Gato Que Brincas Na Rua

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Agrupamento de escolas Dr.

Mário Fonseca
Escola básica e secundaria Dr. Mário Fonseca

Fernando Pessoa Ortónimo


“Gato que brincas na Rua”

Jéssica Silva Nº5 12ºB_N

Nogueira, dezembro de 2022

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Fernando Pessoa Ortónimo
“Gato que Brincas na Rua”
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Agrupamento de escolas Dr. Mário Fonseca


Escola básica e secundaria Dr. Mário Fonseca

Fernando Pessoa Ortónimo


“Gato que brincas na Rua”

Trabalho realizado pela aluna


Jéssica Silva Nº5, no âmbito da
disciplina de Português do
12ºB_N sobre a orientação da
professora, Isabel Caldeiras.

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Índice
Introdução 4
1.Quem foi Fernando Pessoa? 5
2.” Gato que brincas na rua” 7
2.1 A Dor de Pensar 8
2.2 ” GATO QUE BRINCAS NA RUA”- ANÁLISE ESTILÍSTICA 9
3.CONCLUSAO 11
4.APÊNDICE 11

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Introdução
Fernando Pessoa conta e chora a insatisfação da alma humana. A sua precariedade, a
sua limitação, a dor de pensar, a fome de se ultrapassar, a tristeza, a dor da alma
humana que se
sente incapaz de construir e que, comparando as possibilidades miseráveis com a
ambição desmedida, desiste, adormece “num mar de sargaço” e dissipa a vida no
tédio.
Os remédios para esse mal são o sonho, a evasão pela viagem, o refúgio na infância, a
crença num mundo ideal e oculto, situado no passado, a aventura do Sebastianismo
messiânico, o estoicismo de Ricardo Reis, etc. Todos estes remédios são tentativas
frustradas porque o mal é a
própria natureza humana e o tempo a sua condição fatal. É uma poesia cheia de
desesperos e entusiasmos febris, de náusea, tédios e angústias iluminados por uma
inteligência lúcida, febre da
absoluta insatisfação do relativo.
Em Pessoa, observa-se a presença de uma pequena humanidade, com diversas
personagens que possuem personalidades distintas, designadas heterónimos. Mas há,
também, uma personalidade poética ativa que mantém o nome de Fernando Pessoa e,
por isso, se designa de ortónimo .No seguimento da disciplina de Português e com o
objetivo de avaliar o desempenho e compreensão dos alunos, a professora Isabel
Caldeiras propôs o seguinte trabalho onde será abordado o tema de Fernando Pessoa
e seus ortónimos.
Pessoa ortónimo distingue-se por traços peculiares: avesso ao sentimentalismo, as
suas finas emoções são pensadas, ou são já vibrações da inteligência, vivências de
estados imaginários.
Pessoa exprime ou insinua a solidão interior, a inquietação perante o enigma
indecifrável do mundo, o tédio, a falta de impulsos afetivos de quem, minado pelo
demónio da análise, já não
espera nada da vida.

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1.Quem foi Fernando Pessoa?

Fernando Pessoa (1888-1935) foi um dos mais importantes poetas da língua portuguesa e
figura central do Modernismo português.

Fernando Antônio Nogueira Pessoa nasceu em Lisboa, Portugal, no dia 13 de junho de 1888.
Era filho de Joaquim de Seabra Pessoa, natural de Lisboa, que era crítico musical, e de Maria
Magdalena Pinheiro Nogueira Pessoa, natural dos Açores. Ficou órfão de pai aos 5 anos de
idade.

Seu padrasto era o comandante militar João Miguel Rosa, que foi nomeado cônsul de Portugal
em Durban, na África do Sul. Acompanhando a família Fernando Pessoa seguiu para a África do
Sul, onde recebeu educação inglesa no colégio de freiras e na Durban High School.

Pessoa regressou a Lisboa em 1905 e matriculou-se na Faculdade de Letras, porém deixou o


curso no ano seguinte. A fim de dispor de tempo para ler e escrever, recusou vários bons
empregos. Só em 1908 passou a trabalhar como tradutor autônomo em escritórios comerciais.

Poeta lírico e nacionalista cultivou uma poesia voltada aos temas tradicionais de Portugal e ao
seu lirismo saudosista, que expressa reflexões sobre seu “eu profundo”, suas inquietações, sua
solidão e seu tédio.
Fernando Pessoa foi vários poetas ao mesmo tempo, criou heterônimos - poetas com
personalidades próprias que escreveram sua poesia e, com eles procurou detetar, sob vários
ângulos, os dramas do homem de seu tempo.

