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SISTEMAS DE COMUNICAÇÕES

Feixes Hertzianos

Paula Queluz Fernando Pereira


Livro Recomendado

Feixes Hertzianos
Carlos Salema

FORMATO: 235 X 169 mm


556 Págs.
ISBN: 972-8469-21-7
ANO: 2002 2ª Edição
PVP: € 26,50 (IVA incluído)
Colecção Ensino da Ciência e da Tecnologia - n.º 4

IST PRESS

Sistemas de Comunicações 2
Feixes Hertzianos: características

• Portadoras com frequência elevada ( 1 a 20 GHz), possibilitando a utilização de


antenas bastante directivas (parabólicas), confinando a maior parte da energia
transmitida a um feixe.

• A propagação faz-se “em linha de vista” com saltos máximos de, aproximadamente,
50 km. Para ligações longas ou obstruídas pela orografia do percurso, é necessário
usar estações intermédias que funcionam como repetidores.

Designações inglesas:

– Radio relay links – Ligações rádio com repetidores


– Microwave radio – Rádio em micro-ondas
– Microwave radio relay links

Sistemas de Comunicações 3
Aplicações

• Rede de transporte de televisão (entre os centros de produção


e os principais emissores; ligação aos estúdios móveis)

• Rede telefónica interurbana (embora a perder peso para a fibra óptica)


• Ligações entre estações de base e centros de controlo, nas redes telefónicas móveis
• Acesso local via rádio (FWA – fixed wireless access)

Capacidade (feixes digitais):

– 2 Mbit/s (E1 – 30 canais de voz)


– 8 Mbit/s (E2 – 120 canais de voz)
– 34 Mbit/s (E3 – 480 canais de voz)
– 140 Mbit/s (E4 – 1920 canais de voz ou 4 canais de TV a 34 Mbits/s cada)
– 155 Mbit/s (STM-1 – 1920 canais de voz ou 4 canais de TV a 34 Mbits/s cada)

Sistemas de Comunicações 4
Rede de transporte de Televisão (há uns anos atrás…)

Sistemas de Comunicações 5
Feixes Hertzianos em Comunicações Móveis

Sistemas de Comunicações 6
Antenas

• As antenas utilizadas são do tipo reflector alimentado no foco por um guia de ondas
encurvado e truncado. O reflector é um parabolóide de revolução, com diâmetro
habitualmente compreendido entre 1 e 4 m. Em alguns casos, poderá recorrer-se a
cornetas reflectoras.

Sistemas de Comunicações 7
Antenas (cont.)

Sistemas de Comunicações 8
Estruturas de suporte das antenas

• Torres de Emissão/Recepção – consoante a importância da estação, a frequência da


ligação e a altura das antenas acima do solo, as torres podem ser:

a) estruturas metálicas, muito simples, autosuportadas, para alturas até  6 m


b) estruturas metálicas, simples, espiadas, para alturas até  100 m
c) estruturas metálicas, mais complexas, autosuportadas, para alturas até  100 m
d) estruturas complexas (metálicas ou de betão) para alturas entre 30 e 300 m

Sistemas de Comunicações 9
Emissores/Receptores

• Os emissores e os receptores podem estar localizados em edifício próprio, na base da


torre, quando esta é uma simples estrutura de suporte, ou junto da antena (no alto da
torre) nas instalações de maiores dimensões.
• A ligação dos emissores e receptores à antena é feita por cabo coaxial ou, quando a
frequência é igual ou superior a cerca de 2 GHz, por guia de ondas.

Guia de ondas Guia de ondas

Fibra óptica Fibra óptica

... Central E/R E/R Central ...


telefónica telefónica

Sistemas de Comunicações 10
Secção radioeléctrica

• Cada par emissor-receptor de uma ligação unidireccional, em conjunto com as


respectivas antenas, guias de ondas e o próprio meio de propagação entre antenas, é
designado por secção radioeléctrica.

f1 f1´
Secção
radioeléctrica
f1´ f1

E( f1 ) R( f1 ) E( f1’ ) E( f1 )

R( f1’ ) E( f1’ ) R( f1)


R( f1’ )

Sistemas de Comunicações 11
Planos de frequência

• Em cada secção radioeléctrica, a portadora, modulada pelo sinal a transmitir, ocupa


um canal radioeléctrico (ou simplesmente canal).
• Os canais rádioeléctricos susceptíveis de serem utilizados numa ligação em feixes
hertzianos dependem da capacidade do feixe (i.e., débito binário do sinal que está a ser
transmitido) e do tipo de serviço/aplicação, e são regulados a nível internacional pela
ITU-R e a nível nacional pela ANACOM.

– A largura espectral disponível para cada banda de frequências (definida por f0) é dividida em
duas metades. Em cada estação, os canais de emissão situam-se todos numa mesma
semibanda e os canais de recepção na outra semibanda.

Exemplo: LB disponível
1 2 ... n 1‟ 2‟ ... n‘
f1 f2 fn f0 f1´ f2´ fn´ f
canais de emissão canais de recepção

Sistemas de Comunicações 12
Planos de frequência (cont.)

• As secções radioeléctricas correspondentes aos sinais de ida e de retorno de uma


ligação bidireccional devem utilizar canais diferentes.
• As secções radioeléctricas adjacentes, da mesma ligação, não podem usar os mesmos
canais de ida, devido ao risco de retroalimentação entre o emissor e o receptor na
estação repetidora.
• As secções radioeléctricas adjacentes podem utilizar os mesmos canais, desde que os
de ida de uma secção, sejam os de retorno nas secções adjacentes, e vice-versa.

f1 f1´
Secção
radioeléctrica
f1´ f1

E( f1 ) R( f1 ) E( f1’ ) E( f1 )

R( f1’ ) E( f1’ ) R( f1)


R( f1’ )

Sistemas de Comunicações 13
Projecto de uma ligação digital em
Feixes Hertzianos

Dados do Problema

• Localização dos pontos terminais da ligação


• Número de canais telefónicos/vídeo a disponibilizar
• Banda de frequências e largura de banda disponíveis para os canais/serviço
pretendidos

Objectivos do Projecto

• Respeito das normas de qualidade – taxas de erro – reconhecidas internacionalmente


(ITU-R), minimizando o custo do projecto.

• Respeito das normas de fiabilidade – % de tempo em que a ligação está disponível –


reconhecidas internacionalmente (ITU-R), minimizando o custo do projecto.

Sistemas de Comunicações 14
Projecto de uma ligação digital em
Feixes Hertzianos (cont.)

