2017 - Balate, Germana José
2017 - Balate, Germana José
2017 - Balate, Germana José
MONOGRAFIA
Esta monografia foi julgada suficiente como um dos requisitos para a obtenção do grau de
Licenciado em Educação Ambiental e aprovada na sua forma final pelo Curso de Licenciatura
em Educação Ambiental, Departamento de Educação em Ciências Naturais e Matemática, da
Faculdade de Educação da Universidade Eduardo Mondlane.
O Júri de avaliação
O presidente do júri
O examinador
O supervisor
i
Agradecimentos
Primeiramente agradecer a Deus pelo dom da vida, pela força, persistência, protecção que me
concedeu de modo a alcançar este objectivo. Na sua palavra sempre busco inspiração para
ultrapassar os obstáculos que surgem na vida, fonte de conforto para angústias que surgem
durante a caminhada, sempre ensinando lições, mesmo perante as coisas más da vida.
Um particular agradecimento à minha família: pais José António Balate e Teresa Pedro Sitoe,
aos meus irmãos Rui, Manuel em memória, Guilherme e Glória Balate, aos meus tios em
especial a Salvador Pedro Sitoe em memória, avós em especial Francisco Cuna pelas orações e
palavras sábias que serviram de conforto durante o percurso, bem como aos meus amigos pelo
apoio incondicional que sempre me deram, todas as palavras de incentivo quando dificuldades
foram surgindo no percurso, ajudando a manter acesa a motivação e a resiliência, que
possibilitaram a concretização da meta que me propus a alcançar.
Endereço meus sinceros agradecimentos aos meus supervisores dr. Egídio Raúl Chilaule e dra.
Narcísia Estevão Sebastião Cossa, pela sua disponibilidade, valiosas e ricas contribuições
proporcionadas durante a elaboração do presente trabalho, que valeram o encorajamento no
desenvolvimento do estudo e na concretização deste objectivo.
Ao corpo docente do curso Licenciatura em Educação Ambiental, edição de 2013/2016, pela sua
forma sábia e comprometidos academicamente e por terem sabido transmitir os conhecimentos
de modo profissional e simples.
Aos colegas do curso, em especial a Delmira, Equivaldo e Salvador pelo calor humano
manifestado na partilha de ideias, momentos de aprendizagem e constante troca de experiência.
Agradeço a Cassamo Alberto pelo apoio e força durante a elaboração do presente trabalho, a
minha eterna gratidão.
ii
Dedicatória
Aos meus pais José António Balate e Teresa Pedro Sitoe de quem tanto me orgulho e a quem
devo muito a sabedoria por me terem mostrado o mundo e ensinado que a melhor maneira de
passar pelos obstáculos da vida é ser humilde e persistente no que acredito ser certo.
Dedico também este trabalho aos meus irmãos, Rui, Manuel em memória, Guilherme e Glória
Balate, a dedicatória estende-se a minha querida sobrinha Milena Balate. E desejo que tenham
sucessos nas suas vidas e, para os mais novos, que sejam persistentes e tenham sucessos no seu
percurso académico.
iii
Declaração de honra
Declaro por minha honra que esta monografia nunca foi apresentada para a obtenção de qualquer
grau académico e que a mesma constitui o resultado do meu labor individual, estando indicadas
ao longo do texto e nas referências bibliográficas todas as fontes utilizadas.
iv
ÍNDICE
v
3.4.2 Análise dos dados ......................................................................................................... 16
vi
Lista de tabelas
EA…………………………………………………………………………….Educação Ambiental
EPE…………………………………………………………………………..Educação Pré-escolar
MINED……………………………………………………………………Ministério da Educação
vii
Resumo
O estudo tinha como objectivo analisar a inserção da educação ambiental na educação pré-
escolar, concretamente na Escolinha Mães de Mavalane de Hulene B. Assumiu um carácter
exploratório e uma abordagem qualitativa que permitiu, pela sua natureza, colher sentimentos,
opiniões, valores sociais de educadoras de infância e crianças, usando como instrumentos de
recolha de dados a entrevista semi-estruturada, observação participante e análise documental.
Para tratamento e análise de dados recorreu-se ao método de análise de conteúdo. Da população
composta por todas educadoras de infância e crianças da Escolinha Mães de Mavalane de Hulene
B, através de amostragem não probabilística intencional e por conveniência, foi selecionada para
entrevistas uma amostra composta por quatro educadoras de infância e seis crianças. Com o
estudo, constatou-se que durante as actividades das crianças, a educação ambiental está presente,
concretamente na temática Conhecimento do mundo e Natureza e os cuidados com o meio
ambiente. A deposição dos resíduos sólidos, o cuidado com as plantas e animais são temáticas
predominantes nas actividades das crianças no que tange a educação ambiental. Nas formas de
inserção de educação ambiental destacam-se duas: o eixo paralelo e apêndice. As principais
estratégias de educação ambiental usadas na Escolinha Mães de Mavalane de Hulene B são: a
poesia, o canto, desenhos e aula expositiva. Contudo, concluiu-se que a educação ambiental na
Escolinha Mães de Mavalane de Hulene B requer uma revisão com vista a melhorar as
estratégias e suas formas de inserção, incluindo também temáticas como a reciclagem dos
resíduos sólidos.
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CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
1.1 Introdução
De acordo com Jacobi (2003) decorre uma crise no que concerne a conservação e preservação do
meio ambiente e, essa crise abarca grandes problemas que acabam condicionando o
desenvolvimento sustentável. Os problemas ambientais têm origem natural e antropogénica.
Assim, há necessidade da mudança do comportamento do homem, de forma a evitar práticas que
sejam maléficas ao meio ambiente. Reigada e Reis (2004) destacam a crescente busca da
educação ambiental (EA), pois, sendo uma dimensão da educação, ela mostra-se como uma
grande aliada na busca de soluções.
1
etapas iniciais do seu desenvolvimento, nomeadamente neste nível de ensino, em que será
sensibilizada precocemente para as questões ambientais, para que estas façam parte do seu
“património escolar” (conteúdos curriculares), mas acima de tudo do seu património vivencial”.
Neste contexto, o presente estudo pretende analisar a inserção da educação ambiental (EA) na
educação pré-escolar (EPE) particularmente na Escolinha Mães de Mavalane de Hulene B
(EMMHB).
O currículo da EPE é composto por áreas de conteúdo como a formação pessoal ou social,
expressão ou comunicação e a temática do conhecimento do mundo (Da Cruz, 2012). A EA é
ministrada na EPE, segundo Carrega (2014) de forma transversal, e integra-se na temática
Conhecimento do mundo, que tem como objectivo dar resposta a todas as perguntas das crianças
que nestas idades têm uma grande vontade de compreender o porquê das coisas que as rodeiam.
