Capítulo I
Capítulo I
Capítulo I
NOTAS PRELIMINARES SOBRE A INICIAÇÃO
Pensamento Chave
“Existe um desejo humano por Deus; mas há, também, um desejo divino pelo
homem. Deus é a idéia suprema, a suprema preocupação e o supremo desejo do
homem. O homem é a idéia suprema, a preocupação e o desejo supremos de Deus. O
problema de Deus é um problema humano. O problema do homem é um problema
Divino. O homem é a contraparte de Deus e o Seu bem-amado, de quem espera a
reciprocidade de amor. O homem é a outra pessoa do Divino mistério. Deus necessita
do homem. Sua vontade é não somente que Ele exista, mas que existam também o
homem, o Amante e amado”. (Wrestlers with Christ, Karl Pfleger, p. 236)
CAPITULO I
NOTAS PRELIMINARES SOBRE A INICIAÇÃO
1
Estamos no limiar de uma nova era religiosa. As atuais tendências espirituais
vão se definindo cada vez mais. Os corações dos homens nunca estiveram mais
abertos que agora à influência espiritual, e as portas de comunicação para o próprio
centro da realidade estão franqueadas, de par em par. Entretanto, esse significativo
desabrochar tende, paralelamente, à direção contrária, e as filosofias materialistas,
assim como as doutrinas negativistas, prevalecem, mais e mais. Para muitos toda a
questão da validade da religião cristã ainda está por se definir. Sustenta-se que o
Cristianismo fracassou e que o homem não necessita dos relatos do Evangelho, com
suas implicações de divindade e seu apelo ao serviço e ao sacrifício.
são destacados, com freqüência, por muitos que se negam a reconhecer Sua missão
como expressão da divindade.
Os que podem transitar no mundo das idéias, da fé e da experiência viva, dão
testemunho de Sua divindade e da possibilidade da nossa aproximação a Ele. Esse
depoimento é, porém, muito frequentemente considerado como místico, fútil e carente
de provas. A crença individual, de resto, não é de valor para ninguém, exceto para o
próprio crente ou, no que tende a acrescentar o testemunho, até assumir proporções
tais que, com o tempo, se converta em uma prova.
Apoiar-se em um “tipo de crença” pode indicar uma experiência viva, mas
também pode constituir, de outra parte, uma espécie de auto-hipnose ou uma “via de
escape” para as dificuldades e os problemas da vida cotidiana. O esforço por
compreender, por adquirir experiência, por experimentar e expressar o que se conhece
e crê é, não raro, demasiadamente difícil para a maioria, e essa, então, se apóia em
uma crença baseada no testemunho daqueles que inspirem confiança, como a forma
mais fácil de sair do impasse.
Talvez, outra razão por que a humanidade atualmente creia tão pouco ou
duvide tão lamentavelmente do que se crê, seja o fato de haverem os teólogos tentado
tirar o Cristianismo do lugar que ocupa no esquema das coisas e passado por alto
sobre a sua posição, na ampla continuidade da revelação divina. Esforçaram-se por
acentuar sua excepcionalidade, considerando-a como uma expressão totalmente
isolada e independente da religião espiritual. Com isso, destroem o cenário, abalam
seus fundamentos
(p. 5)
e tornam difícil para a mente humana, que se desenvolve continuamente, aceitar sua
apresentação. Não obstante, Santo Agostinho nos diz que “a denominada religião cristã
existiu entre os antigos e nunca deixou de existir, desde o começo da raça humana até
o aparecimento do Cristo, época em que a verdadeira religião, que já existia, começou
a chamar-se Cristianismo”. (5:1) A Sabedoria que expressa relação com Deus; as
indicações do roteiro que guiam nossos errantes passos de retorno ao lar do Pai e os
ensinamentos que trazem a revelação têm sido sempre os mesmos, através das
idades, e idênticos aos que o Cristo transmitiu. Este corpo de verdades internas e essa
riqueza de conhecimentos divinos sempre existiram, desde tempos imemoriais. Tal é a
verdade que o Cristo revelou, porém Ele fez mais, Ele revelou em Si mesmo, e através
da história de Sua vida, o que esses conhecimentos e sabedoria poderiam fazer pelo
homem. Demonstrou, ademais, a total expressão da divindade em Si próprio e depois
instou Seus discípulos a fazerem o mesmo.
Os estudiosos dedicam sua vida a provar que toda a história consiste,
unicamente, em um mito. Dever-se-ia levar em conta, no entanto, que o mito é uma
crença sintetizada e um conhecimento do passado, transmitido com o fim de guiar-nos
a estabelecer os fundamentos de uma revelação mais nova, formando os degraus que
conduzem à verdade seguinte. Um mito é uma verdade provada e válida, que serve de
ponto para transpor o abismo entre o conhecimento adquirido no passado e a verdade
formulada no presente, com infinitas e divinas possibilidades para o futuro. Os antigos
mitos e mistérios proporcionam uma correlativa apresentação da mensagem divina, tal
como surgiu de Deus, em resposta às necessidades do homem, através das idades. A
verdade de uma era converte-se no mito da seguinte, porém sua significação e
realidade permanecem intocáveis, requerendo, apenas, uma nova interpretação no
presente.
(p. 8)
Assim é que somos livres para escolher e rejeitar. Devemos, entretanto,
exercer a escolha com os olhos abertos pela sagacidade e pela sabedoria, que são o
sinal característico daqueles que penetraram, consideravelmente, no caminho de
retorno. Há vida, verdade e vigor na história do Evangelho que está por ser por nós de
novo aplicada. Há dinâmica e divindade na mensagem de Jesus.
Para nós, o Cristianismo é, atualmente, uma religião culminante. Ele é a maior
das últimas revelações divinas. Boa parte dele, desde sua origem, há dois mil anos,
acabou por ser considerada como um mito, e os claros delineamentos da história se
obscureceram, a ponto de serem freqüentemente considerados simbólicos. Entretanto,
por trás do mito e do símbolo se encontra a realidade – uma verdade essencial,
dramática e prática.
“Por conseguinte, nenhuma forma espiritual pode ser considerada como a
máxima expressão; todo significado, quando nele se penetra, se converte,
automaticamente, em uma mera expressão da letra de outro mais profundo, tomando,
daí, o antigo fenômeno, um novo e diferente significado. Assim é que, as religiões
católica, protestante, católica grega, islâmica e budista, podem, em princípio, continuar
sendo o que foram, no plano desta vida e, não obstante, significar algo totalmente
novo”. (8:1)
(p. 9)
A única desculpa para o aparecimento deste livro é que ele constitui uma
tentativa, no sentido de penetrar nesse significado mais profundo que subjaz nos
grandes acontecimentos da vida do Cristo e para infundir renovada vida e interesse na
debilitada aspiração do cristão. Se se puder demonstrar que a história revelada nos
Evangelhos é aplicável, não apenas ao Personagem divino que viveu durante algum
tempo entre os homens, mas que também possui um significado e significação prática
para o homem civilizado de nossos dias, ter-se-á, então, alcançado algum resultado e
prestado algum serviço e ajuda. Devido à nossa evolução mais avançada e à
capacidade de nos expressarmos através de estados de consciência mais finamente
desenvolvidos, talvez possamos hoje captar o ensinamento com uma visão mais clara e
aplicar de forma mais sábia a lição aprendida.
Este grande Mito nos pertence, termo, aliás, que devemos empregar em seu
verdadeiro e correto significado, desde que sejamos para isso suficientemente
corajosos. Um mito pode se transformar em um fato na experiência de um indivíduo,
porque é um fato que se pode provar. Nós nos apoiamos nos mitos, mas devemos
procurar interpretá-los à luz do momento presente. Pela experimentação auto-iniciada
podemos provar sua validade; através da experiência podemos estabelecê-los como
forças que regulam nossas vidas; e, por sua expressão, demonstrar aos demais a
verdade que encerra. Esse é o tema do presente livro, que se refere, todo ele, aos
fatos narrados no Evangelho, esse quíntuplo mito interligado, que transmite uma
verdade eterna na revelação da divindade na Pessoa de Jesus Cristo, tanto em seu
sentido cósmico e histórico, como em sua aplicação prática para o indivíduo. O mito se
divide em cinco grandes episódios, a saber:
(p. 10)
“A revelação cristã é universal, e toda a analogia que com ela existe em outras
religiões é, simplesmente, uma parte dessa revelação. O Cristianismo não é uma
religião da mesma ordem que as outras.
(p. 11)
Como disse Schleier-Macher, é a religião das religiões. Que importância tem, se dentro
do cristianismo, que se supõe ser tão diferente das outras crenças, não existe nada de
original, fora da vinda do Cristo e de Sua Personalidade? Não é precisamente sobre
isso que se cumpre a esperança de todas as religiões?” (11:1)
Cada prolongado período de tempo e cada ciclo mundial – pela amorosa
bondade de Deus – terão sua religião das religiões, que sintetize todas as revelações
anteriores e indique a esperança futura. A atual expectativa do mundo demonstra que
estamos à beira de uma nova revelação, a qual de modo algum negará nossa divina
herança espiritual, senão que à maravilha do tempo passado agregará uma clara visão
do futuro, expressando aquele algo divino até agora não revelado. Por conseguinte, é
possível que a compreensão de alguns dos significados mais profundos da história do
Evangelho permita ao buscador moderno captar uma síntese mais ampla do tema.