Elementos a Especificar

• Canais radioeléctricos a usar (dentro dos disponíveis)


• Diâmetro, localização e orientação das antenas
• Altura e tipo de mastros
• Potência dos emissores
• Tipo de modulação (usualmente, M-QAM)
• Localização e tipo de repetidores
• Tipo e comprimento de guias
• Uso e tipo de diversidade e/ou igualação

Sistemas de Comunicações 15
Escolha do percurso

Sistemas de Comunicações 16
Cartas Militares

Curvas de nível espaçadas de 10 m (em altitude)

Sistemas de Comunicações 17
Escolha do percurso - critérios

• Estações terminais em pontos altos de modo a obter, se possível, linha de vista

• Estações repetidoras (passivas ou activas) em linha de vista, com saltos tão longos
quanto possível, de modo a minimizar o número de estações repetidoras

• Estações terminais localizadas de modo a evitar a influência das reflexões

• Estações terminais tão próximas quanto possível das origens e destinos do tráfego
(ligação por cabo coaxial ou fibra óptica)

• Estações terminais com fácil acesso e fornecimento fiável de energia

• Estações terminais e repetidores com baixo impacto ambiental

Sistemas de Comunicações 18
Perfil da ligação

• Percurso directo

Nota: escalas vertical e horizontal


muito diferentes
• Percurso alternativo

Sistemas de Comunicações 19
Como relacionar pR com pE ?

pE pR

E( f ) R( f )
d

Assume-se propagação em espaço livre


(ausência da atmosfera e da superfície da Terra)

Sistemas de Comunicações 20
Densidade de potência (S) criada por uma antena

S = prad / (4d2) W/m2


prad d

Antena
emissora
prad = pE gE : potência radiada pela antena

pE : potência de alimentação da antena

gE : ganho da antena (depende da direcção)

S : densidade de potência criada pela


antena a uma distância d

Sistemas de Comunicações 21
Potência captada por uma antena

S = prad / (4d2) w/m2

pR = S.aeff (W)
prad d
Antena
receptora
Antena
emissora pR : potência captada pela antena receptora

aeff : área eficaz da antena receptora (m2)


4
gR  aeff
2

gR : ganho da antena receptora (depende da


direcção)

Sistemas de Comunicações 22
Propagação em espaço livre

Considere-se um modelo simples duma ligação, formada por 2 antenas, em espaço


livre, no vazio. Sejam:
o d – a distância entre antenas
o f – a frequência da ligação
o gE - o ganho da antena emissora na direcção da antena receptora
o pE - a potência do emissor

• Se as 2 antenas estiverem suficientemente afastadas, a densidade de potência (fluxo do


vector de Poynting) colocada na antena receptora é:
S  pE g E /(4 d 2 )
• A potência disponível à entrada do receptor virá:
pR  S.aeff  pE g E g R 2 /((4 ) 2 d 2 )
onde aeff é a área efectiva da antena receptora na direcção da antena emissora e gr é o
seu ganho na mesma direcção
aeff  (2 / 4 ) g R

Sistemas de Comunicações 23
Propagação em espaço livre (cont.)

• A potência disponível aos terminais de entrada do receptor é normalmente expressa


em unidade logarítmicas, vindo:
PR  PE  GE  GR  L fs (dB m , dB W ) Fórmula de Friis
com
PE , R  10 log( pE , R / p0 ), p0  1mW ou 1W
GE , R  10 log( g E , R )

sendo Lfs a atenuação em espaço livre


L fs  10log( 2 /(( 4 ) 2 d 2 )) ou
L fs  32.4  20 log d (km)  20 log f (MHz ) (dB)

• Para as antenas parabólicas tem-se:

G  20log ( D /  ) 10log  (dB)


sendo D o diâmetro da antena e  o seu rendimento de abertura ( 0.5)

Sistemas de Comunicações 24
Factores que condicionam a potência recebida em
condições reais de propagação

• Atenuação provocada pelos guias de emissão e recepção

• Atenuação provocada pelos obstáculos

• Reflexões no terreno

• Efeito da curvatura da Terra

• Atenuação devida aos gases atmosféricos

• Efeitos refractivos da atmosfera

• Atenuação devida à chuva

• Desvanecimento (fading) multipercurso

Sistemas de Comunicações 25
Factores que condicionam a potência recebida em
condições reais de propagação

• Atenuação provocada pelos guias de emissão e recepção

• Atenuação provocada pelos obstáculos

• Reflexões no terreno

• Efeito da curvatura da Terra

• Atenuação devida aos gases atmosféricos

• Atenuação devida à chuva

• Efeitos refractivos da atmosfera

• Desvanecimento (fading) multipercurso

Sistemas de Comunicações 26
Atenuação dos guias

guia de ondas guia de ondas

pE pR
E( f ) R( f )

aE , aR – atenuações dos guias de emissão e recepção


AE,R = 10 log10 (aE,R) dB

PR  PE  GE  GR  AE  AR  L fs (dBm , dBW )

Sistemas de Comunicações 27
Atenuação dos guias (cont.)

Sistemas de Comunicações 28
Factores que condicionam a potência recebida em
condições reais de propagação

• Atenuação provocada pelos guias de emissão e recepção

• Atenuação provocada pelos obstáculos

• Reflexões no terreno

• Efeito da curvatura da Terra

• Atenuação devida aos gases atmosféricos

• Atenuação devida à chuva

• Efeitos refractivos da atmosfera

• Desvanecimento (fading) multipercurso

Sistemas de Comunicações 29
Influência dos Obstáculos: Elipsóides de Fresnel

• Considere-se uma ligação via rádio, na frequência f (comprimento de onda ), com
antenas pontuais, uma em E e outra em R, à distância d tal que d >> :

Z
E d R

• O ponto P pertence ao enésimo elipsóide de Fresnel se:



EP  PR  d  n
2

Sistemas de Comunicações 30
Raio do Elipsóide de Fresnel

r
Z
E
z R
d


EP  PR  d  n
2


z 2  r 2  (d  z ) 2  r 2  d  n
2
z (d  z )
se r  | z |, | d  z | 
r 12
( 
1
)n
 r  n 
2 z dz 2 d

Sistemas de Comunicações 31
Elipsóides de Fresnel (cont.)

• se n =1 1o elipsóide de Fresnel

z (d  z )
r1    : raio do 1o elipsóide de Fresnel
d

r
r

z
• Pode-se demonstrar que a atenuação entre duas antenas, mesmo na presença de obstáculos,
é praticamente igual à atenuação em espaço livre desde que os obstáculos não entrem no 1o
elipsóide de Fresnel. Se isso não se verificar, é necessário calcular a atenuação introduzida
pelos obstáculos (existem vários métodos de cálculo).
• Uma vez que muitos dos raios que viajam dentro do 1º elipsóide de Fresnel correspondem a
variações pequenas de fase, esses raios vão interferir construtivamente no receptor; outros
raios, (p. ex., os do 2º elipsóide) interferem destrutivamente.