O plano de actividades da EMMHB inclui áreas acima mencionadas por Da Cruz (2012) e a
temática “Conhecimento do mundo” inclui a aprendizagem do mundo dos animais e plantas.
Com relação à EA, o plano de actividades da EMMHB preconiza a percepção da importância de
cuidar o meio ambiente e desenvolver hábitos de fazê-lo, porém, há registo de comportamentos
que não reflectem o ensinamento adquirido pelas crianças durante as aulas que versam sobre a
EA, como por exemplo, o desconhecimento do local correcto para deposição dos resíduos
sólidos, a falta de cuidado com relação aos espaços verdes existentes no pátio, uso inadequado
das torneiras, ocorrendo consequentemente o desperdício da água dentre outras manifestações
que demonstram a deficiente consciência ambiental nas crianças.
Mediante estes factos, há que questionar a forma como a EA está integrada na EPE e que
estratégias são empregues no processo de ensino e aprendizagem em relação à EA,
particularmente na EMMHB.
2
1.3.1 Objectivo geral
Para o alcance dos objectivos específicos, foram levantadas as seguintes perguntas de pesquisa:
3
humano que supere o modelo de desenvolvimento social e económico. Entretanto, Carvalho
(2001) destaca a valorização do papel da educação como agente difusor dos conhecimentos sobre
o meio ambiente e indutor da mudança dos hábitos e comportamentos considerados predatórios,
em hábitos e comportamentos tidos como compatíveis com a preservação dos recursos naturais.
A EA deve partir da base, onde é facilmente mutável o comportamento do indivíduo. O
investimento precoce em assuntos relacionados com meio ambiente na educação da criança
contribui para o desenvolvimento de futuros cidadãos com maior capacidade de participação na
preservação e conservação do ambiente. A este respeito, Carvalho (2001) refere que as crianças
quando estão em fase de desenvolvimento cognitivo, supõe-se que nelas a consciência ambiental
pode ser internalizada e traduzida em comportamentos duma forma bem-sucedida do que nos
adultos que, já formados, possuem um repertório de hábitos e comportamentos cristalizados e de
difícil reorientação.
Por seu turno, Araújo, Hilling, Link e Rampellotto (2012) salientam que a educação infantil
proporciona nessa primeira etapa de sua vida um desenvolvimento do saber em que a criança
está sempre disposta a aprender tudo e, portanto, deve-se aproveitar esse momento para
desenvolver o respeito ao meio ambiente, que é fundamental para a aprendizagem e que será
levada por toda a vida, pois, além de entender, aprendem a valorizar e amar o meio ambiente.
A inserção de temáticas ambientais durante a EPE pode contribuir para que as crianças, em
particular as da EMMHB, desenvolvam competências (conhecimento, habilidades, valores e
atitudes) ambientais, portanto, possibilitando a formação de futuros cidadãos conscientes e
responsáveis face ao ambiente e problemas ambientais. Nesta óptica, o presente estudo, poderá
contribuir para a EPE nacional, contemplando de forma mais activa a EA no seu processo de
ensino e aprendizagem. Isto irá permitir maior sensibilização e consciencialização das crianças e,
portanto, através destas pode-se exercer uma influência no seio familiar de modo a optarem por
práticas benéficas ao meio ambiente. Também espera-se que este estudo venha a contribuir para
futuros estudos que versem sobre a EA na EPE em Moçambique, na medida que o presente
estudo discute aspectos que podem melhorar as estratégias para a inserção de EA no processo de
ensino e aprendizagem na EPE. Além disso, vai permitir a solidificação do conhecimento e
atitudes dos educadores de infância em relação ao meio ambiente, contribuindo desta forma para
o seu desenvolvimento profissional e pessoal quanto à responsabilidades de preservação e
conservação ambiental no contexto local, regional e global.
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CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA
Este capítulo apresenta a informação consultada em diversas obras, artigos e revistas científicas,
nomeadamente, sobre a questão da educação pré-escolar (EPE), a educação pré-escolar (EPE)
em Moçambique, a educação ambiental (EA), a educação ambiental (EA) no contexto escolar, as
formas de inserção da educação ambiental (EA) e estratégias de ensino e aprendizagem.
A EPE é considerada em muitos países como um alicerce para a formação da personalidade das
crianças. No sistema educativo de Portugal, a educação pré-escolar é considerada como a
primeira etapa da educação básica no processo de educação ao longo da vida, sendo
complementar da acção educativa da família (Lei 46/86 de Bases do Sistema Educativo).
Enquanto para o sistema angolano é a primeira etapa da educação e o alicerce do processo de
educação ao longo da vida, significando que devem criar-se condições básicas e necessárias para
que as crianças continuem a aprender e desenvolver as suas habilidades a partir do que já
conhecem (INIDE, 2013). No contexto moçambicano, a EPE é considerada como aquela que
estimula o desenvolvimento psíquico, físico e intelectual das crianças e contribui para a
formação da sua personalidade, integrando as crianças num processo harmonioso de socialização
favorável ao pleno desabrochar das suas aptidões e capacidades (Lei 6/92, de 6 de Maio, do
Sistema Nacional de Educação).
Em Moçambique, a Educação pré-escolar é realizada em quatro tipos de instituições,
nomeadamente:
5
ensino pré-escolar, apoiam e fiscalizam o seu cumprimento, definem os critérios e normas para a
abertura, funcionamento e enceramento dos estabelecimentos de ensino pré-escolar.
Em Moçambique existem cerca de 4,5 milhões de crianças menores de 5 anos contudo, apenas
uma minoria tem acesso às instituições de EPE (MINED, 2012). Apenas, 17.000 frequentam os
195 centros infantis e 51 mil estão enquadradas nas 663 escolinhas. A maior parte das
instituições vocacionadas para a educação infantil são privadas ou comunitárias (MINED, 2012).
A EPE ainda não é inclusiva nas instituições existentes constituindo assim um grande desafio
devido à reduzida oferta das mesmas (MINED, 2012). A fraca frequência das crianças é também
devida à insuficiência de informação adequada no seio das famílias e das comunidades sobre a
importância do atendimento e socialização das crianças (MINED, 2012).
Conforme a Lei 6/92, de 6 de Maio, do Sistema Nacional de Educação, a EPE está integrada no
Sistema Nacional de Educação.
É neste quadro que se fundamenta a opção de estudo da inserção da EA na EPE, concretamente
na EMMHB, considerando entretanto que de acordo com Carrega (2014) a EA deve ser
ministrada a partir deste nível de ensino.
Segundo MICOA (2009), a EA possui como objectivo formar pessoas conscientes que lutem
para a obtenção de um sistema de desenvolvimento do qual resultará em qualidade de vida para
todos, ou seja, um desenvolvimento sustentável. E para que se consiga tal êxito, tanto o ensino
formal como não formal são indispensáveis para modificar as atitudes das pessoas.
