PDF CERS - OAB - Direito Ambiental - Capítulo 01
PDF CERS - OAB - Direito Ambiental - Capítulo 01
PDF CERS - OAB - Direito Ambiental - Capítulo 01
EXAME DE ORDEM
DIREITO
AMBIENTAL
Capítulo 01
Olá, aluno!
Bem-vindo ao estudo para o Exame de Ordem. Preparamos todo esse material para você
não só com muito carinho, mas também com muita métrica e especificidade, garantindo que
você terá em mãos um conteúdo direcionado e distribuído de forma inteligente.
Para isso, estamos constantemente analisando o histórico de provas anteriores com fins
de entender como cada Banca e cada Carreira costuma cobrar os assuntos do edital. Afinal,
queremos que sua atenção esteja focada nos assuntos que lhe trarão maior aproveitamento,
pois o tempo é escasso e o cronograma é extenso. Conte conosco para otimizar seu estudo
sempre!
completo que facilite a sua vida e potencialize seu aprendizado. Com isso em mente, a
estrutura do PDF Ad Verum foi feita em capítulos, de modo que você possa consultar
especificamente os assuntos que estiver estudando no dia ou na semana. Ao final de cada
capítulo você tem a oportunidade de revisar, praticar, identificar erros e aprofundar o assunto
com a leitura de jurisprudência selecionada.
E mesmo você gostando muito de tudo isso, acreditamos que o PDF sempre pode ser
a gente!
1
Acreditamos que com esses recursos você estará munido com tudo que precisa para alcançar
a sua aprovação de maneira eficaz. Racionalizar a preparação dos nossos alunos é mais que
um objetivo para o CERS, trata-se de uma obsessão. Sem mais delongas, partiremos agora para
o estudo da disciplina.
Bons estudos
2
SOBRE ESTA DISCIPLINA
Daremos início ao estudo da disciplina Direito Penal. Via de regra, nos concursos de
outorga de delegações de Notas e Registros, esta disciplina não é tão cobrada, na primeira fase.
A título de exemplo, nos últimos concursos dos Estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná
e Distrito Federal a matéria foi pouco cobrada. Todavia, vale lembrar que, as notas de corte, na
fase inicial dos concursos, são altas, então, cada ponto e questão são de extrema importância.
Ademais, vale destacar que, nos últimos certames promovidos no Estado de Minas Gerais,
a prova foi dividida em “blocos”, sendo necessário que o candidato acertasse 50% das questões
de cada bloco, sob pena de eliminação. O bloco composto pelas disciplinas de Direito Penal e
Processual Penal tem sido um diferencial. Bons candidatos, que, todavia, desprezam o estudo
dessas matérias, são eliminados por não atingirem o mínimo no bloco dessas disciplinas.
Não bastasse, as Bancas são compostas por membros do Ministério Público, então, na
prova oral da carreira, inevitavelmente, a disciplina é cobrada de forma bastante contundente,
já que afeta à rotina de trabalho do examinador, por isso, seu estudo, em uma preparação
completa do candidato, não pode ser renegado.
Vale acrescentar, por fim, que, como se constatará ao longo dos capítulos, os
Examinadores dos concursos de outorga de Delegações de Notas e Registros, vem cobrando a
disciplina de modo abrangente. Deste modo, em que pese alguns temas sejam mais recorrentes,
nenhum capítulo deste material deve ser negligenciado.
3
RECORRÊNCIA DA DISCIPLINA
Como dito, sabemos que estudar de forma direcionada, com base nos assuntos objetivamente
mais recorrentes, é essencial. Afinal, uma separação planejada pode fazer toda diferença.
Pensando nisso, através de estudo realizado pelo nosso setor de inteligência com base nas
últimas provas, trouxemos os temas mais abordados nessa disciplina!
Sistema Nacional de
Unidades de
Conservação da
Natureza
12%
Política Nacional do
Meio Ambiente
33%
Estudo de
Impacto
Ambiental -
EIA
24%
Responsabilidade
ambiental
6%
4
TEMAS RECORRÊNCIA
Política Nacional do Meio Ambiente
Responsabilidade Ambiental
5
Assim, os assuntos de Direito Ambiental estão distribuídos da seguinte forma:
CAPÍTULOS
6
SOBRE ESTE CAPÍTULO
Em primeiro turno, Princípios do Direito Ambiental não costuma ser cobrado no exame de
ordem!
Ademais, a banca examinadora tende a ser um pouco imprevisível, e o nosso objetivo é deixar
Inclusive, ao final desta apostila, você encontrará questões de outras carreiras, para um maior
aproveitamento e assimilação de conteúdo, portanto, não deixe de respondê-las, tá?
Vamos juntos!
7
SUMÁRIO
Capítulo 1 ................................................................................................................................................ 10
GABARITO ............................................................................................................................................... 33
8
LEGISLAÇÃO COMPILADA .................................................................................................................... 37
JURISPRUDÊNCIA................................................................................................................................... 38
9
DIREITO AMBIENTAL
Capítulo 1
“Um desenvolvimento que faz face às necessidades das gerações presentes sem
1
Vide questão 8 desse material.
10
Nesse contexto, o princípio quarto da Declaração da Rio 92 aduz que “para se alcançar o
desenvolvimento sustentável, a proteção do meio ambiente deve constituir parte integrante do
Enquanto isso, o princípio quinto da mesma declaração aduz: “todos os Estados e todos
os indivíduos, como requisito indispensável para o desenvolvimento sustentável, devem
em seu art. 170, II, III, VI e VII, quando estabelece como princípios da ordem econômica,
respectivamente: a propriedade privada, como um incentivo ao crescimento econômico; a função
II - propriedade privada;
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
11
Alguns doutrinadores afirmam que do fato de a Constituição Federal estabelecer que
Na Constituição de 1988 esse princípio está expresso no já citado art. 225, caput, e na
equilibrado está diretamente ligado ao direito à vida, à saúde e à dignidade humana. Por isso,
o STJ já decidiu que esse direito essencial deve ser imprescritível.
