Brasil Colonia

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ

CURSO DE HISTÓRIA

ANDRESSA VITORIA DE CASTRO

O BRASIL COLONIAL A PARTIR DE UMA VISÃO PANORÂMICA

UNIÃO DA VITÓRIA

2021
INTRODUÇÃO

Na busca por novas terras onde fosse possível desenvolver espaços de produção agrícola,
extração de obra-prima, especiarias e metais preciosos, os portugueses investiram na expansão
marítima que desencadearia grandes negócios e diversos conflitos. É fato que não somente Portugal
procurava por espaço e domínio, criando acordos e disputas por territórios, possível de se perceber,
inclusive nas terras brasileiras, o interesse dos espanhóis, franceses e holandeses, todos visavam
possuir riquezas e aproveitar os espaços que se diziam sem donos, além das potências há aqueles que
aqui habitavam, que buscavam a sobrevivência sua nas terras e da própria terra, os povos indígenas,
vistos como selvagens que necessitavam da conversão e portanto justificáveis a escravidão ou a serem
aproveitados da forma que mais cabia aos olhos alheios daquele que se achava superior, passou a lutar
das mais variadas formas para manter-se vivo a aí e também sua família é claro perdendo muita coisa
no caminho.

Pretendo abordar neste trabalho as relações que se estabeleceram no Brasil na formação dessa
colônia e os rumos que tomaram. Uma verdadeira trama que foi parar de fato na mídia e se discutem
cada vez mais. A colonização é uma palavra forte sim, e realmente o que esse período nos mostra e
grandes mudanças é só pensarmos, foi entrado em uma mata virgem, e iniciaram o desmatamento
principalmente do Pau Brasil, e desde aí não parou, século XXI e sofremos diariamente com impactos
na natureza. Um choque entre culturas, todas elas sofrendo alterações mas algumas a quase dizimação,
outra a perca de suas raízes e a sua liberdade tendo que se reinventar e novamente ter que buscar ser
novamente considerado racional e não animal e os que presavam expandir e gerar riquezas esses assim
se mantiveram fazendo o que fosse necessário para defender aquilo a qual se diziam donos.

Os métodos implementados pelos europeus no Brasil já vinham de suas experiências nas ilhas
do Atlântico e a cana de açúcar trazida para cá se estabeleceu muito bem o que forneceria grande
lucratividade. Em torno da economia do açúcar se estabeleceram as hierarquias do contexto, também o
modo de fazer, valorizando entre eles o mestre do açúcar e a mão de obra escrava que a partir dali era
um dos grandes negócios da coroa, movimentando o oceano atlântico, pois se tornou indispensável os
escravos africanos para as lavouras açucareiras e logo para a exploração do ouro.

Com a crise do açúcar por conta da grande concorrência, principalmente com os holandeses, o
Brasil foi perdendo espaço, mas em momento algum o grande entusiasmo por encontrar ouro parou e
inclusive eram feitas expedições em sua procura as “entradas” e também incentivado as expedições
privadas o caso das “bandeiras” que no final do século XVII encontraria as primeiras jazidas de ouro
de aluvião e que a partir dali iniciava o ciclo do ouro, que causaria grande alvoroço por todas as partes,
gerando migrações para as áreas mineradoras, e instauração de mecanismos de cobrança por parte da
coroa portuguesa, tais impostos e relações a cerca da produção de ouro levaria a diversas revoltas por
parte dos moradores e trabalhadores de Minas, pois as formas rigorosas do pagamento de tributos
impedia que tais pudesse ter maior estabilidade se sentindo usurpados pelo poder real o levou a
diversos conflitos e mudanças por parte da fiscalização que visava evitar contrabandos do ouro e
também há a preocupação com as revoltas já que no século XVIII as colônias iniciavam processos de
independência de seus colonizadores, como o caso do Haiti.

1.0. O PARAÍSO EM TERMOS EXPANSIONISTA.

As várias histórias a cerca da busca por novos territórios era motivo de grandes fantasias no
imaginário português, aliás oque há além do horizonte, o cristianismo viu nesse desconhecido formas
de buscar Deus ou o paraíso na terra e incentivar os fiéis a se aventurar atrás do reino do Preste João,
personagem criado com a figura de um grande soberano cristão, sobre ele foram feitos relatos de
viajantes que encontraram seu reino, com o intuito de buscar fama e aumentar os rumores de uma
verdadeira existência de tal reino, mas é claro não passava de algo fictício.

Não devemos tomar como fantasias desprezíveis, encobrindo a verdade representada


pelo interesse material, os sonhos associados à aventura marítima. Mas não há dúvida
de que o interesse material prevaleceu, sobretudo quando os contornos do mundo foram
sendo cada vez mais conhecidos e questões práticas de colonização entraram na ordem
do dia. (FAUSTO. 1996. pág,12)

Sobre o próprio mar acreditavam em criaturas e monstros que habitavam as profundezas e o


quão traiçoeiro era o mar, diversas superstições e rituais eram feitos para navegar, se tinha muito
medo, porém como Boris Fausto fala na citação acima era necessário pensar em algo que pudesse
encorajar os marinheiros, era normal viajarem padres para prezar pelo bem de todos.

