Gato Que Brincas Na Rua
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Mário Fonseca
Escola básica e secundaria Dr. Mário Fonseca
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Fernando Pessoa Ortónimo
“Gato que Brincas na Rua”
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Índice
Introdução 4
1.Quem foi Fernando Pessoa? 5
2.” Gato que brincas na rua” 7
2.1 A Dor de Pensar 8
2.2 ” GATO QUE BRINCAS NA RUA”- ANÁLISE ESTILÍSTICA 9
3.CONCLUSAO 11
4.APÊNDICE 11
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Introdução
Fernando Pessoa conta e chora a insatisfação da alma humana. A sua precariedade, a
sua limitação, a dor de pensar, a fome de se ultrapassar, a tristeza, a dor da alma
humana que se
sente incapaz de construir e que, comparando as possibilidades miseráveis com a
ambição desmedida, desiste, adormece “num mar de sargaço” e dissipa a vida no
tédio.
Os remédios para esse mal são o sonho, a evasão pela viagem, o refúgio na infância, a
crença num mundo ideal e oculto, situado no passado, a aventura do Sebastianismo
messiânico, o estoicismo de Ricardo Reis, etc. Todos estes remédios são tentativas
frustradas porque o mal é a
própria natureza humana e o tempo a sua condição fatal. É uma poesia cheia de
desesperos e entusiasmos febris, de náusea, tédios e angústias iluminados por uma
inteligência lúcida, febre da
absoluta insatisfação do relativo.
Em Pessoa, observa-se a presença de uma pequena humanidade, com diversas
personagens que possuem personalidades distintas, designadas heterónimos. Mas há,
também, uma personalidade poética ativa que mantém o nome de Fernando Pessoa e,
por isso, se designa de ortónimo .No seguimento da disciplina de Português e com o
objetivo de avaliar o desempenho e compreensão dos alunos, a professora Isabel
Caldeiras propôs o seguinte trabalho onde será abordado o tema de Fernando Pessoa
e seus ortónimos.
Pessoa ortónimo distingue-se por traços peculiares: avesso ao sentimentalismo, as
suas finas emoções são pensadas, ou são já vibrações da inteligência, vivências de
estados imaginários.
Pessoa exprime ou insinua a solidão interior, a inquietação perante o enigma
indecifrável do mundo, o tédio, a falta de impulsos afetivos de quem, minado pelo
demónio da análise, já não
espera nada da vida.
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Fernando Pessoa (1888-1935) foi um dos mais importantes poetas da língua portuguesa e
figura central do Modernismo português.
Fernando Antônio Nogueira Pessoa nasceu em Lisboa, Portugal, no dia 13 de junho de 1888.
Era filho de Joaquim de Seabra Pessoa, natural de Lisboa, que era crítico musical, e de Maria
Magdalena Pinheiro Nogueira Pessoa, natural dos Açores. Ficou órfão de pai aos 5 anos de
idade.
Seu padrasto era o comandante militar João Miguel Rosa, que foi nomeado cônsul de Portugal
em Durban, na África do Sul. Acompanhando a família Fernando Pessoa seguiu para a África do
Sul, onde recebeu educação inglesa no colégio de freiras e na Durban High School.
Poeta lírico e nacionalista cultivou uma poesia voltada aos temas tradicionais de Portugal e ao
seu lirismo saudosista, que expressa reflexões sobre seu “eu profundo”, suas inquietações, sua
solidão e seu tédio.
Fernando Pessoa foi vários poetas ao mesmo tempo, criou heterônimos - poetas com
personalidades próprias que escreveram sua poesia e, com eles procurou detetar, sob vários
ângulos, os dramas do homem de seu tempo.
• 35 Sonnets
• Antinous
• Inscriptions
• Mensagem, 1934
Obras Póstumas
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Este poema lembra o poema Tabacaria, onde a certo ponto Pessoa move a sua atenção para a
rapariga que come chocolates, absorta do resto do mundo. É esta falta de preocupação (o ser
"bruto", que aparece por ex. em Ricardo Reis), que espanta Pessoa e o intriga - sendo que
também faz nascer nele a inveja.