12
indígena, tendo em vista os danos materiais e morais decorrentes da extração ilegal de madeira
indígena. (...) Do ponto de vista do sujeito passivo (causador de eventual dano), a prescrição cria
em seu favor a faculdade de articular (usar da ferramenta) exceção substancial peremptória. A
a toda humanidade e à coletividade, que é a titular do bem ambiental que constitui direito
difuso. Destacou a Min. Relatora que a reparação civil do dano ambiental assumiu grande
em favor do causador do dano ambiental, a fim de lhe atribuir segurança jurídica e estabilidade
com natureza eminentemente privada, e tutelar de forma mais benéfica bem jurídico coletivo,
indisponível, fundamental, que antecede todos os demais direitos – pois sem ele não há vida,
nem saúde, nem trabalho, nem lazer – o último prevalece, por óbvio, concluindo pela
imprescritibilidade do direito à reparação do dano ambiental. Mesmo que o pedido seja
genérico, havendo elementos suficientes nos autos, pode o magistrado determinar, desde já, o
montante da reparação. (REsp 1.120.117-AC, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 10/11/2009).
Os danos ambientais geralmente são graves e irreversíveis, com isso, devemos preferir
13
extremamente importantes para a nossa matéria. Mas qual a diferença entre eles já que ambos
visam evitar que o dano ambiental ocorra por meio de medidas preventivas?2
capacidades. Quando haja perigo de dano grave e irreversível, a falta de certeza científica
absoluta não deverá ser utilizada como razão para postergar a adoção de medidas eficazes
Como a incerteza científica deve ser interpretada em favor do meio ambiente, o ônus de
provar que as ações não são danosas é do acusado interessado3. Mas atenção: a aplicação do
princípio deve ser feita apenas em caso de perigo de dano grave e irreversível, sob pena
de inviabilizar o desenvolvimento científico e econômico se for aplicado a qualquer tipo de
risco ambiental.
2
Vide questões 2, 3, 4, 7, 8 e 9 desse material.
3
Vide questão 7 desse material.
14
1.4 Princípio do Poluidor Pagador
Temos nesse caso uma responsabilidade civil objetiva6 do degradador ambiental que,
independentemente de agir com dolo ou culpa, deve ser responsabilizado pelo dano que a sua
atividade causou ao meio ambiente, comprovado o dano e o nexo causal entre ele e a atividade
do agente.
próprio, mas, desde já, saiba que o degradador ambiental pode responder nas esferas civil,
administrativa e penal, de forma simultânea e independente, pelo menos dano ao meio
4
Vide questões 1 e 10 desse material.
5
Vide questão 6 desse material.
6
Vide questões 5, 8 e 10 desse material.
7
Vide questão 4 desse material.
8
Vide questões 9 e 10 desse material.
15
Quem paga pode poluir? Claro que não! Essa é uma interpretação completamente
equivocada do princípio do poluidor pagador. Não é sua intenção estabelecer a “compra do
direito de poluir”. É lógico que diante de um direito fundamental tão importante, ligado ao
direito à vida e à dignidade humana, não é compatível com o nosso ordenamento jurídico que
se polua mediante pagamento. E como vimos, o princípio do poluidor pagador não se limita à
compensação do dano já causado, aliás, muito mais importante é a sua função de prevenção.
Por esse princípio, é definido um valor econômico aos recursos naturais para racionalizar
o seu uso, evitando o seu desperdício. Portanto, o usuário dos recursos naturais deve pagar por
eles, mesmo que a sua atividade seja lícita9. É uma forma de evolução e de complementar o
O princípio do usuário pagador não é uma sanção. Essa compensação financeira deve
ser revertida em favor da coletividade, titular do meio ambiente, independentemente da
9
Vide questão 8 e 9 desse material.
16
A atuação obrigatória do Estado na proteção do meio ambiente decorre da natureza
Para realizar essas intervenções, o Estado pode se valer de políticas públicas no âmbito
da fiscalização das atividades econômicas poluidoras; da aplicação de multas rigorosas e sanções
Poder Legislativo elaborar leis que visem esse objetivo. Portanto, o dever de intervenção para a
preservação do meio ambiente cabe a todos os Poderes da República, em todas as suas esferas
de atuação.
estabelece, de acordo com o caput do art. 255 da CF, que o cidadão tem o direito (e o dever)
de participar das decisões sobre o equilíbrio do meio ambiente.
17
do curso que todas as normas infraconstitucionais em matéria ambiental privilegiam o princípio
da informação.
Art. 5º, XXXIII, da CF: todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da
lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à
segurança da sociedade e do Estado.
civil, salvo matérias que envolvam segredo industrial ou do Estado. Nesse ponto, vale ressaltar
que, apesar de o artigo acima citado dispor que é obrigação dos órgãos públicos prestar as
pois trata-se de um interesse difuso. Portanto, em regra, qualquer pessoa pode ter acesso às
informações que tratam do meio ambiente sem precisar comprovar interesse específico.
Essas informações devem ser prestadas, por meios hábeis a atingir a coletividade, de
forma periódica, e não apenas quando ocorrer um dano ambiental, para que seja possível a
adoção de medidas preventivas contra eventuais irregularidades.
