Resumos História Da Comunicação
Resumos História Da Comunicação
Resumos História Da Comunicação
ORALIDADE
É qualquer coisa que precede a nossa imagem de seres civilizados (com tudo o que isso implica
em termos históricos e políticos). Pensar a oralidade é um exercício condicionado: acontece
sempre na perspetiva do homem alfabetizado por relação a um que não é.
Tudo é som. Tudo é evento, tudo é ocorrência. Não há qualquer possibilidade de consulta,
nem de “reconstituição”, apenas de “recriação”. Há uma melodia contínua, apenas ritmada
pela entoação. O império do som enquanto tal. Ao contrário de outros elementos, como a
imagem, não pode ser parado. Se se parar, apenas se tem silêncio.
Exemplo: apenas se “sistematizam” pequenas técnicas (sabe-se como utilizar uma enxada; a
agricultura não existe enquanto ciência).
Apenas há:
a memória viva
a narrativização e a mitologização de tudo
“casos de estudo”
A estrutura mais primária da existência, uma estrutura em rede de pontos-chave: uma árvore
gigante, um planalto, uma pedra gigante, um rio.
Mundo mágico = quando havia uma tempestade, por exemplo, era porque alguém
superpoderoso assim o quis.
Este objeto terá surgido em várias partes do globo em tribos que não tinham ligação entre
elas, segundo estudos. Isto quer dizer que este objeto não será uma criação exclusivamente
humana, senão não teria aparecido ao mesmo tempo em diferentes sítios. E era por isso que
as tribos as usariam. Este objeto tem 4 dimensões: técnica (através da técnica aperfeiçoam a
peça), natural (através do desgaste, erosão, etc, ela adquire o formato ‘’perfeito’’), estética
(no sentido do belo ou do design, a simetria, a primeira ideia não consciente de forma, a
inutilidade dos objetos) e mágica (como se fosse uma bênção porque pode ser usado em
várias ocasiões que os ajudavam, é útil e belo. Torna-se mágico, quase um amuleto).
Pensamento da analogia e não da rutura – revê-se a folha de uma árvore no objeto criado –
nesse preciso momento anula-se a suposta “intenção” criadora.
Tudo isto é indestrinçável e inconsciente. Não é ainda objeto de um processo de cultura. E isso
só acontecerá verdadeiramente com a escrita.
Rousseau: Ensaio sobre a origem das línguas (a distinção entre os letrados, por um lado, e os
selvagens, os bárbaros e os civilizados, por outro)
Hoje analisaremos os traços dessa cultura oral. Tanto de um ponto de vista antropológico
como da teoria da comunicação e da linguagem.
Nota importante: a cultura oral não desapareceu com a invenção da escrita e da alfabetização
(o analfabetismo dominava em Portugal até há poucas décadas atrás; em todo o caso,
podemos dizer que o mundo terá entrado num processo irreversível de codificação, abstração
e artificialização).
Mas isto é apenas um cenário hipotético. Porque desde cedo se terão começado a desenvolver
modalidades de:
Psicodinâmicas da oralidade.
Primeiro princípio:
a) Técnicas
b) culturais
NOTA: Tudo isto não quer dizer que as culturas orais não denotassem complexidade ou
inteligência. E também não dizem que a técnica/tecnologia nasce com a escrita. Já existia,
desde o trabalho com e sobre os objetos até às mnemónicas.
Apenas diz que a invenção e o uso da palavra escrita constitui uma rutura radical e irreversível.
1º paradoxo
Exemplos:
Conjunto de traços:
Relação não necessária com a oralidade: O signo escrito não tem integralmente origem na
palavra ou no auditivo, traduzindo-os, mas também, de uma maneira autónoma, no visual.
A escrita não é apenas transcrição do falado no ato gráfico, tem origem no reconhecimento
visual da marca
2º paradoxo
Papel da “linguagem” gestual (ou a importância do gesto mesmo antes da fala) – tudo foi físico
antes de ser codificado – o apontar como exemplo (como as crianças são também exemplos)
Síntese:
Os primeiros meios (naturais) de comunicação são partes vazias que melhor recebem as
marcas, como a areia, a madeira, a cortiça, o osso, a pedra, a pele humana. Partes quase
decalcadas das utilizadas pelos animais, mas que visam agora intencionalmente preservar e
enviar mensagens.
Tese: as correspondências entre a oralidade e a escrita são parciais, não necessárias, não
lineares. São mais de coordenação do que de subordinação.
Aí intervêm:
sentido táctil
ritmos pulsionais
a voz (determinada também pela manipulação de utensílios)
Mnemotécnicas
Ornamentais
Mágicas
A escrita é uma estrutura autónoma que, no decorrer dos séculos, foi preenchida com a
palavra; a escrita é uma estrutura que a pouco e pouco se fonetizou.
William Burroughs:
“No início a palavra foi carne.” – Palavra não falada, não escrita, sentido expandido.
A palavra escrita como vírus – não há volta a dar: o Homem constitui-se tecnicamente e a
partir daí não será mais o mesmo. Racionalidade, exteriorização, abstração. Particularidade:
alojou-se tão harmoniosamente com o nosso organismo que não demos conta.