Algumas dessas implicações mais profundas foram tratadas em uma obra
publicada há muitos anos sob o título The Crises of the Christ, escrita por um
veterano cristão, o Dr. Campbell Morgan. Tomando os cinco episódios principais da
vida do Salvador, em torno dos quais toda a narrativa do Evangelho é erigida, ele os
aplicou de forma geral e extensa, disseminando a compreensão de que o Cristo não só
passou por essas dramáticas experiências, como também nos deixou o definido
comando de “seguir Seus passos”. (11:2)
Não será possível que esses grandes fatos verificados na experiência do Cristo
– esses cinco aspectos personalizados do mito universal – venham a ter para nós,
como indivíduos, um interesse além do histórico e do meramente pessoal? Não haverá
possibilidade de que encarnem alguma experiência e alguma missão iniciática,
mediante a qual poderão muitos cristãos experimentar de pronto o entrar na vida nova
e, assim, obedecerem ao Seu mandamento? Por acaso não devemos todos nascer de
novo, ser batizados em Espírito e transfigurados no cimo da montanha da experiência
viva? Por ventura não estamos com a crucificação pela frente, a mesma que nos
conduz à ressurreição e à ascensão? E não teríamos nós interpretado essas palavras
(p. 12)
2
Importa lembrar que outros ensinamentos, além dos transmitidos pelo
Cristianismo, deram ênfase a essas cinco importantes crises que, quando se deseja,
devem ocorrer na vida dos seres humanos que se ocupam com sua essencial
divindade. Tanto os ensinamentos hindus quanto a crença budista destacaram-nas
como crises evolutivas, das quais, em última instância, não poderemos escapar; e uma
correta compreensão da inter-relação existente entre essas grandes religiões mundiais
pode trazer, com o tempo, um melhor entendimento a respeito de todas elas. A
religião de Buda, embora precedendo a do Cristo, expressa as mesmas verdades
básicas, porém as estabelece em termos diferentes que podem, no entanto, ajudar-nos
a alcançar uma interpretação mais ampla do Cristianismo.
“O Budismo e o Cristianismo derivam, respectivamente, de dois inspirados
momentos da história: a vida do Buda e a vida do Cristo. O Buda deu Sua doutrina
para iluminar o mundo; Cristo deu Sua própria vida. Cumpre aos cristãos discernirem a
doutrina. Talvez, a parte mais valiosa da doutrina do Buda seja, em última análise, a
interpretação de Sua vida”. (12:1)
negar a tarefa própria e única do Cristo, nem a função singular que veio cumprir.
Também é importante ter em mente que essas duas destacadas
Individualidades – o Buda e o Cristo – imprimiram Seu selo em ambos os hemisférios,
sendo o Buda o Instrutor do Oriente e o Cristo o Salvador do Ocidente. Quaisquer que
sejam as nossas conclusões pessoais a respeito de Suas relações com o Pai nos Céus
ou entre Si, esse fato subsiste além de toda controvérsia: Revelaram a divindade às
suas respectivas civilizações e, conjuntamente, trabalharam para o benefício final da
raça humana de maneira extremamente significativa. Seus dois sistemas são
interdependentes e o Buda preparou o mundo para receber a mensagem e a missão do
Cristo.
Todavia, o amor chegou ao mundo por intermédio do Cristo, que, com Seu
trabalho, transmutou a emoção em Amor. Como “Deus é Amor”, a compreensão de
que o Cristo revelou o Amor de Deus torna clara a magnitude da tarefa que
empreendeu – missão que transcende os poderes de qualquer instrutor ou mensageiro
que o precederam. Quando o Buda recebeu a iluminação, “deixou entrar” uma onda de
luz sobre a vida humana e sobre os nossos problemas mundiais, e essa inteligente
compreensão das causas da angústia do mundo Ele procurou formular nas Quatro
Nobres Verdades. Estas são, como se sabe:
(p. 16)
frente ao portal que leva à Senda da Luz, e a vida crística florescerá no reino humano.
Então se desvanecerá a personalidade, obscurecida pela glória da alma que, como o sol
nascente, dissipa as trevas, revela a situação da vida e ilumina a natureza inferior.
Conseqüentemente, chega-se à atividade grupal, e o eu, como em geral é concebido,
se desvanece. Isso já está ocorrendo. O resultado final da tarefa do Cristo está
representado em Suas próprias palavras, encontradas no Evangelho de São João,
capítulo 17, e seria de valor lê-las.
Desapego
Desapaixonamento
Discriminação
Individualismo
Iniciação
Identificação
Cristo viveu Sua vida na pequena, porém significativa faixa de terra a que
denominamos Palestina – a Terra Santa. Veio provar-nos a possibilidade da realização
individual. Surgiu (como parece terem surgido todos os Instrutores, no transcurso das
idades) do Oriente e trabalhou nessa região que se ergue como uma ponte entre os
hemisférios oriental e ocidental, separando duas civilizações sobremodo distintas. Os
pensadores modernos fariam bem em recordar que o Cristianismo é uma religião que
serve de ponte,
(p. 18)
todo e qualquer ritual de comunhão. Estamos entrando, lentamente, nesse novo signo.
Durante mais de dois mil anos, suas potências e forças atuarão sobre a raça e
estabelecerão os novos tipos, fomentarão as novas expansões de consciência e
conduzirão o homem a uma realização prática da fraternidade.
É interessante observar como as energias que atuaram sobre o nosso planeta
quando o sol estava em Áries, o Carneiro, produziram na simbologia religiosa a
influência da cabra ou do carneiro, e como, em nossa atual era de Piscis, os Peixes,
essas influências matizaram nossa simbologia cristã, a ponto de o peixe ocupar lugar
preponderante no Novo Testamento e em nossa simbologia escatológica. Os novos
raios, energias e influências entrantes devem, com toda a segurança, estar destinados
a produzir iguais efeitos, não somente no campo dos fenômenos físicos, como também
no mundo dos valores espirituais. Os átomos do cérebro humano estão “despertando”,
como nunca, e os milhões de células que, segundo se diz, estão inativas e adormecidas
nele, podem ser postas em atividade, produzindo essa percepção intuitiva que
permitirá o reconhecimento da futura revelação espiritual.
Hoje, o mundo está se reorientando para novas influencias, e, devido aos
processos de reajuste, torna-se inevitável um caos temporário. O Cristianismo não será
substituído, mas transcendido. Seu trabalho preparatório será realizado com êxito e o
Cristo nos dará, outra vez, a próxima revelação da divindade. Se o que agora sabemos
de Deus é tudo o que se pode chegar a saber, a divindade de Deus seria, então, algo
limitada. Quem nos pode dizer qual será a nova formulação da verdade? Todavia, a luz
está penetrando, gradativamente, nos corações e nas mentes dos homens e, na
claridade dessa luminosa radiação, eles visualizarão as novas verdades, obtendo um
novo enunciado da sabedoria antiga. Mediante a lente da mente iluminada, o homem
verá, de pronto, aspectos da divindade até aqui ignorados. Não existem, porventura,
qualidades e características da natureza divina que tenham permanecido até hoje
inteiramente desconhecidas e que são ainda irreconhecíveis? Não deve haver
revelações de Deus, sem precedente algum, para as quais não temos sequer palavras
ou meios de expressão adequados? Os antigos mistérios que, dentro em breve, serão
restaurados, devem voltar a ser interpretados à luz do
(p. 21)
3
“... e haverá ali um alto caminho, um caminho que se chamará o Caminho Santo; o
imundo não passará por ele, mas será para aqueles: os caminhantes, mesmo os
loucos, não errarão”. (21:1)
É um caminho que vai de fora para dentro. Revela, passo a passo, a vida
oculta em cada forma e símbolo. Prescreve ao aspirante certas tarefas que o levam à
compreensão, produzindo uma integração e sabedoria que devem preencher as
necessidades mais prementes. O aspirante passa da etapa da busca para aquela que
os tibetanos chamam de “o conhecimento reto”.
(p. 22)
Surge o mandamento: “Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está
nos céus.” (23:1)
Tais são os cinco grandes e dramáticos acontecimentos dos Mistérios. Tais são
as iniciações, pelas quais todos os homens deverão passar, algum dia. A humanidade
se encontra, hoje, na senda probacionária. O caminho da purificação é percorrido pelas
massas e estamos em processo de purificar-nos do mal e do materialismo. Quando
esse processo for concluído, muitos estarão preparados para receber a primeira das
iniciações e passar pelo novo Nascimento. Os discípulos do mundo estão se preparando
para a segunda iniciação – O Batismo e, para isso, devem purificar a natureza
emocional de desejos, dedicando-a à vida da alma. Os iniciados do mundo enfrentam a
iniciação da Transfiguração. O controle da mente e a correta orientação para o domínio
da alma, com a completa transmutação da personalidade integrada, é o que os espera.
