Cópia de @perigosasnacionais Ei, Voce! - J.F. LEMOS
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Ei, Você!
ELA PRECISAVA DELE, MAS NÃO SABIA.
J. F. Lemos
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PRÓLOGO
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UM
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DOIS
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cabeça.
— Sim, sim — confirmo me desvencilhando.
O contato de sua pele intensifica a minha dor.
— Você não parece bem, Anna. Por favor,
vamos sentar e conversar mais um pouco. Tenho
tanto que te contar ainda, muito a explicar.
Eu finco meus pés no chão, negando com a
cabeça.
— Não, estou perfeitamente bem — minto para
ele. — Eu escutei o que falou ao telefone ou, pelo
menos, o que ouvi foi suficiente. — Minha voz sai
mais brusca que o normal, mas neste momento não
me importo; quero que sinta a mágoa que me
domina, a aflição que parece estar em todas as
juntas de meu corpo.
Ele abre a boca para falar, mas não lhe dou a
chance de intervir.
— Não posso te obrigar a me amar, por mais que
doa dizer isso quando eu amo você. Amo há tanto
tempo, que não sei o que é não amar você.
Fungo em meio as lágrimas, que agora caem
feito uma cascata.
— Não sei como não percebi antes — admito. —
Deveria ter notado que algo estava mudando, pelo
modo como falava comigo ou pela maneira como
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TRÊS
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era um deles.
Solto uma respiração profunda e por fim, decido
concordar com Igor e tomar um longo banho de
banheira.
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QUATRO
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CINCO
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SEIS
Três...
Dois..
Um.
— Vejo que reconheceu Noah — diz Nana,
como quem não quer nada.
Finjo demência olhando para fora da janela do
carro.
— Realmente aquele rapaz cresceu bem nos
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SETE
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específico — respondo.
Quando localizo o que procuro, trago a imagem
para mais perto de mim.
— É está aqui — digo, hipnotizada.
— Ah, a propriedade dos Richard — me diz,
prendendo uma mexa de seu cabelo curto, de corte
moderno, atrás da orelha — uma das mais belas
propriedades em nosso catálogo. Está localizada em
uma parte mais reservada da cidade. Possui ótima
posição solar, e, dizem que a costa aonde está
erguida, tem a melhor vista do pôr do sol da região.
Eu sabia, eu o tinha visto nos últimos dias. O sol
se pondo, conseguia ser ainda mais surpreendente
que ele nascendo. A foto, em minhas mãos, era de
alguns anos atrás. A casa estava em seu auge.
Parecia ter sido recém-construída.
— Gostaria de conhecer a propriedade? — a voz
de Bianca chama minha atenção.
Minha resposta sai rápida.
— Com certeza.
Ela se levanta, não perdendo a oportunidade.
— Ótimo. Vocês estão de carro ou gostariam de
vir comigo no meu?
— Estamos de carro, seguimos você — Nana
responde por mim.
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OITO
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Richard.
Ele demora um pouco a entender. Mas quando
compreende, sua face se transforma, e ele abre um
sorriso genuíno, mostrando todos seus dentes
brancos perfeitos. Em poucos passos ele me toma
nos seus braços, me erguendo do chão, e planta um
beijo estalado em minha bochecha.
— Mas isso é ótimo — ele me diz eufórico.
Coloco minhas mãos em seus ombros largos,
sentindo seus músculos através do tecido. Ele me
faz rodopiar dentro da loja, no meio de um
corredor, entre as prateleiras. Eu me deixo levar
pelo momento e jogo minha cabeça para trás.
Quando paramos, ficamos presos nos olhares um
do outro e meu sorriso vai diminuindo quando noto
a intensidade do momento. Fico rígida em seus
braços. Ele percebe minha mudança e me coloca no
chão, devagar, afastando-se em seguida.
Nervosa, coloco uma mexa de cabelo atrás da
orelha.
— O que nos traz de volta a este momento.
Minhas janelas estão bloqueadas e preciso de algo
para solucionar o problema — digo apontando para
as ferramentas.
— Creio que eu já tenha deixado claro que isso
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um significado oculto.
Porém, curiosa volto ao assunto.
— O que aconteceu entre você e Bianca? Ela é
uma mulher linda — digo o óbvio, porque ela era
mesmo.
Ele contrai os lábios antes de responder.
— Um dia, infelizmente, fui até sua casa para
verificar o interruptor da cozinha. Ele estava com
problemas. Ela se aproveitou da situação e deixou
bem claro seu interesse por mim, tanto naquele dia,
quanto em todos os outros em que nos esbarramos
depois. Mas, apesar de linda, ela é desrespeitosa e
mal-educada. E isso não me atrai em uma mulher.
— Ela foi supersimpática comigo ontem e hoje
de manhã — digo pensativa.
Se bem, que depois de hoje, duvido muito que
volte a ser.
— Acredito que sim; afinal, você estava
comprando uma casa com ela.
Bom, não a conheço para julgar. E continuo
irritada com a cena toda. Por isso, dou um soco em
seu braço e imediatamente puxo meu braço de volta
e fecho minha mão de dor. Seu braço não
costumava ser tão duro, ou tão grande, ou tão forte.
— Ai, caramba!
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dele.
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NOVE
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DEZ
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o tema da conversa.
Ela bufa baixinho.
— Você sabe o que achei da casa — diz
contrariada.
— Sei que sim, mas poderia repetir, por
favorzinho — peço gentilmente, piscando os olhos
para ela.
Ela balança a cabeça achando graça.
— Não é segredo que eu sempre sonhei que um
dia você vivesse perto de mim. Quando os Richard
compraram o terreno e começaram a erguer a casa,
me arrependi de não tê-lo comprado antes — ela
me encara. — Seria um belo presente para eu lhe
dar.
Chega a me emocionar o quanto vovó sempre
pensava em mim.
— Eu teria adorado.
— Por outro lado, fico feliz por não ter feito isso,
pois o destino, de alguma forma, se encarregou de
trazê-la para casa.
Eu hesito.
— Minha casa é em Manhattan, vovó — lembro
a ela.
Ela bebe um gole de chá.
— Já parou para pensar que ela poderia ser em
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outro lugar?
Estreitos meus olhos.
— O que quer dizer com isso?
— Sua casa poderia ser em qualquer lugar —
vovó repousa sua xícara na mesa de centro. — Ela
poderia ser aqui, nesta cidade, agora.
Seu olhar era amoroso.
Como assim?
— Mas, mas... — pensamentos me atingem, um
atrás do outro — e meu emprego? E meus amigos?
E meu apartamento?
— Existem oportunidades de emprego aqui
também, Noah está aqui e é um de seus amigos
mais antigos e acredito que Igor não teria problema
nenhum em morar sozinho.
Nana parece já ter pensado sobre tudo isso.
— Tenho um pressentimento dentro de mim,
desde o dia em que a vi interessada naquela casa —
ela faz uma pausa. — Sabe, consigo vê-la sendo
feliz aqui. Sei o quanto ama esta cidade, o quando
se sente conectada a ela, assim como eu sempre me
senti. Se fecho os olhos, consigo te imaginar
entrando pela porta da minha cozinha todas as
manhãs e tomando café da manhã comigo.
Vovó me pega desprevenida e me deixa sem
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respostas.
— Pequena, a vida pode ser sempre mais. Ela
pode ser mais do que uma rotina, um emprego, um
apartamento em uma das capitais mais badaladas
do mundo. Ela pode ser mais do que fazer algo que
goste, ao lado de quem você goste.
Um vinco surge ao redor dos meus olhos.
Isso não é o que todos buscam?
— Sei o que está pensando você sempre foi
péssima em esconder seus pensamentos. — Nana
sorri. – Quero acreditar que, ao longo dos anos, eu
tenha lhe ensinado que a vida pode ser excepcional.
