Posicionamento Cirurgico - Escala de ELPO - Denilse Trevilato

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| ARTIGO ORIGINAL |

POSICIONAMENTO CIRÚRGICO: PREVALÊNCIA DE


RISCO DE LESÕES EM PACIENTES CIRÚRGICOS
Surgical positioning: prevalence of risk of injuries in surgical patients

Posicionamento quirúrgico: prevalencia de riesgo de lesiones en pacientes quirúrgicos

Denilse Damasceno Trevilato1*, Thaís Camargo de Melo2, Maria Anobes Bonet Grespan Fagundes3, Rita Catalina Aquino Caregnato4

RESUMO: Objetivo: Determinar a prevalência de pacientes em risco de desenvolvimento de lesões decorrentes do posicionamento cirúrgico. Método: Estudo trans-
versal, realizado em hospital privado localizado na região sul do Brasil. Amostra aleatória com 378 pacientes adultos submetidos a cirurgias eletivas entre
janeiro e setembro de 2017. Foi aplicada a Escala de Avaliação de Risco para o Desenvolvimento de Lesões Decorrentes do Posicionamento Cirúrgico
(ELPO) após indução anestésica e realizada análise descritiva. Resultados: A prevalência de pacientes com alto risco de desenvolvimento de lesões foi
de 19,05% (n=72). O posicionamento identificado como de maior risco foi a litotomia (59,72%; n=43). O escore médio da ELPO na amostra estudada
foi 16,317 (desvio padrão=3,6176) e a mediana foi de 16, o que significa baixo risco de desenvolvimento de lesões. Conclusão: A ELPO permitiu deter-
minar a prevalência de risco para lesões em pacientes submetidos a procedimentos eletivos, identificando que o risco está mais relacionado com a posi-
ção cirúrgica do que com o porte da cirurgia.
Palavras-chave: Posicionamento do paciente. Medição de risco. Período intraoperatório. Enfermagem perioperatória. Ferimentos e lesões.

ABSTRACT: Objective: To determine the prevalence of patients at risk of developing lesions due to surgical positioning. Method: A cross-sectional study
was carried out in a private hospital in southern Brazil. Randomized sample with 378 adult patients submitted to elective surgeries between January and
September 2017. The Risk Assessment Scale for the Development of Injuries due to Surgical Positioning (ELPO) was used after anesthetic induction
and a descriptive analysis was performed. Results: The prevalence of patients at high risk of developing lesions was 19.05% (n=72). The lithotomic posi-
tion was identified as the one with greatest risk (59.72%; n=43). The mean ELPO score in the sample was 16.317 (standard deviation=3.6176) and the
median was 16, meaning low risk of developing lesions. Conclusion: ELPO allowed to determine the prevalence of risk for lesions in patients submitted
to elective procedures, identifying that the risk is more related to surgical position than to the size of the surgery.
Keywords: Patient positioning. Risk assessment. Intraoperative period. Perioperative nursing. Wounds and injuries.

RESUMEN: Objetivo: Determinar la prevalencia de pacientes en riesgo de desarrollo de lesiones derivadas del posicionamento quirúrgico. Método: Estudio
transversal, realizado em um hospital privado em el Sur de Brasil. Muestra aleatoria con 387 pacientes adultos sometidos a cirugías electivas entre enero
y septiembre de 2017. Se aplicó la Escala de Evaluación de Riesgo para el Desarrollo de Lesiones Transcurrentes del Posicionamiento Quirúrgico (ELPO)
después de la inducción anestésica y análisis descriptivo. Resultados: La prevalencia de pacientes con alto riesgo de desarrollo de lesiones fue del 19,05%
(n=72). El posicionamiento identificado como de mayor riesgo fue la litotomía (59,72%, n=43). El score promedio de la ELPO en la muestra estudiada
fue 16,317 (desviación estándar=3,6176) y la mediana fue de 16, lo que significa bajo riesgo de desarrollo de lesiones. Conclusión: La ELPO permitió
determinar la prevalencia de riesgo para lesiones en pacientes sometidos a procedimientos electivos, identificando que el riesgo está más relacionado con
la posición quirúrgica que con el porte de la cirugía.
Palabras clave: Posicionamiento del paciente. Medición de riesgo. Periodo intraoperatorio. Enfermería perioperatoria. Heridas y lesiones.