Visto isso, podemos elencar os seguintes requisitos da informação ambiental: que seja
10
Vide questão 4 desse material.
18
Está expressamente disposto no art. 225, §1º, VI da CF/88, que determina ao Poder Público
É um princípio com tanta relevância que foi criada a Política Nacional de Educação
Ambiental pela Lei 9.795/99, que define a educação ambiental como um conjunto de “processos
por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,
De acordo com o art. 5º, XXII e XXIII, da CF/88, fica garantido o direito à propriedade a
quem exercer a sua função social. Com isso, o legislador constituinte fez com que a propriedade
perdesse o seu caráter absoluto e passasse a ser uma forma de promover o progresso da
sociedade, atribuindo-a um caráter de dever coletivo11.
Sendo o meio ambiente ecologicamente equilibrado um direito difuso, que tem como
Prova disso é que o Código Civil determina em seu art. 1.228, §1º, que o direito de
propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais,
de modo que sejam preservados a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o
patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.
dos princípios da República Federativa do Brasil nas relações internacionais pelo art. 4º, IX da
11
Vide questão 4 desse material.
19
CF/88. Como os danos ambientais podem tomar grandes proporções, atingindo mais de um
o equilíbrio ambiental.
Muitos autores o citam como princípio do direito ambiental tendo em vista que o meio
ambiente é onipresente e, por isso, a sua agressão em qualquer localidade seria capaz de gerar
reflexos em todo o planeta12.
Também conhecido como princípio do controle do poluidor pelo Poder Público, consiste
meio ambiente, à sua importância para a coletividade e à sua utilização consciente para que
seja permanentemente disponível13.
fundamental e, por isso, não é possível recuar quanto às suas garantias já consolidadas no
ordenamento jurídico.
Por exemplo, existindo uma lei que determina garantias de proteção ao meio ambiente,
ela não pode ser revogada sem que outra a substitua com garantias maiores ou similares.
12
Vide questão 9 desse material.
13
Vide questão 9 desse material.
20
É pelo princípio da vedação ao retrocesso que podemos afirmar que o Poder Público está
obrigado, em todas as suas esferas de poder, a atuar no sentido progressivo na proteção dos
direitos fundamentais, jamais recuando, suprimindo ou restringindo, a efetividade das suas
garantias.
Esse princípio funciona como um instrumento econômico de proteção ambiental que visa
incentivar as iniciativas para proteção do meio ambiente por meio de recompensas econômicas.
Essas recompensas devem ser custeadas pela pessoa física, jurídica ou pela coletividade que se
21
QUADRO SINÓTICO
22
proteção ambiental, como as decisões públicas e a fiscalização das suas
execuções.
As informações sobre o meio ambiente devem ser disponibilizadas para todos
os interessados. O direito à informação sobre matéria ambiental é um
PRINCÍPIO DA INFORMAÇÃO
desdobramento lógico do princípio da participação comunitária, pois o cidadão
só poderá participar se tiver informação.
PRINCÍPIO DA EDUCAÇÃO Incumbe ao Poder Público promover em todos os níveis de ensino a educação
AMBIENTAL ambiental e a conscientização pública para preservar o meio ambiente.
O direito de propriedade está condicionado à observância da sua função social.
PRINCÍPIO DA FUNÇÃO
Sendo o meio ambiente ecologicamente equilibrado um direito difuso, que
SOCIOAMBIENTAL DA
tem como titular a coletividade, evidentemente que a função social da
PROPRIEDADE
propriedade está condicionada à sua tutela.
A poluição ambiental não fica limitada apenas a um território, portanto, as
PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO
nações precisam cooperar entre si para proteger o equilíbrio do meio
ENTRE OS POVOS
ambiente.
Cabe ao Poder Público impor limites, controlar a produção, a comercialização
PRINCÍPIO DO LIMITE e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que gerem risco à vida, à
qualidade de vida e ao meio ambiente.
Como o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é um direito
PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO AO fundamental, quando conquistadas garantias de proteção ambiental, a
RETROCESSO ECOLÓGICO sociedade não pode retroagir para níveis de proteção inferiores sem que as
circunstâncias fáticas sejam substancialmente alteradas.
PRINCÍPIO DO PROTETOR Segundo o princípio do protetor recebedor, as condutas de proteção ambiental
RECEBEDOR relevantes devem ser compensadas com benefícios econômicos.
23
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1
recompor o meio ambiente lesado ou de indenizar pelos danos causados refere-se ao princípio
A) do poluidor-pagador.
B) do desenvolvimento sustentável.
C) do equilíbrio.
D) do limite.
E) da prevenção.
Comentário:
substâncias que gerem risco à vida, à qualidade de vida e ao meio ambiente; e o princípio
da prevenção busca aplicar medidas preventivas para evitar qualquer dano ambiental que
24
Questão 2
( ) CERTO
( ) ERRADO
Comentário:
se aplica quando, apesar de não existir certeza científica, há riscos potenciais da atividade.
Questão 3
moradores do bairro, alegando eventuais efeitos nocivos à saúde humana em decorrência desse
campo eletromagnético. Apesar de estudos desenvolvidos pela Organização Mundial da Saúde
afirmarem a inexistência de evidências científicas convincentes que confirmem a relação entre a
25
de esse serviço desequilibrar o meio ambiente ou atingir a saúde humana, o que exige análise
dos riscos.
Nessa situação hipotética, o pedido da associação feito na referida ACP se pauta no princípio
ambiental
A) da precaução.
B) da proporcionalidade.
C) da equidade.
D) do poluidor-pagador.
E) do desenvolvimento sustentável.
