Carreiras Aula 04 Processo Civil

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CURSO: CARREIRAS JURÍDICAS


DATA: 30/09/2019
DISCIPLINA: DIREITO PROCESSUAL CIVIL
PROFESSOR: GUSTAVO FARIA
MONITOR: NAJARA SANTOS
AULA 04

SUMÁRIO

1 RECURSOS .................................................................................................................................. 1
1.2 Recursos em espécie ................................................................................................................. 1
1.2.1 Apelação .................................................................................................................................. 1
1.2.2 Agravo de instrumento ............................................................................................................ 2
1.2.3 Agravo interno ....................................................................................................................... 10
1.2.4 Embargos de declaração ...................................................................................................... 13

1 RECURSOS

1.2 Recursos em espécie

1.2.1 Apelação

Teoria da causa madura


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“Admite-se a aplicação da teoria da causa madura em julgamento de agravo


de instrumento. O Tribunal de origem reconheceu a apresentação de argumentos
genéricos, mas aplicou a teoria da causa madura, supriu o vício de fundamentação
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e manteve a decisão recorrida.” (STJ, Informativo 590, REsp 1.213.368/2016)


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Esse julgado corresponde à quarta hipótese vista na última aula, defeito de fundamentação.
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Novas questões de fato podem ser suscitadas em sede de apelação? Depende.


1) É permitido, se se tratar de fato superveniente à sentença.
2) É permitido, se se tratar de situação que, por motivo de força maior, houve impossibilidade de
ser suscitada até a sentença.

“O recurso de apelação ostenta ampla devolutibilidade, podendo, em certas


situações, extrapolar os limites nos quais está adstrito e, assim, adentrar na análise
de novas questões de fato, nas hipóteses em que vieram a ser implementadas,
de forma tardia, no curso da lide – e, portanto não eram passíveis de resenha inicial
(art. 493 do CPC) –, ou não puderam ser propostas no juízo primevo, por motivo
de força maior, nos termos do art. 1.014 do CPC.” (STJ, AgRg no AREsp
294.057/2013)

1.2.2 Agravo de instrumento

Arts. 1.015 a 1.020, CPC

Cabimento
Contra decisões interlocutórias, especialmente, as contidas no rol do art. 1.015, CPC.

 Inciso I: contra decisões interlocutórias que versarem sobre tutelas provisórias.


“Versar sobre” abrange praticamente tudo.

O conceito de “decisão interlocutória que versa sobre tutela provisória” previsto


no art. 1.015, I, do CPC/2015, abrange as decisões que examinam a presença ou
não dos pressupostos que justificam o deferimento, indeferimento, revogação ou
alteração da tutela provisória e, também, as decisões que dizem respeito ao prazo
e ao modo de cumprimento da tutela, a adequação, suficiência, proporcionalidade
ou razoabilidade da técnica de efetivação da tutela provisória e, ainda, a
necessidade ou dispensa de garantias para a concessão, revogação ou alteração
da tutela provisória. (STJ, Informativo 644, REsp 1.752.049/2019)

Quando a tutela provisória for capítulo da sentença, deve-se ataca-la por meio de apelação:

Art. 1.013, CPC [...]


§ 5º O capítulo da sentença que confirma, concede ou revoga a tutela provisória é
impugnável na apelação.

 Inciso II: contra decisão interlocutória que versar sobre o mérito do processo.
Exemplo¹:
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Art. 356, CPC. O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou mais dos pedidos
formulados ou parcela deles:
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I - mostrar-se incontroverso;
II - estiver em condições de imediato julgamento, nos termos do art. 355.
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“Não é cabível agravo de instrumento contra decisão que indefere pedido de


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julgamento antecipado do mérito por haver necessidade de dilação probatória.”


(STJ, Informativo 653, AgInt no AREsp 1.411.485/2019)

Caberia, entretanto, se o juiz deferisse julgamento antecipado de parte do mérito. Se o


julgamento é total, tem-se sentença, cabe apelação.

Exemplo²: decisão que decreta prescrição ou decadência parciais.

2018 – CESPE – STJ – Analista Judiciário – Judiciária


Contra a sentença que decidir somente uma parte do processo com fundamento na prescrição, caberá
agravo de instrumento. CERTA (contudo, essa questão não está bem feita, porque decisão que
decide somente uma parte do processo é decisão interlocutória; sentença põe fim ao processo
como um todo)

“A decisão interlocutória que afasta a alegação de prescrição é recorrível, de


imediato, por meio de agravo de instrumento.” (STJ, Informativo 643, REsp
1.738.756/2019)

Por isso, o correto é dizer que cabe agravo de instrumento contra decisão que verse sobre
prescrição ou decadência (que decreta parcialmente ou que afasta).

