Outras terminologias:
Constituição moldura -> para Marcelo Novelino tal concepção é “utilizada metaforicamente para
designar a constituição que serve apenas como limite à atuação legislativa. A lei fundamental atua como
uma espécie de moldura dentro da qual o legislador pode atuar, preenchendo-a conforme a oportunidade
política. À jurisdição constitucional caberia apenas controlar ‘se’ (não ‘como’) o legislador atuou dentro da
moldura estabelecida”.
As Constituições fixas foram exemplos de constituições em branco. Constituições fixas são aquelas
que não estabelecem, expressamente, o procedimento para sua reforma. Logo, somente podem ser
alteradas por um poder de competência igual àquele que as criou, isto é, poder constituinte originário. Ex.:
Estatuto do Reino da Sardenha de 1848.
3. ELEMENTOS DA CONSTITUIÇÃO
Conforme classificação elaborada por José Afonso da Silva, as normas constitucionais podem ser
diferenciadas em elementos, considerando-se estrutura normativa e conteúdo:
• Elementos orgânicos: regulamentam a estrutura do Estado e do Poder;
• Elementos limitativos: limitam a atuação do poder estatal, a exemplo dos direitos e garantias
fundamentais;
• Elementos sócio- ideológicos: Identificam a ideologia adotada pelo constituinte;
• Elementos de estabilização constitucional: asseguram a vigência das normas constitucionais em
situação de conflito, garantem a defesa da Constituição, do Estado e das instituições democráticas;
• Elementos formais de aplicabilidade: Estabelecem regras de aplicação da Constituição. Ex:
Preâmbulo, ADCT.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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4.1. Constitucionalismo
FASES:
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a) CONSTITUCIONALISMO ANTIGO: É o da Antiguidade Clássica, com a ideia de garantir direitos para limitar
o poder, evitar o arbítrio.
c) CONSTITUCIONALISMO MODERNO (SOCIAL): após fim da 1ª Guerra Mundial até o início da segunda.
• Exigem atuação positiva do Estado (Estado Social, intervencionista, prestador de serviço público).
• Crise do liberalismo diante das demandas sociais que abalaram o século XIX. O abstencionismo
estatal não garantia a igualdade essencial para a existência de igualdade de competições.
• Consagração dos direitos fundamentais de 2ª dimensão: gravitam em torno do valor IGUALDADE,
mas não meramente formal e sim a IGUALDADE MATERIAL (direitos sociais, econômicos e culturais).
Possuem um caráter positivo: exigem uma prestação do Estado. Surgem garantias institucionais.
• Adoção do Estado Social: o Estado transforma-se em prestador de serviços, intervindo no âmbito
social, econômico e laboral.
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4.2 Neoconstitucionalismo
A doutrina passa a desenvolver, a partir do pós-2ª Guerra Mundial, uma nova perspectiva em relação
ao constitucionalismo, denominada neoconstitucionalismo, ou, segundo alguns, constitucionalismo pós-
moderno, ou, ainda, pós-positivismo. Busca-se, dentro dessa nova realidade, não mais apenas atrelar o
constitucionalismo à ideia de limitação do poder político, mas, buscar a eficácia da Constituição.
CARACTERÍSTICAS DO NEOCONSTITUCIONALISMO:
• PÓS-POSITIVISMO: O positivismo tinha permitido barbáries com base na lei. Veio, então, o pós-
positivismo (o direito deve ter um conteúdo moral, vai além da legalidade estrita. Não basta apenas
respeitar a lei, tem que observar os princípios da moralidade e da finalidade pública).
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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• REMATERIALIZAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES: Surgem Constituições prolixas, com extenso rol de direitos
fundamentais.
• MAIOR ABERTURA NA INTERPRETAÇÃO: Os princípios deixam de ser meras diretrizes e passam a ser
espécies de norma;
Já caiu em prova e foi considerada INCORRETA a seguinte alternativa: A vertente teórica apelidada de
neoconstitucionalismo atribui aos princípios uma função eminentemente subsidiária na aplicação do
direito.
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a Constituição deveria se restringir à previsão de normas limitadoras do poder político. Tais normas
correspondem aos chamados “direitos fundamentais de primeira geração ou dimensão”, tais como os
direitos civis e políticos, que tinham como fundamento impor ao Estado um dever negativo, de abstenção e
não intervenção na esfera particular.
O mencionado viés liberal guarda estreita relação com a filosofia juspositivista, que encontrou seu
auge nos pensamentos de Hans Kelsen e a sua obra “Teoria Pura do Direito”. Para ele, a ciência do Direito
deve ser pura, isto é, abdicar de reflexões metajurídicas, tais como as relativas à ética, à moral e à justiça,
de modo que o objeto de estudo deve se limitar às normas estatais. A análise da validade de uma norma não
passaria, portanto, pela aferição de sua justiça ou aderência social, mas pela constatação da legitimidade de
seu processo criador e da sua conformidade com as normas hierarquicamente superiores. Isto porque o
ordenamento seguiria um escalonamento na forma de uma pirâmide, no topo da qual estariam as normas
constitucionais e, acima delas, uma norma fundamental hipotética, pressuposta. Seria um sistema fechado
de normas, portanto, e com pretensão à completude. Nesta configuração reducionista do fenômeno jurídico,
o juiz deveria se limitar a realizar um procedimento de formal de subsunção do fato à norma, colocando-se
em posição de neutralidade axiológica. Ou seja, exerceria o papel de “boca da lei”, conforme expressão de
Montesquieu.
A História cuidou de mostrar as falhas conceituais do juspositivismo. Fenômenos como o nazismo e
o apartheid, desenrolados sob o manto da estrita legalidade, evidenciaram que a pretensa neutralidade do
discurso jurídico e seu divórcio de reflexões éticas criaram ambiente fértil para a barbárie, a injustiça e a
intolerância.
O fracasso do juspositivismo, tal como concebido originalmente, suscitou reflexões sobre a
necessidade de trazer as discussões sobre ética, moral e justiça para o interior da ciência jurídica. A este
ideário difuso se convencionou chamar de pós-positivismo. Os seus reflexos no campo constitucional
formam o assim denominado neoconstitucionalismo. Para esta concepção, a Constituição, longe de apenas
limitar o poder político, deve ter como foco a concretização de direitos fundamentais (efeito expansivo dos
direitos fundamentais). Não basta prevê-los, como meras aspirações. Deve-se ultrapassar a retórica, pois a
Constituição tem força normativa e deve ser implementada.
Portanto, para esta concepção, as normas se dividem entre regras e princípios, pois estes não são
meras aspirações sem caráter vinculativo.
Foi objeto de cobrança da 2ª Fase de Delegado do Rio Grande do Sul
(2018)
• Regras - são as normas com conteúdo menos abstrato, que já estabelecem, de antemão, soluções
pré-definidas para cada situação. Sua aplicação se dá, portanto, pelo juízo de “tudo ou nada”
(expressão de Ronald Dworkin): em um caso concreto, ou serão satisfeitas ou não serão. Por isso,
Robert Alexy as reputa “mandados de definição”. Sua aplicação se dá por subsunção.
