Diss Felipe
Diss Felipe
Diss Felipe
PPGMAT - UFMA
Dissertação de Mestrado
São Luı́s - MA
Novembro de 2015
Felipe Rodrigues Vaz
São Luı́s - MA
2015
Vaz, Felipe Rodrigues
Teoremas de ponto fixo e algumas aplicações/ Felipe Rodrigues Vaz. – São Luı́s -
MA, 2015.
76 f. : il.
Referências bibliográficas.
Tı́tulo.
CDU : 515.1
Felipe Rodrigues Vaz
Ao Senhor Deus, criador dos céus e da terra. A toda a minha famı́lia e a todos os
colegas de curso e aos professores do PPGMAT: Prof. Marcos Araujo, Prof. Nivaldo
Muniz, Prof. José Marão; pelo encorajamento e apoio.
“ ... Àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais além daquilo que pedimos
ou pensamos ... ”. Paulo, O apóstolo [Bı́blia Sagrada]
“ ... Um matemático é uma pessoa que pode encontrar analogias entre teoremas, um
matemático bom é aquele que consegue ver analogias entre provas e o melhor matemático
pode perceber analogias entre teorias; e pode-se imaginar que o matemático ultimate é
aquele que pode ver analogias entre analogias ... ” [Stefan Banach]
RESUMO
The objective of this paper is to present the theorems of Banach fixed-point and
Brouwer, and some applications of these theorems and to make a comparative analysis of
them.
Pág.
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
11
INTRODUÇÃO
Um ponto fixo é um idéia bastante simples, é um ponto que é levado em si mesmo por
uma aplicação em um mesmo conjunto, e podemos inicialmente formalizar asssim: Um
ponto fixo de uma aplicação f : X −→ X é um ponto x ∈ X tal que f (x) = x, e sua
importância reside no fato de ser muito útil na solução de equações. Os teoremas de ponto
fixo são afirmações que garantem existência de pontos fixos em determinados conjuntos e
por vezes garantem também, unicidade.
A teoria dos pontos fixos envolve um grande número de teoremas do ponto fixo e é
um assunto fascinante, com um enorme número de aplicações em vários campos da ma-
temática e em outras áreas afins, e em função disso, apresentamos neste trabalho uma
panorâmica de alguns resultados e aplicações da teoria, com enfâse no teorema do ponto
fixo de Banach e no teorema do ponto fixo de Brouwer. Há mais de um século que o
teorema do ponto fixo de Brouwer foi provado, precisamente em 1910, e em certo sentido
este resultado é um dos primeiros na teoria e dele surgiram alguns outros teoremas, e o
teorema de Banach é de 1922. Nosso intuito, é fazer uma abordagem comparativa destes
dois teoremas no sentido de investigar se existe alguma relação de implicação entre eles.
Uma abordagem preliminar na literatura matemática encaixa o teorema de Brouwer como
um resultado da teoria topológica dos pontos fixos, e o teorema de Banach na teoria mé-
trica dos pontos fixos. Além dessas teorias, existem outras que não serão abordadas aqui,
como por exemplo: a teoria combinatória dos pontos fixos, e etc. Na teoria topológica dos
pontos fixos se destacam inicialmente, três grandes matemáticos: Bernard Bolzano, Luit-
zen Brouwer e Karol Borsuk; e que são coincidentemente referenciados como os três B’s
da teoria. O teorema do ponto fixo de Brouwer foi considerado um dos resultados mate-
máticos mais relevantes e de maior impacto em outras áreas da ciência no século XX, por
John L. Casti em seu livro popular Five Golden Rules, e pode-se verificar estas implica-
ções em: biologia matemática, geometria de corpos convexos, equações diferenciais, teoria
dos jogos, economia, programação não-linear e etc. O teorema do ponto fixo de Banach
é considerado um dos pilares da análise matemática, principalmente na análise numérica,
e a partir dele foram provados outros teoremas de igual importância como: o teorema da
12
Capı́tulo 1
NOÇÕES PRELIMINARES
A teoria dos pontos fixos foi desenvolvida em conjuntos ou espaços que possuem uma
estrutura que permite falar de proximidade entre pontos, esta noção é caracterizada como
continuidade. Tais conjuntos são chamados espaços topológicos, onde são definidas funções
contı́nuas. Chama-se Topologia à área da matemática que se ocupa do estudo das funções
contı́nuas de um espaço topológico em outro. A maneira mais natural de verificar qual
de dois pontos x e y, pertencentes a um conjunto X, está mais próximo de um ponto a
pertencente a X, é medir as distâncias de x e y ao ponto a. Isto só é possı́vel quando
existe a noção de distância já previamente definida no conjunto X. Os conjuntos onde
tem sentido falar de distância entre dois pontos se apresentam como espaços topológicos,
e são denominados espaços métricos. Entretanto, nem todos os espaços topológicos são
métricos. Apresentaremos algumas definições destes espaços e seus desdobramentos:
Definição 1.0.1 (Métrica e Distância). Uma métrica num conjunto M é uma função
d : M × M −→ R que associa a cada par ordenado de elementos x, y ∈ M um número
real d(x, y), chamado a distância de x a y, de modo que sejam satisfeitas as seguintes
condições para quaisquer x, y, z ∈ M :
(i) d(x, x) = 0, e se x 6= y, então d(x, y) > 0;
(ii) d(x, y) = d(y, x);
(iii) d(x, z) ≤ d(x, y) + d(y, z).
Exemplos :
A reta real, ou seja, o conjunto R dos números reais, é o exemplo mais importante de
espaço métrico. A distância entre dois pontos x, y ∈ R é dada por d(x, y) = |x − y|.
O espaço euclidiano Rn também é um espaço métrico e generaliza o exemplo anterior.
14
Há três maneiras naturais de definir a distância entre dois pontos em Rn . Dados x =
(x1 , ..., xn ) e y = (y1 , ..., yn ), escreve-se
" n #1/2
p X
d(x, y) = (x1 − y1 )2 + ... + (xn − yn )2 ) = (xi − yi )2
i=1
n
X
0
d (x, y) = |x1 − y1 | + ... + |xn − yn | = |xi − yi | , e
i=1
lim d(xn , x) = 0
n→∞
Definição 1.0.4 (Sequências de Cauchy). Diz-se que uma sequência (xn ), num espaço
métrico M , é uma sequência de Cauchy quando, para todo > 0 dado arbitrariamente, é
possı́vel obter n0 ∈ N tal que m, n > n0 implica d(xm , xn ) < .
15
W
Sejam M e N espaços métricos e E um conjunto de aplicações f : M −→ N . O conjunto
E diz-se eqüicontı́nuo no ponto a ∈ M quando, para todo > 0, existe δ > 0 tal que
d(x, a) < δ em M implique d(f (x), f (a)) < , seja qual for f ∈ E.