‘’Eu sugiro que a palavra falada, tal como a conhecemos, é subsequente à palavra escrita.’’
A palavra escrita é um pressuposto do discurso humano, nós só falamos como falamos porque
escrevemos.
A ‘’escrita’’ antes da escrita propriamente dita, é a escrita pré alfabética (os animais falam e
transmitem informações). A escrita alfabética é um código.
A palavra é um vírus porque é um corpo estranho – não damos conta dele.
A Mutação Biológica provoca no hospedeiro (ser humano) uma alteração biológica que foi
transmitida geneticamente. A partir do momento que o vírus da palavra escrita se instalou em
nós, o homem constitui-se de forma diferente – homem da abstração, da memória.
Ligação simbiótica – O vírus e o hospedeiro sobrevivem e nenhum dos dois sai prejudicado,
saindo ambos a ganhar com esta ligação biológica, apesar do autor sobressair aspetos
negativos – sistema de poder e violência.
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O ALFABETO E A ESCRITA
Depois surgiu a escrita hieroglífica, no Egito (3000 a.C.) e, mais tarde, o alfabeto Fenício
(1500-1000 a.C). Este último é o alfabeto antigo mais próximo do nosso, porque trabalha com
caracteres que se associam a sons e não a imagens. É um alfabeto fonético. Depois surge,
também na Grécia, o Disco de Festo (Civilização Minoica, 1000-700 a.C.), uma espécie de
sebenta para a aprendizagem do alfabeto, o primeiro propriamente dito.
Como é que o Homem foi transferindo grande parte das suas faculdades para suportes
externos (instrumentos, suportes de inscrição). Esse processo de transferência, mesmo que
não seja de forma absolutamente linear, marca a passagem da oralidade à escrita.
Em suma, o gesto técnico original é a criação manual de uma cultura material extracorporal.
Fim do homem como médium primário (tudo o que vem depois é amplificação técnica dos
seus sentidos); da natureza como primeira matriz de inscrição e de leitura. O homem
estabelece regras de matriz com a natureza. Não transfere as faculdades para algo que é
externo.
Início do processo de mortificação das coisas (as coisas passam a ser as palavras escritas que as
designam); da metafisica enquanto sistema geral de nomeação e classificação das coisas – o
mito bíblico da criação – ‘’nomear é acalmar’’ (Roland Barthes) – a escrita como sistema de
poder.
Distinção entre:
Apontamentos (mais sofisticados, mas mais simples, porque mais operacionalizáveis) de toda a
ordem: horários, diários, calendários, registos, ficheiros, etc.
A totalitarização da escrita:
A ordem da escrita:
Não será assim tão simples separar oral/escrito como se separa mito/racionalidade. Até
porque houve durante muito tempo indiferenciação entre o desenho e o grafismo.
Mas é também com ela que começa a hierarquização das mediações. Há umas mais puras do
que outras?
Início do pensamento filosófico sobre as condições do suporte (dito do modo mais simples,
falar não é o mesmo que escrever).
Será uma simples técnica (techné), como a retórica dos sofistas, esfera que Platão opõe
sempre à verdade dos filósofos, cujo método é o da dialética e da maiêutica socráticas.
Para Platão, a escrita é menos favorável do que a oralidade. O texto escrito não é exatamente
o texto que oralizamos.
Pharmakon – É um remédio para a memória. Uma droga porque é um vício e torna todos
viciados na escrita. Um veneno porque qualquer fármaco tem efeitos colaterais e o deste é
ficarmos mais esquecidos. Cosmética como uma ideia de maquilhagem, como se atrapalhasse
sempre a descoberta da verdade.
O espontâneo;
O orgânico;
O vivo;
O intuitivo;
O que é fruto da inspiração;
É um organismo vivo;
Funda-se na eloquência como um dom e não na arte como técnica;
Corresponde à voz de Sócrates (ironia, pois Platão cede a escrita).
“O diálogo é a versão viva daquilo que a escrita (denegada na sua própria prática) só pode
restituir de forma inexata e mortífera”.
Platão fez Sócrates dizer no Fredo que escrever é desumano. Pretende-se estabelecer fora da
mente o que na realidade só pode estar na mente. É uma coisa, um produto manufaturado. O
mesmo é dito dos computadores. Em segundo lugar, Platão diz que a escrita destrói a
memória. Aqueles que usam a escrita, vão tornar-se esquecidos, contando com um recurso
externo com o que lhes falta de recursos internos. Escrever enfraquece a mente. Para Platão
ajudas à memória, como a escrita, provocam mais esquecimento que lembrança. A tecnologia
é um pensamento artificial.
Isto é, a escrita como técnica artificial tem uma origem comum com a álgebra, a aritmética, o
raciocínio abstrato e a espacialização conceptual da qual decorre a própria geometria.
Dessa escrita híbrida, que guarda uma relação estreita com o ícone, como a escrita
pictográfica, há toda uma elaboração para a escrita alfabética/fonética que dramatiza a figura,
o figural, dando à iconicidade da escrita uma certa sistematicidade e iterabilidade que vêm a
constituir os fundamentos daquilo que os Gregos chamaram gramma, e que redobra, na
escrita, o seu carácter gráfico – graphein: iterável, por um lado, diferencial, por outro. Na
escrita alfabética, a marca distintiva, na sua negatividade fundadora, é estruturante.
