BIM No Downstream Do Gás Natural

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Rio Oil & Gas Expo and Conference 2022

ISSN 2525-7579

Conference Proceedings homepage: https://biblioteca.ibp.org.br/riooilegas

Technical Paper

BIM no downstream do gás natural


BIM on the natural gas downstream

Magno Bernardo do Nascimento Silva .


BAHIAGAS, VAREJO, LIGAçãO. SALVADOR - BA - BRASIL, [email protected]

Resumo

As operações de downstream são processos de gás natural que ocorrem após a fase de produção até o ponto de venda,
os distribuidores de gás são empresas envolvidas nesse processo e atuam dentre outros, no varejo, como nos
segmentos residenciais e comerciais. Diversos são os processos técnicos envolvidos nesta etapa, desde a construção
de gasodutos de distribuição, construção de ramais de serviço e fornecimento de gás natural em instalações e sistemas
internos prediais. Com isso, o BIM – Modelagem da Informação da Construção, vem auxiliar em todas as fases que
envolve projetos, banco de dados, interface com usuários em escritório ou em obras, no planejamento e execução de
obras, na orçamentação e estudo de viabilidade, na operação e manutenção de todo sistema, e outros. Este estudo
demonstra a utilização e aplicação do BIM na cadeia de distribuição de gás natural, que envolve distributivamente em
subsetores categorizados: engenharia / projetos; obras de gasodutos; obras de ligação de clientes; atendimento ao
varejo; análise e revisão de projetos de redes internas; operação e manutenção da rede; e, outros impactados
positivamente com toda a organização da cadeia, como suprimentos, contabilidade e demais.
Palavras-chave: BIM. Projetos de gás natural em BIM. BIM no gás natural

Abstract

Downstream operations are natural gas processes that take place after the production phase to the point of sale, gas
distributors are companies involved in this process and operate, among others, in retail, such as in the residential and
commercial segments. There are several technical processes involved in this stage, from the construction of distribution
gas pipelines, construction of service branches and the supply of natural gas in facilities and internal building systems.
With this, BIM - Building Information Modelling, comes to assist in all phases involving projects, database, interface with
users in the office or on construction sites, in the planning and execution of works, in the budgeting and feasibility study,
in the operation and maintenance of the entire system, and others. This study demonstrates the use and application of
BIM in the natural gas distribution chain, which involves distributively in categorized subsectors: engineering / projects;
pipeline works; customer connection works; retail service; analysis and review of internal network projects; network
operation and maintenance; and others positively impacted with the entire organization of the chain, such as supplies,
accounting and others.
Keywords: BIM. Natural gas projects in BIM. BIM in natural gas

Received: November 07, 2021 | Accepted: | Available online:


Article nº:
Cite as: Proceedings of the Rio Oil & Gas Expo and Conference, Rio de Janeiro, RJ, Brazil, 2022.
DOI: https://doi.org/10.48072/2525-7579.rog.2022.

© Copyright 2022. Brazilian Petroleuma and Gas Institute - IBPThis Technical Paper was prepared for presentation at the Rio Oil & Gas Expo and Conference, held in September 2022, in Rio de Janeiro. This Technical Paper was selected
for presentation by the Technical Committee of the event according to the information contained in the final paper submitted by the author(s). The organizers are not supposed to translate or correct the submitted papers. The material as it is
presented, does not necessarily represent Brazilian Petroleum and Gas Institute’ opinion, or that of its Members or Representatives. Authors consent to the publication of this Technical Paper in the Rio Oil & Gas Expo and Conference 2022
Proceedings..
Bim no downstream do gás natural