“Cabe agravo de instrumento, nos termos do art. 1.015, II, do CPC/2015, contra
decisão interlocutória que fixa data da separação de fato do casal para efeitos da
partilha dos bens.” (STJ, Informativo 644, REsp 1.798.975/2019)

“Cabe agravo de instrumento contra a decisão interlocutória que acolhe ou afasta a


arguição de impossibilidade jurídica do pedido.” (STJ, Informativo 654, REsp
1.757.123/2019)

Impossibilidade jurídica do pedido deixou de ser condição da ação. Se demando contra


determinada pessoa, que alega que o pedido é juridicamente impossível, e o juiz rejeita a
alegação ou a acolhe parcialmente, está-se tangenciando o mérito.

 Inciso III: contra decisão interlocutória que rejeita a alegação de convenção de arbitragem.
Se o juiz acolhe, tem-se sentença, porque extingue o processo.
Se cabe agravo de instrumento contra decisão que verse sobre arbitragem, também cabe contra
decisão que verse sobre competência (vácuo deixado no CPC/2015). O STJ, então, previu:
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“É cabível a interposição de agravo de instrumento contra decisão relacionada à


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definição de competência, a despeito de não previsto expressamente no rol do


art. 1.015 do CPC/2015.” (STJ, Informativo 618, REsp 1.679.909/2018)
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Isso porque, quando o juiz decide sobre arbitragem, não deixa de estar decidindo sobre
competência. Contudo, também cabe mandado de segurança, se entender que há dúvida
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razoável sobre o cabimento do agravo.

“Na vigência do novo Código de Processo Civil, é possível a impetração de


mandado de segurança, em caso de dúvida razoável sobre o cabimento de
agravo de instrumento, contra decisão interlocutória que examina competência.”
(STJ, Informativo 636, RMS 58.578/2018)

Se o tribunal já entendeu pelo cabimento de agravo de instrumento, não é mais adequado falar
na existência de dúvida razoável. Entretanto, os informativos são de órgãos diferentes do
tribunal, o que demonstra que não está sendo observado o art. 926, CPC, acerca da
necessidade de uniformização da jurisprudência.

 Inciso V: decisões que indeferem e revogam a justiça gratuita.


Ou seja, não cabe agravo contra decisão que concede a justiça gratuita, pois deve ser
impugnada em preliminar de contestação (primeira oportunidade), se foi concedida ao autor. Se
foi concedida ao réu, o autor deve impugná-la na primeira oportunidade, que é a réplica. Deve
haver a impugnação por meio de simples petição, não por recurso.

Petição inicial – pedido de justiça gratuita


1) Indeferimento: cabe agravo de instrumento
2) Deferimento: impugnação via preliminar de contestação
a) Acolhimento: cabe agravo de instrumento, porque houve revogação
b) Rejeição: impugnação na apelação contra a sentença final

No CPC/73, contra a impugnação à justiça gratuita, que era autuada em apartado, cabia
apelação, porque a decisão que a resolvia era sentença. No CPC/2015, o STJ uniformizou:

“Cabe agravo de instrumento contra o provimento jurisdicional que, após a entrada


em vigor do CPC/2015, acolhe ou rejeita incidente de impugnação à gratuidade de
justiça instaurado, em autos apartados, na vigência do regramento anterior.”
(STJ, Informativo 615, REsp 1.666.321/2017)

Se a decisão foi proferida após a entrada em vigor do CPC/2015, mesmo que em autos
apartados, em impugnação à justiça gratuita, cabe agravo de instrumento.

 Inciso IV: contra decisão interlocutória que verse sobre IDPJ (arts. 133 a 137, CPC)
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Para o credor alcançar o patrimônio dos sócios, deve instaurar o IDPJ, que exige que os sócios
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sejam previamente citados, suspende-se o processo, instrui-se o incidente e decide-se. Contra


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essa decisão, cabe agravo de instrumento. Se resolve-se a questão na sentença, cabe


apelação, porque não se pode pegar somente parte das sentenças para agravar. Vide aula de
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intervenção de terceiros.
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 Inciso VI: contra decisão interlocutória que versar sobre exibição ou posse de documento ou
coisa (arts. 396 e ss, CPC).
Se o juiz ordena que a parte exiba; se o juiz recusa ou acolhe o motivo do réu para não exibir;
em todos os casos, é cabível agravo de instrumento. O documento ou coisa precisam ser
exibidos para a instrução do feito, permitindo ao juiz analisar o mérito.

 Inciso VII: contra decisão que determina exclusão de litisconsorte.


Até mesmo porque, se coubesse apelação, o processo seria remetido ao tribunal, e o outro
litisconsorte teria que ficar aguardando o processo retornar. É muito mais viável discutir essa
questão em instrumento apartado.

