2754-Texto Do Artigo-8632-1-10-20161201
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RESUMO: Diante do que buscamos conhecer a respeito das políticas públicas para a
educação, o presente artigo objetiva analisar e refletir, por meio da legislação da educação
do campo, seu papel social para o fortalecimento do camponês, da agricultura familiar, da
reforma agrária e das comunidades tradicionais. Traçamos um histórico das lutas da classe
trabalhadora rural, especialmente em relação à qualidade da educação, e um breve relato
sobre como caminhou e caminha a educação no/do campo no Mato Grosso do Sul, até os
dias atuais. Os direitos ao acesso e à permanência do aluno nas escolas do campo vêm
sendo discutidos já há muito tempo, mas percebemos que a complexidade que o tema
envolve dificulta o entendimento dos caminhos para implementar, de fato, a educação do/no
campo no país e construir uma identidade cultural que represente essa vontade de adquirir
autonomia por meio da educação e dos saberes do campo, dos saberes urbanos, dos
saberes tradicionais, mesmo com todos os instrumentos legais e operacionais existentes.
ABSTRACT: Given what we seek to know about the public policies for education, this article
aims to analyze and reflect, through legislation of rural education, their social role to
strengthen the peasant family agriculture, land reform and communities traditional.We trace
a history of the struggles of the rural working class, especially regarding the quality of
education, and a brief account of how walked and walks the education to rural in Mato
Grosso do Sul, to the present day.The rights to student access and permanence in the rural
schools have been discussed for a long time, but we realize that the complexity of the
subject makes it difficult to understand the ways to implement, in fact, rural education in the
country and to construct a cultural identity that represents this will to acquire autonomy
through the education and knowledge of the countryside, urban knowledge, traditional
knowledge, even with all existing legal and operational instruments.
1
Artigo elaborado a partir do Trabalho Final de Conclusão de Curso da Pós-Graduação Lato Sensu
em Educação do Campo
2
Especialista em Educação do Campo pela UFMS/CPTL. Correio eletrônico:
[email protected]
3
Professora orientadora do curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Educação do Campo
UFMS/CPTL. Correio eletrônico: [email protected]
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KEYWORDS: Public policies; Field education; Operational frameworks.
INTRODUÇÃO
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Ao final deste trabalho, fizemos uma análise da trajetória da educação do
campo, suas evoluções e entraves e como caminha, atualmente, o propósito de uma
educação no/do campo que seja realidade concreta, e não apenas burocrática.
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esposa (cuidar da casa e dos filhos) não eram atividades que careciam de
conhecimentos de leitura e escrita, muito menos de senso crítico sobre os
acontecimentos locais e nacionais; isso era assunto apenas da burguesia, da
nobreza, dos herdeiros dos grandes latifúndios.
Para Silva (2004), a escola até o século XX destinava-se somente às elites
burguesas da sociedade, enquanto a maior parte da população, sobretudo a
população rural, não tinha acesso à escola. Porém, a partir de 1930, a educação
toma novos rumos com o manifesto escolanovista de 1932 (GHIRALDELLI, 2006).
Cabe destacar que, nessa época, o Brasil passa por diversas transformações
econômicas relacionadas tanto com a decadência cafeeira, que promoveu intensa
migração rural, quanto com a chegada da Revolução Industrial, incentivada pelo
governo de Getúlio Vargas em 1930.
Diante do crescimento das indústrias, o governo foi forçado a buscar meios de
capacitar a classe trabalhadora, uma vez que operar máquinas simples ou
complexas e ler manuais seriam necessários naquele momento histórico. No
entanto, essa nova visão a respeito do acesso à educação privilegiou apenas a
sociedade urbana: os camponeses não usufruíram dos mesmos benefícios de uma
educação voltada à necessidade local porque as escolas rurais utilizavam as
mesmas matrizes curriculares e princípios da escola urbana.