Sistemas de Comunicações 32
Factores que condicionam a potência recebida em
condições reais de propagação

• Atenuação provocada pelos guias de emissão e recepção

• Atenuação provocada pelos obstáculos

• Reflexões no terreno

• Efeito da curvatura da Terra

• Atenuação devida aos gases atmosféricos

• Atenuação devida à chuva

• Efeitos refractivos da atmosfera

• Desvanecimento (fading) multipercurso

Sistemas de Comunicações 33
Relembrar ... Influência da diferença de percursos

r
Supõe-se campo eléctrico com polarização horizontal r + r

2
E j r
Campo eléctrico associado ao raio directo (percurso r): E1 (r )  0 e 
r

2
E0  j  ( r  r )
Campo eléctrico associado a um raio refractado (percurso r + r): E ( r )  e
r  r
2

2 2
E  j (r ) E0  j  ( r  r )
Et  E1 (r )  E2 (r )  0 e   e
∆
Campo eléctrico resultante:
r r  r
2 2 2 2
 j (r ) 1 1 j r E0  j  r j r
 E0 e 
(  e 
) e (1  e 
)
r r  r r

 Et=0 para ∆=(2n+1)π ou ∆r =(2n+1)λ/2


(campos em oposição de fase)

Sistemas de Comunicações 34
Influência da presença da Terra
1- Terra plana e reflectora perfeita
raio directo (tensão ud à entrada do receptor)
E raio reflectido (tensão ur à
R entrada do receptor)

he
hr

Ponto especular
(coeficiente de reflexão: R exp(j) )

• Para o raio directo, demonstrou-se que pR  S.aeff  pE g E g R 2 /((4 ) 2 d 2 )

ud  Z pR  Zp E g E g R 
4 d Coeficiente de reflexão
• Para o raio reflectido Variação na fase devido à
diferença de percursos
ur  Z pE g Ee g Re  R exp( j ) exp( j )
4 d r

geE,R: ganho das antenas emissora e receptora, na direcção do ponto especular

Sistemas de Comunicações 35
Influência da presença da Terra
1- Terra plana e reflectora perfeita (cont.)
raio directo (tensão ud)
E raio reflectido (tensão ur)
R

he
hr

Ponto especular
(coeficiente de reflexão: R exp(j) )

ge ge
• Se d >> he,hr  u u
r d
E R R exp( j ) exp(  j  )
g g
E R
4 he hr Ângulo de atraso devido à
em que  
 d diferença de percursos

• geE,R: ganho das antenas emissora e receptora, na direcção do ponto especular

Sistemas de Comunicações 36
Influência da presença da Terra
1- Terra plana e reflectora perfeita (cont.)
• Se R1 e  =  (típico para polarização horizontal c/ incidências rasantes):

| u d  u r |2    
P   P  20 log 2 sin  : potência total recebida
Rt Z R 10   2 

4 he hr
 
 d

• Devido à presença da atmosfera,  varia ao longo do tempo (!)

Sistemas de Comunicações 37
Influência da presença da Terra
2- Terra plana e difusora

• A Terra não é um reflector perfeito, apresentando alguma rugosidade. Em


consequência, existe uma área em torno do ponto especular (e cuja dimensão depende
das características do terreno, como a rugosidade) a contribuir com potência dispersa
na direcção da antena receptora.

 Área activa de dispersão

• Em termos de projecto, é usual exigir que:

PS  PD  10 dB

potência dispersa potência directa

Sistemas de Comunicações 38
Influência da presença da Terra
3- “Remédios” contra as reflexões

• Evitar que as ligações atravessem zonas planas muito extensas (mar, lagos ou
pântanos)

• Utilizar antenas suficientemente directivas (aumenta a discriminação raio


directo/raio reflectido)

• Inclinar as antenas para cima (idem)

• Colocar uma antena muito mais elevada que a outra (aproxima a zona das
reflexões da antena mais baixa)

• Escolher a altura/localização das antenas, de modo a que o próprio terreno


obstrua o raio reflectido

• Utilização de diversidade espacial

Sistemas de Comunicações 39
Factores que condicionam a potência recebida em
condições reais de propagação

• Atenuação provocada pelos guias de emissão e recepção

• Atenuação provocada pelos obstáculos

• Reflexões no terreno

• Efeito da curvatura da Terra

• Atenuação devida aos gases atmosféricos

• Atenuação devida à chuva

• Efeitos refractivos da atmosfera

• Desvanecimento (fading) multipercurso

Sistemas de Comunicações 40
Influência da presença da Terra
4- Terra esférica

• Designa-se por radiorizonte (drh) de uma antena colocada à altura h sobre a Terra de
raio re , a distância, medida à superfície da Terra, entre a base da antena e o ponto no
qual o raio emitido pela antena é tangente à superfície da Terra.

Radiorizonte – (drh) – da antena

d rh  2re h

• A presença da Terra esférica, além de introduzir reflexões com consequências


análogas às atrás referidas, vai limitar a distância máxima de propagação em espaço
livre entre duas antenas.
 dmáx 2× drh  50 km

Sistemas de Comunicações 41
Radiorizonte

dmax

drh

h h
re

re

re: raio equivalente da Terra


(re  h) 2  r 2  d rh2
e

 d rh  2hre (pois re  h)
 d max  2 2hre

Para h=50 m e re=r0=6370 km  dmax=50 km (Nota: r0 é o raio físico da Terra )

Sistemas de Comunicações 42
Influência da presença da Terra
4- Terra esférica

• Designa-se por radiorizonte (drh) de uma antena colocada à altura h sobre a Terra de
raio re , a distância, medida à superfície da Terra, entre a base da antena e o ponto no
qual o raio emitido pela antena é tangente à superfície da Terra.

Radiorizonte – (drh) – da antena

d rh  2re h

• A presença da Terra esférica, além de introduzir reflexões com consequências


análogas às atrás referidas, vai limitar a distância máxima de propagação em espaço
livre entre duas antenas.
 dmáx 2× drh  50 km

Sistemas de Comunicações 43
Influência da atmosfera nas ligações em FH

A presença da atmosfera manifesta-se através de três efeitos principais:

• Atenuação suplementar devido aos gases constituintes da atmosfera (principalmente


O2 e H2O) e aos hidrometeoritos (chuva, nevoeiro, granizo, neve)

• Alteração dos raios de onda que deixam de ser rectilíneos (função do índice de
refracção da atmosfera)

• Desvanecimento multipercurso

Sistemas de Comunicações 44
Factores que condicionam a potência recebida em
condições reais de propagação

• Atenuação provocada pelos guias de emissão e recepção

• Atenuação provocada pelos obstáculos

• Reflexões no terreno

• Efeito da curvatura da Terra

• Atenuação devida aos gases atmosféricos

• Efeitos refractivos da atmosfera

• Atenuação devida à chuva

• Desvanecimento (fading) multipercurso

Sistemas de Comunicações 45
Atenuação devida ao O2 e ao H2O

• Teoricamente:
d
Aa (dB)   [ o ( x)   w ( x)] dx
0
onde
– x: comprimento medido ao longo do raio directo (km)
– O : coeficiente de atenuação devido ao O2 (dB/km)
– w: coeficiente de atenuação devido ao H2O (dB/km)

(O e w dependem da frequência, temperatura, pressão e humidade)

• Para percursos na baixa troposfera:


Aa (dB)  ( o0   w0 ) d

• Esta forma de atenuação é normalmente desprezável para frequências inferiores a 10 GHz.