Crítica a Platão:
Mas o próprio texto platónico torna-se, nesta lógica, uma aberração, dado que é, ao mesmo
tempo:
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O LIVRO
O Livro é o sucedâneo natural da escrita e dos artifícios naturais. Vai ser um diapositivo, uma
marca que vai contribuir para a humanidade.
Para Platão a única forma de chegar à verdade é a palavra viva que está presente na memória
do humano – mortificar a palavra.
Volumen:
O Volumen surge entre 1500 a 1200 a.C., no Egito e Mesopotâmia. Primeiro de papiro (a partir
da planta, 2500 a.C., Egito). Depois em pergaminho (a partir de pele de animal, 2200 a.C.,
Egito).
Portabilidade – objeto mais leve que as pedras, podemos carregar de baixo do braço.
Ainda não há verdadeiramente o que se pode chamar de ‘’leitura privada’’, mas sim
leituras públicas, por exemplo, nas Assembleias, nas reuniões importantes.
O rolo entra como lei – alterações nas dinâmicas políticas. O rolo é um documento que
serve de prova, de explicação. Vantagem da política. Há um meio que sustenta e serve
de prova para situações de conflito, por exemplo (todo o processo de escrita formaliza
todos os processos de administração das coisas).
Surgimento, progressivo, da ideia de biblioteca (gregos e romanos)
Códex:
Surge entre o séc. II e o séc. IV no Império Romano (comunidades cristãs). É uma evolução do
volumen, substituindo-o como suporta da escrita.
Codex, que significa árvore, madeira, advém do fato de que o livro, no formato de cadernos
reunidos, utilizou durante muitos séculos pranchas de madeira como suporte e capas desses
cadernos, sendo que as folhas seriam em pergaminho.
É na origem da palavra códex que vem o código. Os primeiros códexes foram os primeiros
códigos de leis – como o livro codifica, e o código de leis – duas razões. Código, formalização
abstrata. Não há qualquer tipo de ligação entre a letra “a” e o seu som.
Características do códex:
Quem detêm os livros é quem tem o poder. O livro surge em esferas de poder – religião e
monarquia – era uma minoria que tinha acesso.
Autoria como produto do trabalho individual e original. ≠ A autoria como produto de uma
herança comum, um bem público, como o é todo o saber. Um autor dá forma às suas ideias de
modo a criar a sua propriedade intelectual, sendo essa influenciada por aquilo que o rodeia.
As ideias são transmitidas mesmo involuntariamente e cada um de nós lhe dá uma forma mais
conveniente, criando a propriedade intelectual.
O livro é reprodução porque é uma forma de registo, fixa o conhecimento. Para além de
reproduzir, também se apresenta (através da capa, por exemplo). Tudo aquilo que está a ser
transmitido é influenciado pelo meio em que ele é transmitido.
Os escritores não escrevem livros, escrevem textos. Os textos têm de depois ser sujeitos ao
dispositivo. O livro é essa máquina que organiza algo e depois é descodificado.
Descodificação: saber ler, no primeiro sentido. No segundo sentido, perceber o que está
escrito. O livro abdica de um saber, normalmente, administrado pelos soberanos – como
separasse uma hierarquização, quem sabe ler tem o poder nas suas mãos.
O livro como reprodução (reproduz, fixa): o livro como registo, que reproduz a linguagem, a
memória. Aquilo que digo é reproduzido.
O livro como apresentação (apresenta e apresenta-se): o livro que apresenta alguma coisa que
é o conteúdo, mas também apresenta, não apenas aquilo que está dentro, mas apresenta-se
como tal.
O livro como objeto: “o texto superfície torna-se corpo no livro, fecha-se, delimita-se através
de instâncias fixas que não a deixam transbordar. Torna-se autónoma. É a capa que vem
outorgar tal autonomia ao livro, uma etiqueta pausada sobre o objeto”. – Passam a ser objetos
destacados no mundo, estatuto próprio. Já não se confundem com a natureza.
O livro como o que distingue a forma da ideia: As ideias pertencem à comunidade, só a forma
de que elas se revestem a respeito da propriedade individual. Autor = propriedade intelectual
(dono da ideia). As ideias pertencem as pessoas.
Duas perspetivas:
[Cada ator na sua criação, é alguém que já se inspirou nessa herança e o seu produtor é o que
está para trás dele]
‘’Se vi mais longe foi porque estive aos ombros de gigantes’’ Newton.
1. Perigrafia ou paratexto:
Perigrafia e paratexto são sinónimos. Complementam o texto principal com mais texto.
“A perigrafia é uma zona intermédia entre o fora-do-texto e o texto. É preciso passar por ela
para aceder ao texto. É uma cenografia que coloca o texto em perspetiva, e cujo autor é o
centro”. – É o que está na periferia do texto:
Capítulos e subcapítulos
Dedicatória
Índice
Epígrafe
Notas de rodapé
Bibliografia
Anexos
Conclusão
Prefácio
Intertextualidade produz todo o sentido da obra. Estamos a falar de texto, mas de um texto
sobre o texto. Um texto que produz a visibilidade do texto principal. Um texto que vai
aparecendo e desaparencendo de acordo com a forma como foi disposto. É uma espécie de
protocolo da leitura. É aquilo que determina o horizonte expetacional – permite criar uma
ideia do objeto sem ter necessariamente de se penetrar nele.