Você pode trabalhar em algo que faça você evoluir,
que te desafie, que te questione, que te intrigue.
Além disso, você precisa viver em um local que te
traga tranquilidade e paz. E, por fim, os verdadeiros
amigos — ela observa —estes a gente não perde
nunca.
Sinto meus olhos ficarem marejados.
— A magia da vida acontece quando
descobrimos nosso propósito.
Ela me repetiu esta frase durante minha vida
inteira, mas parece que só agora ela esta fazendo
algum sentido para mim.
Nana volta beber seu chá.
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ONZE
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planos.
Chego na frente do cinema um pouco antes do
horário combinado com Noah. Levo um dedo aos
lábios ao analisar os cartazes. As opções fazem a
escolha ser quase impossível. Uma linda mulher é
um clássico e tem Julia Roberts, que por si só é um
motivo para rever o filme. Amor além da vida é
outro clássico, sobre o verdadeiro significado de
amar alguém. Ele é real. Um amor de almas gêmeas
que se amam em sua beleza, em sua loucura e em
sua essência, ultrapassando as barreiras do tempo e
do espaço. Estava decidida a escolhê-lo, quando
dou alguns passos para a direita e vejo o cartaz
seguinte, e simplesmente não tenho mais dúvidas.
No caminho para a bilheteria tropeço e sou
socorrida por uma parede de músculos. Noah
envolve minha cintura com seus braços,
espremendo minhas bochechas contra seu peito.
— Não sei por que, mas ultimamente, você anda
caindo, literalmente, nos meus braços, mocinha —
diz com sua voz debochada.
Bato contra seu peito, que mais parece mármore,
e o empurro com força, tentando me soltar. O
esforço é inútil. Noah é muito mais forte do que eu.
O máximo que eu consigo é mover minha cabeça
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minha casquinha.
Ele assente. Com a pazinha, misturo os sabores e
levo até a sua boca. Ele abre os lábios, leva sua
mão até o meu pulso e aceita a delícia gelada. É
uma visão tão erótica que sinto o poder sóbrio e
bruto do seu magnetismo muito próximo do meu
corpo. Os cílios escuros emolduravam o brilho de
diversão que surge nos olhos de Noah, e um
espasmo de desejo sexual me atinge.
Ele dá um sorriso perverso, tão obscenamente
sexy, que mal consigo fechar os olhos.
Droga. Se concentra, Anna.
Foco, garota, foco!
Sem trocarmos palavras, voltamos a caminhar.
Andamos até o píer com uma vista esplêndida do
lago aos pés da montanha, e paramos no guarde-
reio.
Noah apoia seus braços, casualmente, contra o
ferro.
— Tenho algo para confessar — digo a ele.
— O que você fez desta vez? — questiona,
absorto, admirando a vista.
— Eu decidi ficar por aqui, quero dizer, ficar por
um tempo — confesso brincando com meus dedos,
um tanto nervosa. Falar sobre isso com Nana foi
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DOZE
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Fico confusa.
— Ethan? Por que teria a ver com Ethan?
Ele solta um suspiro.
— Você não sabe então.
— Olha, não sei se isso foi uma afirmação ou
uma pergunta, mas a última vez que ouvi ou vi
Ethan foi no dia que terminamos.
Escuto Igor largar algo pesado no chão, e o
rangido de sua cama ao se sentar nela. Começo a
ficar preocupada.
— Igor, aconteceu alguma coisa com Ethan?
Ele hesita, antes de responder.
— Infelizmente não. Você sabe o quanto eu
adoraria quebrar a cara daquele mané depois de
como agiu contigo. Escutando você agora ainda
não sei se você é você de novo. E agora ainda para
piorar...
Ele não completa a frase e fica em silêncio de
novo. E eu começo a ficar impaciente.
— Igor, fala logo o que aconteceu?
Desta vez sua resposta vem rápida.
— Acredite ou não, nosso “querido” amigo irá
casar. Ele e Cinthia publicaram o noivado na
coluna social do New York Post e marcaram a data
para daqui a nove meses. Pelo que pude entender
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machucar.
Se estou bem com isso? É uma boa pergunta.
A cada dia penso com menos frequência em
Ethan, ou em nós. Deitada aqui, eu me dou conta de
que ele não passou pela minha cabeça nos últimos
dias. De fato, nosso relacionamento não estava
legal. Eu me esforçava muito mais, ligava mais,
procurava mais. A cada dia vou percebendo com
mais clareza que nosso amor tinha acabado mesmo
com o tempo, infelizmente da maneira errada. Mas,
indiferente a isso, no final, tudo terminou como
deveria, e hoje estou aqui, deitada no gramado da
minha casa.
Consigo ver as coisas com clareza, após dias
cinzentos.
— Ethan merece ser feliz e não éramos a
felicidade um do outro; em algum momento, ele
iria seguir em frente. Vou aprender a lidar com
isso, porque não posso me preocupar com algo que
não tenho o controle, mas posso cuidar de mim, que
negligenciei por tanto tempo. É por isso que estou
ligando. Quero que saiba que eu agradeço por você
ser um amigo tão bom e leal. Por ter percebido meu
desespero, ter visto que eu precisava de ajuda e ter
ligado para vovó. A cada dia estou melhor. É como
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TREZE
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lábios.
Eu o envolvo com meus braços, querendo
aprofundar o beijo novamente, mas ele não se
move.
— E completamente viciante — garante entre
um beijo e outro.
Ele recua.
— Esperei por isso por tanto tempo e quero fazer
as coisas da forma correta.
— Ou podemos continuar de onde paramos —
digo, puxando-o pela camisa.
Não sei da onde surgiu este ser ousado que
habita meu corpo neste momento.
É vergonhoso, eu sei.
Noah tinha total controle sobre mim.
Ele joga sua cabeça para trás.
— Não me lembro de você ser tão atrevida.
— Como sempre, você traz o melhor de mim à
tona.
Ele se diverte à minha frente e me tira de cima
do mármore, ajeitando meu vestido, depois me
prende em um abraço. Em pé à minha frente, ele é
muitos centímetros mais alto do que eu, e acomoda
seu queixo na minha cabeça. Eu afundo contra seu
peito, sentido os batimentos do seu coração.
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QUATORZE
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lata.
Não sei porque, fiquei tímida com a pergunta e sinto meu
sangue nas bochechas, agora quentes.
— Por que quer saber isso? — pergunto, olhando para a
tigela, com grande interesse.
— Ué, por que não? — revida ele.
Paro de mexer e levanto a cabeça. Seus olhos cintilam de
divertimento por me deixar constrangida.
— Por que será? — respondo, agitada, jogando farinha
pela cozinha — talvez porque seja um assunto íntimo que
não seja da sua conta, ou porque você é meu amigo e não
deveria me perguntar isso. Além do fato de que isso é um
assunto mais delicado para as mulheres. O primeiro beijo é
sagrado. Tem que ser especial, mágico, tem que ter
significado — respondo sonhadora.
Ele estreita os olhos para mim.
— Então não.
Estava perdida em meu mundo de fantasia.
— Perdão, o que disse?
— Então não foi beijada – Noah repetiu.
— Não disse isso — desconverso.
Noah meneia a cabeça e abre um sorriso convencido.
— Não precisou — diz apoiando seus braços na mesa e
repetindo minhas palavras com trejeitos —“Tem que ser
especial, mágico, tem que ter significado”, e um monte de
blá, blá, blá. Isso e mais a sua cara da cor de um tomate
maduro, entregaram seu segredinho.
— Bem, eu ... — não consegui responder e fiquei de
boquiaberta à sua frente.