“Não cabe agravo de instrumento contra decisão de indeferimento do pedido de


exclusão de litisconsorte.” (STJ, Informativo 644, REsp 1.724.453/2019)

O tema relativo a agravo de instrumento é um dos mais decididos dentro do CPC/2015, e nenhum
outro tema foi tão tratado em informativos como esse.

 Inciso VIII: contra decisão interlocutória que rejeita o pedido de limitação de litisconsórcio (art.
113 e §§, CPC).

Art. 113. [...]


§ 1º O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de litigantes
na fase de conhecimento, na liquidação de sentença ou na execução, quando este
comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa ou o cumprimento da
sentença.

 Inciso XIX: contra decisão interlocutória que versar sobre admissão ou inadmissão de
intervenção de terceiros. Exemplo: denunciação da lide, assistência.
Exceção: no caso de amicus curiae, deve-se conjugar o art. 138, CPC com decisão do pleno
do STF de 2018. Segundo o CPC, a decisão do juiz ou do relator que solicita ou admite a
participação de amicus curiae é irrecorrível. Segundo o CPC, parece que a decisão que inadmite
é recorrível, mas o pleno do STF decidiu que também é irrecorrível:

“O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por maioria de votos, que
não cabe a interposição de agravo regimental para reverter decisão de relator que
tenha inadmitido no processo o ingresso de determinada pessoa ou entidade como
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amicus curiae.” (STF, Pleno, RE 602.584/2018)


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Exemplo: juiz profere decisão admitindo intervenção de terceiro, em razão da qual houve
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deslocamento de competência. Essa é uma decisão interlocutória com duplo conteúdo, porque
abrange a hipótese da intervenção de terceiros e a da competência. Nesse caso, cabe agravo
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de instrumento também:
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“DECISÃO INTERLOCUTÓRIA COM DUPLO CONTEÚDO. Por qualquer ângulo


que se examine a controvérsia, conclui-se que a decisão que versa sobre a
admissão ou inadmissão de terceiro é recorrível de imediato por agravo de
instrumento fundado no art. 1.015, IX, do CPC/2015, ainda que da intervenção
resulte modificação ou não da competência, que, nesse contexto, é uma
decorrência lógica, evidente e automática do exame da questão principal.” (STJ,
Informativo 651, REsp 1.797.991/2019)

A parte atacaria a admissão do terceiro e, como consequência natural, acaba se reformando o


capítulo da sentença referente à competência. Tem-se o efeito expansivo objetivo externo do
recurso, porque atinge outros atos do processo.

 Inciso X: contra decisão que concede, revoga ou modifica efeito suspensivo em embargos à
execução.
Embargos à execução são a defesa do devedor na execução de título extrajudicial. Não há efeito
suspensivo, via de regra, mas pode ser requerido.
Contra decisão que indefere o pedido, também cabe agravo, segundo o STJ:

“É admissível a interposição de agravo dei instrumento contra decisão que não


concede efeito suspensivo aos embargos à execução.” (STJ, Informativo 618,
REsp 1.694.667/2017)

Isso porque efeito suspensivo é uma tutela de urgência, cuja decisão já está abrangida no inciso
I, porque todas as decisões que versem sobre tutela de urgência são desafiadas via agravo.

 Inciso XI: contra decisão que verse sobre redistribuição do ônus da prova (art. 373, §1º, CPC).

Art. 373. [...]


§ 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas
à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos
do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz
atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão
fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir
do ônus que lhe foi atribuído.

No CPC/2015, em regra, o ônus da prova incumbe a quem alega. Todavia, é possível, diante
das particularidades do caso, que o juiz atribua o ônus da prova de maneira diversa, cuja decisão
desafia agravo.
Contra a decisão que indefere o pedido de redistribuição do ônus da prova, também cabe o
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agravo de instrumento.
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“É cabível agravo de instrumento contra decisão interlocutória que defere ou


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indefere a distribuição dinâmica do ônus da prova ou quaisquer outras atribuições


do ônus da prova distinta da regra geral, desde que se operem ope judicis e
mediante autorização legal.” (STJ, Informativo 644, REsp 1.729.110/2019)
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 Parágrafo único: contra decisão interlocutória proferida em liquidação de sentença, cumprimento


de sentença, execução de título executivo extrajudicial e inventário. Exemplo: em execução de
cheque, não é comum haver sentença de mérito, desafiada por apelação. Portanto, todas as
interlocutórias proferidas ao longo do procedimento devem ser agraváveis, para permitir que o
sujeito discuta as questões, pois, do contrário, não haverá apelação para rediscutir as questões.

