Módulo 1. Meteorologia I UniGOYAZES

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METEOROLOGIA I

Sumário
Introdução

1 Introdução à Meteorologia Aeronáutica e seus Parâmetros

Básicos

2 Fenômenos Meteorológicos e seus Desdobramentos na

Atmosfera

3 Dinâmica da Atmosfera

4 Informes Meteorológicos

Referências
Olá, seja bem-vindo e bem-vinda!

Nesta disciplina, você vai estudar a respeito da Meteorologia voltada para


a aviação civil e para voos visuais

Esperamos que, ao término desta, você desenvolva habilidades e


competências para:

• Conhecer a Meteorologia Aeronáutica e seus parâmetros básicos;


• Compreender os fenômenos meteorológicos e seus desdobramentos na
Atmosfera;
• Descrever a dinâmica da atmosfera;
• Analisar os informes meteorológicos.

Bons estudos!
Introdução
A meteorologia é uma ciência que estuda os fenômenos que ocorrem na atmosfera
terrestre. Quando este conhecimento é voltado para uma área específica como a
aviação, tem-se a meteorologia aeronáutica, sendo esta um estudo prático do tempo
destinado à uma atividade aérea.

Mas por que você sendo um piloto de aeronaves ou um gestor da aviação civil deve
conhecer a meteorologia aeronáutica? Este conhecimento permite planejar melhor
um voo, visto que mediante as informações contidas nos códigos meteorológicos
disponíveis nos espaços apropriados de consulta, você conseguirá analisar o tempo
atmosférico do local de partida, da rota a ser voada e do destino, de modo a evitar
as condições atmosféricas adversas, propiciando um voo seguro e econômico.

Nesse contexto, com o objetivo de direcionar você à compreensão da meteorologia


aeronáutica, propomos os conteúdos mais importantes voltados para seu
conhecimento nesta área. Começamos com os principais parâmetros atmosféricos
dinâmicos e variáveis, como temperatura, densidade, pressão e umidade. Tais
parâmetros são o suporte para que você entenda os processos que levam à formação
de fenômenos meteorológicos, tão caros à atividade aérea. São exemplos desses
fenômenos o nevoeiro, as névoas, as nuvens, as tempestades, o gelo, dentre outros
igualmente relevantes.

A partir do momento que você domina o processo formativo dos fenômenos


meteorológicos e as consequências que eles têm sobre o voo, é essencial saber
consultar os informes meteorológicos para analisar, verificar e decidir sobre qual
situação é mais favorável para a realização de um voo seguro e econômico.
MÓDULO 1
Introdução à Meteorologia Aeronáutica
e seus Parâmetros Básicos

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Aula 01: A Terra no Espaço
1 Introdução
Os astros que giram no espaço podem ser luminosos (têm luz própria), como as
estrelas, e iluminados (que recebem luz de uma estrela), como os planetas e
satélites (Lua). O planeta Terra pertence ao Sistema Solar, cujo centro é o Sol
(estrela), em torno do qual giram pelo espaço os planetas de seus sistemas, todos
iluminados.

O nosso Sistema Solar ocupa imenso espaço de mais de 11 bilhões de quilômetros


de diâmetro e situa-se em uma galáxia denominada Via Láctea, que é apenas
uma, entre os milhares de milhões de galáxias que formam o Universo.

O Sistema Solar ocupa uma região próxima à periferia da Galáxia, situada à cerca
de 300.000 anos luz do seu centro. Por ano-luz, unidade que se adotou para facilitar
os cálculos de enormes distâncias, entende-se a distância que a luz, cuja velocidade
é de 300.000 km/seg., percorre em um ano. Essa distância é equivalente a 31
trilhões de quilômetros. Uma outra unidade utilizada é o parsec, que equivale a
3,26 anos luz.

O Sistema Solar é constituído por um conjunto de astros que tem o Sol como
centro e em cujo redor gira um cortejo de planetas, satélites, asteroides e cometas.
Somente o Sol tem luz própria. Os planetas e seus satélites brilham porque
refletem a luz solar.

Figura. Beduka. Fonte:


Domínio Público. Acesso
em: 26 ago. 2021.

Dentre os planetas do Sistema Solar, a Terra é o quinto em volume, sendo


muitas vezes menor do que Júpiter, Saturno, Netuno e Urano. Só apresenta
um satélite que é a Lua e é o terceiro na ordem de afastamento do Sol, tendo,
portanto, órbita maior do que Mercúrio e Vênus. Segundo o Calendário (2011)

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ainda compõe o Sistema Solar os planetas anões Putão, Eris, Makemake,
Haumera e Ceres.

Figura. Beduka. Sistema Solar. Fonte: Domínio Público. Acesso em: 26 ago. 2021.

Temos conhecimento de que a Terra em dimensões amplas tem a forma de uma


esférica e que sua superfície é marcada por acidentes e um grande número de
particularidades. Nela aparecem Três estados da matéria: a Litosfera, parte
sólida composta de rochas de todas as espécies: a Hidrosfera, composta de lagos,
rios, mares, oceanos e bacias; e o envoltório gasoso que compõe a Atmosfera.

De acordo com Sussman (2000) o Sol fornece praticamente toda a energia da Terra.
A órbita da Terra em torno do Sol se altera de várias maneiras. Por exemplo, a
inclinação da Terra passa de 21,5 graus para 24,5 graus num ciclo de 41.000 anos.
Um ciclo diferente de 100.000 anos provoca uma mudança de uma órbita quase
circular para uma mais elíptica. Durante os últimos vários milhões de anos, essas
mudanças parecem causar um padrão recorrente de longos períodos de frio com
períodos mais curtos de calor (os interglaciais) que duram de dez a vinte mil anos.

Figura. Eixo da Terra Fonte:


SUSSMAN (2000).

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2 Movimentos da Terra

Como os demais planetas do Sistema Solar, a Terra está animada de dois


movimentos principais: um em torno do seu próprio eixo, chamado movimento de
rotação, e outro, em torno do Sol, denominado movimento de translação ou
revolução. Tais movimentos são a causa preponderante na formação dos fenômenos
atmosféricos e no clima em geral.

2.1 Movimento de rotação

Suponhamos por um momento que a Terra estivesse parada. Metade do mundo, no


lado iluminado pelo Sol, teria luz perpétua e a outra metade, escuridão completa.
A população que vivesse nos trópicos, no lado iluminado pelo Sol, terminaria,
certamente, por se esquentar demasiado. O do lado escuro, contrário ao Sol,
gelariam.

Para Milone (2003) isto não acontece em razão da Terra executar em torno de um
eixo imaginário, que vai de um polo a outro, um giro constante sobre si mesma,
completando uma volta de Oeste para Este, em 23 horas, 56 minutos e 4 segundos.
Este movimento de rotação terrestre, cuja velocidade máxima é atingida no
Equador (1.666 km/h) é responsável pelo fenômeno dos dias e das noites.

Portanto, em seu constante movimento de rotação, a Terra apresenta sempre, uma


das faces voltadas para o Sol, enquanto a outra, permanece na sombra. Por essa
razão, enquanto no Brasil é dia, no Japão, que fica do outro lado, é noite.

2.2. Movimento de translação

Além de movimentar-se em torno do seu eixo imaginário, a Terra executa em torno


do Sol, um movimento de translação ou revolução, num período de 365 dias, 5
horas, 48 minutos e 46,08 segundos. De acordo com Milone (2003) esse período é
considerado o ano solar.

No movimento de translação, executado a uma velocidade média de 106.500 km/h,


a Terra percorre uma trajetória (chamada órbita terrestre) com a forma de uma
elipse, ocupando o Sol um dos focos. Em virtude da órbita elíptica, a Terra ora se
afasta, ora se aproxima do Sol.

Os dois pontos da órbita em que a Terra se situa mais próxima e mais distante do
Sol, denominam-se respectivamente periélio e afélio. Esses dois pontos situam-
se na interseção da órbita com o eixo maior da elipse, no mesmo alinhamento com
o Sol e recebem o nome genérico de solstícios.

No afélio, a Terra distancia-se 151.200.000 quilômetros do Sol, ao passo que no


periélio, chega a 146.080.000 quilômetros. A velocidade de deslocamento da Terra
ao longo de sua órbita tem um valor máximo no periélio e mínimo no afélio.

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Dois outros pontos, situados ao longo da órbita terrestre, chamados
equinócios, são pontos equidistantes do Sol que se situam a meio caminho entre o
periélio e o afélio.

Figura. Estações do ano. Fonte: Fiocruz


(2011).