1. Introdução

As companhias responsáveis pela distribuição de gás natural fazem parte do que se


considera um segmento da cadeia do petróleo e gás natural como downstream (FGV ENERGIA,
2014), etapa pós exploração, produção e transporte, que direciona o energético a diversos
segmentos consumidores como: varejo (residencial e comercial), veicular, industrial e geração
de energia. Planejamento estratégico, projeto executivo, as built, obras de gasodutos de
distribuição e ligação de clientes através de ramais de serviço, gestão e cronograma físico de
realizações, análise e aprovação de redes internas prediais, medição de serviços, aplicação de
materiais, operacionalização e manutenções preventivas e corretivas, dentre outras atividades,
são rotinas diárias para o fornecimento de gás natural que podem ser dinamizadas através do
BIM - Modelagem da Informação da Construção.
O BIM - Building Information Modelling ou Modelagem da Informação da Construção,
tratado como base da transformação digital no setor de engenharia e construção, aqui englobado
o downstream de GN - gás natural, trata-se de um processo de criação e gerenciamento de dados
e informações para um recurso, seja um gasoduto, uma estação de regulagem e medição, ou
outros, que com base em um modelo inteligente e habilitada por uma plataforma na nuvem
(com um acesso seguro a recursos que estão localizados em um servidor externo), o BIM integra
elementos estruturados e multidisciplinares para produzir um resultado analítico de um recurso
em todo seu ciclo de vida, desde o planejamento de futuras redes de distribuição de GN, e o
projeto e licenças, até a construção, operação e manutenção.
Todo o segmento técnico de distribuição de GN pode ser contemplado com o BIM, na
fase de projetos é a que é mais difundida, sendo de fácil vislumbre seu acesso e transformação,
com o mundo tridimensional invadindo os projetos 2D e criando possibilidades a serem tratadas
neste estudo, como a abertura à outras tantas dimensões, a exemplo da 5D que apresenta como
finalidade realizar a estimativa de custos.

2. Desenvolvimento

As melhorias nas projeções futuras sempre estiveram associadas à incorporação de


tecnologias disponíveis em cada época. Atualmente, o uso massivo de sofisticadas tecnologias
tem se destacado como um poderoso instrumento de transformação digital na indústria e
construção, incluindo o downstream do gás natural. Este estudo fundamenta-se em uma análise
específica de uma distribuidora de gás natural, seus macro processos, suas atividades e ações,
que fundamentam a implantação do sistema BIM, não apenas de forma obrigatória, mas como
criação de possibilidades de melhorias e ampliação da informatização de processos e rotinas.
Foram realizadas reuniões de diagnóstico em alguns dos setores afetados e a partir das
conclusões e necessidades, estabeleceu-se critérios de análise, sendo possível vislumbrar os
softwares, ferramentas e os treinamentos, em cada um. Assim, o resultado para implementação
do BIM apresentado neste estudo torna-se fundamental para a tomada de decisão, com
estratégia para o gerenciamento das informações na empresa e terceiros.
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2.1. O BIM

A Modelagem da Informação da Construção possui um alto potencial nas ferramentas e


processos para lidar não só com o projeto, mas com o ciclo de vida do sistema de distribuição
de gás. A adoção do BIM implica em mudanças nos padrões de execução de projeto, nos
métodos de trabalho dos colaboradores dos distintos setores, pois ao invés de representar o
sistema, através de desenhos e ilustrar componentes e processos, os agentes irão representar o
gasoduto através de uma base de dados.
Essa base de dados unificada será tratada como modelos pré-cadastrados, onde cada
modelo representa um produto específico possuindo características diversas. A aplicação de
cada um destes modelos irá gerar diversos resultantes, com o benefício de associar todas as
informações do modelo em uma única plataforma, o que garante a produção automática de
documentos de rotina (como folha de dados, lista geral de materiais, solicitação de compra,
orçamentação assertiva, cronograma físico, dentre outros) além do gerenciamento dos dados
em todo ciclo de vida do sistema.
Ao abordarmos esta tecnologia, não nos referimos simplesmente a um software específico
ou uma plataforma de trabalho, é sim um processo colaborativo e integrado, em um ambiente
criado para execução de projetos, obras, manutenção e demais atividades dentro do ciclo de
vida do sistema (gasoduto). É uma base de dados integrada, que representa e armazena o
conjunto de informações de todo sistema.
Projetar através do BIM significa adequar todos os processos e informações pré-
existentes, para que a partir de então compartilhem informações de forma ser possível de
maneira imediata retirar quaisquer relatórios necessários. Utilizando-se de softwares presentes
no mercado que permitem, a partir da modelagem do sistema, se obter não somente os desenhos
impressos, mas principalmente tabelas, listas, avaliação de interferências, prazos de
substituição de equipamentos e outras muitas informações.