Ainda de acordo com o mesmo autor, a EA se caracteriza por incorporar as dimensões
socioeconómicas, política, cultural e histórica, devendo considerar as condições e estágios de
cada país, região e comunidade. Também, deve permitir a compreensão da natureza complexa do
meio ambiente, com vista a utilizar racionalmente os recursos naturais na satisfação material e
social, no presente e no futuro.
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2.2.1 Tipos de Educação Ambiental
As questões ambientais estão cada vez mais presentes no quotidiano da sociedade, sendo,
portanto, essencial que a EA seja inserida em todos os níveis dos processos educativos e em
especial nos anos iniciais da escolarização (Medeiros, Mendonça, Sousa & Oliveira, 2011).
A cada dia que passa a questão ambiental tem sido considerada como um facto que precisa ser
trabalhada com toda sociedade e principalmente nas escolas, pois crianças bem informadas sobre
os problemas ambientais vão ser adultas mais preocupadas com o meio ambiente, além de que
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elas vão ser transmissoras dos conhecimentos que obtiveram na escola sobre as questões
ambientais em sua casa, família e vizinhos (Medeiros et al. 2011).
Medeiros et al. (2011) adiantam que, as instituições de ensino já estão conscientes que precisam
trabalhar a problemática ambiental e muitas iniciativas tem sido desenvolvidas em torno desta
questão, onde já foi incorporada a temática do meio ambiente nos sistemas de ensino como tema
transversal dos currículos escolares, permeando toda prática educacional.
Ademais, segundo os mesmos autores a EA nas escolas contribui para a formação de cidadãos
conscientes, aptos para decidirem e actuarem na realidade socio-ambiental de um modo
comprometido com a vida, com o bem-estar de cada um e da sociedade. Para isso, é importante
que, mais do que informações e conceitos, a escola se disponha a trabalhar com atitudes, com
formação de valores e com mais acções práticas do que teóricas para que o aluno possa aprender
a amar, respeitar e praticar acções voltadas à conservação ambiental.
Ainda de acordo com MICOA (2010), no primeiro ciclo (primeira e segunda classes) focaliza-se
o conhecimento sobre as regras de convivência no seio das comunidades, identificação dos meios
que os rodeiam (casas, plantas, montanhas, rios, lagos, sol, etc), criando nos alunos competências
sobre formas de prevenção dos problemas ambientais, nomeadamente como evitar queimadas
descontroladas, abate indiscriminado das arvorés, poluição das águas e cuidados com o lixo. No
segundo ciclo (terceira, quarta e quinta classes) os alunos desenvolvem competências com vista a
divulgar, no seio das comunidades, práticas de preservação e conservação do ambiente,
integrando-às as formas locais de preservação. E no terceiro ciclo (sexta e sétima classes) prevê-
se o conhecimento sobre a conservação dos recursos naturais, preconizando de um aluno com
conhecimento integral e contextualizado.
MICOA (2009) salienta que, a EA deve ser integrada e ministrada nas diferentes instituições de
ensino do país de modo a contribuir para a formação da consciência ambiental nos alunos. Inclui-
se aqui a EPE que é objecto deste estudo.
8
2.2.3 Formas de inserção da educação ambiental no contexto escolar
A inserção da EA no processo de ensino e aprendizagem compreende três concepções que Boer
(2007) propõe no seu estudo.
Na primeira concepção, a EA é concebida como um apêndice do processo de ensino. A educação
ambiental é um tópico do programa da disciplina que envolve o estudo de conceitos, de
componentes e de problemas relativos ao meio. A educação ambiental é um complemento as
diversas temáticas do programa educativo. Sempre são ensinadas temáticas tradicionais e
principais do plano de actividades da EMMHB e, em segundo lugar, aspectos relacionados à
educação ambiental. Isso permite inferir que a educação ambiental é vista como um apêndice no
progamativo educativo.
Na segunda concepção, a EA é entendida como um eixo paralelo ao processo do ensino. Os
conteúdos tradicionais da disciplina são abordados de maneira teórica e não associados à
realidade. Já a educação ambiental é vinculada e trabalhada na relação com a realidade.
Na terceira concepção, a EA funciona como eixo integrador, perpassando o ensino dos conteúdos
tradicionais. Todos os conteúdos da disciplina recebem uma abordagem ambiental e, por isso,
não há separação entre conteúdos do programa e conteúdos da educação ambiental. Nesse caso, o
ambiente passa a ser “tema gerador, articulador e unificador” do currículo.
Assim, é possível incorporar a EA nos conteúdos programados durante as actividades realizadas
pelas crianças seguindo as concepções sugeridas por Boer (2007).
No eixo integrador o ponto de partida da actividade é a abordagem de uma questão ambiental,
por exemplo, a aprendizagen da temática “Natureza e cuidados com o meio ambiente” pode ser
estudada a partir da questão ambiental ligada a jogar lixo nas ruas nem depositá-lo em locais
inadequados. Dessa forma, a discussão da temática ambiental e suas implicações de modo
articulado irá estimular o desenvolvimento de atitudes e valores baseados em conhecimentos
científicos.
Estratégia é a arte de aplicar ou explorar os meios e condições favoráveis e disponíveis com vista
à consecução de objectivos específicos (Anastasiou & Alves, 2004).
As estratégias didácticas são concretizadas como um conjunto de recursos que são
disponibilizados às crianças. Estes recursos didácticos constituem a dimensão física que medeia
9
e aproxima o domínio das observações e das ideias, funcionando como instrumentos facilitadores
em diferentes momentos das actividades, para introduzir um assunto, motivar o aluno, ajudar a
clarificar conceitos, exemplificar ou ajudar o aluno a organizar e sintetizar informação (Pereira,
2012).
Na EPE, as estratégias adequadas para o ensino e aprendizagem de determinadas temáticas são o
desenho, as canções e poesias (Ribeiro, 2011).
a) O desenho
O desenho é um importante meio de comunicação e representação da criança e apresenta-se
como uma actividade fundamental, pois, a partir dele, a criança expressa e reflecte suas ideias,
sentimentos, percepções e descobertas (Goldberg, Yunes & Freitas, 2005).
De acordo com estes autores, para a criança, o desenho é muito importante, é seu mundo, é sua
forma de transformá-lo, é seu meio de comunicação mais precioso. No desenho estão
representados muitos de seus medos, de suas vontades, de suas carências e de suas realizações.
Tudo o que está ao redor interage, criando um sistema de representação muito rico e de extrema
relevância para a criança.
b) O canto
Ribeiro (2011) considera como um dos principais factores para a formação integral da
personalidade humana, atribuindo-lhe características especiais de estimulação do
desenvolvimento da criatividade.