´´O paratexto é pois aquilo pelo qual um texto se torna livro e se propõe como tal aos seus
leitores, e mais geralmente ao público. É a franja do texto impresso que na realidade comanda
qualquer leitura.’’
O paratexto prepara o texto, estrutura o texto, divide e contextualiza, para assim auxiliar o
texto principal. A Perigrafia é aquilo que anda em torno do texto (Capa, Título, Autor). Estes
elementos vão funcionar em 3 níveis:
2. Epitexto
“O epitexto é, por excelência, o discurso do mundo, na medida em que ele envolve o livro, o
lança mesmo, mas sem ele se misturar. É-lhe totalmente exterior. Espeço da crítica, espaço
mediático da entrevista, espaço público da boata, da formação de opinião. Espaço privado da
correspondência, aquela que muitos autores mantêm paralelamente à escrita e que, em geral,
vem a público postumamente dialogar com o texto”.
O epitexto quer dizer que cada livro é dependente do contexto cultural, político que envolve a
época em que o livro é lançado. O discurso do mundo em relação ao livro, espaço da critica, da
firmação da opinião. Isso é totalmente exterior ao autor. Ele não controla a repercussão do seu
livro.
O futuro do livro:
“A revolução do texto eletrónico será também ela uma revolução da leitura. Ler num ecrã não
será como ler num codex. A representação eletrónica dos textos altera completamente a sua
condição: à materialidade do livro substitui a imaterialidade dos textos sem lugar próprio; às
relações de contiguidade estabelecidas no objeto impresso, opõe a livre composição de
fragmentos indefinidamente manipuláveis; à apreensão imediata da totalidade da obra,
tornada visível pelo objeto que a contém, faz suceder a navegação de longo curso por
arquipélagos textuais sem margens nem limites.
O texto, agora digital, volta ao princípio do volumen. Perde-se aquele facto que o livro fica
fechado no códex para uma ideia sem margens como era no volumen que eles ficavam
expostos em parede e no chão.
“A distinção fortemente marcada no livro impresso, entre a escrita e a leitura, entre o autor do
texto e o leitor do livro, desaparece para dar lugar a uma outra realidade: aquela em que o
leitor se torna num dos atores de uma escrita com várias vozes ou, pelo menos, se encontra
em posição de criar um texto novo a partir de fragmentos livremente recortados e reunidos.”
Foi (a imprensa) a primeira invenção que marcou e ditou o início desta época. O renascimento
marca a transição da superstição da religião para a crença na ciência.
A imprensa surge na china, mas, devido à sua escrita ideográfica demasiado extensa (2 mil),
não vingou. Esta imprensa ainda não produzia em massa, a diferença entre em relação à
produção manuscrita não era significativa.
O alfabeto grego seria mais codificado e mais abstrato, com apenas 26 letras, permitindo
combinações praticamente infinitas.
A meados do séc. XV o alemão Gutenberg desenvolve uma prensa com caracteres metálicos e
móveis. Esta criação permitiu a reprodução de livros em massa. A mecanização da arte do
escriba ou copista foi provavelmente a primeira redução de qualquer trabalho manual a
termos mecânicos.
O primeiro livro reproduzido foi a Bíblia, mas a Igreja não gostou disto. As pessoas começaram
a ler por si próprias a bíblia. O conhecimento religioso começa a ser objeto de analises
individuais, pondo em causa a Teocracia e a Igreja. Nasce uma critica livre – o ser humano
emancipa-se.
A Igreja dizia que o texto religioso era ditado pela alma quando escrito à mão (uma cena divina
entrava no escritor, como se deus lhe mandasse algo. Se começasse a ser uma máquina a fazer
isso, estávamos a profanar). Platão também dizia que apenas a voz é a única forma pela qual o
pensamento pode fluir naturalmente – critica à escrita – TECNOFOBIA (medo do tecnológico,
medo da evolução do mundo). Diziam que os textos iriam ficar empobrecidos.
O conhecimento pode ser uma arma. Se as vezes o conhecimento pode unir, tem também o
poder de fragmentar. Porque aquilo que se oferece ao debate, tem tendência a fragmentar-se,
as opiniões dividem-se. Cria-se uma esfera de discussão que não existia.
A destruição dos monopólios do conhecimento (O Nome da Rosa de Umberto Eco) e uma nova
concepção do conceito de Biblioteca (como esfera privada – os livros passam também, mesmo
que muito progressivamente, a ser objetos colecionáveis - só a partir da imprensa é que isso se
torna verdadeiramente possível porque só a partir daí existem em número suficiente para tal.
‘’Seguramente tenho medo de que não sejamos bem-sucedidos, mesmo que eu e todos os
meus cardeais, bispos, priores e seus cónegos e todos os nossos clérigos a comprássemos por
toda a Alemanha, e a queimássemos, na esperança de que não pudesse ficar nenhum
exemplar pelo qual se pudesse compor novamente’’. Queimar a bíblia anularia a capacidade
de analisar. A produtividade geral – todos estão a criar pequenos fenómenos de
individualização. A imprensa na base da criação do mundo moderno
Quando tudo é dogmático, a evolução é complicada – “Para que uma mutuação (ou heresia)
sobreviver, para que tenha impacto, deve aparecer num ambiente que a suporta”.