Figura 1 – Comparação desenho 2D versus projetar com BIM

Desenho 2D com indicação textual do material em Projeto em BIM com aplicação do modelo pré-
lista. concebido na base de dados que possui características
específicas.
Fonte: Próprio autor (2022)
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Com a finalidade de exemplificar a Figura 1 traz modelos comparativos de projetos. À


esquerda em 2D, geralmente desenhado traçando-se uma linha simples e escrevendo em alguma
área a indicação do que se refere à citada linha, no exemplo: uma linha na ‘cor magenta’ com a
descrição textual de referência igual a um tubo de polietileno com diâmetro de 90mm. À direita,
uma inserção de modelos pré-cadastrados com características exclusivas, como exemplo: tubo
de pressão em policloreto de vinila de 6”, seu código de referência e destinação ‘rede geral’. A
inserção de um modelo possibilita a gestão em toda vida útil deste equipamento.

2.2. Os benefícios do BIM

A utilização da Modelagem da Informação da Construção possui como vantagem mais


imediata a produção automatizada da documentação completa a partir do projeto, auxiliando
também em todas as fases seguintes, como na previsão de materiais, controle de suprimentos,
na interface com usuários em escritório ou em obras, no planejamento e execução de obras,
definição de avanço de fases, na gestão de investimentos, na criação de ativo fixo, na
orçamentação e estudo de viabilidade, na operação e manutenção de todo sistema, entre outros.
Como exemplos de benefícios a longo prazo têm-se: a redução da duração dos projetos;
o aumento da lucratividade; a redução do custo da construção; e, o menor índice de reclamações.
E a curto prazo: a redução de erros e omissões de projeto; os novos negócios; a redução de
retrabalho; a oferta de novos serviços; e, o recrutamento e retenção de pessoal. Com uma única
base de dados, qualquer modificação realizada no modelo é automaticamente atualizada nos
documentos dos projetos, o que garante agilidade nas atualizações e modificações, e tornando
confiável o acesso às informações.
Os aditivos de contrato também são um fator crucial ao abordarmos os benefícios do BIM.
Segundo pesquisas realizadas com 408 projetos ao redor do mundo
(BUILDINGINFORMATIONMANAGEMENT, 2013), mostram que o uso da tecnologia
tende a minimizar ou evitar totalmente os custos extraordinários de obra, a partir de uma
redução em percentual significativa dos custos com aditivos ao se aproximar de um indicador
alto do uso do BIM, pelos contratos e projetos estudados.

2.3. A estratégia BIM

Com a adesão ao BIM por parte de setores estratégicos ligados ao Governo Federal, a
intenção no setor público brasileiro foi oficializada a partir da instituição do Comitê Estratégico
de Implementação do Building Information Modelling (CE-BIM) em 2017, e logo após com o
Decreto nº 9.377:2018, o qual instituiu a Estratégia Nacional de Disseminação do BIM
(Estratégia BIM BR). Em 2019 o Decreto nº 9.983 estabeleceu o Comitê Gestor da Estratégia
BIM, sendo complementado posteriormente pelo Decreto nº 10.306 de 2 de abril de 2020, que
estabelece a implementação da Modelagem da Informação da Construção na execução direta
ou indireta de obras e serviços de engenharia. (BRASIL, 2020).