Figura. Brasil Escola. Incidência dos


raios solares durante os solstícios de
verão no Hemisfério Norte. Fonte:
Domínio Público. Acesso em: 26 ago.
2021.

3 Consequências dos Movimentos da Terra

Para Brandão (1981) o eixo da Terra não é perpendicular ao plano em que ela
descreve o movimento de translação. Ele mantém uma inclinação constante de
66°33’, ou, o que é a mesma coisa, um ângulo de 23°27’ com a perpendicular. Em
consequência disto, o plano que contém o Equador terrestre, mantém com o plano
da órbita, o mesmo ângulo de 23°27’. O plano que assim contém o círculo máximo
terrestre é chamado Eclítica e a inclinação da Eclítica é, pois, de 23°27’.

A inclinação da Terra traz, como consequência, uma variação na duração dos dias
e das noites e ainda, a ocorrência das chamadas estações do ano.

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Figura. Plano de órbita. Fonte: Brandão
(1981).

4 Latitudes Terrestres

Dos círculos traçados paralelamente ao Equador, denominados paralelos, recebem


nomes especiais: são os trópicos e os círculos polares.

Considerando-se a Terra no periélio, o Sol estará incidindo sobre um paralelo


situado a 23°27’ ao sul do Equador. Trata-se do Trópico de Capricórnio. Sobre
o hemisfério norte, o Sol estará tangenciando a Terra num ponto situado a 66°33’
ao norte do Equador. Trata-se do Círculo Polar Ártico.

Com a Terra no afélio, haverá incidência solar sobre o paralelo de 23°27’N que é o
Trópico de Câncer e o Sol estará tangenciando a Terra no paralelo de 66°33’S,
que corresponde ao Círculo Polar Antártico. Em função de desses paralelos,
temos a destacar as seguintes latitudes:

As latitudes compreendidas entre As latitudes situadas entre 30° e


os dois trópicos são chamadas os Círculos Polares são chamadas
latitudes tropicais. Dentro temperadas. Nestas latitudes,
delas, as áreas situadas em torno as quatro estações do ano
do Equador (aproximadamente apresentam-se bem definidas.
entre 12°S e 15°N, são chamadas Entre os Círculos Polares e os
latitudes equatoriais. As Polos respectivos, temos as
latitudes entre 23°27’e 30° de latitudes polares.
cada hemisfério são as latitudes
subtropicais.

Latitudes tropicais e equatoriais Latitudes temperadas e polares

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Figura. Brasil Escola.
Esquema dos paralelos da
Terra durante o Solstício.
Fonte: Domínio Público.
Acesso em: 26 ago. 2021.

Aula 02: Introdução à


Meteorologia
1 Introdução

A Meteorologia é geralmente definida como a ciência da atmosfera e está


relacionada ao estado físico, dinâmico e químico da atmosfera e às interações entre
eles e a superfície terrestre subjacente.

A Meteorologia é uma ciência fascinante, tratando da atmosfera sob todos os


aspectos. Faz estudos, medidas, correlações, verifica o passado, procurando sempre
explicações. Essa atmosfera tão importante, que nos mantém vivos, fornecendo
oxigênio para a nossa vida, vapor d’água que permite armazenar a energia que vem
do Sol e transforma-se em água. Oxigênio, água e energia, trinômio básico para
todos os seres vivos.

No início, a preocupação era o estudo da atmosfera perto da superfície, onde os


“olhos alcançassem”. Depois vieram os aviões e à medida que subiam de nível de
voo, a Meteorologia teve que “subir” também, para proporcionar informações
desses níveis, dando segurança e economia.

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A Meteorologia é um ramo da Geofísica que é uma ciência que trata da física do
globo terrestre e seus estudos abrangem a Litosfera (terra), a Hidrosfera (água)
e a Atmosfera (ar).

A divisão básica da Meteorologia se faz por pura e aplicada. Meteorologia Pura


é aquela voltada para os estudos físicos e químicos da atmosfera em sua essência
condicionados à pesquisa. São exemplos: a Climatologia, Dinâmica e Polar.
Meteorologia Aplicada é aquela dirigida para a aplicação prática. Temos como
exemplos a Agrícola, Marítima e Aeronáutica. Como pode se perceber a
Meteorologia está presente em diversos aspectos de estudos, segundo Brandão
(1981) dentre eles convém destacar:

Voltadas para os estudos físicos e Parte da Meteorologia que


químicos da atmosfera em sua compreende a interpretação
essência condicionados à matemática dos processos físicos
pesquisa que ocorrem na atmosfera.

Ramos da Meteorologia Pura Dinâmica

Ramo da Meteorologia que Estuda as estatísticas da


estuda os processos físicos que Meteorologia ao longo de 30 a 35
ocorrem na atmosfera das anos.
latitudes polares. Seu estudo
acha-se ligado à Glaciologia.

Polar Climatologia

Dirigida para a aplicação prática. Ramo da Meteorologia que


estuda as relações existentes
entre o clima, o tempo, a vida e o
crescimento dos vegetais
cultivados

Ramos da Meteorologia Aplicada Agrícola

Ramo da Meteorologia que Estudos dos processos físicos que


estuda as interações entre os ocorrem na atmosfera, tendo em
processos físicos que ocorrem na vista a economia, a segurança e a
atmosfera e os oceanos. Seu rapidez do voo.
estudo acha-se intimamente
ligado a Oceanologia e é de
grande importância na proteção e
segurança da navegação
marítima.
Marítima Aeronáutica

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A Meteorologia Aeronáutica tem por finalidade proporcionar aos usuários
segurança e economia. Em sua área de responsabilidade, os serviços se preocupam,
principalmente, com os fenômenos que possam pôr em risco a segurança das
aeronaves. Para isso, é mantido um serviço de vigilância permanente e contínuo,
que difunde boletins sempre que esteja previsto ou tenha sido observado algum
fenômeno perigoso à aviação.

Atualmente, nas investigações, para se ter maior conhecimento da mudança de


tempo e para se obter maiores informações num sentido global, melhorou-se a
técnica para tomar medidas da atmosfera. O desenvolvimento tecnológico criou
sistemas de radares meteorológicos, radiossondagens aerológicas, satélites
meteorológicos e computadores de alta velocidade, capazes de processar
automaticamente a enorme quantidade de dados obtidos. A aviação teve um papel
importante no progresso da Meteorologia, pois foram estabelecidos meios
adicionais para se realizarem voos regulares mais seguros.

A aviação oferece um contínuo desafio à Meteorologia, para que esta se aprimore


cada vez mais e melhore as informações para as operações de voo.

Aula 03: Atmosfera Terrestre


1 Introdução
Para Tolentino (1995) a atmosfera terrestre está entre os fatores fundamentais
tanto para o surgimento quanto para a manutenção da vida no planeta – essa vida
tão preciosa e incomum que até hoje não se sabe se há algo semelhante em outro
ponto do universo. A maior parte das formas de vida da Terra depende diretamente
da atmosfera para existir. Mesmo assim, sua presença é tão sutil que, embora
estejamos nela mergulhados e sejamos por ela penetrados, muitas vezes não nos
damos conta dos seus importantes papéis.

Ao envolver a Terra, a atmosfera cria as condições de temperatura que viabilizam


a vida. Como um fluido vivificador, ela se introduz em nossos pulmões, e os seus
componentes, especialmente o oxigênio, penetram em nosso corpo, tornando nossa
vida possível. Ao mesmo tempo, ela é responsável pelo verdor das florestas e
pradarias.

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A atmosfera é fonte do azul que adorna os nossos céus diurnos, fazendo da Terra
um planeta tão inesquecível. É nela que se produzem os crepúsculos multicoloridos
que tanto admiramos. É devido a ela que ocorrem as auroras polares, de
inesquecível esplendor. Nela se formam as nuvens, de caprichosos desenhos, que
vertem a água fertilizante das chuvas. Por outro lado, é nela que, em certas
estações do ano, ocorrem tempestades, com seus raios e relâmpagos fulgurantes,
acompanhados de trovões ensurdecedores.

É através dela que nos comunicamos, ouvimos o canto dos pássaros, o mugido das
ondas que se arrebentam contra os rochedos ou o som das bandas de rock que
curtimos.

É na atmosfera, e por causa dela, que os pássaros voam e que nós nos deslocamos,
sejam em modernas aeronaves a jato, sejam em pequenos aviões monomotores ou
em asas-deltas. Por tudo isso, vale a pena saber um pouco mais sobre ela.