“Cabe agravo de instrumento contra todas as decisões interlocutórias proferidas na


liquidação e no cumprimento de sentença, no processo executivo e na ação de
inventário.” (STJ, Informativo 653, REsp 1.803.925/2019)

Exemplo: indeferimento de pedido de BACENJUD, indeferimento de pedido de desfazimento de


penhora, entre outros.

Contudo, o pronunciamento deve ter um mínimo de conteúdo decisório, deve representar um


potencial prejuízo à parte. Se for pronunciamento de mero impulso, não desafia agravo de
instrumento, por isso:

“Não cabe agravo de instrumento contra decisão do juiz que determina a elaboração
de cálculos judiciais e estabelece os parâmetros de sua realização.” (STJ,
Informativo 638, REsp 1.700.305/2018)

Isso porque essa decisão tem muito mais impressão de impulso da execução do que de
acertamento de controvérsia.
Além disso:

“É cabível a interposição de agravo de instrumento contra decisões interlocutórias


em processo falimentar e recuperacional, ainda que não haja previsão específica
de recurso na Lei n. 11.101/2005 (LREF).” (STJ, Informativo 635, REsp
1.722.866/2018)

Por fim, o rol do art. 1.015, CPC, que aparentemente era taxativo, a partir do CPC/2015, foi sendo
mitigado, até o STJ decidir que, sempre que houver urgência, é possível agravar, ainda que não
haja compatibilidade com o rol:

“O rol do art. 1.015 do CPC é de taxatividade mitigada, por isso admite a


interposição de agravo de instrumento quando verificada a urgência decorrente da
inutilidade do julgamento da questão no recurso de apelação.” (STJ, Informativo
639, REsp 1.704.520/2018)
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E não poderia ser diferente, porque é necessário se solucionarem alguns problemas práticos.
Exemplo: decisão que indefere pedido de segredo de justiça; se for discutir por meio de apelação,
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até lá, todos já tiveram acesso aos autos. Exemplo: decisão que determina incompetência do juízo;
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se for discutir em apelação, até lá, o juiz incompetente já sentenciou.


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Daí a questão de concurso que pegou os dois exemplos citados no voto da ministra relatora do
julgado:

2019 – FCC – DPE/SP – Defensor Público


O réu de uma ação, em sua contestação, além de apresentar defesa direta de mérito, arguiu duas
preliminares, uma delas alegando a incompetência absoluta do juiz, e a outra pedindo a decretação de
segredo de justiça, considerando que nesta ação foram expostas questões de seu foro íntimo. Após a réplica,
o juiz indeferiu ambos os pedidos.
[...]
Tal decisão, de acordo com a sistemática do Código de Processo Civil de 2015 e em conformidade com o
entendimento consolidado no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, tem a natureza jurídica de decisão
interlocutória, e as hipóteses de indeferimento da alegação de incompetência absoluta e de segredo de justiça
não estão previstas de forma expressa no rol do art. 1.015 do Código de Processo Civil; todavia, em razão da
taxatividade mitigada, ambas as hipóteses atendem os requisitos firmados pela jurisprudência para admitir a
interposição de agravo de instrumento. CERTA

Procedimento
Prazo: 15 dias.
Exige preparo.
É dirigido diretamente ao tribunal de justiça, razão pela qual, os autos ficam na primeira instância,
e deve-se formar o instrumento na segunda instância, com peças obrigatórias e facultativas.
Peças obrigatórias:
 Cópia da decisão agravada (objeto de julgamento);
 Cópia das procurações (para que o tribunal saiba se os advogados que assinaram são os
constituídos);
 Certidão da intimação da decisão (para comprovar se o recurso é tempestivo) ou (novidade do
CPC/15) documento oficial que comprove a tempestividade do recurso (exemplo: a própria
decisão interlocutória pode estar datada).

“Dessa forma, sendo possível verificar a referida tempestividade por outro


meio, atingindo-se, assim, a finalidade da exigência formal, deve-se, em atenção
ao princípio da instrumentalidade das formas, considerar atendido o pressuposto e
conhecer-se do agravo de instrumento. Por tal motivo, entende-se que, nos casos
em que a Fazenda Nacional figura como agravante, pode a certidão de concessão
de vistas dos autos ser considerada como elemento suficiente da
demonstração da tempestividade do agravo de instrumento, substituindo a
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certidão de intimação legalmente prevista.” (STJ, Informativo 577, REsp


1.238.5000/2016)
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 Cópia da inicial e da contestação (novidade do CPC/15)


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Peças facultativas: são as que se entendem como úteis à compreensão da questão.


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Obs: as peças podem ser juntadas em DVD, escaneadas.

“As peças que devem formar o instrumento do agravo podem ser apresentadas em
mídia digital (dvd).” (STJ, Informativo 591, REsp 1.534.487/2016)

Obs: agravo de instrumento via faz.