Ribeiro (2011) salienta que o objectivo é usar para desenvolver capacidades perceptivas e
cognitivas, expressivas e criativas, promover a sociabilidade e a cooperação, estimular valores
estéticos e todos os factores associados à personalidade.
Ainda de acordo com a mesma autora, é uma actividade habitual na EPE, podendo ser
enriquecida através da produção de diferentes formas de ritmo.
Uma canção bonita e bem cantada desperta a sensibilidade estética das crianças, desenvolve a
audição, a harmonia, a expressão e o ritmo, factores importantes para o desenvolvimento de
qualquer indivíduo (Ribeiro, 2011).
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c) A poesia
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CAPÍTULO III: METODOLOGIA
Segundo um dos responsáveis, a EMMHB é privada e foi inaugurada no ano 2012. A EMMHB
fica localizada no bairro Hulene “B”, no Distrito Municipal Ka Mavota. O ambiente externo da
EMMHB é predominantemente caracterizado pela existência de residências ao redor e algumas
barracas que comercializam produtos alimentares, material escolar e bebidas alcoólicas.
A EMMHB é frequentada por 130 crianças de ambos os sexos, dos 3 aos 5 anos de idade,
divididas em salas consoante a idade. Em relação às educadoras de infância, no total são 11. A
EMMHB dispõe de 7 salas de aulas, um refetório, escritório e possui espaços verdes.
Das crianças identificadas, foi feito um sorteio de modo a obter-se a sequência das crianças e
seleccionadas seia respeitando a sua disponibilidade. Abrangeu-se crianças do quarto e quinto
anos (quatro e cinco anos) e foram selecionadas em cada ano três crianças, no total seis.
Nesta secção são apresentadas as técnicas de recolha de dados adoptadas durante a realização do
estudo. De igual modo, a técnica de análise e tratamento de dados colhidos.
13
3.4.1 Técnicas de recolha de dados
Como instrumentos de recolha de dados foi usado a observação participante, a entrevista semi-
estruturada e a análise documental que são abordados a seguir.
a) Observação
Segundo Marconi e Lakatos (2003) a observação é uma técnica de colecta de dados para
conseguir informações e utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade.
Não consiste apenas em ver e ouvir, mas também em examinar factos ou fenómenos que se
desejam estudar.
Os mesmos autores referem que a observação ajuda o pesquisador a identificar e a obter provas a
respeito de objectivos sobre os quais os indivíduos não têm consciência, mas que orientam seu
comportamento.
A observação decorreu no período das actividades da EMMHB, nas salas de aula, durante as
actividades e recreio do quarto ano e quinto ano. Através da participação em actividades que
decorriam no momento do estudo de modo a colectar dados referentes as formas de inserção da
EA, estratégias de EA e contributos que tem na formação de crianças com competências
ambientais.
A observação participante realizada nas actividades da EMMHB teve como referência uma
grelha (vide tabela 3.1 no apêndice A). Da grelha constam as categorias de análise do estudo
(relação educadora de infância/criança, construção do conhecimento, poesia/canto das crianças e
abordagem de conteúdos ambientais), os elementos de referência de cada categoria e os itens de
observados. A observação foi realizada durante duas semanas, concretamente no primeiro
trimestre, uma vez que uma das temáticas que versa a questão sobre a EA, designadamente
Conhecimento do mundo, decorre no mesmo trimestre.
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b) Entrevista semi-estruturada
De acordo com Mutimucuio (2008), entrevista refere-se a uma conversa entre o entrevistador e o
sujeito respondente, na qual há uma maior flexibilidade para o entrevistador, podendo este ter
oportunidade de observar atitudes, reacções e condutas durante a entrevista.
No presente estudo foi adoptada particularmente a entrevista semi-estruturada que, segundo
Mutimucuio (2008) é aquela que se baseia num roteiro preliminar de perguntas contendo as
ideias principais, que se molda à situação concreta de entrevista. O entrevistador pode adicionar
novas perguntas de seguimento se for necessário.
A entrevista consistiu de tópicos relacionados com as temáticas ambientais, as diferentes formas
de abordagem de temáticas ambientais durante o processo de ensino e aprendizagem, as
estratégias mais usadas para abordá-las e finalmente os impactos que a integração de temáticas
de carácter ambiental tem no seio das crianças. Devido às características acima descritas da
entrevista semi-estruturada, foi possível colher as informações com maior clareza e
profundidade.
Os roteiros de entrevistas (vide apêndices B e C) foram subdivididos de acordo com os
objectivos do estudo. A numeração englobou as questões principais, directamente relacionadas
com os objectivos da pesquisa e de seguida as questões secundárias (em alíneas). Para o registo
das informações colhidas foi usado um bloco de anotações.
Para garantir a validade e fiabilidade do instrumento, foi realizado um pré-teste, avaliação e
aprovação pelos supervisores. O pré-teste do roteiro da entrevista às educadoras de infância foi
aplicado a uma educadora de infância dum Centro Infantil e o roteiro de entrevista às crianças á
uma criança de 4 anos.
Durante o processo de pré-testagem do instrumento foi possível verificar que havia percepção
das respondentes em relação as questões que compõem o roteiro da entrevista semi-estruturada.
Porém, houve a necessidade duma mudança superficial da linguagem, com vista a permitir
melhor percepção das versões finais (apêndices B e C). As entrevistas foram realizadas
individualmente na EMMHB.
c) Análise documental
Souza, Kantorski e Luis (2011) definem análise documental como identificação, verificação e
apreciação dos documentos com uma finalidade específica. Com esta técnica pretendeu-se
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analisar o plano de actividades da EMMHB, de modo a colectar as informações contidas no
mesmo plano no que tange à inserção da EA no processo de ensino e aprendizagem e estratégias
de EA.
Como forma de tratamento e análise dos dados foi adoptada a técnica da análise de conteúdo.
Bardin (2011) designa análise de conteúdo como um conjunto de técnicas de análise das
comunicações visando obter, por procedimentos sistemáticos e objectivos de descrição do
conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de
conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas
mensagens.
A análise de dados seguiu as três fases fundamentais, nomeadamente, pré-análise, exploração do
material e interpretação dos resultados (Bardin, 2011).
Pré-análise
Iniciou-se com processo de codificação dos materiais estabelecendo um código que possibilite
identificar rapidamente os dados recolhidos. Inspirado em Câmara (2013), a codificação
consistiu no seguinte 1EIV, 2EIV, 3EV, 4EV, neste caso para as educadoras de infância e 1CIV,
2CIV, 3CIV, 4CV, 5CV e 6CV, para as crianças.