2 A Capa Gasosa Da Terra

Tolentino (1995) afirma que a observação de que o céu é azul tornou-se corriqueira
e não chama mais a atenção de qualquer pessoa. As cores variadas do crepúsculo
já inspiraram poetas de todas as épocas e culturas. As sombras refrescantes, e
penumbras agasalhadoras já se incorporaram ao nosso cotidiano.

Toletino (1995) explica que no dia 12 de abril de 1961 um fato novo veio lançar
luzes sobre o nosso planeta. Nessa ocasião o astronauta soviético Yuri Gagarin,
pilotando a astronave Vostok I, observou, pela primeira vez na história da
humanidade, durante 108 minutos, o nosso habitat de um ponto de vista muito
especial: praticamente do espaço interplanetário. E uma de suas observações – “a
Terra é azul” – entrou para a história das conquistas do homem.

“A Terra é azul e eu
não vi Deus”
Yuri Gagarin (1961)

Figura. 185 anos Observatório Nacional. 50 Anos da 1ª Viagem do Homem ao Espaço. Fonte:
Domínio Público. Acesso em: 26 ago. 2021.

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A partir de então, os avanços tecnológicos levaram o homem à Lua, de onde a Terra
foi fotografada num crescendo que conquistou as páginas de publicações, ilustrou
artigos e foi capa de revistas. Enfim, a Terra era vista de longe, como um astro
flutuando no espaço, sob a regência de forças que o homem e a sua ciência já haviam
desvendado, descrito e equacionado. O impressionante suave tom azul do nosso
planeta mesclava-se com o branco das nuvens e o marrom-avermelhado das massas
continentais.

O tom azulado da Terra (quando vista do espaço), o céu azul dos dias luminosos, o
colorido variado de alguns momentos do crepúsculo, as sombras pouco densas
projetadas pelos objetos que interceptam a luz do Sol e as penumbras refrescantes
são características próprias do nosso planeta. A capa gasosa da Terra, de natureza
única em nosso Sistema Solar, é a razão de tudo isso. A atmosfera terrestre tem
sido objeto de estudos profundos e se revela, cada vez mais, muito frágil e
importante para a existência e a sobrevivência da vida tal como a conhecemos.

3 Características da Atmosfera

A atmosfera é uma massa gasosa inodora e incolor que envolve a superfície do globo
terrestre, estendendo-se por cerca de 800 km acima da superfície. Em comparação
com o raio da Terra, que é aproximadamente de 6.600 km, é uma camada muito
fina. Na verdade, a maioria dos gases está concentrada em uma camada de cerca
de 6 km, acima da superfície da Terra (TOLENTINO, 1995).

A importância de se estudar a atmosfera é muito grande, pelos vários efeitos que


ela causa em nossas vidas. Efeitos estes naturais ou mesmo causados pela
atividade humana. Como por exemplo, a poluição do ar, que provoca transtornos à
saúde dos habitantes do planeta, devido à má qualidade do ar e pode resultar
também em mudanças no clima do Terra. Tais mudanças podem provocar
transformações no padrão de tempo, em escala global, afetando o suprimento de
alimentos, o regime de precipitações, o recebimento da radiação solar e,
consequentemente, a temperatura de todo planeta.

Com isso, severas tempestades podem causar grandes danos a propriedades,


provocarem enormes enchentes, matar e ferir seres humanos, animais e danificar
a vegetação, interromper a economia local, regional e nacional com o corte de
energia, prejudicando os meios de transportes ou destruindo o parque industrial.
Os invernos muito frios ou verões muito quentes causam um aumento no consumo
de energia e um esgotamento dos recursos naturais que nos são vitais. Da mesma
forma a estiagem pode causar problemas de abastecimento de água potável e
racionamento no consumo de energia elétrica que é fornecida pelas hidroelétricas.
Esses são apenas alguns dos detalhes pelos quais a atmosfera terrestre afeta
diretamente as nossas vidas; por isso, é de suma importância seu estudo, para
podermos compreender melhor esses fenômenos e prever as suas ocorrências.

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No entanto, entender a atmosfera e prever a ocorrência dos fenômenos
meteorológicos que nela acontecem, é muito difícil, visto que existem interações
entre a chegada e a saída de energia.

As diferenças de temperatura são causadas pelo aquecimento ou resfriamento da


superfície terrestre, que no seu entorno, causam mudanças do volume e da
densidade do ar e, em consequência, modifica a pressão atmosférica. A variação da
pressão causa mudança do movimento do ar, na vertical e na horizontal, que pode
criar ou modificar o padrão de circulação. Esse padrão de circulação, em seguida,
afeta a temperatura, padrões de vento, regime de precipitação, resultando em um
sistema muito complexo que está em constante transição. Somente por meio de
estudos cuidadosos e observações criteriosas é que podemos descobrir os mistérios
dos processos que operam dentro de nossa atmosfera. Dentre as principais
características que envolvem a atmosfera em toda a sua complexidade estão sua
composição, função e estrutura (TOLENTINO, 1995).

3.1 Composição da Atmosfera

Uma vez que as condições do manto gasoso que envolve o nosso planeta passam
por alterações conforme a altitude considerada, a composição da atmosfera pode
variar bastante. O problema complica-se mais ainda quando se leva em conta a
entrada para a atmosfera de componentes estranhos, provenientes de atividades
naturais do nosso planeta ou resultantes de processos vitais ou tecnológicos
implantados na sua superfície. Portanto, para fixar algumas condições é usual a
composição do ar limpo e seco. O conceito de ar limpo abrange, nesse caso, a
ausência de substâncias ou materiais estranhos.

As propriedades da atmosfera, assim como as suas mais importantes funções no


nosso planeta, devem-se a esses componentes invariantes.

A determinação desses componentes tem sido realizada por coleta de amostras na


região inferior da troposfera. Para as altitudes superiores, empregaram-se,
inicialmente, balões e, logo depois, foguetes, que passaram a ser usados para
recolher amostras a altitudes cada vez maiores. Atualmente, o levantamento das
condições físico-químicas da atmosfera terrestre envolve observações por meio de
sondas, naves espaciais e satélites, bem como aeronaves. O desenvolvimento de
instrumentos de análise química ou física de alta tecnologia permitiu o
aprofundamento dos conhecimentos sobre a química da atmosfera. Especial
atenção tem sido dada a componentes menores que estão ligados, de certa forma, a
processos naturais ou são derivados das atividades do homem e de outros seres
vivos.

A atmosfera é composta principalmente por nitrogênio (78%) e oxigênio (21%),


e por pequenas quantidades (1%) de argônio, hidrogênio, metano, ozônio,
dióxido de carbono, óxido de carbono e outros gases, alguns nobres. Muitas dessas
substâncias influenciam na estabilidade do clima e na vida dos habitantes do
planeta, como um todo. O dióxido de carbono e o ozônio interferem no balanço
calorífico atmosférico e na radiação que chega à superfície terrestre. Por outro lado,

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certos compostos químicos produzidos pelo homem, tais como o sal marinho, as
queimadas, a fuligem ou, a fumaça das fábricas e dos automóveis que podem afetar
a visibilidade, mas ajudam na condensação, para a formação das nuvens e da
precipitação, agindo como núcleos higroscópicos, núcleos de condensação,
aerossóis ou litometeoros (conhecidas como impurezas sólidas).

Componente Teor (por metro cúbico)


Nitrogênio (N2) 780,9 litros
Oxigênio (O2) 209,5 litros
Argônio 9,3 litros
Figura. Composição do Gás carbônico (CO2)  350 mililitros
ar. Fonte: Tolentino Neônio (Ne) 18 mililitros
(1995) Hélio (He) 5,2 mililitros
Criptônio (Kr) 1,1 mililitro
Hidrogênio (H2) 0,53 mililitro
Xenônio (Xe) 0,086 mililitro

Para efeitos de Banca da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), considere:

O que compõe a Atmosfera Terrestre é o AR

O AR é considerado Puro e Seco (sem impurezas e sem vapor d´água)

O que compõe AR são os Gases

A composição gasosa do ar puro e seco é:


Nitrogênio (N2) = 78%
Oxigênio (O2) = 21%
Outros Gases = 1% (sendo a maior parte do Argônio – 0,93%)

São características do AR Atmosférico:


Não tem cor (incolor)
Não tem cheiro (inodoro)
Tem peso
É compressível
É expansível

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A composição do ar se mantém invariável até, mais ou menos, 70km de altitude.
Entre esse nível e 130 km os raios ultravioletas rompem e separam a molécula de
oxigênio, aumentando a proporção desse gás, chegando a aproximadamente 34%,
diminuindo a quantidade de nitrogênio para 66%. A partir de 300 km de altitude,
começa a ionização do nitrogênio, e mais acima o gás alcança a proporção de 80%,
passando a quantidade de oxigênio a ser de 20%.