• Princípios - são os vetores axiológicos que fundamentam o ordenamento jurídico, tendo, por isso,
caráter nomogenético. Têm certa abstração e alta carga axiológica, não precisando estar
positivados para terem força normativa, vinculativa. É por meio deles que a ética e a moral ingressam
no ordenamento. Alexy os reputa “mandados de otimização”, porque, em caso de conflito entre
eles, cada um deverá ser satisfeito no maior grau possível, pela técnica da
ponderação/sopesamento, fundada na proporcionalidade.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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Superando a antiga visão do discurso jurídico como uma racionalidade neutra, objetiva, imparcial,
asséptica, visão esta que apenas se prestação à conformação ao “status quo” e à manutenção das
desigualdades, cabe ao juiz promover uma interpretação prospectiva da norma, que olhe para o futuro, e
dela extrair seu potencial transformador. Uma interpretação, portanto, que concretize os valores
consagrados pelo texto constitucional, para que não sejam “promessas constitucionais inconsequentes” (feliz
expressão do Ministro do STF Celso de Mello), normas meramente programáticas, retóricas.
Faz-se necessário, portanto, desenvolver uma compreensão crítica do direito e da realidade,
desconstruindo a pretensa neutralidade do discurso jurídico, para reconstruí-lo como ferramenta de
emancipação.
Dessa forma, o Judiciário atenderá à sua missão constitucional de concretização de seus vetores
axiológicos e exercerá papel ativo na construção de uma sociedade tal qual prometida pelo Texto Maior:
fraterna, justa, igualitária. Enfim, uma sociedade que realize a finalidade por excelência de um Estado de
Direito: a dignidade da pessoa humana.
Nesse contexto, em que o Poder Judiciário passa a ser coparticipante do processo constitucional,
questiona-se acerca da legitimidade do chamado “ativismo judicial” na consecução de políticas públicas,
já que os membros do Poder Judiciário não são eleitos pela vontade da maioria.
Para ser legítimo, o ativismo judicial deve ser excepcional (observar a separação de poderes) e
condicionado (observar o dever de argumentação). A partir dos requisitos para legitimidade do ativismo
judicial, é possível que o advogado público erija tese em sentido contrário, defendendo que a atuação
judicial, na espécie, é ilegítima, por:
Consignadas tais limitações, vê-se, portanto, que o ativismo judicial não pode descambar para
o arbítrio judicial, que, a pretexto de imprimir juridicidade às normas constitucionais, especialmente os
princípios, finda por relegar a um segundo plano a segurança jurídica e a democracia.
Segundo Daniel Sarmento, “no Brasil, uma crítica que tem sido feita à recepção do
neoconstitucionalismo – eu mesmo a fiz em vários textos, bem como outros autores, como Humberto Ávila
e Marcelo Neves – é a de que ele tem dado ensejo ao excessivo arbítrio judicial, através do que chamo
de “carnavalização dos princípios constitucionais” (guarde essas expressões).
Segundo o Doutrinador José Afonso da Silva, as normas Constitucionais podem possuir eficácia plena,
contida ou limitada:
• Normas Constitucionais de eficácia Plena: são as que não necessitam de complementação para que
possam produzir efeitos, tais normas possuem aplicabilidade imediata e integral;
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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• Normas Constitucionais de eficácia contida (ou prospectiva): são as que também possuem
aplicabilidade imediata e integral, por não necessitarem de complementação, no entanto podem ter
sua abrangência reduzida por norma infraconstitucional. São autoaplicáveis, mas se inserem na
discricionariedade do legislador;
Exemplos: os artigos: 5º, incisos XIII (sobre a regulamentação de profissões) e VIII (escusa de
consciência),
Art. 5º, XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas
as qualificações profissionais que a lei estabelecer;
Art. 5º, VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de
convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal
a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
• Normas Constitucionais de eficácia Limitada: são as que necessitam de integração por norma
infraconstitucional para que possam produzir efeitos jurídicos.
São normas que têm aplicabilidade apenas indireta ou mediata, pois dependem de complementação
infraconstitucional para possuírem aplicabilidade direta.
No entanto, mesmo sem sua regulamentação, tais normas produzem, mesmo que de forma mínima,
efeitos jurídicos, como o de vincular o legislador.
José Afonso da Silva entende que há dois tipos de normas limitadas:
∘ Normas de princípio institutivo ou organizativo: contém o início ou esquema de
determinado órgão, entidade ou instituição, deixando a efetiva criação e estruturação a
cargo de lei ordinária ou complementar. Exemplos: art. 18, §2º da CF e art. 25, §3º da CF.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas
sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos
e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção
e recuperação.
CESPE/2021 - Considere que o inciso IX do artigo 21 da Constituição Federal de 1988 prevê que compete à
União elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento
econômico e social. A respeito dessa norma, é correto afirmar que ela se classifica como norma constitucional
de eficácia contida. Item incorreto. Trata-se de norma constitucional de eficácia limitada de princípio
programático.
ATENÇÃO - CLASSIFICAÇÃO DE MARIA HELENA DINIZ: a Autora incluiu mais uma espécie na classificação
acima apontada, afirmando a existência de normas constitucionais de eficácia absoluta ou supereficazes,
que são as cláusulas pétreas, ou seja, aquelas normas que não podem ser retiradas nem mesmo por emenda
constitucional.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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Canotilho: Leciona que a questão do “método justo” em direito constitucional é um dos problemas
mais controvertidos. Por isso, para ele, NÃO há apenas um método de interpretação constitucional,
podendo-se afirmar que, atualmente, a interpretação das normas constitucionais obtém-se a partir de um
conjunto de métodos distintos, porém complementares.
Parte da consideração de que a Constituição é uma lei, de modo que a interpretação da Constituição
não deixa de ser uma interpretação da lei. => TESE DA IDENTIDADE DA INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL E
INTERPRETAÇÃO LEGAL.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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Com isso, para a interpretação da Constituição, deve o intérprete utilizar os elementos tradicionais
ou clássicos da hermenêutica, que remontam à Escola Histórica do Direito de Savigny:
• Elemento gramatical: também chamado de literal ou semântico, a análise se realiza de modo textual
e literal;
• Elemento histórico: analise o projeto de lei, a sua justificativa, exposição de motivos, pareceres,
discussões, as condições culturais e psicológicas que resultaram na elaboração da norma;
• Elemento sistemático ou lógico: busca a análise do todo;
• Elemento teleológico ou racional: busca a finalidade da norma;
• Elementos genético: busca investigar as origens dos conceitos utilizados pelo legislador.
A doutrina, de modo geral, NÃO repele a interpretação de tal método jurídico. No entanto, por outro
lado, a CF traz situações mais complexas cuja interpretação não se realiza com o emprego do método
tradicional. O método jurídico, portanto, é insuficiente e não satisfaz, por si só, a interpretação
constitucional.
Theodor Viehweg – “Tópica e Jurisprudência” => Para o autor, a tópica seria uma técnica de pensar
o problema, ou seja, uma técnica mental que se orienta para a solução do problema. O método segue as
seguintes premissas:
• Caráter Prático da interpretação: Toda a interpretação se destina a solucionar problemas práticos e
concretos;
• Caráter Aberto, Fragmentário ou indeterminado das normas constitucionais, em razão de sua
estrutura normativo-material;
• Preferência pela discussão do problema em razão da abertura das normas constitucionais que não
permitem qualquer subsunção a partir delas próprias.