16
Exploração do material
Nesta fase foram escolhidas as unidades de codificação, adoptando-se os procedimentos de
codificação, que compreende a escolha de categorias – classificação e agregação em razão de
características comuns, e categorização que permite reunir maior número de informações à custa
de uma esquematização e assim correlacionar classes de acontecimentos para ordená-los
(Câmara, 2013). Com a unidade de codificação escolhida, o próximo passo foi a classificação em
blocos que expressam as categorias (falas sobre as várias temáticas ambientais, formas de
inserção da EA, estratégias da EA, estratégias de EA e contributo da EA na formação de crianças
com responsabilidade ambientais na EMMHB), que confirmam ou modificam aquelas presentes
nos referenciais teóricos inicialmente propostos no capítulo II.
No presente estudo as categorias surgiram após a recolha de dados, tendo em conta os objectivos
do estudo, assim emergindo em torno das temáticas ambientais, formas de inserção da EA,
estratégias de EA durante o processo de ensino e aprendizagem e contributos da EA na formação
de crianças com responsabilidade ambientais na EMMHB.
Interpretação de resultados
Nesta fase, fez-se a descrição dos resultados, uma vez definidas as categorias e identificado o
material constituinte de cada uma delas (Moraes, 1999).
Para cada uma das categorias (falas sobre as várias temáticas ambientais, formas de inserção de
EA e estratégias da EA, as estratégias de EA e contributos da EA na formação de crianças com
responsabilidade ambientais na EMMHB) foi produzido um texto síntese, assim confrontando o
texto que desenvolve os temas provenientes das categorias elaboradas com a informação da
revisão da literatura anteriormente definida no capítulo II.
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Para a garantia do anonimato usou-se para as educadoras de infância os seguintes códigos 1EIV,
2EIV, 3EV, 4EV, onde o número ordinal indica a primeira entrevistada, a letra representa a
educadora de infância e a numeração romana indica o ano que lecciona e assim sucessivamente.
O mesmo foi verificado nas crianças, que teve os seguintes códigos 1CIV, 2CIV, 3CIV, 4CV,
5CV e 6CV, sendo que C denota criança.
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CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Este capítulo apresenta e discute os resultados do estudo à luz dos objectivos e das perguntas de
pesquisa formuladas no capítulo I, secções 1.3 e 1.4, respectivamente e da revisão da literatura
apresentada no capítulo II.
Para apresentação dos resultados do estudo optou-se por organizá-los em tópicos em função dos
objectivos do trabalho por forma a responder as perguntas pesquisa. Assim, foram definidos
quatro tópicos, que estruturam o presente capítulo, a saber: tipos de temáticas ambientais; formas
de inserção da educação ambiental; estratégias de educação ambiental; e contributos da educação
ambiental na formação de crianças com responsabilidades ambientais na EMMHB.
19
os resultados, o plano de actividades apenas detalha a temática do Conhecimento do mundo
concretamente no domínio conhecimento do ambiente natural em dois tópicos: o mundo dos
animais e das plantas.
Em relação a temática Natureza e os cuidados com o meio ambiente, o plano de actividades não
apresenta os conteúdos que são tratados detalhadamente. Provavelmente, isto deve-se ao facto de
ser a última temática que constitui o plano de actividades. Assim sendo, pode-se entender que
nem sempre haverá o cumprimento total do plano de actividades. Portanto, as crianças adquirem
apenas o aprendizado relacionado com questões ambientais na temática Conhecimento do
mundo, o que pode restringir o conhecimento e habilidades ambientais das crianças.
Além das temáticas ambientais plasmadas no plano de actividades, a questão do tratamento dos
resíduos sólidos produzidos pelas crianças, em particular a reciclagem, podia ser uma das
temáticas integrantes no plano de actividades da EMMHB. Daí, as crianças teriam conhecimento
sobre a relevância da prática de reciclagem para a conservação do meio ambiente.
As educadoras de infância entrevistadas 1EIV, 2EIV, 3EV e 4EV revelaram que a EMMHB
desenvolve algumas temáticas sobre meio ambiente durante as suas actividades, a título de
exemplo, as educadoras de infância quando questionadas sobre a existência de conteúdos
ambientais no processo de ensino e aprendizagem responderam positivamente. Duas educadoras
de infância entrevistadas recorreram a temáticas como: lixo, mundo dos animais e plantas (1EIV
e 2EIV). Entretanto, outras educadoras de infância mencionaram apenas o mundo das plantas e
dos animais que constam do plano de actividades (3EV e 4EV).
Através da observação participante (vide tabela 4.1 no apêndice D), constatou-se que o mundo
das plantas é tratado durante o processo de ensino e aprendizagem, na temática Conhecimento
do mundo, especificamente através da identificação dos nomes das plantas e sua importância.
Sobre as temáticas que versam sobre o meio ambiente, as entrevistadas afirmaram que consistem
no seguinte: ter um cuidado com plantas e animais, aprender a colocar lixo na lata. Lembramos
isso as crianças depois do término das actividades, sempre lembramos (1EIV). Nomes das
plantas, árvores e animais e o cuidado que devemos ter com elas (2EV). Não jogar o lixo no
20
chão, respeitar os animais e plantas, acima de tudo cuidar bem (3EV) e formas de cuidar das
plantas, animais e nomes das plantas e animais (4EV).
Em relação ao tempo que a temática Conhecimento do mundo, uma das temáticas que contempla
a educação ambiental é abordada durante o processo de ensino e aprendizagem, todas as
entrevistadas (1EIV, 2EIV, 3EV e 4EV) foram unânimes afirmando que decorria em média num
trimestre. O mesmo foi constatado no plano de actividades da EMMHB.
Entretanto, as educadoras de infância incluem uma nova temática ambiental que versa sobre a
deposição dos resíduos sólidos produzidos pelas crianças e segundo a análise documental
realizada no plano de actividades não constatou-se. Portanto este acréscimo constitui um ponto
positivo na medida em que as crianças aprendem a depositar correctamente os resíduos sólidos.
As educadoras de infância não oferecem uma explicação minuciosa às crianças, esse facto pode
dever-se á vários factores como provavelmente o fraco conhecimento das educadoras de infância
sobre assuntos ou questões ambientais e como transmitir a informação de forma adequada às
crianças.
21
Tendo em conta os resultados seria conveniente ensinar às crianças mais tópicos enquadrados na
temática Conhecimento do mundo, por exemplo a reciclagem dos resíduos sólidos, a importância
que tem perante na EMMHB e no meio ambiente em geral, aliando a teoria com a prática. Sendo
assim, compete ao Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano em conjunto com o
Ministério do Género, Criança e Acção Social integrar a reciclagem dos resíduos sólidos como
uma das temáticas ambientais que compõem o plano de actividades.