Sistemas de Comunicações 46
Atenuação específica do O2 e do H2O

Sistemas de Comunicações 47
Factores que condicionam a potência recebida em
condições reais de propagação

• Atenuação provocada pelos obstáculos

• Reflexões no terreno

• Efeito da curvatura da Terra

• Atenuação devida aos gases atmosféricos

• Efeitos refractivos da atmosfera

• Atenuação devida à chuva

• Desvanecimento (fading) multipercurso

Sistemas de Comunicações 48
Efeitos refractivos da atmosfera

n5
n4
h
n3
n2 2

n1 1

• Índice de refracção do meio i

ni=c0 /ci
onde
– c0: velocidade da luz no vácuo
– ci: velocidade da luz no meio i
• Lei da refracção: n1sin1= n2sin2  se n1> n2  2> 1

• Como n1> n2 > n3 > n4 > n5, a trajectória dos raios não é rectilínea mas torna-se convexa.

Sistemas de Comunicações 49
Efeitos refractivos da atmosfera (cont.)

• O índice de refracção da atmosfera – n – é uma função da pressão atmosférica (pa), da


pressão de vapor de água (e) e da temperatura (T)
• Para as frequências habituais, o índice de refracção é dado por:
n  1  N 106

em que N, a refractividade, é dada por:

77.6 4810 e
N ( pa  )
T T

• Para condições médias – pa =1017 mb, e=10 mb (50% de humidade relativa), T=291.3
K (18o C) => N=315 e n=1.000315.

• A variação do índice de refracção com a altitude (h, em km) pode ser expressa por:
n(h)  1  a exp( bh)
onde a e b são constantes determinadas estatisticamente para cada clima. Para a
atmosfera padrão a=0.000315; b=0.136 km-1

Sistemas de Comunicações 50
Efeitos refractivos da atmosfera (cont.)

• Se a variação de n com h for aproximada por uma expressão linear do tipo

n(h)  n0  n.h

válida sobretudo na baixa atmosfera, é possível demonstrar que o efeito da curvatura


dos raios é equivalente à consideração de raios rectilíneos sobre uma Terra esférica
e com um raio equivalente dado por:

re= ke r0
com
1
ke 
r
1  0 n
n0
r0  6 370 km (raio físico da Terra)

• Em Portugal: n0=1.000315; n=4010-6 km-1  ke=1.34

Sistemas de Comunicações 51
Efeito do valor de ke no percurso dos raios de onda

• Modelo físico: raio da Terra fixo e percurso variável

• Modelo prático: percurso fixo (rectilíneo) e raio da Terra variável

Sistemas de Comunicações 52
Cálculo de CCIP em Feixes Hertzianos

Potência recebida em condições ideais de propagação (CIP)

= 0PRCIP
CCIPC PR0=  PE  GE  GR  L fs  Aadicional (dBm , dBW )

Aadicional  Aguia_ E  Aguia_ R  Aatmosfera  Aobstáculo

(Nota: em condições CIP não se considera nem a chuva nem o desvanecimento)

Sistemas de Comunicações 53
Feixes Hertzianos - Cálculo de (C/N)CIP

• Seja CCIP PRCIP, a potência recebida em condições ideais de propagação (sem


desvanecimento, sem chuva)
• A potência de ruído à entrada do receptor, é:
nin  kTBW

onde k=1.3810-23 J/K é a constante de Boltzman, T é a temperatura em Kelvin e BW é


a largura de banda equivalente de ruído, em Hz.

• Para a maioria dos sistemas de feixes, a antena receptora „vê‟ a Terra como uma fonte
de ruído à temperatura ambiente ( 290 K), vindo
Nin  204  10 log BW (dBW )
• O ruído à saída do receptor (mas referido à sua entrada), obtém-se adicionando o
factor de ruído do receptor, F, vindo

Nout  Nin  F (dBW ) e (C/N)CIP= CCIP - Nout

Sistemas de Comunicações 54
Relação entre eb/n0 e c/n em sistemas com
modulações digitais

• Para ruído de origem térmica tem-se:

n  n0 BW (W )
com n0=kT (W/Hz).

• Tem-se também: eb  cTb


onde
eb : energia (média) de bit
c  s : potência média da portadora
Tb : período de bit

• Deste modo: eb c Bw

n0 n f b

Eb C B
ou, em unidades logarítmicas (dB)   10 log( w )
N0 N fb

Sistemas de Comunicações 55
Factores que condicionam a potência recebida em
condições reais de propagação

• Atenuação provocada pelos guias de emissão e recepção

• Atenuação provocada pelos obstáculos

• Reflexões no terreno

• Efeito da curvatura da Terra

• Atenuação devida aos gases atmosféricos

• Efeitos refractivos da atmosfera

• Atenuação devida à chuva

• Desvanecimento (fading) multipercurso

Sistemas de Comunicações 56
Atenuação devida à chuva

• A atenuação sofrida pelo feixe na presença de chuva deve-se a


dois mecanismos: perdas nas gotas de água (que são aquecidas) e dispersão.

• A ITU-R propõe o seguinte método de cálculo da atenuação devida à chuva, não excedida em
mais de p por cento do tempo, anualmente, numa ligação em FH com o comprimento d (em
km), à frequência f (em GHz) :

1. Obter a intensidade de precipitação Ri0.01 ultrapassada apenas durante 0.01 % do tempo


(em Portugal entre 32 e 42 mm/h);

2. Calcular o coeficiente de atenuação (dB/km) para Ri0.01

 r  k Ri0.01

onde k e  dependem de f e da polarização (valores usuais encontram-se tabelados).

Sistemas de Comunicações 57
Atenuação devida à chuva (cont.)