Para o estudo dos fenômenos meteorológicos, o fluido mais importante é o vapor


d’água. A atmosfera contém um reservatório de água resfriada para a Terra, no
entanto, dependendo das condições ambientais de uma determinada parte da
atmosfera, ela pode conter, normalmente, de 0,2% a 2,7% de vapor d’água,
chegando a um volume máximo de 4%. Os ventos são encarregados do transporte
do vapor d’água ao redor do planeta, levando água para áreas que não estão
necessariamente perto dos recursos hídricos.

3.2 Importância e Papel Fundamental da Atmosfera – Função

Analisando a composição da atmosfera e suas relações com a superfície do planeta


e com a vida que ela abriga, constata-se que o ar atmosférico é um dos maiores
reservatórios de elementos essenciais. Assim ocorre com o carbono, que está na
atmosfera sob a forma de gás carbônico, sendo incorporado aos seres vivos e à
cadeia alimentar por meio da fotossíntese1. Outro elemento essencial é o oxigênio,
mobilizado pela respiração animal e vegetal. O nitrogênio também tem na
atmosfera o seu maior destaque, bem como o hidrogênio, que através da atmosfera
terrestre, é continuamente reciclado sob a forma de água ou vapor d’água.

Além desse papel de reservatório de elementos essenciais aos processos biológicos


ligados à vida na Terra a atmosfera ainda desempenha outra função, talvez não
tão espetacular nem tão evidente, mas, nem por isso, de menor importância: de
manto térmico e protetor. A atmosfera é suficientemente transparente para
permitir a passagem de grande parte da radiação solar que banha a superfície
terrestre, iluminando-a e provocando reações físico-químicas essenciais.

Por outro lado, alguns de seus componentes funcionam, devido à sua natureza
química, como um filtro eficiente: eles vedam a passagem de uma parcela da
radiação solar (radiação ultravioleta) nociva à vida, interceptam as partículas
ionizantes presentes na radiação cósmica (que poderiam provocar efeitos
indesejáveis em animais e vegetais) e bloqueiam pequenos meteoritos (estrelas
cadentes), que são queimados antes de atingirem a superfície da Terra.

Outra ação é a de impedir, parcialmente, o retorno ao espaço da radiação


infravermelha que aquece a superfície terrestre, funcionando como uma cúpula

1Durante os três primeiros bilhões de anos, as bactérias foram os únicos organismos que habitaram
o planeta. Num período ainda inicial da história dessas bactérias, elas já haviam inventado um
modo de absorver a energia da luz do Sol e de armazená-la sob forma química como açucares. No
que diz respeito aos seres vivos, essa é provavelmente a única reação química importante. Nós a
chamamos de “fotossíntese”, que significa “agregar com luz”.

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protetora, espécie de manto térmico isolante que garante ao nosso planeta uma
temperatura bem acima da que ele teria se não houvesse atmosfera. A superfície
da Terra apresenta uma temperatura média de 15 graus Celsius; se o efeito
protetor não existisse, provavelmente a temperatura seria da ordem de 33 graus
Celsius negativos (-60°F) e o nosso mundo seria um planeta gelado, com sua crosta
coberta por gelo e neve.

3.3 Estrutura da Atmosfera (Sonnemaker, 2017; Tolentino, 1995)

A atmosfera da Terra, geralmente, é dividida em duas grandes regiões: a baixa


atmosfera e a atmosfera superior. Na distribuição vertical básica da atmosfera
sabe-se que a divisão é feita por cinco camadas atmosféricas. Na ordem crescente
a partir da superfície temos: Troposfera, Tropopausa, Estratosfera, Ionosfera
e Exosfera. Porém, na realidade, não existem linhas demarcatórias bem definidas,
pois há uma sensível influência das latitudes consideradas, das estações do ano e
de certas condições climáticas. O limite entre duas regiões recebe o nome genérico
da região inferior, acrescentado do sufixo “pausa”. Assim, o limite entre a
Troposfera e a Estratosfera é chamado de Tropopausa; analogamente se tem a
“Estratopausa”, a “Mesopausa” e a “Termopausa”. O conjunto formado pela
Termosfera, Estratosfera e Mesosfera também é conhecido como “Homosfera”; essa
denominação decorre do fato de a composição básica do ar manter-se constante
nessas regiões. Neste sentido têm-se as seguintes características:

Troposfera: também conhecida como baixa atmosfera. Sua espessura varia de


acordo com a hora e a latitude e tem, em média, cerca de 18 km (de 17 a 19 km)
sobre o Equador, 14 km sobre as latitudes temperadas (de 13 a 15 km) e 8 km sobre
os Polos (de 7 a 9 km). A troposfera é a camada mais intranquila da atmosfera; é
a região de maior atividade nebulosa. Nela acontecem os fenômenos meteorológicos
mais importantes, como as massas de ar, as frentes e as tempestades, os ventos
etc.

A Atmosfera superior começa na zona onde termina a Troposfera. Logo acima


desta, inicia-se uma região onde as características térmicas são singulares. Na
Troposfera, a temperatura do ar, em média, tem um decréscimo de 0,65°C para
cada 100 metros de altura (ou 2°C/1.000 FT ou 3,6°F/1.000 FT), esta razão de
decréscimo de temperatura é conhecida como “lapse rate padrão” ou gradiente
térmico positivo (normal). Este decréscimo estende-se até a Tropopausa (de 3 a 5
km de espessura) que é a camada acima da Troposfera, onde a temperatura
permanece constante com a altitude; a Tropopausa se caracteriza exatamente por
essa isotermia. A Tropopausa não é exatamente uma camada significativa, mas
uma zona limite entre a Troposfera e a Estratosfera.

A Estratosfera (até cerca de 70Km acima da superfície) é a camada logo acima da


Tropopausa. Nela inicia-se a difusão da luz solar, que acarreta a luminosidade do
dia, fenômeno graças ao qual se pode distinguir os objetos à sombra e nos dias
escuros. Embora a Estratosfera possa ser movimentada por algumas correntes
especiais de vento, apenas em certas condições há formação de nuvens nessa
região. Os grandes jatos comerciais navegam no limite superior da Troposfera,

17
procurando regiões mais calmas, que permitam uma navegação tranquila e
confortável aos passageiros. Em alguns casos, a navegação aérea supersônica
utiliza os limites inferiores da Estratosfera, onde a maior rarefação do ar diminui
o atrito da aeronave com a atmosfera, atenuando efeitos mecânicos, aerodinâmicos
e mesmo térmicos. Tem uma subcamada capaz de absorver raios ultravioleta, a
Ozonosfera (cerca de 25 a 30 quilômetros da superfície terrestre) que
detalharemos mais à frente.

À medida que se atingem maiores altitudes, as variações de temperatura e pressão


do ar tornam-se sistemáticas. É interessante saber, por exemplo, que na altitude
superior da Termosfera (cerca de 400 a 500 quilômetros) já se registra a pressão
atmosférica de apenas 106 microatmosferas. Como a atmosfera é compressível, a
maior parte de sua massa concentra-se nas camadas inferiores (maiores pressões),
em decorrência do campo gravitacional da Terra. Assim 40% dessa massa situa-se
abaixo de 4,5 mil metros e 67% abaixo da altitude do Monte Everest, isto é, cerca
de 9 mil metros. Na Estratosfera, ocorre ainda uma concentração acentuada do
Ozônio (O3), entre 25 e 50 km (até a Quimiosfera), que forma uma camada
conhecida como Ozonosfera. Sua origem deve-se a uma certa faixa da radiação
ultravioleta que é absorvida pelo oxigênio molecular, decompondo seus átomos. A
recombinação desses átomos origina moléculas triatômicas de Ozônio. A
importância desse fenômeno para a vida na Terra é muito grande, pois esta camada
filtra todo elemento oriundo do espaço, eliminando espécies vivas que,
eventualmente, possam existir, protegendo, assim, os seres humanos.

Ultimamente a Ozonosfera ou camada de Ozônio vem sendo objeto de


investigações aprofundadas. Como já foi citado, nessa camada ocorre a acumulação
do Ozônio (O3) que, juntamente com o gás Oxigênio (O2), é uma das variedades
alotrópicas do elemento químico Oxigênio (tipo de átomo que tem seis prótons em
seu núcleo). O Ozônio resulta da reação fotoquímica da radiação ultravioleta, que
dissocia o gás oxigênio em seus átomos; esses átomos podem depois se combinar
com outras moléculas de Oxigênio (O2), formando novas moléculas de uma outra
substância simples (O3), que é a forma alotrópica citada.