Uma sequência de aplicações fn : M −→ N diz-se eqüicontı́nua no ponto a ∈ M quando
o conjunto {f1 , f2 , ..., fn , ...} o for.
Todo espaço vetorial normado E possui uma métrica natural, definida a partir da norma
d(x, y) = kx − yk
Um operador linear contı́nuo do espaço normado E no espaço normado F , ambos sobre o
mesmo corpo K = C ou R, é uma função T : E −→ F , que é linear, isto é
(i) T (x + y) = T (x) + T (y),
(ii) T (ax) = aT (x) para todo a ∈ K, e qualquer x em E;
e contı́nuo, isto é, para todo x0 ∈ E e > 0, existe δ > 0 tal que
kT (x) − T (x0 )k < , sempre que x ∈ E e kx − x0 k < δ.
O conjunto de todos os operadores lineares contı́nuos de E em F será denotado por
L(E, F ), que é um espaço vetorial sobre K com as operações usuais de funções. Quando
F é o corpo dos escalares, escrevemos E 0 no lugar de L(E, K), chamamos esse espaço
de dual topológico de E, ou simplesmente dual de E, e dizemos que seus elementos são
funcionais lineares contı́nuos.
BX (x0 , r) = {x ∈ X : kx − x0 k < r}
BX [x0 , r] = {x ∈ X : kx − x0 k ≤ r}
∂BX = S = {x ∈ X : kx − x0 k = r} .
kxk = kyk ≤ 1
implicando que
kx + yk < 2
Exemplo:(Espaços normados)
(i) Denotamos por c0 o conjunto de todas as sequências de escalares que convergem para
zero, ou seja, fixado K = R ou C,
c0 = {(ak )∞
k=1 : ak ∈ K para todo k ∈ N e ak −→ 0} .
A expressão
k(ak )∞
k=1 k∞ = sup {|ak | : k ∈ N}
c00 = {(ak )∞
k=1 ∈ c0 : existe k0 ∈ N tal que ak = 0 para todo k ≥ k0 } .
18
Definição 1.0.11 (Espaços topológicos). Uma topologia num conjunto X é uma cole-
ção T de partes de X, chamados os abertos da topologia, com as seguintes propriedades:
(i) ∅ e X pertencem a T;
(ii) Se A1 , ..., An ∈ T então A1 ∩ ... ∩ An ∈ T
(iii) Dada uma famı́lia arbitrária (Aλ )λ∈L com Aλ ∈ T para cada λ ∈ L, tem-se
S
λ∈L Aλ ∈
T.
Um espaço topológico é um par (X, T) onde X é um conjunto e T é uma topologia em X.
Definição 1.0.13. Dois espaços topológicos X e Y são ditos homeomórficos se existe uma
função bijetiva f : X −→ Y , tal que f e f −1 são contı́nuas. A aplicação f e chamada um
homeomorfismo.
Desde que, X tem a propriedade do ponto fixo, então existe x0 ∈ X tal que
f ◦ r(x0 ) = x0 .
Definição 1.0.19. (i) Um espaço topológico X chama-se compacto, quando toda cober-
tura aberta de X possui subcobertura finita.
(ii) Seja M um espaço métrico. Se M é compacto, então M é completo.
(iii) Todo subconjunto fechado F de um espaço compacto X é compacto.
(iv) A imagem de um conjunto compacto por uma aplicação contı́nua é um conjunto com-
pacto.
(v) Um espaço topológico X diz-se localmente compacto quando todo ponto x ∈ X, pos-
sui uma vizinhança compacta.
Teorema 1.0.22 (Ascoli). (ver prova em [4]). Sejam K um espaço métrico compacto e
A um subconjunto de C(K), onde C(K) é o conjunto das funções contı́nuas f : K −→ K,
( K = C ou R), e a métrica de K é dada por d(f, g) = sup {|f (t) − g(t)| : t ∈ K}. Então
A é compacto em C(K) se, e somente se, as seguintes condições são satisfeitas:
(i) A é equicontı́nuo, isto é, para todo t0 ∈ K e > 0, existe δ > 0 tal que
Teorema 1.0.23 (Desigualdade de Ky Fan). [ver prova em Proc. Nat. Acad. Sci.
USA 88, 121126 (1952)]. Seja K ⊂ X não-vazio, compacto e convexo. Seja Φ : K×X −→
R uma aplicação tal que
(i) Φ(·, y) é semicontı́nua inferiormente para todo y ∈ K;
(ii) Φ(x, ·) é côncava para todo x ∈ K.
Então existe x0 ∈ K tal que
para todo h tal que x0 + h pertence a uma bola aberta centrada em x0 e contida em U ,
onde R(x0 , h) = o(khk), isto é:
kR(x0 , h)k
lim = 0.
h→0 khk
Neste caso A é chamada de derivada de Fréchet de f em x0 , e denotada por A = Df (x0 ).
21
Capı́tulo 2
TEOREMAS DE PONTO FIXO
Introdução
Um teorema de ponto fixo é um resultado que estabelece sob certas condições, a
existência de um elemento x pertencente a um domı́nio X e uma aplicação f : X −→ X,
tal que f (x) = x. Neste caso, x é chamado ponto fixo de f .
De maneira geral, o conjunto X será admitido ser um espaço topológico de modo a
se poder trabalhar os conceitos de continuidade e compacidade. Ao longo deste capı́tulo
iremos tratar de vários teoremas do ponto fixo, da seção 2.1 á seção 2.4 trataremos sobre
o teorema de Banach, iniciando na seção 2.1 com o princı́pio da aplicação contração, na
seção 2.2 trataremos da convergência de uma famı́lia de aplicações, na seção 2.3 e 2.4
trataremos de aplicações não-expansivas, na seção 2.5 iremos tratar o teorema do ponto
fixo de Brouwer e seu caráter topológico restrito ao espaço euclideano Rn , e as seções 2.6
e 2.7 consiste na extensão do teorema do ponto fixo de Brouwer em espaços de dimensão
infinita.
Os teoremas de pontos fixos encontram-se em muitos ramos da Matemática, tais como:
álgebra, análise, geometria, topologia, dinâmica, etc. Segue um exemplo simples que
caracteriza esta noção inicial.
Exemplo 1: Supondo que sejam dados um sistema de n equações em n incógnitas da
forma:
gj (x1 , ..., xn ) = 0, j = 1, ..., n
onde, gj são funções contı́nuas de valores reais, de variáveis reais xj . Seja hj (x1 , ..., xn ) =
gj (x1 , ..., xn ) + xj , e para qualquer ponto x = (x1 , ..., xn ), defina h(x) = (h1 (x), ..., hn (x)).
Assumindo agora que h(x) tem um ponto fixo x ∈ Rn , então, verifica-se que x é uma
solução do sistema de equações.