3. Calcular o comprimento eficaz do percurso – def – a partir do comprimento real d da


ligação (Ri não é uniforme ao longo de toda a zona de chuva)
d
d ef 
d
1
35 exp( 0.015Ri0.01 )
4. Calcular a atenuação devida à chuva não excedida em mais de 0.01% do tempo

Ar(0.01)   r def

5. Calcular a atenuação não excedida mais de p% do tempo

Ar( p)  Ar(0.01) 0.12 p (0.546 0.043 log10 p)

• A atenuação devida à chuva aumenta com a frequência, podendo ser o factor mais
limitativo para ligações em FH acima de f=10 GHz.
• Não são normalmente considerados no projecto de FH:
– A atenuação devida ao nevoeiro (inferior à atenuação da chuva fraca)
– A atenuação devida ao granizo (baixa probabilidade de ocorrência)

Sistemas de Comunicações 58
Atenuação devida à chuva: Exemplo de cálculo

Considere uma ligação em feixes hertzianos com 50 km de comprimento, à frequência de 4


GHz. Determinar o valor da atenuação devida à chuva não excedido em mais de 310-3 %
do tempo (considere que a polarização é horizontal).

– admite-se Ri0.01= 42 mm/h


– de [1] tira-se, para f=4 GHz e polarização horizontal: k=0.00065 e =1.121, o que conduz a
um coeficiente de atenuação de r = 4.29 10-2 dB/km
– 50
d ef   13.58 km
50
1
35 exp( 0.015 42)

– Ar(0.01)  4.29102 13.58  0.58 dB

– Ar(0.003)  0.58  0.12  0.003(0.5460.043 log 10


0.003)
 0.88 dB

Sistemas de Comunicações 59
Factores que condicionam a potência recebida em
condições reais de propagação

• Atenuação provocada pelos guias de emissão e recepção

• Atenuação provocada pelos obstáculos

• Reflexões no terreno

• Efeito da curvatura da Terra

• Atenuação devida aos gases atmosféricos

• Efeitos refractivos da atmosfera

• Atenuação devida à chuva

• Desvanecimento (fading) multipercurso

Sistemas de Comunicações 60
Desvanecimento

Profundidade do
fading (dB)
p=pn

• Se
– pn  potência recebida em condições ideais de propagação (sem fading)
– p0 potência recebida em condições reais de propagação (com fading), no instante t

 a profundidade do fading no instante t em que se recebe a potência p0 é


F(dB) = 10 log10 (pn / p0)

Sistemas de Comunicações 62
Desvanecimento multi-percurso: modelo dos 3 raios

Raio refractado 2

Raio refractado 1

Raio directo

R
E

• Se
– Raio directo: amplitude unitária e atraso nulo
– Raio refractado 1: amplitude a1 e atraso 1
– Raio refractado 2: amplitude a2 e atraso 2, 2 >> 1

 H(w)=1+a1exp[-jw1]+ a2exp[-jw2] (função de transferência do canal)


• Se 2 >> 1 então:
H(w)  a { 1+b exp[-jw] }, = 2 e ab=a2 e a=1+a1
independente de f dependente de f
(desvanecimento uniforme) (desvanecimento selectivo)

Sistemas de Comunicações 63
Desvanecimento uniforme

O desvanecimento uniforme (constante na banda do sinal) pode ser visto como mais
uma forma de atenuação que contribui para baixar o valor da potência recebida.

Profundidade do
fading (dB) p=pn
p=p1
p=p2

pn fracção do tempo em que a potência recebida é inferior ou igual a p1


P( p  p1 )  P( fading  )
p1 fracção do tempo em que o desvanecimento uniforme é superior a pn/p1

p0
se p2  p1  P( p  p2 )  P( p  p1 ) P( p  p0 )  k
pn

Sistemas de Comunicações 64
Desvanecimento uniforme: exemplos

• Exemplo 1: Para garantir, em condições reais de propagação (i.e., com fading), que
p  pobj em 99,9% do tempo
pobj
P( p  pobj )  1  0.999  0.001  k
pn
ou
pobj
pn  k : potência a garantir em condições ideais (i.e., sem fading) de
0.001 propagação (PRCIP )

• Exemplo 2: Para garantir, em condições reais de propagação, que p  pobj em 99,99% do


tempo pobj
P( p  pobj )  1  0.9999  0.0001  k
pn
ou
pobj
pn  k : potência a garantir em condições ideais de propagação (PRCIP )
0.0001

Sistemas de Comunicações 65
Desvanecimento uniforme – modelo teórico

• Admite-se número elevado de percursos, em que um é preponderante (em termos de


amplitude do sinal recebido) em relação aos demais.

pmr: mediana da potência recebida


pa: potência correspondente à
componente dominante
pm: mediana da potência correspondente
às componentes aleatórias

p0
P( p  p0 )  k
pmr

Sistemas de Comunicações 66
Desvanecimento uniforme – modelo empírico

A ITU-R consagrou o seguinte modelo empírico para a caracterização do


desvanecimento uniforme:

• Probabilidade da potência recebida, p, ser igual ou inferior a p0, no mês mais


desfavorável (Europa Ocidental): k

p0
P( p  p0 )  1.4  108 f d 3.5 [d ]  km; [ f ]  GHz
pn
(também: fracção do tempo em que a potência recebida é inferior ou igual a p0 ou,
doutro modo, fracção do tempo em que o desvanecimento é superior a pn/p0)

• O desvanecimento não excedido em mais de P100 % é dado por:

pn / p0  1.4 108 f d 3.5 /P( p  p0 ) [d ]  km; [ f ]  GHz

Sistemas de Comunicações 67
Desvanecimento multi-percurso: modelo dos 3 raios

Raio refractado 2

Raio refractado 1

Raio directo

R
E

• Se
– Raio directo: amplitude unitária e atraso nulo
– Raio refractado 1: amplitude a1 e atraso 1
– Raio refractado 2: amplitude a2 e atraso 2, 2 >> 1

 H(w)=1+a1exp[-jw1]+ a2exp[-jw2] (função de transferência do canal)


• Se 2 >> 1 então:
H(w)  a { 1+b exp[-jw] }, = 2 e ab=a2 e a=1+a1
independente de f dependente de f
(desvanecimento uniforme) (desvanecimento selectivo)

Sistemas de Comunicações 68
Desvanecimento selectivo

Variação, com f, do módulo da função de transferência do canal


|H(w)|  |1+b exp[-jw]|

• As características distorcivas do canal (atenuação e atraso de grupo variáveis com f),


vão originar interferência intersimbólica (i.i.s.) nas ligações digitais.
• Sendo  da ordem de 6 ns (1/ = 167 MHz), os efeitos do desvanecimento selectivo são
desprezáveis nos sistemas a 2 Mbit/s (1a hierarquia PDH - Plesiochronous Digital
Hierarchy), têm pouca importância nos sistemas a 8 Mbit/s (2a hierarquia PDH), são já
importantes nos sistemas a 34 Mbit/s (3a hierarquia PDH) e são decisivos nos sistemas
de maior capacidade (3a hierarquia PDH e hierarquias SDH).
Sistemas de Comunicações 69
Margem para desvanecimento

• Viu-se atrás que a probabilidade, P, de a potência recebida, p, ser igual ou inferior a


p0, pode ser estimada por uma expressão do tipo:

p0
P( p  p0 )  k
pn

• Designando por m=pn/p0, a margem da ligação, a expressão anterior virá:

k
P( p  p0 ) 
m

• Identificando p0 como a potência na recepção correspondente a uma dada taxa de


erros binários (BER), a probabilidade de a potência recebida ser inferior a p0 é
equivalente à probabilidade daquela taxa de erros ser excedida, Pc.