Obras Publicadas em Vida

• 35 Sonnets
• Antinous

• Inscriptions
• Mensagem, 1934

Obras Póstumas

• Poesias de Fernando Pessoa, 1942


• Poesias de Álvaro de Campos, 1944

• A Nova Poesia Portuguesa, 1944


• Poesias de Alberto Caeiro, 1946
• Odes de Ricardo Reis, 1946
• Poemas Dramáticos, 1952

• Poesias Inéditas I e II, 1955 e 1956


• Textos Filosóficos, 2 v, 1968

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• Novas Poesias Inéditas, 1973


• Poemas Ingleses Publicados por Fernando Pessoa, 1974
• Cartas de Amor de Fernando Pessoa, 1978
• Sobre Portugal, 1979

• Textos de Crítica e de Intervenção, 1980


• Carta de Fernando Pessoa a João Gaspar Simões, 1982
• Cartas de Fernando Pessoa a Armando Cortes Rodrigues, 1985
• Obra Poética de Fernando Pessoa, 1986

• O Guardador de Rebanhos de Alberto Caeiro, 1986


• Primeiro Fausto, 1986

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2.” Gato que brincas na rua”

Gato que brincas na rua


Como se fosse na cama,
Invejo a sorte que é tua
Porque nem sorte se chama.

Bom servo das leis fatais


Que regem pedras e gentes,
Que tens instintos gerais
E sentes só o que sentes.

És feliz porque és assim,


Todo o nada que és é teu.
Eu vejo-me e estou sem mim,
Conheço-me e não sou eu.

Este poema lembra o poema Tabacaria, onde a certo ponto Pessoa move a sua atenção para a
rapariga que come chocolates, absorta do resto do mundo. É esta falta de preocupação (o ser
"bruto", que aparece por ex. em Ricardo Reis), que espanta Pessoa e o intriga - sendo que
também faz nascer nele a inveja.

Gato que brincas na rua


Como se fosse na cama
Invejo a sorte que é tua
Por que nem sorte se chama.

Pessoa inveja realmente "a sorte" do gato, que é a sorte de ser inconsciente e puder brincar
sem pensar em mais nada - brinca na rua "como se fosse na cama".

Bom servo das leis fatais

Que regem pedras e gentes,

Que tens instintos gerais

E sentes só o que sentes.

O gato é "bom servo das leis fatais", ou seja, cumpre o seu destino sem se opor minimamente
a ele - cumpre o desejo mais alto de Reis, que é o de sentir o destino como coisa inevitável
enquanto se cumpre. O assumir deste destino universal, que rege "pedras e gentes" é um

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motivo de alta nobreza. Mas o homem é incapaz (a menos que seja "bruto") de ter esta
atitude, porque alguns homens (como Pessoa), não têm apenas os "instintos gerais", que
regem o gato - que sente "só o que sente" e nada mais.

És feliz porque és assim,


Todo o nada que és é teu.
Eu vejo-me e estou sem mim,
Conheço-me e não sou eu

A razão da inveja de Pessoa, mais do que inveja pela falta de preocupação, é inveja pela
simples felicidade que existe quando se vive plenamente as coisas sem pensar. "És feliz porque
és assim" é uma expressão de profunda miséria, de quem observa e tem a consciência plena
que é infeliz. Embora o gato seja apenas "o nada", ele é-o plenamente, enquanto Pessoa sente
que se conhece e conhece a sua situação, mas não consegue ser feliz assim.

O paradoxo pensar/viver parece aqui encontrar novo poiso privilegiado - Pessoa inveja a
felicidade alheia, seja de pessoas ou animais, porque a felicidade alheia é inatingível e baseada
em princípios que ele sente nunca poder alcançar. Sobretudo aqueles princípios de
simplicidade, acessíveis apenas aos "brutos", ou aos animais, como o pequeno gato que brinca
tranquilo na rua. Pessoa sabe que nunca poderá ser apenas um "bruto", muito menos um
animal - é este peso enorme que esmaga a sua esperança em ser feliz."

2.1 A Dor de Pensar


A dor de pensar surge quando o poeta vive em constante conflito interior, por se sentir
condenado a ter de pensar e a ser consciente.
Uma vez que não consegue deixar de se questionar e de pensar sobre todos os aspetos da sua
vida, acaba por se sentir frustrado e infeliz.
Perante isto podemos falar das dualidades; inconsciência/consciência e sentir/pensar.