23
Definição 2.1.1. Seja X um espaço métrico munido com a distância d. Uma aplicação
f : X −→ X, é dita ser - Lipschitz contı́nua - se existe λ ≥ 0 tal que
Desde que, um número não pode ser menor do que si mesmo, e isto implica que x1 = x2 .
Escolhendo agora, qualquer x0 ∈ X e definindo uma sequência por:
xn+1 = f (xn )
Por indução em n,
d(xn+1 , xn ) ≤ λn d(f (x0 ), x0 ).
Se n ∈ N e m ≥ 1,
λn
d(xn , x) ≤ d(f (x0 ), x0 )
1−λ
e para todo x1 , x2 ∈ X, para todo y ∈ Y , e para algum λ < 1. Então, para todo y ∈ Y
fixado, a aplicação x 7−→ f (x, y) tem um único ponto fixo ϕ(y). Além disso, a função
y 7−→ ϕ(y) é contı́nua de Y para X. Observando que se f : X × Y −→ X é contı́nua
em Y e é uma contração em X, uniformemente em Y , então, f é de fato, contı́nua em
X ×Y.
o que implica:
1
d(ϕ(y), ϕ(y0 )) ≤ d(f (ϕ(y0 ), y), f (ϕ(y0 ), y0 )).
1−λ
Desde que o lado direito acima vai a zero quando y −→ y0 , obtém-se a continuidade
desejada.
25
aplicando [0, 1] sobre si mesmo, neste caso, muito embora g não seja contı́nua, tem um
único ponto fixo ( x = 1/2 ).
x1 = f (x0 )
...
xn = f n (x0 )
Demonstração: Seja x o único ponto fixo de f n , dado pelo Teorema 2.1.2 . Então
f n (f (x)) = f (f n (x)) = f (x) implicando f (x) = x. Desde que, um ponto fixo de f é
claramente um ponto fixo de f n . obtém-se a unicidade.
Observando que no Exemplo 2.1.5, g ◦ g = g 2 (x) ≡ 1/2.
Algumas extensões do princı́pio da contração - Existe na literatura um grande número
de generalizações do Teorema 2.1.2 . Aqui, apresentaremos alguns resultados.
26
para todo x1 , x2 ∈ X. Então, f tem um único ponto fixo x ∈ X. Além disso, para
qualquer x0 ∈ X a sequência f n (x0 ) converge para x.
O Teorema 2.1.2, é um caso particular deste resultado para ϕ(r) = λr.
está claro que an+1 ≤ ϕ(an ) ≤ an ; e portanto, (an ) converge monotonicamente para algum
a ≥ 0. Da continuidade à direita de ϕ, obtém-se a ≤ ϕ(a) o que implica a = 0. Se (xn )
não é uma sequência de Cauchy, existe > 0 e inteiros mk > nk ≥ k para todo k ≥ 1 tal
que
dk := d(xmk , xnk ) ≥ ,
para todo k ≥ 1. Em adição, sobre a escolha do menor possı́vel mk , pode-se assumir que
para k suficientemente grande (aqui se usa o fato de que (an ) → 0). Portanto para k
suficientemente grande
para todo x ∈ X. Então, f tem um ponto fixo em X. Além disso, para qualquer x0 ∈ X
a sequência f n (x0 ) converge para um ponto fixo de f
28
d(f (x1 ), f (x2 )) ≤ λ max {d(x1 , x2 ), d(x1 , f (x1 )), d(x2 , f (x2 )), d(x1 , f (x2 )), d(x2 , f (x1 ))} ,
para algum λ < 1 e x1 , x2 ∈ X. Então, f tem um único ponto fixo x ∈ X. Além disso,
d(f n (x0 ), x) = O(λn ), para qualquer x0 ∈ X.
Observação: Também, neste caso, f não precisa ser contı́nua. Contudo, é fácil checar
que ela é contı́nua no ponto fixo.
Contrações fracas: agora veremos o caso de aplicações em espaços métricos que são
fracamente contractivas .
para todo x1 6= x2 ∈ X.
De maneira geral, uma contração fraca não é condição suficiente para se ter um ponto
fixo, como é mostrado no seguinte exemplo.
Teorema 2.1.14. Seja f uma contração fraca em um espaço métrico compacto X. Então
f tem um único ponto fixo x ∈ X. Além disso, para qualquer x0 ∈ X a sequência f n (x0 )
converge para x ∈ X.
29
d(x, f (x)) = minx∈X d(x, f (x)) ≤ d(f (x), f (f (x))) < d(x, f (x))
o que é impossı́vel, assim x é o único ponto fixo de f ( e também de f n para todo n ≥ 2).
Seja agora, x0 6= x dado, e defina dn = d(f n (x0 ), x). Observe que
r = d(z, x) = lim dnk = limk→∞ dnk+1 = lim d(f (f nk (x0 )), x) = d(f (z), x).
k→∞ k→∞
Mas, se z 6= x, então
d(f (z), x) = d(f (z), f (x)) < d(z, x).
Por conseguinte, qualquer subsequência convergente de f n (x0 ) tem limite x, que junta-
mente com a compacidade de X, implica que f n (x0 ) converge para x.
Obviamente, pode-se relaxar a compacidade de X, exigindo que f (X) seja compacto
(somente aplicando o teorema na restrição de f em f (X) ). Argumentando como no
Corolário 2.1.7 , também é imediato a prova do corolário seguinte.
É fácil verificar que d é uma métrica, para ver que d é completa, basta observar que
as únicas sequências de Cauchy que não convergem para X, são em ultima análise, as
constantes. Mostra-se que f é uma contração com constante de Lipschitz igual a . Seja
x ∈ X, x 6= x.Se x ∈ Z tem-se
Se x ∈
/ Z, tem-se
Teorema 2.2.1. Assumindo que cada fn tem ao menos um ponto fixo xn = fn (xn ). Seja
f : X −→ X uma aplicação uniformemente contı́nua, tal que f m é uma contração para
algum m ≥ 1. Se fn converge uniformemente para f , então xn converge para algum
x = f (x).
Demonstração: Primeiramente, assumindo que f é uma contração (isto é, m = 1). Seja
λ < 1 a constante de Lipschitz de f . Dado > 0, escolhendo n0 = n0 () tal que
para algum λ < 1, pode-se definir uma nova métrica d0 em X equivalente a d, assim
m−1
X 1
d0 (x, y) = k
d(f k (x), f k (y)).
k=0
λ
Teorema 2.2.2. Seja X localmente compacto. Assumindo que para cada n ∈ N existe
mn ≥ 1 tal que fnmn é uma contração. Seja f : X −→ X uma aplicação tal que f m é uma
contração para algum m ≥ 1. Se fn converge ponto a ponto para f e fn é uma famı́lia
equicontı́nua, então xn = fn (xn ) converge para x = f (x).
