A Nova NBR 5419

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A Nova NBR 5419 – 2015 (SPDA)

NBR 5419 – 2015: principais mudanças e impacto


em projetos de SPDA
Em 22/05/2015 foi publicada a nova ABNT NBR 5419. No formato de uma série
de normas, a referência brasileira para Proteção contra descargas atmosféricas
agora conta com mais de 300 páginas divididas em quatro partes, como se
segue:

 Parte 1 – Princípios gerais;


 Parte 2 – Gerenciamento de risco;
 Parte 3 – Danos físicos a estruturas e perigos à vida;
 Parte 4 – Sistemas elétricos e eletrônicos internos na estrutura.

Esta estrutura da nova norma brasileira lembra bastante a referência


internacional IEC 62305 – Protection against lightning (Proteção contra raios),
que contém exatamente as mesmas partes.

A 1º parte da norma trata de premissas gerais a serem consideradas para o


projeto de SPDA e Aterramento.

A 2º parte é o grande destaque da nova norma, estabelecendo os requisitos


para análise de risco do projeto de SPDA e Aterramento, não apenas para
definição do nível de proteção da instalação, mas trazendo diretrizes sobre
medidas de proteção que devem ser tomadas para uma proteção mais efetiva
de pessoas e instalações, dentro da tolerabilidade.

A 3º parte conserva boa parte do escopo geral da norma antiga, aplicável a
projetos, instalação, inspeção e manutenção do SPDA e Aterramento, além de
medidas mitigadoras para controlar tensão de toque e passo proveniente de
descargas atmosféricas. Houveram mudanças neste aspecto quanto a
materiais de condutores de captação e descida, procedimentos nos testes de
continuidade e arquitetura de interligação dos condutores de descida.

A 4º parte da norma trata basicamente de aspectos gerais ligados à


compatibilidade eletromagnética e medidas de proteção contra surtos
atmosféricos para equipamentos elétricos e eletrônicos, nas fases de projeto,
instalação, inspeção, manutenção e ensaio. Entretanto, cabe ressaltar que a
parte de interferências eletromagnéticas e seu controle e proteção não é o
objetivo da norma, cabendo consultar outras fontes, como a ABNT NBR 5410 e
IEC 61000.

A atualização da NBR 5419 traz novos conceitos e exigências com o objetivo


de aumentar a segurança de pessoas, estruturas e instalações. Neste texto,
será apresentado o impacto das alterações nos projetos de SPDA, utilizando
como referência os textos dos capítulos da nova norma.
1. Necessidade de proteção x análise de risco.

Com a atualização da NBR 5419, o projetista deve efetuar cálculos e


considerações sobre a estrutura em questão e também sobre as estruturas
vizinhas, linhas de energia e telecomunicações ligadas a ela. O nível de
proteção deixa de ser um dado de saída para ser um parâmetro de entrada na
avaliação dos valores de risco toleráveis. Essa é uma das grandes mudanças
da norma, que impacta já o início do projeto.

Na norma antiga calculava-se, por exemplo, o Ng (Densidade de descargas


atmosféricas para terra) através de um mapa de isocerâunicos antigo e se
aplicava a uma Ae (área de exposição equivalente) e aos fatores de
ponderação. Agora, o Ng é obtido de forma mais precisa e atualizada através
de mapas fornecidos pelo INPE, na área de exposição equivalente,
considerando mais parâmetros por meio de uma nova fórmula de cálculo. A
nova norma também traz um novo conceito, de Zonas de proteção contra raio.

Continuando a avaliação da NBR 5419, temos quatro tipos de perdas: L1 –


Perda de vidas humanas, L2 – Perda de instalação de serviço ao público, L3 –
Perda de memória cultural e L4 – perda de valor econômico, na qual se
calculam vários componentes de “Risco” (R1, R2, R3 e R4), que deverão ser
comparadas aos valores típicos de risco tolerável “RT””, para avaliar se as
medidas de proteção adotadas atendem as exigências.

Se R ≤ RT, a proteção contra a descarga atmosférica não é necessária.

Se R>RT, é preciso adotar medidas de proteção para reduzir R ≤ RT em todos


os riscos que envolvem a estrutura.

 Valores típicos de risco tolerável RT

Para a perda de valor econômico (L4), a nova norma indica a comparação


custo/benefício dada no Anexo D. Se os dados para esta análise não estão
disponíveis, o valor representativo de risco tolerável RT =10-3 pode ser
utilizado.

2. Métodos de proteção

Neste item ocorreram algumas modificações no método de Franklin e da gaiola


de Faraday, sendo que o método eletrogeométrico (esfera rolante) continua o
mesmo.
Métodos do ângulo de proteção (Franklin)

Ao invés dos ângulos serem fixos para cada situação de nível de proteção, eles
passam a ser obtidos através de curvas.

  Posicionamento de captores conforme o nível de proteção

Figura 1 – Ângulo de proteção correspondente à classe de SPDA

 
Métodos da gaiola de Faraday
No método da gaiola de Faraday ocorreram mudanças nas dimensões das
quadrículas. Elas passam a ser mais rigorosas e com formato mais quadrado, o
que resulta no uso de mais material.

 Posicionamento de captores conforme o nível de proteção.

 Valores máximos dos raios de esfera rolante, tamanho da malha e ângulo de


proteção correspondente a classe do SPDA

3. Condutores de descidas

Os condutores de descidas tiveram seus espaçamentos reduzidos para o


níveis de proteção II,III e IV, também aumentando a quantidade de material
utilizado.

 Espaçamento médio dos condutores de descida não naturais conforme nível


de proteção
 Valores típicos de distância entre os condutores de descida e entre os anéis
condutores de acordo com a classe de SPDA.

4. Sistema de Aterramento

Nas tabelas que referenciam as dimensões mínimas de condutores e demais


itens envolvidos foram incluídos novos materiais, além do aumento nas
dimensões. Sai o arranjo A definido na NBR antiga, na qual não era necessário
o condutor em anel, e permanece apenas o arranjo B, onde se utiliza o
condutor em anel externo à estrutura a ser protegida.

5. Proteção dos sistemas elétricos e eletrônicos internos

Essa é uma novidade do projeto de SPDA que está no capítulo quatro, voltado


à proteção de equipamentos eletroeletrônicos com a utilização de dispositivos
de proteção contra surtos (DPS), arranjos de aterramento e
equipotencialização, blindagem eletromagnética e roteamento dos circuitos
elétricos, entre outros. Importante ressaltar que na norma antiga não havia um
texto correspondente, com essa abrangência e nível de detalhamento.

Apresentamos neste texto algumas das inúmeras mudanças que vão impactar
a rotina do projetista. A partir de agora, o profissional deve estar preparado
para elaborar projetos dentro dos novos parâmetros. Por isso, recomendamos
cursos de atualização pessoal e de capacitação de equipes, além do
investimento em ferramentas, essenciais para reforçar os conhecimentos e
para apresentar boas soluções técnicas e financeiras ao cliente. 

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