Para um cara um tanto tapado, Noah até que é
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observador.
— Eu poderia te ajudar com este problema — oferece-se
prestativo.
Idiota.
Chego a me assustar as vezes, com a frequência com que
este pensamento passa por minha cabeça quando estamos
juntos.
— Claro, porque você é muito experiente — cutuco para
irritá-lo.
Ele dá de ombros, e quem fica irritada sou eu. Termino a
mistura e a despejo em uma travessa e a levo ao forno.
Quando estou limpando as mãos, ele se aproxima e para
do meu lado.
— Digamos que tenho, sim, um pouco de experiência
nisso. Odiaria saber que, quando a hora chegar, você não
saberá o que fazer e eu não fiz nada para te ajudar quanto a
isso. Sorte sua que sou um amigo tão prestativo e altruísta.
Altruísta?
Você?
Sei.
Eu devia estar ficando maluca, pois estava começando a
achar que ele estava falando sério.
Coloco as mãos na cintura.
— Por que faria isso? Se quer tanto beijar alguém, a
Tracy está mais do que disposta a isso — lembro a ele.
Ele morde o lábio inferior e evita meu olhar. Então
entendo tudo.
— Você já a beijou! — grito para ele.
— Xiu — digo, olhando para os lados e fazendo sinal para
eu abaixar o volume — quer falar mais baixo, sua maluca.
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QUINZE
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ronronando.
— Bom dia, Noah.
Ele faz um beiço.
— Nada de lindo?
Eu acho graça.
— Acho que não precisamos alimentar seu ego,
ele já é gigante por si só — digo tocando seu nariz.
Ele pisca.
— Vamos concordar em discordar. Precisamos
alimentar meu ego e muitas outras coisas.
Noah morde o lábio inferior e eu me contraio
mais em baixo.
— Vem cá, mocinha. — pede antes de me
enlaçar e selar nossos lábios.
O beijo é melhor do que o de ontem, intenso,
nossas línguas dançando em harmonia. Nossas
mãos, um pouco mais ousadas, começavam a
explorar um pouco mais o corpo um do outro.
Paramos somente quando escutamos o barulho de
um carro, seguido por vozes masculinas.
Noah estava me abraçando pela cintura, quando
três homens altos e fortes entram pela porta da
minha casa. Ele fez as apresentações, sem perder o
contato.
— Gabriel, Samuel e Isaque, esta é minha Anna.
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juntar a mim.
— Noah, caso esteja como fome, tenho bolo aqui
— grito, para que ele me escute de cima do telhado.
— Opa, já estou descendo.
Levo um pedaço de bolo aos lábios e o escuto
descendo a escada atrás de mim.
— Está fazendo mais calor do que imaginei que
faria hoje — reclama Noah.
Volto-me ao som de seus passos e vejo todo
esplendor de Noah sem camisa, suado, sujo, e
completamente másculo, caminhando em minha
direção, enquanto limpa o suor de sua testa com o
antebraço.
Santa mãe de Deus!
Será que já é Natal ou eu tô ganhando meu
presente adiantado?
Era como se eu estivesse vendo-o em câmera
lenta. Seu abdômen bronzeado tem gominhos. As
asas em seu peito parecem se movimentar com o
balanço de seu tórax. A pequena trilha de pelos que
desce pela sua barriga é convidativa, e sua calça
jeans velha, de cintura baixa e rasgada no joelho,
está deixando pouco para minha imaginação. Não
vejo nenhuma roupa de baixo, e só a simples ideia
de ele não usar nenhuma traz umidade para o meio
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de minhas pernas.
Parecia miragem de tão tentador.
Quando me alcança, Noah toma o bolo de
minhas mãos e dá uma mordida lambendo seus
lábios para recolher as últimas migalhas.
Hipnotizada, reparo até no movimento de sua
garganta enquanto engole devagar.
— Delicioso, Anna — afirma ao se acomodar ao
meu lado.
Sua barriga não tinha nenhum pneuzinho.
Não me pergunte porque fiz esta constatação.
Só posso estar sofrendo de um caso, grave, de
paixonite aguda.
Me forço a voltar a racionalizar.
— Você está se exibindo, não é? — digo
apontando para seu tronco sem camisa.
Ele franze a testa, antes de deixar escapar um
sorriso, nos cantos dos lábios.
— Com certeza, estou — admite sem vergonha
alguma.
Ele abocanha mais um pedaço do bolo.
Assim, tão próximo, que consigo sentir seu
cheiro, e ele tinha um cheiro incrível, uma mistura
perfeita de amadeirado com almiscarado, que
combinava com ele. Por algum motivo imagino
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DEZESSEIS
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— Anna.
Noah?
— Minha linda, você precisa acordar agora.
Noah está aqui.
Começo a abrir as pálpebras. Aos poucos, tomo
consciência de que estou deitada olhando para o
teto. Pisco algumas vezes para me acostumar com a
claridade e meu olhar vai ganhando foco. Estou em
um quarto de hospital. Noah está ao meu lado,
sentado em uma cadeira e segurando minha mão.
Olho para o outro lado e vejo que minha mão
esquerda está enfaixada com uma gaze. Trago-a
para mais perto do rosto.
Noah vê minha inquietude e se adianta.
— A médica administrou um sedativo, limpou o
ferimento e fez três pontos. Você não deve se
lembrar, porque apagou durante o procedimento.
Está neste quarto a algumas horas, em observação.
Neste momento, a porta se abre e a doutora
Anelise entra no quarto.
— Olá, Anna, que bom que acordou —
cumprimenta alegre enquanto caminha até próximo
a cama — Este rapaz estava louco de preocupação
com você. — avisa apontando para Noah. —
Limpamos e suturamos o corte. Estou te receitando
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Noah ri.
— Vou procurar um avental para você também.
— Isso seria ótimo — concordo rindo também.
Quando fico sozinha, minhas preocupações
retornam com força total.
Como não percebi que meu ciclo estava
atrasado? Como pude ser tão descuidada? Não
posso estar grávida! Simplesmente não posso!
Sempre usamos camisinha...
Meus pensamentos não faziam sentido e só são
interrompidos quando Noah retorna. Depois de me
ajudar a me cobrir, ele passa seus braços ao redor
de minha cintura, me amparando e andamos lado a
lado igual a dois pares de jarros azuis em direção a
saída.
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DEZESSETE
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distraindo.
— Tem algum rock antigo?
Ele sorri e liga o som. Imediatamente começa a
tocar In These Arms, do Bon Jovi. Eu quase morro,
ali mesmo, nos primeiros acordes da música, que é
perfeita para descrever como me sinto ao seu lado.
Será que ele também se sentia assim?
Me volto para a janela e tento focar minha
atenção na paisagem lá fora. Alguns minutos mais
tarde, estamos chegando ao pé da montanha
Course. A construtora de Noah era um grande
depósito de metal, concreto e madeira. Na placa da
frente lia-se: Construtora Collins. Noah aciona o
portão que se abre à nossa frente. Entramos e ele
estaciona dentro do depósito.
— Já volto, só vou deixar isso no escritório.
Fique à vontade para olhar o quanto quiser — avisa
e pega uma pasta com uma montanha de papéis no
banco de trás e sai do carro.
Curiosa, desço da Range Rover. O interior do
depósito contava com inúmeros materiais de
construção agrupados por seções: tijolos, cimento,
madeira, ferro, areia. Era enorme e organizado.
Todo o piso era de concreto compactado. Em um
dos cantos, viam-se algumas máquinas e no outro
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DEZOITO
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barriga.
— Espero que tenha reservado espaço para a
sobremesa — me adverte, com divertimento nos
olhos.
Respondo de imediato.
— Mulheres sempre têm espaço para isso, Noah
— reprimo ele.