Silva (2004) aponta que, a partir de 1950, o discurso urbanizador torna-se
mais intenso, pois as políticas para o desenvolvimento do Brasil visavam ao
crescimento industrial. Na época da ditadura militar (1964-1985), a fim de alavancar
a economia para promover o desenvolvimento nacional e fazer do país uma
potência, tiveram início as campanhas contra o analfabetismo. Em 1969, nasce, por
meio da Lei nº 5.379, o Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL) cuja meta
era erradicar o analfabetismo entre jovens e adultos de 15 a 35 anos, apenas – sem
uma proposta concreta voltada à população rural. Destacamos que, conforme os
dados do Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE), na década de 1970,
44,06% da população brasileira ainda residiam na zona rural.
Os princípios fundamentais estabelecidos para o direito e o acesso à
educação estão contemplados na nossa Constituição Federal (1988); a garantia da
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qualidade da educação advém das políticas de gestão. Marcada pelas
desigualdades sociais existentes no Brasil e seguindo o caminho de um Estado de
direitos democráticos, a educação passa a ter papel de destaque; o artigo 205da
Constituição determina que:
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Diretrizes, princípios norteadores de ação do poder público; regras e
procedimentos para as relações entre poder público e a sociedade,
mediações entre atores da sociedade e Estado [...] traduzem no seu
processo de elaboração e implantação e, sobretudo, em seus
resultados, formas de exercícios do poder público, envolvendo a
distribuição e redistribuição do poder, o papel do conflito social nos
processos de decisão, a repartição de custos e benefícios sociais [...]
mas nem sempre, há compatibilidade entre as intervenções e
declarações de vontade e as ações envolvidas (TEIXEIRA 2002, p.
2).
No ano de 1996, quase quatro anos após a discussão ter entrado em pauta
no Senado, é aprovado o texto da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que
define as diretrizes e bases da educação nacional; em seu artigo nº 28, a LDB/1996
estabelece que:
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Com diretrizes curriculares educacionais embasadas na conquista da terra, na
sobrevivência, no trabalho do camponês, no desenvolvimento local, na relação entre
a família e o campo, entre outros agentes e fatores que possam contribuir para o
desenvolvimento da autonomia campesina, a educação do campo pode ser
concebida como uma ação educativa desenvolvida para o fortalecimento de valores,
conhecimentos e habilidades descritos no art. 2º da Resolução CNE/CEB nº
01/2002; contudo, há necessidade de discutir a diversidade das comunidades dos
povos do campo.
Como resultado de lutas do Movimento Sem-Terra (MST), a educação do
campo vem dialogando com novos saberes, valorizando o modo de vida camponês.
Arroyo enfatiza que essa educação do campo, pensada para a valorização do
camponês, tem firmado cada vez mais “novos valores, nova cultura, nova
identidade, nova consciência de dignidade, nova consciência de direitos” (ARROYO,
2005, p. 48). Esses novos rumos da educação do campo evidenciam a importância
do ensino que busca por melhores dias no campo, sem fazer perder a identidade ou
as raízes culturais dos camponeses.
Destacamos que o conceito de educação do campo no cenário atual não é
simples; “durante décadas nem sequer se falava em educação do campo, era a
educação rural, a escolinha rural, professor rural” (ARROYO, 2005, p. 47). A mesma
matriz curricular aplicada nas escolas urbanas era reaplicada nas escolas do campo,
muitas vezes sem sentido para a realidade local. A realidade de muitas escolas do
campo está longe do ideal: inclui desvalorização do docente; salas multisseriadas,
muitas vezes lotadas; falta de materiais e infraestrutura física e humana adequada.
Com o advento da Constituição de 1988, notamos que algumas mudanças
aconteceram na base de luta dos movimentos sociais em relação à educação
aplicada no campo, especialmente no que diz respeito à autonomia na educação no
campo e todos os direitos pertencentes ao camponês, preservados da melhor forma
possível.
Os avanços na educação resumem-se à concessão de direitos sociais a
todos, com equidade, respeitando a identidade de cada cidadão. Porém, quando
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avaliamos a educação direcionada ao campo, percebemos que esses objetivos
podem não ser alcançados. As Diretrizes Operacionais para a Educação Básica do
Campo – estabelecidas pela Resolução do Conselho Nacional de Educação/Câmara
da Educação Básica (CNE/CEB) n° 01, de 03 de abril de 2002 –, em seu artigo 2º,
parágrafo único, definem que:
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Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA) – uma política pública cujo
executor é o Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA), implementada pelo
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). A ação:
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Entre os programas de governo para a educação do campo, podemos dizer
que o PRONERA, dentro do que se propõe, também viabiliza a implantação de
novos mecanismos para estabelecer a organização e “fortalecer o meio rural
enquanto território” (BRASIL, 2014, p. 7), situação que promove a construção de
novas relações sociais e novos métodos de trabalho, além do respeito e do cuidado
com a natureza com a valorização do camponês.