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2.2” Gato que brincas na rua” - Análise estilística

Estrutura Interna.

Figura 1- Apêndice

Primeira Parte Lógica:

• O gato representa algo do nosso quotidiano, algo popular.


• É um animal feliz porque está a brincar.
• A sua "sorte" é invejada, pois o facto de ser inconsciente faz com que viva
intensamente a cada momento, podendo assim brincar na rua como se estivesse na
cama.
• Ao ser inconsciente, como animal irracional aceita acriticamente todas as situações e
segue apenas os seus instintos naturais.
• É autêntico pois "sente só o que sente" e não racionaliza nenhuma das suas atitudes,
podendo assim ser feliz.

Segunda Parte Lógica:

• Por ser inconsciente e viver segundo os seus instintos, o gato é feliz. Apesar de ser "o
nada", o gato é-o plenamente e isso causa inveja no poeta que ambiciona a simples
felicidade que existe quando se vive plenamente as coisas sem pensar.
• O poeta tem a plena consciência de que é infeliz por não poder deixar de pensar e por
isso não consegue atingir a felicidade tão desejada.

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Estrutura Externa.

Figura 2-Apêndice

A Ga | to | que| brin | cas | na | ru | (a


B. Co | mo | se | fo | sse | na | ca | (ma),
A In | ve | jo a | sor | te | que é | tu | (a)
B. Por | que | nem | sor | te | se | cha | (ma).

A Bom | ser | vo | das | leis | fa | tais


B. Que | re | gem | pe | dras | e | gen | (tes),
A Que | tens | ins | tin | tos | ge | rais
B E | sen | tes | só | o | que | sen | (tes).

A És | fe | liz | por | que és | a | ssim,


B To | do o | na | da | que és | é | teu.

A Eu | ve | jo | -me e es | tou | sem | mim,


B. Co | nhe | ço | -me e | não | sou | eu.

O poema é constituído por três quadras, doze v

Versos de redondilha maior, isto é, cada um deles com sete sílabas métricas.

A rima é cruzada, segundo o esquema ABAB.

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3.Conclusão

Neste poema o sujeito poético revela tristeza e desolação por não conseguir abolir o hábito
excessivo do pensamento, ou seja, sintetiza a dor que resulta do processo de racionalização
permanente, uma vez que, ao contrário do gato o sujeito poético não atinge a felicidade
porque tudo nele é pensamento.
O poeta afirma também que assim como o gato, gostaria de ser a ceifeira (poema analisado em aula),
com a sua “alegre inconsciência” – gostaria de sentir sem pensar; mas paradoxalmente, gostaria
também de ser ele mesmo, ou seja, ter a consciência de ser inconsciente – o que ele deseja é unir o
plano do sentir e o plano de pensar
A relação existente entre os dois poemas existentes no tema “a dor de pensar” apresentam um tema
central idêntico: “a dor de pensar” provocada pela intelectualização do sentido. “Ceifeira” e “Gato”
são símbolos de uma alegre inconsciência, enquanto Pessoa afirma para si uma espécie de trituração
mental que o conduz a parte alguma – “o que em mim sente, ‘stá pensado!”
Temos muito presente a rima cruzada e os versos de redondilha maior (7 silabas), e em relação aos
recursos expressivos temos com frequência a comparação, a metáfora, e paradoxos.
Após a viagem que fizemos ao “mundo de F. Pessoa”, com o objetivo de levar a cabo o meu
trabalho, apurámos que se trata de um homem de grande pluralidade psicológica.

Era capaz de se “subdividir” em várias personalidades completamente diferentes da sua.


Cada uma tinha uma maneira distinta de escrever, tendo despertado grande curiosidade e
levado muitos especialistas a estudar Pessoa. Isto também porque a sua obra permaneceu, em
grande parte, inédita. Está traduzida em várias línguas e pode ser dividida em duas grandes
categorias – ortónimo e heterónima.

No que me diz respeito, foi, sem dúvida, um desafio, porque tive de fazer imensa
pesquisa, trabalhar com vários suportes (digital, papel, …), para que pudesse concluir que sabia
muito pouco sobre o autor em questão e que muito me falta, ainda.

4.Apêndice
Gato que brincas na rua.pptx

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