TCC - Hellen

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 45

Centro Universitário Leonardo da Vinci

Curso Bacharelado em Serviço Social

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO:


A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL EM UMA UNIDADE BÁSICA DE
SAÚDE - UBS NO MUNICÍPIO DE PARAUAPEBAS - PA.

Parauapebas - PA
2022

CIDADE
ANO
HELLEN

A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL EM UMA UNIDADE BÁSICA DE


SAÚDE - UBS NO MUNICÍPIO DE PARAUAPEBAS - PA.

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à disciplina de TCC – do Curso
de Serviço Social – do Centro Universitário
Leonardo da Vinci – UNIASSELVI, como
exigência parcial para a obtenção do título
de Bacharel em Serviço Social.

PARAUAPEBAS - PA.
2022
A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL EM UMA UNIDADE BÁSICA DE
SAÚDE - UBS NO MUNICÍPIO DE PARAUAPEBAS - PA.

POR

HELLEN

Trabalho de Conclusão de Curso aprovado


do grau de Bacharel em Serviço Social,
sendo-lhe atribuída à nota “______”
(_____________________________), pela
banca examinadora formada por:

___________________________________________
Presidente: Prof. XXXXXXXXXXXXXXX – Orientador Local

____________________________________________
Membro: XXXXXXXXXXXXX - Supervisor de Campo

____________________________________________
Membro: XXXXXXXXXXXXX - Profissional da área

PARAUAPEBAS - PA.
2022
DEDICATÓRIA

Dedico a Deus pela dádiva da vida e ao


meu esposo pelo Total apoio nessa
caminhada Vitoriosa e por estar sempre
ao meu lado me dando forças e me
sustentando com o seu amor.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à Deus.

Ao meu esposo que esteve sempre ao meu lado nesses anos de aprendizagem e

conhecimentos adquiridos nessa profissão tão linda que irei trilhar.

Aos meus filhos queridos embora tão pequenos são motivo da minha insistência e

perseverança, agradeço a minha família que me ajudaram como puderam para

realização das minhas aulas e dos meus estágios.


“As vezes precisamos morrer um
pouco por dentro para que então
possamos renascer e crescer mais
fortes e sábios, numa nova versão de
nós mesmos.”

(Autor desconhecido)
RESUMO

O presente trabalho objetiva compreender, a atuação do serviço social em uma


Unidade Básica de Saúde no município de Parauapebas no Estado do Pará. Busca
identificar as ações desenvolvidas pelo profissional de serviço social na saúde;
verificar a relação do assistente social na unidade pública de saúde junto à equipe
multidisciplinar e conhecer as demandas destinadas para o assistente social na
unidade de saúde aqui estudada. A problemática da investigação norteou-se pelas
seguintes questões: Qual tem sido a concepção de trabalho assumida pelo assistente
social na unidade foco do estudo? Qual o papel do assistente social diante da realidade
de saúde vigente na unidade citada? A pesquisa tem caráter quali-quantitativo. Dentre
os procedimentos adotados foi realizado um levantamento bibliográfico para
identificação dos estudos já existentes e melhor compreensão da temática. Por fim, foi
feita a pesquisa de campo na referida unidade pública de saúde com o propósito de
compreender a atuação do serviço social na unidade pública de saúde. Foi utilizado
um questionário contendo questões relacionadas à forma de trabalho do assistente
social em uma unidade pública de saúde. O questionário destinou-se à assistente
social da unidade básica de saúde. A pesquisa revelou que, muito embora possa haver
problemas voltados para a área da saúde, o trabalho do profissional de serviço social
deve estar na perspectiva de possibilitar que os usuários conheçam os seus direitos e
se comprometam e se envolvam na fiscalização, acompanhamento do atendimento, se
organizem, reivindique melhorias, possam propor e decidir através dos instrumentos
de participação.

Palavras-Chave: Serviço Social; Saúde; Assistente Social.


ABSTRACT

The present work aims to understand the role of social service in a Basic Health Unit
in the municipality of Parauapebas in the State of Pará. It seeks to identify the actions
developed by the social service professional in health; to verify the relationship of the
social worker in the public health unit with the multidisciplinary team and to know the
demands destined for the social worker in the health unit studied here. The
investigation problem was guided by the following questions: What has been the
conception of work assumed by the social worker in the focus unit of the study? What
is the role of the social worker in view of the current health reality in the
aforementioned unit? The research has a quali-quantitative nature. Among the
adopted procedures, a bibliographic survey was carried out to identify existing studies
and better understanding of the theme. Finally, field research was carried out in the
referred public health unit with the purpose of understanding the performance of the
social service in the public health unit. A questionnaire containing questions related to
the social worker's way of working in a public health unit was used. The questionnaire
was sent to the social worker at the basic health unit. The research revealed that,
although there may be problems related to the health area, the work of the social
service professional must be in the perspective of enabling users to know their rights
and to commit and get involved in the supervision, monitoring of care, organize
themselves, claim improvements, be able to propose and decide through the
instruments of participation.

Keyword: Social Service; Cheers; Social Worker.


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO_____________________________________________________10
CAPÍTULO I: O SURGIMENTO DO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL________13
1.1 Reforma Sanitária_________________________________________________17
1.2 Políticas Sociais E Políticas De Saúde_________________________________21
CAPÍTULO II: SERVIÇO SOCIAL E POLÍTICA DE SAÚDE NA
CONTEMPORANEIDADE____________________________________________24
2.1 Redemocratização do SUDS e SUS (1980)_____________________________26
2.2 Desmonte das Políticas Sociais (1990)_________________________________27
CAPÍTULO III: A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL EM UMA UNIDADE
BÁSICA DE SAÚDE NO MUNICÍPIO DE PARAUAPEBAS - PA.____________29
3.1 Conceito de Unidade Básica de Saúde _________________________________29
3.2 O Município de Parauapebas ________________________________________30
3.3 Sobre a Unidade Básica de Saúde da Paz no Município de Parauapebas -Pa.
__________________________________________________________________34
CONSIDERAÇÕES FINAIS___________________________________________37
REFERÊNCIAS_____________________________________________________39
APÊNDICES________________________________________________________41
INTRODUÇÃO

Atualmente, os campos de atuação do Serviço Social em saúde vão além dos


conselhos e órgãos de controle social, trabalha educação popular em saúde e estende-
se a órgãos estatais, privados, hospitais e redes públicas de saúde, municipais,
estaduais e federais. Nessas áreas, a atuação é diversa, desde o atendimento individual
ao coletivo, atendimento a família e nos processos preventivos, abrangendo todos os
princípios dos SUS.

O acesso aos serviços de saúde segundo os princípios do Sistema Único de


Saúde (SUS) constitui um conceito amplo e envolve dimensões econômica e técnico-
assistencial. O acesso a esses serviços incluem a capacidade da pessoa em buscar e
obter atenção à saúde e, para isso, verifica-se um empenho dos gestores através da
elaboração de propostas de novas diretrizes para as políticas de saúde, reafirmando a
municipalização das ações em saúde e organização do sistema por meio da atenção
básica.

As causas da demanda por atendimento são diversas e por vários motivos, tais
como: diagnóstico e tratamento de alguma doença; prevenção de doenças por meio da
imunização e dos exames de rastreamento; planejamento familiar; tratamento de
doenças crônicas pelo recebimento de medicamentos; transferência para serviços
especializados e outros motivos diversos.

Quando se analisa a frequência e o motivo das pessoas procurarem os


serviços de saúde, pode-se perceber o entendimento que estes sujeitos têm sobre o
tipo de assistência fornecida pelas unidades básicas de saúde.

Para o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), 2007 as UBS


deveriam ser a primeira referência de apoio formal procurada pela população para o
acompanhamento e para a prevenção em saúde, e também no que se refere à busca de
orientações e informações podem ser fornecidas pelos profissionais que ali atuam.

Nessa perspectiva, o Serviço social na saúde engendra-se através do


compromisso ético-político de facilitar o entendimento da realidade social,
priorizando o trabalho em equipe. Buscando assim a efetivação das políticas públicas
regidas pela Constituição Brasileira de 1988 e a efetivação da garantia dos direitos
humanos.

Tendo em vista esse contexto.a presente pesquisa teve como objetivo


compreender a atuação do assistente social em uma Unidade Básica de Saúde no
município de Parauapebas, no Estado do Pará.