(p. 25)
A iniciação deve ser encarada como uma grande experimentação. Houve
época, talvez, quando se instituiu esse processo de desenvolvimento, em que foi
possível restabelecer na Terra certos processos internos, conhecidos, à época, só de
uns poucos. Na ocasião, o aspecto interno pode ser apresentado em forma simbólica
para instrução dos “pequenos”, aquela instrução que, mais tarde, pode ser
abertamente ministrada e expressa para nós, na Terra, pelo filho de Deus, o Cristo. A
iniciação é um processo vivo através do qual todos os que se disciplinam devidamente
e cumprem voluntariamente o preceito, podem passar, observados e ajudados por esse
grupo de iniciados e conhecedores que são os guias da raça, conhecidos por diversos e
variados nomes, em diferentes partes do mundo e em distintas épocas. No Ocidente,
Eles são chamados pelo nome de Cristo e Sua Igreja, ou designados pelo epíteto de
Irmãos Maiores da Humanidade. A iniciação é, pois, uma realidade e não uma formosa
visão, facilmente conquistada, como querem tantos livros esotéricos e ocultistas. A
iniciação não é um processo alcançado por aquele que ingresse em certas
organizações, e que só pode ser compreendido quando se entra a fazer parte de tais
grupos. A iniciação nada tem a ver com sociedades, escolas esotéricas ou
organizações. Tudo o que essas podem fazer é ensinar ao aspirante certas “regras do
caminho”, fundamentais e bem difundidas, deixando a seu cargo compreendê-las ou
não, na medida do seu interesse e grau de desenvolvimento, de modo a poder
atravessar o portal, se seu equipamento e destino o permitirem. Os Instrutores da raça
e o Cristo, o “Instrutor e Mestre de todos os Mestres, tanto dos anjos como dos
homens”, não se interessam por essas organizações, mais do que por qualquer outro
movimento no mundo, que se proponha a transmitir iluminação e verdade aos homens.
Os iniciados do mundo se encontram em toda nação, igreja ou grupo onde haja
homens de boa vontade, atuantes e ativos, e nos lugares em que se preste serviço de
caráter mundial. Os assim chamados grupos esotéricos modernos não são os guardiões
dos ensinamentos relativos à iniciação, nem é prerrogativa sua preparar o indivíduo
para esse desenvolvimento. A melhor instrução pode, quando muito, preparar os
homens para a etapa do processo evolutivo denominado discipulado.
(p. 26)
A razão por que, lamentavelmente, isso é assim, e o motivo pelo qual a iniciação
parece tão distante dos membros da maioria dos grupos que afirmam possuir visão e
experiência interna dos processos iniciáticos, reside no fato de que esses grupos não
têm posto a necessária ênfase na iluminação mental, que clareie, efetivamente, o
caminho que conduz ao Portal de acesso ao “Lugar Secreto do Altíssimo”. Em vez
disso, fizeram finca-pé na devoção pessoal aos Mestres de Sabedoria e aos condutores
de sua própria organização; deram ênfase ao ensino autoritário e a certas regras de
vida, não dando impulso fundamental de apoio à ainda vacilante voz da alma. O
caminho em direção ao lugar da iniciação e ao Centro onde o Cristo se encontra, é o
caminho da alma, aquele solitário caminho de desenvolvimento próprio, de apagar o
próprio ego, e de autodisciplina. É o caminho da iluminação mental e da percepção
intuitiva.
“E eu sei que em mim, (isto é, na minha carne), não mora bem algum, pois o
querer está em mim; mas não consigo realizar o bem.
“Porque, não faço o bem que quero, ruas o mal que não quero, esse faço.
Unicamente por meio da revelação do Cristo interno em cada ser humano pode
realizar-se essa unificação. Só mediante o novo nascimento,
(p. 28)
O que é verdade para o indivíduo o será, finalmente, para toda a família
humana. O plano para a humanidade diz respeito ao desenvolvimento consciente do
homem. Na medida em que o gênero humano cresce em conhecimento e sabedoria e
que as civilizações vêm e vão, cada uma trazendo sua lição e seu elevado ponto de
realização, os homens, como grupo, se aproximam do portal que conduz à vida. Todo
descobrimento moderno, todo estudo e conhecimento psicológico; toda atividade
grupal e toda conquista científica, assim como todo verdadeiro conhecimento ocultista,
são de natureza espiritual e servem de ajuda a essa expansão de consciência que
converterá o gênero humano no grande Iniciado. Quando os seres humanos puderem
alcançar, em uma grande síntese, a necessidade de entrar, de modo mais definido, no
mundo dos verdadeiros significados e valores, então os mistérios serão universalmente
conhecidos. Ver-se-ão os novos valores, e as novas técnicas e métodos de vida
desenvolver-se-ão como resultado dessa percepção. Há sinais de que isso já esteja
ocorrendo, que a destruição que ocorre à nossa volta e a derrubada das antigas
instituições – políticas, religiosas e sociais – sejam preparatórias para esse
acontecimento. Estamos caminhando para chegar “àquilo que está dentro”, e muitas
vozes assim o proclamam, nos dias atuais.
Antes de poder receber a iniciação, deve-se captar o significado das idéias que
acabam de ser expostas, pressupondo-se, necessariamente, certos grandes
desenvolvimentos. Esses requisitos podem ser vistos atuando na vida de cada discípulo
da atualidade e para os que têm olhos para ver, promovendo efetivas mudanças na
raça.
A meta a que Eles têm em vista e o fim para o qual trabalham foram
sintetizados em um comentário referente a uma antiga escritura tibetana. O texto é o
seguinte:
“Todo o belo e todo o bem, assim como o que promove a erradicação da dor e
da ignorância na Terra, devem devotar-se à Grande Consumação. Então, quando os
Senhores da Compaixão hajam civilizado, espiritualmente, a Terra, e feito dela um
Céu, revelar-se-á aos Peregrinos a Senda Infinita, que leva até o coração do universo.
O homem já não será homem; haverá transcendido sua natureza e, impessoal,
contudo conscientemente, em unidade com todos os Seres Iluminados, ajudará a
cumprir a Lei da Evolução Superior, da qual o Nirvana só é o começo”. (30:1)
Tal é a nossa meta, o nosso glorioso objetivo. Como avançar rumo à sua
coroação? Qual o primeiro passo que devemos dar? Nas palavras de um poeta
desconhecido:
NOTAS
(5:2) Hebreus, 5:8.
(10:1) Mateus, 5:17.
(11:1) Freedom and the Spirit, por Nicholas Berdyaev, pp. 88, 89.
(11:2) Pedro, 2:21.
(15:1) Mateus, 5:16.
(16:1) Mateus, 19:19.
(16:2) Mateus, 5:48.
(16:3) Colossenses, 1:27.
(17:1) João, 10:30.
(19:1) Lucas, 22:7,10.
(22:1) João, 3:3.
(22:2) Mateus, 5:48.
(23:1) Mateus, 5:48.
(26:1) Colossenses, 1:27.
(27:1) Efésios, 4:13.
(27:2) Romanos, 7:18,25.
(29:1) Filipenses, 3:10.
SEGUNDA PARTE
A CELEBRAÇÃO
DO MISTÉRIO CRISTÃO
SEGUNDA SECÇÃO
1210. Os sacramentos da nova Lei foram instituídos por Cristo e são em número de sete,
a saber: o Baptismo, a Confirmação, a Eucaristia, a Penitência, a Unção dos Enfermos, a
Ordem e o Matrimónio. Os sete sacramentos tocam todas as etapas e momentos
importantes da vida do cristão: outorgam nascimento e crescimento, cura e missão à vida
de fé dos cristãos. Há aqui uma certa semelhança entre as etapas da vida natural e as da
vida espiritual (1).
CAPÍTULO PRIMEIRO
ARTIGO 1
O SACRAMENTO DO BAPTISMO
«O Baptismo é o mais belo e magnífico dos dons de Deus [...] Chamamos-lhe dom, graça,
unção, iluminação, veste de incorruptibilidade, banho de regeneração, selo e tudo o que
há de mais precioso. Dom, porque é conferido àqueles que não trazem
nada: graça, porque é dado mesmo aos culpados: baptismo, porque o pecado é sepultado
nas águas; unção, porque é sagrado e régio (como aqueles que são
ungidos); iluminação, porque é luz irradiante; veste, porque cobre a nossa
vergonha; banho, porque lava; selo, porque nos guarda e é sinal do senhorio de Deus»
(10).
1217. Na liturgia da Vigília Pascal, a quando da bênção da água baptismal, a Igreja faz
solenemente memória dos grandes acontecimentos da história da salvação que
prefiguravam já o mistério do Baptismo:
«Senhor nosso Deus: pelo vosso poder invisível, realizais maravilhas nos vossos
sacramentos. Ao longo dos tempos, preparastes a água para manifestar a graça do
Baptismo» (11).
«Logo no princípio do mundo, o vosso Espírito pairava sobre as águas, para que já desde
então concebessem o poder de santificar» (13).
1219. A Igreja viu na arca de Noé uma prefiguração da salvação pelo Baptismo. Com
efeito, graças a ela, «um pequeno grupo, ao todo oito pessoas, foram salvas pela água» (1
Pe 3, 20):
«Nas águas do dilúvio, destes-nos uma imagem do Baptismo, sacramento da vida nova,
porque as águas significam ao mesmo tempo o fim do pecado e o princípio da santidade»
(14).
1220. Se a água de nascente simboliza a vida, a água do maré um símbolo da morte. Por
isso é que podia prefigurar o mistério da cruz. E por este simbolismo, o Baptismo
significa a comunhão com a morte de Cristo.
«Aos filhos de Abraão fizestes atravessar a pé enxuto o Mar Vermelho, para que esse
povo, liberto da escravidão, fosse a imagem do povo santo dos baptizados» (15).
O BAPTISMO DE CRISTO
1225. Foi na sua Páscoa que Cristo abriu a todos os homens as fontes do Baptismo. De
facto, Ele já tinha falado da sua paixão, que ia sofrer em Jerusalém, como dum
«baptismo» com que devia ser baptizado (21). O sangue e a água que manaram do lado
aberto de Jesus crucificado (22) são tipos do Baptismo e da Eucaristia, sacramentos da
vida nova (23): desde então, é possível «nascer da água e do Espírito» para entrar no
Reino de Deus (Jo 3, 5).