Rindo ele se levanta.
— Volto já.
Ele recolhe os pratos e os leva para dentro.
Depois volta com um pedaço de bolo de chocolate
que coloca em minha frente. Apesar de parecer
delicioso, com todas as camadas apetitosas, jamais
conseguiria terminar aquilo sozinha.
— Jesus, mas isso é enorme — aviso,
endireitando-me na cadeira.
Ele me mostra duas colheres e me entrega uma.
A outra leva ao bolo e saboreia devagar. Ambos
sorrimos um para o outro, ao atacarmos a
sobremesa. Durante nosso jantar escorreu e
algumas lâmpadas se ligaram automaticamente no
lado de fora, criando um ambiente em luz baixa,
extremamente íntimo.
Noah se acomoda na poltrona e me observa
fascinado comer os últimos pedaços da sobremesa.
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envergonhada.
Ele me deu um suspiro trêmulo.
— Eu concordo, mas, por hoje, só quero
continuar a te beijar.
Não tenho tempo para pensar, quando ele volta a
unir nossos lábios e eu me agarro a ele novamente.
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DEZENOVE
Eu estava grávida.
Voltei para o hospital para remover meus pontos,
e sai de lá perturbada.
Grávida? Como eu poderia estar grávida?
Bom, a resposta era meio óbvia.
Dã!
Levo as mãos à cabeça, quase agarrando meus
cabelos.
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sentada no chão.
— Sai daqui menina idiota.
Virou-se e saiu andando. Eu fiquei onde estava. Plantada
no chão me sentindo, realmente, o que ele me chamou. Não
sei quando tempo passou até Noah me encontrar, mas o
bastante para o resto do sorvete derreter em minhas mãos.
— Anna, onde é que você se enfiou? Todo mundo está te
procurando.
Ele andava rápido até parar em minha frente com as
mãos na cintura.
— Você acha que eu sou uma idiota? — perguntei,
chorando.
— Só quando implica comigo — respondeu prontamente.
Olhei para ele incrédula. Se meu melhor amigo me
achava uma idiota, é porque, provavelmente, eu era mesmo.
— Então devo ser mesmo — digo, fungando.
Abaixei os braços e deixei o resto do meu sorvete cair no
chão.
— Ai, meu Deus, estava brincando, garota — diz
atrapalhado, juntando a sujeira que eu fiz do chão. — Não
sou amigo de gente idiota, logo você não pode ser idiota,
porque é minha amiga.
Um pequeno sorriso volta ao meu rosto.
— Sua melhor amiga.
— Como quiser.
— Admite, vai.
— Admitir o que?
Revivo os olhos.
— Que você gosta de mim, ué!
Suas bochechas ficaram um pouco mais vermelhas que o
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normal.
— Não vou admitir nada. Você vem como cada conversa,
hein? — diz desconversando.
Ele começa a caminhar e vou saltitante ao seu lado.
— Você gosta de mim que eu sei.
Ele balança a sua cabeça.
— O cara não pode ser legal que as meninas já ficam
cheias de ideia.
Escuto sua voz, mas ela não tira o sorriso do meu rosto. E
o meio sorriso que vi em seu rosto tem mais valor que o
sorriso inteiro de qualquer outra pessoa.
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VINTE
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completo.
— Sinto muito — digo me afundando nos
travesseiros — ontem foi um dia difícil.
Seu rosto se suaviza um pouco.
— Não interessa, nunca mais faça isso. Meu
coração não é mais tão jovem assim e não pretendo
morrer de preocupação.
Seu comentário brincalhão me faz sorrir.
— Ai vovó, o que eu faria sem você?
Ela sorri com ternura para mim, aliviando o
clima no quarto.
— Pequena, o que aconteceu?
Meu sorriso diminui ao me lembrar do dia
anterior. Recosto-me de costas na cabeceira da
cama.
— Como sabe, fui a médica ontem — começo a
contar a ela.
Ela assente.
— Algum problema com o corte na mão?
— Não, está tudo certo, este não é o problema —
digo desviando meus olhos para a janela.
Pela claridade, já deve ter passado do meio-dia.
Mesmo preocupada, ela me permitiu descansar.
— Então, o que é?
Eu me volto para ela.
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É, eu também estava.
Quando nos afastamos, escuto a voz grossa de
Noah se exaltando e a de Bianca tentando acalmá-
lo. Sinto as lágrimas se formando no fundo dos
meus olhos e me concentro em segurá-las, pelo
menos até chegar à segurança do meu carro.
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VINTE E UM
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Burra, burra.
Chego há minha casa em poucos minutos. Estou
tentando abrir a porta da frente quando escuto o
barulho de pneus. Olho por cima do ombro e vejo a
caminhonete de Noah entrando na propriedade, a
toda velocidade.
Droga! Droga! Droga!
Preciso ser mais rápida; sem querer me
atrapalho com as chaves e as deixo cair no chão. Eu
me agacho para apanhá-las e escuto a porta de sua
caminhoneta ser batida com força.
— Anna — ele grita meu nome.
Finalmente, consigo acertar a fechadura, giro a
maçaneta, e enfim, abro a porta. Entro rápido e a
empurro para fechar. Estava quase conseguindo,
quando Noah impede o movimento com o seu pé.
— Anna, me deixe entrar — pede com a voz
exasperada.
— Não!
Empurro a porta com toda força que tenho, mas
ela não se mexe. As lágrimas continuam a cair. Não
consigo segurá-las. Ter ele tão próximo e escutar
sua voz está acabando comigo. Jamais imaginei que
existisse dor maior do que aquela que senti quando
me afastei dos meus pais ou de Ethan. Mas agora,
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você.
Amoleço ao ouvir isso e olho para baixo, onde
nossas mãos estão unidas.
— Quando éramos crianças, eu era um tonto e
não percebi isso. Acho que por isso pegava tanto no
seu pé — ele abre um sorriso enorme. — Mais
tarde, na adolescência, comecei a ter pensamentos,
um tanto intensos, e às vezes indecentes, e percebi
que já era apaixonado por você. Foi um choque e
tanto, tenho que confessar.
Noah solta uma risada nervosa.
— Minha insegurança era tanta que nunca
considerei te confessar isso, até porque eu tinha
tanto medo de perder sua amizade. A dúvida do que
aconteceria se eu me abrisse para você e não fosse
correspondido.... — ele pensa um momento —
acabaria comigo. E, se você se afastasse de mim
por este motivo, se eu não pudesse mais conversar
contigo, andar contigo, rir contigo, seria ainda pior.
— Jamais permitiria isso. Quem mais iria te
importunar se nos afastássemos — brinco com ele.
Ele acha graça.
— Mas, tudo mudou no dia em que você trouxe
Ethan para cá. Fiquei com muita raiva, que depois
se tornou ciúme inflamado. Eu te coloquei em um
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VINTE E DOIS
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minhas costas.
Não posso decepcioná-la!
Não!
Eu não iria decepcioná-la!
As portas se abrem e saímos. Estamos em um
corredor, com somente duas salas, uma de cada
lado. A direita, ficava um escritório completo, com
uma mesa, computador, poltronas e sofá brancos,
prateleiras, e, ao fundo, uma mesa de reuniões de
madeira, grande o bastante para acomodar umas
oito pessoas. Do outro lado, outro escritório, mas
esta sala era diferente. Abro a porta de vidro e entro
no ambiente. Ao fundo, uma cozinha completa,
toda em inox com geladeira, freezer, fornos, micro-
ondas. Passo meus dedos pela superfície lisa,
sentindo o frio do metal. Nas prateleiras, vários
tipos de farinhas, condimentos, temperos, grãos e
essências. Em uma das paredes, uma pequena horta
vertical estava fixada ao lado da porta que levava a
uma pequena sacada externa.