Comentário:
A questão narra uma situação em que não há estudos conclusivos sobre uma determinada
atividade produzir ou não danos ambientais. Pelo princípio da precaução, a falta de certeza
científica milita em favor do meio ambiente, portanto, isso não deve ser um pretexto para
Questão 4
de arcar com as consequências de sua conduta lesiva contra o meio ambiente, tanto na seara
civil e administrativa, quanto na penal.
B) as entidades privadas não estão sujeitas ao princípio da informação no que se relaciona à
matéria ambiental.
C) o princípio da função socioambiental da propriedade possui caráter de dever individual,
concreto, embora ausente a certeza científica, com o fim de evitar a verificação desses danos.
26
Comentário:
De acordo com o art. 225, §3º da Constituição Federal, as pessoas físicas e jurídicas estão
que julgar necessárias sobre o meio ambiente, pois trata-se de um direito difuso, que
interessa à toda coletividade. A alternativa “C” está incorreta porque o princípio da função
socioambiental da propriedade possui caráter de dever coletivo. A alternativa “D” está
incorreta porque troca o conceito do princípio da prevenção com o do princípio da
precaução.
Questão 5
A) é de natureza subjetiva.
B) é de natureza objetiva.
Comentário:
27
Questão 6
a externalidade negativa, ou custo social, num custo privado, visa impedir a socialização do
prejuízo e a privatização dos lucros. Este é o objetivo do princípio
A) do poluidor-pagador.
D) da precaução.
E) da cooperação.
Comentário:
enunciado da questão definiu o seu objetivo, agora vamos ver os objetivos dos princípios
das outras alternativas: princípio da função social da propriedade – objetiva condicionar o
princípio da cooperação – objetiva unir as nações para preservar o meio ambiente, já que
os danos ambientais podem gerar efeitos negativos em todo o planeta.
Questão 7
(IBFC - 2018 - TRF - 2ª REGIÃO - Juiz Federal Substituto) A respeito do princípio da precaução
em relação ao Direito Ambiental, é correto afirmar que:
A) o ônus da prova sobre a ocorrência do dano ambiental e sua autoria é do autor da ação civil
pública.
B) os riscos são certos e o perigo de dano é concreto.
28
C) o Poder Público deve comprovar que os riscos existem, e que a pessoa que explora a atividade
E) compete a quem supostamente promoveu o dano ambiental comprovar que não o causou
ou que a substância lançada ao meio ambiente não lhe é potencialmente lesiva.
Comentário:
cabe ao réu, suposto poluidor, comprovar que não lesou o meio ambiente, conforme
disposto na alternativa “E”. Ademais, como visto, o princípio da precaução se aplica quando
não temos certeza científica quanto à potencialidade poluidora de determinada atividade,
que é o que o diferencia do princípio da prevenção.
Questão 8
(TRF - 3ª REGIÃO - 2018 - TRF - 3ª REGIÃO - Juiz Federal Substituto) A respeito dos princípios
quantitativa por uma melhoria qualitativa como caminho para o progresso, trazendo a
integração entre a proteção ambiental e o desenvolvimento econômico para o benefício das
presentes e futuras gerações.
B) O princípio usuário-pagador pressupõe uma prática ilícita daquele que utiliza o recurso
ambiental, sendo possível a exigência de pagamento quando houver o cometimento de faltas
ou infrações.
C) O princípio da precaução contido no artigo 225 da Constituição Federal impõe ao Poder
29
D) A Lei de Política Nacional do Meio Ambiente obriga a reparação dos danos causados pelo
poluidor à fauna, à flora e ao meio ambiente, devendo ser demonstrada a culpa em sua conduta,
exceto em caso de prejuízo causado pela atividade nuclear.
Comentário:
científica. Ademais, por esse princípio inverte-se o ônus da prova. Portanto, não é possível
liberar a atividade se não houver prova do prejuízo, sendo a dúvida interpretada pro natura;
Questão 9
II. Para a maioria da doutrina que faz a diferenciação entre estes dois princípios, o princípio da
precaução é aplicável aos casos em que os impactos ambientais são conhecidos e devem ser
evitados ou mitigados, enquanto o princípio da prevenção é aplicável aos casos em que não há
certeza científica sobre os riscos e os impactos ambientais da atividade a ser exercida.
30
III. As Resoluções do CONAMA que tratam de padrões máximos de emissão de poluentes têm
IV. O princípio da Ubiquidade é aquele segundo o qual as presentes gerações não podem utilizar
os recursos ambientais de maneira irracional, de modo a privar as gerações futuras de um
V. A cobrança pelo uso da água prevista na Lei de Recursos Hídricos e a compensação ambiental
prevista na Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação são exemplos de aplicação
prática do princípio do usuário-pagador.
Comentário:
ambiente atinge todo o planeta com reflexos negativos. Entretanto, o princípio conceituado
na questão é da solidariedade intergeracional, relacionado com o princípio do
desenvolvimento sustentável.
31
Questão 10
É CORRETO AFIRMAR:
A) O princípio do poluidor pagador resume a responsabilidade pela degradação ambiental em
termos repressivos: o dano ambiental consumado deve ser plenamente ressarcido.