O interesse em estudar essa temática surgiu no decorrer do curso de Serviço


Social, a partir do estudo de textos e disciplinas voltadas para a saúde. Tal interesse
foi reforçado por meio do contato feito com a unidade de saúde durante o estágio,
momento em que foi possível presenciar, muitos problemas relacionados ao assunto
aqui estudado. Espera-se que o estudo dessa temática possa contribuir com a
discussão sobre o papel do assistente social na saúde.

Especificamente, podemos dizer que este estudo possibilitou-nos um


importante aprendizado no campo acadêmico, pois contribuiu para o aperfeiçoamento
enquanto pesquisadora no que tange ao método científico, a elaboração de textos
acadêmicos e a estrutura lógica do conhecimento.

Dito isto, buscamos estudar uma Unidade Básica de Saúde, pois, a referida
unidade, além de estar inserida no contexto da temática, possui no seu quadro de
funcionários uma Assistente Social.

Frente ao exposto, buscamos responder no presente estudo as seguintes


questões: qual tem sido a concepção de trabalho assumida pela Assistente Social na
unidade aqui pesquisada? Qual o papel do Assistente Social diante da realidade de
saúde vigente na unidade citada?

A partir dessa compreensão, o estudo buscou, especificamente: identificar as


ações desenvolvidas pelo profissional de serviço social na saúde; verificar a relação
do assistente social na unidade junto a equipe multidisciplinar e por fim conhecer as
demandas destinadas para o assistente social na unidade aqui estudada.
Para a consecução dos objetivos propostos a metodologia utilizada buscou
articular as pesquisas bibliográficas e de campo. Dessa forma, esta pesquisa adota
uma abordagem qualitativa em que realiza-se um estudo descritivo e exploratório do
tema em questão.

Foi utilizado como instrumento de apoio a essa pesquisa um questionário


contendo questões relativas ao trabalho do assistente social na prática de sua
atividade. Nesta perspectiva, a intenção do texto em pauta foi evidenciar como vem
sendo desenvolvido a atuação do assistente social no âmbito da saúde.
CAPÍTULO I: O SURGIMENTO DO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL

O serviço social aparece no Brasil na década de 1930 sob influência da Igreja


Católica e seus princípios bíblicos do assistencialismo. Nessa época, o Brasil estava
vivendo o governo interino de (1930 a 1934), por Getúlio Vargas que gozava poderes
quase intermináveis e, prevalecendo-se deles começou a tomar políticas de
modernização no país.

Dessa maneira, até o início da década de 30, o Brasil foi considerado como
uma economia com características primário-exportadoras. A dinâmica do seu
processo de acumulação de capital assentava-se numa divisão social do trabalho em
que predominavam as atividades agrárias, notadamente, as grandes produções
monocultoras de exportação em que se destacava o café e, seguindo-se em escala, o
algodão e cana de açúcar.

A esse respeito, é importante acrescentar que as importações não eram


diretamente induzidas pelas ações governamentais, podendo ser considerada um
processo espontâneo, para distinguir daqueles que aconteceria logo a partir dos anos
1930, sobre o qual o Estado exerceu uma ação instrumental decisiva. Ou seja, essa
primeira fase de implantação industrial surgiu como consequência direta de
oportunidades de mercado, criadas com a expansão limitada da divisão social do
trabalho, a qual, por sua vez, é credora em maior expressão da atividade cafeeira.

Neste período, com o crescimento da indústria e do mercado nacional,


aprofundam-se as péssimas condições de vida da classe trabalhadora, exigindo do
Estado, o reconhecimento dessas condições, assim como novas formas de
enfrentamento da questão social.
Sendo assim, nos anos 1930 a 1937 o país conviveu com um momento de
amplas agitações políticas, em decorrência da intensidade e a organização de
movimentos políticos. Nesse mesmo período cresceu-se muito o número de
sindicatos, associações e vários partidos políticos.

Em 1936 foi implantado na cidade de São Paulo a primeira escola de Serviço


Social do Brasil, segundo Castro (2006) dava se início a uma

[...] nova etapa na pratica da assistência social, quando a Igreja, em seu


conjunto, atravessava um importante momento na sua redefiniçao no interior
da cambiante sociedade brasileira [...] uma demanda profissional que começa
a revelar-se a partir de alguns aparelhos do estado, tornando mais exigente a
qualificação acadêmica, religiosa e técnica. (CASTRO, 2006, p. 105).

O Serviço social começa a se profissionalizar e a fazer uma intervenção


pautada no direito do usuário, pois, os tidos “problemas sociais” passaram da visão
individual para o âmbito coletivo, tais, denominado “expressões da questão social”.

As expressões da questão social, segundo Iamamoto (1982 apud BRASIL,


2010, p. 39) “devem ser compreendidas [...] como o conjunto das desigualdades da
sociedade capitalista, que se expressam por meio das determinações econômicas,
políticas e culturais que impactam as classes sociais”. Deste modo, tornando o objeto
de intervenção do assistente social.

Associado a esses elementos a Igreja Católica teve um papel fundamental na


emergência e gênese do serviço social, como também na estruturação de seu perfil no
país. Ela foi responsável pelo ideário, pelos conteúdos e pelo processo de formação
dos primeiros profissionais brasileiros.

Desse modo, a ação católica iniciou e orientou a formação desses assistentes


sociais por meio de uma ação planejada e refletida para o enfrentamento da questão
social, que cada vez mais evidenciava-se na conjuntura política, econômica e social de
São Paulo.

Nessa direção, os assistentes sociais recém-formados em 1936, nas


realizações de suas intervenções, atuaram na alteração dos costumes das famílias e
pessoas, na esperança de aperfeiçoar as condutas, condições de higiene, a moral e a
sua inclusão na ordem social.

Iamamoto (2008) destaca que

A questão social sendo desigualdade é, também, rebeldia, pois os sujeitos


sociais, ao vivenciarem as desigualdades, a elas também resistem e expressam
seu inconformismo. É nesta tensão entre produção da desigualdade, da
rebeldia e da resistência que trabalham os assistentes sociais, situados nesse
terreno movido por interesses sociais distintos, os quais não são possíveis
abstrair – ou deles fugir – porque tecem a trama da vida em sociedade.
(IAMAMOTO, 2008, p. 65).

Considerando esse contexto, na esperança de sustentar a ordem vinda das


pressões da sociedade que se encontrava em condição de extrema pobreza em
decorrência de vários fatores advindos das crises antecedentes, o assistente social foi
reconhecido como profissional assalariado, implantado no mercado de trabalho.

Após esses momentos históricos relatados, é importante acrescentar que nas


décadas de 1940-1950 viveu-se um novo processo de ampliação e solidificação do
modo de produção capitalista, com as crises políticas, sociais e econômicas, o
assistente social é convidado para não mais atender demandas do ponto de vista de
ordem, moral ou higiene, mas, especialmente na conjuntura da harmonia social na
relação Estado/sociedade (FALEIROS, 2005).

Dentro desse contexto, em agosto de 1942 ocorreu a declaração de Getúlio


Vargas de ingresso do Brasil na Segunda Guerra Mundial, que foi acompanhada por
alguns atos governamentais, dentre os quais esteve a criação da Legião Brasileira de
Assistência e a entrega da presidência à Darcy Vargas, sua esposa. A LBA foi criada
com o objetivo de prestar assistência aos soldados mobilizados e seus familiares, tinha
sede no Rio de Janeiro e fez parte de sua estruturação a existência de postos de
atendimento nas capitais e cidades brasileiras, administrados pelas primeiras-damas.

Acentua-se nessa perspectiva, a criação do Plano SALTE, um plano


econômico elaborado pelo governo brasileiro, na administração do presidente Eurico
Gaspar Dutra (1946-1950) que tinha como objetivo estimular o desenvolvimento de
setores como saúde, alimentação, transporte e energia.
Dessa maneira, ao refletir na inclusão do Serviço social junto à classe
trabalhadora, percebeu-se que os profissionais passaram a avaliar com critica suas
intervenções, criou-se a probabilidade de pensamento crítico de seu desempenho
despertando a procura de um referencial teórico que levantasse uma ideia de mudança
social.

Porém, nos anos 1960, especificamente em 31 de março de 1964 houve um


grave e radical processo organizativo das classes populares. Processo esse que retraiu
todos os movimentos de natureza social.

