Alegações Finais
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Alegações Finais
Processo nº xxxxxxxxxxxx
Alega o Parquet que o réu resolveu sair de casa portando uma arma, no dia 3 de
outubro de 2016, quando foi abordado por uma viatura da polícia militar na cidade
de Campos - RJ. Tal interpelação somente ocorreu em razão de José ter
comunicado a Polícia Militar que o réu pretendia cometer o crime de estupro contra
Maria, estagiária de uma outra empresa situada nas proximidades do local de
trabalho do acusado.
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Houve duas audiências de instrução criminal, porém na primeira o réu não
compareceu por não ter sido intimado. Sendo ouvido apenas na segunda audiência,
onde foi juntada a folha de antecedentes, sem nenhuma anotação. Devido às
discordâncias dos depoimentos, o magistrado abriu prazo para o Ministério Público
e o advogado apresentarem alegações finais por memoriais.
II. PRELIMINAR
De início, observa-se que o réu não foi intimado para a audiência de instrução e
julgamento, o que implica em transgressão ao artigo 370 do Código de Processo
Penal, que prevê necessariamente a intimação das partes para todos os atos
processuais.
Por não ter participado da audiência, é certo que o direito do réu a ampla defesa
restou prejudicado, de modo que houve violação ao preceito fundamental previsto
no art. 5º, inciso LV do Constituição Federal, nestas palavras: “aos litigantes, em
processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”.
III. MÉRITO
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[…] Em regra, os atos preparatórios não são puníveis,
salvo quando configurarem, por si mesmos, infração
penal. […] (TJ-MG - Primeira Câmara Criminal, Re. Em
Sentido Estrito 1.0512.14.002077-1/001, Rel. Alberto
Deodato Neto, julgado em 16/06/2015). (Grifo não original).
Diante do exposto, não há que se falar em crime, mesmo tentado, uma vez que
não houve atos executórios. O agente deve ser absolvido, nos termos do artigo
386, inciso III, do Código de Processo Penal, porque sua conduta não configura
crime e o porte da arma não constitui infração penal já que o réu possuía a arma de
forma regular.
Nesse sentido, sabe-se que o art. 155, parágrafo único do Código de Processo
Penal dispõe que “somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as
restrições estabelecidas na lei civil”. Assim, considerando a ausência de elementos
probatórios que possam comprovar a idade da vítima, não há que se falar na
qualificadora do crime de estupro, devendo incidir a pena mínima de 6 (seis)
anos do art. 213, caput do Código Penal.
3.3 Afastamento da agravante do art. 61, inciso II, alínea f, do Código Penal
A relação do réu e Maria era meramente profissional, eles não possuíam relação
amorosa ou familiar anterior ou de coabitação, como descrito na denúncia.
Assim, apesar do fato de a vítima ser mulher, o suposto ocorrido não foi no
âmbito da violência doméstica contra a mulher, como prevê o artigo 5º, da Lei nº
11.340/06.
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Instrui o artigo 65, inciso III, alínea d do Código Penal que a confissão espontânea
da autoria do crime, perante autoridade, constitui circunstância que sempre atenua a
pena. No caso em tela, nota-se que o acusado confirmou integralmente em juízo os
fatos relatados na denúncia, o que importa na atenuação da pena no caso de
condenação.
Dessa forma, requer a incidência da atenuante prevista no art. 65, inciso III,
alínea d do Código Penal.
Ainda assim, se esse juízo considerar que houve crime, deve se entender que o
mesmo ficou longe de ser consumado, o que é de entendimento do direito que
haja redução máxima no quantum da pena, em razão do iter criminis, caminho
do crime, não ter sido totalmente percorrido.
Com fulcro no art. 33, § 2º, alínea c do Código Penal, impõe-se o cumprimento da
pena no regime aberto desde o início, haja vista que o acusado não se caracteriza
como reincidente e a pena prevista ao crime de estupro simples, reconhecida as
hipóteses de redução e atenuante, encontra-se entre o intervalo de 4 (quatro) a 8
(oito) anos.
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Por fim, assiste ao acusado o direito de suspensão condicional da pena por 2 (dois)
a 4 (quatro) anos, nos termos do art. 77 do Código Penal, em razão da pena
privativa de liberdade cominada não exceder o limite legal para concessão do
benefício e estarem presentes os seguintes requisitos: i) o condenado não seja
reincidente em crime doloso; ii) a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e
personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a
concessão do benefício; e iii) não seja indicada ou cabível a substituição prevista no
art. 44 deste Código.
IV. PEDIDOS
1. Nulidade dos atos de instrução por cerceamento de defesa, uma vez que o
réu não foi intimado para audiência de instrução e julgamento, nos termos do
art. 564, inciso IV do Código de Processo Penal;
2. Absolvição sumária do acusado pelo crime de estupro previsto no art. 213
do Código Penal, com fundamento no art. 386 do Código de Processo Penal,
tendo em vista que o fato não constitui crime;
3. Afastamento da qualificadora prevista no art. 213, § 1º do Código Penal,
pois não há prova da idade da vítima nos autos, devendo incidir a pena
mínima de 6 (seis) anos do art. 213, caput do Código Penal;
4. Afastamento da agravante do art. 61, inciso II, alínea f do Código Penal,
haja vista que a infração penal não foi cometida no âmbito de violência
doméstica;
5. Incidência da atenuante prevista no art. 65, inciso III, alínea d do Código
Penal, uma vez que o réu confessou espontaneamente o crime em juízo;
6. Redução do percentual máximo de 2/3 em razão da tentativa, nos termos
do artigo 14, parágrafo único do Código Penal;
7. Aplicação da pena no regime inicial aberto, nos termos do art. 33, § 2º,
alínea c do Código Penal.
8. Suspensão condicional da pena, nos termos do art. 77 do Código Penal.
Pede deferimento.
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João Eduardo Pinto Pires
OAB XXX.XXX