O plano de actividades da EMMHB tem como última temática Natureza e os cuidados com o
meio ambiente, mencionado anteriormente (secção 4.1.1). Assim este tema aprofunda mais a
transmissão de conhecimentos ambientais. Durante a análise foi constatado que a temática
decorre após o término de todas as temáticas anteriores do plano de actividades da EMMHB, isto
é, não constitui um tema necessariamente obrigatório. Importa referenciar que a temática é
apresentada no plano de actividades como adicional.
Neste contexto, os resultados obtidos na análise do plano de actividades revelam que a forma de
inserção de EA no processo de ensino e aprendizagem é como apêndice, uma das três formas
mencionadas por Boer (2007).
A temática Natureza e os cuidados com o meio ambiente pretende aprofundar e acima de tudo
consolidar os conhecimentos e habilidades em termos ambientais nas crianças. Se a temática
fosse obrigatória, haveria a possibilidade de aprender-se mais conteúdos relacionados com o
meio ambiente, desenvolvendo mais o aprendizado adquirido na temática passada,
concretamente na temática Conhecimento do mundo, onde aprendem alguns cuidados a ter com
o meio ambiente, o que contribuiria para melhorar o desenvolvimento de consciência ambiental
nas crianças. Por isso, o Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano e o Ministério do
Género, Criança e Acção Social devem tornar obrigatória a leccionação desta temática, através
da sua inclusão nas temáticas principais do plano de actividades.
22
4.2.2 Resultados obtidos por entrevistas e observação
Da entrevista feita foi constatado que a integração da EA decorre durante o processo de ensino e
aprendizagem, como ilustram as respostas obtidas à seguinte pergunta, em que consistem as
temáticas ambientais anteriormente mencionadas? (vide tabela 4.2 no apêndice E): Ter um
cuidado com plantas e animais, aprender a colocar lixo na lata. Lembramos isso as crianças
depois do término das actividades, sempre lembramos (1EIV); Nomes das plantas, árvores e
animais e o cuidado que devemos ter com elas (2EV); Não jogar o lixo no chão, respeitar os
animais e plantas, acima de tudo cuidar bem (3EV) e formas de cuidar das plantas, animais e
nomes das plantas e animais (4EV).
Durante a observação participante realizada (vide tabela 4.1 no apêndice D), ficou claro que as
educadoras de infância durante a abordagem da EA ensinam às crianças os nomes das diferentes
plantas e animais e a importância das plantas. Após isso, as crianças são ensinadas algumas
formas de cuidado plantas e dos animais, de igual modo, as crianças aprendem a depositar os
resíduos sólidos no local correcto, como também demonstram os dados obtidos através da
entrevista realizada (vide tabela 4.2 no apêndice E).
Portanto, estes resultados mostram que a forma de inserção da EA é como um eixo paralelo
durante o processo de ensino e aprendizagem na EMMHB, uma das concepções sugeridas por
Boer (2007) uma vez que as educadoras de infância ensinam as crianças os diferentes nomes de
plantas e animais a importância que possuem, de forma teórica. E a EA decorre num outro
momento, isto é, separadamente, após a inculcação dos conteúdos mencionados, através do
aprendizado em relação as formas de cuidados de plantas e animais, concretamente cuidados
com as plantas existentes no jardim da EMMHB.
Neste contexto, as crianças têm conhecimento, porém, provavelmente não ocorre a aprendizagem
desejada com relação a EA durante o processo de ensino e aprendizagem, devido a separação
existente entre os conteúdos tratados com a EA.
23
Boer (2007) apresenta como uma das formas de inserção de EA, o eixo integrador que pelas suas
características os conteúdos das actividades recebem uma abordagem ambiental em todos os
momentos. Assim ao adoptar-se esta forma de inserção da EA, as crianças podem adquirir
facilmente o aprendizado em relação a EA.
De acordo com os resultados da entrevista e observação participante realizada (vide tabela 4.1
apêndice D), a EMMHB possui algumas estratégias para transmitir a EA.
Todas as entrevistadas 1EIV, 2EIV, 3EV e 4EV afirmaram que existem estratégias de educação
ambiental, concretamente dando as seguintes respostas: Poesia, canto e histórias (1EIV e 4EV);
Poesia e canto (2EIV) e poesia, desenho e canto (3EV). Da observação participante constatou-se
de igual modo a poesia e canto. Por outro lado, a aula expositiva é uma das estratégias usadas na
transmissão de conteúdos, nomeadamente de EA.
Durante a observação participante constatou-se que durante a execução do poema, alguns são
consideravelmente longos tendo em conta a faixa etária das crianças. Por outro lado, durante a
prática percebeu-se que alguns poemas não possuem clareza no que diz respeito a EA, apenas
apresentam alguns conceitos relacionados com o meio ambiente e não constituem uma EA
concretamente. Apesar disso há outros poemas que vão de encontro com a EA em número
bastante reduzido. Neste caso, havendo necessidade de reverter este cenário de forma a
contemplar eficazmente a EA.
24
Na aula expositiva, as educadoras de infância abordam conteúdos ambientais como o mundo das
plantas, dentre os nomes das plantas e sua importância, interagindo com as crianças através de
algumas questões relacionadas.
Alguns autores (Goldberg et al, 2005; Ribeiro, 2011; Gonçalves, s/d) apresentam estratégias
coincidentes com as mencionadas durante a entrevista como de ensino e aprendizagem na EPE.
É importante frisar que as educadoras de infância implementaram-nas também como de
educação ambiental durante o processo de ensino e aprendizagem.
Esta secção faz a avaliação das formas de inserção e estratégias de EA na EMMHB, através da
apresentação de resultados e posterior discussão.
25
Como forma de avaliar as formas de inserção e estratégias de EA na EMMHB diagnosticadas
através das técnicas de recolha de dados (secção 3.4.1), analisou-se primeiramente as respostas
dadas pelas educadoras de infância e crianças da EMMHB durante as entrevistas.
Neste caso, a EMMHB contribui na formação de crianças com conhecimentos ambientais, apesar
da existência de crianças que não demonstram o que são ensinadas. Por seu torno, as crianças
durante a entrevista realizada quando questionadas em relação ao que as tias (educadoras de
infância) mais ensinam sobre a manutenção do ambiente na escolinha, afirmaram que as
educadoras de infância transmitem conhecimentos relacionados com a conservação do ambiente
em que estão inseridos, como demonstram as seguintes respostas: Para ficar limpo as tias dizem
para não deitar lixo no jardim (4CV) e ensinam a pôr lixo no balde e não partir as plantas
(1CIV).