Sob essa ótica Martinelli (2005) afirma que

Nos anos 60, obteve-se um agravamento do quadro político nacional,


deparavam com o Serviço Social acuado do cenário histórico, produzindo e
reproduzindo práticas impossíveis de acrescentar aos esforços de construção e
prevenção de espaços democráticos em uma sociedade oprimida por uma
ditadura militar. (MARTINELLI, 2005, p. 142).

Essa forma de governo provocou atraso não só na profissão, mas em todas as


partes da sociedade. A profissão em termos teórico-metodológicos retrocedeu e não
mais progrediu.

Assim, o Serviço Social, sentiu a obrigação de rever o enfraquecimento de


sua formação profissional que não se tratava apenas de ser técnico-instrumental, mas
teórico-conceitual.

Nos anos 1970, alguns estudiosos do serviço social formularam o referencial


na integração “meio-personalidade” por meio de valores que são dominantes nas
relações sociais (FALEIROS, 2005).

Nesta direção, o Serviço Social tornou-se ao longo do tempo uma importante


ferramenta de caráter assistencial para a população, em especial as de mais
vulnerabilidade socioeconômica. As perspectivas de modernização da área
abrangeram novos conceitos necessários para a adequação aos novos cenários
apresentados para o assistente social. Netto (2004) as caracterizam como: a
Perspectiva Modernizadora, a Reatualização do Conservadorismo e a Intenção de
Ruptura.
A Perspectiva Modernizadora do serviço social pode ser vista como uma
resposta à crise de legitimidade, isto é, a necessidade de reconceituar o papel
funcional e social da área, que adepta ao positivismo tende a adotar uma postura
neutra e por vezes inócuas para o cumprimento dos objetivos propostos. A
tecnificação e expansão das áreas de atuação seriam os caminhos para solidificar a
identidade do serviço social na sociedade contemporânea.

Assim, no final da década de 70, a Perspectiva Modernizadora começa a


enfraquecer-se no que tange a hegemonia exercida. Com isto, a perspectiva de
Reatualização do Conservadorismo passa a ganhar força com o início da crise da
autocracia burguesa. A tarefa principal da Reatualização do Conservadorismo era dar
nova roupagem aos valores tradicionais, envernizando-os com a fenomenologia.

Por fim, a Intenção de Ruptura tem um direcionamento diferenciado das


demais por possuir um elemento contestador, realizando uma crítica ao desempenho
do Serviço Social tradicional. Ela se baseia na tradição marxista, mesmo que no
primeiro momento de forma tortuosa, seu principal expoente ficou conhecido como
Método Belo Horizonte.

Em 1980, com maior fervor eram apresentados os eixos de Formação de


alianças, Educação popular e Investigação-ação.

Para Oliveira (1988 apud Silva & Silva, 2007)

[...] entende-se que a construção de aliança dos assistentes sociais com a


clientela e com os outros profissionais é colocada na perspectiva de uma ação
coletiva, visa um processo de organização e mobilização dos assistentes
sociais, enquanto categoria profissional de forma que suas ações tenham
reflexão na constituição de sujeitos coletivos. (OLIVEIRA 1988 apud SILVA
& SILVA, 2007, p. 175).

Com isso, para o Assistente Social batalhar pelo domínio numa determinada
instituição, não dependia apenas dos desejos pessoais, mas sim, de uma articulação
complicada e preparada que implicava compreensões teóricas e políticas, pois a
batalha pelo poder demanda conhecimento, informações, análise, planos, controle,
práticas e experiências.
1.1 Reforma Sanitária

Em meados da década de 1970 a 1980, apresentou-se como marco na política


de saúde a Reforma Sanitária, um movimento organizado por profissionais da saúde,
estudantes, população civil, movimentos sociais, a qual pregava uma saúde universal.

A expressão foi usada para se referir ao conjunto de ideias que se tinha em


relação às mudanças e transformações necessárias na área da saúde. Essas mudanças
não abarcavam apenas o sistema, mas todo o setor da saúde, em busca da melhoria
das condições de vida da população.

Em 1976, médicos militantes da rede pública de serviços, juntamente com o


âmbito das universidades criaram o Centro Brasileiro de Estudos de Saúde,
constituído como CEBES. O objetivo desse centro era criar uma revista que
veiculasse suas intenções que eram de ampliar e levar adiante as discussões e análise
do setor de saúde como componente do processo histórico-social no sentido de
reafirmar a íntima relação existente entre a saúde e a estrutura social.

Em 1980, a saúde deixou de ser interesse apenas dos técnicos da saúde para
assumir uma dimensão política (BRAVO, 2004, p. 95).

A Reforma Sanitária esboçava-se como principal proposta segundo Brasil


(2010)

[...] a defesa da universalização das políticas sociais e a garantia dos direitos


sociais. Nessa direção, ressalta-se a concepção ampliada de saúde,
considerada como melhores condições de vida e de trabalho, ou seja, com
ênfase nos determinantes sociais; a nova organização do sistema de saúde por
meio da construção do SUS, em consonância com os princípios da
intersetorialidade, integralidade, descentralização, universalização,
participação social e redefinição dos papeis institucionais das unidades
políticas (União, Estado, municípios, territórios) na prestação dos serviços de
saúde; e efetivo financiamento do Estado. (BRASIL, 2010, p. 19).

Para tanto, a universalidade do direito a saúde é apresentada como princípio


central do Sistema Único de Saúde – SUS, esse fruto das lutas e mobilizações dos
envolvidos na Reforma Sanitária, ou seja, um sistema único, com doutrinas,
princípios e organização de serviços sob responsabilidade das três esferas de poder:
Federal, Estadual e Municipal, pois, integra mediante a promoção, proteção e
recuperação da saúde (BRASIL, 1990).

Ainda em 1980 ocorreu uma aguda crise financeira da previdência social,


principal fonte de financiamento do setor da saúde. Nesse contexto surgem propostas
alternativas de fortalecimento do setor público de saúde como o PREV- SAÚDE que
propôs a reestruturação da rede pública de saúde no sentido da sua universalização e
racionalização. Em seguida apareceu o Plano Conasp que sugeriu convênios trilaterais
entre o Ministério da Saúde e as Secretarias Estaduais de Saúde. Derivada dessas
propostas originou-se às AIS – Ações Integradas de Saúde. Tratava-se de convênios
que passaram a ser assinados pela previdência a partir de 1983.

Enquanto isso, a Reforma Sanitária evolui-se para a proposta do SUDS -


Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde. Convênios esses que passaram a ser
assinados a partir de 1988. O mesmo previa financiamento tripartite, ou seja, federal,
estadual e municipal.

O SUDS é formado por um aprofundamento da AIS, e simula um aumento


em relação a descentralização – unificação a medida em que sugeria a
“estadualização” do INAMPS, ou seja, que as Secretarias Estaduais de Saúde
admitissem por vez todos os cargos deste órgão. Com isto separou-se até os Estados, o
que antes permanecia no nível federal, associa-se as composições regionais do
INAMPS com as composições estaduais, e desenvolvem-se condições práticas para
que a política de saúde no nível de cada Estado tenha uma administração única.

Outro fator que se destaca no progresso do SUDS com relação às AIS foi a
sua forma de financiamento, que muda de produção de serviços e ocorre através de
orçamentos de um Plano Diretor, que precisaria conter, a partir da base, os fatos
municipais, regionais e estaduais. Os municípios, portanto, passam a "apoiar" aos
SUDS - Estaduais, e não mais ao INAMPS, como no Convênio das AIS.

O SUDS, assim como às AIS teve sua fundação subordinada às realidades


locais e às disputas políticas dentro do aparelho do Estado. Não só a "estadualização"
do INAMPS como também a “municipalização” dos serviços básicos de saúde (que é
uma das finalidades do SUDS), se deu de forma bem diferente. Se observar o SUDS
nos anos de 87 e 88, é possível achar um verdadeiro mosaico: há desde Estados que
adotaram totalmente o formato do INAMPS, e municipalizaram boa parte de sua rede
básica, como é o caso de São Paulo; até Estados em que as composições do INAMPS
permaneceram não só concretizando as mesmas ações, como conservando o convênio
das AIS com o INAMPS.