A heresia como fonte de novas ideias – como heterodoxia em relação ao dominante. Mas a
maioria não tem condições favoráveis. Quando tudo é dogmático, a inovação é impossível.
Mas é precisa de um ambiente, de um contexto: que é cultural, mas, talvez de forma mais
essencial, é técnico.
Os livros
Os leitores
As perspetivas
Multiplicou-se o próprio mundo
Os viquingues estiveram na américa 500 anos antes de Colombo. A descoberta deste território
não se constituiu como notícia universal nem inaugurou a época dos Descobrimentos
Porquê:
O relato impresso da viagem de Colombo foi campeão de vendas em 1493 (latim, espanhol,
francês e italiano)
O método científico:
Qualquer teoria tem de sobreviver a um teste universal (não está viciada pessoalmente, não
está em desacordo com a realidade) – precisa de suportes multiplicados, maior produção de
tratados/manuais (invenção no sentido moderno do termo – algo para ser estudado e
divulgado)
Galileu como exemplo (perdeu a batalha pessoal, não perdeu a científica): reprodução dos
relatórios de Galileu para outros astrónomos para que eles próprios pudessem confirmar as
experiências; reprodução e transmissão de notícias dessas corroborações para uma audiência
crescente.
A cada novo tratado, um pequeno grupo de cientistas posiciona-se perante ele, analisando-o,
perpetuando-o, refutando-o. Cada investigador acrescenta conhecimento, cada nova geração
tem mais conhecimento. Arquivo. Otimismo – melhorar as condições de vida à escala
universal. Isto só é possível pela difusão da ciência (novo método).
‘’O Universo (natureza) como o grande livro que está permanentemente aberto e ao alcance
do nosso olhar, escrito com caracteres matemáticos e geométricos disponíveis para serem
decifráveis por qualquer um com a formação certa e os aparelhos certos.’’
O controlo do livro deixa de ser da igreja e passa a ser do mercado. Deixa de haver apenas
pensamentos ligados à escolástica. Passam a ser comercializáveis. Há um mercado de livros em
função de uma procura crescente de pessoas que querem ler e fazê-lo em privado. Os livros
passam a ser também instrumentos de ensino – relação entre a imprensa e o surgimento da
literacia/alfabetização/escola pública.
A capitalização da informação:
A palavra impressa foi a primeira coisa produzida em massa, foi também o primeiro "bem" ou
"artigo de comércio" a repetir-se ou reproduzir-se uniformemente.
A palavra impressa, por assim dizer, transformou o diálogo: da troca em comum de ideias e
propósitos fez o comércio de informações empacotadas, bem móvel e portátil de produção.
Deu à linguagem e à percepção humanas uma distorção que Shakespeare define como
"Commodity" ou "Interesse". E que outra coisa se podia esperar? A palavra impressa criara a
economia de mercado e o sistema de preços. Pois enquanto as mercadorias não fossem
uniformemente idênticas, o preço de qualquer artigo estaria sujeito a regateio e ajuste. Os
mercados modernos e o sistema de preços, inseparáveis da difusão da alfabetização e da
indústria, não são, aliás, os únicos frutos da uniformidade e reprodutibilidade em série do
livro.
Tipografia, que séculos mais tarde irá imprimir notas. Tal como a escrita, o dinheiro é um
código.
Contextualização histórica:
Eletromagnetismo
Eletricidade
Telegrafia
Telefone
Telegrafia sem fios
Guglielmo Marconi e a história de que o som não morre, apenas se torna impercetível ao
ouvido humano. Foi o que teve mais destaque. Coloca estas descobertas numa ideia de futuro.
Não admitia apenas o som, como antecipa a rádio, a televisão e uma onda de computação. Ao
fazer um balanço, começa a especular sobre o que não é percetível no ser humano. Foi um
grande inventor e acaba por dar uma humanidade ao ser humano – há sempre coisas que não
conseguimos descobrir. A sua ciência, a descoberta através do entendimento humano, pode
explicar tudo e a fé substitui deus.
McLuhan chamará a Galáxia Marconi a este novo regime (que sucede à Galáxia Gutenberg) e
falará cada vez mais no Homem Elétrico. É também a esfera do inapreensível.
Como McLuhan aponta, a eletricidade é importante, não sobre contenção, mas sim sobre
relação e posição entre os corpos.
A Rádio produziu uma nova ideia de público, muito mais misturada, promíscua e democrática
do que o livro poderia acolher.
Uma característica particular do rádio consiste exatamente no fato de que o espaço aberto
imaterial entre o transmissor e o recetor é um elemento indispensável da tecnologia. O ar é
um meio.