Outro ponto que merece destaque é seu princípio baseado na “relação
indissociável da educação e do desenvolvimento territorial sustentável, como
condição para a qualificação do modo de vida da população envolvida nos projetos”
(BRASIL, 2014, p. 9). Assim, democratizar o acesso à educação é o mesmo que
disponibilizar uma educação pública de qualidade para crianças, jovem e adulta,
promovendo a cidadania e a inclusão – em que as demandas, a participação e a
gestão de fundamentos teóricos e metodologias ampliem este acesso a mais
pessoas vivendo nas áreas de reforma agrária.
A participação das comunidades, juntamente com os parceiros, decidirá quais
são as demandas educacionais para cada realidade local, ficando assegurada a
equidade e a universalização através da participação de todos os envolvidos. A
interação entre comunidade e parceiros, sejam eles governamentais, privados ou
organizações não governamentais (ONGs), promove a multiplicação dos saberes da
educação. Nessa construção, podemos observar que escolher os indicadores
sociais adequados na fase de elaboração de uma política pública educacional é
muito importante, pois eles decidirão a metodologia aplicada a partir de sua
realidade.
Ainda sobre o PRONERA, observamos que ele tem como base a “diversidade
cultural, a transformação do campo, a gestão democrática, o acesso ao avanço
científico e tecnológico voltados para a reforma agrária” (BRASIL, 2014, p. 9); as
propostas pedagógicas são elaboradas por meio dos princípios do diálogo, da
práxis, da transdisciplinaridade e da equidade.
Conforme dados coletados no ano de 2014 no INCRA, em Mato Grosso do
Sul, havia 203 projetos de assentamento implantados pela política de reforma
agrária, contemplando um total de 28.658 famílias que vivem em pequenas
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propriedades nas quais desenvolvem a agricultura camponesa familiar, conforme
Tabela 1, abaixo.
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No Mato Grosso do Sul, essa perspectiva também se efetiva, como podemos
ver na tabela 3. O relatório traz as vagas preenchidas no início do ano letivo por
alunos regulares, e não os resultados das vagas ao término do mesmo.
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Na tabela 5, em Mato Grosso do Sul, as matrículas inicias para as escolas
rurais totalizam 1.400, o que não é pouco, tratando-se de alunos especiais.
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Elaborar um currículo que possa contemplar os anseios desta população é
tão importante quanto elaborar um material didático adequado a esta realidade; o
Estado de Mato Grosso do Sul tenta fazer seu papel, promovendo discussões com
as prefeituras que desejam melhorar a qualidade da educação do campo por meio
de apoio operacional e normativo.
É necessário, também, conhecer a quantidade de escolas rurais e quais delas
possuem matriz curricular adequada à sua realidade. O que deu certo?O que deu
errado? Por quê? Onde os ajustes são necessários? Assim, teremos um panorama
visível para fazer as adequações e/ou intervenções necessárias e garantir educação
de qualidade para todos que dela necessitem.
Percebemos que o Estado está aberto para dialogar e construir uma
educação para todos e todas, independentemente de onde a escola está localizada,
respeitando o homem e a natureza. Porém, sabemos que nada é finito e que,
quando se constrói educação, este é apenas um ponto de partida; os autores aqui
citados fazem parte de uma construção de identidades de sujeitos que almejam
retirar da terra o seu sustento com dignidade.
A implementação da educação do campo num país com dimensões
continentais, como o Brasil, requer muita vontade política e flexibilidade para pensar
as propostas quanto à estrutura física, operacional e pedagógica. Por ainda ser uma
política pública jovem, a educação do campo precisa de ações conjuntas entre as
lideranças dos movimentos sociais e sindicais do campo, o Ministério da Educação
(MEC) e os sistemas públicos educacionais.