Sistemas de Comunicações 70
Margem para desvanecimento (cont.)

• Segundo a ITU-R, a probabilidade da taxa de erros (ou BER) ser excedida pode ser
decomposta em duas parcelas, Pc = Pu+Ps , em que:
– Pu: causada pelo desvanecimento uniforme (i.e., devida à atenuação)
– Ps: causada pelo desvanecimento selectivo (i.e., devida à i.i.s.)

correspondendo-lhe uma decomposição equivalente da margem


1 1 1
 
m mu ms
com
– mu: margem para desvanecimento uniforme
– ms: margem para desvanecimento selectivo (característica do equipamento receptor)
– m: margem da ligação (ou margem real)

• De notar que, para os feixes de baixa capacidade (caso em que se pode desprezar o
efeito do desvanecimento selectivo), tem-se: m=mu; normalmente tem-se m<mu.

Sistemas de Comunicações 71
Exemplo de cálculo

Considere-se uma ligação em feixes digitais a 140 Mbit/s (sinal PDH-E3), com 50 km de
comprimento, à frequência de 4 GHz. A modulação utilizada é 16-QAM. A relação (C/N)CIP à
entrada do receptor, em condições ideais de propagação (sem desvanecimento) é de 65 dB. A
margem para desvanecimento selectivo é de 30 dB. Verificar se, em condições reais de
propagação (i.e., com desvanecimento multi-percurso), é possível garantir, em 99.9 % do
tempo, uma taxa de erros binários (BER) não superior a 10-5.

– Para 16-QAM e um BER de 10-5, deve-se ter Eb/N0= 13.5 dB ou, atendendo a que C/N=
=Eb/N0+10log(fb/Bw) e Bw= fb /log2M = 35 MHz (supondo filtros de Nyquist), C/N=19.5 dB
– A margem uniforme da ligação é: Mu= (C/N)CIP - C/N = 65-19.5 = 45.5 dB
– A margem real da ligação é: m=(1/mu+1/ms)-1= (10-4.55+10-3)-1103
– Com esta margem real, o BER de 10-5 é excedido em :
k
1
P( p  p0 )  1.4 108 f d 3.5 [d ]  km;[ f ]  GHz
m

= 4.95  10-3 %
É possível garantir a qualidade desejada !

Sistemas de Comunicações 72
BER do M-QAM

Sistemas de Comunicações 73
Redução dos efeitos do desvanecimento

• Para diminuir os efeitos do desvanecimento, nem sempre é económico, possível ou


eficaz aumentar o valor da potência recebida, por aumento da potência emitida e/ou
dos ganhos das antenas.
• Para reduzir os efeitos do desvanecimento selectivo, particularmente graves para os
sistemas de maior capacidade, têm sido aplicadas as seguintes técnicas:
– igualação adaptativa no domínio da frequência e/ou no domínio do tempo
– diversidade de espaço
– diversidade de frequência
– associação da diversidade com igualadores adaptativos

Nota: a igualação deverá ser adaptativa já que o canal de transmissão (atmosfera) varia ao
longo do tempo

• A diversidade (espaço ou frequência) é igualmente eficaz no combate ao


desvanecimento uniforme.

Sistemas de Comunicações 74
Igualação adaptativa

Factor de aumento da margem para desvanecimento selectivo, para diferentes tipos de


igualadores, num sistema a 140 Mbit/s com modulação 16-QAM:
Dispositivos Factor de aumento da margem selectiva
Fase mínima (b<1) Fase não mínima (b>1)
imp inmp
Igualador adaptativo no 4.5 4.5
domínio da frequência
Igualador adaptativo no 490 22
domínio do tempo
Associação de igualadores 490 35
no domínio da frequência e
do tempo

 .5 1
( i0mp.5  i0nmp ) para d  40 km
 .2 1
is   ( i0mp.8  i0nmp ) para d  20 km i.i.s. provocada por raios que
( k1  k2 ) 1 para 40 km  d  20 km chegam em avanço relativamente ao
 imp inmp raio directo
40  d 40  d
k1  0.5  0.3 ; k2  0.5  0.3
20 20 i.i.s. provocada por raios que
chegam atrasados relativamente ao
• Margem selectiva com igualação: ms’= msis raio directo

Sistemas de Comunicações 75
Diversidade

• Mostra a experiência que o desvanecimento rápido por multi-percurso é pouco


correlacionado
– em receptores cujas antenas estejam suficientemente afastadas (algumas dezenas de
metros);
– em receptores que utilizem frequências diferentes (separadas de alguns MHz).

Escolhendo o melhor dos sinais ou combinando-se adequadamente os sinais recebidos,


consegue-se um sinal onde o desvanecimento é muito menos intenso.

• Quando num percurso o sinal recebido é


obtido a partir da combinação de N sinais
distintos, diz-se que se utiliza diversidade
de ordem N.

Sistemas de Comunicações 76
Diversidade dupla de espaço

E dc Combinador

• Factor de melhoria (combinação por escolha do sinal mais intenso)


gs m
ie  1.21 103.d c2 f ( ). Condições de validade:
gp d •1 gs/ gp 0.25
onde
•11 f (GHz)2
– dc: distância entre os centros das antenas
– gp, gs : ganhos das antenas principal e secundária •65 d (km)22.5
– m: margem real ou selectiva, sem diversidade •25 dc(m) 5
•10-3 m 10-5
• Margem selectiva, com diversidade: ms’= msie •200 ie 10
• Margem real, com diversidade: mr’= mrie

Sistemas de Comunicações 77
Diversidade dupla de frequência

E (f1) R (f1)
Combinador

R (f2)
E (f2)

• Factor de melhoria (combinação por escolha do sinal mais intenso)


80.5 f g s Condições de validade:
if  .m
f d f gp •1 gs/ gp 0.25
onde
•11 f (GHz)2
– f: separação entre frequências (GHz)
•f /f  0.05
– gp, gs : ganhos das antenas principal e secundária
– m: margem real ou selectiva, sem diversidade •25 dc(m) 5
•10-3 m 10-5
• Margem selectiva, com diversidade: ms’= msif • if 5
• Margem real, com diversidade: mr’= mrif

Sistemas de Comunicações 78
Relembrar ... Projecto de uma ligação digital em
Feixes Hertzianos

Dados do Problema

• Localização dos pontos terminais da ligação


• Número de canais telefónicos/vídeo a disponibilizar
• Banda de frequências e largura de banda disponíveis para os canais/serviço
pretendidos

Objectivos do Projecto

• Respeito das normas de qualidade – taxas de erro – reconhecidas internacionalmente


(ITU-R), minimizando o custo do projecto.