1
Enfermeira; mestranda em Ensino na Saúde da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA). Enfermeira do Centro Cirúrgico do Hospital Moinhos de Vento – Porto Alegre (RS), Brasil.
2
Enfermeira do Centro Cirúrgico do Hospital Moinhos de Vento – Porto Alegre (RS), Brasil.
3
Enfermeira; mestre em Ensino na Saúde. Enfermeira do Centro de Recuperação Pós-Anestésica do Hospital Moinhos de Vento – Porto Alegre (RS), Brasil.
4
Enfermeira; mestra em Enfermagem; doutora em Educação. Professora do curso de graduação em Enfermagem da UFCSPA – Porto Alegre (RS), Brasil.
*Autora correspondente: [email protected]
Recebido: 28/11/2017 – Aprovado: 15/04/2018
DOI: 10.5327/Z1414-4425201800030003

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Prevalência de risco de lesão por posicionamento cirúrgico

INTRODUÇÃO decúbito ventral; e lateral. Cada posição pode derivar em


outras, incluindo algumas alterações, tais como: elevação
O posicionamento cirúrgico ideal para o paciente deve ser dos joelhos, adução ou abdução dos membros inferiores ou
o mais anatômico e fisiológico possível, mantendo o alinha- superiores e céfalo-aclive ou céfalo-declive (Trendelenburg),
mento corporal, com o mínimo de tensão e pressão sobre entre outras9. A prona é a mais desafiadora para a equipe
o tecido, preservando as funções ventilatória e circulatória cirúrgica porque o paciente é usualmente colocado nessa
posição após ser anestesiado, não tendo como sinalizar qual-
e evitando exposição desnecessária, além de permitir ao
quer desconforto decorrente da posição ou se reacomodar
cirurgião um bom acesso ao sítio cirúrgico e, ao anestesista,
durante a cirurgia1,10.
acesso às linhas de infusão e monitorização1. Toda a equipe
A decisão final sobre o posicionamento do paciente geral-
(anestesista, cirurgião e enfermagem) deve se envolver com
mente é do cirurgião, entretanto, o enfermeiro assistencial deve
esse processo logo após a indução anestésica para propor-
participar desse processo e agir como advogado do paciente
cionar um posicionamento seguro e confortável do paciente.
sempre que algum fator estiver interferindo na sua segurança1.
Lesões por pressão (LP) decorrentes do posicionamento
Estratégias devem ser adotadas para a diminuição do risco
cirúrgico são consideradas eventos adversos, causados devido
de lesão por posicionamento, como o uso de superfícies de
ao procedimento cirúrgico. O ideal é que se identifique e
suporte, espuma, gel e o reposicionamento transoperatório,
previna danos evitáveis, por meio da criação de métricas e
sempre que o procedimento permitir8,11.
padrões. Por esse motivo, a mensuração desse evento é funda-
A escala de Braden é preditiva de risco de LP, mas é uti-
mental para a melhoria da assistência ao paciente cirúrgico2.
lizada para pacientes clínicos, não sendo indicada durante o
Um estudo validou uma escala de avaliação de risco de
procedimento cirúrgico, visto que não avalia fatores espe-
desenvolvimento de leões provocadas por posicionamento
cíficos, como tempo cirúrgico, anestesia e comorbidades8.
cirúrgico, que foi aplicada a uma amostra de 115 pacientes
Em 2013, um instrumento foi criado e validado para ava-
submetidos a procedimentos cirúrgicos, constatando desen-
liar o risco de desenvolvimento de lesões e fornecer subsídios
volvimento de LP em 25 deles (21,7%), sendo que 46 (40,0%)
para a melhoria na assistência da enfermagem ao intraope-
apresentaram dor relacionada ao posicionamento cirúrgico ratório por meio do desenvolvimento de protocolos volta-
no pós-operatório3. Dos pacientes com lesão, 3 tinham LP dos ao posicionamento do paciente3. A Escala de Avaliação
previamente ao procedimento, ocasionando uma evolução; de Risco para Desenvolvimento de Lesão Decorrente do
em 2 foram identificadas LP no período imediatamente após Posicionamento Cirúrgico do Paciente (ELPO) demonstrou ser
o procedimento cirúrgico e 20 pacientes tiveram a identifi- um instrumento válido para avaliação de riscos aos pacientes,
cação da LP durante as 72 horas subsequentes3. para prever tanto desfechos como LP como a presença de dor
Observa-se uma discrepância nos resultados encontrados no pós-operatório decorrente do posicionamento cirúrgico.
em estudos sobre as lesões por posicionamento cirúrgico. Por ser um instrumento novo de avaliação de risco de lesão
Outro estudo retrospectivo, que avaliou 38 mil procedimentos por posicionamento, torna-se necessário ampliar o escopo
em prontuários, encontrou registros de 40 lesões, com preva- da sua utilização, realizando outras pesquisas em diferentes
lência de 0,1%4. Um estudo longitudinal com 199 pacientes contextos hospitalares3.
evidenciou uma incidência de 20,6% de lesões5. Essa questão Desta forma, as autoras deste artigo, enfermeiras com
é preocupante, visto que as lesões podem ser transitórias ou atuação em CC, consideraram importante conhecer o perfil
permanentes, aumentando o tempo de internação e prolon- de pacientes atendidos em uma instituição privada, traçando
gando a recuperação do paciente6. o problema de pesquisa, e investigar qual é a prevalência de
Dependendo da posição cirúrgica, da anestesia e do tempo pacientes em risco de desenvolvimento de lesões decorren-
de duração da cirurgia, o paciente poderá ter o risco aumen- tes do posicionamento cirúrgico.
tado de lesões por posicionamento e somam-se a isso a idade
e as comorbidades. Os enfermeiros do centro cirúrgico (CC)
devem estar atentos para identificar os pacientes de risco e OBJETIVO
evitar eventos adversos decorrentes do posicionamento7,8.
As posições básicas que originam o posicionamento Determinar a prevalência de pacientes com risco de desenvol-
cirúrgico são três: supina ou decúbito dorsal; prona ou vimento de lesões decorrentes do posicionamento cirúrgico.

