1 Guerra Mundial - Resumão - Professor Felisberto Muanha
1 Guerra Mundial - Resumão - Professor Felisberto Muanha
1 Guerra Mundial - Resumão - Professor Felisberto Muanha
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
LUANDA, 2022
REPÚBLICA DE ANGOLA
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
N:12
Classe - 11ª
Curso -Ciências
Económicas e Jurídicas
Período – tarde
Sala - 08
LUANDA, 2022
ÍNDICE
INTRODUÇÃO.......................................................................................................................- 3 -
AS PRÉ-CRISES TERRITORIAIS EURO-AFRICANAS E O CONTRIBUTO PARA O
FORTALECIMENTO DAS POTÊNCIAS COLONIAIS........................................................- 5 -
1. Algumas crises europeias em África na formulação territorial.........................................- 6 -
2. A crise anglo-boer................................................................................................................- 7 -
3. Os africanos no conflito de 1914-1918.................................................................................- 9 -
A NOVA ÁFRICA PÓS 1918: NACIONALISMO...............................................................- 13 -
CONCLUSÃO.......................................................................................................................- 15 -
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................- 16 -
INTRODUÇÃO
A entrada dos africanos na 1ª Guerra Mundial (ou a Guerra de 1914-1918, também dito,
entre Nações colonialistas) aconteceu devido à necessidade dos europeus, em conflito,
tentarem reverter a seu favor o desenrolar da guerra.
– esta depois trocou de bloco político-militar) e pela “Tríplice Entente” (ou Entente
Cordiale, que associava o Reino Unido, a França, a Rússia – que depois abandona o
bloco, devido à revolução Bolchevique – e os EUA, estes desde 1917, além de outros
países como Portugal, Bélgica, Brasil ou Japão) (Almeida, 2004:56-58), conforme
Mapa1, relativo só aos países europeus.
Mapa 1
Deste grave conflito, onde, pela primeira vez, participaram tropas coloniais ao lado das
diferentes potências colonizadoras, emergirá uma linhagem política que irá ter
repercussões depois da II Guerra Mundial (1939-1945); ao retornarem às suas regiões
de origem, os intelectuais coloniais que participaram no conflito levaram ao início de
movimentos nacionais de libertação, em nome da própria ideologia liberal europeia: era
a génese da Descolonização em África e na Ásia (Almeida, 2004: 64-79).
4
AS PRÉ-CRISES TERRITORIAIS EURO-AFRICANAS E O CONTRIBUTO
PARA O FORTALECIMENTO DAS POTÊNCIAS COLONIAIS
Recordemos que a entrada das tropas coloniais – e vamos abordar só as tropas coloniais
africanas – se deveu por uma parte da Europa em conflito se encontrar num impasse
castrense tornando-se imperioso o apoio militarizado das forças coloniais africanas
esquecendo que, no continente africano, também a Grande Guerra 1914-1918 se fazia
sentir e com uma intensidade mortal, tanto no sul de Angola, como no Norte de
Moçambique, como na zona austral entre o Sudoeste africano germânico e a nova
República da África do Sul ou no centro de África entre os territórios ultramarinos
germânicos e os territórios anglo-franceses e belga, em particular no Golfo da Guiné e
nos territórios dos Grandes Lagos.
Todavia, a ecfetiva entrada das tropas coloniais africanas só ocorreu na chamada 3ª fase
do conflito (a primeira fase, ou guerra de movimento, ocorre de 1914-1915 com a
movimentação das forças em confronto – rápida ofensiva dos alemães sobre o território
da Bélgica e da França em Setembro de 1914, com os franceses organizarem uma
contraofensiva barrando o avanço de seus inimigos sobre Paris, na Batalha de Marne; a
segunda fase, ou guerra de posições, vai de 1915 a 1917, e deve-se às movimentações
de tropas na Frente Ocidental que, entretanto, dá lugar a uma guerra de trincheiras e
foi nesta fase que ocorreu a troca da Itália da Tríplice Aliança para a Tríplice Entente; e
a terceira fase (entre 1917 e 1918) – ficou marcada pela entrada definitiva dos Estados
Unidos na guerra, além de tropas de outros países, como canadianos, australianos,
neozelandeses, japoneses, indianos, chineses, brasileiros e, particularmente no caso em
estudo, de muitos soldados africanos que viviam sob o colonialismo ou outras formas
de dominação europeia)7.