DICA: Para não esquecer o nome do criador do método na hora da prova, relacionar
as iniciais: Theodor – Tópico.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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Parte da ideia de que a leitura de todo o texto e da Constituição deve se iniciar pela pré-compreensão
do seu sentido através de uma atividade criativa do intérprete.
Admite o primado da norma constitucional sobre o problema.
O método considera a interpretação constitucional como uma atividade de concretização da
Constituição, circunstância que permite ao intérprete determinar o próprio conteúdo material da norma.
Afasta-se do método tópico-problemático porque a interpretação, para ele, está limitada e se inicia
pelo texto, superando o problema da abertura e indeterminação dos enunciados normativos através da pré-
compreensão do intérprete.
Parte da ideia de que a leitura do texto, em geral, e da Constituição, deve se iniciar pela pré-
compreensão do seu sentido através de uma atividade criativa do intérprete. Ao contrário do método tópico-
problemático, que pressupõe o primado do problema sobre a norma, o método concretista admite o primado
da norma constitucional sobre o problema. Essa pré-compreensão faz com que o intérprete, na primeira
leitura do texto, extraia dele um determinado conteúdo, que deve ser comparado com a realidade existente.
Desse confronto, resulta a reformulação, pelo intérprete, de sua própria pré-compreensão, no intuito
de harmonizar os conceitos por ele preconcebidos àquilo que deflui do texto constitucional, com base na
observação da realidade social. Essa reformulação e consequente releitura do texto, cotejando cada novo
conteúdo obtido com a realidade, deve repetir-se sucessivamente, até que se chegue à solução mais
harmoniosa para o problema. Impõe-se, assim, um "movimento de ir e vir", do subjetivo para o objetivo - e,
deste, de volta para aquele -, denominado "círculo hermenêutico” (Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino).
DICA: É possível, igualmente, relacionar as iniciais para não esquecer: Hesse – Hermenêutico.
FGV/2019 (Adaptada) – João, professor de Direito Constitucional, explicou aos seus alunos que a norma
constitucional não apresenta uma relação de sobreposição com o texto da Constituição formal. Em verdade,
resulta de um processo intelectivo conduzido pelo intérprete, que, sensível às peculiaridades do caso
concreto e aos balizamentos do texto, promove a interação deste último com a realidade. Considerando os
métodos de interpretação constitucional, a explicação de João pode ser concebida como expressão do
método concretizador. Item correto.
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texto, pois só o recurso à ordem de valores obriga a uma captação espiritual desse conteúdo axiológico
último da Constituição.
Parte da premissa de que existe uma relação necessária entre o texto e a realidade. Foi idealizado
por Friederich Müller, que afirma que o texto é apenas a ponta do iceberg, não compreendendo a norma
apenas o texto, mas também um pedaço da realidade social. É um método também concretista,
diferenciando-se dele, porém, na medida em que a norma a ser concretizada não está inteiramente no texto,
sendo o resultado entre este e a realidade.
As normas podem revelar-se sob a forma de princípios, regras ou postulados normativos. Normas e
princípios NÃO guardam hierarquia entre si, especialmente diante do princípio da unidade da Constituição.
Segundo Canotilho, os princípios são fundamento das regras, ou seja, são normas que estão na base ou
constituem a ratio de regras jurídicas, desempenhando, por isso, uma função normogenética
fundamentante.
REGRAS PRINCÍPIOS
Grau de abstração reduzido Grau de abstração elevado
Suscetíveis de aplicação direta Carecem de mediações concretizadoras
Podem ser normas vinculativas com conteúdo São standards juridicamente vinculantes radicados
meramente funcional nas exigências de justiça ou na ideia de direito
Relatos descritivos de condutas a partir dos quais, A previsão dos relatos dá-se de maneira mais
mediante subsunção, chega-se à conclusão. abstrata, sem se determinar a conduta correta, já
que cada caso concreto deverá ser analisado para
que o intérprete dê o exato peso entre os princípios
em choque
São mandamentos ou mandados de definição: são São mandados de otimização (Alexy): devem ser
sempre ou satisfeitas ou não satisfeitas (tudo ou realizados na maior medida do possível. Podem ser
nada) satisfeitos em graus variados, a depender das
possibilidades jurídicas.
Uma das regras em conflito OU será afastada pelo A colisão resolve-se pela ponderação ou
princípio da especialidade, OU será declarada balanceamento de princípios.
inválida.
257
PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
princípios, mas não têm a mesma função dos princípios. São normas de segundo grau utilizadas para se
interpretar os princípios e regras constitucionais (normas de primeiro grau).
a) UNIDADE DA CONSTITUIÇÃO: A Constituição é una e indivisível. Por isso, deve ser interpretada como um
todo, de modo a evitar conflitos, contradições e antagonismos entre suas normas. Em decorrência, não há
hierarquia entre normas constitucionais e não há normas constitucionais originárias inconstitucionais.
É usado no conflito ABSTRATO de normas constitucionais.
c) EFEITO INTEGRADOR: O intérprete deve preferir a interpretação que gera mais paz social, reforço da
unidade política, integração da sociedade.
d) MÁXIMA EFETIVIDADE: Deve preferir a interpretação que dê mais eficácia e aplicabilidade aos direitos
fundamentais.
e) FORÇA NORMATIVA: Na aplicação da Constituição, deve ser dada preferência às soluções concretizadoras
de suas normas que as torne mais eficazes e permanentes. A principal função desse princípio tem sido para
afastar interpretações divergentes. Segundo o STF, quando se tem interpretações divergentes sobre a
Constituição, estas enfraquecem a sua força normativa.
OBS: o da Força Normativa serve para todas as normas constitucionais; já o da Máxima Efetividade, serve
especificamente para os direitos fundamentais.
f) JUSTEZA OU CONFORMIDADE FUNCIONAL: Tem por finalidade impedir que os órgãos encarregados da
interpretação constitucional cheguem a um resultado que subverta ou perturbe o esquema organizatório-
funcional estabelecido pela Constituição. É um princípio de competência constitucional.
258
PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
contrário, busca-se preservar a constitucionalidade da norma de modo a evitar que ela seja expurgada do
Ordenamento Jurídico.
Nas palavras do professor Marcelo Novelino: “na interpretação conforme, exclui-se uma
interpretação do dispositivo que seja possível, mas que, se empregada, violaria a Constituição. Seria, no
caso, um tipo de situação constitucional imperfeita (ADI 2415)”.
Resposta: Letra C
Fundamentação:
Como visto, a interpretação conforme a Constituição é aplicável diante de normas que possuam mais de um
significado, como no caso do termo “família”. Nesse contexto, o STF adotou a interpretação que mais se
aproximava da Constituição, ou seja, aquela que reconhece a união homoafetiva como família.
259
PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
O movimento doutrinário chamado de moderna hermenêutica constitucional diz que toda a tarefa
de interpretação da CF deve estar voltada para um único objetivo: concretizar os direitos fundamentais.
Dentre essas modernas técnicas, estão previstas:
c) Interpretação conforme a Constituição: O Órgão jurisdicional declara qual das possíveis interpretações se
mostra compatível com a Lei Maior. É princípio que se situa no âmbito do controle de constitucionalidade, e
não simples regra de interpretação.