Associados a esses elementos, um dos fatores que contribuíram para o


sucesso do SUDS em determinados Estados foi a boa experiência das AIS, integrada à
vivência de estruturas regionalizadas da Secretaria Estadual de Saúde. Estas estruturas
adotaram, em parceria com os municípios, a atribuição de elaboração do Plano
Diretor, que determinava uma análise mínima da realidade de cada município, bem
como a definição de algumas prioridades para a área da saúde. Este processo foi
muito rico nos municípios que já obtinha certo conhecimento no planejamento de
serviços e pode em parceria com estas regiões, procurar recursos possíveis para os
problemas de saúde da população.

Nesse sentido, o SUDS ficou limitado por falta de uma política de


financiamento por parte do INAMPS capaz de atender à demanda dos Estados e
municípios, num momento em que a inflação alcançava graus elevadíssimos e
gastava, de maneira sistemática, os repasses dos meses que, em geral, não eram
"corrigidos". Por outro lado, o setor privado da medicina permanecia contendo função
principal no sistema de captação de recursos, e cumprindo toda sorte de pressão no
sentido de impedir o SUDS.

Os acordos entre os governos estaduais e municipais também eram bastante


complicados. O SUDS recomendava a "municipalização" dos serviços básicos de
saúde, ou seja, que os governos municipais passassem a gerenciar os serviços
estaduais e receber recursos financeiros para custear parte de seus serviços próprios.
Também neste episódio a realidade de cada município motivou o grau de implantação
da descentralização/integração, reproduzindo-se no nível dos municípios o mesmo
mosaico citado antes.
Para tanto, se tratando da deficiência de recursos financeiros, e a falta de uma
política de repasse que, pelo menos, ajustasse a inflação, os governos municipais
encararam amplos problemas. Um deles foi que os recursos para investimentos no
setor, ao contrário dos recursos para custeio, resultavam de negociações político-
partidárias entre os governos estaduais e municipais, com discernimento claro dos
municípios que não eram do mesmo partido do governo do Estado.

A despeito destes entraves, o SUDS simbolizou uma vitalidade dos serviços


públicos de saúde em alguns Estados, registrando-se expansão da cobertura com
extensão para as classes mais necessitadas da população, e uma tentativa de inserir
programas de abrangência para todos.

Apesar de muitas modificações do Sistema de Saúde continuam com o


SUDS: permanecem havendo dois Ministérios, sendo que em alguns Estados
conseguiu-se suavizar a importância das composições do INAMPS; e, ainda que o
comando do setor privado da medicina tenha passado pelas Secretarias Estaduais de
Saúde a lógica mercantilista continua tendo função decisiva dentro do Sistema.

Em linhas gerais, pode-se concluir que a Reforma Sanitária foi idealizada a


partir de mudanças intensas no aparato institucional, rupturas abruptas do modelo de
atenção à saúde ou até mesmo como um movimento que teve ampla mobilização
social e partidária.

1.2 Políticas Sociais e Políticas de Saúde

Na ótica de Fleury (2008), políticas sociais são associações estáveis ou não,


que estão conectadas ao desenvolvimento, a reprodução e a transformação dos
sistemas de proteção social. Onde essa política de proteção social compreende
relações, processos, atividades e instrumentos que almejam o aumento das
responsabilidades públicas na promoção da seguridade e do bem-estar da população.

Desse modo, a política social envolve o conjunto de atividades relacionados


com a estrutura e implementação de estratégias relacionadas ao avanço da qualidade
de vida da população de um país, região ou localidade.
Em meio a estas estratégias incluem-se aquelas relacionadas a diminuir os
efeitos dos problemas sociais, sejam provenientes de uma deficiência, ou restrição ao
desenvolvimento de capacidades individuais, uma situação de mal-estar entre grupos
ou a violação de um ou mais direitos.

As gestões dessas políticas se norteiam por planos, programas, projetos e leis


que abrangem a precisão de recursos físicos, humanos e financeiros. Estes
investimentos, independente da entidade administrativa, do setor que realiza a função
e da fonte de financiamento configuram o que se chama de gasto ou investimento
social.

As políticas sociais podem ter teres tipos de impactos: social, redistributivo e


econômico. O social significa mudanças nos números sociais como índices
relacionados à saúde, educação, entre outros, sua mensuração se faz com a observação
das mudanças expostas pelo público alvo entre a situação previa e a situação após o
começo da política. Já o impacto redistributivo diz respeito à valorização econômica
de bens e serviços que são transferidos a população, tem mensuração conectada à
incidência em que a referida valorização alcança no ingresso do número total dos
domicílios. Por último o impacto econômico, refere-se dos benefícios e/ou perdas
econômicas provocadas pelos investimentos das políticas sociais nos diversos agentes,
de forma direta ou indireta.

Jacob Hacker (1998) define as Políticas de Saúde como uma sustentação


central do Bem-Estar Social, acrescenta ainda que os programas que envolvem o
funcionamento da economia são poucos como o desenvolvimento de sistemas de
atenção à saúde.

Portanto, a política de saúde, bem como o Estado Social deve ser tomado
como um padrão de civilização, um exemplo de sociedade. Uma vez que, o impacto
da ação de uma política de saúde sempre estará ligado a um projeto social e seus
méritos na conexão de forças sociais que se chocam.
As políticas de saúde e as políticas sociais encontram-se no meio de uma
briga de ideologias em que as desordens dos projetos se ampliam aceitando o Estado
como um ambiente de exercício de poder político.

Desse modo, a política de saúde, por estar sempre atrelada na vida econômica
e nos impactos sociais, será sempre um produto das disputas de projetos
desenvolvidos através de padrões institucionalizados que estabelecem a posição dos
atores, a repartição de poder entre os mesmos e formam prioridades que deliberam
alianças e norteiam a ação destes grupos.

Podemos compreender que a política de saúde precisa ir mais a frente dos


procedimentos e programas limitados as rotinas de trabalho e disposições de
estruturas de atendimento em saúde, incorporando políticas que alcancem outras
esferas da vida dos indivíduos atendidos.

O conceito de políticas de saúde internacionalmente adotado preza por caráter


de estratégia oficial organizado em ações desenvolvidas em vários setores em
conformidade com as normas legais.

Para a Organização Mundial da Saúde (OMS) política de saúde é

Um posicionamento ou método determinado por instituições oficiais


competentes, especialmente governamentais, que definem as prioridades e os
parâmetros de ação em resposta às necessidades de saúde, aos recursos
disponíveis e a outras pressões políticas. […] Como a maioria das políticas
públicas, as políticas de saúde surgem a partir de um sistemático processo de
construção de suporte às ações de saúde que se sustentam sobre as evidências
disponíveis, integradas e articuladas com as prioridades da comunidade, as
realidades políticas e os recursos disponíveis. (BRASIL, 2010, p. 30).

A política de saúde é colocada na mediação entre várias formas de relações,


como a relação entre gestores e atores políticos, entre indivíduos e grupos sociais,
entre os cidadãos e o poder público, entre consumidores e provedores de bens e
serviços direcionados à saúde.

Portanto, a política de saúde muda de acordo com a estratégia, os organismos


e os processos, que no ambiente nacional, são intercedidos pelas instituições,
significados culturais, estruturas federativas, são mediados pelas instituições,
significado culturais, estruturas de mercado, ideais políticas, interesses de grupos
estratégicos, a permanência de ideologias e economia do Estado Social e até as
respostas da opinião pública.

Deste modo, podemos compreender a política de saúde como aquela que


produz efeitos que excedem os limites da saúde, atingindo diversos aspectos da
dinâmica social.

CAPÍTULO II: SERVIÇO SOCIAL E POLÍTICA DE SAÚDE NA


CONTEMPORANEIDADE
A relação do Serviço Social com a saúde originou-se nos Estados Unidos no
início do século XX, como uma extensão a saúde hospitalar, no Brasil se dá desde o
surgimento do Serviço Social em 1930, o qual, a princípio tinha-se uma relação de
caridade, assim, o Serviço Social se insere na saúde no processo da “saúde curativa”,
com uma abordagem individual.

Bravo (2013, p. 97) destaca que “a saúde, foi o primeiro setor que contou
com a presença do assistente social. A própria categoria médica contribuiu para a
criação das primeiras escolas”.