5
MAPA 2
Foi a crise de Fachoda (ou Fashoda) (Almeida, 2004:49), entre a França e a Inglaterra
(1898/99), no atual Sudão do Sul (a construção de ferrovias anglo-francesas que se
intersetavam, a presença de forças expedicionárias antagónicas dos dois países e as
movimentações prussianas junto de sobados africanos terão levado a França a assinar a
Entente Cordiale que dava o Egipto à Inglaterra e Marrocos e parte do Sudão à França);
para essa assinatura também contribuiu a Crise Marroquina de 1905-1906 ou Crise de
6
Tânger, provocada pelos prussianos que tentaram usar um questão emergente, a
independência do Marrocos – facto repetido em 1911 com a ocupação naval de Agadir
por parte de tropas alemães8 –, a fim de aumentar os ancestrais atritos entre a franceses e
ingleses, bem como para promover os interesses comerciais de alemães no Marrocos.
Ou seja, tudo questões territoriais em África sob domínio colonial das potências
europeias. África era, já na altura e tal como hoje, um tabuleiro de xadrez onde as
movimentações, que ocorriam, não eram entre simples e meros artefactos jogáveis mas
sobre territórios e vidas humanas e que se tornariam mais efetivas com a crise
angloboer.
2. A crise anglo-boer
Esta crise ocorreu entre 1899 e 19029 e teve como protagonistas boers sul-africanos,
agrupados nas Repúblicas do Transval e a República Livre de Orange (Campos, 1996:
55), e a potência colonial britânica, esta quase toda acantonada na região da Cidade do
Cabo, na parte mais austral de África.
Como nota prévia não esquecer que o líder britânico da região sul-africana se chamava
Cecil Rhodes e tinha como principal determinação ligar Cabo a Cairo por via-férrea e,
7
por consequência tornar todos os territórios britânicos. O Ultimato foi uma das
consequências; tal como o foi a crise de Fachoda.
Acresce que nas novas repúblicas tinham sido descobertos enormes e riquíssimos
jazigos de ouro e de diamantes o que as tornavam apetecíveis para o expansionismo
britânico e rhodesiano.
Esta crise levou que britânicos, com cerca de 500 mil homens bem armados, e boers, a
maioria mal armada e ruralizada (ou agricultores, os boers) se tenham confrontado pela
ocupação territorial. Nesta altura, dois países acabaram por ser partes importantes nos
confrontos anglo-boers: Portugal e Alemanha.
8
3. Os africanos no conflito de 1914-1918
Entre 1914 e 1918 participaram no conflito, ao serviço da França, mais de 290 mil
soldados magrebinos:
• - 173.019 argelinos;
• - 80.339 tunisinos;
• - 40.398 marroquinos.
Por sua vez, de notar que os militares da região do Senegal, globalmente integradas no
corpo expedicionário da África Ocidental Francesa (AOF) são vistas como o primeiro
corpo militar colonial francês, criado em 21 de Julho de 1857, pelo então governador da
AOF, Louis Faidherbe. A participação senegalesa, no final do conflito ascendeu a mais
de 135 mil militares (entre o conflito europeu e na Ásia) com mais de 30 mil vítimas
(Albaret, 2013).
9
Já a participação de colónias e membros da Commonwealth foram mais evidentes na
região oriental de África entre o norte do então território português de Moçambique e a
então Rodésia do Norte (Zâmbia) devido às penetrações militares levadas a efeito por
tropas alemãs e expedicionários africanos da então colónia alemã de Tanganica sobre a
região que ia das margens e foz do Rio Rovuma a Quelimane (Moçambique) e incursões
em Niassalândia (Malawi) e Rodésia do Norte.
Outra das maiores batalhas em território ocorreu nas margens do rio Nhamacurra, a
norte de Quelimane, em Julho e Agosto de 1918, e envolveu forças sul-africanas,
comandadas pelo general Smuts. As forças germânicas, comandadas pelo coronel Von
Lettow Ferbeque, eram constituídas por 15 companhias, enquanto o destacamento
aliado não ultrapassava 6 companhias: 3 portuguesas, duas das quais moçambicanas, e 3
britânicas (Martins, 1945:547 e Costa, 1932.