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A FOTOGRAFIA
A fotografia é a escrita da luz. Não é apenas o meio (câmara), nem o resultado (foto em si),
mas é um processo. Como é que um clique vira uma réplica do real? É o homem que ativa esse
processo (através do clique) mas é a natureza, a própria luz entrando por uma lente e
refletindo-se numa determinada superfície que faz a fotografia. Ou seja, o papel do humano é
muito menor, comparando com a luz. Quem está em ação é a luz e o próprio aparelho (com as
suas lentes e etc). Surge na segunda metade do séc. XIX
Objetivos da fotografia:
Ao contrário da escrita, que tem a primeira palavra e a última, na fotografia não havia
intromissão
A palavra vai ser subalterne da imagem
“Ao contrário da escrita, a média técnica não utiliza o código (código claro e que não dependa
de mais ninguém a não ser daqueles que percebem desse código) de uma linguagem de
trabalho. Eles fazem uso de processos físicos que são manifestamente mais rápidos ou lentos
do que a perceção humana”
A primeira fotografia:
A primeira fotografia (1826), demorou entre a 8 a 12 horas. Joseph Niépce, pai da fotografia.
Baudelaire vai criticar a fotografia dizendo que é uma simples técnica e não arte. Assim sendo,
a fotografia começa a ‘’imitar a pintura’’. Aproximam-se à temática da pintura através de
poses, da dramatização, encenação da cena.
Edgar Poe presta homenagem à invenção da fotografia. Vê a fotografia como uma invenção
representativa do potencial ‘’miraculoso’’ ou mesmo mágico da era moderna (precisão mágica
da imagem fotográfica. A fotografia revela a verdade. Representa o real tal como ele é, e não
através da conceção artística de um pintor.
Paradoxo: depois da Modernidade, os novos aparelhos podem mostrar um real, mas que agora
surge ‘’encantado’’.
Calótipo – técnica desenvolvida por Talbot: a natureza é vista como algo que está sempre a
criar, é onde o tempo se reflete
A natureza foi o primeiro espelho, as primeiras imagens. Logo aí terá começado a divisão
originária: Humano (cultura, artificial) vs Natureza. Aquele que e conhece a si próprio.
Contínuo vs. Descontínuo – Na natureza tudo é continuo. Nós é que começamos a
particularizar, a individualizar, a pará-las. A fotografia pára o que é continuo.
Inicio do materialismo.
A fotografia não cria apenas novas formas de comunicação, mas produz um olhar retrospetivo.
Fotografia e o espectral:
A fotografia é o que imortaliza. É o que revela os espetros (fantasmas) do real que não vemos.
Como diz Bazin, ‘’fixar artificialmente a aparência corporal do ser é retira lo do fluxo do tempo,
prendê-lo à vida’’.
A temática da morte.
A teoria de Balzac sobre sermos feitos de camadas de imagens fantasmáticas – a cada
exposição menos uma camada que era materializada na chapa fotográfica – a exposição total
aniquilaria o Homem.
O século XIX é ambivalente. Por um lado, está marcado pela racionalização. Por outro lado, é
caracterizado pelo "fantástico" e mesmo o fantasmático: "marionetas", "sombras", "duplos",
"sosias", "fantasmas", que começam a vaguear, primeiramente pela literatura, depois pela
fotografia e o cinema, e finalmente por toda a experiência.
A fotografia não só começou a transformar em seu objeto a totalidade das obras do passado e
a submeter a sua repercussão às mais profundas transformações, como também conquistou
um lugar entre os modos de produção artística.
A MODERNIDADE ESTÉTICA
Lanterna Mágica – tratava-se de um projetor que inicialmente não era mecanizado, utilizava
uma tela para projetar imagens semelhantes numa dinâmica seguida. Estas acontecem num
ambiente escuro, projetando uma "terceira realidade" – um espaço simultaneamente interior
e exterior, pois nos transmite uma ideia de ilusão e do fantasmático sobrenatural
O cinema traz uma ideia de ilusão – ele não é verdadeiro nem fácil, pois mesmo que
esteja em movimento e que pareça verdadeiro, revela-se totalmente artificial
Os irmãos Lumiére, associados à descoberta do cinema, disseram: "O humano é o
único ser capaz de acreditar e não acreditar ao mesmo tempo
Existe um todo clima de fantasia no cinema, sabemos que não é real, todavia quando o
assistimos sentimos uma realidade que evencíamos
Existe um sentimento de alienação: apresentava-se um desfasamento daquilo que era
transmitido para a mente e o próprio corpo (podia estar na sala de cinema e noutro
lugar qualquer)
A alienação tem um grande desfasamento: a partir dos anos 20/30 e do primeiro
cinema que integrava a história e o som – questão das massas e do empobrecimento
da experiência cinematográfica
O cinema é constituído por uma diferença de expressões, tais como: a música, artes
plásticas, teatro etc. apresenta uma sofisticação no século 18 e ele mesmo revela-se
como um conjunto de todas as outras expressões existentes - ele é uma arte completa
O cinema é a primeira arte multimédia, ele é o nascimento da multimédia
Em 1889 Thomas Edison cria o Cinetoscópio, uma lente que permitiria ver o movimento.
Corresponde a uma experiência individual – em vez de ser realizado em espaço publico, estas
máquinas deviam ser comercializadas e adquiridas
Em 1835 os irmãos Lumiére criam o Cinematógrafo, uma câmara que permitia gravar e
reproduzir imagem. Para eles, o cinema devia ter uma função documental e realista da
sociedade – o objetivo da câmara seria devolver o "real”
Segundo Baudelaire, o Flâneur é uma figura que pode personificar o sujeito moderno.