Vovó está observando tudo em silêncio.
— É perfeito — digo, agradecida pela
oportunidade.
Nana pega o regador e caminha até às plantas e
começar a molhá-las.
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— Sim.
— Tudo vai ficar bem, minha linda — afirma,
lendo meus pensamentos novamente.
Eu umedeço meus lábios, secos, antes de
responder:
— Só quero que o bebê esteja bem e seja
saudável.
Noah me observa compreensivo.
— Ele vai ser. Fique tranquila, estamos quase
chegando.
O consultório da Dra. Jane Miller ficava no
mesmo hospital em que ficava o da Dra. Anelise.
Estacionamos, e Noah me ajuda a descer do carro.
Entramos de mãos dadas. No balcão de
atendimento, informo meu nome e nos sentamos
para aguardar. Noah continuava com seus carinhos
em minha perna, nunca deixando de me tocar.
Após poucos minutos sou chamada por uma
enfermeira.
— Srta. Jones.
Seguimos atrás dela até uma sala no final do
corredor. Do outro lado da porta aguardava-nos
uma senhora de aproximadamente uns cinquenta e
cinco anos, baixa, de óculos, olhos castanhos e
cabelos castanhos presos em um coque baixo. Seu
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cadeira.
— Tire toda sua roupa e coloque este avental —
anuncia, entregando-me uma sacola de plástico e
me dando um pouco de privacidade para remover
minhas roupas.
Alguns segundos depois estou sentada nervosa,
praticamente nua na ponta da maca, brincando com
meus dedos. A doutora volta e me pede para subir
na balança.
— Qual seu peso habitual? — questiona a
doutora.
— Normalmente por volta de cinquenta e sete
quilos.
Ela mexe em alguns pesos e anota.
— Você está com cinquenta e cinco. Teve
muitos enjoos no início da gravidez?
— Poucos, somente um ou dois.
Ela assente.
— Perder peso é normal para algumas mulheres;
não vamos nos preocupar com isso.
Em seguida, desço da balança e ela me pede para
deitar na maca, onde mede minha pressão.
— 12X7, excelente.
Com muita gentileza, ela remove a parte de cima
do avental e examina meus seios. Sempre me senti
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VINTE E TRÊS
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cabelos.
— Em parte.
— Por quê? — fico curiosa.
Noah me dá um leve beijo na clavícula e vai
subindo pelo meu pescoço. É tão bom que esqueço
a pergunta que fiz e aperto sua cabeça contra minha
pele. Sinto o sorriso se formar em seus lábios,
conforme vai subindo e subindo até me beijar no
canto da boca, bem próximo aos lábios, que eu
umedeço, já pronta para ele. Ele se afasta e vejo
meu reflexo na imensidão dourada de sua íris.
— Porque, Anna, meu encontro perfeito, ou meu
dia perfeito, ou qualquer coisa perfeita, não
envolveria um lugar. Envolveria uma pessoa.
Era uma loucura o quando eu adorava sua voz. A
rouquidão parecia alcançar lugares impossíveis
dentro de mim.
— E, para que não haja dúvidas, esta pessoa é
você. Ninguém mais além de você. Agora deixe-me
demonstrar a você.
Ele me deu um último olhar, antes de molhar
seus lábios e tomar minha boca na sua.
Mordiscando, me pedindo passagem, bom demais
para resistir. Não que eu oferecesse qualquer tipo
de resistência. Abro meus lábios e sua língua logo
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me completamente irracional.
— Uma verdadeira tentação — diz lambendo
meus lábios. — Mesmo sabendo que não deveria,
não consigo me segurar. Você está me
enlouquecendo. Estou sonhando há dias com isso.
Ele volta a unir nossos lábios, desta vez com
mais urgência. Beijos longos, mordidas, lambidas,
até eu estar embriagada com as sensações. Cada
carícia de suas mãos mandava uma flechada de
prazer para o fundo do meu abdômen. Eu suplicava
em silêncio por mais, precisando de mais, querendo
mais. Como se pudesse ler meus pensamentos, ele
leva sua mão até minha coxa e vai subindo pela
minha perna, e eu fico em alerta. Meus braços
envolvem seu pescoço com mais força, puxando
sua cabeça contra a minha, e ele solta um som
baixo e selvagem.
O beijo fica mais lascivo e escaldante, de
derreter o cérebro. Finalmente ele me toca por cima
da calcinha. Eu vibro contra ele. Sinto seus dedos
calejados me acariciando e pressionando no meu
centro de prazer, e eu gemo seu nome contra seus
lábios, movendo meu quadril contra o seu. Ele
afasta minha calcinha, tocando minha pele sensível
e úmida. Eu gemo novamente, quando sinto a
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VINTE E QUATRO
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VINTE E CINCO
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— Abby.
Depois cumprimento John, que vem logo atrás.
— Senti saudades de vocês. Como estão todos?
— pergunto a eles.
— Veja por você mesma — responde uma voz
atrás de mim.
Faz semanas que só escuto a voz dele pelo
telefone. Já estou sorrindo quando me viro, e os
braços de Igor me erguem do chão. Como senti
saudade dele. Do cara que sempre me tratou com
respeito, que me ofereceu seu ombro para eu
chorar, que se mudou comigo quando eu precisei
encontrar um novo lar, que compartilha comigo o
amor pela comida. Um amigo que me ajudou a
encontrar forças para lutar minhas batalhas e não as
lutava por mim. Em cada receita compartilhada, em
cada troca de experiências, ele me ajudou a
reencontrar a Anna escondida nas profundezas de
minha alma. A menina que fazia cookies quando
era pequena, cresceu e hoje faz cookies esperando
tocar o coração de alguém, que no futuro vai sonhar
em fazer cookies também.
Ele me coloca devagar no chão; com as mãos
dele ainda em minha cintura, escuto alguém
pigarrear atrás de nós.
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Demônios!
Ele nunca vai esquecer disso.
— Agora, vamos falar de Noah, que me parece
ser um homem bem interessante — insiste Igor,
dando as costas para mexer a panela.
Agora que sei que ele está de costas para mim,
crio coragem para erguer minha cabeça devagar.
Igor e Nana estão se divertindo com a percepção do
que fiz no banheiro. Nunca antes me dei liberdade
para ser tão fogosa perto deles; não fazia ideia do
que estava acontecendo comigo, só sabia que eu
não conseguia controlar. Quando Igor se volta a
mim vejo sua cara e explodo numa risada que em
poucos segundos se transforma em três. Chego a
chorar de tanto rir e a sentir fortes dores em meu
abdômen.
Seco as lágrimas nos cantos dos olhos.
— Juro que poderia morrer de vergonha agora —
admito-lhes.
Igor me tranquiliza.
— Não faça isso! — pede brincando e
acrescenta. — O que foi isso, gata? Nunca ouvi
nada parecido com aquilo em todos os anos que
com Ethan ou mesmo sozinha. Estou muito curioso
em relação a este tal de “Noah” — enfatiza,
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Intenso?
Sério, Anna?
Estou lhes dando munição para ficarem tirando
sarro da minha cara para a vida toda.
Penso em esconder meu rosto de novo, mas, para
minha sorte, Igor bagunça meus cabelos e volta
para o fogão, deixando-me em paz para rir de mim
mesma.
Mais tarde, o jantar fica pronto, nos servimos e
vamos para sala comer. Eu e Igor sentamos no sofá
e Nana em uma das poltronas. O cheiro da massa
de queijo que Igor preparou está divino. E de fato
estava, pois devoro tudo em minutos. Quando
terminamos, Igor recolhe nossos pratos e os leva
para cozinha. Aproveito para me aconchegar no
sofá e apoio meus pés na mesa de centro. Sinto
falta de Fúria, que, nesta hora, estaria enrolada em
meu colo, pedindo carinho.