7. PODER CONSTITUINTE
Segundo Canotilho, o Poder Constituinte se revela como uma questão de “poder”, “força” ou
“autoridade” política que, em uma situação concreta, pode criar, garantir ou eliminar uma Constituição
entendida como lei fundamental da comunidade política. A doutrina aponta a existência de três poderes
constituintes: originário, derivado e difuso.
260
PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
Obs.: “O Poder Constituinte Material precede o Formal em dois aspectos: (I) logicamente, porque 'a ideia de
direito precede a regra de direito; o valor comanda a norma; a opção política fundamental, a forma que elege
para agir sobre os fatos; a legitimidade, a legalidade'; e (II) historicamente, pois o triunfo de certa ideia de
direito ou nascimento de certo regime ocorre antes de sua formalização” (NOVELINO, 2017, p. 72).
261
PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
a) Positivistas (Carl Schmitt): o Poder Constituinte é anterior e se encontra acima de toda e qualquer
norma jurídica, devendo ser considerado um poder político (extrajurídico ou de fato) resultante da força
social responsável por sua criação. Em razão de sua natureza essencialmente revolucionária, o Poder
constituinte estaria liberado de valores referentes à sua legitimidade. Por ter o seu sentido na existência
política, o sujeito do Poder Constituinte poderia fixar livremente o modo e a forma da existência estatal
a ser consagrada na constituição, sem ter que se justificar em uma norma ética ou jurídica.
Características essenciais sob a óptica positivista: I- inicial, por não existir nenhum outro antes ou acima
dele; II- autônomo, por caber apenas ao seu titular a escolha do conteúdo a ser consagrado na
constituição; e III- incondicionado, por não estar submetido a nenhuma regra de forma ou de conteúdo.
(Adaptada) - De acordo com a concepção positivista, o poder constituinte originário tem natureza política,
pois se encontra acima de toda e qualquer norma jurídica e é resultante da força social responsável por sua
criação. Item correto
“A visão positivista de que o Poder Constituinte Originário tem plena liberdade para
definir o conteúdo a ser consagrado no texto constitucional é refutada com base
no argumento de que, fora do direito positivo interno, existem limitações materiais
a serem observadas” (NOVELINO, 2017, p. 74).
I- Limites Transcendentes: são aqueles que, advindos de imperativos do direito natural, de valores éticos ou
de uma consciência jurídica coletiva, impõem-se à vontade do Estado, demarcando sua esfera de
intervenção. Nesse sentido, parte da doutrina sustenta o dever de manutenção, imposto ao Poder
Constituinte Originário pelo princípio da proibição de retrocesso, dos direitos fundamentais objeto de
consensos sociais profundos ou diretamente ligados à dignidade da pessoa humana.
262
PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
II- Limites Imanentes: estão relacionados à configuração do Estado à luz do Poder Constituinte material ou
à própria identidade do Estado de que cada constituição representa apenas um momento da marcha
histórica. Referem-se a aspectos como a soberania ou a forma de Estado.
III- Limites Heterônomos: são provenientes da conjugação com outros ordenamentos jurídicos como, por
exemplo, as obrigações impostas ao Estado por normas de direito internacional. A globalização e a crescente
preocupação com os direitos humanos são fenômenos que têm contribuído para relativizar a soberania do
Poder Constituinte. Sob essa perspectiva, seria vedado às futuras constituições brasileiras consagrar a pena
de morte para além dos casos de guerra externa, antes o disposto na Convenção Americana sobre Direitos
Humanos, que veda o restabelecimento da pena de morte nos Estados que a hajam abolido.
Segundo Marcelo Novelino (2017, p. 73), para a doutrina majoritária, a titularidade do poder
constituinte reside sempre na soberania do povo. Essa posição deve ser defendida nas provas.
Obs.: Em sua obra clássica O que é o Terceiro Estado?, Joseph Sieyès sustentava que o Terceiro Estado seria
a nação, titular do poder constituinte.
7.4 Legitimidade
Segundo Marcelo Novelino (2017, p. 75), a análise da legitimidade do Poder Constituinte Originário
pode ser feita sob dois prismas distintos:
I- Subjetivo: a legitimidade está relacionada à titularidade e ao exercício do poder. Para ser considerado
legítimo, o Poder Constituinte deve ser exercido por representantes do povo eleitos especificamente para
esse fim e nos limites da delegação.
II- Objetivo: o Poder Constituinte deve consagrar na constituição um conteúdo valorativo em conformidade
com determinadas limitações materiais e/ou correspondente aos anseios de seu titular. Nesse contexto,
Canotilho afirma que o critério da legitimidade do Poder Constituinte não é a mera posse do poder, mas a
conformidade do ato constituinte com a ideia de justiça e com os valores radicados na comunidade em um
determinado momento histórico. A consagração de uma justa ordenação dos interesses e forças sociais das
quais a Constituição se originou é fator indispensável para sua legitimidade.
263
PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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7.5.1 Reformador
Tem o poder ou competência para modificar a Constituição por meio de um procedimento específico,
estabelecido pelo Poder Constituinte Originário. Ao contrário deste, que é um poder político, o Poder
Constituinte Derivado Reformador tem natureza jurídica, pois deve obedecer às limitações impostas pelo
Originário.
Em princípio, o Poder Constituinte de Reforma NÃO pode criar cláusulas pétreas: somente o Poder
Constituinte Originário pode fazê-las. No entanto, pode ampliar o catálogo dos direitos fundamentais criados
pelo Poder Constituinte Originário.
Já caiu em prova e foi considerada INCORRETA a seguinte assertiva: A Constituição não poderá ser emendada
apenas na vigência de intervenção federal e de estado de defesa.
264
PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
• Implícitos: limitações que decorrem do núcleo de identidade da CF. Tudo aquilo que formar o núcleo
de identidade da CF é limitação implícita ao poder de reforma, é intangível
d) Formais:
• Subjetivos: Iniciativa para a propositura de uma proposta de emenda constitucional (art. 60, I, II e III
da CF)
• Objetivos:
Art. 60, §2º - procedimento de deliberação e quórum de votação
Art. 60, §3º - promulgação pelas Mesas
Art. 60, §5º - irrepetibilidade absoluta do projeto de emenda rejeitado da C
§ 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em
dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos
votos dos respectivos membros.
§ 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem.
§ 5º A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por
prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.
Já caiu em prova e foi considerada INCORRETA a seguinte alternativa: A matéria constante de proposta de
emenda rejeitada ou havida por prejudicada poderá ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
Assim como o reformador, também é jurídico e limitado pelo originário. Possui o objetivo de
estruturar a constituição dos Estados-membros, em decorrência da capacidade de auto-organização
estabelecida pelo originário. Tal capacidade consta artigo 25 da CF/88, o qual dita que “os Estados organizam-
se e regem-se pelas Constituições e Leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição”.
A doutrina aponta que os princípios que devem ser seguidos pelos Estados-membros são:
a) Princípios sensíveis: Essência da organização constitucional da Federação brasileira - art. 34, VII, da CF - se
violados ensejam intervenção federal;
Foi objeto da prova oral do concurso de Delegado de Polícia de Minas
Gerais em 2018.