Deambula pela cidade e emerge nas multidões. É uma espécie de explorador urbano. Faz dos
novos fluxos dos transportes mercadorias, horas de ponta, como terreno onde ele se sente
confortável e familiar. Sujeito errante, transeunte. O paradoxo do observador (mas distraído).
Tudo o que está a circular e a ser exposto à volta do sujeito não deixa de o convocar e de lhe
mobilizar a atenção; neste sentido, o flâneur é, ainda, um sujeito que encerra um certo sentido
de atenção. No entanto, a sua atenção é de tal forma mobilizada a todo o instante por toda
uma variedade de objetos que o flâneur não fixa aquilo que o envolve de forma estável e
monolítica; antes se perde naquilo que é transiente e fugidio ou nos detalhes que rapidamente
são substituídos por outros, como num fluxo que lhe apresenta os objetos para além do seu
próprio arbítrio.
Esta, segundo Benjamin, “efetua-se muito menos num estado de concentração tensa do que
sob uma pressão fortuita.”. Neste sentido, apesar da atenção que está implicada no ato de
observar, o flâneur já não pode resolver as tarefas do aparelho percetivo apenas pela via da
contemplação concentrada. O tato e o hábito entram também no gesto de uma perceção
progressivamente descentralizada. O flâneur move-se, tateia e age como um sujeito distraído
que circula labirinticamente pela cidade e, em particular, pelas galerias, deixando essa
“distração” formar os hábitos que conduzem o seu modo de existência urbano. O flâneur
abandona assim uma postura contemplativa e, determinado pela convergência das
arquiteturas modernas e daquilo que elas expõem, adquire uma visão múltipla e adjacente,
sobrepondo vários objetos, num mundo em que tudo está em circulação e tudo o convoca,
potencialmente, de forma simultânea.
Já havia nesta intensidade urbana uma espécie de fluxo de imagens que não conseguimos
parar. Uma espécie de cinema sem haver cinema, cidade como mundo de sonho, espécie de
delírio ou embriaguez que atravessa todos os que emergem na multidão. Prepara o sujeito
para a experiência cinematográfica e da experiência da vida urbana do séc. XX. Mundo em
modo mosaico com múltiplos pontos de vista, cheio de ligações, montagens e sobreposições.
Surge ideia da modernidade estética que assinala uma evolução para um mundo de inércias.
Vai concentrar as críticas de quem critica o cinema como forma artística diminuída/superficial.
Walter não vê nas massas um objeto passivo e rebanho, acredita na sua voz e na sua atividade
e força conjunta/coletiva. Benjamim via no cinema uma forma de arte para inúteis, que não
necessita de grande raciocínio ou desperta luz/esperança, inferior a outras formas de artes -
posição conservadora + questão do monopólio das artes. Walter elogia a distração, definida
como abertura e pré-disposição livre para recebermos algo de novo. A distração na obra cria
uma apropriação da obra e das suas emoções (antes presente na arquitetura) pelas massas.
Conseguir ultrapassar as dificuldades na distração cria um controlo sobre as mesmas, nova
perceção consciente.
Com a existência de pormenores é como o cinema fizesse um raio x do que é real, nada fica de
fora, as coisas ganham outra vida, o que aumenta a consciência do tempo que não volta para
trás. Cinema dá vida a coisas que não a tinham, no mundo fechado, sem esperança e sem vida,
pré-industrial. O real recebe inércia, fantasia e aventura = libertação da rigidez política e social.
Tese final:
O cinema não é apenas uma forma de recriação de uma narrativa através da combinação de
som e de imagens em movimento.
Enquanto APARELHO – na medida em que se desenvolve tendo por base uma lógica
multimédia
Enquanto DISPOSITIVO – na medida em que reflete ao mesmo tempo que determina a
experiência contemporânea (fragmentada, hiperligada, hiper estimulada).
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GLOBALIZAÇÃO E PLANETÁRIO
Tudo começou numa imagem: a imagem que se captou com a primeira saída da Terra, com a
conquista espacial, a primeira imagem exterior do Planeta – Missão Apollo 17, Blue Marble
(1972).
Com exceção de certos redutos, fomo-nos esquecendo dessa tal utopia universalista e
abraçando a versão da globalização – em grande parte despoletada pelos meios de
comunicação de massa: uma globalização que diz sobretudo respeito às configurações
culturais ligadas à economia de mercado global (1) e às Teletecnologia (2). Ou seja, entre duas
possíveis perspetivas culturais, a da globalização prevaleceu sobre a do universalismo e da
planetarização (a perspetiva que se centrará sobre as condições do próprio objeto Terra).
E aí se joga a questão da ecologia. A Terra surgiu como grande habitáculo, mas não deixa,
nesse momento, de continuar a ser vista como um grande depósito, uma grande reserva de
energias e de matérias para serem exploradas e rentabilizadas.
O COMPUTADOR
Em 1804, Jacquard cria um Tear têxtil que seria o primeiro sistema binário, o primeiro sistema
automatizado da história. O sistema era construído por um conjunto de cartões metálicos
perfurados ligados uns aos outros por aros, constituindo uma ‘’fita’’ continua que avançava,
cartão a cartão, sobre uma ‘’estação de leitura’’. Aí, um conjunto de agulhas metálicas caía
sobre os cartões. Essa combinação constituía um código binário para a execução de uma
operação. Este tear antecipa o computador. Seria a primeira máquina automática.