Desde 2012, o STJ entende que, em caso de agravo de instrumento via fax, pode-se passar
somente a petição, e, em cinco dias, ao se apresentar o original (como exigido por lei), apresentam-
se todas as peças em conjunto:

“Em se tratando de agravo de instrumento, não é necessário que a petição


recursal transmitida via faz venha acompanhada das peças destinadas à
instrução do recurso, sendo possível a juntada de tais peças quando do protocolo
da petição original.” (STJ, AgRg no AREsp 1.341.562/2012)

Se o processo é eletrônico nas duas instâncias, não é necessário juntas as peças, basta o tribunal
consultar no sistema:

“A disposição constante do art. 1.017, §5º, do CPC/2015, que dispensa a juntada


das peças obrigatórias à formação do agravo de instrumento em se tratando de
processo eletrônico, exige, para sua aplicação, que os autos tramitem por meio
digital tanto no primeiro quanto no segundo grau de jurisdição.” (STJ,
Informativo 605, REsp 1.643.956/2017)

Isso porque, se o processo é físico na primeira instância, não tem como o tribunal acessar da
segunda instância, então, o agravante deve juntá-las.

A falta de peças, mesmo que obrigatórias, entretanto, é vício sanável. O relator concederá 5 (cinco)
dias para regularização, indicando quais são as peças faltantes (em razão do princípio da
cooperação, pelo viés do dever de auxílio), sendo vedado inadmitir o recurso de plano (em razão
do princípio da primazia do julgamento do mérito).

Art. 1.018, CPC – O agravante tem prazo de 3 (três) dias para juntar, no juízo a quo (primeira
instância), cópia do agravo de instrumento, comprovante de interposição do recurso e relação de
documentos juntada ao agravo. O objetivo dessa norma é permitir o exercício do juízo de retratação,
mas, o mais importante, é facilitar o contraditório, dando acesso dos autos do agravo ao agravado,
para realizar a contraminuta, pois pode ocorrer de os autos serem físicos, e o agravado encontrar-
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se no interior, e não na comarca sede do tribunal.


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“A finalidade dos parágrafos do art. 1.018 do NCPC, é a de possibilitar que o juiz de


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primeiro grau exerça juízo de retratação sobre suas decisões interlocutórias e o


exercício do contraditório da parte adversária, impondo que necessariamente eles
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tenham efetivo e incontroverso conhecimento do manejo do agravo de instrumento.


[...]”
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Art. 1.018. [...]


§ 2º Não sendo eletrônicos os autos, o agravante tomará a providência prevista
no caput, no prazo de 3 (três) dias a contar da interposição do agravo de
instrumento.

Se os autos forem eletrônicos na primeira e na segunda instâncias, essa providência não é


necessária, porque basta que o agravado acesse o sistema para verificar as peças. Se essa norma
tivesse apenas o objetivo de permitir o juízo de retratação, não haveria sentido. Contudo, é
necessário, ao menos, fazer a comunicação da interposição ao juízo de primeira instância, para que
ele possa se retratar, caso queira.

“Nessa toada, a melhor interpretação para a norma contida no §2º do art. 1.018 é a
de que quando houver tramitação eletrônica dos feitos na origem e no Tribunal
de Justiça, o agravante não terá o ônus de requerer a juntada da cópia da
petição do agravo de instrumento, do comprovante de sua interposição e da
relação dos documentos que o instruem, bastando apenas que comunique tal
fato ao juiz da causa ou que tal providência seja feita pela Secretaria Judiciária
da Comarca, porque o acesso a ele seria simples.” (STJ, REsp 1.708.609/2018)

O descumprimento do previsto no art. 1.018, CPC acarreta o não conhecimento do agravo de


instrumento, mas, somente se for provocado pelo agravado, que deverá alegar e provar na
contraminuta. Se o agravado não o fizer, presume-se que não houve prejuízo ao mesmo, então, o
tribunal não pode conhecer do vício de ofício. Ocorre que, na realidade, essa norma se esqueceu
que o intuito da comunicação é também permitir o juízo de retratação, que não será exercido, se o
agravante não comunicar. Lembrou-se apenas da viabilização do contraditório.

Art. 1.019, CPC – poderes ao relator que devem ser destacados:


 O relator pode aplicar o art. 932, III a V, CPC.
 O relator pode conceder efeito suspensivo ao agravo ou antecipação da tutela recursal (efeito
ativo); exemplo: o juiz concedeu liminar determinando o custeio de tratamento médico pelo plano
de saúde ao autor, e o plano de saúde pede efeito suspensivo ao relator, para que suspenda a
decisão de primeira instância; se o juiz indeferiu a liminar, o autor recorre pedindo antecipação
da tutela recursal.
 Essas hipóteses são as de carga decisória e as mais importantes, sendo que as demais posturas
são burocráticas. Essas hipóteses acima são as atacáveis por meio de agravo interno.
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1.2.3 Agravo interno


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Cabimento
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Recurso cabível contra decisão monocrática de relator – art. 1.021, CPC.