Isso é necessário, pois há uma dívida social do país em relação aos direitos
dos camponeses, especialmente no que diz respeito à educação construída a partir
de sua realidade e tradições locais. Esta dívida começa a ser paga quando, depois
de muitas lutas e reivindicações, é publicado, em 2001, o Parecer nº 36 do Conselho
Nacional de Educação (CNE), que traz um importante estudo sobre como é tratada a
educação do campo em todas as Constituições brasileiras. O parecer reúne,
também, um conjunto de princípios e procedimentos em seu relatório final, muito
esperado por todos os envolvidos, elaborado com respaldo no artigo 28 da LDB
1996 e que propõe adequações e medidas às escolas do campo.
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Após abordar as questões legais sobre a história da educação do campo no
Brasil, o Parecer nº 36 ainda trata da educação rural nas Constituições estaduais, de
suas características regionais, da expansão da rede de ensino e da valorização do
magistério, do ensino profissionalizante agrícola e, por último, do território da
educação rural na LDB, conferindo valor imensurável ao ponto de partida para a
concretização de uma política pública tão esperada por uma população que luta não
só pela terra, mas por sua identidade.
O segundo marco normativo é a Resolução CNE/CEB nº01/2002 4, que institui
as Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas escolas do campo e que
reconhece o modo de vida do homem do campo, bem como o espaço e a
diversidade para a construção de sua identidade. Em seu texto, deixa explícitos
todos os princípios e procedimentos para adequar as escolas do campo às Diretrizes
Curriculares Nacionais para todos os níveis da educação ofertada pelo governo –
educação infantil, ensino fundamental e médio, educação de jovens e adultos,
educação especial, educação indígena, educação profissional de nível técnico e a
formação em nível médio na modalidade normal –; ou seja, a escola será construída
a partir de sua realidade.
Em 1º de fevereiro de 2006, é aprovado o Parecer CNE/CEB nº 01, que
dispõe sobre os dias letivos em regime de alternância nos Centros Familiares de
Formação por Alternância (CEFFA). Em seu relatório final, o parecer propõe que a
educação escolar, nas Escolas Família Agrícola (EFA), Casas Familiares Rurais
(CFR), Escolas Comunitárias Rurais (ECOR), Escolas de Assentamento (EA),
Programas de Formação de Jovens Empresários Rurais (PROJOVEM), Escolas
Técnicas Estaduais (ETE), Casas das Famílias Rurais (CDFR) e Centros de
Desenvolvimento do Jovem Rural (CDEJOR) possam construir um calendário letivo
flexível, no qual a alternância vem ao encontro da realidade de cada comunidade
escolar, seguindo os seguintes critérios de alternância:
4
Publicada no DOU de 09/04/2002, Seção 1, p. 32.
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a) Alternância justa positiva: caracterizada pela sucessão dos tempos ou
períodos consagrados ao trabalho e ao estudo, sem que haja uma relação
entre eles;
b) Alternância associativa: quando ocorre uma associação entre a
formação geral e a formação profissional, verificando-se, portanto, a
existência da relação entre a atividade escolar e a atividade profissional,
mas ainda como simples adição;
c) Alternância integrativa real ou copulativa: períodos de alternância na
escola e na família, em que a aprendizagem vai da teoria à pratica; esses
tempos estão interligados por meio de instrumentos e suportes
pedagógicos específicos, pela associação, de forma harmoniosa, entre
família e comunidade para a formação integral e profissional do aluno.
5
Publicada no DOU de 29/4/2008, Seção 1, p. 25-26.
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um modo geral, ampliam os direitos, contemplando o artigo 205 da Constituição
Federal.
Em 29 de janeiro de 2009, por meio do Decreto nº 6.755, é instituída a Política
Nacional de Formação de Profissionais do Magistério da Educação Básica,
ordenando a atuação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (CAPES) no fomento a programas de formação inicial e continuada, entre
outras providências – revogado em 09 de maio de 2016 pelo Decreto nº 8.752, que
dispõe sobre a Política Nacional de Formação dos Profissionais da Educação Básica
e confere maior amplitude à formação, em consonância com o Plano Nacional de
Educação (PNE)/2014.
O Decreto n° 7.352, de 04 de novembro de 2010, traz em seu texto a política
de educação do campo e o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária
(PRONERA), que apoia projetos desde a alfabetização até a realização de estudos e
pesquisas, promoção de seminários, etc.