Devido à absorção do ultravioleta pelo Ozônio, a temperatura na Estratosfera


aumenta com a altitude até uma região conhecida como Estratopausa.

Outras camadas se sucedem acima da Estratosfera, como, por exemplo, a


Ionosfera (ou Termosfera), cuja característica marcante é refletir as ondas
hertzianas de rádio. Aí começa a filtragem seletiva da radiação solar, pois a
Ionosfera absorve a radiação Gama, os raios X e ultravioletas mais penetrantes.
Por vezes empregam-se denominações específicas para regiões da atmosfera que
contêm substâncias particulares ou nas quais ocorrem certos fenômenos de
interesse científico. Por exemplo, a região situada entre 30 e 80 quilômetros de
altura é denominada de Quimiosfera, já que nela acontece uma grande interação
entre a energia solar (principalmente no que corresponde às frequências do
ultravioleta) e certos componentes atmosféricos. Acima da Quimiosfera (de 80 a
400 quilômetros) estende-se a Ionosfera. Nessa região, a ação da radiação
ultravioleta do Sol, somada ao bombardeio de partículas também provindas do Sol

18
(vento solar) ou do espaço (radiação cósmica), provoca a ionização de átomos e
moléculas, formando radicais e íons, principalmente por perda de elétrons.

A Ionosfera tem particular importância para os meios de telecomunicação por


ondas de radiofrequência. Por suas características de região ionizada, ela interage
com as radiações eletromagnéticas emitidas pelas emissoras de radiotelefonia.
Essas radiações, dependendo de sua frequência, podem ser absorvidas pela
Ionosfera, o que impede o escape para o espaço interplanetário. Mas, se estiverem
numa frequência característica das chamadas “ondas curtas”, serão refletidas pela
Ionosfera, retornando à superfície da Terra. Esse processo de reflexão das ondas
curtas permite que programas de rádio emitidos por estações situadas em regiões
geograficamente antípodas sejam recebidas por todo o planeta.

Acima da Ionosfera está a camada externa da atmosfera, a Exosfera,


extremamente rarefeita (supõe-se que se estende a cerca de 1.000 quilômetros),
com limites não definidos. É tão ionizada quanto a Ionosfera e não exerce a
filtragem da radiação solar devido a pouca densidade de suas partículas.
Regiões da atmosfera e Reflexão das ondas curtas de radiofrequência na Ionosfera.

Figura. Regiões da Atmosfera. Fonte: Tolentino


(1995)

Figura. Perfil da atmosfera. Fonte: Varejão apud


Ferreira (2006).

19
Figura. Reflexão das ondas curtas de
radiofrequência na ionosfera. Tolentino (1995).

Importante:
Para efeitos de ANAC/ICAO – Anexo 3, considere a ordem
crescente das camadas atmosféricas:
Troposfera ou baixa atmosfera
Tropopausa
Estratosfera
Ionosfera ou Termosfera
Exosfera

Radiação Solar: no equilíbrio térmico dos corpos, o corpo mais aquecido


cede calor para o menos aquecido. Durante o dia, o Sol (mais aquecido que a
Terra) cede calor para a Terra num processo conhecido como Radiação Solar.

Radiação Terrestre: durante a noite, a ausência do Sol, resulta numa


Terra mais aquecida do que o espaço, portanto a Terra cede calor (radiação
infravermelha) para o espaço sideral.

Albedo: é a relação entre o total da energia refletida e o total da energia que


incide sobre uma superfície. O albedo médio da Terra é de 35%. Pela fórmula:
albedo = R/I. Quanto mais brancas, brilhantes, polidas e lisas forem às
superfícies, maior será o albedo.

Insolação: como podemos perceber, a atmosfera realiza uma seleção dos


raios solares que atingem a sua área, enviando para a superfície da Terra,
somente aquilo que o homem necessita (processo de filtragem seletiva). Esta
seleção é feita através dos processos físicos da absorção: retenção de raios
solares; difusão: espalhamento dos raios e a reflexão: volta dos raios solares
para o espaço. Os raios solares que conseguem atingir a superfície da Terra
(Radiação Solar) após esta seleção, são convertidos em energia térmica pela
superfície e depois mandada de volta para o espaço (Radiação Terrestre). O
total de Radiação Solar que atinge a superfície da Terra é chamado de
Constante Solar: quantidade de energia solar que incide
Insolação tendo seu valor monitorado permanentemente por meio de um
perpendicularmente no topo da atmosfera, cujo valor aproximado é de 1,94
instrumento denominado Heliógrafo.
cal/ cm²/min.
20
Aula 04: Aquecimento da Terra
1 Definição de calor
É a energia de movimento das moléculas de um corpo (energia cinética).

2 Equilíbrio térmico dos corpos


Sempre há transferência de temperatura do corpo de maior para o de menor
temperatura.

3 Expansão e contração dos corpos (ar – atmosfera):


AR QUENTE = MAIS LEVE = MENOS DENSO = OCUPA
MAIOR VOLUME (ELE SOBE)

AR FRIO = MAIS PESADO = MAIS DENSO = OCUPA


MENOR VOLUME (ELE DESCE)

4 Propagação do calor:
É a forma como o calor se propaga entre os corpos para manter o equilíbrio térmico.
De acordo com Sonnemaker (2017) A propagação térmica se dá de QUATRO
formas distintas:

a) RADIAÇÃO: é a transferência de calor por meio do espaço, não havendo


necessidade de matéria. A radiação solar (durante o dia) e a radiação terrestre
(durante a noite) são exemplos das radiações.
b) CONDUÇÃO: quando é necessária a presença de matéria. Ocorre nos sólidos.
c) CONVECÇÃO: é o transporte de calor no sentido vertical. É bastante comum à
tarde, no verão sobre o continente.
d) ADVECÇÃO: é o transporte de calor no sentido horizontal. A advecção se dá
pelos ventos (atmosfera) e pelas correntes marinhas (oceanos).

21
5 Calor específico:
É a quantidade de calor necessário a uma substância, para aumentar em um grau
Celsius, um grama de sua massa.

6 Caloria:
É a quantidade de calor necessária para aumentar de 14,5ºC para 15,5ºC, um
grama de água destilada sob pressão normal.

7 Variações da temperatura (atmosfera):

PARÂMETROS RAZÃO
TEMPERATURA E ALTITUDE (TROPOSFERA) INVERSA
TEMPERATURA E LATITUDE INVERSA
TEMPERATURA E DENSIDADE INVERSA
TEMPERATURA E PRESSÃO INVERSA

CONCLUSÃO: A TEMPERATURA VARIA


INVERSAMENTE PROPORCIONAL COM TODOS OS
PARÂMETROS CITADOS

8 Inversão térmica:
Uma característica da troposfera é a diminuição da temperatura com a altitude
numa razão de 2ºC para cada 1.000 pés, no entanto, quando por alguma razão a
temperatura aumentar com a altitude tem-se uma inversão térmica, ou seja, a
temperatura aumenta com a altitude. O efeito estufa é um exemplo de inversão
térmica, assim como o céu com a presença total de nuvens que absorvem a radiação
infravermelha não permitindo o resfriamento da terra durante a radiação
terrestre.

9 Termometria:
É a medição da temperatura. Existem duas escalas termométricas:

a) Relativas:
• Celsius ou Centígrados (ºC): o ponto de congelamento da água é zero grau
e o ponto de fervura são cem graus. A escala está divida em cem partes.

22
• Fahrenheit (ºF): o ponto de congelamento da água tem valor de 32 graus e
o de ebulição 212 graus. É dividida em 180 partes.

b) Absolutas:
Indicam as temperaturas onde não há mais agitação molecular, portanto, não há
calor.

• Kelvin: corresponde à relativa Celsius, também é dividida em cem partes.


Corresponde ao zero absoluto de – 273 ºC.
• Rankine: corresponde à relativa Fahrenheit. O zero absoluto é – 460ºF ou
459,5ºF ou 459ºF.

Fórmulas para conversões:

C = F-32 K = C + 273 R = F + 459


5 9

Aula 05: Atmosfera Padrão ISA


– OACI/ICAO
1 Definição:
A atmosfera padrão foi criada para melhor compreender o comportamento real dos
fenômenos atmosféricos. Para a aviação, foi criada em virtude da comparação
aerodinâmica entre as aeronaves e o tempo. São considerados os seguintes valores:

Nível Médio do mar (MSL ou NMM) zero pés ou


metros.
Latitude 45º N
Densidade 1225gr/m³ ar
Velocidade do som 340m/s ou 660kt

23
Temperatura 15ºC ou 59ºF
Pressão 1013,25hPa; 29,92 pol. Hg; 14,69 PSI; 76cm Hg;
760mm Hg.

2 Variação do gradiente de pressão:


• 1 hPa para cada 30 pés ou 9 metros.
• 1 Pol. Hg para cada 1.000 pés ou 300 metros.