«Repara: Onde é que foste baptizado, de onde é que vem o Baptismo, senão da cruz de
Cristo, da morte de Cristo? Ali está todo o mistério: Ele sofreu por ti. Foi n'Ele que tu
foste resgatado, n'Ele que foste salvo» (24).
O BAPTISMO NA IGREJA
«Todos nós, que fomos baptizados em Cristo Jesus, fomos baptizados na sua morte.
Fomos sepultados com Ele pelo baptismo na morte, para que, assim como Cristo
ressuscitou dos mortos, pela glória do Pai, também nós vivamos uma vida nova» (Rm 6,
3-4) (26).
A INICIAÇÃO CRISTÃ
1229. Desde o tempo dos Apóstolos que tornar-se cristão requer um caminho e uma
iniciação com diversas etapas. Este itinerário pode ser percorrido rápida ou lentamente.
Mas deverá sempre incluir certos elementos essenciais: o anúncio da Palavra, o
acolhimento do Evangelho que implica a conversão, a profissão de fé, o Baptismo, a
efusão do Espírito Santo, o acesso à comunhão eucarística.
1231. Nas regiões onde o Baptismo das crianças se tomou largamente a forma habitual da
celebração deste sacramento, esta transformou-se num acto único, que integra, de um
modo muito abreviado, as etapas preliminares da iniciação cristã. Pela sua própria
natureza, o Baptismo das crianças exige um catecumenato pós-baptismal. Não se trata
apenas da necessidade duma instrução posterior ao Baptismo mas do desenvolvimento
necessário da graça baptismal no crescimento da pessoa. É o espaço próprio
da catequese.
1232. O II Concílio do Vaticano restaurou, para a Igreja latina, «o catecumenato dos
adultos, distribuído em várias fases» (31). O respectivo ritual encontra-se no Ordo
initiationis christianae adultorum (1972). Aliás, o Concílio permitiu que, «para além dos
elementos de iniciação próprios da tradição cristã», se admitam, em terras de missão, «os
elementos de iniciação usados por cada um desses povos, na medida em que puderem
integrar-se no rito cristão» (32).
1233. Hoje em dia, portanto, em todos os ritos latinos e orientais, a iniciação cristã dos
adultos começa com a sua entrada no catecumenato, para atingir o ponto culminante na
celebração única dos três sacramentos, Baptismo, Confirmação e Eucaristia (33). Nos
ritos orientais, a iniciação cristã das crianças na infância começa no Baptismo, seguido
imediatamente da Confirmação e da Eucaristia, enquanto no rito romano a mesma
iniciação prossegue durante os anos de catequese, para terminar, mais tarde, com a
Confirmação e a Eucaristia, ponto culminante da sua iniciação cristã (34).
A MISTAGOGIA DA CELEBRAÇÃO
1238. A água baptismal é então consagrada por uma oração de epiclese (ou no próprio
momento, ou na Vigília Pascal). A Igreja pede a Deus que, pelo seu Filho, o poder do
Espírito Santo desça a esta água, para que os que nela forem baptizados «nasçam da água
e do Espírito» (Jo 3, 5).
1240. Na Igreja latina, esta tríplice infusão é acompanhada pelas palavras do ministro:
«N., eu te baptizo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo». Nas liturgias orientais,
estando o catecúmeno voltado para o Oriente, o sacerdote diz: «O servo de Deus N. é
baptizado em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo»; e à invocação de cada pessoa
da Santíssima Trindade, mergulha-o e retira-o da água.
1241. A unção com o santo crisma, óleo perfumado que foi consagrado pelo bispo,
significa o dom do Espírito Santo ao novo baptizado. Ele tornou-se cristão, quer dizer,
«ungido» pelo Espírito Santo, incorporado em Cristo, que foi ungido sacerdote, profeta e
rei (36).
O recém-baptizado é agora filho de Deus no seu Filho Único e pode dizer a oração dos
filhos de Deus: O Pai-Nosso.
1248. O catecumenato, ou formação dos catecúmenos, tem por finalidade permitir a estes,
em resposta à iniciativa divina e em união com uma comunidade eclesial, conduzir à
maturidade a sua conversão e a sua fé. Trata-se duma «formação e de uma aprendizagem
de toda a vida cristã», mediante a qual os discípulos se unem com Cristo seu mestre. Por
conseguinte, sejam os catecúmenos convenientemente iniciados no mistério da salvação,
na prática dos costumes evangélicos, e, com ritos sagrados a celebrar em tempos
sucessivos, sejam introduzidos na vida da fé, da Liturgia e da caridade do povo de Deus»
(40).
1249. Os catecúmenos «estão já unidos à Igreja», já são da casa de Cristo, e, não raro,
eles levam já uma vida de fé, de esperança e de caridade» (41). «A mãe Igreja já os
abraça como seus, com amor e solicitude» (42).
1250. Nascidas com uma natureza humana decaída e manchada pelo pecado original, as
crianças também têm necessidade do novo nascimento no Baptismo para serem libertas
do poder das trevas e transferidas para o domínio da liberdade dos filhos de Deus (44), a
que todos os homens são chamados. A pura gratuidade da graça da salvação é
particularmente manifesta no Baptismo das crianças. Por isso, a Igreja e os pais
privariam, a criança da graça inestimável de se tornar filho de Deus, se não lhe
conferissem o Baptismo pouco depois do seu nascimento (45).
1251. Os pais cristãos reconhecerão que esta prática corresponde, também, ao seu papel
de sustentar a vida que Deus lhes confiou (46).
FÉ E BAPTISMO
1255. Para que a graça baptismal possa desenvolver-se, é importante a ajuda dos pais.
Esse é também o papel do padrinho ou da madrinha, que devem ser pessoas de fé sólida,
capazes e preparados para ajudar o novo baptizado, criança ou adulto, no seu caminho de
vida cristã (50). O seu múnus é um verdadeiro ofício eclesial (51). Toda a comunidade
eclesial tem uma parte de responsabilidade no desenvolvimento e na defesa da graça
recebida no Baptismo.
1257. O próprio Senhor afirma que o Baptismo é necessário para a salvação (56). Por
isso, ordenou aos seus discípulos que anunciassem o Evangelho e baptizassem todas as
nações (57). O Baptismo é necessário para a salvação de todos aqueles a quem o
Evangelho foi anunciado e que tiveram a possibilidade de pedir este sacramento (58). A
Igreja não conhece outro meio senão o Baptismo para garantir a entrada na bem-
aventurança eterna. Por isso, tem cuidado em não negligenciar a missão que recebeu do
Senhor de fazer «renascer da água e do Espírito» todos os que podem ser
baptizados. Deus ligou a salvação ao sacramento do Baptismo; mas Ele próprio não está
prisioneiro dos seus sacramentos.
1258. Desde sempre, a Igreja tem a firme convicção de que aqueles que sofrem a morte
por causa da fé, sem terem recebido o Baptismo, são baptizados pela sua morte por Cristo
e com Cristo. Este Baptismo de sangue, tal como o desejo do Baptismo ou Baptismo de
desejo, produz os frutos do Baptismo, apesar de não ser sacramento.
1260. «Com efeito, já que Cristo morreu por todos e a vocação última de todos os homens
é realmente uma só, a saber, a divina, devemos manter que o Espírito Santo a todos dá a
possibilidade de se associarem a este mistério pascal, por um modo só de Deus
conhecido» (59). Todo o homem que, na ignorância do Evangelho de Cristo e da sua
Igreja, procura a verdade e faz a vontade de Deus conforme o conhecimento que dela tem,
pode salvar-se. Podemos supor que tais pessoas teriam desejado explicitamente o
Baptismo se dele tivessem conhecido a necessidade.
1261. Quanto às crianças que morrem sem Baptismo, a Igreja não pode senão confiá-las
à misericórdia de Deus, como o faz no rito do respectivo funeral. De facto, a grande
misericórdia de Deus, «que quer que todos os homens se salvem» (1 Tm 2, 4), e a ternura
de Jesus para com as crianças, que O levou a dizer: «Deixai vir a Mim as criancinhas, não
as estorveis» (Mc 10, 14), permitem-nos esperar que haja um caminho de salvação para
as crianças que morrem sem Baptismo. Por isso, é mais premente ainda o apelo da Igreja
a que não se impeçam as criancinhas de virem a Cristo, pelo dom do santo Baptismo.
1265 O Baptismo não somente purifica de todos os pecados, como faz também do neófito
«uma nova criatura» (63), um filho adoptivo de Deus (64), tornado «participante da
natureza divina» (65), membro de Cristo (66) e co-herdeiro com Ele (67), templo do
Espírito Santo (68).
1267. O Baptismo faz de nós membros do corpo de Cristo. «Desde então [...], somos nós
membros uns dos outros.» (Ef 4, 25). O Baptismo incorpora na Igreja. Das fontes
baptismais nasce o único povo de Deus da Nova Aliança, que ultrapassa todos os limites
naturais ou humanos das nações, das culturas, das raças e dos sexos: «Por isso é que todos
nós fomos baptizados num só Espírito, para formarmos um só corpo» (1 Cor 12, 13).
1270. Os baptizados, «regenerados [pelo Baptismo] para serem filhos de Deus, devem
confessar diante dos homens a fé que de Deus receberam por meio da Igreja» e participar
na actividade apostólica e missionária do povo de Deus (77).
Resumindo:
1275. A iniciação cristã faz-se pelo conjunto de três sacramentos: o Baptismo, que é o
princípio da vida nova; a Confirmação, que é a consolidação da mesma vida; e a
Eucaristia, que alimenta o discípulo com o corpo e sangue de Cristo, em vista da sua
transformação n'Ele.