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Trevilato DD, Melo TC, Fagundes MABG, Caregnato RCA

MÉTODO RESULTADOS
Estudo transversal, realizado em um hospital privado geral, Em relação ao perfil cirúrgico da amostra, identificou-se:
de grande porte, localizado em Porto Alegre, Rio Grande do 259 pacientes do sexo feminino (68,52%); 199 como ASA
Sul, Brasil. O CC dispõe de 17 salas operatórias, nas quais (American Society of Anesthesiology) II em relação ao risco
foram realizadas 22.129 cirurgias no ano de 2016. anestésico (52,64%) e 159 foram submetidos a procedimen-
A amostra foi probabilística aleatória, constituída por 378 tos de porte médio (42,06%) (Tabela 1).
pacientes submetidos a procedimentos cirúrgicos. Para o cálculo O escore médio da aplicação da escala ELPO na amostra
amostral, considerou-se o risco maior de desenvolvimento de investigada (n=378) foi de 16,317 (DP=3,6176), mediana de
lesões transoperatórias, utilizando-se o programa WINPEPI for 16, com escore mínimo de 7 e máximo de 26.
Windows, versão 11.43, desenvolvido por Paul M. Gahlinger, Observa-se, na Tabela 2, que 209 pacientes (55,29%) per-
com margem de confiança de 95%, margem de erro de 5% e maneceram em posição supina ou dorsal durante o proce-
proporção de 50%. Os critérios de inclusão foram: idade igual dimento cirúrgico; e para 276 deles (73,01%) a cirurgia teve
ou superior a 18 anos e com cirurgia eletiva agendada, inde- duração de até 2 horas. Em 170 pacientes (44,97%) utilizaram-
pendentemente da especialidade cirúrgica. se coxins de campos de algodão. A posição anatômica foi ado-
Uma das pesquisadoras capacitou sete enfermeiras do tada em 70 (18,51%) e a abertura dos membros superiores, no
CC para aplicar a escala ELPO nos pacientes atendidos nos máximo 90º, em 175 (46,30%). Verificou-se que 234 pacientes
três turnos (manhã, tarde e noite). O período de coleta de (61,69%) não tinham comorbidades que pudessem aumentar
dados foi de janeiro a setembro de 2017. o risco de lesões decorrentes do posicionamento.
A coleta de dados ocorreu diariamente, com o sorteio Pela aplicação da escala ELPO, identificou-se 72 cirur-
gias com maior risco para lesões decorrentes do posiciona-
dos pacientes a partir da escala cirúrgica informatizada.
mento, sendo essas classificadas quanto ao porte cirúrgico:
Utilizando o programa Microsoft® Excel, criou-se na escala
uma coluna com números aleatórios para cada cirurgia,
que foram ordenados de forma crescente, sendo seleciona- Tabela 1. Distribuição dos pacientes cirúrgicos (n=378) de
dos os primeiros sete pacientes da lista. Na sala de admissão acordo com sexo, classificação ASA, porte cirúrgico e Escala de
do CC, os pacientes previamente sorteados eram abordados Avaliação de Risco para Desenvolvimento de Lesão Decorrente
pelo enfermeiro ou técnico de enfermagem, que explicava do Posicionamento Cirúrgico do Paciente, atendidos no centro
o objetivo da pesquisa e investigava o interesse em partici- cirúrgico de um hospital privado. Porto Alegre (RS), 2017.
par do estudo. No caso de aceite, era fornecido o Termo de Frequência
Variáveis
n (%)
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), em duas vias,
ficando uma com o paciente. Em seguida, o paciente era Sexo