3 Variação do gradiente térmico:


• 2ºC PARA CADA 1.000 PÉS.
• 0,65ºC PARA CADA 100 METROS.

4 Cálculo da ISA:
ISA = 15 – 2 N (nível de voo ou elevação)
1000

Exemplo:
Calcule a ISA para o FL 055
ISA = 15 – 2 (5500/1000)
ISA = 15 – 2 (5,5)
ISA = 15 – 11
ISA = 4ºC

Aula 06: Pressão e Sistemas de


Pressão na atmosfera

24
1 Definição:
Pressão é a força exercida por unidade de área F/A. A pressão atmosférica é a força
que o ar exerce por meio da gravidade sobre a superfície terrestre. A força da
gravidade é maior nos polos do que no equador, exercendo, portanto, maior pressão
nos polos.

2 Superfícies isobáricas:
São superfícies imaginárias ao longo da atmosfera, dispostas paralelamente,
superpostas entre si no sentido vertical (uma em cima da outra) e que mantém o
mesmo valor de pressão. A pressão atmosférica varia constantemente, de acordo
com outros parâmetros como umidade, densidade e principalmente a temperatura
do ar. As isóbaras são linhas que representam as superfícies isobáricas e unem
valores de mesma pressão atmosférica, são traçadas, convencionalmente, de 2 em
2 hPa’s pares.

3 Variação da pressão atmosférica:

PARÂMETROS RAZÃO
PRESSÃO E TEMPERATURA INVERSA
PRESSÃO E ALTITUDE INVERSA
PRESSÃO E UMIDADE INVERSA
PRESSÃO E DENSIDADE DIRETA
PRESSÃO E LATITUDE DIRETA

4 Medidores da pressão:
A pressão atmosférica é medida nos Barômetros, registrada nos Barógrafos ou
Microbarógrafos. As unidades de medida da pressão são o PSI, a Pol. Hg (in Hg),
cm de Hg, mm de Hg ou hPa (hectoPascal – a mais usada).
Os barômetros podem ser:

a) Hidrostáticos ou de Mercúrio:

Em 1643, Torricelli, cuba, mercúrio, tubo e pressão.

Figura. Researchgate. Barômetro de mercúrio. Fonte: Domínio


Público. Acesso em: 28 ago. 2021.

25
b) Aneróides ou Metálicos:

Cápsula aneróide que se expande ou se contrai de acordo com a variação da pressão


atmosférica. Se subirmos na atmosfera a pressão interna da cápsula passa a ser
maior do que a externa e a cápsula se expande (equilíbrio bárico = passa de onde
tem mais pressão para onde tem menos pressão). Se diminuirmos em FL a pressão
externa à cápsula é maior que a interna é a cápsula será contraída.

Figura. Guia do Aviador.


Altímetro. Fonte: Domínio
Público. Acesso em: 28 ago. 2021

5 Sistemas de pressão:
5.1 Fechados

a) Centros de altas pressões:


As pressões são maiores nos centros e diminuem para a periferia.

b) Centros de baixas pressões:


As pressões são maiores na periferia e menores nos centros.

DIVERGENTE
CENTRO DE ALTA ANTICICLÔNICO
BOM TEMPO

Figura. Centro de alta pressão. Fonte:


Sonnemaker (2017).

26
CONVERGENTE
CENTRO DE BAIXA CICLÔNICO
MAU TEMPO

Figura. Centro de baixa pressão. Fonte:


Sonnemaker (2017).
5.2 Abertos

a) Crista ou cunha

Sistema alongado de alta pressão

b) Cavado

Sistema alongado de baixa pressão

c) Colo, col, garganta ou sela

Sistema de duas altas e duas baixas pressões. Ventos fracos e variáveis de direção.

Figura. Configurações de pressão Sonnemaker (2017).

6 Cartas sinóticas:
São cartas prognosticadas que identificam os centros de pressão tanto de alta
quanto de baixa.

27
Aula 07: Altimetria
1 Definição:
Altimetria vem a ser a técnica de se usar o altímetro (instrumento de bordo
responsável pela indicação de distâncias verticais).

Ponteiro dos 10.000pés

Ponteiro dos 1.000 pés

Ponteiro dos 100 pés

Botão seletor

Figura. Guia do Aviador. Altímetro. Fonte:


Domínio Público. Acesso em: 28 ago. 2021

2 Comportamento da cápsula aneróide com a altitude:

Atitude do Pressão Cápsula Sentido dos


avião atmosférica aneróide ponteiros
Subida Diminui Estende-se Horário
Descida Aumenta Contrai-se Anti-horário

3 Ajustes altimétricos:
a) QNH: é a pressão de um local introduzida no altímetro que fará com que o
instrumento indique, em relação ao nível médio do mar, a altitude oficial do
aeródromo, quando a aeronave estiver decolando ou pousando. O QNH deverá ser

28
ajustado no altímetro ao se cruzar o nível de transição. É utilizado para FINS
AERONÁUTICOS.

b) QFE: é a pressão de um local introduzida no altímetro que fará com que o


instrumento indique zero, quando a aeronave pousar naquele local. Indicará a
ALTITUDE ABSOLUTA ou ALTURA.

c) QNE: é o ajuste padrão do valor da pressão 1.013,25 hPa ou 29,92 Polegadas de


Hg. Isso significa que toda indicação será relacionada ao nível padrão, sendo,
portanto, a indicação da altitude de pressão. É usado para voos em rota e deverá
ser introduzido no altímetro ao se cruzar à altitude de transição. Esta distância
vertical é conhecida como ALTITUDE PRESSÃO (AP).

d) QFF: é a pressão de um local introduzida no altímetro que fará com que o


instrumento indique, em relação ao nível médio do mar, porém, é utilizada
apenas para FINS METEOROLÓGICOS.

Figura. Altitudes diferentes: mesmo ajuste Fonte: Monteiro (1989).

4 Erros altimétricos:
Uma aeronave que voa de uma zona mais quente para uma zona mais fria terá sua
altitude verdadeira diminuída à proporção que se aproxima da zona fria. O inverso
acontece, se uma aeronave voar de uma zona mais fria para uma mais quente. Em
ambos os casos, o altímetro manterá a mesma indicação do nível de voo, mas
somente do ponto em que a temperatura e a pressão forem as padronizadas é que
a aeronave estará na altitude correta da indicação do altímetro.

Os erros
altimétricos podem ser instrumentais ou técnicos ou
meteorológicos.

29
a) Erros instrumentais ou técnicos:
ERROS CARACTERÍSTICAS CAUSAS

FRICÇÃO Atrito entre as peças móveis Má conservação.


internas do relógio.
Falta de manutenção
ÁGUA Penetração de água na linha (drenagem da linha do Pitot;
estática do tubo de Pitot. aeronave exposta ao tempo).

VEDAÇÃO Penetração de ar na caixa do Má conservação.


instrumento.
Quando se lê instrumentos de
PARALAXE Leitura errada. ponteiros em ângulos com o
mesmo.
Provocado por manobras
HISTERESE Leitura errada. rápidas que tenham variação
brusca de nível.

A correção destes erros nos dará a ALTITUDE CALIBRADA.

b) Erros meteorológicos

São dois erros meteorológicos: o de pressão e o de temperatura.

b.1. Erro meteorológico de pressão

Para QNH (1018hPa) > QNE (1013hPa)

• Erro de pressão para mais, pois a pressão ao nível do mar (1018) é maior
que a padrão (1013).

• Erro de indicação para menos, ou seja, o altímetro indica um valor


menor do que a realidade da aeronave. Valor indicado 5.000 pés, enquanto
que a altitude da aeronave é de 5.150 pés.

• Valor D positivo, pois 1018 – 1013 = 5 hPa ou 150 FT a mais do que o


indicado.

• Condição de voo seguro porque a aeronave está voando acima da altitude


pressão indicada.

Para QNH (1008 hPa) < QNE (1013 hPa)

• Erro de pressão para menos, pois a pressão ao nível do mar (10080 é


menor que a padrão (1013).

30
• Erro de indicação para mais, ou seja, o altímetro indica um valor maior
do que a realidade da aeronave. Valor indicado 5.000 pés, enquanto que a
altitude é de 4.850 pés.