Navegar era a opção a sua frente para aumentar as possibilidades de expansão e também
encontrar “tesouros”, sabe-se que Portugal já vinha com suas experiências através do comércio
ultramarino, e que os genoveses eram grandes marinheiros da época, porém com as necessidades de se
lançar ao mar, este pequeno país iria movimentar a economia e despertar ainda mais a ambição de
navegar, investindo pesado com objetivos a longo prazo já que foram anos de reconhecimento das
rotas.

Nalguns aspectos, o mar desempenhou certamente um papel mais importante na


história de Portugal do que qualquer outro factor isolado. Mas isto não significa que os
portugueses fossem mais uma raça de marinheiros aventureiros do que uma raça de
camponeses ligados à terra.(BOXER. 2002. Pág. 29-30)

O alto mar seria o futuro para encontrarem novos lugares que lhes permitisse produzir,
pois de fato foi o que fizeram por onde passaram, tentativas de fazer lavouras. As ilhas da Canária,
Madeira ,Açores, São Tomé e Cabo Verde foram introduzidas as técnicas de plantio na esperança de
criar grandes lavouras, tendo destaque a cana-de-açúcar que teria maior sucesso no Brasil, sendo
produzida através do trabalho escravo e que se tornaria o grande negócio dos séculos XV ao XIX, o
tráfico negreiro, retomaremos mais a frente e em toda a história do Brasil Colônia.
Chegar as terras que seriam chamadas de Brasil, era como a oportunidade que tanto almejavam,
poderia este ser o paraíso terrestre. De fato era o desconhecido e portanto estes seriam aqueles que
descobriram um lugar sem dono devendo ser tomado no intuito de fazer prosperar, e aqueles que lá
estavam eram como um pacote incluso e estes deveriam ter a oportunidade de conhecer o caminho da
salvação de suas vidas pagãs. Foram vistos sim como selvagens mas assim aproveitaram ao máximo o
que eles poderiam lhes proporcionar, conhecimento do lugar, descobrir onde tem ouro e utilizá-los
como mão de obra escrava, se tornariam produtos exóticos.

1.1. OCUPAÇÃO DO BRASIL E MÉTODOS IMPLANTADOS.

O território brasileiro era almejado por outros países que ficaram de fora do Tratado de
Tordesilhas, isso incomodava de maneira significativa por exemplo os franceses que ficavam a espreita
para tomar espaço e alegavam que era preciso povoar as terras e se mostrar presente. Martim Afonso
de Souza que chega ao Brasil com cinco navios contendo uma tripulação para colonizar, também traz
consigo mudas de cana para iniciar plantio na primeira vila fundada, São Vicente. Ele se encontra com
os franceses ao longo das costas e os expulsa, avisando ao rei que precisava fazer algo para mantê-los
afastados e em 1534 cria as capitanias hereditárias, onde se sabe dividiram a parte de Portugal em
quinze faixas de terras doadas a maioria nobres, os capitães-donatários com o intuito de povoar e
produzir.

O resultado do sistema como um todo foi desapontador. Algumas das capitanias não
chegaram a ser colonizadas, e outras sofreram com a negligência dos donatários, as
desavenças internas e as guerras dos índios. As poucas regiões que obtiveram um certo
êxito devem-no a uma feliz combinação de atividade açucareira e um relacionamento
razoavelmente pacifico com as tribos indígenas locais.(SCHWARTZ,1988. Pág.31)

Além dos problemas externos havia também os internos, pois a relação com os indígenas era
indispensável que se aliassem a algum grupo. Essas alianças ocorreram por todas as partes, os
portugueses se aliaram aos tupi, um dos grupos que falava o tupi-guarani e que tinham conflitos com
os tapuias que fizeram alianças com os holandeses, mais especificamente os Cariris em 1631, há
também a união dos franceses e os Caetés que levaram a ataques em Olinda. Nessas relações é possível
perceber que essas alianças eram estrategicamente feitas para defesa de interesse de ambas as partes,
realizando inclusive concubinatos entre europeus e indígenas, as capitanias sofreram muitos ataques
sem nenhuma defesa, pois os indígenas aliados ficaram conhecidos como capitães do mato, que além
de todo conhecimento defendiam as terras de invasores e contra os outros grupos indígenas.

Com a intenção de ajudar as capitanias o rei envia em 1549 Tomé de Souza com a função de
governador geral, um cargo de grande valor e confiança do rei sendo muito almejado, pois a ele cabia
proteger o território buscando a ordem na colônia e fazendo com que todos cumprissem suas
obrigações, assegurando as arrecadações e os gastos de cada capitania. Gerou desconforto nós
donatários que se sentiram acuados pela grande responsabilidade que cabia ao governador pois ele
estava abaixo apenas do rei, mas todo esse procedimento e hierarquização visavam dar ao Brasil um
caráter de organização na sociedade.