K(x, ) := {x ∈ X : d(x, x) ≤ } ⊂ X.
d(fnm (x), f m (x)) ≤ (1 − λ), para todo n ≥ n0 , para todo x ∈ K(x, ).
≤ (1 − λ) + λd(x, x) ≤
Daı́, fnm (K(x, )) ⊂ K(x, ) para todo n ≥ n0 . Desde que, as aplicações fnmn são contrações,
segue que, para n ≥ n0 , os pontos fixos xn de fn pertencem a K(x, ), que é d(xn , x) ≤ .
34
Exemplo 2.3.1. Seja X = c0 com a norma do supremo. Deixando, B X (0, 1), a aplicação
f : C −→ C, definida por
A prova deste teorema pode ser vista em [15]. Aqui forneceremos uma prova para um
caso particular quando X é um espaço de Hilbert.
Demonstração: Seja x∗ ∈ C fixado, e considere uma sequência rn ∈ (0, 1) convergindo
para 1. Para cada n ∈ N, defina uma aplicação fn : C −→ C, quando
Observando que fn é uma contração em C, daı́, existe um único xn ∈ C tal que fn (xn ) =
xn . Desde que, C é fracamente compacto, xn tem uma subsequência (ainda denotada por
xn ) fracamente convergente para algum x ∈ C. Nós provaremos que x é um ponto fixo de
f . Observe primeiro que,
≤ kx − xn k + kf (xn ) − x∗ k
= kx − xn k + (1 − rn ) kf (xn ) − x∗ k .
35
A prova estará completa se mostrarmos que f (xt ) = (1 − t)x0 + tx1 . Isto segue de um
fato geral acerca da convexidade uniforme, o qual será recordado no próximo lema.
(1 − t) kα − xk = t kα − yk = t(1 − t) kx − yk
Teorema 2.4.2 (F. Riesz). Seja X um espaço de Banach uniformemente convexo. Seja
T : X −→ X um operador linear tal que
kT xk ≤ kxk ,
x + T x + ... + T n x
px = lim
n→∞ n+1
C = co({x, T x, T 2 x, T 3 x, ...}).
37
observe que
z + T z + ... + T n z = x + T x + ... + T n x + r
onde
r = (α0 − 1)x + ... + (α0 + α1 + αm−1 T m−1 )x
Portanto,
x + T x + ... + T n x z + T z + ... + T n z r
= − .
n+1 n+1 n+1
Desde que,
r
2m kxk
n + 1
≤ n + 1
Isto diz, que o que precede é uma sequência de minimização em C e devido a convexidade
uniforme de X, ganha-se a convergência
x + T x + ... + T n x
lim = px .
n→∞ n+1
Estamos prontos para mostrar que o operador P x = px é uma projeção contı́nua sobre
M . Com efeito, é evidente que se x ∈ M , então px = x. Em geral,
. Além disso,
kx − pk = dist(x, M ).
Demonstração: Desde que, P é contı́nua, Im(P ) é fechado, seja E uma projeção orto-
gonal tendo alcance Im(P ). Então,
P = E + P (I − E).
kP (P x + x)k ≤ kP x + xk
o qual implica em
kP xk2 ≤ kxk2 .
2+
Daı́, P x = 0 e a igualdade P = E é assegurada.
O papel desempenhado pela convexidade uniforme é essencial, como mostra o seguinte
exemplo.
T x = (0, x0 , x1 , ...),
para x = (x0 , x1 , x2 , ...) ∈ X. Então T tem um único ponto fixo, chamado, o elemento
zero de X. Não obstante, se y = (1, 1, 1, ...), para todo n ∈ N, obtem-se
y + T y + ... + T n y
k(1, 2, ..., n + 1, n, n + 1, ...)k
= = 1.
n+1
n+1
40
a xı́cara de café
as folhas de papéis
Iniciamos com os resultados clássicos sobre o teorema do ponto fixo de Brouwer, com
as provas em dimensão 1, 2 e n, e comentamos brevemente os resultados que utilizam
41
conceitos de homologia e também uma prova que utiliza o teorema de Stokes enfatizando
o uso de formas diferenciais. Entretanto, a idéia chave na demonstração em todo estes
casos está intimamente relacionada à noção de retração, que é um conceito topológico.
Mais especificamente, Karol Borsuk provou em 1931 que o teorema do ponto fixo de
Brouwer é equivalente ao teorema da não-retração, sendo este um ponto importante em
nossa abordagem, pois queremos enfatizar que o teorema do ponto fixo de Brouwer não
tem uma prova direta. Finalizamos com a demonstração de que qualquer subconjunto,
não-vazio, compacto e convexo do Rn é homeomorfo a uma bola fechada em Rn . Portanto,
estes subconjuntos tem a propriedade do ponto fixo. De maneira geral, o teorema do ponto
fixo de Brouwer afirma que toda aplicação contı́nua de um subconjunto compacto convexo
do Rn em si mesmo tem um ponto fixo.
Nos exemplos dados abaixo verifica-se que a reta real e o cı́rculo unitário não tem a
propriedade do ponto fixo. De maneira geral, é sempre possı́vel saber se um conjunto não
tem a propriedade do ponto fixo, basta exibir uma aplicação contı́nua sem pontos fixos.
Exemplo 2.5.2. A reta real R não tem a propriedade do ponto fixo, desde que existe uma
função contı́nua de R em R que não fixa em nenhum ponto. Ex. a função f : R −→ R;
dada por f (x) = x + 1, para todo x ∈ R.
Exemplo 2.5.3. O cı́rculo S 1 não tem a propriedade do ponto fixo desde que a função
contı́nua f : S 1 −→ S 1 , dada pela rotação de cada ponto no cı́rculo através de um ângulo
π, não tem pontos fixos.
A prova em uma dimensão do teorema do ponto fixo de Brouwer, mostra que todo
intervalo fechado da reta, isto é, [a, b] ⊂ R tem a propriedade do ponto fixo.
Unidimensional: Apresenta-se o teorema do valor intermediário (TVI), o qual também
é do tipo que é chamado de teorema de existência e sua prova é devido a Bernard Bolzano
(1817) e a Cauchy, o qual é um resultado topológico sobre a retal real, e que tem como
consequência a versão unidimensional do teorema do ponto fixo de Brouwer.
Demonstração : Inicialmente, se considera o caso para c = 0, isto implica que f (a) < 0
e f (b) > 0, onde I = [a, b]. Define-se uma função contı́nua ϕ(x) = λf (x) + x, tal que
x ∈ I, onde o parâmetro λ 6= 0, foi ecolhido afim de que a função ϕ(x) transforme o
intervalo [a, b] nele próprio. Esta escolha garante pelo Teorema do ponto fixo de Brouwer
que ϕ(x) tem pelo menos um ponto fixo x0 no intervalo [a, b]. Têm-se então:
a − x1 b − x2
Assim, λ será igual a um dos dois valores negativos: ou .