• Valor D negativo, pois 1008 – 1013 = -5hPa ou 150 FT a menos do que o


indicado.

• Condição de voo inseguro devido à aeronave estar voando abaixo da


altitude pressão indicada.

Figura. Voo em rota. Fonte: Souza (1989).

A correção do erro de pressão nos dará a ALTITUDE DA AERONAVE.

b.2 Erro meteorológico de temperatura:

É similar ao erro de pressão, porém, o cálculo básico é:

Para cada 10ºC de diferença entre a temperatura do nível de


voo e a padrão para o FL, tem-se 4% do valor do FL que
corresponde à altitude de erro.

Para melhor compreender vamos analisar um exemplo:

Dados:

Se no FL050 a temperatura do ar é de 15°C, calcule o erro altimétrico


de temperatura.

Metodologia para a resolução:

31
1 Passo: Calcular a temperatura ISA para o FL.

2 Passo: Comparar a diferença (em graus) entre a temperatura do ar e a ISA.

3 Passo: A partir da diferença, aplicar a regra geral (10ºC=4%FL. Observação:


caso não seja 10ºC a diferença entre as temperaturas, use uma regra de três) e
calcular o valor dessa diferença em pés.

4 Passo: Observar que se a temperatura do ar for mais quente que a ISA para o
nível, você deverá somar (ao valor da altitude pressão), pois, o ar quente se
expande, ocupando um volume maior. Caso a temperatura do ar seja mais fria no
nível do que a ISA, você deverá subtrair, porque o ar frio provoca a contração das
moléculas do ar, diminuindo o volume ocupado por estas moléculas.

Assim, tomando como base o exemplo:

1 Passo: calculando a ISA para o FL050

2 x 5 = 10
15 (ISA no mar) – 10 = + 5ºC

2 Passo: comparando a temperatura do ar no nível de voo com a ISA para o FL

Temperatura do ar ISA

15°C ≠ 5°C a diferença é de 10°C.

3 Passo: Comparar a diferença (em graus) entre a temperatura do ar e a ISA.

10°C = 4% 4% FL 4% de 5.000 200 pés.

4 Passo: como a temperatura do ar é MAIOR que a ISA, devemos somar

5.000 + 200 = 5.200 pés.

Observação: Se a temperatura do ar fosse MENOR que a ISA, deveríamos


subtrair. Nota: o ar quente se expande e ocupa um volume maior, aumentando a
distância vertical. Já o ar frio é mais pesado, mais denso e ocupa um volume menor
o que acarreta uma distância vertical menor.

Resumindo:

Para temperatura do ar maior (>) que a ISA


• Erro de temperatura para mais, pois a temperatura no nível de voo (15°C)
é maior que a padrão (5°C) para o nível;

32
• Erro de indicação para menos, ou seja, o altímetro indica um valor menor
do que a realidade da aeronave. Valor indicado 5.000 pés, enquanto que a
altitude da aeronave é de 5.200 pés;
• Condição de voo seguro porque a aeronave está voando acima da altitude
pressão indicada.

Para temperatura do ar menor (<) que a ISA


• Erro de temperatura para menos, pois a temperatura no nível de voo (por
exemplo 0°C para o FL050) é menor que a padrão (5°C) para o nível;
• Erro de indicação para mais, ou seja, o altímetro indica um valor maior do
que a realidade da aeronave.
• Condição de voo inseguro porque a aeronave está voando abaixo da
altitude pressão indicada, numa camada de ar mais densa, pesada e baixa.

b.3 Erro meteorológico simultâneo de pressão e de


temperatura (Altitude Verdadeira – AV)

Na atmosfera Real não há como separar pressão e temperatura, portanto, os erros


meteorológicos devem ser tratados em conjunto. Por isso, o ideal é seguir as
orientações abaixo para corrigir os 2 erros simultaneamente. A correção conjunta
da pressão e da temperatura nos dará a ALTITUDE VERDADEIRA.

Para calcular a AV da aeronave, você irá seguir os passos


abaixo:

1 Passo: Calcular o valor D (em pés e se positivo ou negativo), por meio da


fórmula:

VALOR D = QNH – QNE

2 Passo: Calcular a altitude da aeronave em pés por meio da fórmula:

ALT = AP + ou – VALOR D

Onde, ALT = ALTITUDE; AP = ALTITUDE PRESSÃO

3 Passo: Calcular o erro de temperatura em pés (e se positivo ou negativo) por


meio da fórmula:

ERRO TEMP. = P/10ºC 4%FL

33
4 Passo: Jogar o erro de temperatura (valor em pés) na altitude:

AV = ALT + ou – ERRO TEMP

Nota: por meio do COMPUTADOR DE VOO é possível encontrar esse valor.

Aula 08: Altitude Densidade,


Densidade do Ar e Velocidades
1 Definição:
Quando corrigimos a Altitude Pressão para erros de temperatura teremos como
resultado a Altitude Densidade (AD).

2 Performance:
A altitude densidade elevada afeta principalmente a decolagem. Assim, quanto
menor a densidade do ar maior será a altitude densidade, menor será a sustentação
e a corrida de decolagem (pista) aumentará. A altitude densidade varia na razão
inversa da densidade e direta da temperatura e da altitude. Veja:

AD = TEMPERATURA/ALTITUDE
DENSIDADE
Os elementos da performance que a AD afeta são:
• Sustentação
• Corrida na Decolagem
• Razão de Subida
• Potência Disponível
• Potência Necessária
• Carga embarcada

34
Resumo da Performance
AD ELEMENTOS PERFORMANCE

Elevada Sustentação A asa terá menos sustentação

ACFT correrá mais pista para


Elevada Corrida na decolagem
decolar a aeronave

A R/S diminui com a redução da


Elevada Razão de Subida (R/S)
densidade

Elevada Potência Disponível Diminui com a redução da densidade

Aumenta com a redução da


Elevada Potência Necessária
densidade
Reduz com a diminuição da
Elevada Carga embarcada
densidade

3 Fórmula:
A altitude densidade poderá ser calculada com o auxílio do computador de voo,
porém, para os cálculos de meteorologia, existe uma fórmula básica para calcula-
la:
AD=AP + 100 X (d)
onde temos:
AD = Altitude Densidade
AP = Altitude Pressão ou elevação do aeródromo
100 = É uma constante na fórmula
d = É a diferença existente entre a temperatura atual e a temperatura padrão para
a AP considerada.

4 Exemplos:
a) Uma aeronave voa no FL 080 com temperatura de +10ºC. Qual a sua altitude
densidade?
Resposta: 9100 FT.

b) Uma aeronave decola de um aeródromo cuja elevação é de 2.500 FT. A


temperatura na decolagem é de +35ºC. Qual a altitude densidade?
Resposta: 5.000 FT.

Nota: por meio do COMPUTADOR DE VOO é possível encontrar a altitude


densidade.

35
Figura. A altitude
decresce quando o
avião vai para uma
região de ar frio.
Fonte: Monteiro
(1989).

5 Densidade do Ar e Velocidades:
5.1 Velocidade Aerodinâmica (VA ou TAS):

Se aumentar a temperatura do ar ou a altitude, a VA aumentará. O aumento da


altitude e da temperatura acarreta a diminuição da densidade, portanto, com a
diminuição da densidade do ar a VA também aumenta. Resumindo, a VA varia
diretamente com a temperatura e com a altitude e varia inversamente com a
densidade do ar:

VA = TEMPERATURA/ALTITUDE
DENSIDADE

Variação da VA:

a) Com a altitude:

A VA varia 2% da VI (VELOCIDADE INDICADA) para cada 1.000 FT. Exemplo:


FL 050, VI de 100 KT, VA de 110 KT (100 +10KT).

b) Com a temperatura:

A VA varia 1KT para cada 5ºC.


Nota: é possível descobrir o valor da VA com o auxílio do computador de voo.

5.2 Velocidade Calibrada – VC:

É a velocidade indicada corrigida para erros instrumentais.

36
5.3 Número de Mach:

As velocidades supersônicas são indicadas pelo Número de Mach que é a razão


entre a VA do avião e a velocidade do som no mesmo nível de voo. A velocidade do
som só varia no meio atmosférico com a temperatura numa razão direta, ou seja,
densidade, pressão e altitude não afetam essa velocidade. Se em subida a aeronave
mantiver uma VA constante, a velocidade do som diminui em função da diminuição
da temperatura e isso provocará o aumento do Número de Mach (HOMA, 2013).

VA / TAS
a

Onde: VA = Velocidade Aerodinâmica, TAS = True Air Speed – Velocidade


Verdadeira do Ar, a = velocidade do som.