conduzido à sala operatória (SO), posicionado e realizava-se Masculino 119 (31,48)


a indução anestésica. Somente após essas etapas concluídas Feminino 259 (68,52)
a enfermeira avaliava o paciente e preenchia uma planilha ASA
manual com dados referentes à escala ELPO; posteriormente, I 162 (42,86)
os dados eram digitados em uma planilha Excel. II 199 (52,64)
A escala ELPO sugere um ponto de corte, pelo qual pacien- III 17 (4,50)
tes com escore igual ou menor a 19 são considerados com Porte cirúrgico
risco menor para o desenvolvimento de lesões decorrentes Pequeno 151 (39,95)
do posicionamento cirúrgico; e pacientes com escore igual Médio 159 (42,06)
ou maior que 20 são considerados com risco maior3. A aná-
Grande 68 (17,99)
lise realizou-se por meio de estatística descritiva, apresen-
Classificação por ELPO
tada em proporção, mediana, média e desvio padrão (DP).
Baixo risco 306 (80,95)
A pesquisa foi registrada na Plataforma Brasil e aprovada
Alto risco 72 (19,05)
pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Instituição, com o CAAE
ELPO: Escala de Avaliação de Risco para Desenvolvimento de Lesão Decorrente do Posicionamento
número 59023916.6.0000.5330. Cirúrgico do Paciente.