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais: PRINCÍPIOS
CONSTITUCIONAIS SENSÍVEIS
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
b) direitos da pessoa humana;
c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
b) Princípios constitucionais estabelecidos: regras previstas para outros entes que, por consequência, veda
a atuação do Estado naquela matéria e;
c) Princípios constitucionais extensíveis: Normas organizatórias da União aplicadas aos estados pelo
princípio da simetria, e podem ser expressos ou implícitos. Ex: Sistema eleitoral, imunidades e impedimentos
dos Deputados.
Também é condicionado e limitado às regras do originário. Tal manifestação ocorreu cinco anos após
a promulgação da atual Constituição, por determinação do artigo 3º do ADCT.
Art. 3º. A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da
promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do
Congresso Nacional, em sessão unicameral.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
Resposta: Letra B
Fundamentação: A mutação constitucional é um processo informal de modificação da Constituição, que
ocorre por meio da interpretação das normas. É importante notar que a interpretação conforme a
Constituição não poderia ser aplicada ao caso, pois o seu âmbito de aplicabilidade fica restrito às normas
infraconstitucionais. Portanto, ao adotar um novo sentido para o termo “casa”, o STF promoveu uma
mutação constitucional.
Segundo Marcelo Novelino (2017, p. 92), a ruptura das tradicionais premissas de organização dos
Estados deu origem à ideia de existência de um Poder Constituinte pautado na cidadania universal, no
pluralismo de ordenamentos jurídicos e em uma visão remodelada de soberania. Trata-se de um poder
destinado a elaborar uma constituição supranacional, apta a vincular os Estados ajustados sob o seu
comando e fundamentada na vontade do povo-cidadão universal, seu verdadeiro titular. Este poder é
considerado constituinte por ter a força de criar uma ordem jurídica de cunho constitucional, na medida em
que reorganiza a estrutura de cada um dos Estados que adere ao direito comunitário e submete as
constituições nacionais ao seu poder supremo.
268
PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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União se harmoniza com a competência federal privativa para legislar sobre direito penal; ao contrário,
conferir à União – e somente a ela – o poder de anistiar infrações administrativas de servidores locais
constituiria exceção radical e inexplicável ao dogma fundamental do princípio federativo – qual seja, a
autonomia administrativa de Estados e Municípios – que não é de presumir, mas, ao contrário,
reclamaria norma inequívoca da Constituição da República (precedente: Rp 696, 6-10-1966, rel. p/ o ac.
min. Aliomar Baleeiro). Compreende-se na esfera de autonomia dos Estados a anistia (ou o
cancelamento) de infrações disciplinares de seus respectivos servidores, podendo concedê-la a
assembleia constituinte local, mormente quando circunscrita – a exemplo da concedida pela
Constituição da República – às punições impostas no regime decaído por motivos políticos.
[ADI 104, rel. min. Sepúlveda Pertence, j. 4-6-2007, P, DJ de 24-8-2007.]
O poder constituinte outorgado aos Estados-membros sofre as limitações jurídicas impostas pela
Constituição da República. Os Estados-membros organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que
adotarem (CF, art. 25), submetendo-se, no entanto, quanto ao exercício dessa prerrogativa institucional
(essencialmente limitada em sua extensão), aos condicionamentos normativos impostos pela CF, pois é
nessa que reside o núcleo de emanação (e de restrição) que informa e dá substância ao poder
constituinte decorrente que a Lei Fundamental da República confere a essas unidades regionais da
Federação.
[ADI 507, rel. min. Celso de Mello, j. 14-2-1996, P, DJ de 8-8-2003.]
= ADI 2.113, rel. min. Cármen Lúcia, j. 4-3-2009, P, DJE de 21-8-2009
O poder constituinte dos Estados-membros está limitado pelos princípios da Constituição da República,
que lhes assegura autonomia com condicionantes, entre as quais se tem o respeito à organização
autônoma dos Municípios, também assegurada constitucionalmente. O art. 30, I, da Constituição da
República outorga aos Municípios a atribuição de legislar sobre assuntos de interesse local. A vocação
sucessória dos cargos de prefeito e vice-prefeito põe-se no âmbito da autonomia política local, em caso
de dupla vacância. Ao disciplinar matéria, cuja competência é exclusiva dos Municípios, o art. 75, § 2º,
da Constituição de Goiás fere a autonomia desses entes, mitigando-lhes a capacidade de auto-
organização e de autogoverno e limitando a sua autonomia política assegurada pela Constituição
brasileira.
[ADI 3.549, rel. min. Cármen Lúcia, j. 17-9-2007, P, DJ de 31-10-2007.]
Art. 90, § 3º, da Constituição do Estado do Rio de Janeiro. Disponibilidade remunerada dos servidores
públicos. (...) A imposição do prazo de um ano para aproveitamento do servidor em disponibilidade
ofende materialmente a Carta Federal, pois consiste em obrigação criada pelo Poder Legislativo que não
decorre direta ou indiretamente dos pressupostos essenciais à aplicação do instituto da disponibilidade
definidos na Constituição da República (art. 41, § 3º), e, principalmente, porque não condiz com o
postulado da independência dos Poderes instituídos, ainda que em sede do primeiro exercício do poder
constituinte decorrente. O art. 41, § 3º, da CF, na sua redação originária, era silente em relação ao
quantum da remuneração que seria devida ao servidor posto em disponibilidade. Esse vácuo normativo
até então existente autorizava os Estados a legislar sobre a matéria, assegurando a integralidade
remuneratória aos seus servidores. Contudo, a modificação trazida pela EC 19/1998 suplantou a previsão
contida na Carta estadual, pois passou a determinar, expressamente, que a remuneração do servidor em
disponibilidade seria proporcional ao tempo de serviço.
[ADI 239, rel. min. Dias Toffoli, j. 19-2-2014, P, DJE de 30-10-2014.]
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
A eficácia das regras jurídicas produzidas pelo poder constituinte (redundantemente chamado de
"originário") não está sujeita a nenhuma limitação normativa, seja de ordem material, seja formal,
porque provém do exercício de um poder de fato ou suprapositivo. Já as normas produzidas pelo poder
reformador, essas têm sua validez e eficácia condicionadas à legitimação que recebam da ordem
constitucional. Daí a necessária obediência das emendas constitucionais às chamadas cláusulas pétreas.
[ADI 2.356 MC e ADI 2.362 MC, rel. p/ o ac. min. Ayres Britto, j. 25-11-2010, P, DJE de 19-5-2011.]
As cláusulas pétreas não podem ser invocadas para sustentação da tese da inconstitucionalidade de
normas constitucionais inferiores em face de normas constitucionais superiores, porquanto a
Constituição as prevê apenas como limites ao poder constituinte derivado ao rever ou ao emendar a
Constituição elaborada pelo poder constituinte originário, e não como abarcando normas cuja
observância se impôs ao próprio poder constituinte originário com relação às outras que não sejam
consideradas como cláusulas pétreas, e, portanto, possam ser emendadas.
[ADI 815, rel. min. Moreira Alves, j. 28-3-1996, P, DJ de 10-5-1996.]