Aula 09: Umidade do Ar


1 Definição:
É a quantidade de vapor d’água existente num dado volume ou massa de ar.

2 Principais fontes de vapor d’água:


Oceanos, rios, lagos, pântanos, solo úmido, vegetação etc.

A evaporação (processo no qual a água em seu estado líquido passa lenta e


gradualmente para o estado gasoso, quando aquecido) é a principal responsável
pelo suprimento de vapor d’água para o ar.

3 Classificação do ar quente quanto ao seu teor de


umidade:
O vapor d’água pode estar presente num dado volume de ar de 0% a 4% em
detrimento dos outros gases que o compõem.

37
Quantidade de vapor d’água e teor de umidade

0% ................... ar seco
1% a 2% .......... ar úmido
3% ................... ar super úmido
4% .................. .ar saturado

Quando o ar está saturado, dizemos que sua capacidade2 está satisfeita.

4 Mudanças do Estado físico da água na atmosfera:


a) Evaporação:

É a passagem natural do estado líquido para o estado de vapor.

b) Condensação:

É a passagem do vapor de água para o estado líquido.

A condensação é responsável pela formação de nuvens e nevoeiros.

c) Sublimação:

Em condições especiais (temperaturas muito baixas), o vapor d’água passa


diretamente para o estado sólido. Exemplo: a formação de minúsculos cristais de
gelo que são constituintes das nuvens altas.
Sublimação espontânea: sem a presença de núcleos higroscópicos, pode ocorrer
a sublimação à temperatura de –39ºC e –40ºC.

d) Congelação ou solidificação:

É a passagem do estado líquido para o estado sólido. Exemplo: geadas, flocos de


neve e pedras de gelo.

e) Fusão:
É a passagem do estado sólido para o estado líquido. Exemplo: flocos de neve e
pedras de gelo que passam para o estado líquido.

2 Capacidade é a propriedade física que o ar possui de reter o vapor d’água.

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Nota: é importante ressaltar que a água (sólida) quando recebe/ganha calor ela
muda de estado até chegar ao vapor e em contrapartida quando ela libera/perde
calor em seu estado de vapor ela votará para o estado sólido.

Figura. Água ganha calor. Fonte: Souza


(1989).

Figura. Água perde calor Fonte: Souza


(1989).

5 Relação Peso X Umidade:


Sonnemaker (2017) afirmar que o ar seco é mais pesado que o ar úmido em
virtude do peso molecular de seus componentes:

• Oxigênio, pm aproximado 32.


• Nitrogênio, pm aproximado 28.
• Vapor d’água, pm aproximado 18.

O peso de uma molécula de vapor d’água é igual a 5/8 de uma molécula de ar seco.
Ar saturado:

• Nitrogênio = 75%
• Oxigênio = 20%
• Argônio = 0,90%

Resumo:
AR SECO MAIS PESADO, MAIS DENSO
AR ÚMIDO OU SATURADO MAIS LEVE, MENOS DENSO

Nota: Não confunda temperatura e umidade, podemos ter ar seco quente (deserto)
ou ar seco frio (polos), assim como podemos ter ar úmido e quente (Amazônia) ou
ar úmido e frio (Londres).

6 Performance com o ar úmido:

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Duas aeronaves do mesmo tipo e peso irão decolar de um mesmo aeródromo em
momentos diferentes. A primeira decolará às 07:00 horas (local), com a umidade
bastante elevada. Já a segunda irá decolar às 12:00 horas com ar mais seco.
Analisando-se o desempenho de cada uma das aeronaves e desprezando o efeito da
temperatura, temos que:

Aeronave Peso Umidade do Distância na Potência Potência


ar decolagem disponível necessária
Primeira 989 kgf Ar saturado 800 metros Menor Maior
Segunda 989 kgf Ar seco 500 metros Maior Menor

Conclusão:
AR ÚMIDO OU DENSIDADE MENOR VA MAIOR
SATURADO MENOR SUSTENTAÇÃO
AR SECO DENSIDADE MAIOR VA MENOR
MAIOR SUSTENTAÇÃO

7 Elementos Representativos da Umidade do Ar:


a) Umidade específica: é a razão entre a massa de vapor d’água e a massa
de ar (úmido) que a contém. Expressa em gramas de vapor d’água por Kg de ar.

U.E = Massa de vapor


Massa de ar

b) Umidade absoluta: é a razão entre a massa de vapor d’água num dado


volume de ar. Expressa em gramas de vapor d’água por metro cúbico de ar.
Aumenta com o aumento da temperatura.

U. A = Massa de vapor
Volume de ar

c) Umidade relativa: é a relação entre a quantidade de umidade existente e


a quantidade total de umidade suficiente para saturar o volume de ar considerado.
É a relação, em PORCENTAGEM, entre a quantidade de ar presente e o total de
umidade que este volume pode conter, numa mesma temperatura.

Exemplos:
1) Um determinado volume de ar atinge a saturação com 80 toneladas de vapor
d’água e num dado momento só apresenta 40 toneladas, então, a umidade relativa
deste volume, naquele momento é de 50%.

80 toneladas .............................. 100%


40 toneladas .............................. X %

40
X = 50%

2) Um determinado volume de ar atinge a saturação com 50 toneladas de vapor


d’água e num dado momento só apresenta 20 toneladas, então, a umidade relativa
deste volume, naquele momento é:

3) Um determinado volume de ar atinge a saturação com 120 toneladas de vapor


d’água e num dado momento só apresenta 20 toneladas, então, a umidade relativa
deste volume, naquele momento é:

8 Temperatura do Ponto de Orvalho (TD):


É a temperatura na qual o ar atinge a saturação mantendo o mesmo valor de
pressão.

Quando a temperatura do ar se iguala a TD, significa que o ar atingiu a saturação


(capacidade satisfeita, 4% de vapor d’água e U.R. de 100%).

Quanto maior for a diferença entre as temperaturas, mais seco estará o ar.

No METAR, as duas temperaturas são indicadas da seguinte forma:

Temperatura do ar/ temperatura do ponto de orvalho


Sendo a temperatura do ponto de orvalho a temperatura da saturação do ar, aquela
na qual o ar não aceitará mais adição de vapor d´água em seu volume, tem-se que
a TD jamais será maior do que a temperatura do ar, no máximo será igual.

9 Ciclo Hidrológico:
É processo pelo qual a água circula da superfície para a atmosfera por meio da
evaporação e retorna da atmosfera para a superfície por meio da precipitação.

Figura. Ciclo da água. Fonte: Santos (2021).

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10 Instrumentos:
HIGRÔMETRO Mede a Umidade Relativa.
HIGROTERMÓGRAFO Registra a temperatura do ar e a umidade relativa*.
PSICRÔMETRO Mede a temperatura do ponto de orvalho,
termômetros de bulbo seco e úmido*.
TELPSICÔMETRO Mede eletronicamente a temperatura do ar e do
ponto de orvalho**
* Instrumentos instalados no abrigo meteorológico.
** Instrumento instalado ao longo da pista de pouso e decolagem.

Referências
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https://beduka.com/blog/materias/fisica/o-que-e-sistema-solar/. Acesso em: 26 ago. 2021.

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FERREIRA, Artur Gonçalves. Meteorologia prática. São Paulo: Oficina de Textos, 2006.

FIOCRUZ. Estações do ano. 2011. Disponível em


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GUIA DO AVIADOR. Altímetro. Disponível em: https://guiadoaviador.wordpress.com/.


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MILONE, André de Castro. Capítulo 1: a astronomia no dia-a-dia. São José dos Campos:
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MONTEIRO, Manoel Agostinho. Capítulo 4: Navegação Aérea. In: Piloto Privado – Avião.
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RESEARCHGATE. Barômetro de mercúrio. Disponível em:
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SANTOS, Vanessa Sardinha dos. Ciclo da água. 2021. Disponível em:


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SONNEMAKER, João Baptista. Meteorologia. 32. ed. ver. E atual. São Paulo: ASA, 2017.

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SUSSMAN. Art. Guia para o planeta terra: para terráqueos de 12 a 120 anos. São Paulo:
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TOLENTINO, Mario; ROCHA FILHO, Romeu C.; SILVA, Roberto Ribeiro da. A atmosfera
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185 ANOS OBSERVATÓRIO NACIONAL. 50 Anos da 1ª Viagem do Homem ao Espaço.


Fonte: Domínio Público. Disponível em: http://resenha-on.blogspot.com/2011/04/. Acesso
em: 26 ago. 2021.

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2021. Todos os direitos reservados.
Produção editorial e revisões: Esp. Tammyse Araújo da Silva

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