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Tabela 2. Distribuição das variáveis avaliadas por meio da Escala 22 de pequeno porte, 22 de médio porte e 28 de grande porte.
de Avaliação de Risco para Desenvolvimento de Lesão Decorrente Dessas, em relação ao posicionamento: 43 pacientes (59,72%)
do Posicionamento Cirúrgico do Paciente em pacientes atendidos estavam em posição litotômica, 14 (19,44%) em decúbito
no centro cirúrgico de um hospital privado. Porto Alegre (RS), 2017. dorsal, 9 (12,50%) em prona, 4 (5,56%) em decúbito lateral
Frequência e 2 (2,78%) em Trendelenburg.
Variáveis da ELPO
n (%)
Idade do paciente (anos)
Entre 18 e 39 115 (30,42) DISCUSSÃO
Entre 40 e 59 150 (39,68)
Entre 60 e 69 75 (19,84) Na amostra investigada, obteve-se um escore médio na escala
Entre 70 e 79 24 (6,35)
ELPO de 16, o que significa baixo risco para desenvolvi-
Acima de 80 14 (3,71)
mento de lesões decorrentes do posicionamento cirúrgico3.
Comorbidades
Sem comorbidades 234 (61,90)
No CC pesquisado, mensalmente, são realizadas em média
Doença vascular 88 (23,28) 2 mil cirurgias, sendo aproximadamente 80% de pequeno
Diabetes mellitus 08 (2,12) e médio porte. Das 72 cirurgias identificadas com maior
Obesidade ou desnutrição 47 (12,44) risco para lesões decorrentes do posicionamento, 22 eram
UP ou neuropatia previamente diagnosticada 01 (0,26) de pequeno porte, 22 de médio porte e 28 de grande porte,
Tempo de duração da cirurgia (horas) portanto, verificou-se que o risco de lesão não estava direta-
Até 1 hora 139 (36,77) mente relacionado ao porte.
De 1 até 2 137 (36,24) O posicionamento é um dos fatores fundamentais para
De 2 até 4 89 (23,55)
a realização de um procedimento seguro e efetivo. Ao posi-
De 4 até 6 12 (3,18)
cionar-se o paciente, é necessário ter cuidado com as articu-
Acima de 6 01 (0,26)
Tipo de anestesia lações dos quadris, joelhos e membros superiores e inferio-
Local 39 (10,32) res, pois lesões nervosas podem ocorrer6 caso a abertura ou
Sedação 71 (18,78) flexão das extremidades sejam maiores que 90º. Em relação
Regional 42 (11,11) à posição dos membros, nos critérios de avaliação apresen-
Geral 217 (57,41) tados na ELPO, identificou-se que 95,23% da amostra foi
Geral + regional 09 (2,38) posicionada dentro dos limites aceitos para abertura e flexão.
Superfície de suporte Observa-se, na Tabela 2, que as posições cirúrgicas
Colchão de viscoelástico + coxins de
120 (31,75) mais utilizadas foram supina ou dorsal (55,29%) e lito-
viscoelástico
Colchão de espuma + coxins de viscoelástico – tômica (22,75%). A posição supina é mais anatômica.
Colchão de espuma + coxins de espuma 88 (23,28) Nela, o aumento da pressão visceral abdominal sobre a veia
Colchão de espuma + coxins de campos de cava inferior reduz o retorno do sangue venoso ao cora-
170 (44,97)
algodão ção7,12. As complicações relacionadas a essa posição ocor-
Sem uso de superfícies de suporte ou rem devido ao posicionamento inadequado e ao tempo pro-
suportes rígidos sem acolchoamento ou –
perneiras estreitas longado13. Na posição litotômica, o paciente é posicionado
Posição dos membros em decúbito dorsal, com os membros inferiores abduzidos,
Posição anatômica 70 (18,51) apoiados sobre um suporte de pernas e elevados, formando
Abertura <90º dos membros superiores 175 (46,30) um ângulo de aproximadamente 90º com a articulação do
Elevação dos joelhos <90º e abertura dos quadril. Essa posição oferece maior risco de complicações
membros inferiores <90º ou pescoço sem 115 (30,42) devido à pressão nas regiões sacra e lombar9, portanto, deve-
alinhamento esternal
Elevação dos joelhos >90º ou abertura dos
se utilizar uma proteção específica, como cobertura ade-
12 (3,17) siva ou coxin de viscoelástico14. A pressão do suporte nas
membros inferiores >90º
Elevação dos joelhos >90º e abertura dos pernas e pés pode trazer danos ao nervo fibular, causando
membros inferiores >90º ou abertura dos 06 (1,60) a “queda” plantar. Quanto maior a flexão dos membros
membros superiores >90º
inferiores sobre o quadril, maior será a pressão intra-abdo-
ELPO: Escala de Avaliação de Risco para Desenvolvimento de Lesão Decorrente do Posicionamento
Cirúrgico do Paciente; UP: Úlcera por Pressão. minal, diminuindo a expansão pulmonar12. Essa posição