M m
Escolhendo λ, têm-se ϕ(x) ≥ a para todo x ∈ [a, b].
a − x1
De fato, considerando x ∈ [a, b] tal que f (x) ≥ 0, e como λ ≥ , e multiplicando esta
M
a − x1
expressão por f (x), obtem-se λf (x) ≥ f (x), e utilizando o fato que −f (x) ≥ −M ,
M
resulta que
a − x1 a − x1 a − x1
ϕ(x) = λf (x)+x ≥ f (x)+x = (−f (x))+x ≥ (−M )+x = a−x1 +x.
M −M −M
implicando que ϕ(x) ≥ a − x1 + x ≥ a ou seja, ϕ(x) ≥ a para todo x ∈ [a, b] tal que
f (x) ≥ 0.
Para x tal que f (x) < 0, tem-se que λf (x) > 0 e ϕ(x) = λf (x) + x ≥ x ≥ a, ou seja
De maneira análoga, tem-se que ϕ(x) ≤ b para todo x ∈ [a, b]. De fato, seja x ∈ [a, b] tal
que f (x) ≥ 0. Então
b−x2
Seja agora, x ∈ [a, b] tal que f (x) ≤ 0. E como, λ ≥ m
, e multiplicando ambos os
b−x2
membros da desigualdade por f (x), obtem-se λf (x) ≤ m
f (x) e utilizando o artifı́cio
43
anterior, resulta em
b − x2 b − x2 b − x2
ϕ(x) = λf (x) + x ≤ f (x) + x = (−f (x)) + x ≤ (−m) + x = b − x2 + x.
m −m −m
Isto implica que, ϕ(x) = λf (x) + x ≤ b para todo x ∈ [a, b], ou seja ϕ(x) ≤ b para todo
x ∈ [a, b], tal que f (x) ≤ 0.
Assim, ϕ(x) aplica [a, b] em [a, b], de forma que ϕ(x) tem pelo menos um ponto fixo x0
em [a, b]. Ou seja,
Demonstração: É imediato que não existe retração de [−1, 1] sobre {−1, 1}, desde que,
se existisse retração de [−1, 1] sobre {−1, 1} seria uma aplicação contı́nua de um espaço
conexo sobre um desconexo, o que é uma impossibilidade.
Exemplo 2.5.7. Interpretação Geométrica: Seja f : [−1, 1] −→ [−1, 1], f tem um ponto
fixo, o que equivale a afirmar que: Não é possı́vel ligar dois lados paralelos de um quadrado
por uma linha contı́nua, sem intersectar a diagonal do quadrado.
44
Como indicamos, nossa abordagem para provar o teorema do ponto fixo de Brouwer
consiste em mostrar a equivalência ao teorema da não-retração, e isto é feito no próximo
teorema.
Teorema 2.5.10. O disco D, como subespaço do R2 tem a propriedade de ponto fixo se,
e somente se não existe retração de D sobre sua fronteira S 1 .
Teorema 2.5.12 (Teorema da não-retração, a prova pode ser vista [14]). Não
existe retração de B n sobre S n−1
2. De fato, todo x ∈ X encontra-se no único raio Rx0 ,xn tal que xn encontra-se na
fronteira de X.
aberto, existe r > 0, tal que U0 ⊂ Br (x0 ). Dado qualquer x ∈ Br (x0 ), (x, y1 ) ∈ X. Seja
S
A = x∈U0 (x, y1 ). Então, A ⊂ X desde que (x, y1 ) ⊂ X, para todo x ∈ X. Define-se
Uλ = y1 + (1 − λ)(U0 − y1 ), 0 < λ < 1. Este é um conjunto aberto desde que é obtido por
translação e redefinição de U0 . Então,
[ [ [ [
A= (x, y1 ) = {y1 + (1 − λ)(x − y1 ); 0 < λ < 1} = Uλ = (conjuntos abertos).
x∈U0 x∈U0
Mas, y2 ∈ (x0 , y1 ), logo existe um λ tal que y2 ∈ Uλ assim y2 está no interior de X. Isto
é uma contradição. Portanto, Rx0 ,x1 ∩ ∂X tem um único ponto. b) Todo ponto x ∈ X,
com x 6= x0 , encontra-se no único raio Rx0 ,x1 com x ∈ ∂X, ou seja Rx0 ,x = Rx0 ,x1 com
{x} = Rx0 ,x1 ∩ ∂X.
Demonstração do teorema: Afirmação 1: Se B n tem a propriedade do ponto fixo, então
não existe retração de B n sobre S n−1 . Isto é, se existir uma retração de B n sobre S n−1 , en-
tão existirá uma aplicação de B n em B n sem pontos fixos. Seja r : B n −→ S n−1 uma apli-
cação retração. E define-se m : S n−1 −→ S n−1 por m(x) = −x e também i : S n−1 −→ B n
para ser a aplicação inclusão, i(x) = x. Então, para todo x ∈ B n , i ◦ m ◦ r(x) 6= x.
Se x ∈ IntB n , então [i ◦ m ◦ r(x) ∈ S n−1 =⇒ i ◦ m ◦ r(x) 6= x]. Se x ∈ S n−1 , então
r(x) = −x 6= x. Assim, existe uma aplicação de B n para B n sem pontos fixos.
Afirmação 2: Se não existe aplicação retração de B n sobre S n−1 , então B n tem a proprie-
dade do ponto fixo. Isto é, se existe uma aplicação de B n em B n sem pontos fixos, então
existe uma aplicação retração de B n sobre S n−1 . Seja f : B n −→ B n não tendo pontos
fixos. Pode-se construir uma aplicaçao retração r, assim: Defina-se r : B n −→ S n−1 ,
por r(x) = f (x) + g(x)(x − f (x)) onde g(x) ≥ 1, desde que x 6= f (x) resultando em
f (x) 6= r(x) para todo x, e é escolhido de modo que r(x) ∈ S n−1 . Isto exige que:
linear de funções contı́nuas, é então uma função contı́nua. Seja x ∈ S n−1 . Por definição
r extende o vetor x − f (x), baseado em f (x), logo, este encontra-se na fronteira de B n ,
em r(x). Pois [x, f (x)] é um segmento de reta nesta extensão. O Lema do Raio mostra
que esta extensão encontrará a fronteira, exatamente em um ponto. Por definição, este é
r(x). Mas, x ∈ ∂B n está neste raio. Assim, r(x) = x.
Segue a prova de que os subconjuntos, compactos, convexos do Rn tem a propriedade
do ponto fixo.
Os subconjuntos compactos convexos do Rn
f (y) = t.ρ(x).
Mostrando que f : K −→ B assim definida, é um homeomorfismo. Observando pri-
meiramente que, se I = [0, 1], o produto I × ∂K é compacto e portanto a sobrejeção
contı́nua m : I × ∂K −→ K, dada por m(t, x) = t.x, é uma aplicação quociente, e sendo
f ◦ m : I × ∂K −→ B, dada por (f ◦ m)(t, x) = t.ρ(x), é contı́nua. Logo, f é contı́nua e
bijetiva.