A lavoura açucareira teve grande espaço na economia, rendendo uma grande fama e despertou
mais interesse pela produção vinda dos holandeses, como já dito aliaram-se aos Cariris para conseguir
tomar Pernambuco para a produção de açúcar, de fato nesse contexto há muito mais para se falar mas
não vamos nos adentrar, o que chamamos a atenção é que depois de serem expulsos do Brasil eles
continuaram com sua experiência na produção de açúcar nas Antilhas e se tornaria uma grande
concorrência para o Brasil, que foi perdendo espaço no mercado e gerando uma crise.

Mas um objetivo de grande importância para Portugal nunca foi deixado de lado, encontrar
ouro, e a sua busca foi motivada pela coroa nas entradas e expedições particulares no caso das
bandeiras, tinham em vista além do ouro a captura de indígenas para venderem ou trabalharem como
escravos, podemos compreender que eles não queriam sair perdendo nada, explorar tudo lhes
permitisse lucro. Por onde passaram deixaram a marca de sua cobiça e vontade de expandir um dos
fatores é escravidão seja dos nativos mas principalmente daquela que impulsionou as lavouras
açucareiras e mais a frente as minas de ouro, os escravos africanos que com eles trouxeram muito
conhecimento acerca da produção de açúcar como também nas técnicas de mineração.

1.2. O TRÁFICO NEGREIRO

A exploração em si, já é pensada em obter lucratividade desta forma não podemos ser inocentes
e imaginarmos que há maneiras justificáveis para tal, mas os homens fazem as leis que para aqueles
grupos parecem universais, sendo assim podem mudar, criar de maneira que suas atitudes sejam
justificáveis mas para fins que são importantes apenas para aquele grupo. Percebemos justificativas
desde o início que levaram as pessoas agirem segundo o poder a que estão submetidos, tudo isso para
pensarmos que os africanos foram vistos sim como mão-de-obra que não necessitava de recursos
monetários, por que? Muitos ainda refletem sobre estas questões. Segundo a igreja, dizia que os
cristãos deveriam ir pelo mundo e converter aqueles que viviam como pagãos, podendo eles utilizarem
do que fosse necessário para tal feito, e uma forma o trabalho como conversão.

Com a necessidade de trabalhadores nos engenhos e canaviais, era visto que os indígenas eram
mais frágeis e também mais difícil de manter, pois conheciam o território muito melhor do que os
europeus e abrindo fuga com mais facilidade. Os escravos africanos eram perfeitos para o serviço pois
vindos de longe, de vários lugares com etnias diferentes seria muito mais difícil de se organizarem e
promoverem revoltas e ainda não precisando pagar por seus serviços uma razão mercantilista, isso
gerou um tráfego enorme das feitorias pela costa africana para o Brasil.
No mapa é possível observar a grande movimentação de escravos trazidos para cá, sendo feito
até quando já era proibido e dado multa aos traficantes, mas as leis foram feitas mais por pressão da
Inglaterra que também não fazia isso por valores humanitários e sim visando questões econômicas que
seriam favoráveis aos negócios indústrias.

As condições que enfrentaram os escravos africanos desde sua captura foram de fato
desumanas, os navios que os transportavam eram cheios o que permitia condições precárias e muitos
morriam no mar, e mesmo assim muitos chegaram no destino, em um serviço que lhes acabaria com a
dignidade e uma expectativa de vida baixa.

O escravo é visto pelo seu dono como um objeto, um acessório da terra, um animal
humano, a objetivação de um capital; em suma, como um simples instrumento de
produção. O funcionamento do sistema e em particular o processo de preparação e
integração do escravo a tal sistema leva a que o próprio escravo aceite como um fato,
em muitas circunstâncias, a sua inferioridade, a sua impotência para mudar a sua
condição.(CARDOSO. 1982. Pág.59).

Ele era realmente tido como um animal que deveria ser contado como bem, a essas condições a
sua sanidade também estava em jogo, pois além das humilhações o debilitavam fisicamente e
psicologicamente. Foi assim nas lavouras, e depois nas minas também, de qualquer maneira ser
escravo não é uma escolha, é vemos diversas revoltas e resistência por parte deles, e nenhum momento
eles desistiram de lutar contra as situações de violência a que passavam e conseguir a liberdade.
Vamos perceber nas minas a compra de alforrias, uma delas as próprias quitandeiras que juntavam seus
ganhos para compra sua carta de alforria ou aqueles que conseguiam ouro mesmo que roubando pois
estava a sua frente a liberdade.
Referências:
 PAIVA. Eduardo. França “Bateias, carumbés, tabuleiros: mineração africana e mestiçagem
no Novo Mundo”, em O trabalho mestiço maneiras de pensar e formas de viver-séculos
XVI-XIX. coord. Eduardo França Paiva e Carla Maria Junho Anastasia (São Paulo: Anna
Blume, 2002).

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