Após a profissionalização do Serviço Social, a área da saúde passou a ser


líder na contratação de assistentes sociais. Assim, o reconhecimento do assistente
social como profissional da saúde deu-se mediante sua inserção nas políticas e
programas da saúde através da Resolução do Conselho Nacional de Saúde – CNS de
nº. 218, publicada em 06 de março de 1997, esse reconhecimento se torna oficial,
também, através da Resolução do CFESS nº 383 de 29 de março de 1999, a qual
apresentou subsídios para tal intervenção. (BRASIL, 2010).

Dessa forma, o profissional em Serviço Social se encontra apto, com


atribuições especificas para intervir na área da saúde (como em demais áreas), na
ótica de Serreta (2008)

[...] constitui um instrumento importante na construção de estratégias para o


exercício profissional e na busca de alternativas visando ao atendimento das
necessidades sociais apresentadas pelos usuários nos serviços de saúde. As
atribuições ressaltam a perspectiva interdisciplinar para a atenção integral,
juntamente com ações intersetoriais e comunitárias que se aproximem do
cotidiano da população e ampliem o conhecimento da realidade local e
regional. (SERRETA, 2008, p. 36).

As instituições que viabilizam o acesso aos usuários, aos serviços, sendo ela
do Estado ou não, governamental ou não-governamental, estabelecem prioridades a
serem cumpridas e assim fazem sua interferência no exercício profissional.

Atualmente, os campos de atuação do Serviço Social em saúde vão além dos


conselhos e órgãos de controle social, educação popular em saúde, estendem-se a
órgãos estatais, privados, hospitais e redes públicas de saúde, municipais, estaduais e
federais.

Nessas áreas, a atuação é diversa, desde o atendimento individual ao coletivo,


atendimento a família e nos processos preventivos, abrangendo todos os princípios do
SUS. Segundo Costa (2008)

não há dúvidas quanto à relevância e importância do trabalho realizado pelo


assistente social para a consolidação do SUS, e que para realizar um
atendimento, por mais simples que possa parecer a atividade e os meios
utilizados, o assistente social deve conhecer não apenas o funcionamento da
instituição e/ou a unidade em que trabalha, mas a lógica de funcionamento do
sistema de saúde (rede), a dinâmica e a capacidade de atendimento de outras
instituições públicas e privadas que envolvam e/ou apresentem como um meio
de viabilizar o atendimento das necessidades da população e que extrapolam
a capacidade de atendimento exclusivo das instituições de saúde. (COSTA,
2008, p. 340).

Portanto, o assistente social com seu aparato teórico é capaz de fazer uma
análise crítica e intervenção na realidade posto pelos usuários dos serviços de saúde.
Brasil (2010) ressalta que

As atribuições e competências dos profissionais de Serviço Social, sejam


aquelas realizadas na saúde ou em outro espaço sócio-ocupacional, são
orientadas e norteadas por direitos e deveres constantes no Código de Ética
Profissional e na Lei de Regulamentação da Profissão, que devem ser
observados e respeitados, tanto pelos profissionais quanto pelas instituições
empregadoras. (BRASIL. 2010, p. 33).

Diante do exposto, fica evidente que o assistente social não trabalha


isoladamente, pois seu trabalho é articulado com demais profissionais da saúde,
partindo do princípio do trabalho coletivo, pautando sua atuação no conhecimento da
realidade onde está inserido o usuário, bem como, os objetivos e instrumentos a serem
utilizados na intervenção.

Em conformidade com isso, a promulgação da nova Constituição Federal no


ano de 1988, apresentou-se no seu artigo 196 a saúde como um direito de todos e
dever do Estado, garantindo mediante políticas sociais e econômicas, que visem
redução de risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário as
ações e serviço para sua promoção, proteção e recuperação (BRASIL, 1998).
O direito público subjetivo a saúde, além de representar um direito social,
conforme já enfatizado, qualifica-se também como direito fundamental que assiste a
todos, sem distinção de raça, credo ou cor, haja vista a sua íntima vinculação ao
direito a vida, e ao princípio da dignidade da pessoa humana.

Acentua-se nessa perspectiva que o artigo citado se impõe ao Estado a


obrigação de proporcionar melhoria nas condições de vida e saúde dos diversos
grupos da população, por meio de propostas sistematizadas em planos, programas e
projetos.

É válido dizer, ainda, que o Estado, seja ele representado por qualquer um dos
Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), ao desenvolver sua atribuição deve
dentro dos limites da realidade social e financeira, fazer o possível para promover a
saúde de forma a tornar factível a que a norma contém em ficção.

Conforme Silva (2000)

(...) mais do que a simples positivação dos direitos sociais – que traduz estágio
necessário ao processo de sua afirmação constitucional e que atua como
pressuposto indispensável à eficácia jurídica recai sobre o Estado a obrigação
de criar condições objetivas que possibilitem o efetivo acesso a saúde.
(SILVA, 2000, p. 199).

Nesse sentido, não basta que o Estado reconheça formalmente o direito a


saúde, faz-se necessário que promova todas as medidas políticas, sociais e
econômicas para assegurar que esse direito seja integralmente respeitado e
plenamente garantido, uma vez que a própria Constituição assegura uma sociedade
justa, fraterna e solidária.

2.1 Redemocratização do SUDS e SUS (1980)

O SUDS (Sistemas Unificados e Descentralizado de Saúde nos Estados) foi


uma iniciativa do INAMPS (Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência
Social) no sentido de universalizar a sua assistência que até então só beneficiava os
trabalhadores da economia formal, com “carteira assinada”, e seus dependentes.
A fase inicial de implantação do SUDS, cujos primeiros convênios entre o
INAMPS e a SES (Secretaria de Estado da Saúde) foram firmados em 1987,
caracterizados pela inexistência de uma normatização detalhada.

Levcovitz (1997) assegura que

[...] somente em 1988, o SUDS adquiriu uniformidade jurídico-legal, através


do Convênio-padrão SUDS 01/88. Este instrumento de relacionamento entre
as esferas de governo induz uma estratégia de estadualização da gestão do
sistema, pela transferência de funções federais e pelo destaque dado a CIS.
(LEVCOVITZ, 1997, p. 78).

O SUDS teve como principais objetivos: a unificação dos sistemas


(Ministério da Saúde e INAMPS) com consequente universalização da cobertura e a
descentralização.

No período SUDS (1987/89), as mudanças ocorridas na esfera federal tiveram


como executores os Estados da União.

Antes da aprovação do SUS, os serviços de saúde eram desenvolvidos pelo


Ministério da Saúde, Brasil (2002) afirma que:

[...] o Ministério da Saúde, com o apoio dos estados e municípios, desenvolvia


quase que exclusivamente ações de promoção da saúde e prevenção de
doenças, com destaque para as campanhas de vacinação e controle de
endemias. Todas essas ações eram desenvolvidas com caráter universal, ou
seja, sem nenhum tipo de discriminação com relação à população beneficiária.
(BRASIL, 2002, p. 11).

No que concerne ao SUS, a sua criação é sinônimo de luta e empenho de


representantes da sociedade que dedicaram tempo, esforço e recursos materiais em um
processo que garantisse a participação da sociedade civil.

Desse modo, o SUS é resultado de um processo de articulação do Movimento


pela Reforma Sanitária e diversas pessoas comprometidas com o reconhecimento dos
direitos sociais de cada cidadão brasileiro, ao determinar um caráter universal às
ações e aos serviços de saúde no País.
O processo de consolidação do SUS implicou em mudanças na legislação
brasileira, buscando uma melhor implementação do sistema onde possa acompanhar
as transformações econômicas e sociais do Brasil.

2.2 Desmonte das Políticas Sociais (1990)

Em 1990 teve-se a regulamentação do SUS através da Lei nº 8.080/90 e Lei


nº 8.142/90, tidas como “Leis Orgânicas da Saúde” (BRASIL, 2007, p. 08),
promulgado na Constituição Federal e orientado pela Norma Operacional Básica, essa
criada para definir “as competências de cada esfera de governo e as condições
necessárias para que estados e municípios pudessem assumir as novas atribuições no
processo de implantação do SUS”. (BRASIL, 2011, p. 52).

Dada a implantação do SUS, as ações desenvolvidas pelo Ministério da


Saúde, se tornaram ações com estruturas de forma descentralizada, de acesso
universal, regionalizada e hierarquizada. Segundo Bravo (2008) é nesse processo que
o Estado passa a “garantir um mínimo aos que não podem pagar”.