Segue-se que, f : K −→ B é um homeomorfismo.
Em geral, para a demonstração do teorema do ponto fixo de Brouwer é necessário
ferramentas da topologia algébrica, as quais estão alem do propósito deste trabalho. No
exemplo a seguir verificaremos a validade do teorema do ponto fixo de Brouwer em ambi-
entes de dimensão infinita. A continuidade é deveras importante em dimensão finita, mas
não nos permite ir muito longe, quando os ambientes são de dimensão infinita.
observando que
∞
X
2 2
kf (a)k = 1 − kak + a2j = 1
j=1
Verifica-se a seguir que f não tem ponto fixo. De fato, se existisse b ∈ B tal que f (b) = b,
terı́amos kbk2 = kf (b)k2 = 1 e então
isto implica que b = 0, o que é uma contradição pois kbk2 = 1. Concluı́mos que f mesmo
sendo contı́nua, não tem ponto fixo.
Demonstração Suponha que f : B n −→ B n não tenha pontos fixos. Então define-se uma
aplicação F : B n −→ S n−1 da bola para sua fronteira, atribuindo a cada ponto x ∈ B n , o
ponto de interseção do raio que de f (x), através de x, com a esfera S n−1 . A formula para
F,
s
2
x − f (x) x − f (x) x − f (x)
F (x) = x + 1 − ||x||2 + x, − x, .
||x − f (x)|| ||x − f (x)|| ||x − f (x)||
mostra que F é suave, e além disso, atua na fronteira da bola como a identidade, F (x) = x,
para todo x ∈ S n−1 . F é uma retração Seja F 1 , ..., F n as componentes de F . E
diferenciando a seguinte relação que é válida para todo x ∈ B n .
n
X
(F i (x))2 = 1,
i=1
50
produzindo,
n n
X X ∂F i (x)
2 F i (dF i ) = 2 (F i j
)dxj = 0,
i=1 i,j=1
∂x
i
Daı́,o determinante da matriz se torna zero det( ∂F∂x(x)
j ) = 0. Agora, aplica-se esta obser-
ω n−1 = F 1 ∧ dF 2 ∧ ... ∧ dF n ,
n−1 1 2 ∂F i (x) n
dω = dF ∧ dF ∧ ... ∧ dF = det( j
)dx1 ∧ ... ∧ dxn = 0
∂x
Pelo teorema de Stokes, a integral da forma ω n−1 sobre a fronteira S n−1 de B n é igual a
zero. Z Z
n−1
0= dω = ω n−1 .
Bn S n−1
Por outro lado, F atua na fronteira da esfera S n−1 como a identidade; por isso
Este teorema é uma extensão do Teorema do ponto fixo de Brouwer para uma situação
mais geral. Para um melhor entendimento iniciaremos com os enunciados dos teoremas
de ponto fixo devido a Brouwer, Schauder e Tychonoff. A prova de Schauder e Tychonoff
pode ser vista em [4].
Teorema 2.6.5 (Frobenius). Seja A uma matriz n × x com entradas estritamente po-
sitiva, então A tem autovalores estritamente positivos.
Demonstração: A matriz A pode ser vista como uma transformação linear de Rn para
Rn . Introduzindo o conjunto compacto convexo
( n
)
X
n
K= x∈R : xj = 1, xj ≥ 0, para j = 1, ..., n .
j=1
e defina f (x) = Ax/ kAxk1 (onde k·k1 é a norma euclideana 1). Observe que se x ∈ K
então toda as entradas de x são não negativas e ao menos uma é estritamente positiva,
daı́, todas as entradas de Ax são estritamente positivas. Então f é uma função contı́nua
aplicando K em K e portato, existe x ∈ K tal que Ax = kAxk1 x.
Partições da unidade: - Suponha que V1 , ..., Vn são subconjuntos abertos de um espaço
de Hausdorff X, localmente compacto, K ⊂ X é compacto, e
K ⊂ V1 ∪ ... ∪ Vn .
Então, para todo j = 1, ..., n existe ϕj ∈ C(X), 0 ≤ ϕj ≤ 1 com suporte em Vj tal que
A coleção ϕ1 , ..., ϕn é dita ser uma partição da unidade para K, subordinada a cobertura
aberta {V1 , ..., Vn }. A existência de partições da unidade, é consequência direta do Lema
de Urysohn, que de maneira geral afirma que dados A, B dois subconjuntos fechados e
disjuntos de um espaço topológico X, existe uma função contı́nua f : X −→ [0, 1] tal que
f (A) ⊆ {0} e f (B) ⊆ {1}. Frequentemente, é interessante encontrar partições da unidade
de um conjunto compacto K ⊂ X, cujos membros, são funções contı́nuas definidas em K.
Claramente, neste caso, X não precisa ser localmente compacto.
Demonstração: Denote por B uma base local para a topologia em X gerada pela famı́lia
separável de seminormas de P em X. Dado U ∈ B, da compacidade de K0 , existe
53
então,
fu (K) ⊂ Ku := co({x1 , ..., xn }) ⊂ K,
V = {x ∈ X : p(x) < } ∈ B,
f (x) − f (x) ∈ V
x − f (xU ) ∈ W ⊂ V, (2.4)
o que produz
f (xU ) − f (x) ∈ V, (2.5)
Sendo p e arbitrário, conclui-se que p(x − f (x)) = 0 para todo p ∈ P , o que implica na
igualdade f (x) = x.
54
O seguinte teorema refere-se a pontos fixos comuns de uma famı́lia de aplicações line-
ares comutativas.
I + T + ... + T n
Tn =
n+1
Tn K ⊂ K.
Tn K ∩ Sm K ⊃ Tn Sm K − Sm Tn K 6= ∅
Assim,
\ 1
Tx − x ∈ (K − K).
n∈N
n+1
55
1
(K − K) ⊂ {x ∈ X : p(x) < } .
n+1
Capı́tulo 3
ANÁLISE COMPARATIVA
Inicialmente se observa uma diferença na natureza das demonstrações destes dois teo-
remas clássicos, sendo a de Brouwer de forma indireta ou por equivalencias e a de Banach,
essencialmente construtiva.
Um outro aspecto observado foi o ambiente comun em que os teoremas foram conce-
bidos, a saber: o espaço euclideano Rn ou seja, foi considerado espaços de dimensão finita
e também foram consideradas funções f ou aplicações onde o domı́nio e a imagem são os
mesmos, já que em dimensão infinita o domı́nio e a imagem de uma aplicação podem ter
diferentes topologias.