Comentário:
Pelo princípio do poluidor-pagador, o sujeito que praticar atividade que cause ou possa causar dano
ambiental deve ser responsável pelas despesas de prevenção, reparação e repressão desse dano. Portanto,
a responsabilidade pela prevenção ao dano ambiental está incluída na esfera de atuação do princípio do
poluidor-pagador. A alternativa “A” está incorreta porque o princípio em análise não se resume a medidas
repressivas, ao contrário, deve-se privilegiar as medidas preventivas; a alternativa “C” está incorreta porque
a reponsabilidade do poluidor-pagador é objetiva, deve reparar o dano causado por sua atividade
independentemente de culpa; e a alternativa “D” está incorreta porque a recuperação ambiental próxima
das condições originais não exclui o dever de ressarcimento, inclusive as despesas de prevenção,
32
GABARITO
Questão 1 - A
Questão 2 - CERTO
Questão 3 - A
Questão 4 - A
Questão 5 - B
Questão 6 - A
Questão 7 - E
Questão 8 - A
Questão 9 - B
Questão 10 - B
33
QUESTÃO DESAFIO
34
GABARITO QUESTÃO DESAFIO
arque com os danos causados pela sua atividade, com base no art. 225, § 3º, da CF. Já o
princípio do usuário-pagador, previsto no art. 4º, VII, da Lei nº 6.938, prevê a cobrança
pelo uso dos recursos naturais.
Poluidor-pagador
O princípio do poluidor- pagador busca a reparação ambiental. Isso porque toda atividade
poluidora gera um dano ao meio ambiente, de modo que aquele que polui estará obrigado a
pagar pelos danos suportados pela sociedade. Explica AMADO, Frederico. Resumo Direito
Ambiental esquematizado. 3ª Ed: São Paulo. Método. 2015, p. 39: “(...) diga-se que a poluição
amparada em regular licença ou autorização ambiental não desonerará o poluidor de reparar
os danos ambientais, pois não se trata de uma penalidade, e sim de um ressarcimento ao meio
ambiente, em aplicação ao princípio do poluidor- pagador.
Usuário-pagador
Uma vez que os recursos naturais são limitados, o legislador passou a prever, inclusive como
instrumento da política nacional do meio ambiente, a possibilidade de se realizar cobrança pelo
uso dos recursos. Isso porque, além de limitar o seu uso, garante que os indivíduos consumirão
os bens naturais de maneira mais consciente, visto que estarão pagando pelo seu uso. Nesse
sentido, preceitua AMADO, Frederico. Resumo Direito Ambiental esquematizado. 3ª Ed: São
Paulo. Método. 2015, p. 41: “Por ele, as pessoas que utilizam recursos naturais devem pagar
pela sua utilização, mesmo que não haja poluição, a exemplo do uso racional da água (...) há
uma progressiva tendência mundial na cobrança pelo uso dos recursos naturais, notadamente
os mais escassos, a fim de racionalizar a sua utilização e funcionar como medida educativa para
inibir o desperdício (...)”
ambientais com fins econômicos. Jurisprudência Correlata: ADI 3378. (...)Também considerou
que o dispositivo hostilizado densifica o princípio do usuário-pagador, que impõe ao
36
LEGISLAÇÃO COMPILADA
CF/88: art. 4º, IX, 5º, XXII, XIII, XXXIII, 170 e 225;
PNMA: art. 2º e 40;
Código Civil: art. 1.228, §1º.
37
JURISPRUDÊNCIA
STJ. REsp 1.120-AC, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 10/11/2009 (Informativo 415, STJ)
O dano ambiental refere-se àquele que oferece grande risco a toda humanidade e à coletividade, que é a titular
do bem ambiental que constitui direito difuso. Destacou a Min. Relatora que a reparação civil do dano ambiental
assumiu grande amplitude no Brasil, com profundas implicações, na espécie, de responsabilidade do degradador
do meio ambiente, inclusive imputando-lhe responsabilidade objetiva, fundada no simples risco ou no simples fato
da atividade danosa, independentemente da culpa do agente causador do dano. O direito ao pedido de reparação
de danos ambientais, dentro da logicidade hermenêutica, também está protegido pelo manto da imprescritibilidade,
por se tratar de direito inerente à vida, fundamental e essencial à afirmação dos povos, independentemente de
estar expresso ou não em texto legal. No conflito entre estabelecer um prazo prescricional em favor do causador
do dano ambiental, a fim de lhe atribuir segurança jurídica e estabilidade com natureza eminentemente privada, e
tutelar de forma mais benéfica bem jurídico coletivo, indisponível, fundamental, que antecede todos os demais
direitos – pois sem ele não há vida, nem saúde, nem trabalho, nem lazer – o último prevalece, por óbvio, concluindo
pela imprescritibilidade do direito à reparação do dano ambiental. Mesmo que o pedido seja genérico, havendo
elementos suficientes nos autos, pode o magistrado determinar, desde já, o montante da reparação.
Quando se cogita da preservação da vida numa escala mais ampla, ou seja, no plano coletivo, não apenas nacional,
mas inclusive planetário, vem à baila o chamado "princípio da precaução", que hoje norteia as condutas de todos
aqueles que atuam no campo da proteção do meio ambiente e da saúde pública. Ainda que não expressamente
formulado, encontra abrigo nos arts. 196 e 225 de nossa Constituição. O princípio da precaução foi explicitado, de
forma pioneira, na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, realizada no Rio
38
de Janeiro, em 1992, da qual resultou a Agenda 21, que, em seu item 15, estabeleceu que, diante de uma ameaça
de danos graves ou irreversíveis, a ausência de certeza científica absoluta não será utilizada como razão para o
adiamento de medidas viáveis para prevenir a degradação ambiental. (...) Dentre os principais elementos que
integram tal princípio figuram: i) a precaução diante de incertezas científicas; ii) a exploração de alternativas a ações
potencialmente prejudiciais, inclusive a da não-ação; iii) a transferência do ônus da prova aos seus proponentes e
não às vítimas ou possíveis vítimas; e iv) o emprego de processos democráticos de decisão e acompanhamento
dessas ações, com destaque para o direito subjetivo ao consentimento informado.