1277. O Baptismo constitui o nascimento para a vida nova em Cristo. Segundo a vontade
do Senhor; ele é necessário para a salvação, como a própria Igreja, na qual o Baptismo
introduz.
1279. O fruto do Baptismo ou graça baptismal é uma realidade rica que inclui: a
remissão do pecado original e de todos os pecados pessoais; o renascimento para uma
vida nova, pela qual o homem se torna filho adoptivo do Pai, membro de Cristo, templo
do Espírito Santo. Por esse facto, o baptizado é incorporado na Igreja, corpo de Cristo, e
tornado participante do sacerdócio de Cristo.
1280. O Baptismo imprime na alma um sinal espiritual indelével, o carácter; que
consagra o baptizado para o culto da religião cristã. Por causa do carácter; o Baptismo
não pode ser repetido (88).
1281. Os que sofrem a morte por causa da fé, os catecúmenos e todos aqueles que, sob o
impulso da graça, sem conhecerem a Igreja, procuram sinceramente a Deus e se
esforçam por cumprir a sua vontade, podem salvar-se, mesmo sem terem recebido o
Baptismo (89).
1284. Em caso de necessidade, qualquer pessoa pode baptizar, desde que tenha a
intenção de fazer o que a Igreja faz e derrame água sobre a cabeça do candidato,
dizendo: «Eu te baptizo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo».
ARTIGO 2
O SACRAMENTO DA CONFIRMAÇÃO
1287. Ora, esta plenitude do Espírito não devia permanecer unicamente no Messias: devia
ser comunicada a todo o povo messiânico (95). Repetidas vezes, Cristo prometeu esta
efusão do Espírito promessa que cumpriu, primeiro no dia de Páscoa (97) e depois, de
modo mais esplêndido, no dia de Pentecostes (98). Cheios do Espírito Santo, os
Apóstolos começaram a proclamar «as maravilhas de Deus» (Act 2, 11) e Pedro declarou
que esta efusão do Espírito era o sinal dos tempos messiânicos (99). Aqueles que então
acreditaram na pregação apostólica, e se fizeram baptizar, receberam, por seu turno, o
dom do Espírito Santo (100).
1292. A prática das Igrejas do Oriente sublinha mais a unidade da iniciação cristã. A da
Igreja latina exprime, com maior nitidez, a comunhão do novo cristão com o seu bispo,
garante e servidor da unidade da sua Igreja, da sua catolicidade e da sua apostolicidade; e
assim, a ligação com as origens apostólicas da Igreja de Cristo.
1293. No rito deste sacramento, convém considerar o sinal da unção e o que essa unção
designa e imprime: o selo espiritual.
1295. Por esta unção, o confirmando recebe «a marca», o selo do Espírito Santo. O selo é
o símbolo da pessoa (111), sinal da sua autoridade (112), da sua propriedade sobre um
objecto (113). Era assim que se marcavam os soldados com o selo do seu chefe e também
os escravos com o do seu dono. O selo autentica um acto jurídico (114) ou um documento
(115) e, eventualmente, torna-o secreto (116).
1296. O próprio Cristo se declara marcado com o selo do Pai (117). O cristão também
está marcado com um selo: «Foi Deus que nos concedeu a unção, nos marcou também
com o seu selo e depôs as arras do Espírito em nossos corações» (2 Cor 1, 21-22) (118).
Este selo do Espírito Santo marca a pertença total a Cristo, a entrega para sempre ao seu
serviço, mas também a promessa da protecção divina na grande prova escatológica (119).
A CELEBRAÇÃO DA CONFIRMAÇÃO
1299. No rito romano, o bispo estende as mãos sobre o grupo dos confirmandos, gesto
que, desde o tempo dos Apóstolos, é sinal do dom do Espírito. E o bispo invoca assim a
efusão do Espírito:
«Deus todo-poderoso, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, pela água e pelo Espírito
Santo, destes uma vida nova a estes vossos servos e os libertastes do pecado, enviai sobre
eles o Espírito Santo Paráclito; dai-lhes, Senhor, o espírito de sabedoria e de inteligência,
o espírito de conselho e de fortaleza, o espírito de ciência e de piedade, e enchei-os do
espírito do vosso temor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco
na unidade do Espírito Santo» (123).
1301. O ósculo da paz, com que termina o rito do sacramento, significa e manifesta a
comunhão eclesial com o bispo e com todos os fiéis (126).
– enraíza-nos mais profundamente na filiação divina, que nos leva a dizer « Abba!
Pai!» (Rm 8, 15);
– une-nos mais firmemente a Cristo;
– aumenta em nós os dons do Espírito Santo;
– torna mais perfeito o laço que nos une à Igreja (127);
– dá-nos uma força especial do Espírito Santo para propagarmos e defendermos a fé, pela
palavra e pela acção, como verdadeiras testemunhas de Cristo, para confessarmos com
valentia o nome de Cristo, e para nunca nos envergonharmos da cruz (128):
1307. O costume latino, desde há séculos, aponta «a idade da discrição» como ponta de
referência para se receber a Confirmação. Em perigo de morte, porém, devem confirmar-
se as crianças, mesmo que ainda não tenham atingido a idade da discrição (135).
1308. Se por vezes se fala da Confirmação como «sacramento da maturidade cristã», não
deve, no entanto, confundir-se a idade adulta da fé com a idade adulta do crescimento
natural, nem esquecer-se que a graça baptismal é uma graça de eleição gratuita e
imerecida, que não precisa duma «ratificação» para se tornar efectiva. São Tomás recorda
isso mesmo:
«A idade do corpo não constitui um prejuízo para a alma. Por isso, mesmo na infância, o
homem pode receber a perfeição da idade espiritual de que fala a Sabedoria (4, 8): «A
velhice honrada não é a que dão os longos dias, nem se avalia pelo número dos anos». E
foi assim que muitas crianças, graças à fortaleza do Espírito Santo que tinham recebido,
lutaram corajosamente e até ao sangue por Cristo» (136).
1309. A preparação para a Confirmação deve ter por fim conduzir o cristão a uma união
mais íntima com Cristo e a uma familiaridade mais viva com o Espírito Santo, com a sua
acção, os seus dons e os seus apelos, para melhor assumir as responsabilidades
apostólicas da vida cristã. Desse modo, a catequese da Confirmação deve esforçar-se por
despertar o sentido de pertença à Igreja de Jesus Cristo, tanto à Igreja universal como à
comunidade paroquial. Esta última tem uma responsabilidade particular na preparação
dos confirmandos (137).
V. O ministro da Confirmação
1313. No rito latino, o ministro ordinário da Confirmação é o bispo (142). Mesmo que o
bispo possa, em caso de necessidade, conceder a presbíteros a faculdade de administrar a
Confirmação (143), é conveniente que seja ele mesmo a conferi-la, não se esquecendo de
que foi por esse motivo que a celebração da Confirmação foi separada, no tempo, da do
Baptismo. Os bispos são os sucessores dos Apóstolos e receberam a plenitude do
sacramento da Ordem. A administração deste sacramento feita por eles, realça que ele
tem como efeito unir mais estreitamente aqueles que o recebem à Igreja, às suas origens
apostólicas e à sua missão de dar testemunho de Cristo.
Resumindo:
1315. «Quando os Apóstolos que estavam em Jerusalém ouviram dizer que a Samaria
recebera a Palavra de Deus, enviaram-lhe Pedro e João. Quando chegaram lá, rezaram
pelos samaritanos para que recebessem o Espírito Santo, que ainda não tinha descido
sobre eles. Apenas tinham sido baptizados em nome do Senhor Jesus. Então impunham-
lhes as mãos e eles recebiam o Espírito Santo» (Act 8, 14-17).
1319. O candidato à Confirmação, que atingiu a idade da razão, deve professar a fé,
estar em estado de graça, ter a intenção de receber o sacramento e estar preparado para
assumir o seu papel de discípulo e testemunha de Cristo, na comunidade eclesial e nos
assuntos temporais.
ARTIGO 3
O SACRAMENTO DA EUCARISTIA
1322. A sagrada Eucaristia completa a iniciação cristã. Aqueles que foram elevados à
dignidade do sacerdócio real pelo Baptismo e configurados mais profundamente com
Cristo pela Confirmação, esses, por meio da Eucaristia, participam, com toda a
comunidade, no próprio sacrifício do Senhor.
1323. «O nosso Salvador instituiu na última ceia, na noite em que foi entregue, o
sacrifício eucarístico do seu corpo e sangue, para perpetuar pelo decorrer dos séculos, até
voltar, o sacrifício da cruz, confiando à Igreja, sua esposa amada, o memorial da sua
morte e ressurreição: sacramento de piedade, sinal de unidade, vínculo de caridade,
banquete pascal em que se recebe Cristo, a alma se enche de graça e nos é dado o penhor
da glória futura» (145).
1324. A Eucaristia é «fonte e cume de toda a vida cristã» (146). «Os restantes
sacramentos, assim como todos os ministérios eclesiásticos e obras de apostolado, estão
vinculados com a sagrada Eucaristia e a ela se ordenam. Com efeito, na santíssima
Eucaristia está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, isto é, o próprio Cristo, nossa
Páscoa» (147).
1325. «A comunhão de vida com Deus e a unidade do povo de Deus, pelas quais a Igreja
é o que é, são significados e realizados pela Eucaristia. Nela se encontra o cume, ao
mesmo tempo, da acção pela qual Deus, em Cristo, santifica o mundo, e do culto que no
Espírito Santo os homens prestam a Cristo e, por Ele, ao Pai» (148).