• Respeito das normas de fiabilidade – % de tempo em que a ligação está disponível –


reconhecidas internacionalmente (ITU-R), minimizando o custo do projecto.

Sistemas de Comunicações 79
De volta ao SDH ...

(porque são as hierarquias TDM usadas nos


feixes digitais modernos)
Relembrar … Estrutura da trama no SDH

B3 (POH – Cabeçalho de caminho)

B1, B2 e B3 : usados para detecção de erros,


ao nível de “blocos” de bits

Sistemas de Comunicações 81
Normas de Qualidade para FH Digitais (ITU-R)

Os objectivos de qualidade estabelecidos pela ITU-R, considerando não só o desvanecimento


mas também todas as outras causas de degradação de qualidade, são:

fb [Mbit/s] SESR BBER ESR


• Rec. ITU-R F.1189-1
1.5-5 0.002 X 210-4 X 0.04 X
5-15 0.002 X 210-4 X 0.05 X
15-55 0.002 X 210-4 X 0.075 X
55-160 0.002 X 210-4 X 0.16 X
Tipicamente utiliza-se X =0.08

• Rec. ITU-R P.530-8 fb [Mbit/s] berSESR n (blocos/s) nb (bits/bloco)

Conversão de SESR em ber 1.5 5.410-4 2000 832


2 4.010-4 2000 1120
6 1.310-4 2000 3424
34 6.510-5 8000 6120
140 2.110-5 8000 18792
155 2.310-5 8000 19440

Sistemas de Comunicações 83
Verificação da cláusula SESR

• Para a modulação utilizada e para o valor de berSESR da Rec. ITU-R P.530-8 obtém-se, a partir de gráfico ou
expressão analítica
SESR
C
 
 N  min
SESR
C C mrsesr 
1
• Calcula-se M SESR
     e
u
 N CIP  N  min 1 muSESR  1 ms

k
• Admitindo para a margem real a expressão: P( p  p0 ) 
m

k
calcula-se o sesr da ligação sesr 
mrsesr

• A cláusula SESR é verificada se

sesr ≤ SESR
sesr da ligação sesr objectivo = 0.002 X

Sistemas de Comunicações 84
Verificação da Cláusula BBER

• Obtém-se rber (residual ber); é um dado do fabricante e toma valores entre 10-10 e 10-13 (na falta
de dados usa-se tipicamente 10-12)
• Para a modulação utilizada e para o valor de rber obtém-se, a partir de gráfico ou expressão
analítica  C  rber
 
 N  min

C C
rber 1
• Obtém-se M urber     e mrrber 
 N CIP  N  min 1 murber  1 ms

k k
• Calcula-se sucessivamente 1) sesr  2) P(rber ) 
mrsesr mrrber

log10 rber berSESR  1 nb rber


3) m | | 4) bber  sesr 
log10 P(rber ) sesr  2.8 2 (m  1) 3

Sistemas de Comunicações 85
Verificação da Cláusula BBER (cont.)

• Nas expressões anteriores:


– rber é o valor de BER na ausência de fading;
– P(rber) é a fracção de tempo em que se tem rber;
– m é o valor absoluto da inclinação da distribuição de ber numa escala log-log para berses>ber>rber;
– Os valores de 1, 2 e 3 podem variar em função da estatística dos erros para a ligação em causa
(dependem da modulação, do código corrector de erros usado, etc.). O pior caso corresponde a 1=30,
2=1 e 3=1;
– nb é o número de bits por bloco;
– SESR, BBER (c/ letras maiúsculas): valores objectivo (retiram-se da tabela Rec. ITU-R F.1189-1);
– sesr, bber ( c/ letras minúsculas): o que se tem de facto na ligação.

• A cláusula BBER é verificada se

bber ≤ BBER

Sistemas de Comunicações 86
Verificação da Cláusula ESR

• A partir dos valores calculados anteriormente, determina-se

n nb rber
esr  sesr m n 
3

onde n é o número de blocos por segundo.

• A cláusula é verificada se

esr ≤ ESR

onde ESR é o valor objectivo (retira-se da tabela da Rec. ITU-R F.1189-1)

Sistemas de Comunicações 87
Verificação da cláusula SESR (método alternativo)

• Para a modulação utilizada e para o valor de berSESR da Rec. ITU-R P.530-8 obtém-se, a partir de gráfico ou
expressão analítica
SESR
C
 
 N  min

• k
Admitindo para o desvanecimento a expressão P( p  p0 ) 
m

k
calcula-se a margem real objectivo, relativa ao SESR mrSESR 
SESR
SESR
1 C C
• Calcula-se muSESR   e    M usesr
1 mrSESR  1 ms  N  ( sesr SESR)  N  min

(objectivo a garantir em condições ideais de propagação - CIP)

Sistemas de Comunicações 88
Margens (de segurança) da ligação

• As margens de segurança da ligação relativamente às cláusulas SESR, BBER e ESR são


calculadas por:

1 1
C C C C
– seg
M SESR       , com     
 N CIP  N obj  N obj  N ( sesr  SESR)
2 2
C C C C
– seg
M BBER       , com     
 N CIP  N obj  N obj  N (bber BBER )
3 3
C C C C
– M seg
      , com     
ESR
 N  CIP  N  obj  N  obj  N  (esr  ESR) Nota: CIP = condições ideais
de propagação
o que se tem em CIP o que se devia ter em CIP

C 
 C 
i


• A margem crítica é dada por M seg  
    max  , i  1,2,3 
critica
 N CIP  N  obj
 

• A frequência óptima é aquela para a qual se tem a maior margem crítica (que deve ser de 3 dB).

Sistemas de Comunicações 89
Exemplo 1

fopt= 8 GHz (mas não cumpre cláusulas ! )

Sistemas de Comunicações 90
Exemplo 2

fopt= 2 GHz (cumpre cláusulas)

seg
M crítica  3 dB

Sistemas de Comunicações 91
Relembrar ... Projecto de uma ligação digital em
Feixes Hertzianos

Dados do Problema

• Localização dos pontos terminais da ligação


• Número de canais telefónicos/vídeo a disponibilizar
• Banda de frequências e largura de banda disponíveis para os canais/serviço
pretendidos

Objectivos do Projecto

• Respeito das normas de qualidade – taxas de erro – reconhecidas internacionalmente


(ITU-R), minimizando o custo do projecto.