STJ. REsp 1049822/RS, Rel. Min. Francisco Falcão, 1ª Turma, DJe 18/05/2009.
Aquele que cria ou assume o risco de danos ambientais tem o dever de reparar os danos causados e, em tal
contexto, transfere-se a ele todo o encargo de provar que sua conduta não foi lesiva. Cabível, na hipótese, a
inversão o ônus da prova que, em verdade, se dá em prol da sociedade, que detém o direito de ver reparada ou
compensada a eventual prática lesiva ao meio ambiente.
STJ. R.E. 2003/0195051-9. Rel. orig. Min. José Delgado, rel. p/ acórdão Min. Teori Zavascki, 18/08/2005.
Publ. 17/10/2005, p. 179.
O sistema jurídico de proteção ao meio ambiente, disciplinado em normas constitucionais (CRFB/1988, art. 225,
§3º) e infraconstitucionais (Lei 6.938/81, arts. 2º e 4º), está fundado, entre outros, nos princípios da prevenção, do
poluidor-pagador e da reparação integral. Deles decorrem, para os destinatários (Estado e comunidade), deveres
e obrigações de variada natureza, comportando prestações pessoais, positivas e negativas (fazer e não fazer), bem
como de pagar quantia (indenização dos danos insuscetíveis de recomposição in natura), prestações essas que
não se excluem, mas, pelo contrário, se cumulam, se for o caso.
O exercício do ius variandi, para flexibilizar restrições urbanístico-ambientais contratuais, haverá de respeitar o ato
jurídico perfeito e o licenciamento do empreendimento, pressuposto geral que, no Direito Urbanístico, como no
Direito Ambiental, é decorrência da crescente escassez de espaços verdades e dilapidação da qualidade de vida
39
nas cidades. Por isso mesmo, submete-se ao princípio da não-regressão (ou, por outra terminologia, princípio da
proibição do retrocesso), garantia de que os avanços urbanísticos-ambientais conquistados no passado não serão
diluídos, destruídos ou negados pela geração atual ou pelas seguintes.
Recurso extraordinário. Repercussão geral reconhecida. Direito Constitucional e Ambiental. Acórdão do tribunal de
origem que, além de impor normativa alienígena, desprezou norma técnica mundialmente aceita. Conteúdo jurídico
do princípio da precaução. Ausência, por ora, de fundamentos fáticos ou jurídicos a obrigar as concessionárias de
energia elétrica a reduzir o campo eletromagnético das linhas de transmissão de energia elétrica abaixo do patamar
legal. Presunção de constitucionalidade não elidida. Recurso provido. Ações civis públicas julgadas improcedentes.
1. O assunto corresponde ao Tema nº 479 da Gestão por Temas da Repercussão Geral do portal do STF na internet
e trata, à luz dos arts. 5º, caput e inciso II, e 225, da Constituição Federal, da possibilidade, ou não, de se impor a
concessionária de serviço público de distribuição de energia elétrica, por observância ao princípio da precaução, a
obrigação de reduzir o campo eletromagnético de suas linhas de transmissão, de acordo com padrões internacionais
de segurança, em face de eventuais efeitos nocivos à saúde da população. 2. O princípio da precaução é um critério
de gestão de risco a ser aplicado sempre que existirem incertezas científicas sobre a possibilidade de um produto,
evento ou serviço desequilibrar o meio ambiente ou atingir a saúde dos cidadãos, o que exige que o estado analise
os riscos, avalie os custos das medidas de prevenção e, ao final, execute as ações necessárias, as quais serão
decorrentes de decisões universais, não discriminatórias, motivadas, coerentes e proporcionais. 3. Não há vedação
para o controle jurisdicional das políticas públicas sobre a aplicação do princípio da precaução, desde que a decisão
judicial não se afaste da análise formal dos limites desses parâmetros e que privilegie a opção democrática das
escolhas discricionárias feitas pelo legislador e pela Administração Pública. 4. Por ora, não existem fundamentos
fáticos ou jurídicos a obrigar as concessionárias de energia elétrica a reduzir o campo eletromagnético das linhas
de transmissão de energia elétrica abaixo do patamar legal fixado. 5. Por força da repercussão geral, é fixada a
seguinte tese: no atual estágio do conhecimento científico, que indica ser incerta a existência de efeitos nocivos da
exposição ocupacional e da população em geral a campos elétricos, magnéticos e eletromagnéticos gerados por
sistemas de energia elétrica, não existem impedimentos, por ora, a que sejam adotados os parâmetros propostos
pela Organização Mundial de Saúde, conforme estabelece a Lei nº 11.934/2009. 6. Recurso extraordinário provido
para o fim de julgar improcedentes ambas as ações civis públicas, sem a fixação de verbas de sucumbência.