E em Brouwer o subconjunto X do Rn considerado é um espaço topológico, no caso,
a bola unitária B n e f uma função contı́nua, e em Banach o subconjunto X considerado
57
Segundo, o uso da lógica intuicionista garante que as provas prosseguem de maneira que
preservem o significado computacional, em particular, uma prova construtiva de existência
de P (x) incorpora um algorı́tmo para a construção de um objeto x e um algoritmo para
verificação de que P (x) se mantém. Desta forma, matemáticas construtivas podem ser
vistas como um alto nı́vel de linguagem de programação. O que contrastaria com as
demonstrações aceitas de forma indireta de um dado primeiro teorema, e que são aceitas
como válidas após verificar a demonstração de um segundo teorema, implicando assim em
uma formulação equivalente.
O teorema do ponto fixo de Brouwer em sua versão original ou clássica, até o momento
não tem uma prova direta. Mas em versões cuja idéia foi de utilizar o argumento da
aproximação de pontos fixos, tem surgido várias provas, este argumento foi defendido
pelo próprio Brouwer em 1952, conforme [14]. No artigo de 1976, R. B Kellogg e etc. [9]
apresenta a prova construtiva do teorema do ponto fixo de Brouwer que resulta em um
algoritmo ou metódo para se obter um ponto fixo, chamado de método da continuação,
no qual em linhas gerais se considera: D um conjunto aberto, convexo e limitado em Rn ,
e seja F : D̄ −→ D̄ contı́nua. O teorema do ponto fixo de Brouwer garante a existência
de um ponto fixo, um ponto x tal que x = F (x).
Para esta prova recente, foi observado que a técnica utilizada é a de − pontos f ixos,
e é neste contexto que encontramos uma equivalencia nas demonstrações dos teoremas de
Brouwer e de Banach: A utilização de − pontos f ixos , um argumento defendido por
Brouwer como tendo significado intuicionista.
Nos teoremas de Kellogg , a demonstração consiste em provar que existe -aproximação
no conjunto, a qual nos leva a encontrar um ponto fixo, e em caso contrário podemos
melhorar esta aproximação o quanto desejarmos até que se encontre o ponto desejado,
isto permite construir um algoritmo que levará a encontrar o ponto fixo.
Em Kellogg, observa-se que ao utilizar todas as hipotéses clássicas do teorema de
Brouwer, juntamente com o teorema da não retração, e introduzindo a hipótese da dife-
renciabilidade de uma aplicação, chega-se a uma situação em que se utiliza o argumento
intuicionista, para aproximação de pontos fixos. O qual é muito semelhante ao argumento
utilizado no teorema de Banach, e que resultou em um método, chamado de método das
aproximações sucessivas.
59
O argumento considerado por Brouwer como o único tendo significado para os intui-
cionistas consiste na validade deste teorema.
Teorema 3.0.2. Seja M um espaço métrico. E supondo que f seja uma aplicação contı́-
nua de um subconjunto fechado de M em um subconjunto compacto de M e que para cada
> 0, deve existir x() tal que:
Definição 3.0.3. Os x() satisfazendo (3.1) são chamados de -pontos fixos para f .
Lema 3.0.5. Cada componente conexa de H −1 (x0 )∩D é um subconjunto fechado de D\C
na topologia relativa de D \ C.
O próximo teorema mostra a existência de um ponto fixo e dá a base para o método
numérico de Kellogg.
A partir destas provas, claramente o teorema do ponto fixo de Brouwer fornece agora
um método para se obter um ponto fixo, tal qual o faz, o teorema do ponto fixo de Banach.
60
Capı́tulo 4
APLICAÇÕES DE TEOREMAS DO PONTO FIXO
Ao longo deste capı́tulo iremos tratar de algumas aplicações de teoremas de ponto fixo,
como ferramentas importantes para provar teoremas da Análise, e da Teoria dos Jogos.
Aplicando o teorema do valor médio de Lagrange para Φ, existe τ ∈ (0, 1) tal que
|Λf (x1 ) − Λf (x2 )| = |Φ(1) − Φ(0)| ≤ |Φ0 (τ )| = |Λf 0 (τ x1 + (1 − τ )x2 )(x1 − x2 )| Daı́,
F (x, y) = 0 ⇐⇒ y = f (x)
1
kDy Φ(x, y)kL(Y ) ≤ , para todo (x, y) ∈ BX (0, γ) × BY (0, γ) ⊂ U.
2
1
kΦ(x, y1 ) − Φ(x, y2 )kY ≤ ky1 − y2 kY , kxkX , ky1 kY , ky2 kY ≤ β < γ.
2
β
kΦ(x, 0)kY ≤ , kxkX ≤ α.
2
1
kΦ(x, y)kY ≤ kΦ(x, 0)kY + kΦ(x, y) − Φ(x, 0)kY ≤ (β + kykY ) ≤ β.
2
0 = Dx F (u0 )(x − x0 ) + Dy F (u0 )(f (x) − f (x0 )) + σ(x − x0 , f (x) − f (x0 )),
Observe que a relação acima implica que f é localmente Lipschitz em x0 . Por isso,
Teorema 4.1.6. Sejam X, Y espaços de Banach, e seja Lreg (X, Y ) ⊂ L(X, Y ) o conjunto
de operadores lineares, limitados e invertı́veis de X sobre Y . Então Lreg (X, Y ) é aberto
em L(X, Y ). Além disso, a aplicação T −→ T −1 é contı́nua.
Claramente, usando (4.2) em lugar de (4.1), uma menor taxa de convergência é esperada.
O próximo resultado é baseado em (4.2).
µ
kΦ0 (x)kL(X) ≤
f 0 (x0 )−1
L(Y,X) kf 0 (x0 ) − f 0 (x)kL(X,Y ) ≤ λs
f 0 (x0 )−1
L(Y,X) = .
2
Por isso Φ é Lipschitz, com contante de Lipschitz menor que ou igual a µ/2 ≤ 1/2. Além
disso,
s
kΦ(x0 ) − x0 kX ≤
f 0 (x0 )−1
L(Y,X) kf (x0 )kY =
2
que por sua vez dá
µ s
kΦ(x) − x0 kX ≤ kΦ(x) − Φ(x0 )kX + kΦ(x0 ) − x0 kX ≤ kx − x0 kX + ≤ s.
2 2
sµn
kxn − xkX ≤ .
(2 − µ)2n
segue que,
µ
kxn+1 − xkX = kxn − xkX + o(kxn − zkX )
2
como consequência,
kxn+1 − xkX ≤ c kxn − xkX
65
para algum c ∈ (0, 1), e para todo n grande. Isto é referido como, a convergência linear
do método.