• Respeito das normas de fiabilidade – % de tempo em que a ligação está disponível –


reconhecidas internacionalmente (ITU-R), minimizando o custo do projecto.

Sistemas de Comunicações 92
Normas de fiabilidade para feixes digitais (ITU-R)

• A ITU-R considera um sistema de feixes digitais indisponível quando se verifica uma


ou ambas das seguintes condições durante pelo menos 10 segundos consecutivos:
– sinal digital interrompido, com perda de sincronismo ou de alinhamento
– taxa de erros binários superior a 10-3

• A indisponibilidade das ligações em feixes hertzianos é, principalmente, devida a:


– equipamento – sobretudo avarias ou degradação
– fenómenos atmosféricos – sobretudo chuva
– interferências
– instalações e torres das antenas – e.g., desabamentos, sabotagens,etc.
– actividade humana – erros de exploração ou manutenção

Sistemas de Comunicações 93
Normas de fiabilidade para feixes digitais (ITU-R)

• Segundo a ITU-R, a indisponibilidade máxima numa ligação deverá ser


0.3280/2500 % do tempo. Compete ao projectista da ligação distribuir a
indisponibilidade total pelas diferentes causas relevantes; na ausência de outros critérios, é
usual considerar para orçamento da indisponibilidade:
– propagação (chuva) – 10 a 20%
– equipamento – 30 a 40%
– restantes causas – 50%
• A indisponibilidade devida ao equipamento depende da sua fiabilidade, da configuração
adoptada (série/paralelo, existência de sistemas de reserva) e do desempenho das equipas
de manutenção, já que:
Ie=MTTR/MTBF
onde MTTR (mean time to repair) é o tempo necessário para detectar e reparar uma
avaria e MTBF (mean time between failures) é o tempo médio entre avarias.

Sistemas de Comunicações 94
Indisponibilidade devida à chuva – exemplo de cálculo

Determinar a margem para a chuva (ou margem para a indisponibilidade) na ligação


descrita no exemplo da pág. 72. Admita que se reservou, para indisponibilidade devida à
chuva, 10 % da indisponibilidade total.

– De acordo com as normas da ITU-R, a indisponibilidade máxima para uma ligação com
50 km de comprimento é
0.3280/2500 %  3.36  10-4
– A indisponibilidade máxima devida à chuva é 10 % de 3.36  10-4  3  10-5 = 310-3 %
– No exemplo de cálculo da atenuação devida à chuva (pág. 59) obteve-se, para o valor de
atenuação não excedido em mais de 310-3 % do tempo: Ar=0.88 dB
– Em condições ideais de propagação, tem-se (C/N)CIP = 65 dB. Na presença de chuva tem-
se, em (100-3  10-3) % do tempo:(C/N)r  [(C/N)CIP – Ar] = 64.12 dB
– Para um BER de 10-3 (ligação indisponível), é necessário um (C/N)mín de 25 dB
– A margem de segurança para a chuva é (C/N)r- (C/N)mín = 64.12 – 25 = 39.12 dB

Sistemas de Comunicações 95
Exemplo

“Cláusula da chuva”

Sistemas de Comunicações 96
Estações repetidoras

• A solução para ligações entre terminais sem „linha


de vista‟ passa pela introdução de estações repetidoras
que podem ser de dois tipos:

– Estações repetidoras activas – A ligação inicial é „partida‟ em mais do que 1 salto em


„linha de vista‟, existindo nas estações repetidoras introduzidas equipamento de recepção e
emissão (e normalmente amplificação e/ou regeneração);
• Para efeito da verificação das normas de qualidade, cada salto é considerado
individualmente.

– Estações repetidoras passivas – A ligação inicial é „partida‟ em mais do que 1 salto em


„linha de vista‟, introduzindo-se um repetidor, dito passivo, (raramente mais do que 1 por
salto) por se limitar a „reflectir‟ o sinal já que não possui qualquer equipamento de recepção,
emissão ou amplificação.

Sistemas de Comunicações 97
Repetidores passivos

• Existem 3 tipos de repetidores passivos:


a) Espelho plano com ganho  4 
Gesp  2  10 log 10  2 aesp cos    10 log 10  (dB)
 

onde aesp é a área física do espelho,  é o ângulo de incidência no espelho e  é o rendimento (1)
b) Periscópio – conjunto de 2 espelhos planos com ganho correspondente ao menor ganho dos
dois espelhos
c) Costas-com-costas - 2 antenas parabólicas ligadas através de um pequeno troço de guia ou
cabo coaxial com ganho igual à soma dos ganhos das antenas

a) b)

Sistemas de Comunicações 98
Repetidores passivos (cont.)

Seja um percurso obstruído por um obstáculo. Pretende-se comparar as duas soluções:


1. Consideração da atenuação de obstáculo
2. Instalação de um repetidor passivo

• Com atenuação do obstáculo: PRobs  PE  GE  GR  L fs  Aobs


em que :
L fs  32.4  20 log( d km )  20 log( f MHz )

• Com um repetidor passivo:


PRpas  PE  GE  Grep  GR  L fs1  L fs 2
em que :
d  d1  d 2
L fs1  32.4  20 log( d1 km )  20 log( f MHz )
L fs 2  32.4  20 log( d 2 km )  20 log( f MHz )

Sistemas de Comunicações 99
Repetidores passivos (cont.)

• O repetidor passivo é preferível se:

PRpas  PRobs
ou, comparandoas duas expressõesanteriores
dd
Grep  32.4  20 log10 ( 1 2 )  20 log10 ( f MHz )  Aobs
d

• Se o repetidor passivo fôr constituído por antenas parabólicas de diâmetro D (m), com
rendimento de abertura de 0.5:

d1d 2
40 log 10 ( D)  117.6  20 log 10 ( )  20 log 10 ( f MHz )  Aobs
d

• O repetidor passivo é tanto mais atraente quanto:

– mais elevada fôr f;


– mais próximo de um dos terminais estiver o obstáculo;
– mais elevada fôr a atenuação do obstáculo.

Sistemas de Comunicações 100


Custo de uma ligação

Projecto da ligação
Terrenos para emissor/receptores e repetidores
Acessos e infra-estruturas (e.g., energia e comunicações)
Torres de emissão/recepção
Antenas
Emissores
Receptores
Guias, cabos coaxiais e fibra óptica
Acessórios vários e sobressalentes
Torres para repetidores
Antenas/reflectores para repetidores
Energia
Manutenção e reparação

Sistemas de Comunicações 101


Bibliografia

 Feixes Hertzianos, Carlos Salema, IST Press, 2ª. Edição, 2002

 Microwave Radio Links, Carlos Salema, John Wiley & Sons, 2003

Sistemas de Comunicações 102

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