DANO AMBIENTAL. MORTANDADE. PÁSSAROS. O MP estadual, recorrido, ajuizou, na origem, ação civil pública em
desfavor da empresa agrícola, recorrente, sob a alegação de que essa seria responsável por dano ambiental por
uso de agrotóxico ilegal, o que teria causado grande mortandade de pássaros. A recorrente, em contestação, entre
outras alegações, sustentou a descaracterização do mencionado dano, arguindo que pouco mais de trezentas aves
teriam morrido, sem que tenha havido efetivo comprometimento do meio ambiente. A sentença julgou procedente
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a ação, condenando a recorrente a pagar a importância de R$ 150 mil em indenização a ser revertida para o meio
ambiente local, em recomposição do dano ambiental causado com a morte de 1.300 pássaros da fauna silvestre, o
que se manteve em grau de apelação. Nesta instância especial, ao apreciar a controvérsia, consignou o Min. Relator
que a existência de um dano ambiental não só encerra a necessidade de reconstituição do meio ambiente no que
for possível, com a necessária punição do poluidor (princípio do poluidor-pagador), mas também traz em seu bojo
a necessidade de evitar que o fato venha a repetir-se, o que justifica medidas coercitivas e punições que terão,
inclusive, natureza educativa. Observou não haver como fracionar o meio ambiente e, dessa forma, deve ser
responsabilizado o agente pela morte dos pássaros em decorrência de sua ação poluidora. Quanto ao valor
estabelecido na condenação, entendeu que o pleito da recorrente para que se tome como base de cálculo o valor
unitário de cada pássaro não pode prosperar, já que a mensuração do dano ecológico não se exaure na simples
recomposição numérica dos animais mortos, devendo-se também considerar os nefastos efeitos decorrentes do
desequilíbrio ecológico em face da ação praticada pela recorrente. Diante desses fundamentos, entre outros, a
Turma negou provimento ao recurso. Precedentes citados: REsp 1.120.117-AC, DJe 19/11/2009, e REsp 1.114.893-
MG.
STF. ADI 3540 MC/DF. Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 01/09/2005
EMENTA: MEIO AMBIENTE – DIREITO À PRESERVAÇÃO DE SUA INTEGRIDADE (CF, ART. 225) – PRERROGATIVA
QUALIFICADA POR SEU CARÁTER DE METAINDIVIDUALIDADE – DIREITO DE TERCEIRA GERAÇÃO (OU DE
NOVÍSSIMA DIMENSÃO) QUE CONSAGRA O POSTULADO DA SOLIDARIEDADE – NECESSIDADE DE IMPEDIR QUE
A TRANSGRESSÃO A ESSE DIREITO FAÇA IRROMPER, NO SEIO DA COLETIVIDADE, CONFLITOS
INTERGENERACIONAIS – ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS (CF, ART. 225, § 1º, III) –
ALTERAÇÃO E SUPRESSÃO DO REGIME JURÍDICO A ELES PERTINENTE – MEDIDAS SUJEITAS AO PRINCÍPIO
CONSTITUCIONAL DA RESERVA DE LEI – SUPRESSÃO DE VEGETAÇÃO EM ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE
– POSSIBILIDADE DE A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, CUMPRIDAS AS EXIGÊNCIAS LEGAIS, AUTORIZAR, LICENCIAR
OU PERMITIR OBRAS E/OU ATIVIDADES NOS ESPAÇOS TERRITORIAIS PROTEGIDOS, DESDE QUE RESPEITADA,
QUANTO A ESTES, A INTEGRIDADE DOS ATRIBUTOS JUSTIFICADORES DO REGIME DE PROTEÇÃO ESPECIAL –
RELAÇÕES ENTRE ECONOMIA (CF, ART. 3º, II, C/C O ART. 170, VI) E ECOLOGIA (CF, ART. 225) – COLISÃO DE
DIREITOS FUNDAMENTAIS – CRITÉRIOS DE SUPERAÇÃO DESSE ESTADO DE TENSÃO ENTRE VALORES
CONSTITUCIONAIS RELEVANTES – OS DIREITOS BÁSICOS DA PESSOA HUMANA E AS SUCESSIVAS GERAÇÕES
(FASES OU DIMENSÕES) DE DIREITOS (RTJ 164/158, 160-161) – A QUESTÃO DA PRECEDÊNCIA DO DIREITO À
PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE: UMA LIMITAÇÃO CONSTITUCIONAL EXPLÍCITA À ATIVIDADE ECONÔMICA
(CF, ART. 170, VI) – DECISÃO NÃO REFERENDADA – CONSEQUENTE INDEFERIMENTO DO PEDIDO DE MEDIDA
CAUTELAR. A PRESERVAÇÃO DA INTEGRIDADE DO MEIO AMBIENTE: EXPRESSÃO CONSTITUCIONAL DE UM
DIREITO FUNDAMENTAL QUE ASSISTE À GENERALIDADE DAS PESSOAS. - Todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado. Trata-se de um típico direito de terceira geração (ou de novíssima dimensão), que
assiste a todo o gênero humano (RTJ 158/205-206). Incumbe, ao Estado e à própria coletividade, a especial
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obrigação de defender e preservar, em benefício das presentes e futuras gerações, esse direito de titularidade
coletiva e de caráter transindividual (RTJ 164/158-161). O adimplemento desse encargo, que é irrenunciável,
representa a garantia de que não se instaurarão, no seio da coletividade, os graves conflitos intergeneracionais
marcados pelo desrespeito ao dever de solidariedade, que a todos se impõe, na proteção desse bem essencial de
uso comum das pessoas em geral. Doutrina. A ATIVIDADE ECONÔMICA NÃO PODE SER EXERCIDA EM
DESARMONIA COM OS PRINCÍPIOS DESTINADOS A TORNAR EFETIVA A PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE. - A
incolumidade do meio ambiente não pode ser comprometida por interesses empresariais nem ficar dependente de
motivações de índole meramente econômica, ainda mais se se tiver presente que a atividade econômica,
considerada a disciplina constitucional que a rege, está subordinada, dentre outros princípios gerais, àquele que
privilegia a “defesa do meio ambiente” (CF, art. 170, VI), que traduz conceito amplo e abrangente das noções de
meio ambiente natural, de meio ambiente cultural, de meio ambiente artificial (espaço urbano) e de meio ambiente
laboral. Doutrina. Os instrumentos jurídicos de caráter legal e de natureza constitucional objetivam viabilizar a tutela
efetiva do meio ambiente, para que não se alterem as propriedades e os atributos que lhe são inerentes, o que
provocaria inaceitável comprometimento da saúde, segurança, cultura, trabalho e bem-estar da população, além