1328. A riqueza inesgotável deste sacramento exprime-se nos diferentes nomes que lhe
são dados. Cada um destes nomes evoca alguns dos seus aspectos. Chama-se:
Eucaristia, porque é acção de graças a Deus. As palavras« eucharistein» (Lc 22, 19; 1
Cor 11, 24) e «eulogein» (Mt 26, 26; Mc 14, 22) lembram as bênçãos judaicas que
proclamam – sobretudo durante a refeição – as obras de Deus: a criação, a redenção e a
santificação.
Santa e divina Liturgia, porque toda a liturgia da Igreja encontra o seu centro e a sua
expressão mais densa na celebração deste sacramento; no mesmo sentido se lhe chama
também celebração dos Santos Mistérios. Fala-se igualmente do Santíssimo
Sacramento, porque é o sacramento dos sacramentos. E, com este nome, se designam as
espécies eucarísticas guardadas no sacrário.
1331. Comunhão, pois é por este sacramento que nos unimos a Cristo, o qual nos torna
participantes do seu corpo e do seu sangue, para formarmos um só corpo (161); chama-se
ainda as coisas santas («tà hágia»; «sancta») (162) – é o sentido primário da «comunhão
dos santos» de que fala o Símbolo dos Apóstolos – , pão dos anjos, pão do céu, remédio
da imortalidade (163), viático...
1333. No centro da celebração da Eucaristia temos o pão e o vinho que, pelas palavras de
Cristo e pela invocação do Espírito Santo, se tornam o corpo e o sangue do mesmo Cristo.
Fiel à ordem do Senhor, a Igreja continua a fazer, em memória d'Ele e até à sua vinda
gloriosa, o que Ele fez na véspera da sua paixão: «Tomou o pão...», «Tomou o cálice com
vinho...». Tornando-se misteriosamente o corpo e o sangue de Cristo, os sinais do pão e
do vinho continuam a significar também a bondade da criação. Por isso, no ofertório
[apresentação das oferendas], nós damos graças ao Criador pelo pão e pelo vinho (164),
fruto «do trabalho do homem», mas primeiramente «fruto da terra» e «da videira», dons
do Criador. A Igreja vê no gesto de Melquisedec, rei e sacerdote, que «ofereceu pão e
vinho» (Gn 14, 18), uma prefiguração da sua própria oferenda (165).
1334. Na Antiga Aliança, o pão e o vinho são oferecidos em sacrifício entre as primícias
da terra, em sinal de reconhecimento ao Criador. Mas também recebem uma nova
significação no contexto do Êxodo: os pães ázimos que Israel come todos os anos na
Páscoa, comemoram a pressa da partida libertadora do Egipto; a lembrança do maná do
deserto recordará sempre a Israel que é do pão da Palavra de Deus que ele vive (166).
Finalmente, o pão de cada dia é o fruto da terra prometida, penhor da fidelidade de Deus
às suas promessas. O «cálice de bênção» (1 Cor 10, 16), no fim da ceia pascal dos judeus,
acrescenta à alegria festiva do vinho uma dimensão escatológica – a da expectativa
messiânica do restabelecimento de Jerusalém. Jesus instituiu a sua Eucaristia dando um
sentido novo e definitivo à bênção do pão e do cálice.
1335. Os milagres da multiplicação dos pães, quando o Senhor disse a bênção, partiu e
distribuiu os pães pelos seus discípulos para alimentar a multidão, prefiguram a
superabundância deste pão único da sua Eucaristia (167). O sinal da água transformada
em vinho em Caná (168) já anuncia a «Hora» da glorificação de Jesus. E manifesta o
cumprimento do banquete das núpcias no Reino do Pai, onde os fiéis beberão do vinho
novo (169) tornado sangue de Cristo.
A INSTITUIÇÃO DA EUCARISTIA
1337. Tendo amado os seus, o Senhor amou-os até ao fim. Sabendo que era chegada a
hora de partir deste mundo para regressar ao Pai, no decorrer duma refeição, lavou-lhes os
pés e deu-lhes o mandamento do amor (170). Para lhes deixar uma garantia deste amor,
para jamais se afastar dos seus e para os tornar participantes da sua Páscoa, instituiu a
Eucaristia como memorial da sua morte e da sua ressurreição, e ordenou aos seus
Apóstolos que a celebrassem até ao seu regresso, «constituindo-os, então, sacerdotes do
Novo Testamento» (171).
«Veio o dia dos Ázimos, em que devia imolar-se a Páscoa. [Jesus] enviou então a Pedro e
a João, dizendo: "Ide preparar-nos a Páscoa, para que a possamos comer" [...]. Partiram
pois, [...] e prepararam a Páscoa. Ao chegar a hora, Jesus tomou lugar à mesa, e os
Apóstolos com Ele. Disse-lhes então: "Tenho desejado ardentemente comer convosco
esta Páscoa, antes de padecer. Pois vos digo que não voltarei a comê-la, até que ela se
realize plenamente no Reino de Deus". [...] Depois, tomou o pão e, dando graças, partiu-
o, deu-lho e disse-lhes: "Isto é o Meu corpo, que vai ser entregue por vós. Fazei isto em
memória de Mim". No fim da ceia, fez o mesmo com o cálice e disse: "Este cálice é a
Nova Aliança no meu sangue, que vai ser derramado por vós"» (Lc 22, 7-20) (173).
1341. Ao ordenar que repetissem os seus gestos e palavras, «até que Ele venha» (1
Cor 11, 26), Jesus não pede somente que se lembrem d'Ele e do que Ele fez. Tem em
vista a celebração litúrgica, pelos apóstolos e seus sucessores, do memorial de Cristo, da
sua vida, morte, ressurreição e da sua intercessão junto do Pai.
1342. Desde o princípio, a Igreja foi fiel à ordem do Senhor. Da Igreja de Jerusalém está
escrito:
«Eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à união fraterna, à fracção do pão e às orações.
[...] Todos os dias frequentavam o templo, como se tivessem uma só alma, e partiam o
pão em suas casas; tomavam o alimento com alegria e simplicidade de coração» (Act 2,
42.46).
1343. Era sobretudo «no primeiro dia da semana», isto é, no dia de domingo, dia da
ressurreição de Jesus, que os cristãos se reuniam «para partir o pão» (Act 20, 7). Desde
esses tempos até aos nossos dias, a celebração da Eucaristia perpetuou-se, de maneira que
hoje a encontramos em toda a parte na Igreja com a mesma estrutura fundamental. Ela
continua a ser o centro da vida da Igreja.
1345. Desde o século II, temos o testemunho de São Justino, mártir, sobre as grandes
linhas do desenrolar da celebração eucarística. Permaneceram as mesmas até aos nossos
dias, em todas as grandes famílias litúrgicas. Eis o que ele escreve, cerca do ano 155, para
explicar ao imperador pagão Antonino Pio (138-161) o que fazem os cristãos:
«No dia que chamam Dia do Sol, realiza-se a reunião num mesmo lugar de todos os que
habitam a cidade ou o campo.
Lêem-se as memórias dos Apóstolos e os escritos dos Profetas, tanto quanto o tempo o
permite.
Quando o leitor acabou, aquele que preside toma a palavra para incitar e exortar à
imitação dessas belas coisas.
Em seguida, levantamo-nos todos juntamente e fazemos orações» (175) «por nós mesmos
[...] e por todos os outros, [...] onde quer que estejam, para que sejamos encontrados
justos por nossa vida e acções, e fiéis aos mandamentos, e assim obtenhamos a salvação
eterna.
Terminadas as orações, damo-nos um ósculo uns aos outros.
Depois, apresenta-se àquele que preside aos irmãos pão e uma taça de água e vinho
misturados.
Ele toma-os e faz subir louvor e glória ao Pai do universo, pelo nome do Filho e do
Espírito Santo, e dá graças (em grego: eucharistian) longamente, por termos sido
julgados dignos destes dons.
Quando ele termina as orações e acções de graças, todo o povo presente aclama: Ámen.
[...] Depois de aquele que preside ter feito a acção de graças e de o povo ter respondido,
aqueles a que entre nós chamamos diáconos distribuem a todos os que estão presentes
pão, vinho e água "eucaristizados" e também os levam aos ausentes» (176).
1350. A apresentação das oferendas (ofertório): traz-se então para o altar, por vezes
processionalmente, o pão e o vinho que vão ser oferecidos pelo sacerdote em nome de
Cristo no sacrifício eucarístico, no qual se tornarão o seu corpo e o seu sangue. É
precisamente o mesmo gesto que Cristo fez na última ceia, «tomando o pão e o cálice».
«Só a Igreja oferece esta oblação pura ao Criador, oferecendo-Lhe em acção de graças o
que provém da sua criação» (181). A apresentação das oferendas no altar assume o gesto
de Melquisedec e põe os dons do Criador nas mãos de Cristo. É Ele que, no seu sacrifício,
leva à perfeição todas as tentativas humanas de oferecer sacrifícios.