As cláusulas pétreas não podem ser invocadas para sustentação da tese da inconstitucionalidade de
normas constitucionais inferiores em face de normas constitucionais superiores, porquanto a
Constituição as prevê apenas como limites ao poder constituinte derivado ao rever ou ao emendar a
Constituição elaborada pelo poder constituinte originário, e não como abarcando normas cuja
observância se impôs ao próprio poder constituinte originário com relação às outras que não sejam
consideradas como cláusulas pétreas, e, portanto, possam ser emendadas.
[ADI 815, rel. min. Moreira Alves, j. 28-3-1996, P, DJ de 10-5-1996.]
O poder constituinte derivado não é ilimitado, visto que se submete ao processo consignado no art. 60,
§§ 2º e 3º, da CF, bem assim aos limites materiais, circunstanciais e temporais dos §§ 1º, 4º e 5º do
aludido artigo. A anterioridade da norma tributária, quando essa é gravosa, representa uma das
garantias fundamentais do contribuinte, traduzindo uma limitação ao poder impositivo do Estado.
[RE 587.008, rel. min. Dias Toffoli, j. 2-2-2011, P, DJE de 6-5-2011, Tema 107.]
Vide ADI 939, rel. min. Sydney Sanches, j. 15-12-1993, P, DJ de 18-3-1994
Art. 85 da Constituição do Estado de Rondônia, que elevou para treze o número de desembargadores do
Tribunal de Justiça. Ofensa manifesta ao princípio da iniciativa privativa, para o assunto, do Tribunal de
Justiça, consagrada no art. 96, II, b, da CF, de observância imperiosa pelo poder constituinte derivado
estadual, como previsto no art. 11 do ADCT/1988.
[ADI 142, rel. min. Ilmar Galvão, j. 19-6-1996, P, DJ de 6-9-1996.]
Ação direta de inconstitucionalidade. Lei 3.279/1999 do Estado do Rio de Janeiro, que dispõe sobre o
cancelamento de multas de trânsito anotadas em rodovias estaduais em certo período relativas a
determinada espécie de veículo. Inconstitucionalidade formal. (...) O cancelamento de toda e qualquer
infração é anistia, não podendo ser confundido com o poder administrativo de anular penalidades
irregularmente impostas, o qual pressupõe exame individualizado. Somente a própria União pode
anistiar ou perdoar as multas aplicadas pelos órgãos responsáveis, restando patente a invasão da
competência privativa da União no caso em questão. [ADI 2.137, rel. min. Dias Toffoli, j. 11-4-2013, P,
DJE de 9-5-2013.]
A providência imposta pela lei estadual é inadequada porque a simples presença de um empacotador
em supermercados não é uma medida que aumente a proteção dos direitos do consumidor, mas sim
uma mera conveniência em benefício dos eventuais clientes. Trata-se também de medida desnecessária,
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
Referência Bibliográficas:
Pedro Lenza. Direito Constitucional Esquematizado.
Marcelo Novelino. Curso de Direito Constitucional.
Dirley da Cunha Junior. Curso de Direito Constitucional.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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QUESTÕES PROPOSTAS
A-A vedação à censura prévia para a liberdade de expressão confirma que as normas que expressam
vedações e proibições podem ser consideradas normas de eficácia imediata.
B-São consideradas formalmente constitucionais as disposições que regulam o exercício das funções
políticas, a estruturação do sistema de governo e da federação, e os direitos fundamentais.
C- As constituições dirigentes correspondem a um ideal de Constituição típico do constitucionalismo liberal
que prescreve um Estado mínimo.
D-As constituições garantias são a expressão de um constitucionalismo social que defende a Constituição
como forma de garantia dos direitos sociais e de um Estado interventor.
E-São consideradas normas materialmente constitucionais as disposições que estão escritas na Constituição,
não importando o seu tema e sua relevância para a comunidade política.
A-O conceito moderno de Constituição pressupõe uma norma jurídico-política que prevê direitos
fundamentais e que organiza os poderes políticos.
B-O sentido sociológico da Constituição coincide com o sentido jurídico, pois ambos representam os fatores
reais do poder em uma sociedade.
C-De acordo com o sentido político de Constituição, ela é a norma jurídica fundamental que ocupa o último
escalão na hierarquia das normas de um ordenamento jurídico.
D-Em razão da sua força normativa, o preâmbulo orienta a interpretação constitucional e serve como
parâmetro para o controle de constitucionalidade.
E-Segundo o sentido jurídico de Constituição, ela é a decisão concreta sobre o modo e a forma de existência
da comunidade.
A-Diante de grande necessidade, a Constituição Federal poderá ser emendada durante a vigência de estado
de sítio e de estado de defesa.
B-Em seu exercício, o poder constituinte estadual deve reproduzir integralmente as disposições da
Constituição Federal a respeito de direito, deveres e organização da ordem social.
C-A proteção ao direito adquirido resguarda o direito do titular em face de tentativas de violar esse direito,
sejam elas do poder constituinte ou do poder de reforma da Constituição.
D-Mais da metade das assembleias legislativas podem propor uma emenda à Constituição, se houver a
manifestação da maioria relativa de cada uma delas.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
E-A proposta de emenda à Constituição rejeitada pode ser reapresentada na mesma sessão legislativa, se
houver a concordância da maioria absoluta da casa.
4- 2021 - FGV - PC-RN - FGV - 2021 - PC-RN - Delegado de Polícia Civil Substituto
No processo de interpretação constitucional, a pré-compreensão do intérprete não pode ocupar uma posição
hegemônica e incontrastável, de modo a tornar esse processo uma encenação que busque tão somente
justificar conclusões prévias, indiferentes aos limites do texto constitucional, aos aspectos circunstanciais e
às exigências de ordem metódica.
Na interpretação constitucional, a narrativa acima se mostra:
A-errada, pois a pré-compreensão não pode ser utilizada na interpretação constitucional, sob pena de
consagrar o subjetivismo em detrimento do caráter objetivo da norma;
B-correta, pois o conhecimento adquirido pelo intérprete é apenas condição de desenvolvimento da
compreensão, que resulta na atribuição de significado ao texto;
C-correta, pois a interpretação evidencia uma total separação entre o sujeito cognoscente e o objeto
cognoscido, de modo que a compreensão é da alçada do legislador;
D-errada,pois o intérprete, em sua atividade intelectiva, deve se limitar a conhecer o sentido imanente ao
texto, não participando da construção do significado;
E-contraditória, pois a pré-compreensão e a compreensão apresentam uma relação de sobreposição, não
ocupando planos sucessivos.
5 - 2021 - FGV - PC-RN - FGV - 2021 - PC-RN - Delegado de Polícia Civil Substituto
Sensível à necessidade de zelar pela probidade administrativa, a Assembleia Legislativa do Estado Alfa
promulgou a Emenda Constitucional nº XX/2019, de iniciativa parlamentar, dispondo sobre as infrações
político-administrativas passíveis de serem praticadas pelo Governador do Estado, as quais poderiam
acarretar, na hipótese de condenação, a perda do mandato eletivo e a inabilitação para o exercício de outra
função pública.