Todavia, existem crianças que não comportam-se de acordo com as lições aprendidas. Por
exemplo, algumas crianças quando questionadas em relação aos cuidados com o ambiente da
EMMHB, algumas responderam que existem colegas que não cuidam devidamente do ambiente
da EMMHB. A título de exemplo, seguem-se respostas directamente relacionadas com o lugar de
deposição dos resíduos sólidos na EMMHB: Sim, minha amiga deita no chão (1CIV) e sim,
muitos deitam mas eu não deito (3CIV).
Em relação ao uso das torneiras, as crianças quando questionadas sobre a existência de colegas
que não fecham as mesmas após o uso, responderam o seguinte: Sim, as tias depois fecham
(1CIV); Não (2CIV); Sim e fica cheio de água (3CIV); Sim (4CV); Sim, quando brincamos
(5CV) e não sei (6CV).
Mediante os dados apresentados, percebe-se que algumas crianças deitam papel usado no chão
ao invés do local apropriado, descuidam o jardim, partindo as plantas e deixam as torneiras
26
abertas, assim ocorrendo o desperdício de água. Ora, as crianças denunciam umas as outras por
não querer assumir a responsabilidade dos seu actos.
Também foi constatado, através da observação participante, que durante algumas actividades que
envolviam o uso de papel, existiam crianças que deixavam o papel já usado ao chão e outras
usavam o mesmo durante o recreio e, após isso deixavam o mesmo no pátio apesar da existência
de latas de deposição de resíduos sólidos nas salas.
Note-se que as respostas fornecidas pelas educadoras de infância clarificam o facto da existência
de comportamentos que não estão de acordo com o que é ensinado.
Ressalve-se que as educadoras de infância entrevistadas, de forma unânime, afirmaram que a EA
tem importância no seio das crianças, em particular da EMMHB. A título de exemplo, duas
educadoras de infância quando questionadas em relação a relevância que a EA, responderam o
seguinte: Tem muita importância (1EIV) e tem, assim é possível ter crianças e, futuramente
adultos educados e preocupadas com o meio ambiente (3EV).
27
Uma possível contribuição das educadoras de infância para melhorar a questão da EA é trabalhar
a temática ambiental com base na concepção de inserção como eixo integrador (Boer, 2007) dos
demais conteúdos previstos no plano de actividades da EMMHB.
28
CAPÍTULO V: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
5.1 Conclusões
Do estudo realizado concluiu-se que a EMMHB insere a educação ambiental durante o processo
de ensino e aprendizagem através da abordagem de temáticas ambientais, o que permite a
aquisição de conhecimentos que favorecem o desenvolvimento nas crianças de hábito e práticas
correctas em relação ao meio ambiente.
A inserção por eixo paralelo diagnosticada trata os conteúdos teoricamente e a EA num outro
momento, portanto, essa dissociação não permite uma aprendizagem eficiente.
De igual modo, a forma de inserção da EA por apêndice, onde o plano de actividades inclui a
temática Natureza e os cuidados com o meio ambiente como um tema adicional (secção 4.2.1).
Portanto, há maior probabilidade desta temática não ser tratada no decorrer do ano, privando as
crianças da possibilidade de consolidar o aprendizado adquirido na temática Conhecimento do
mundo e também da oportunidade de assimilar outros conteúdos ambientais. Assim sendo, a
forma de inserção de EA na EMMHB eficaz seria o eixo integrador.
A partir do estudo, concluiu-se também que a EMMHB reconhece a importância que a EA tem
nas crianças. Entretanto, a inserção da EA como eixo integrador e o melhoramento de
29
conhecimento de questões ambientais pelas educadoras de infância poderia melhorar o
contributo da EA para o desenvolvimento de competências e responsabilidades ambientais por
parte das crianças da EMMHB.
5.2 Recomendações
Com base nos resultados e nas conclusões do presente estudo, para uma melhor inserção da
educação ambiental na EMMHB recomenda-se o seguinte:
Ao Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano em parceria com o Ministério do
Género, Criança e Acção Social:
A criação de condições para inserir a reciclagem dos resíduos sólidos nos conteúdos
ambientais durante o processo de ensino e aprendizagem.
A Mobilização de esforços materiais e técnicos para a leccionação de todos conteúdos
que estão no plano de actividades, particularmente de EA.
À Direcção da EMMHB:
A articulação de diferentes parcerias com organizações ambientalistas e especialistas em
questões ambientais com vista aprimorar as estratégias de educação ambiental.
A contratação dum Educador Ambiental para capacitar sistematicamente às educadoras
de infância em matérias ambientais.
Às crianças da EMMHB:
A assumir responsabilidade de cuidar do seu espaço e do meio ambiente, assim sendo,
respondendo plenamente pelos seus actos.
A implementação na prática os ensinamentos das educadoras de infância no que tange
aos cuidados a ter com o meio ambiente.
30
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de Setembro, 2016, em
http://www.ufmt.br/proeg/arquivos/2dc95cd453e52a78a17dcc157f04dbf6.pdf.
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uma análise a partir de pesquisas publicadas em anais de eventos. Acedido em 17 de
Agosto, 2016, em http://www.nutes.ufrj.br/abrapec/vienpec/CR2/p145.pdf.
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51. Porto Alegre. Acedido em 01 de Agosto, 2016, em
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Superior de Educação de Portalegre. Portalegre. Portugal.
Goldberg, L. G., Yunes, M. A. M., & Freitas, J. V. (2005). O desenho infantil na ótica da
ecologia do desenvolvimento humano. Psicologia em Estudo, (1) 10. 97-106. Maringá.
Acedido a 12 de Agosto, 2016, em
http://www.academia.edu/1542138/O_desenho_infantil_na_%C3%B3tica_da_ecologia_do
_desenvolvimento_humano.
31
Editora Moderna, S.A. Acedido em 07 de Agosto, 2016 em
http://www.inide.angoladigital.net/pdf/curriculo%20de%20educapre_escolar.pdf.
Lei 6/92 de 6 de Maio do Sistema Nacional de Educação. I Série. Número 15. Maputo:
Assembleia da República.
Lei 46/86 Lei de Bases do Sistema Educativo. I Série. Número 237. Portugal. Assembleia da
República.
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Agudo – RS. Monografias Ambientais, 6 (6). 1305-1311, Acedido em 01 de Agosto, 2016,
em http://periodicos.ufsm.br/remoa/article/viewFile/4642/2975.
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Acedido em 27 de Agosto, 2016, em
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32
Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental. (2009). Manual do educador ambiental.
Maputo: MICOA.
Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental. (2010).Compêndio de estáticas do
ambiente. Maputo: MICOA.
33
de Agosto, 2016, em
https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/caduc/article/viewFile/1591/1477.