Assim, o SUS passa a seguir os princípios ético-políticos da universalidade,


integralidade, equidade e participação social. Definidos na ótica de Brasil (1990)
como:

Universalidade: a garantia de atenção à saúde por parte do sistema, a todo e


qualquer cidadão. Com a universalidade, o indivíduo passa a ter direito de acesso a
todos os serviços públicos de saúde, assim como aqueles contratados pelo poder
público.

 Integralidade: é o reconhecimento na pratica dos serviços de que cada pessoa é


um todo indivisível e integrante de uma comunidade.

 Equidade: embasa a promoção da igualdade com base no reconhecimento das


desigualdades que atingem grupos e indivíduos, e na implementação de ações
estratégicas voltadas para sua superação.
 Participação Social: é a garantia constitucional de que a população, através de
suas entidades representativas, participará do processo de formulação das
políticas de saúde e do controle da sua execução, em todos os níveis, desde o
federal até o local.

Diante disso, podemos afirmar que antes a saúde era entendida como o estado
de não doença, o que fazia com que apenas os pequenos efeitos fossem remediados.
Mas essa teoria caiu dando lugar a uma nova concepção, voltada para a prevenção dos
agravos e na promoção da saúde.

CAPÍTULO III - A ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL EM UMA UNIDADE


BÁSICA DE SAÚDE NO MUNICÍPIO DE PARAUAPEBAS - PA.

Este capítulo foi elaborado à luz de estudos relativos as unidades básicas de


saúde, mas especificamente uma policlínica. A partir daí procurou-se caracterizar
dados desse tipo de instituição em meio às transformações no contexto atual.

3.1 Conceito de Unidade Básica de Saúde.

Para o Ministério da Saúde Policlínica é uma unidade de saúde para prestação


de atendimento ambulatorial em várias especialidades, incluindo ou não as
especialidades básicas, podendo ainda ofertar outras especialidades não médicas.
Podendo ou não oferecer: Serviço de Apoio Diagnóstico e Terapêutico (SADT) e
Pronto atendimento 24 horas.

Essas unidades de saúde são os locais prioritários de atuação das equipes de


Atenção Básica. A atenção básica é desenvolvida pelas equipes de saúde da família e
outras modalidades de equipes de atenção básica, pelos núcleos de apoio as equipes
de saúde da família, pelas equipes dos consultórios na rua e as de atenção domiciliar.
As equipes utilizam tecnologias de cuidados complexos e de baixa densidade
que auxiliam no manejo das demandas e necessidades de saúde de maior frequência e
relevância em seu município.

Desse modo a equipe observa critérios de risco, vulnerabilidades, resiliência e


o imperativo ético de que se deve acolher toda e qualquer demanda, necessidade de
saúde ou sofrimento.

Vale ressaltar que sua função estar em:

 Conhecer a realidade da população de seu município;

 Elaborar plano de saúde com base no diagnóstico;

 Desenvolver ações de vigilância a saúde atuando no controle de doenças;

 Prestar atenção integral resolvendo a maior parte dos problemas da saúde


detectados;

 Organizar serviços estabelecendo vínculos, desenvolvendo ações educativas e


intersetoriais;

 Garantir atendimento ininterrupto, de todas as atividades oferecidas pela Unidade,


inclusive durante o horário de almoço, reuniões gerais e treinamento dos
profissionais, com revezamento dos trabalhadores das diferentes categorias.

Com isso, o processo de trabalho deve ser integrado aos demais níveis de
atenção do sistema de saúde garantindo continuidade e qualidade da atenção e
articulado aos demais setores da sociedade.

3.2 O Município de Parauapebas.

Parauapebas é um município brasileiro do estado do Pará, pertencente à


mesorregião do Sudeste Paraense e sede da microrregião de Parauapebas. Localiza-se
no norte brasileiro, distante 719 km da capital Belém.

O município é conhecido por estar assentado na maior província mineral do


planeta, a Serra dos Carajás. Em 2014, o produto interno bruto per capita do
município foi de 59 018,97 reais, um dos maiores do Pará. Em 2015, o produto
interno bruto chegou a 11,2 bilhões de reais, ficando apenas atrás do PIB da capital.
Quatro anos antes o PIB chegou a ser o maior de todo o estado do Pará.

Tem também como característica, a grande miscigenação, com forte presença


de maranhenses, mineiros e goianos.

O nome do município é uma referência ao Rio Parauapebas. "Parauapebas" é


um termo de origem tupi que significa "afluente raso do rio grande", através da junção
de pará (rio grande), 'y (rio) e peb (achatado), ou "papagaio baixo", através da junção
de parauá (papagaio) e peb (achatado).

Com a descoberta de uma das maiores reservas minerais do mundo na Serra


dos Carajás nos anos 1960 e o direito concedido à empresa Vale S.A. (antigamente
Companhia Vale do Rio Doce) de explorar minério de ferro, ouro e manganês no
local, esta empresa construiu uma rodovia asfaltada entre a cidade de Marabá e as
instalações da empresa com cerca de 200 km.

Essa estrada, inicialmente conhecida como Estrada PA Carajás, foi


posteriormente transferida ao estado do Pará, passando a ser denominada de PA-275.
Ela foi concluída em 1976, alcançando a altura do rio Parauapebas. Vários colonos
utilizaram esta via para iniciar pequenas lavouras às margens da estrada em terras de
onde atualmente está instalado o município de Parauapebas, formando os primeiros
passos da colonização.

No âmbito do Projeto Grande Carajás, a Vale construiu um núcleo urbano ao


lado do povoado para abrigar seus funcionários. Nesses, incluem-se os que viriam
trabalhar nas obras da Estrada de Ferro Carajás, iniciadas em 1981 e que ligaria a
província mineral ao Porto da Ponta da Madeira, em São Luís, no Maranhão. O
vilarejo que abrigava os trabalhadores da construção era composto de vários cortiços
às margens do rio Verde. Este acabou por pegar o nome do acidente geográfico para
si, tornando-se o mais antigo bairro da cidade.
A empresa iniciou ainda a construção de uma infraestrutura básica, com
escola, delegacia, hospital, prédio da administração e rede elétrica para a Vila
Permanente de Carajás, no alto da Serra dos Carajás. Na época, a distrito de
Parauapebas já acumulava mais de 20 000 habitantes.

Em 1985, o presidente brasileiro José Sarney inaugurou a Estrada de Ferro


Carajás, também construída pela Vale S.A.

Em 2011 o município foi um dos pivôs da demissão do presidente da Vale,


Roger Agnelli. Agnelli enviou à presidente Dilma Roussef uma carta onde expressava
sua preocupação de que a disputa dos royalties no país estava envolvida num contexto
político e que haveria desvio de verbas na prefeitura de Parauapebas. Entre 2005 e
2010 Vale havia pago 700 milhões ao município, comandado pelo prefeito do PT
Darci José Lermen, e continuava com péssimos indicadores. Um contrato entre a
prefeitura e o advogado Jader Alberto Pazinato dava ao advogado 20% dos royalties
pagos pela Vale.

Em 2012 a eleição do sucessor de Lermen foi perdida depois que a polícia


descobriu 1,1 milhões de reais no jato de um empresário local, apesar da imprensa
local inicialmente vincular este dinheiro ao Partido dos Trabalhadores, isto foi
posteriormente desmentido e em 2014 não era conhecido o dono deste dinheiro.

Em 2015, no veraneio, Parauapebas passou pela maior estiagem registrada na


história. A grande seca pôde ser registrada no mês de Novembro, o que preocupou a
comunidade.

Localiza-se a uma latitude 06º04'03" Sul e a uma longitude 49º54'08" Oeste,


estando a uma altitude de 18 metros. Sua população, conforme estimativas do IBGE
de 2020, era de 213 576[3] habitantes, sendo o sexto município mais populoso do
estado, distribuídos em uma área de 7077,269 km², dos quais a empresa Vale e os
índios Xicrins do Cateté, juntos, e o Governo Federal, através de projetos de
preservação ambiental (Área de Proteção Ambiental - APA, Reserva Biológica e
Flonata – Rebio, Floresta Nacional do Tapirapé) detêm a concessão de 80 por cento.
Paruapebas faz limite fronteiriço com os seguintes municípios: Marabá ao
norte; Curionópolis a leste; Canaã dos Carajás e Água Azul do Norte ao sul; e São
Félix do Xingu a oeste.