de causar graves danos ecológicos ao patrimônio ambiental, considerado este em seu aspecto físico ou natural. A
QUESTÃO DO DESENVOLVIMENTO NACIONAL (CF, ART. 3º, II) E A NECESSIDADE DE PRESERVAÇÃO DA
INTEGRIDADE DO MEIO AMBIENTE (CF, ART. 225): O PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL COMO
FATOR DE OBTENÇÃO DO JUSTO EQUILÍBRIO ENTRE AS EXIGÊNCIAS DA ECONOMIA E AS DA ECOLOGIA. - O
princípio do desenvolvimento sustentável, além de impregnado de caráter eminentemente constitucional, encontra
suporte legitimador em compromissos internacionais assumidos pelo Estado brasileiro e representa fator de
obtenção do justo equilíbrio entre as exigências da economia e as da ecologia, subordinada, no entanto, a invocação
desse postulado, quando ocorrente situação de conflito entre valores constitucionais relevantes, a uma condição
inafastável, cuja observância não comprometa nem esvazie o conteúdo essencial de um dos mais significativos
direitos fundamentais: o direito à preservação do meio ambiente, que traduz bem de uso comum da generalidade
das pessoas, a ser resguardado em favor das presentes e futuras gerações. O ART. 4º DO CÓDIGO FLORESTAL E A
MEDIDA PROVISÓRIA Nº 2.166-67/2001: UM AVANÇO EXPRESSIVO NA TUTELA DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO
PERMANENTE. - A Medida Provisória nº 2.166-67, de 24/08/2001, na parte em que introduziu significativas
alterações no art. 4o do Código Florestal, longe de comprometer os valores constitucionais consagrados no art.
225 da Lei Fundamental, estabeleceu, ao contrário, mecanismos que permitem um real controle, pelo Estado, das
atividades desenvolvidas no âmbito das áreas de preservação permanente, em ordem a impedir ações predatórias
e lesivas ao patrimônio ambiental, cuja situação de maior vulnerabilidade reclama proteção mais intensa, agora
propiciada, de modo adequado e compatível com o texto constitucional, pelo diploma normativo em questão. -
Somente a alteração e a supressão do regime jurídico pertinente aos espaços territoriais especialmente protegidos
qualificam-se, por efeito da cláusula inscrita no art. 225, § 1º, III, da Constituição, como matérias sujeitas ao princípio
da reserva legal. - É lícito ao Poder Público – qualquer que seja a dimensão institucional em que se posicione na
estrutura federativa (União, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios) – autorizar, licenciar ou permitir a
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execução de obras e/ou a realização de serviços no âmbito dos espaços territoriais especialmente protegidos, desde
que, além de observadas as restrições, limitações e exigências abstratamente estabelecidas em lei, não resulte
comprometida a integridade dos atributos que justificaram, quanto a tais territórios, a instituição de regime jurídico
de proteção especial (CF, art. 225, § 1º, III).
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razoabilidade da atuação estatal preventiva, prudente e precavida, na adoção de políticas públicas que evitem
causas do aumento de doenças graves ou contagiosas. Direito à saúde: bem não patrimonial, cuja tutela se impõe
de forma inibitória, preventiva, impedindo-se atos de importação de pneus usados, idêntico procedimento adotado
pelos Estados desenvolvidos, que deles se livram. (...) 8. Demonstração de que: a) os elementos que compõem o
pneus, dando-lhe durabilidade, é responsável pela demora na sua decomposição quando descartado em aterros;
b) a dificuldade de seu armazenamento impele a sua queima, o que libera substâncias tóxicas e cancerígenas no
ar; c) quando compactados inteiros, os pneus tendem a voltar à sua forma original e retornam à superfície,
ocupando espaços que são escassos e de grande valia, em especial nas grandes cidades; d) pneus inservíveis e
descartados a céu aberto são criadouros de insetos e outros transmissores de doenças; e) o alto índice calorífico
dos pneus, interessante para as indústrias cimenteiras, quando queimados a céu aberto se tornam focos de incêndio
difíceis de extinguir, podendo durar dias, meses e até anos; f) o Brasil produz pneus usados em quantitativo
suficiente para abastecer as fábricas de remoldagem de pneus, do que decorre não faltar matéria prima a impedir
a atividade econômica. Ponderação dos princípios constitucionais: demonstração de que a importação de pneus
usados ou remoldados afronta os preceitos constitucionais de saúde e do meio ambiente ecologicamente
equilibrado (arts. 170, inc. I e VI e seu parágrafo único, 196 e 225 da Constituição do Brasil).
STF. Plenário. ADI 2404/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 31/8/2016 (Info 837)
É inconstitucional a expressão “em horário diverso do autorizado” contida no art. 254 do ECA. "Art. 254. Transmitir,
através de rádio ou televisão, espetáculo em horário diverso do autorizado ou sem aviso de sua classificação: Pena
- multa de vinte a cem salários de referência; duplicada em caso de reincidência a autoridade judiciária poderá
determinar a suspensão da programação da emissora por até dois dias." O Estado não pode determinar que os
programas somente possam ser exibidos em determinados horários. Isso seria uma imposição, o que é vedado
pelo texto constitucional por configurar censura. O Poder Público pode apenas recomendar os horários adequados.
A classificação dos programas é indicativa (e não obrigatória).
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MAPA MENTAL
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 23ª ed. São Paulo – Saraiva, 2019.
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