Observação: Se fizer µ < 2 e se for assumido que f 0 e Lipschitz contı́nua em BX (x0 , r)
com constante de Lipschitz λ, pode-se obter a tese com uma prova inteiramente diferente
explorando o método iterativo (4.1). Neste caso, obtem-se uma estimativa muito melhor
s µ 2n−1
kxn − xkX ≤
2n 2
e
kxn+1 − xkX ≤ c kxn − xk2X
A idéia chave para solucionar o problema de valor inicial da equação em (4.4), reside
na substituição pela equação integral equivalente em y
Z x
y(x) = b + f (t, y(t))dt, (4.5)
a
e ϕ(a) = b. Desde que, ϕ é contı́nua em (α, β), e f é contı́nua em Ω, a função f (t, ϕ(t))
é contı́nua em (α, β). Daı́, integrando (4.6) de a até x acarreta que
Z x
ϕ(x) = b + f (t, ϕ(t))dt, (4.7)
a
67
Observação: Uma condição suficiente para uma função f (x, y) satisfazer a condição de
∂f
Lipschitz em um retângulo fechado S em R2 é a continuidade de ∂y
(x, y) em S. Utilizando
o teorema do valor extremo de Weierstrass, existe M > 0 tal que
∂f
(x, y) ≤ M, (4.9)
∂y
para todo (x, y) ∈ S. Ao mesmo tempo, para (x, y1 ), (x, y2 ) ∈ S o teorema do valor médio
(T.V.M) implica que
∂f
|f (x, y1 ) − f (x, y2 )| = (x, ς) |y1 − y2 | ,
∂y
onde y1 < ς < y2 , agora, desde que (x, ς) ∈ S, utilizando (4.6), obtem-se
∂f
Assim, no teorema seguinte é suficiente assumir que f e são contı́nuas em Ω.
∂y
Teorema 4.2.4 (Picard). Seja Ω um domı́nio em R2 e seja f : Ω −→ R contı́nua. Seja
(a, b) ∈ Ω e considere o prolema de valor inicial
Demonstração: Desde que, Ω é aberto e v = (a, b) ∈ Ω, existe r1 > 0 tal que, o disco
aberto Br1 (v) ⊆ Ω. Escolhendo 0 < r < r1 , de forma qu o disco fechado B r (v) ⊆ Br1 (v).
desde que, f é contı́nua em Ω e também em B r (v), existe K > 0 tal que
|f (x, y)| ≤ K
r
, 1
para todo (x, y1 ), (x, y2 ) em B r (v). Agora, escolhendo 0 < δ < min K+1 M
tal que
1
δ< M
e o retângulo {(x, y) : |x − a| ≤ δ, |y − b| ≤ Kδ} ⊆ B r (v). Seja J = [a − δ, a + δ] e
considere o espaço métrico C(J) de toda função contı́nua real ψ : J −→ R com a métrica
Seja
C = {ψ ∈ C(J) : |ψ(x) − b| ≤ Kδ} .
= M δd(ψ1 , ψ2 ).
Portanto, F (ψ) = ψ, o que contradiz a unicidade de ϕ (isto é, a unicidade do ponto fixo).
70
d t
Z
e f (y)dy = f (t), para todo t ∈ I. Recordando, que a função h : I −→ X é
dt α
diferenciável em t0 ∈ I se o limite
h(t) − h(t0 )
lim
t→t0 t − t0
Rt
x(t) = x0 + t0
f (y, x(y))dy, t∈I (4.12)
para todo (t, x1 ), (t, x2 ) ∈ U , se mantém para algum k(t) ∈ [0, ∞];
(c) k ∈ L1 ((t0 − a, t0 + a)) para algum a > 0;
(d) Existe m ≥ 0 e B R×X (u0 , s) ⊂ U tal que
Então, existe τ0 > 0 tal que, para qualquer τ < τ0 , existe uma única solução x ∈ C 1 (Iτ , X)
para o problema de Cauchy, com Iτ = [t0 − τ, t0 + τ ].
Também, (d) é sempre verdadeiro, se X é de dimensão finita, e bolas fechadas são com-
pactas. Em ambos os casos, definindo
s0 = sup σ > 0 : B R×X (u0 , σ) ⊂ U
Selecione então, τ < τ0 e considere o espaço métrico completo Z = B C(Iτ ,X) (x0 , r) com
a métrica induzida pela norma de C(Iτ , X) (aqui x0 é uma função constante igual a x0 ).
Desde que, τ < r, se z ∈ Z, então (t, z(t)) ∈ B R×X (u0 , r) ⊂ U para todo t ∈ Iτ . Por isso,
para z ∈ Z define-se Z t
F (z)(t) = x0 + f (y, z(y))dy,
t0
Conclui-se que F aplica Z em Z. O último passo é para mostrar que F n é uma contração
em Z para algum n ∈ N. Por indução, mostra-se também, que para todo t ∈ Iτ ,
n
1 t
Z
n n
kF (z1 )(t) − F (z2 )(t)k ≤ k(y)dy kz1 − z2 k
C(Iτ ,X) . (4.13)
n! t0
1
kF n (z1 ) − F n (z2 )kC(Iτ ,X) ≤ kkknL1 (Iτ ) kz1 − z2 kC(Iτ ,X) .
n!
isto mostra que para n suficientemente grande F n é uma contração. Pelo Corolário 2.1.7,
conclui-se que F admite um único ponto fixo, o qual é claramente a solução da equação
integral (4.12) e também de (4.11).
73
Como aplicação do teorema do ponto fixo de Brouwer, apresentamos uma prova para
o teorema fundamental da Álgebra que enfatiza a invariância de uma função em conjuntos
compactos.
Demonstração: Para este propósito, se identificará C com R2 . Pode-se supor, sem perda
de generalidade que an = 1 e
onde z = ρeiθ com, θ ∈ [0, 2π) e considerando agora o conjunto K = {z; |z| ≤ r}, que é
compacto e convexo do plano. O objetivo é mostrar que K é invariante pela g, ou seja
g(K) ⊂ K De fato, se |z| ≤ 1, então
Iremos apresentar um dos importantes resultados da teoria dos jogos, este é devido ao
matemático John Nash, que é sobre jogos não-cooperativos, e que por este resultado obteve
o Prêmio Nobel de Economia. Na demonstração do seu teorema, John Nash utilizou o
teorema do ponto fixo de Brouwer.
Considerando um jogo, com n ≥ 2 jogadores, sob a suposição que os jogadores não
cooperam entre si. Cada jogador adota uma estratégia, independente da estratégia dos
outros jogadores. Denote o conjunto de todas as estratégias possı́veis do K th jogador por
Kk e o conjunto K = K1 × ... × Kn . Um elemento x ∈ K é chamado perfil estratégico.
Para cada k, seja fk : K −→ R, a função perda do K th jogador. Se
n
X
fk (x) = 0, para todo x ∈K (4.14)
k=1
Em particular, se nosso conjunto y = (x1 , ..., xk−1 , xk , xk+1 , , ..., xn ), para todo xk ∈ Kk ,
obtem-se
REFERÊNCIAS
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