A-formalmente inconstitucional, pois a matéria deve ser disciplinada em lei ordinária estadual, de iniciativa
exclusiva do Chefe do Poder Executivo;
B-formalmente inconstitucional, pois a matéria só pode ser disciplinada pela Constituição da República de
1988, não pela legislação infraconstitucional;
C-formal e materialmente constitucional, considerando o disposto na Constituição da República de 1988 e o
princípio da simetria;
D-materialmente inconstitucional apenas em relação à sanção de inabilitação, que não pode ser cominada;
E-formalmente inconstitucional, pois a matéria é de competência legislativa privativa da União.
6- 2021 - INSTITUTO AOCP - PC-PA - INSTITUTO AOCP - 2021 - PC-PA - Delegado de Polícia Civil
O poder constituinte produz normas constitucionais tanto ao elaborar a constituição quanto ao alterá-la,
podendo ser originário ou derivado. A respeito do poder constituinte, assinale a alternativa correta.
273
PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
7- 2021 - INSTITUTO AOCP - PC-PA - INSTITUTO AOCP - 2021 - PC-PA - Delegado de Polícia Civil
Segundo a doutrina, o Neoconstitucionalismo tem como uma de suas marcas a concretização das prestações
materiais prometidas pela sociedade, servindo como ferramenta para implantação de um Estado
Democrático Social de Direito. São características do Neoconstitucionalismo, EXCETO
8 - 2021 - INSTITUTO AOCP - PC-PA - INSTITUTO AOCP - 2021 - PC-PA - Delegado de Polícia Civil
Ao conceber a constituição como a soma de fatores reais do poder que regem a nação, ou seja, um produto
dos pleitos das forças sociais de determinada época, está se tratando da ideia de constituição concebida por
A-Carl Schmitt.
B-José Afonso da Silva.
C-Hans Kelsen.
D-Ferdinand Lassalle.
E-Peter Häberle.
9- 2021 - INSTITUTO AOCP - PC-PA - INSTITUTO AOCP - 2021 - PC-PA - Delegado de Polícia Civil
No que se refere à classificação das constituições, assinale a alternativa correta.
A-Quanto ao conteúdo, as constituições podem ser classificadas como constituição garantia ou constituição
dirigente.
B-A constituição classificada como substancial ou material, segundo a doutrina, está mais relacionada ao
universo do “ser” que do “dever ser”.
C-A constituição garantia, que também é chamada de programática ou social, disciplina o mínimo possível
de matérias.
D-O Brasil é regido por uma Constituição classificada pela doutrina, quanto ao conteúdo, como constituição
garantia.
E-O Brasil é regido por uma Constituição classificada pela doutrina, quanto à função, ou finalidade, como
constituição formal.
274
PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
10 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE / CEBRASPE - 2021 - Polícia Federal - Delegado de
Polícia Federal
Acerca dos sentidos e das concepções de constituição e da posição clássica e majoritária da doutrina
constitucionalista, julgue o item que se segue.
Sob a ótica da constituição política, um Estado pode ter uma constituição material sem que tenha uma
constituição escrita que descreva a sua organização de poder.
Certo
Errado
11- 2021 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE / CEBRASPE - 2021 - Polícia Federal - Delegado de
Polícia Federal
Acerca dos sentidos e das concepções de constituição e da posição clássica e majoritária da doutrina
constitucionalista, julgue o item que se segue.
Quanto ao objeto das constituições, são exemplos tradicionais o estabelecimento do modo de aquisição do
poder e a forma de seu exercício.
Certo
Errado
12- 2021 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE / CEBRASPE - 2021 - Polícia Federal - Delegado de
Polícia Federal
Acerca dos sentidos e das concepções de constituição e da posição clássica e majoritária da doutrina
constitucionalista, julgue o item que se segue.
A Constituição Federal brasileira pode ser considerada uma constituição-garantia, pois regulamenta, de
forma analítica, os assuntos mais relevantes à formação, à destinação e ao funcionamento do Estado.
Certo
Errado
13- 2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Instituto Acesso - 2019 - PC-ES - Delegado de Polícia - Anulado
Em julgamento de Recurso Extraordinário (RE-AgR 436.996), o Supremo Tribunal Federal entendeu que o
atendimento em creche e o acesso à unidades de pré-escola à criança menor de 05 (cinco) anos de idade não
podem fundar-se em juízo de simples conveniência ou de mera oportunidade. Isto porque o sistema de
ensino municipal é consituticionalmente regido por normas de eficácia
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C-limitada, ou seja, têm aplicabilidade indireta, mediata e reduzida e estabelecem diretrizes para as políticas
públicas.
D-plena, ou seja, têm aplicabilidade direta, imediata e integral, que não se submetem ao princípio da reserva
do possível.
E-contida, ou seja, têm aplicabilidade direta, imediata e possivelmente não integral.
14 - 2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Instituto Acesso - 2019 - PC-ES - Delegado de Polícia - Anulado
“Para alguns espíritos, ou ingênuos em relação aos fatores reais que influem efetivamente nos governos
chamados democráticos, os interessados em transformar os meios em fins, idealizando-os para o efeito de
assegurar, pela reverência pública, a sua continuação, a democracia não se define pelos valores ou pelos fins,
mas pelos meios, pelos processos, pela máquina, pela técnica ou pelos diversos expedientes mediante os
quais os políticos fabricam a opinião ou elaboram os substitutos legais da vontade do povo ou da Nação.
Ora, a máquina democrática não tem nenhuma relação com o ideal democrático. A máquina democrática
pode produzir e tem, efetivamente, produzido exatamente o contrário da democracia ou do ideal
democrático. Dadas as condições de um país, quanto mais se avoluma e aperfeiçoa a máquina democrática,
tanto mais o Governo se distancia do povo e mais remoto da realidade se torna o ideal democrático.
Não haverá ninguém de boa-fé que dê como democrático um regime pelo simples fato de haver sido
montada, segundo todas as regras, a máquina destinada a registrar a vontade popular. Seja, porém, qual for
a técnica ou a engenharia de um governo, este será realmente democrático se os valores que inspiram a sua
ação decorrem do ideal democrático.” (CAMPOS, Francisco. O Estado Nacional. Editora Senado Federal,
2001)
Tendo como referência o texto acima citado, podemos afirmar que, o modelo de constitucionalismo
defendido pelo autor, mais se aproxima do constitucionalismo
A-substancial.
B-aberto aos intérpretes da constituição.
C-procedimental.
D-liberal.
E-como integridade.
15- 2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Instituto Acesso - 2019 - PC-ES - Delegado de Polícia - Anulado
“A interpretação jurídico-científica não pode fazer outra coisa senão estabelecer as possíveis significações de
uma norma jurídica. Como conhecimento do seu objeto, ela não pode tomar qualquer decisão entre as
possibilidades por si mesma reveladas, mas tem de deixar tal decisão ao órgão que, segundo a ordem jurídica,
é competente para aplicar o Direito. Um advogado que, no interesse de seu constituinte, propõe ao tribunal
apenas uma das várias interpretações possíveis da norma jurídica a aplicar a certo caso, e um escritor que,
num comentário, elege a interpretação determinada, dentre as várias interpretações possíveis, como a única
‘acertada’, não realizam uma função jurídico-científica mas uma função jurídico-política (de política jurídica).
Eles procuram exercer influência sobre a criação do Direito.”
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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16- 2018 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE - 2018 - Polícia Federal - Delegado de Polícia Federal
A respeito dos direitos fundamentais e do controle de constitucionalidade, julgue o item que se segue.