1351. Desde o princípio, com o pão e o vinho para a Eucaristia, os cristãos trazem as suas
ofertas para a partilha com os necessitados. Este costume, sempre actual, da colecta (182)
inspira-se no exemplo de Cristo, que Se fez pobre para nos enriquecer (183):
«Os que são ricos e querem, dão, cada um conforme o que a si mesmo se impôs; o que se
recolhe é entregue àquele que preside e ele, por seu turno, presta assistência aos órfãos, às
viúvas, àqueles que a doença ou qualquer outra causa priva de recursos, aos prisioneiros,
aos imigrantes, numa palavra, a todos os que sofrem necessidade» (184).
no prefácio, a Igreja dá graças ao Pai, por Cristo, no Espírito Santo, por todas as suas
obras: pela criação, redenção e santificação. Toda a comunidade une, então, as suas vozes
àquele louvor incessante que a Igreja celeste – os anjos e todos os santos – cantam ao
Deus três vezes Santo:
1353. na epiclese, pede ao Pai que envie o seu Espírito Santo (ou o poder da sua bênção)
(185)sobre o pão e o vinho, para que se tornem, pelo seu poder, o corpo e o sangue de
Jesus Cristo, e para que os que participam na Eucaristia sejam um só corpo e um só
espírito. (Algumas tradições litúrgicas colocam a epiclese depois da anamnese);
Porque este pão e este vinho foram, segundo a expressão antiga, «eucaristizados» (186),
«chamamos a este alimento Eucaristia; e ninguém pode tomar parte nela se não acreditar
na verdade do que entre nós se ensina, se não recebeu o banho para a remissão dos
pecados e o novo nascimento e se não viver segundo os preceitos de Cristo» (187).
1356. Se os cristãos celebram a Eucaristia desde as origens e sob uma forma que, na sua
substância não mudou através da grande diversidade dos tempos e das liturgias, é porque
sabem que estão ligados pela ordem do Senhor, dada na véspera da sua paixão: «Fazei
isto em memória de Mim» (1 Cor 11, 24-25).
1359. A Eucaristia, sacramento da nossa salvação realizada por Cristo na cruz, é também
um sacrifício de louvor em acção de graças pela obra da criação. No sacrifício eucarístico,
toda a criação, amada por Deus, é apresentada ao Pai, através da morte e ressurreição de
Cristo. Por Cristo, a Igreja pode oferecer o sacrifício de louvor em acção de graças por
tudo o que Deus fez de bom, belo e justo, na criação e na humanidade.
1360. A Eucaristia é um sacrifício de acção de graças ao Pai, uma bênção pela qual a
Igreja exprime o seu reconhecimento a Deus por todos os seus benefícios, por tudo o que
Ele fez mediante a criação, a redenção e a santificação. Eucaristia significa, antes de mais,
«acção de graças».
1361. A Eucaristia é também o sacrifício de louvor, pelo qual a Igreja canta a glória de
Deus em nome de toda a criação. Este sacrifício de louvor só é possível através de Cristo:
Ele une os fiéis à sua pessoa, ao seu louvor e à sua intercessão, de maneira que o
sacrifício de louvor ao Pai ë oferecido por Cristo e com Cristo, para ser aceite em Cristo.
1364. O memorial recebe um sentido novo no Novo Testamento. Quando a Igreja celebra
a Eucaristia, faz memória da Páscoa de Cristo, e esta torna-se presente: o sacrifício que
Cristo ofereceu na cruz uma vez por todas, continua sempre actual (189): «Todas as vezes
que no altar se celebra o sacrifício da cruz, no qual "Cristo, nossa Páscoa, foi imolado",
realiza-se a obra da nossa redenção» (190).
Cristo «nosso Deus e Senhor [...], ofereceu-Se a Si mesmo a Deus Pai uma vez por todas,
morrendo como intercessor sobre o altar da cruz, para realizar em favor deles [homens]
uma redenção eterna. No entanto, porque após a sua morte não se devia extinguir o seu
sacerdócio (Heb 7, 24-27), na última ceia, "na noite em que foi entregue" (1 Cor 11, 13).
[...] Ele [quis deixar] à Igreja, sua esposa bem-amada, um sacrifício visível (como o exige
a natureza humana), em que fosse representado o sacrifício cruento que ia
realizar uma vez por todas na cruz, perpetuando a sua memória até ao fim dos séculos e
aplicando a sua eficácia salvífica à remissão dos pecados que nós cometemos cada dia»
(191).
«Seja tida como legítima somente aquela Eucaristia que é presidida pelo bispo ou por
quem ele encarregou» (194).
«É pelo ministério dos presbíteros que o sacrifício espiritual dos fiéis se consuma em
união com o sacrifício de Cristo. Mediador único, que é oferecido na Eucaristia de modo
incruento e sacramental, pelas mãos deles, em nome de toda a Igreja, até quando o mesmo
Senhor voltar» (195).
1370. À oblação de Cristo unem-se não só os membros que estão ainda neste mundo, mas
também os que já estão na glória do céu: é em comunhão com a santíssima Virgem
Maria e fazendo memória d'Ela, assim como de todos os santos e de todas as santas, que a
Igreja oferece o sacrifício eucarístico. Na Eucaristia, a Igreja, com Maria, está como que
ao pé da cruz, unida à oblação e à intercessão de Cristo.
«Enterrai este corpo não importa onde! Não vos dê isso qualquer cuidado! Tudo o que
vos peço é que vos lembreis de mim diante do altar do Senhor, onde quer que estejais»
(197).
«Depois [na anáfora], nós rezamos pelos santos padres e bispos falecidos, e em geral por
todos aqueles que morreram antes de nós, certos de que isso será de grande proveito para
as almas em favor das quais tal súplica se faz, enquanto está presente a vítima santa e
temível [...]. Apresentando a Deus as nossas súplicas pelos que morreram, tenham embora
sido pecadores, nós [...] apresentamos Cristo imolado pelos nossos pecados, tornando
assim propício, para eles e para nós, o Deus que é amigo dos homens» (198).
1372. Santo Agostinho resumiu admiravelmente esta doutrina que nos incita a uma
participação cada vez mais perfeita no sacrifício do nosso Redentor que celebramos na
Eucaristia:
«Toda esta cidade resgatada, ou seja, a assembleia e sociedade dos santos, é oferecida a
Deus como um sacrifício universal pelo Sumo-Sacerdote que, sob a forma de servo, foi ao
ponto de Se oferecer por nós na sua paixão, para fazer de nós corpo duma tal Cabeça [...]
Tal é o sacrifício dos cristãos: "Nós que somos muitos, formamos em Cristo um só
corpo" (Rm 12, 5). E este sacrifício, a Igreja não cessa de o renovar no sacramento do
altar bem conhecido dos fiéis, em que lhe é mostrado que ela própria é oferecida naquilo
que oferece» (199).
1373. «Jesus Cristo, que morreu, que ressuscitou, que está à direita de Deus, que
intercede por nós» (Rm 8, 34), está presente na sua Igreja de múltiplos modos (200): na
sua Palavra, na oração da sua Igreja, «onde dois ou três estão reunidos em Meu
nome» (Mt 18, 20), nos pobres, nos doentes, nos prisioneiros (201), nos seus
sacramentos, dos quais é o autor, no sacrifício da missa e na pessoa do ministro. Mas está
presente «sobretudo sob as espécies eucarísticas» (202).
1374. O modo da presença de Cristo sob as espécies eucarísticas é único. Ele eleva a
Eucaristia acima de todos os sacramentos e faz dela «como que a perfeição da vida
espiritual e o fim para que tendem todos os sacramentos» (203). No santíssimo
sacramento da Eucaristia estão «contidos, verdadeira, real e substancialmente, o corpo e
o sangue, conjuntamente com a alma e a divindade de nosso Senhor Jesus Cristo e, por
conseguinte, Cristo completo» (204). «Esta presença chama-se "real", não a título
exclusivo como se as outras presenças não fossem "reais", mas por excelência, porque
é substancial, e porque por ela se torna presente Cristo completo, Deus e homem» (205).
«Não é o homem que faz com que as coisas oferecidas se tomem corpo e sangue de
Cristo, mas o próprio Cristo, que foi crucificado por nós. O sacerdote, figura de Cristo,
pronuncia estas palavras, mas a sua eficácia e a graça são de Deus. Isto é o Meu
corpo, diz ele. Esta palavra transforma as coisas oferecidas» (206).
Estejamos bem convencidos de que «isto não é o que a natureza formou, ruas o que a
bênção consagrou, e de que a força da bênção ultrapassa a da natureza, porque pela
bênção a própria natureza é mudada» (207). «A Palavra de Cristo, que pôde fazer do nada
o que não existia, não havia de poder mudar coisas existentes no que elas ainda não eram?
Porque não é menos dar às coisas a sua natureza original do que mudá-la» (208).
1380. É de suma conveniência que Cristo tenha querido ficar presente à sua Igreja deste
modo único. Uma vez que estava para deixar os seus sob forma visível, Cristo quis dar-
nos a sua presença sacramental; e visto que ia sofrer na cruz para nos salvar, quis que
tivéssemos o memorial do amor com que nos amou «até ao fim» (Jo 13, 1), até ao dom da
própria vida. Com efeito, na sua presença eucarística, Ele fica misteriosamente no meio
de nós, como Aquele que nos amou e Se entregou por nós (212), e permanece sob os
sinais que exprimem e comunicam este amor:
«A Igreja e o mundo têm grande necessidade do culto eucarístico. Jesus espera-nos neste
sacramento do amor. Não regateemos o tempo para estar com Ele na adoração, na
contemplação cheia de fé e disposta a reparar as faltas graves e os pecados do mundo.
Que a nossa adoração não cesse jamais» (213).