O núcleo urbano de Parauapebas, onde foi implantada a sede do município,


está situado no curso médio e à margem direita do rio Parauapebas, estando encravado
no sopé da Serra dos Carajás. A distância até Belém é de cerca de 660 quilômetros.

O bairro mais antigo de Parauapebas é o Rio Verde. Atualmente, não é


possível saber quantos bairros há em Parauapebas: a cidade vive um verdadeiro
colapso urbano; há muitas invasões, além de inúmeros loteamentos. A cidade de
Parauapebas tem como característica a divisão territorial em núcleos devido aos
grandes acidentes geográficos presentes em seu território.

A atividade mineradora é desenvolvida principalmente na Mina de Ferro de


Carajás, da Vale, sob a supervisão de Joabe. A extração do minério de ferro
representa a principal fonte de recursos do município: emprega cerca de 8 000 pessoas
diretamente e cerca de 20 000 indiretamente. Além do minério de ferro, destaca-se a
extração dos minérios de manganês e de ouro. A Vale exportou 3,8 bilhões de dólares
estadunidenses em minérios em 2008, levando o município a atingir a oitava
colocação entre os maiores municípios exportadores do país.

Realizada em geral de maneira extensiva em diversas propriedades rurais de


médio porte. Dados de 2005 apontam um rebanho de quase 300 000 cabeças de gado.

A atividade agrícola no município de Parauapebas é pouco expressiva e é,


quase em sua totalidade, desenvolvida em pequenas propriedades familiares. Os
produtos agrícolas com maior participação no produto interno bruto do município são
abacaxi, tomate e mandioca, com rendimento de cerca de 20 000 000 de reais por ano
cada (2005).

A cidade possui dois centros comerciais expressivos. Um deles se localiza no


bairro Rio Verde, nas proximidades da rua Curió (também conhecida como rua do
Comércio) e o outro se localiza distribuído por todo o bairro Cidade Nova. Hoje, a
cidade conta com um shopping center: o Partage Shopping Parauapebas.

De janeiro a dezembro de 2013, o município de Parauapebas-PA foi o que


mais exportou, com US$ 10,079 bilhões de embarques ao exterior.

Desenvolvem-se, também, na cidade, as indústrias extrativista vegetal,


pesqueira, movelaria e de beneficiamento de produtos agrícolas. Além dessas, a
cidade possui um mercado municipal e uma feira agrícola permanente.

Uma das maiores províncias minerais do mundo, com jazidas de minério de


ferro, sob a forma de hematita, alcançando 68 por cento de ferro, assim como de
minério de manganês, de cobre e de ouro.

A cidade é ligada pelas rodovias PA-160 e pela PA-275 além de uma rodovia
municipal Faruk Salmen que vai do centro até a Palmares. A cidade possui uma
estação ferroviária, estação rodoviária e um aeroporto.

A Estrada de Ferro Carajás (EFC) é uma ferrovia brasileira operada pela Vale
S.A.. Possui 5 estações, 10 paradas e percorre ao todo 892 km ligando os municípios
de São Luís, Santa Inês, Açailândia, Marabá e Parauapebas. É a maior ferrovia de
transporte de passageiros em operação no Brasil, sendo no entanto especializada no
transporte de minérios, que correm das minas da Serra dos Carajás em Parauapebas,
Canaã dos Carajás e Marabá, até os portos da Baía de São Marcos em São Luis-MA.
Os maiores trens do mundo trafegam na Estrada de Ferro Carajás. A maioria das
composições chega a ter 330 vagões, puxados por três locomotivas. Como
combustível, os trens usam o B20 – mistura de 20 % de biodiesel vegetal com 80 %
de diesel, diminuindo consideravelmente a emissão de CO2.

Parauapebas conta com um terminal ferroviário oferecendo passagens diretas


para São Luis, capital do Maranhão, sendo de grande importância para maranhenses e
paraenses por se tratar de um transporte seguro e mais barato que a opção rodoviária.
As partidas de Parauapebas com destino a Capital maranhense são às terças, sextas e
domingos às 6h da manhã e de São Luis no Maranhão com destino a Parauapebas são
às segundas, quintas e sábados às 8h da manhã. Os trens oferecem conforto e
facilidades como lanchonete, restaurantes e ar condicionado. O transporte de
passageiros é gerenciado pela mineradora Vale S/A.

Parauapebas é ligado pelas rodovias estaduais PA-160 e PA-275. A rodovia


PA-160 é a principal ligação com a cidade de Canaã dos Carajás localizado a 65 km.
Já a rodovia PA-275 é a principal rodovia utilizada pelos parauapebenses pois esta
rodovia é que vai dar acesso a BR-155 ligando Parauapebas ao restante das cidades
paraenses. Parauapebas conta com um terminal rodoviário de médio porte onde tem
diversas empresas que oferecem serviço diário para a capital paraense.

3.3 Sobre a Unidade Básica de Saúde da Paz no Município de Parauapebas - Pa.

A instituição foi inaugurada em 13 de junho de 2012 pelo Prefeito Darci José


Lermen, juntamente com o Vice-Prefeito Afonso Araújo Andrade, Secretário
Municipal de Saúde, Alex Pamplona Ohana e o Secretário Municipal de Obras José
Orlando Menezes Andrade.

O objetivo da Unidade Básica de Saúde (UBS) é minimizar as intempéries


dos usuários facilitando assim o acesso rápido e humanizado de forma com que eles
sejam atendidos na própria unidade diminuindo assim a condução para hospitais.

É um espaço onde as demandas são atendidas e compartilhadas com a


população, o espaço precisa ser arejado e de fácil transição. A Unidade Básica de
Saúde da Paz é composta por: banheiro para funcionários, sala de procedimentos, sala
de vacinas, área de depósito, de materiais de limpeza, sala de utilidades/apoio,
almoxarifado, sanitário exclusivo para pessoas com deficiência, recepção,
consultórios, copa, gerência, sala de espera, sala de curativos. A Unidade Básica de
Saúde da Paz, tem seu funcionamento iniciado às 07:00 da manhã e encerra suas
atividades às 17:00 da tarde, de segunda à sexta-feira.

A Unidade Básica de Saúde atende: consultas médicas, inalações, injeções,


curativos, vacinas, coleta de exames laboratoriais, tratamento odontológico,
encaminhamentos para especialidades, fornecimento de medicação básica. As
demandas do serviço social na instituição se dão através das visitas domiciliares,
orientação sobre a concessão do Benefício de Prestação Continuada (BPC), orientação
e informação sobre o Auxílio Brasil, orientação e informação sobre o Aluguel Social e
demais direitos do cidadão.

A Unidade Básica de Saúde (UBS) é o contato preferencial dos usuários, a


principal porta de entrada e centro de comunicação com toda a Rede de Atenção à
Saúde. É instalada perto de onde as pessoas moram, trabalham, estudam e vivem e,
com isso, desempenha um papel central na garantia de acesso à população a uma
atenção à saúde de qualidade. (BRASIL. Ministério da Saúde).

É interessante ver de perto como um órgão público de saúde funciona e


agregar conhecimentos, agir e observar o comportamento do usuário perante tantos
problemas apresentado em seu cotidiano.

A assistente social participante desta pesquisa, trabalha há 05 anos na função


atual e está inserida na faixa etária dos 30 a 40 anos. É formada em Serviço Social há
6 anos.

Referindo-se em geral, a assistente social procuramos saber qual o


instrumento técnico operativo mais utilizado dentro do processo de trabalho?. A
assistente social informou que é a elaboração de relatórios, entrevistas, planejamentos,
pareceres, visitas domiciliares, trata-se de elementos constitutivos do processo de
trabalho do assistente social, considerados como respostas as demandas apresentadas
no cotidiano do trabalho.

Perguntamos ainda qual a rede de proteção em relação as referências e contra


referências. Obteve-se como resposta que é a regulação do estado.

Foi solicitado a assistente social que respondesse qual a relação do assistente


social com os demais profissionais da equipe multidisciplinar da unidade. A resposta
foi assim apresentada: “uma relação muito boa, trabalhamos em equipe mediante a
demanda necessitada”.
Quando questionada sobre quais os desafios, avanços e retrocessos do serviço
social tanto na política de saúde quanto na policlínica a assistente social respondeu
que “muitos são os desafios enfrentados pelos profissionais no cotidiano da
Secretaria Municipal de Saúde, e que estão instrumentalmente relacionados aos
constantes desafios que o próprio SUS vem sofrendo nos últimos anos”.