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Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o
respectivo órgão colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do
regimento interno do tribunal.

Já se discutiu a constitucionalidade das decisões monocráticas, por ferirem a colegialidade das


decisões, e o STF decidiu:

“É legítima, sob o ponto de vista constitucional, a atribuição conferida ao Relator


para arquivar ou negar seguimento a pedido ou recurso, desde que, mediante
recurso, possam as decisões ser submetidas ao controle do Colegiado.” (STF,
MI 595/1999)

O agravo interno legitima uma decisão que, em princípio, não seria legítima, por ser monocrática.

Em regra, decisão monocrática de relator desafia agravo interno, mas nem toda decisão
monocrática desafia agravo interno. Exemplos de decisão monocrática irrecorrível – arts. 138,
1.007, §6º, CPC:

Art. 138. O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a especificidade


do tema objeto da demanda ou a repercussão social da controvérsia, poderá, por
decisão irrecorrível, de ofício ou a requerimento das partes ou de quem pretenda
manifestar-se, solicitar ou admitir a participação de pessoa natural ou jurídica, órgão
ou entidade especializada, com representatividade adequada, no prazo de 15
(quinze) dias de sua intimação.

Art. 1.007. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando


exigido pela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa
e de retorno, sob pena de deserção.
[...]
§ 6º Provando o recorrente justo impedimento, o relator relevará a pena de
deserção, por decisão irrecorrível, fixando-lhe prazo de 5 (cinco) dias para efetuar
o preparo.

A petição de agravo interno deve trazer impugnação específica. Isso é óbvio, por exigência do
princípio da dialeticidade, que todos os recursos devem observar. Contudo, é compreensível essa
determinação para o agravo interno, porque é necessário que se ataquem os fundamentos da
decisão do relator, e não repetir os fundamentos do recurso.

Do mesmo modo, o relator não pode fazer fundamentação per relationem (referencial), isto é,
reproduzir os fundamentos de sua decisão. Como regra, em geral, não se veda fundamentação per
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relationem, mas, no agravo interno, já existe julgado vedando:


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“Ademais, conforme prevê o §3º do art. 1.021 do CPC/2015, é vedado ao relator


limitar-se a reproduzir a decisão agravada para julgar improcedente o agravo
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interno, ainda que “com o fito de evitar tautologia.” (STJ, Informativo 592, REsp
1.622.386/2016)
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Contudo, se o agravante não trouxe nada de novo em sua impugnação, não há sentido em exigir
do relator essa inovação:

“Importante também esclarecer que a vedação constante do art. 1.021, §3º, do CPC
não pode ser interpretada no sentido de se exigir que o julgador tenha de refazer o
texto da decisão agravada com os mesmos fundamentos, mas [com] outras
palavras, mesmo não havendo nenhum fundamento novo trazido pela agravante na
peça recursal.” (STJ, Corte Especial, EDcl no AgRg nos EREsp 1483155)

Portanto, se o agravante não trouxe qualquer fundamento novo, o relator pode fazer fundamentação
referencial.

Multa

Art. 1021. [...]


§ 4º Quando o agravo interno for declarado manifestamente inadmissível ou
improcedente em votação unânime, o órgão colegiado, em decisão fundamentada,
condenará o agravante a pagar ao agravado multa fixada entre um e cinco por cento
do valor atualizado da causa.

Enunciado 358, FPPC. “A aplicação da multa prevista no art. 1.021, §4º, exige manifesta
inadmissibilidade ou manifesta improcedência.”

Enunciado 74, CJF. “O termo ‘manifestamente’ previsto no §4º do art. 1.021 do CPC se refere tanto
à improcedência quanto à inadmissibilidade do agravo.”

O termo “manifestamente improcedente” é uma carta branca na mão do julgador, porque é difícil se
pensar em uma hipótese que configure manifesta improcedência. Manifesta inadmissibilidade é
tranquilo de se pensar, a exemplo de um recurso interposto no 18º dia.

Enunciado 359, FPPC. “A aplicação da multa prevista no art. 1.021, §4º, exige que a manifesta
inadmissibilidade seja declarada por unanimidade.”