34
ANEXO
35
Anexo I
36
APÊNDICES
37
Apêndice A
Tabela 3.1: Grelha de observação participante
Categorias de análise Elementos de referência Itens de observados
Relação Educadora-Criança Incentivo as crianças de modo a ganhar a
atenção
38
Apêndice B
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
Departamento de Educação em Ciências Naturais e Matemática
Introdução:
Estou interessada em analisar a inserção da educação ambiental na Escolinha Mães de
Mavalane de Hulene B. Gostaria de lhe fazer algumas perguntas. Por favor, sinta-se livre para
responder honesta e abertamente porque isso ajudará muito a minha pesquisa, cuja finalidade, é
unicamente o cumprimento parcial dos requisitos exigidos para a culminação do curso de
Licenciatura em Educação Ambiental na Faculdade de Educação da Universidade Eduardo
Mondlane. Asseguro-lhe que o seu nome será mantido em sigilo e esta entrevista é de carácter
confidencial.
39
b) O que a Escola Mães de Mavalane de Hulene B tem feito para melhorar continuamente as
estratégias de EA durante o processo de ensino e aprendizagem?
3. Terá a Escolinha Mães de Mavalane B contribuído na formação de crianças com boas práticas
ambientais?
a) Na sua opinião, a EA tem alguma importância no seio das crianças?
b) Se sim, qual?
4. Deseja perguntar, acrescentar ou sugerir alguma coisa para o estudo?
40
Apêndice C
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
Departamento de Educação em Ciências Naturais e Matemática
41
Apêndice D
Tabela 4.1: Resultados da observação participante
Poesia e canto das Elementos ligados ao Alguns poemas e cantos apesentam elementos
crianças meio ambiente ligados ao meio ambiente, como nomes de
árvores e alguns animais.
42
Apêndice E
Tabela 4.2: Formas de inserção da EA na EMMHB
Respostas
Perguntas de 1EIV 2EIV 3EV 4EV
Entrevista
Durante o PEA Sim Sim Sim Sim
abordam as
temáticas
ambientais?
Quais são? Mundo das plantas, Mundo dos Mundo dos animais e plantas. Lixo, mundo dos animais Mundo dos animais, das
animais, deposição do lixo e plantas. plantas.
produzido pelas crianças.
Em que consistem Ter um cuidado as plantas e Nomes das plantas, árvores e Não jogar o lixo no chão, Nomes das plantas e
as temáticas animais, aprender a colocar lixo animais e o cuidado que respeitar os animais e animais. Forma de cuidar
mencionadas? na lata. Lembramos isso as devemos ter com elas. plantas, acima de tudo as plantas e animais.
crianças depois do término das cuidar bem.
actividades, sempre lembramos.
Quantas vezes por Trimestre Trimestre Trimestre Trimestre
unidade de
tempo?
Acha que Acho que sim, mas não é fácil. Um pouco. Muitas crianças Nem tanto. Algumas Mais ou menos. Existem
conseguem continuam a não cuidar do crianças continuam a não algumas crianças que
alcançar os meio ambiente cuidar devidamente do demonstram o que
objetivos pré- principalmente aqui na ambiente da escolinha. realmente aprendem
definidos? escolinha. durante as actividades.
43
Tabela 4.3: Estratégias de EA na EMMHB
Respostas
Perguntas de Entrevista 1EIV 2EIV 3EV 4EV
Quais são as diferentes Poesia, Canto, histórias. Poesia e canto. Poesia, desenho e canto. Poesias, cantos e desenhos.
estratégias que usa para
tratar temáticas ambientais
durante o PEA?
Em que consistem as A poesia, o canto tem Tanto a poesia como o As poesias contêm conteúdos Tem mensagens
estratégias mencionadas? mensagens que tem a ver canto ensinam as relacionados com o meio relacionadas com o meio
com os cuidados com o crianças para cuidar do ambiente, o mesmo verifica-se ambiente, o que pode
espaço em que as crianças meio ambiente e do no canto e nos desenhos das despertar a consciência das
se encontram. seu espaço. crianças. crianças.
O que a EMMHB tem feito Continuar a usar os Não sei. Uso essas que A escolinha não sei. Melhorar as mencionadas.
para melhorar métodos ditos. existem.
continuamente as
estratégias mencionadas?
44
Tabela 4.5: Avaliação da inserção e estratégias de EA no PEA na EMMHB (continuação)
Respostas
Perguntas de Entrevista 1CIV 2CIV 3CIV 4CV 5CV 6CV
Aqui na escolinha, onde Na lata de lixo Na lata de lixo. No balde de lixo. Na lata que No balde. No balde.
deitas lixo (papel usado, está lá fora.
plástico de rebuçado)?
Na sua sala tem latas Na sala não, no No pátio tem, Na sala não tem e Na sala não Na sala não tem. Não sei.
para deitar lixo? E no pátio tem. tem uma lata. no pátio tem um tem lata mas
pátio? balde. no pátio tem.
Sabias que não podes Sim. Sim. Sim. Sim. Sim. Sim.
deitar lixo ano chão?
Existem coleguinhas que Sim, minha Sim. Sim, muitos Deitam. Meus amigos Sim.
deitam lixo no chão? amiga deita no deitam mas eu deitam.
chão. não deito.
O que as tias mais Não partir as A pôr lixo na (Risos) Cantar e Não partir Não sei.
ensinam? plantas. lata de lixo. desenhar. plantas do
jardim.
Há outros que não Sim, as tias Não. Sim e fica cheio Sim. Sim, quando Não sei.
fecham torneira de água depois fecham. de água. brincamos.
após o uso?
O que as tias Dizem para não Não dizem As tias apanham, Mandam Elas apanham. A tia diz para não fazer.
fazem/dizem quando deitar. nada. as vezes nos apanhar, por
deitam o lixo ao chão e mandam apanhar. vezes as tias
deixam torneiras de água apanham.
abertas?
45
Tabela 4.6: Avaliação da inserção e estratégias de EA no PEA na EMMHB (continuação)
Respostas
Perguntas de 1CIV 2CIV 3CIV 4CV 5CV 6CV
Entrevista
Há outros que não Sim, as tias Não. Sim e fica Sim. Sim, quando brincamos. Não sei.
fecham torneira de depois cheio de água.
água após o uso? fecham.
O que as tias Dizem para Não dizem As tias Mandam Elas apanham. A tia diz para não fazer.
fazem/dizem não deitar. nada. apanham, as apanhar, por
quando deitam o vezes nos vezes as tias
lixo ao chão e mandam apanham.
deixam torneiras de apanhar.
água abertas?
O que fazes para Não fazer As tias Não tirar as As tias Fazer desenhos bonitos. Não partir as plantas do jardim.
manter a sua xixi no chão e dizem para flores nas dizem para
escolinha mais não deitar não deitar plantas. cuidar do
bonita e limpa? papel no lixo na sala jardim.
chão. nem lá fora.
46