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Para um aumento do nível de maturidade BIM, que se refere às melhorias em qualidade,


repetibilidade e previsibilidade baseadas nas habilidades de uma empresa ou equipe em entregar
resultados mensuráveis em BIM, uma iniciativa do Reino Unido de exigir o BIM de Nível 2
para todas as obras públicas em 2016, foi tratada como uma estratégia notória e cria a
expectativa de se entender os níveis elaborados para a maturidade BIM, estabelecendo critérios
evolutivos e necessidades para qualquer empresa ou organização – Figura 2.
O Nível 0 pressupõe a dependência de desenhos e cálculos manuais ou em planilhas
separadas. O Nível 1 determina a fase de transição do CAD para o BIM, os usuários geram
modelos utilizados para a geração automática de documentação 2D, visualizações 3D e
exportação de dados básicos. No Nível 2 os membros do projeto colaboram ativamente através
de modelos multidisciplinares e em diferentes ferramentas de software BIM. O Nível 3
contempla a criação, compartilhamento e manutenção colaborativa de modelos integrados, da
mesma base de dados, em todo ciclo de vida do projeto, equipamento, gasoduto. Ao se definir
o foco no BIM Nível 2, além da colaboração entre usuários e setores, já se terá à disposição um
único modelo que permita a disponibilidade imediata e contínua de informações confiáveis,
com qualidade e coordenadas sobre o escopo, quantificação e custo do projeto.

Figura 2– Nível de maturidade com uso do BIM

Fonte: ROUTLEDGE (2018).

O BIM já é realidade em muitas empresas, e visando a ampliação da maturidade BIM no


país, com a obrigatoriedade de adesão ao BIM pelo Governo Federal, tem ocorrido um efeito
cascata despertando o interesse de gestores públicos em fomentar a tecnologia em seus estados
e munícipios. Uma vez que o gerenciamento de projetos dinamiza as respostas entre gestores
dos projetos, orçamentistas, fiscais, licenciadores e toda cadeia. Um exemplo disso é o Portal
Simplifica, da Prefeitura de Salvador - Bahia, que tem usado tecnologia para licenciar projetos
desenvolvidos em BIM. Com o projeto “Simplifica 360”, que engloba um conjunto de ações
incluindo o BIM Salvador, objetivando a desburocratização da análise e licenciamento de
projetos na cidade, através da padronização sistemática do Código de Obras, PDDU - Plano
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Diretor de Desenvolvimento Urbano e LOUOS - Legislação de Ordenamento do Uso e


Ocupação do Solo. As empresas, escritórios de engenharia, construtoras, concessionárias,
aumentando seu nível de maturidade BIM, terão as licenças liberadas com tempo reduzido de
meses para dias, além da possibilidade de criação de base de dados unificada evitando-se
problemas futuros de interferências entre instalações subterrâneas e auxílio em manutenções.

2.4. Os subsetores estudados

Este estudo demonstra a utilização e aplicação do BIM no downstream, especificamente


na etapa de distribuição de gás natural, onde foram escolhidas etapas categorizadas: engenharia
/ projetos; obras de gasodutos; obras de ligação de clientes; atendimento ao varejo; análise e
revisão de projetos de redes internas; operação e manutenção da rede; e, outros impactados
positivamente com toda a organização gerada pela implementação da tecnologia, como
suprimentos, contabilidade, financeiro e demais. Tendo como objetivo central o estudo
exploratório, foram propostas macro análises com o envolvimento e participação de agentes
dos subsetores: setor de varejo, projetos, obras, operação e manutenção, cujo resultado é uma
síntese dos macrofluxos por setor – Figura 3.

Figura 3 – Síntese básica do macrofluxo

Fonte: Próprio Autor (2022).