Igor retorna segurando duas taças de vinho tinto
e me alcança uma. Levo minha mão à taça e paro
no meio do movimento ao me dar conta de que não
posso beber. Ainda não contei a Igor que estou
grávida. Fazer isso por mensagem ou telefone, não
pareceu certo. Eu queria ver a reação de seus olhos
quando eu lhe desse a notícia. O dia passou tão
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VINTE E SEIS
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juntos?
— Como eu não respondi naquela noite, ele foi
embora e se mudou para cá e hoje administra suas
funções na empresa daqui. Toda vez que venho
para cá e ele me abraça... — ela busca forças — é
como se eu ainda pudesse sentir tudo como nos dias
que passamos juntos.
Vovó estava ainda era apaixonada por ele.
— Por que não diz isso a ele?
Nana, simplesmente, sorri.
— Não existe lógica no amor, certo, pequena?
Olha você e Noah, por exemplo, tudo que tiveram
que atravessar para, finalmente, estarem juntos.
Só de ouvir o nome dele já abro um sorriso
enorme.
— Nosso tempo há de chegar. Eu sinto que ele
ainda me ama, e eu sei que ele sabe que eu o amo
também. Iremos nos encontrar de novo ali na frente
e poderemos continuar de onde paramos. Este
tempo não é em vão; ele foi necessário para eu
fazer as pazes com meu passado e me abrir para o
futuro. Ele fez que eu compreendesse que sempre
amarei seu avô, que ele foi o grande amor da minha
vida, mas que eu também posso viver outro grande
amor. Meu coração ainda está batendo, afinal.
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VINTE E SETE
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VINTE E OITO
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para perceber.
Depois disso, ficamos em silêncio.
Ethan continua me analisando, e eu evito seu
olhar.
— Anna, o que estamos fazendo?
Olho ao redor.
— Neste momento, estou trabalhando, quanto a
você, não sei bem o que veio fazer aqui —
respondo com a verdade.
Seus lábios se curvam levemente para cima.
— Achei que fosse óbvio — ele levanta o copo.
— Vim pelo café — diz antes de tomar mais um
gole.
Eu não estava para brincadeiras, e, vendo a
minha cara fechada ele entende.
— Anna, você não pode aparecer aqui, me dizer
que esta grávida de um filho meu e esperar que eu
não faça nada — começa sério. — Pensei muito
sobre tudo e, ao meu ver, não deveríamos criar este
filho com você em um lugar e eu em outro.
Aonde ele queria chegar com isso?
— Eu vejo isso tudo como uma nova chance para
fazermos as coisas da forma correta, afinal, o
melhor para este bebê é que eu e você estejamos
juntos.
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Ah!
Então era isso.
Ele leva uma das mãos aos cabelos antes de se
encostar na proteção do prédio, e olhar para mim.
— Pensei muito no que me disse, e estou
disposto a tentar mais uma vez, eu e você, pelo
bebê.
Penso ter ouvido errado.
— Você está disposto?
Eu assente.
— Pelo bebê — me responde Ethan.
Não ouvi errado, mas mesmo assim pergunto,
ainda incrédula:
— Pelo bebê?
— Sim, quero dizer, poderíamos pelo menos
tentar, não acha?
Sacudo a cabeça antes de rir de nervoso. Este
cenário nunca passou pela minha cabeça. Ethan
querendo voltar comigo é algo que nunca cogitei.
— Você está noivo — lembro a ele.
— Eu sei, mas...
Meneio a cabeça.
— Não me venha com um “mas” agora —
interrompo, colocando-me de pé. Descalça a sua
frente, eu ficava vários centímetros mais baixa que
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VINTE E NOVE
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TRINTA
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pergunta Érika.
— Com certeza — concordo empolgada.
No final do dia, voltamos ao apartamento para
nossa última noite na cidade. Pensei que Igor
passaria a noite conosco, mas, assim que chegamos,
vejo que ele está pronto para sair. Colocou seu
melhor perfume e caprichou no look. Calça jeans
cintura baixa, sapato esportivo e camisa preta
aberta em alguns botões, que deixava à mostra um
pouco do seu peito liso.
— Vai sair? — pergunto largando as chaves no
balcão e me aproximando.
— Sim. Coisa de última hora — diz do banheiro,
com casualidade.
Ele estava prendendo seu cabelo em uma
borrachinha baixa, coisa que só fazia quando se
preparava para caçar. Havia alguma coisa sobre
homens com cabelo mais comprido que deixava as
mulheres loucas e Igor sabia disso, tanto que jamais
cogitava cortar sua madeixas.
Casualidade porcaria nenhuma.
— Aham, sei. E, por acaso, esta coisa de última
hora tem longos cabelos pretos e corpo escultural?
— pergunto cruzando meus braços e erguendo as
sobrancelhas.
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— Ãhn...
Ele tenta encontrar algo para me convencer do
contrário, mas sabe que não pode me enrolar e por
isso não responde. Vendo-o ele sem jeito,
aproveito-me para me vingar do episódio da
banheira; caminho em sua direção, bancando a
sentimental.
— Pensei que ficaríamos por aqui hoje,
assistiríamos um filme ruim e daríamos risada
fáceis, afinal é meu último dia na cidade. Faz tanto
tempo que não passamos um tempo juntos que
pensei que fosse o que você queria também — faço
beiço para intensificar meu drama.
Internamente estou me segurando para não rir.
Igor parece em cima da balança. De um lado seu
sentido protetor e do outro seu desejo. Um brigando
com o outro. Por fim, ele para de arrumar o cabelo
e volta-se para mim.
— Podemos fazer isso também, sei que não
tenho estado muito presente nos últimos dias.
Igor abaixa os olhos e busca seu telefone no
bolso da calça. Quando começa a digitar, não
consigo mais me segurar e solto uma gargalhada.
Ele me observa apavorado, sem entender nada.
Deve estar culpando os hormônios novamente.
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TRINTA E UM
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máscara.
O sol está baixando quando me aproximo da
minha casa. De longe, já conseguia ver as
mudanças. Do lado de fora, as paredes de madeiras
e os revestimentos em pedras pareciam brilhar,
graças ao verniz fresco. O telhado, estava limpo e
uniforme, sem nenhum buraco ou telha faltando, à
vista. A vegetação baixa ao redor e os pinheiros
criavam uma espécie harmonia perfeita; era como
se a construção fosse um adendo perfeito ao local, a
natureza ali presente e não algo construído. A casa
parecia pertencer a este local.
Devagar, abro a porta da frente, para logo em
seguida ficar sem palavras. Noah ligou a lareira e
ondas de luz dourada clareiam todas as paredes da
sala em tons de verde-musgo. Minha mobília
chegou, e o sofá claro e as poltronas marrons
ficaram perfeitas. Um tapete e uma mesa baixa de
centro dão uma sensação maior de aconchego. Noto
o aparador e o espelho de parede pendurado ao lado
da porta, a mesa de jantar e as cadeiras de mogno
escuro, com um pequeno lustre rústico. Vou para a
cozinha, parando no meio do caminho para conferir
o escritório pela porta aberta. Este espaço ainda
está vazio, mas as longas prateleiras para livros já
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estivesse se contendo.
— Ei — cumprimenta encostando sua testa na
minha.
— Ei, você — respondo, sorrindo, sentindo sua
respiração.
Sua mão fazia carinho no meu rosto; os calos dos
seus dedos resvalavam contra a suavidade de minha
bochecha. Seus lábios cheios se entreabrem, e
aqueles olhos dourados percorrem minhas feições
como se estivessem gravando este momento.