“A aplicação da multa prevista no §4º do art. 1.021 do CPC/2015 não é automática,


não se tratando de mera decorrência lógica do não provimento do agravo
interno em votação unânime.” (STJ, EDcl no AgInt no AREsp 1.248.015/2018)

Se a multa for aplicada, seu depósito passa a ser condição para interposição de outros recursos,
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salvo, se tratar-se da Fazenda Pública ou de beneficiário da justiça gratuita, os quais pagarão a


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multa ao final. Justiça gratuita não isenta o pagamento de multas, que devem ser pagas ao final,
apenas isenta o depósito prévio.
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“A exigência pertinente ao depósito prévio do valor da multa, longe de inviabilizar


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o acesso à tutela jurisdicional do Estado, visa a conferir real efetividade ao


postulado da lealdade processual [...].” (STF, AI 567171/2008)

O STJ entende que não é possível aplicar essa multa quando o agravo for interposto com o objetivo
de exaurir a instância recursal ordinária para interposição de REsp e RE:

“É amplamente majoritário o entendimento desta Corte Superior no sentido de que


o agravo interposto contra decisão monocrática do Tribunal de origem, com o
objetivo de exaurir a instância recursal ordinária, a fim de permitir a interposição
de recurso especial e do extraordinário, não é manifestamente inadmissível ou
infundado, o que torna inaplicável a multa prevista no art. 557, §2º, do Código de
Processo Civil.” (STJ, REsp 1.198.108/2012)

Se uma decisão monocrática traz uma ofensa brutal à Constituição da República, não se pode
interpor recurso extraordinário diretamente, mas agravo interno, com o intuito de exaurir a instância
ordinária (requisito para interposição de REsp e RE, que será visto em tópico oportuno).

1.2.4 Embargos de declaração

Arts. 1.022 a 1.026, CPC.

Cabimento
Qualquer decisão (interlocutória, sentença, acórdão e até mesmo despachos).

“Os declaratórios visam à integração do pronunciamento judicial embargado. São


cabíveis em qualquer processo, em qualquer procedimento, contra decisão
monocrática ou de colegiado, e resistem, mesmo, à cláusula da
irrecorribilidade.” (Trecho de despacho do ministro Marco Aurélio, do STF, nos ED
no AI 260.674/2001)

“São manifestamente incabíveis os embargos de declaração opostos contra


decisão de admissibilidade do recurso especial proferida pelo tribunal de
origem. Se porventura fossem admitidos os embargos de declaração, haveria
postergação injustificável do trâmite processual, mormente porque, se cabíveis os
primeiros embargos de declaração de uma das partes, nada impediria sucessivos
embargos de declaração das demais partes, ao invés da pronta interposição do
cabível recurso de agravo para o tribunal ad quem.” (STJ, Informativo 505, AgRg no
Ag 1.341.818/2012)

No caso de decisão de inadmissão de recurso especial proferida pelo tribunal de origem, deve-se
interpor diretamente o agravo de instrumento, e não os embargos de declaração, salvo se a decisão
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for muito genérica, o que impede a interposição de agravo de instrumento, por não se saber o que
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deve ser agravado:


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“Entretanto, essa não deve ser a solução quando a decisão embargada é


excessivamente deficitária [“decisão genérica”], tendo em vista que, nesse caso,
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os embargos não serão destinados a veicular matéria de recurso nem visarão


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procrastinar o desfecho da causa.” (STJ, Informativo 537, EAREsp 275.615/2014)

Exemplo: decisão que inadmite recurso especial por falta do preenchimento dos pressupostos
gerais e constitucionais do recurso. É impossível agravar dessa decisão, porque não se sabe o que
não foi preenchido.

É tão absurda essa vedação à oposição de embargos de declaração, que o próprio Conselho da
Justiça Federal defende que deve caber:
Enunciado 75, CJF. “Cabem embargos declaratórios contra decisão que não admite recurso
especial e extraordinário, no tribunal de origem ou no tribunal superior, com a consequente
interrupção do prazo recursal.”

Vícios da decisão que autorizam os embargos de declaração


 Obscuridade. Exemplo: decisão que traz julgados que não têm relação com o caso, traz citações
em alemão sem tradução.
 Erro material (novidade do CPC/2015): manifestação do juiz claramente contrária à pretendida.
Exemplo: chamar o réu de autor; erro de cálculo.
É sanável por embargos de declaração, mas não impede que a parte busque sua correção a
qualquer tempo e grau:
Enunciado 360, FPPC. “A não oposição de embargos de declaração em caso de erro material
na decisão não impede sua correção a qualquer tempo.”
 Contradição: a contradição que autoriza oposição de embargos é a contradição que a
jurisprudência do STJ chama de contradição “interna” (à decisão) ou “objetiva”, que é a
contradição entre as proposições e as conclusões da decisão. Isto é, o juiz cita a fundamentação
jurídica toda em favor da parte e, na conclusão, decide contra a parte.
A contradição externa é verificada entre a argumentação da parte e a decisão. Obviamente, não
cabem embargos.