Em relação aos estrangeiros, a norma constitucional que garante o acesso a cargos, empregos e funções
públicas é de eficácia contida.
Certo
Errado
17- 2018 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE - 2018 - Polícia Federal - Delegado de Polícia Federal
A possibilidade de um direito positivo supraestatal limitar o Poder Legislativo foi uma invenção do
constitucionalismo do século XVIII, inspirado pela tese de Montesquieu de que apenas poderes moderados
eram compatíveis com a liberdade. Mas como seria possível restringir o poder soberano, tendo a sua
autoridade sido entendida ao longo da modernidade justamente como um poder que não encontrava limites
no direito positivo? Uma soberania limitada parecia uma contradição e, de fato, a exigência de poderes
políticos limitados implicou redefinir o próprio conceito de soberania, que sofreu uma deflação.
Alexandre Costa. O poder constituinte e o paradoxo da soberania limitada. In: Teoria & Sociedade. n.º 19,
2011, p. 201 (com adaptações).
Considerando o texto precedente, julgue o item a seguir, a respeito de Constituição, classificações das
Constituições e poder constituinte.
A exigência de poderes políticos limitados após a manifestação do poder constituinte originário fundamenta
tanto o sentido lógico-jurídico quanto o sentido jurídico-positivo da Constituição.
Certo
Errado
18- 2018 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE - 2018 - Polícia Federal - Delegado de Polícia Federal
A possibilidade de um direito positivo supraestatal limitar o Poder Legislativo foi uma invenção do
constitucionalismo do século XVIII, inspirado pela tese de Montesquieu de que apenas poderes moderados
eram compatíveis com a liberdade. Mas como seria possível restringir o poder soberano, tendo a sua
autoridade sido entendida ao longo da modernidade justamente como um poder que não encontrava limites
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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no direito positivo? Uma soberania limitada parecia uma contradição e, de fato, a exigência de poderes
políticos limitados implicou redefinir o próprio conceito de soberania, que sofreu uma deflação.
Alexandre Costa. O poder constituinte e o paradoxo da soberania limitada. In: Teoria & Sociedade. n.º 19,
2011, p. 201 (com adaptações).
Considerando o texto precedente, julgue o item a seguir, a respeito de Constituição, classificações das
Constituições e poder constituinte.
Certo
Errado
19- 2018 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE - 2018 - Polícia Federal - Delegado de Polícia Federal
A possibilidade de um direito positivo supraestatal limitar o Poder Legislativo foi uma invenção do
constitucionalismo do século XVIII, inspirado pela tese de Montesquieu de que apenas poderes moderados
eram compatíveis com a liberdade. Mas como seria possível restringir o poder soberano, tendo a sua
autoridade sido entendida ao longo da modernidade justamente como um poder que não encontrava limites
no direito positivo? Uma soberania limitada parecia uma contradição e, de fato, a exigência de poderes
políticos limitados implicou redefinir o próprio conceito de soberania, que sofreu uma deflação.
Alexandre Costa. O poder constituinte e o paradoxo da soberania limitada. In: Teoria & Sociedade. n.º 19,
2011, p. 201 (com adaptações).
Considerando o texto precedente, julgue o item a seguir, a respeito de Constituição, classificações das
Constituições e poder constituinte.
A ideia apresentada no texto reflete a Constituição como decisão política fundamental do soberano, o que
configura o sentido sociológico de Constituição.
Certo
Errado
20- 2018 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE - 2018 - Polícia Federal - Delegado de Polícia Federal
A possibilidade de um direito positivo supraestatal limitar o Poder Legislativo foi uma invenção do
constitucionalismo do século XVIII, inspirado pela tese de Montesquieu de que apenas poderes moderados
eram compatíveis com a liberdade. Mas como seria possível restringir o poder soberano, tendo a sua
autoridade sido entendida ao longo da modernidade justamente como um poder que não encontrava limites
no direito positivo? Uma soberania limitada parecia uma contradição e, de fato, a exigência de poderes
políticos limitados implicou redefinir o próprio conceito de soberania, que sofreu uma deflação.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
Alexandre Costa. O poder constituinte e o paradoxo da soberania limitada. In: Teoria & Sociedade. n.º 19,
2011, p. 201 (com adaptações).
Considerando o texto precedente, julgue o item a seguir, a respeito de Constituição, classificações das
Constituições e poder constituinte.
A concepção de “soberania limitada”, citada no texto, implica a divisão da titularidade do poder constituinte
entre o povo e a assembleia constituinte que o representa.
Certo
Errado
Respostas11
11
1: A 2: A 3: D 4: B 5: E 6: E 7: A 8: D 9: B 10: C 11: C 12: E 13: D 14: A 15: C 16: E 17: C 18: C 19: E 20: E
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
TODOS OS ARTIGOS
⦁ Art. 1, CP
⦁ Art. 13. §2º, CP
⦁ Art. 14, CP
⦁ Art. 75, CP
⦁ Art. 1º a 10º da Lei de Contravenções Penais (DL 3688/41)
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO PODEM DEIXAR DE LER
⦁ Art. 1, CP
⦁ Art. 13. §2º, CP
⦁ Art. 14, CP
⦁ Art. 75, CP
280
PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
⦁ Art. 13, caput e §1º, CP (muito, muito, muito importante! Não vá para a prova sem ter este
artigo decorado na ponta da língua!)
⦁ Art. 15 a 17, CP
281
PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
CF/88
⦁ Art. 33
⦁ art. 48, XI
⦁ Lei 9637/98
⦁ Lei 13.303/16
⦁ Lei 13.019/14
⦁ Lei 9986/2000
⦁ Art. 48, XI, CF/88 (criação de ministérios deve ser por lei)
Principais artigos da Lei 13.303/16 - (Lei das empresas públicas e sociedades de economia
mista)
⦁ Art. 1º, caput e §§5º e 6º
⦁ Art. 3º, 4º e 5º
⦁ Art. 8º
⦁ Art. 27 a 30
⦁ Art. 47 e 49
⦁ Art. 85 e 86
282
PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
⦁ Art. 14 e 17
Principais artigos da lei 9.790/99– Lei das organizações da sociedade civil de interesse público
(OSCIP)
⦁ Art. 1º e 2º (atenção ao §único do art. 2º! Novidade legislativa!)
⦁ Art. 3º
⦁ Art. 11, 14 e 16
Principais artigos da lei 13.019/2014 – Lei das organizações da sociedade civil (OSC)
⦁ Art. 1º
⦁ Art. 3º
⦁ Art. 16 a 21
⦁ Art. 69 e 73
⦁ Art. 84-B
⦁ Art. 10, 14 e 15
⦁ Art. 34 e 35
283
PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
CF/88
⦁ Art. 129, I, CF/88
CPP
⦁ Art. 3º-B, IV, CPP
284
PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 03/30
TODOS OS ARTIGOS
⦁ Art. 3º do ADCT
⦁ Arts. 1º a 4º da CF/88 → saber na ponta da língua. Despenca em prova;
⦁ Art. 34, CF/88
⦁ Art. 60, CF/88 → saber na ponta da língua. Despenca em prova;
⦁ Arts. 136 e 137, CF/88
285