Pessoa inveja realmente "a sorte" do gato, que é a sorte de ser inconsciente e puder brincar
sem pensar em mais nada - brinca na rua "como se fosse na cama".
O gato é "bom servo das leis fatais", ou seja, cumpre o seu destino sem se opor minimamente
a ele - cumpre o desejo mais alto de Reis, que é o de sentir o destino como coisa inevitável
enquanto se cumpre. O assumir deste destino universal, que rege "pedras e gentes" é um
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motivo de alta nobreza. Mas o homem é incapaz (a menos que seja "bruto") de ter esta
atitude, porque alguns homens (como Pessoa), não têm apenas os "instintos gerais", que
regem o gato - que sente "só o que sente" e nada mais.
A razão da inveja de Pessoa, mais do que inveja pela falta de preocupação, é inveja pela
simples felicidade que existe quando se vive plenamente as coisas sem pensar. "És feliz porque
és assim" é uma expressão de profunda miséria, de quem observa e tem a consciência plena
que é infeliz. Embora o gato seja apenas "o nada", ele é-o plenamente, enquanto Pessoa sente
que se conhece e conhece a sua situação, mas não consegue ser feliz assim.
O paradoxo pensar/viver parece aqui encontrar novo poiso privilegiado - Pessoa inveja a
felicidade alheia, seja de pessoas ou animais, porque a felicidade alheia é inatingível e baseada
em princípios que ele sente nunca poder alcançar. Sobretudo aqueles princípios de
simplicidade, acessíveis apenas aos "brutos", ou aos animais, como o pequeno gato que brinca
tranquilo na rua. Pessoa sabe que nunca poderá ser apenas um "bruto", muito menos um
animal - é este peso enorme que esmaga a sua esperança em ser feliz."
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Estrutura Interna.
Figura 1- Apêndice
• Por ser inconsciente e viver segundo os seus instintos, o gato é feliz. Apesar de ser "o
nada", o gato é-o plenamente e isso causa inveja no poeta que ambiciona a simples
felicidade que existe quando se vive plenamente as coisas sem pensar.
• O poeta tem a plena consciência de que é infeliz por não poder deixar de pensar e por
isso não consegue atingir a felicidade tão desejada.
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Estrutura Externa.
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Versos de redondilha maior, isto é, cada um deles com sete sílabas métricas.
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3.Conclusão
Neste poema o sujeito poético revela tristeza e desolação por não conseguir abolir o hábito
excessivo do pensamento, ou seja, sintetiza a dor que resulta do processo de racionalização
permanente, uma vez que, ao contrário do gato o sujeito poético não atinge a felicidade
porque tudo nele é pensamento.
O poeta afirma também que assim como o gato, gostaria de ser a ceifeira (poema analisado em aula),
com a sua “alegre inconsciência” – gostaria de sentir sem pensar; mas paradoxalmente, gostaria
também de ser ele mesmo, ou seja, ter a consciência de ser inconsciente – o que ele deseja é unir o
plano do sentir e o plano de pensar
A relação existente entre os dois poemas existentes no tema “a dor de pensar” apresentam um tema
central idêntico: “a dor de pensar” provocada pela intelectualização do sentido. “Ceifeira” e “Gato”
são símbolos de uma alegre inconsciência, enquanto Pessoa afirma para si uma espécie de trituração
mental que o conduz a parte alguma – “o que em mim sente, ‘stá pensado!”
Temos muito presente a rima cruzada e os versos de redondilha maior (7 silabas), e em relação aos
recursos expressivos temos com frequência a comparação, a metáfora, e paradoxos.
Após a viagem que fizemos ao “mundo de F. Pessoa”, com o objetivo de levar a cabo o meu
trabalho, apurámos que se trata de um homem de grande pluralidade psicológica.
No que me diz respeito, foi, sem dúvida, um desafio, porque tive de fazer imensa
pesquisa, trabalhar com vários suportes (digital, papel, …), para que pudesse concluir que sabia
muito pouco sobre o autor em questão e que muito me falta, ainda.
4.Apêndice
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