Ninguém nunca olhou para mim do modo que
Noah olhava neste instante.
Ele umedece seus lábios e eu umedeço os meus,
e juntos, em uma sincronia perfeita, nos tocamos,
não podendo esperar um só segundo a mais. Nossos
lábios se encontram e Noah aprofunda o beijo, me
pegando pela nuca e pela cintura e me prendendo
contra seu corpo forte. Meus braços vão para seu
cabelo, e eu o toco nos braços, na cintura, em todos
os lugares que eu consigo alcançar. Não importa o
quanto eu o toque, não é suficiente. Noah segura
meu rosto em concha, me dá um beijo no nariz, no
queixo, nas pálpebras, e me diz:
— Não faz ideia do quanto senti sua falta.
— Se for uma parte do que eu senti de você,
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TRINTA E DOIS
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TRINTA E TRÊS
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penas celestiais.
Levo minha mão ao seu braço, tocando a outra
tatuagem.
— O anjo representa sua mãe?
Ele concorda, e diz:
— Fiz alguns anos depois, logo depois do
acidente. Anjos são guardiões de nossa alma. Eu a
sinto ela comigo em cada escolha que faço, em
cada curva do meu caminho. As rosas representam
sua pureza, seu amor e sua beleza.
Visto de perto percebo que o anjo era uma figura
feminina, de cabelos compridos negros que
desciam por suas costas, e em seus braços via-se
um pequeno bebê. Seus braços o envolviam como
se o protegessem de todo mal. Seu tórax estava nu,
adornado por roseiras brancas que subiam pelas
suas pernas.
— Ela sempre estará contigo. Tanto aqui em seu
braço, como aqui — digo, levando minha mão de
volta a seu coração — você é um bom homem
Noah, não precisa mais provar nada a ninguém. É a
melhor pessoa que eu conheço, e eu amo todas as
partes de você. Amo suas inseguranças, que te
motivaram a melhorar, amo as cicatrizes que te
deixaram forte, e amo seu coração puro. Amo o
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TRINTA E QUATRO
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TRINTA E CINCO
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entrar?
Ele assente.
— Sim, obrigada — responde, imediatamente.
Noah e eu recuamos, e Ethan avança no
ambiente. Seus olhos passeiam pela minha sala, das
paredes aos móveis em uma leitura minuciosa.
Quando se dá por satisfeito, eles retornam a mim.
Ele estava com os lábios contraídos, quando
disse:
— É uma ótima residência.
— Obrigada.
— Trouxe isso para você. Sei que são suas
favoritas — alcançando-me as flores.
Eu as aceito um tanto sem jeito.
— Ãhn, obrigada.
Noah escolhe este momento para sair detrás de
mim e parar ao meu lado. Grande como ele é, nem
precisei anunciar sua presença.
— Prazer, sou Noah — cumprimenta oferecendo
sua mão.
Ethan retribui o aperto.
— Ethan, o ex-noivo da Anna, mas acredito que
já tenha deduzido isso — diz com certo sarcasmo.
A tensão era palpável. Eu olhava de um Noah
absolutamente tranquilo para um Ethan
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conversa. Então...
— Eu...
— Eu...
Falamos ao mesmo tempo. Achando graça, digo
a ele:
— Vou deixar você começar.
Ethan sorri, depois olha para a frente por um
tempo. Não o apresso, respeitando sua velocidade.
O que quer que ele tenha para me dizer, era
importante para ele, pois veio de longe para fazê-lo.
— O engraçado de tudo isso, é que eu tinha tudo
esquematizado. Ontem, no escritório estava
conversando com seu pai quando o assunto mudou
para você e quanto mais conversávamos sobre você
mais eu queria te ver. Pedi para ele o endereço de
sua avó aqui em Incline Village; seu pai ficou
animado enquanto anotava o endereço e me desejou
boa sorte — ele busca meus olhos antes de
continuar. — Tu sabe o quanto ele sempre torceu
pela gente e foi a favor de nosso relacionamento.
Eu balanço a cabeça concordando.
— Cheguei ontem de noite e dormi em um hotel
da região. Quando acordei pela manhã, fui direto
para o endereço da casa de sua avó. Fui recebido
pela empregada que me disse onde eu poderia te
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Voltamos a caminhar.
— Sinceramente, tente ser amigo dele. Noah é
uma pessoa incrível. Tenho certeza de que podem
se tornar amigos. Sem contar que seria
infinitamente, mais fácil lidar com tudo isso, se
todos nos entendermos bem.
— Prometo considerar — responde.
Andamos mais alguns passos e ele me pergunta.
— E como vocês estão? — pergunta apontando
para minha barriga — Notei que a barriga está
maior do que da última vez.
Levo a mão até a pequena saliência e a acaricio.
— É esta a tendência — respondo tranquila.
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TRINTA E SEIS
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mim.
À noite estamos sentados nas poltronas dos
fundos, enquanto Noah assa bifes na grelha. Minha
pequena monstra de pelos brancos está deixada ao
meu lado, em cima de um cobertor, mordendo um
osso defumado. Os homens bebem cerveja direto
da garrafa e conversam sobre amenidades.
Estava acariciando minha barriga, quando escuto
me chamarem.
— Certo, Anna? — pergunta Ethan, sentado à
minha frente.
Ele trocou de roupa e está usando uma camisa
folgada azul, bermuda de tecido da mesma cor e
chinelos nos pés. Noah também está mais
confortável, todo de preto. Sua camisa, mesmo
grande, não escondia os músculos embaixo do
tecido. Nem a presença do meu ex-noivo, é capaz
de me fazer não o desejar toda vez que coloco meus
olhos neste pedaço de mau caminho. Era difícil não
me distrair quando pousava meus olhos nele.
— Anna, minha linda — chama sua voz rouca.
Mordo o lábio inferior, quando passo meus olhos
pelo formato das pernas torneadas do meu homem
e sorrio com os pensamentos indecentes que
assombram minha mente.
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NO CONSULTÓRIO, NA MANHÃ
SEGUINTE, a cena era um pouco diferente. A
doutora Jane olhava desnorteada para mim, depois
para Noah, sentando ao meu lado direito, e depois
para Ethan, sentando ao meu lado esquerdo,
tentando acompanhar minhas palavras.
— Então está tentando me dizer que Ethan é o
pai do bebê?
Eu concordo.
— E Noah é seu namorado? — pergunta.
— Exato — concordo.
Noah parece discordar de mim.
— No momento namorado, mas ... — começa
Noah, mas eu toco sua perna e olho em seus olhos
pedindo para não adicionar mais informações, pois
já estava bastante confusa esta situação.
Me volto a Dra. Anelise.
— Isso — digo a ela, pela terceira vez.
Ela balança a cabeça parecendo ainda não
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acreditar.
— Isso, definitivamente, torna as coisas ainda
mais interessantes.
Todos rimos com seu comentário.
Ela me examina a seguir e faz todo o processo de
rotina com medidas, peso e toques. Quando
termina, me tranquiliza de que está tudo dentro do
esperado. Quando chega a hora do ultrassom,
convida os meninos para participarem. Noah veio
flutuando para a cabeceira da cama, e Ethan,
parecia estar desconfortável com a situação
enquanto olhava para a minha barriga arredondada.
A doutora espalhava o gel em minha pele e, quando
se dá por satisfeita, começa a apertar levemente a
cabeça de silicone, anotando algumas informações
na tela. Depois ela amplia uma imagem do meu
útero e aciona um botão para liberar o som do
batimento cardíaco do bebê pela sala.
Acredito que nunca iria deixar de chorar ao
ouvir este som.