«Humildemente Vos suplicamos, Deus todo-poderoso, que esta nossa oferenda seja
apresentada pelo vosso santo Anjo no altar celeste, diante da vossa divina majestade, para
que todos nós, participando deste altar pela comunhão do santíssimo corpo e sangue do
vosso Filho, alcancemos a plenitude das bênçãos e graças do céu»» (218)
«Faz-me comungar hoje, ó Filho de Deus, na tua ceia mística. Porque eu não revelarei o
segredo aos teus inimigos, nem te darei o beijo de Judas. Mas, como o ladrão, eu te
suplico: Lembra-Te de mim, Senhor, no teu Reino» (221).
1389. A Igreja impõe aos fiéis a obrigação de «participar na divina liturgia nos domingos
e dias de festa» (226) e de receber a Eucaristia ao menos uma vez em cada ano, se
possível no tempo pascal (227) preparados pelo sacramento da Reconciliação. Mas
recomenda-lhes vivamente que recebam a santa Eucaristia aos domingos e dias de festa,
ou ainda mais vezes, mesmo todos os dias.
1390. Graças à presença sacramental de Cristo sob cada uma das espécies, a comunhão
apenas sob a espécie de pão permite receber todo o fruto de graça da Eucaristia. Por
razões pastorais, esta maneira de comungar estabeleceu-se legitimamente como a mais
habitual no rito latino. «A sagrada Comunhão tem uma forma mais plena, enquanto sinal,
quando é feita sob as duas espécies. Com efeito, nesta forma manifesta-se mais
perfeitamente o sinal do banquete eucarístico» (228). É a forma habitual de comungar,
nos ritos orientais.
OS FRUTOS DA COMUNHÃO
«Quando, nas festas do Senhor, os fiéis recebem o corpo do Filho, proclamam uns aos
outros a boa-nova de que lhes foram dadas as arras da vida, como quando o anjo disse a
Maria de Magdala: "Cristo ressuscitou!". Eis que também agora a vida e a ressurreição
são conferidas àquele que recebe Cristo» (229).
1392. O que o alimento material produz na nossa vida corporal, realiza-o a Comunhão, de
modo admirável, na nossa vida espiritual. A comunhão da carne de Cristo Ressuscitado,
«vivificada pelo Espírito Santo e vivificante» (230), conserva, aumenta e renova a vida da
graça recebida no Baptismo. Este crescimento da vida cristã precisa de ser alimentado
pela Comunhão eucarística, pão da nossa peregrinação, até à hora da morte, em que nos
será dado como viático.
1394. Tal como o alimento corporal serve para restaurar as forças perdidas, assim
também a Eucaristia fortifica a caridade que, na vida quotidiana, tende a enfraquecer-se; e
esta caridade vivificada apaga os pecados veniais (233). Dando-Se a nós, Cristo reaviva
o nosso amor e torna-nos capazes de quebrar as ligações desordenadas às criaturas e de
nos radicarmos n'Ele.
«Uma vez que Cristo morreu por nós por amor, quando nós fazemos memória da sua
morte no momento do sacrifício, pedimos que esse amor nos seja dado pela vinda do
Espírito Santo; suplicamos humildemente que, em virtude desse amor pelo qual Cristo
quis morrer por nós, também nós, recebendo a graça do Espírito Santo, possamos
considerar o mundo como crucificado para nós e sermos nós próprios crucificados para o
mundo; [...] tendo recebido o dom do amor, morramos para o pecado e vivamos para
Deus» (234).
1396. A unidade do corpo Místico: a Eucaristia faz a Igreja. Os que recebem a Eucaristia
ficam mais estreitamente unidos a Cristo. Por isso mesmo, Cristo une todos os fiéis num
só corpo: a Igreja. A Comunhão renova, fortalece e aprofunda esta incorporação na Igreja
já realizada pelo Baptismo. No Baptismo fomos chamados a formar um só corpo (235). A
Eucaristia realiza esta vocação: «O cálice da bênção que abençoamos, não é comunhão
com o sangue de Cristo? O pão que partimos não é comunhão com o corpo de Cristo?
Uma vez que há um único pão, nós, embora muitos, somos um só corpo, porque
participamos desse único pão» (1 Cor 10, 16-17):
«Se sois o corpo de Cristo e seus membros, é o vosso sacramento que está colocado sobre
a mesa do Senhor, é o vosso sacramento que recebeis. Vós respondeis «Ámen» [«Sim, é
verdade!»] àquilo que recebeis e, ao responder, o subscreveis. Tu ouves esta palavra: «O
corpo de Cristo»; e respondes: «Ámen», Então, sê um membro de Cristo, para que o teu
«Ámen» seja verdadeiro» (326).
«Saboreaste o sangue do Senhor e não reconheces sequer o teu irmão. Desonras esta
mesa, se não julgas digno de partilhar o teu alimento aquele que foi julgado digno de
tomar parte nesta mesa. Deus libertou-te de todos os teus pecados e chamou-te para ela; e
tu nem então te tornaste mais misericordioso» (238).
1399. As Igrejas orientais que não estão em comunhão plena com a Igreja Católica
celebram a Eucaristia com um grande amor. «Essas Igrejas, embora separadas, têm
verdadeiros sacramentos; e principalmente, em virtude da sucessão apostólica, o
sacerdócio e a Eucaristia, por meio dos quais continuam unidos a nós por vínculos
estreitíssimos» (240). Portanto, «uma certa comunhão in sacris é não só possível, mas até
aconselhável em circunstâncias oportunas e com aprovação da autoridade eclesiástica»
(241).
1403. Na última ceia, o próprio Senhor chamou a atenção dos seus discípulos para a
consumação da Páscoa no Reino de Deus: «Eu vos digo que não voltarei a beber deste
fruto da videira, até o dia em que beberei convosco o vinho novo no Reino do meu
Pai» (Mt 26, 29) (247). Sempre que a Igreja celebra a Eucaristia, lembra-se desta
promessa, e o seu olhar volta-se para «Aquele que vem» (Ap 1, 4). Na sua oração, ela
clama pela sua vinda: «Marana tha» (1Cor 16, 22), «Vem, Senhor Jesus!» (Ap 22, 20),
«que a Tua graça venha e que este mundo passe!» (248).
1404. A Igreja sabe que, desde já, o Senhor vem na sua Eucaristia e que está ali, no meio
de nós. Mas esta presença é velada. E é por isso que nós celebramos a
Eucaristia «expectantes beatam spem et adventum Salvatoris nostri Jesu Christi
– enquanto aguardamos a feliz esperança e a vinda de Jesus Cristo nosso Salvador»
(249), pedindo a graça de ser acolhidos «com bondade no vosso Reino, onde também nós
esperamos ser ser recebidos, para vivermos [...] eternamente na vossa glória, quando
enxugardes todas as lágrimas dos nossos olhos; e, vendo-Vos tal como sois, Senhor nosso
Deus, seremos para sempre semelhantes a Vós e cantaremos sem fim os vossos louvores,
por Jesus Cristo nosso Senhor» (250).
1405. Desta grande esperança – dos novos céus e da nova terra, onde habitará a justiça
(251) – não temos garantia mais segura nem sinal mais manifesto do que a Eucaristia.
Com efeito, cada vez que se celebra este mistério, «realiza-se a obra da nossa redenção»
(252) e nós «partimos o mesmo pão, que é remédio de imortalidade, antídoto para não
morrer, mas viver em Jesus Cristo para sempre» (253).
Resumindo:
1406. Jesus diz: «Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá
eternamente [...] Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna [...],
permanece em Mim, e Eu nele» (Jo 6, 51.54.56).
1407. A Eucaristia é o coração e o cume da vida da Igreja, porque nela Cristo associa a
sua Igreja e todos os seus membros ao seu sacrifício de louvor e de acção de graças,
oferecido ao Pai uma vez por todas na cruz; por este sacrifício, Ele derrama as graças
da salvação sobre o seu corpo, que é a Igreja.
1410. É o próprio Cristo, sumo e eterno sacerdote da Nova Aliança, que, agindo pelo
ministério dos sacerdotes, oferece o sacrifício eucarístico. E é ainda o mesmo Cristo,
realmente presente sob as espécies do pão e do vinho, que é a oferenda do sacrifício
eucarístico.
1418. Uma vez que Cristo em pessoa está presente no Sacramento do Altar; devemos
honrá-Lo com culto de adoração. «A visita ao Santíssimo Sacramento é uma prova de
gratidão, um sinal de amor e um dever de adoração para com Cristo nosso
Senhor» (255).
1419. Tendo passado deste mundo para o Pai, Cristo deixou-nos na Eucaristia o penhor
da glória junto d'Ele: a participação no santo sacrifício identifica-nos com o seu
coração, sustenta as nossas forças ao longo da peregrinação desta vida, faz-nos desejar
a vida eterna e desde já nos une à Igreja do céu, à Santíssima Virgem e a todos os
santos.
229. Desde o tempo dos Apóstolos que tornar-se cristão requer um caminho e uma
iniciação com diversas etapas. Este itinerário pode ser percorrido rápida ou lentamente.
Mas deverá sempre incluir certos elementos essenciais: o anúncio da Palavra, o
acolhimento do Evangelho que implica a conversão, a profissão de fé, o Baptismo, a
efusão do Espírito Santo, o acesso à comunhão eucarística.
1231. Nas regiões onde o Baptismo das crianças se tomou largamente a forma habitual da
celebração deste sacramento, esta transformou-se num acto único, que integra, de um
modo muito abreviado, as etapas preliminares da iniciação cristã. Pela sua própria
natureza, o Baptismo das crianças exige um catecumenato pós-baptismal. Não se trata
apenas da necessidade duma instrução posterior ao Baptismo mas do desenvolvimento
necessário da graça baptismal no crescimento da pessoa. É o espaço próprio
da catequese.