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pode causar complicações para qualquer paciente, porém, (52,40%)15. Pesquisas demonstram que a idade tem influência
nos idosos, desnutridos e obesos6,9 são mais graves e frequen- sobre risco de desenvolvimento de lesões, entretanto, não deve
tes13. Em relação ao posicionamento nas 72 cirurgias iden- ser um critério isolado de avaliação16-18. Com relação à idade
tificadas com maior risco para desenvolvimento de lesão, dos pacientes da amostra avaliada, a maioria estava na faixa
evidenciou-se que: 43 pacientes (59,72%) estavam em posi- entre 40 e 59 anos (39,68%).
ção litotômica; 14 (19,44%) em decúbito dorsal; 9 (12,5%) Doenças vasculares predispõem a ocorrência de LP,
em prona; 4 (5,56%) em decúbito lateral e 2 (2,78%) em sendo que 34% dos pacientes que desenvolveram lesão
Trendelenburg. Observou-se, neste estudo, que os pacien- tinham hipertensão arterial sistêmica4 e esse risco aumenta
tes em posição litotômica foram, em sua maioria, classifi- quando associado a outras comorbidades e idade avan-
cados com maior risco para lesão. çada15. Em pacientes com índice de massa corporal menor
Um estudo realizado com o objetivo de avaliar a inci- que 20 ou maior de 30, o sobrepeso e a magreza aumen-
dência de lesão decorrente do posicionamento cirúrgico e tam a fricção e o cisalhamento6,16,19. Na amostra estudada,
apontar os fatores de risco identificou lesões em 12,20%, dos 88 pacientes (23,28%) eram portadores de doença vascular
172 pacientes avaliados. Dos pacientes com lesões, 90,50% e 47 (12,44%) tinham obesidade ou desnutrição. Entretanto,
foram classificados como ASA II e ASA III15. Os dados con- 234 (61,90%) não apresentavam nenhuma comorbidade
tidos na Tabela 1 mostram 57,14% da amostra com classifi- associada ao aumento de risco de lesão, portanto, a maio-
cação de risco anestésico similar ao estudo citado. Pacientes ria possuía menor risco.
ASA III ou mais têm maior risco para o desenvolvimento de Em relação às limitações do estudo, destaca-se que foi rea-
lesões8. No presente estudo, apenas 4,5% foram identifica- lizado em uma única instituição, não tendo sido mensurado
dos como ASA III. o desfecho lesão decorrente do posicionamento. Sugere-se,
Lesões por posicionamento ocorrem com uma frequên- para estudos futuros, que sejam aplicados em outros cená-
cia três vezes maior em pacientes submetidos a cirurgias rios hospitalares, bem como que se faça o acompanhamento
com mais de duas horas15. Com relação ao tempo cirúr- e o registro da ocorrência de lesões nos pacientes avaliados
gico, 102 procedimentos (26,99%) tiveram duração maior com alto risco pela escala ELPO.
que 2 horas e, para 276 pacientes (73,01%) os procedimen-
tos duraram 2 horas ou menos, com menor risco de lesões.
Dois estudos sobre lesões e fatores de risco associaram CONCLUSÃO
a anestesia geral à maior ocorrência de lesões, pelo fato de
reduzir a sensibilidade. Essa é a técnica de escolha em cirur- A aplicação da escala ELPO permitiu determinar uma pre-
gias de grande porte com maior duração e verificou-se inci- valência de 19,05% de pacientes submetidos a procedimen-
dência de lesão de 85,7015 e 75%4 nos pacientes submetidos tos eletivos com risco maior de desenvolvimento de lesões
a esse método anestésico. No presente estudo, a anestesia decorrentes do posicionamento cirúrgico, identificando-se
geral foi utilizada em 217 pacientes (57,41%). que o risco está mais relacionado com a posição cirúrgica do
Em relação às superfícies de suporte utilizadas no posi- que com o porte da cirurgia. O escore médio da ELPO foi
cionamento de pacientes cirúrgicos, os lençóis e cobertores de 16, indicando que a amostra estudada foi composta por
diminuem a sua eficácia8. Na amostra estudada, foram utili- pacientes com menor risco.
zados coxins de campo de algodão em 170 pacientes (44,97%) Considera-se importante este diagnóstico, pois permite ao
e em 120 (31,75%), colchão ou coxins de viscoelástico. enfermeiro direcionar o planejamento do cuidado. A escala
Esses dispositivos oferecem mais benefícios aos pacien- mostrou-se eficaz para qualificar o atendimento do paciente
tes, principalmente aos idosos e em cirurgias com mais de no intraoperatório.
duas horas de duração9. Na instituição na qual este estudo Sugere-se a utilização da escala de ELPO como proto-
foi realizado, os colchões de todas as mesas cirúrgicas são colo de avaliação de risco de lesão para todos os pacientes
de viscoelástico. cirúrgicos, bem como a substituição dos coxins de espuma e
Um estudo sobre fatores de risco para desenvolvimento algodão por coxins de viscoelástico. Pesquisas futuras pode-
de LP evidenciou maior incidência na faixa entre 38 e 58 anos rão mensurar o desfecho de dor musculoesquelética e lesões
(40,60%)16. No entanto, em outra pesquisa esse mesmo des- decorrentes do posicionamento cirúrgico no pós-operatório
fecho ocorreu em pacientes na faixa etária entre 45 e 64 anos imediato, relacionando esses eventos à avaliação de risco.

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