10
Os principais combates no sul da Tanzânia ocorreram em Nevala (ou Newala) e
Nangadi, em Agosto de 1916; Nica, em Setembro de 1916, e Maúta, em Outubro de
1916. Na mesma altura, em 1915, e aproveitando-se da guerra entre as potências
europeias, o povo Makonde13 rebelou-se (Pires, 1924), o que colocava as forças de
defesa moçambicanas sob dois fogos.
Mas as principais forças africanas anglófonas em África foram sustentadas pelas forças
sul-africanas que colocaram nos terrenos de acção mais de 200.000 soldados registando
cerca de 10.000 vítimas entre os seus soldados brancos e negros. Ainda assim, registe-se
a presença de soldados sul-africanos no teatro de operações europeus, nomeadamente,
no canal inglês, quando em em 21 de Fevereiro de 1917, cerca de 600 soldados da
African Native Labour – soldados africanos negros agregados ao corpo expedicionário
britânico – foram mortos devido ao afundamento do navio britânico SS Mendi14.
11
Mapa 4
Este ataque surgiu como represália pelo ataque e aniquilamento de uma expedição
científica e comercial germânica a margem esquerda do Cunene em missão não
autorizada, bem como a apreensão do comboio dos 11 carros boers, e que visava levar
por diante a vontade germânica de criar a Mittelafrika que ia do eixo
KamerunTogoland, e incluindo a bacia do Congo, até à do Zambeze (uma ligação do
Atlântico ao Índico), o que contrariava as anteriores pretensões de divisão anglo-
germânica anteriormente abordada (Fernandes, 2014). Da Batalha de Naulila resultaram
a morte de cerca de 150 expedicionários portugueses e uma declaração de guerra da
Alemanha, em Março de 1916. Com Cuangar e Naulila emergiram revoltas indígenas
lideradas por Cuanhamas e Cuamatos (Angola) e por arrastamento boers e povos
ovambos, até porque a região da Damaralândia (ou Damara, no Ovambo, Namíbia) do
outro lado do Cunene tinha sido invadida e ocupada por expedicionários sul-africanos
comandados pelo general Bota.
12
registaram-se cerca de 810 vítimas mortais entre as tropas expedicionárias portuguesas e
angolanas (Martins, 1945:548-552)
A Primeira Guerra Mundial deu origem a uma mudança fundamental na relação entre a
Europa e África. Mais de dois milhões de pessoas na África fizeram enormes sacrifícios
para que os aliados europeus superassem a sua crise político-militar. Cerca de 100.000
africanos de origem britânica e portuguesa morreram no leste da África; já na África do
Norte francesa e África Ocidental Francesa cerca de 65.000 africanos perderam suas
vidas.
13
Mapa 5
14
CONCLUSÃO
Como se expôs no decorrer do texto mais de 500 mil africanos participaram num
conflito que não era deles e do qual resultou mais de 100 mil mortos entre soldados e
carregadores (Quadro 1). A grande maioria, foram soldados da União Sul-africana
(África do Sul) que começava a se tornar numa pequena potência em África, embora
ainda, na época, sob a proteção britânica.
Outro facto importante esteve nas aspirações de dirigentes africanos que participaram no
conflito: esperavam que a sua participação, em pé de igualdade com os seus
companheiros de armas europeus e americanos, numa guerra que não lhes dizia respeito
mas que lhes foi imposta, lhes adquirisse melhorias constitucionais, económicas e
sociais nos seus territórios de origem (Amaral, 2000:58).
Isso não só não aconteceu, como alguns territórios acabaram por mudar de protetorado e
submissão não esperada o que levou a um radicalismo antieuropeu e anticolonialista.
Emergiu uma vontade de autodeterminação e um princípio nacionalista que teria o seu
apogeu no final da II Guerra Mundial de 1939-1945.
15
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COSTA, Mário (1932), É o inimigo que fala: Subsídios inéditos para o estudo da
Campanha da África Oriental, 1914-1918, Lourenço Marques, Imprensa Nacional;
disponível em http://www.momentosdehistoria.com/MH_05_02_06_Exercito.htm
(acedido em 22 de Junho de 2014).
16