De um modo geral perguntou-se ainda quais os tipos de demanda que são


mais frequentes. “As principais demandas são de educação em saúde, e solicitações
de orientação, informação e encaminhamentos diversos”. (Assistente Social)

Diante do movimento apresentado, aponta-se que o assistente social não


trabalha isoladamente, pois seu trabalho é articulado com demais profissionais da
saúde partindo do princípio do trabalho coletivo, pautando sua situação no
conhecimento da realidade onde está inserido o usuário.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo principal deste estudo foi compreender, a atuação do assistente


social em uma Unidade Básica de Saúde no Município de Parauapebas no Estado do
Pará. Fizemos isto construindo um trabalho com três capítulos: no primeiro
realizamos uma discussão sobre o surgimento do Serviço Social no Brasil a partir da
Reforma Sanitária e das Políticas sociais e Políticas de saúde. No segundo capítulo
buscamos apreender sobre o Serviço Social e Política de Saúde na
contemporaneidade. O terceiro capítulo apresenta, sinteticamente, alguns elementos
sobre o conceito das unidades básicas de saúde, bem como os resultados da pesquisa
de campo realizada na Unidade Básica de Saúde da Paz foco do estudo.

Considerando os aspectos discutidos neste estudo, evidenciamos que o


Serviço Social surgiu no Brasil no final da década de 1930, quando se desencadeou no
país o processo de industrialização e urbanização. Nas décadas de 40 e 50 houve um
reconhecimento da importância da profissão, que foi regulamentado em 1957 com a
lei 3252.

O estudo possibilitou compreendermos que a despeito do serviço social e a


política de saúde na contemporaneidade tem na sua base de especialização, a questão
social, onde esta é expressada pelas inúmeras desigualdades sociais da sociedade
capitalista, na qual o trabalho é coletivo, mas os resultados são privados.

Nessa lógica, os dados revelaram que as ações desenvolvidas pelo


profissional de serviço social na unidade aqui estudada é o de orientação,
esclarecimento, e reflexão junto aos usuários e a equipe de saúde.
Nesse sentido, a relação do assistente social junto a equipe multidisciplinar é
de respeito, pois o diferencial entre ambos é a efetivação do trabalho de troca entre
áreas, visando sempre informações para agilizar o desenvolvimento de cada paciente.

As evidências empíricas revelaram que, a Unidade Básica de Saúde da Paz


dar proximidade a população ao acesso aos serviços de saúde e com isso acaba
desafogando o fluxo do hospital.

Nesse sentido, a concepção de trabalho assumida pelo assistente social na


unidade foco do estudo é uma concepção mais tradicional pautada na política de
saúde baseada nos princípios da Lei que regulamenta as ações da saúde, sendo esta a
Lei de nº. 8.080/90.

Nesta perspectiva, concluímos que o papel do assistente social na Unidade de


Saúde aqui citada é o de fazer uma abordagem sócio-educativa com a família,
socializar as informações em relação aos recursos e viabilizar os encaminhamentos
necessários.

Desta forma, os dados da pesquisa indicam que, muito embora possa haver
problemas voltados para a área da saúde, o trabalho do profissional de serviço social
deve estar na perspectiva de possibilitar que os usuários conheçam os seus direitos e
se comprometam e se envolvam na fiscalização, acompanhamento do atendimento, se
organizem, reivindique melhorias, possam propor e decidir através dos instrumentos
de participação.
REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei 8.080 de 19 de Setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a


promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos
serviços correspondentes e da outras providências. Lex: legislação federal, Brasília,
1990.

___________. ABC do SUS: Doutrinas e Princípios. Brasília: DF. 1990.

___________. Caminhos do direito da saúde no Brasil. Ministério da Saúde.


Brasília- DF. 2007.

____________. Constituição Federal do Brasil. Brasília – DF. 1998.

_____________. Parâmetros para atuação de assistentes sociais na política de


saúde.

______________.Conselho Federal de Serviço Social. Brasília: DF. 2010.

_______________. O sistema público de saúde brasileiro. Ministério da Saúde.


Brasília: DF. 2002.
______________. Sistema Único de Saúde. Conselho Nacional de Secretários de
Saúde. Brasília: DF. CONASS, 2011.

BRAVO, Maria Inês Souza. Reforma Sanitária e Projeto Ético Político do Serviço
Social: Elementos para o debate. In: Saúde e Serviço Social. São Paulo: Cortez,
2008.

CASTRO, Manuel Manrique. História do Serviço Social na América Latina. 7 ed.


São Paulo: Cortez,2006.

COSTA, Maria Dalva Horácio da. O trabalho nos serviços de saúde e a inserção
dos (as) assistentes sociais. 4 ed. São Paulo: Cortez. Brasília – DF. 2008.

FLEURY, Sonia; OUVERNEY, Assis M. Política de Saúde; Uma Política Social.


In: GIOVANELLA, l; ESCOREL, S; LOBATO, L. V. C; NORONHA, J. C;
CARVALHO, A. I. (ORG’s). Políticas e Sistemas de Saúde no Brasil. Rio de
Janeiro - R. J. Fiocruz, 2008. p. 23 – 64.

HACKER, Jacob. A lógica histórica do Seguro Nacional de Saúde; estrutura e


sequencia no desenvolvimento de britânicos, canadenses e U. S. Medical Policy.
Cambridge University Press. 1998.

IAMAMOTO, Marilda Vilela. As dimensões ético-político do Serviço Social


contemporâneo. In: MOTA, Ana Elizabete [et al] (Org). serviço social e saúde. 4 ed.
São Paulo: Cortez; Brasília-DF: OMS. Ministério da saúde, 2008, p. 161-196.

______________. CARVALHO, R. Relações Sociais e Serviço Social no Brasil.


São Paulo: Cortez, 1982.

FALEIROS, Vicente de Paula. Estratégias em Serviço social. 5 ed. São Paulo:


Cortez, 2005.

MARTINELLI, Maria Lúcia. Serviço Social: identidade e alienação. 9 ed. São


Paulo: Cortez, 2005.
PAULO NETTO, José. Ditadura e Serviço Social: Uma análise do serviço social
no Brasil pós-64. 7 ed. São Paulo: Cortez, 2004.

SERRETA, Fernanda Oliveira. O trabalho do assistente social na saúde. In: Revista


Ciência ET práxis. Vol. 1, n. 2. 2008.

SILVA & SILVA, M. Ozanira da (Coord.). O Serviço Social e o popular: resgate


teórico-metodológico do projeto profissional de ruptura. 4 ed. São Paulo: Cortez,
2007.

APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO APLICADO ÀS ASSISTENTE SOCIAIS

APÊNDICE 1

PROJETO: A Atuação do Assistente Social em uma Unidade Básica de Saúde no


município de Parauapebas - PA.
ACADÊMICA- PESQUISADORA:
PROFESSORA ORIENTADORA:

QUESTIONÁRIO APLICADO A ASSISTENTE SOCIAL DA UNIDADE


FOCO DO ESTUDO

1)Data de preenchimento do questionário: / _/ Horário: :


2)Sexo: Mac. ( ) Fem. ( )

3)Quanto tempo você trabalha na função atual?

4)Faixa etária:
( ) Ate 29 anos ( ) De 30 a 39 anos
( ) De 40 a 49 anos ( ) 50 anos ou mais.

5)Nível de escolaridade:
( ) Nível médio ou técnico
( ) Normal superior ou Pedagogia
( ) Formação superior em outras áreas ( ) Pós-graduação

6) Qual o instrumento técnico operativo mais utilizado dentro do processo de


trabalho?

7) Quem são sua rede de proteção em relação a referências e contra referências?

8) Qual a relação do serviço social com os demais profissionais da equipe


multidisciplinar?

9) Quais os desafios e avanços e retrocessos do serviço social tanto na política de


saúde quanto na policlínica?

10) Existe um trabalho conjunto do assistente social e dos demais profissionais da


UBS?

11) O assistente social realiza visitas domiciliares? Se sim, quando? Se não, por que?
Muito obrigada pela sua contribuição!

Você também pode gostar