Por volta da década, no seculo XIX, há um movimento chamado de ludismo. Começa a surgir
uma espécie de medo de que as máquinas, mais cedo ou mais tarde, substituiriam não apenas
os trabalhadores, como os próprios sujeitos na sociedade. Os ludistas são os primeiros a
temerem as máquinas – Tecnofobia.
Nesta altura surge uma expressão muito popular acerca do ludismo: The Ghost in The Mechine.
Começa uma espécie de superstição teriam uma alma que funcionava para além do controlo
humano.
Em 1837, Charles Babbage cria a Analytical Machine, composta por cartões de memória que
permitiam perceber este sistema. Seria o primeiro computador da história. Permitia fazer
operações aritméticas, era uma calculadora, permitia, ao introduzir cartões, introduzir
problemas matemáticos. Era uma unidade de processamento – Primeira ideia de cérebro
eletrónico.
Para Charles, não basta apenas fazer uma divisão do trabalho. É importante a mentalidade,
mesmo ao nível do trabalho fabril (operário) deve ser promovida uma divisão por etapas do
trabalho mental. Se as cadeiras de montagem já faziam a divisão manual, física, do trabalho,
precisávamos de fazer a divisão mental. É por isso que surge esta máquina. Diferentes
capacidades deviam ser desenvolvidas. No surgimento desta máquina há uma relação íntima
entre computorização, otimização do trabalho e produção capitalista (produzir mais). A origem
do computador está ligada as empresas, não está ligada à criatividade. Não está ligada ao uso
pessoal.
Surge o estudo das trocas de mensagens, sempre que são codificadas em números, devido ao
facto de, ao longo da segunda guerra mundial, os alemães e os ingleses utilizarem diferentes
tipos de codificação para enviar mensagens. Mais cedo ou mais tarde, independentemente da
língua vai haver uma língua universal, binária que vai circular. Os computadores são
instrumentos de descodificação e codificação - no futuro tudo será convertido.
Aquilo que até então seriam máquinas aritméticas, passam a chamar-se Máquina Universal
(uma coisa enorme, sem ecrã, saía uma folha com a informação), máquinas que processem
qualquer tipo de informação. Máquina multimédia destinada a todos os meios e não apenas
um em particular.
Para Charles Babbage, os computadores deveriam estar apenas dispostos para as empresas,
enquanto Vannevar não, os computadores poderiam estar ao serviço de qualquer um.
Vannevar propõe uma máquina para uso pessoal (privatização do computador; critica ao
corporativismo, ao controlo da tecnologia) que pode mecanizar ficheiros privados e bibliotecas
pessoais. Mecanizada de forma a consultar rápida e facilmente esses arquivos.
Surge o Sketchpad (Ivan Sutherland, 1963), o primeiro computador gráfico, com ecrã. O meio
militar continua a ser o motor da evolução tecnológica. Surge no contexto da Guerra Fria, uma
guerra da informação: produzir conhecimento, armazenar conhecimento. Existia a disputa da
vanguarda tecnológica.
Nós inseríamos coisas na máquina e ela saia com essas informações. Utilizar os computadores
não apenas para a matemática, mas também para a geometrização- relação entre utilizares e
computadores. Este meio, consegue transmitir o meio real, o que está a acontecer. Os
computadores passam a demonstram gráficos, fotografias, etc. Pequenas interfaces que se
deslocam, que se abrem, tal como as janelas que conhecemos, atualmente, no computador. As
imagens estão ao alcance de todos. Tornar os computadores operacionais, com uma grande
quantia de pessoas aderir.
Um brasileiro Paul Baran, desenvolve o conceito de rede distribuída (1962): “On Distribued
Communications Networks”. A rede só existe verdadeiramente se for distribuída. Se houvesse
um ataque à rede, ela ia abaixo. No ponto de vista bélico, podíamos atacar vários pontos da
rede. Para Baran, só é verdadeiramente pleno se for um modelo distribuído onde não haja
centro nem periferia. Não se chegou a concretizar.
Décadas de 70 e de 80:
O computador seria uma máquina das grandes empresas. Na década, o computador é uma
grande arma, o seu impacto é muito grande. A IBM possui a perspetiva de que o computador é
tao poderoso que deveria continuar a estar nas mãos das empresas. Contra esse espírito
corporativista a Apple e Microsoft defendiam que os computadores deveriam servir também
para fins lúdicos, ou seja, eles podiam estar ao serviço da produção artística, do
entretinimento, do lazer, valências inúteis, não servirem para nada, apenas para a sua
diversão.
Década de 90:
World Wide de Web – Tim Berners – lee. A realidade utilizada em rede é diferente.
Internet of things – descreve um mundo com tantos dispositivos digitais que o espaço entre
eles consiste não em circuitos escuros, mas no espaço da própria cidade. O computador saiu
da caixa e os objetos comuns são portadores de sinais digitais. O relógio é um bom exemplo
disso. Relógios inteligentes tem contacto com os telemóveis.