“A contradição que autoriza a reforma pela via dos embargos de declaração é tão-
somente aquela que ocorre entre as proposições e conclusões do próprio
julgador, ou seja, interna, e não entre o que ficou decidido e as teses defendidas
pelo embargante [externa].” (STJ, REsp 1.050.208/2008)

“Cabe, ainda, relembrar ao recorrente que a contradição que autoriza o acolhimento


da violação do art. 535 do CPC é objetiva, existente entre as proposições da própria
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decisão, ou seja, é divergência entre a fundamentação e o dispositivo, relatório e


fundamentação, dispositivos e emenda ou ainda seus tópicos internos, e não aquela
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supostamente verificada entre seus fundamentos e os documentos constantes nos


autos.” (STJ, AgRg no REsp 1.420.635/2014)
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 Omissão: a omissão mais familiar ocorre quando o juiz deixar de analisar algo. Contudo, o CPC
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trouxe duas espécies de omissão, por meio de dois exemplos:


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 Decisão que viola o dever de fundamentação real (art. 489, §1º, CPC), ou seja, é a decisão
“vestidinho preto” (estudada nas aulas de princípios).
 Decisão que viola o dever de autorreferência, o que se verifica quando o juiz, sendo
necessário ao caso, não dialoga com um precedente firmado em julgamento de casos
repetitivos ou em incidente de assunção de competência:

“Se o tribunal julga determinado caso, mas não dialoga com precedente firmado em
julgamento de casos repetitivos ou em incidente de assunção de competência, seja
para aplica-lo ao caso, seja para realizar a distinção, não terá cumprido o
DEVER DE AUTORREFERÊNCIA [dever dos tribunais de não ignorarem seus
próprios precedentes]. Há, então, uma omissão, a ser suprida por embargos de
declaração.” (DIDIER, Fredie. Ob. Cit. p. 253)

Embargos de declaração com efeitos infringentes


O acolhimento desses embargos promove a modificação da decisão, porque são cabíveis em caso
de contradição. Somente nesse caso, deve ser proporcionado o contraditório, para que o
embargado se manifeste.

2017 – CESPE – MPE/RR – Promotor de Justiça Substituto


A parte autora interpôs embargos de declaração da sentença de improcedência sob a alegação de
obscuridade na fundamentação, e a de que isso dificultará a interposição de futuro recurso para o tribunal.
Nessa situação, o juiz deverá intimar o embargado para manifestar-se sobre os embargos opostos porque
essa providência decorre de determinação normativa e independe da finalidade do embargante. ERRADA
(somente se oportuniza o contraditório quando os embargos tiverem efeitos infringentes)

Procedimento
Prazo: 5 dias.
Não se exige preparo.
Competência para julgamento:
 Embargos opostos contra sentença de primeira instância: é o mesmo juízo que julga.
 Embargos opostos contra decisão monocrática: é o próprio relator que julga.
 Embargos opostos contra decisão do colegiado: o relator apresentará os embargos em mesa
na sessão subsequente.

“O dispositivo emprega a expressão “em mesa”. “O que significa isso?”, perguntará


o prezado leitor. Significa que os embargos, quando julgados na sessão
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subsequente, não precisam entrar em pauta de julgamento, viabilizando, assim,


seu julgamento mais célere.” (BUENO, Cássio Scarpinella. Manual..., p. 1.159)
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Enunciado 650, FPPC: “Os embargos de declaração, se não submetidos a julgamento na


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primeira sessão subsequente à sua oposição, deverão ser incluídos em pauta.”


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Isso para a parte saber que serão julgados, porque o correto é que sejam julgados na sessão
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subsequente.

Se os embargos de declaração forem opostos contra decisão monocrática, conclui-se, na


maioria das vezes, que o embargante quer modificar a decisão. Por isso, nesse caso, os
embargos de declaração podem ser recebidos como agravo interno, desde que se dê o prazo
de 5 (cinco) dias ao embargante para adequá-lo ao formato de agravo interno e complementar
a fundamentação.

Suponha-se que foi proferido acórdão, contra o qual o autor interpôs REsp, e o réu opôs
embargos de declaração nos prazos legais. Contudo, se os embargos modificam a decisão
embargada, o embargado (no caso, o autor, que interpôs o REsp) tem direito de complementar
ou aditar suas razões recursais, no prazo de 15 dias. Caso não queira modificar nada em suas
razões, deverá, ao menos, ratificar o recurso interposto.

Súmula 579, STJ: “Não é necessário ratificar o recurso especial interposto na pendência do
julgamento dos embargos de declaração, quando inalterado o resultado anterior.”

Se os embargos de declaração forem rejeitados ou não alterarem o julgado, dispensa-se a


ratificação do recurso especial interposto.
Utilizou-se o REsp para seguir o raciocínio da Súmula, mas poderia, em lugar do REsp, ter-se
qualquer outro recurso.
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