Ethan se aproxima mais, e mais, inclinando sua
cabeça em direção ao monitor e, com um pouco de
receio, toca na tela, congelando seus dedos ali. Ele
estava fascinado, seu lábio inferior tremia
levemente.
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Um mês depois.
- Vinte e nove semanas de gravidez -
TRINTA E SETE
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TRINTA E OITO
pergunta:
— Como foi que você e Noah se encontraram?
Eu acho graça.
— Noah era meu amigo de infância. Talvez não
se lembre porque faz muitos anos. Lembra quando
eu vinha visitar vovó e lhe contava sobre um garoto
que me infernizava a vida, mas que mesmo assim
eu chamava de meu melhor amigo? — digo
ajudando-a a recordar.
Ela pensa, antes de responder.
— Acho que me lembro. De quem ele é filho
mesmo?
Não a culpo por não se lembrar; minha mãe não
vinha tanto para cá quanto eu, por isso respondo.
— De Maggie, Maggie Collins.
Ao escutar o nome, minha mãe quase derruba a
taça de vinho no chão. Meu pai, foi rápido ao tirar a
taça de sua mão, evitando um acidente.
— Está tudo bem, querida? — meu pai pergunta
a ela, acomodando a taça na mesa de centro.
Minha mãe parece estar passando mal, mas o que
responde diz o contrário.
— Claro — diz se recompondo — só me
atrapalhei, acho que já chega de vinho para mim —
diz tentando soar descontraída. — Querida, acabei
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TRINTA E NOVE
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QUARENTA
aproximei.
— Olá filha — cumprimenta me dando beijos na
bochecha.
Ela parece feliz por estar aqui e eu estava feliz
também, apesar de estranhar sua visita repentina.
Noah apareceu com um prato de frutas na mão e
um copo de suco de laranja, o que fez meu
estômago se manifestar.
Ele sorri.
— Sempre com fome esse garoto — diz
brincando. — Vem, vou levar isso até a sala, lá é
mais confortável para você descansar.
Eu e minha mãe o seguimos. Escolho a poltrona
e Noah acomoda os pratos na mesinha ao meu lado,
e ajeita as almofadas nas minhas costas e coloca um
banquinho para eu apoiar meus pés. Ele me alcança
as frutas e acomoda sua mão em minha barriga.
— Vou deixá-las a sós para fofocarem, só não
falem mal de mim. — pede piscando.
Ele me dá um beijo antes de subir as escadas.
Fico encarando sua bunda perfeita, nos jeans até ele
sumir do meu campo de visão. Suspirando, pego
um pedaço de morango e dou uma mordida. O
sabor doce da fruta é tudo que preciso depois de um
dia cansativo. Chego a soltar um gemido baixo.
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Ela concorda.
— Eu precisava de um novo começo e por isso,
tive que deixá-los no passado. Mesmo sendo difícil
eu me obriguei a me abrir para novas experiências.
Quando conheci seu pai, ele me ofereceu tudo
aquilo de que eu necessitava. Aos poucos, permiti
que ele entrasse em minha vida e confiei nele. Ele
me ganhou com sua persistência.
Sorrio para ela.
— Algum momento você sentiu saudade de seus
amigos ou voltou a conversar com eles?
Ela tem um momento de indecisão, antes de
continuar.
— Depois de um tempo, tive notícias. Ele me
ligou um dia, poucos meses depois, e, não sei por
quê, eu atendi. Ele me ligava constantemente, e
aquela foi a única ligação que atendi depois que
parti — ela respira fundo. — Ele me contou que
seria pai. Primeiro, eu fiquei em choque, depois
consegui lhe dar os parabéns. Ele me disse que
havia estragado sua vida, que nunca quis aquilo e
que não sabia o que fazer. Eu respondi que não
podia ajudá-lo e desliguei. Nunca mais
conversamos depois disso; troquei meu número de
telefone e cortei o último laço que tinha com aquele
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passado.
Fico tocada pela história. Ela errou, mas este erro
lhe custou um preço alto. Mesmo agora, não era
fácil para ela estar se abrindo para mim, colocando-
se em uma posição tão vulnerável.
Então, por que ela estava fazendo isso?
É quando tenho um clique; como se toda sua
história fizesse sentido de repente. Dois amigos de
infância.... o garoto mais lindo que ela já havia
visto... olhos de um tom que nunca vira antes... sua
amiga carregava um filho.... o pai não queria o
bebê.
Noah!
Engulo em seco e com um medo que nunca tive
antes, pergunto a ela:
— Mãe, qual era o nome dos seus amigos?
Ela balança a cabeça envergonhava, mas me
responde.
— Maggie Collins e Paul Smith.
Eu levo minha mãos aos lábios, ao mesmo tempo
em que escuto um barulho do alto da escada. Com
o coração martelando no peito, a figura arrasada de
Noah se materializa à nossa frente. Ele parecia uma
bagunça enquanto lutava para processar tudo, sua
camisa abotoada de forma errada, uma meia em seu
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EPÍLOGO
- NOAH -
bosta.
E não, não melhora com o tempo.
O sentimento sempre estará ali; você aprende
que não tem controle sobre o passado, mas tem
controle sobre o futuro. E, a partir disso, passa a
escolher a intensidade com que vai deixar doer.
A frustração levou a momentos de raiva, que
imploravam por libertação. Por isso, fiz o que
qualquer cara faria. Eu peguei geral. Passei o rodo
em minhas colegas de aula, nas vizinhas, em
algumas mães de vizinhas, de colegas, eu não me
importava com idade, não tinha critérios além da
necessidade de me aliviar. Até que foi legal. Desde
que desenvolvi alguns músculos, as mulheres se
atiravam em cima de mim, e eu tirei proveito disso.
Algumas noites eram boas, outras nem tanto. Mas,
se eu não saísse, eu pensava nela, para ser sincero,
mesmo enterrado, até as bolas, dentro do corpo de
outra mulher, eu fechava meus olhos e eu a via
claramente como o dia, gravada em minha mente.
As pessoas, principalmente as mulheres, faziam
vista grossa, quando eu e Anna andávamos juntos
na rua. Quando ela me perguntava eu
desconversava. Nunca contaria para ela este lado da
minha vida.
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bruto.
Quando tive certeza de que a espera havia
terminado, de que ela me amava, de que havia
aberto seu coração e me deixado entrar, eu
finalmente a tomei para mim. A noite em que
fizemos amor pela primeira vez foi muito mais do
que sexo. Toda a proximidade e todo o desejo iam
muito além da condição física. Era sobre conhecer
alguém. Era sobre aquela química, aquele encaixe
perfeito. Uma conexão invisível que tive com ela, e
somente com ela, desde pequeno. Muitas vezes não
a entendia, nem conseguia explicar ou ver, mas
havia esse vínculo. Eu sabia que ela me entendia, e
isso me fez querer entendê-la também. Deitado em
cima dela, protegendo-a com meus braços, o
mundo parecia um lugar bom e gentil. Nós
estávamos tão próximos que respirávamos o
mesmo ar. Eu não conseguia parar de beijá-la, tocá-
la, descobrir do que ela gostava, o que a fazia
gemer. Eu memorizava cada mínimo detalhe.
Quando eu pressionei até o fundo, achei que fosse
gozar na hora. Ela era apertada, acomodando meu
pau como uma luva. Eu nos embalei em um ritmo
perfeito até que nossos mundos explodissem em um
gozo desigual. Era sobrenatural estar dentro dela.
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Ela bufaria.
E eu acharia lindo.
— Quer dizer que casarei com um homem das cavernas?
FIM
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Lemos, Jéssica
Título original: Ei, você!
331 p.; 21,59 x 27,94 cm.
Copyright © 2019 de Jéssica Flach de Lemos
Primeira edição, 2019
ISBN 9781095590393
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