Em 25 de julho de 2012, é sancionada a Lei n° 12.696, advinda da Medida
Provisória nº 562/2012, que dispõe sobre o apoio técnico ou financeiro da União no
âmbito do Plano de Ações Articuladas (PAR) – alterando a Lei n° 11.947, de 16 de
junho de 2009, e incluindo polos presenciais do sistema Universidade Aberta do
Brasil (UAB) na assistência financeiras do Programa Dinheiro Direto na Escola. A Lei
nº 12.696 altera, também, as Leis nº 11.494, de 20 de junho de 2007, que passa a
contemplar as instituições comunitárias que atuam na educação do campo com
recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de
Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB); n° 10.880, de 09 de junho de
2004, que dispõe sobre a assistência financeira da União no âmbito do Programa de
Apoio aos Sistemas de Ensino para Atendimento à Educação de Jovens e Adultos; e
n° 8.405, de 09 de janeiro de 1992,que elenca todos os pontos principais na que se
refere à educação do campo.
Mais recentemente, em 2016, o Decreto nº 8.752, já citado no texto, propõe
discussões pertinentes sobre a temática da educação do/no campo, evidenciando
toda a importância das comunidades rurais para o desenvolvimento do país e o
papel social que a educação tem a cumprir.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do que foi exposto neste trabalho, percebemos que é possível uma
educação de qualidade voltada ao campo. No entanto, o resultado da pesquisa
aponta que, apesar de toda base legal para sua implementação, a modalidade ainda
não se efetivou de fato. O tratamento dado às políticas públicas para a educação do
campo, em nível nacional, reflete-se no Estado de Mato Grosso do Sul. Podemos
dizer que há muito o que caminhar, desde o diagnóstico, passando pelo
planejamento das ações, pela aplicação dos recursos até a avaliação – etapas da
formulação dessa agenda temática. Mesmo diante de todas as lutas, de toda
colaboração por meio de decretos e leis, pensar coletivamente ainda se mostra uma
tarefa difícil, já que por trás das ações existem intenções que, nem sempre, vão ao
encontro das necessidades do grupo social específico. Sabemos que é possível
elaborar projetos, mas eles de nada adiantarão se não existirem as “práticas sociais
cotidianas” para estabelecer o conceito que fará toda a diferença para a
comunidade.
Outro ponto evidente é a existência de dificuldades para desenvolver a
educação do/no campo, pois ela ainda é muito jovem diante do espaço-tempo.
Mesmo com todas as lutas e enfrentamentos pelo direito a uma educação
emancipatória e libertária, há apenas 19 anos foram dados os primeiros passos para
a legalização da educação para o campo, e há apenas 28 anos que nossa
Constituição Federal assegura o direito à educação para todos. Somos muito jovens
e precisamos discutir a educação para errarmos cada vez menos.
Em suma, ainda há, no campo, sistemas educacionais com o currículo
disciplinar e fragmentado – ou seja, tudo se desenvolve na escola por meio de
“fragmentos”; o discurso de todos é favorável às novas concepções, mas
percebemos que não há uma prática efetiva deste discurso, que ainda se restringe à
burocracia e às gavetas dos gabinetes, esperando o “momento” em que as
desigualdades não mais terão peso sobre a sociedade e as políticas públicas para a
educação desempenharão, de fato, seu papel social. Isso evidencia que continuar a
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lutar é necessário. As perspectivas são muitas para a educação do campo, mas a
união é fundamental para que os limites sejam ultrapassados e os objetivos
alcançados. Todos os sujeitos que estão lutando por esta causa o fazem por
acreditar em uma educação para todos e todas, respeitando as tradições e os
saberes da terra e dos que, nela, encontram a paz.
REFERÊNCIAS
49 Revista Eletrônica da Associação dos Geógrafos Brasileiros – Seção Três Lagoas/MS – nº 24 – Ano 13,
Novembro 2016
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-1969/L5379.htm> Acesso em: 12 dez.
2014.
50 Revista Eletrônica da Associação dos Geógrafos Brasileiros – Seção Três Lagoas/MS – nº 24 – Ano 13,
Novembro 2016