Cada implementação da metodologia é única e deve ser direcionada para os objetivos da


empresa que a está implantando. Sendo assim, cada subsetor foi estudado de maneira estendida

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às correlações e entregáveis, além das principais práticas e ações cotidianas que têm relação
com a tecnologia BIM, aqui listadas como exemplificação de práticas de inúmeras empresas:
formulários de solicitação; análise da viabilidade; projetos desenvolvidos em 2D no AutoCAD;
acompanhamento visual em ArcGIS; análise de interferências; levantamento de campo;
emissão de anuências; análise de projetos de instalações prediais; cálculos e dimensionamentos
de sistemas; obras de construção de ramal de serviço; obras de ampliação da rede principal;
quantificação de materiais e equipamentos; fiscalização de obras; quantificação de serviços;
acompanhamento da evolução dos serviços; gestão documental e da qualidade;
acompanhamento das quantidades dos materiais aplicados; preenchimento de relatório diário
de obras; produção de contratos e aditivos; comunicação; acompanhamento de mudanças de
fases de projetos; relatórios de investimentos e custeios; controle de estoque de materiais;
previsões anuais de aquisição; checklist de qualidade da construção; formalização de
comissionamento; realização de visitas técnicas; produção de asbuilt (projeto conforme
construído); verificação de Data book completo; acompanhamento e gestão de ativos; e,
realização de manutenções preventivas e corretivas.

2.5. Aplicação do BIM

Para o caso exemplo, entendemos que os benefícios primários da implementação BIM


são convergentes com os mais regularmente citados por empresas tradicionais do mercado,
onde a redução de interferências e maior agilidade no desenvolvimento dos projetos já
justificam tal investimento. O período definido para a implementação do BIM é bastante
interessante, pois possibilita a utilização do aprendizado adquirido por outras empresas, mas ao
tempo que a caracterizará ainda como inovadora no segmento.
O uso da tecnologia favorece a integração entre projeto, obra, operação e manutenção,
assim, contribui para o gerenciamento das atividades, desde os estudos e viabilidade das linhas
de distribuição, à interface direta com clientes, a gestão das obras e a manutenção e operação
de seus ativos, possibilitando a redução de custos, conflitos e facilitando a comunicação entre
os diversos agentes envolvidos durante o ciclo de vida do sistema. Possibilita um maior controle
dos processos e recursos utilizados, permitindo assim, a redução de desperdícios de recursos e
de retrabalho. Vale destacar que a Modelagem da Informação da Construção é acompanhada
de maneira paralela (a partir das plantas em 2D e modelo 3D) por vários setores e disciplinas,
a partir das diversas dimensões que pode conceber, como a dimensão 4D, que trata sobre análise
de duração. A dimensão 5D aborda a análise de custo, a partir de uma coleta de quantidades
precisas de informações e, com isso, produz o orçamento para todo um ciclo de vida do projeto,
da obra e do sistema, assim como o cálculo e controle dos custos e avanços da obra e sua
rastreabilidade. A dimensão 6D diz respeito a operação e gerenciamento do sistema e, a 7D está
ligada à gestão da construção, fornecendo solução ambiental e de eficiência energética. Por fim,
a dimensão 8D diz respeito à segurança e prevenção de acidentes.
Garantindo um fluxo de trabalho mais homogêneo e otimizado, será criada a integração
das equipes no fluxo do trabalho BIM, possibilitando que todos os players compartilhem da
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mesma informação de projeto ao mesmo tempo, com todas as bases disponíveis e atualizadas,
auxiliando nas tomadas de decisão, planejamento e coordenação.
Com a responsabilidade de distribuição do gás natural, que se utiliza de obras civis para
disponibilizar o produto até seus clientes, bem como realizar a manutenção e operação dos
gasodutos, a concepção de fluxo BIM desenhado possibilita a integração dos dados de
levantamento e GIS nos projetos, bem como a atualização do banco de dados posterior à etapa
de obra, melhorando inclusive a atuação da equipe comercial, que possuirá uma base atualizada
para consulta da rede de atendimento quando solicitada. Da aplicação nos setores pode-se citar:

 estudos e projetos desenvolvidos no software Autodesk Infraworks, uso de bases existentes


no ArcGIS e uso de dados da base aberta disponível no software Autodesk Infraworks;
 abertura de projeto na ACC – Autodesk Construction Cloud, o ambiente comum de dados
que possibilita a integração e colaboração entre as equipes;
 envio de convite às contratadas para colaboração no projeto, utilizando licenças da
ferramenta BIM Collaborate Pro – parte integrante da ACC – possibilitando o
desenvolvimento dos projetos nos softwares Autodesk Civil 3D a partir do modelo do
Infraworks, no Autodesk Revit e no AutoCAD Plant 3D para equipamentos mecânicos;
 uso da ferramenta Autodesk Revit para a revisão de projetos de instalação de gás prediais;
 uso de módulos do sistema como o Cost e o Build que atuam em etapas como a de
orçamentação, medição de obra, análise de custo previsto por realizado, dentre outros;
 uso do Autodesk Build, para o acompanhamento e gestão de obra, com ferramentas para
preenchimento de relatórios, checklists e registros diários no computador ou celular;
 integração do projeto BIM de clientes em projeto da malha usando o software Infraworks,
para estudos de comportamento e distribuição de gás;
 comentários e adequação de projetos no software Autodesk Revit e no software Navisworks
Manage, ou ainda no próprio ambiente de colaboração BIM Collaborate Pro;
 marcar anomalias de projeto diretamente na folha respectiva, encaminhando a mesma para
revisão com responsável atribuído e data necessária para resolução deste;
 escalar um RFI (Request for Information ou Pedido de Informação) para solicitação de
informações de projeto faltante, dizendo se terá impacto no cronograma ou custo;
 rastrear e armazenar toda comunicação;
 acompanhar o trabalho das contratadas, gerando medições para pagamentos, bem como
previsão de pagamentos e impactos por despesas não previstas ao longo da execução da obra;
 realizar o preenchimento dos checklists de qualidade dos serviços, segurança e
comissionamento, com assinatura por parte dos responsáveis em dispositivos móveis;
 planejar e controlar reuniões na ferramenta, com atribuição de ações e data para finalização
da ação a cada responsável; e,
 armazenar informações em uma base de dados digital integrada será a base para uma
variedade de práticas de manutenção, tais como: controle de qualidade e segurança, gestão
de energia, manutenção e reparação, dentre outras.

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2.6. Plano de implantação

O desenvolvimento do plano de implantação BIM é uma etapa colaborativa que exige de


todos os envolvidos as informações sobre seus fluxos e suas práticas. O plano traça os objetivos,
os processos, as trocas de informações e as infraestruturas necessárias, a fim de alcançar uma
implantação eficiente da tecnologia. Os resultados esperados com a sua aplicação são:
Implementação da solução adquirida em menor tempo e de maneira eficiente; rapidez e
praticidade para sanar as dúvidas dos usuários; oportunidades para sugerir e melhorar os
procedimentos de trabalho na empresa; utilização plena das soluções e maior integração entre
departamentos da empresa; menor risco de perda de informações e atrasos nos projetos durante
o período de migração ou atualização das soluções utilizadas pela empresa; maior segurança
sobre o investimento realizado.
Segundo Brasil (2017), três dimensões fundamentais embasam a efetiva implantação do
BIM: tecnologia, pessoas e processos, vinculadas entre si por procedimentos, normas e boas
práticas. A dimensão “tecnologia” abarca a infraestrutura necessária para a operação, os
computadores, servidores e equipamentos relacionados, softwares, sistemas de armazenamento
e segurança de dados, redes de internet e intranet, e o treinamento e aculturamento necessários
aos usuários da tecnologia no processo BIM. A dimensão “pessoas” é crucial na estratégia de
implantação do BIM, na detecção de falhas e possibilidade de melhorias, além das
comunicações. O “mapeamento dos processos” compreende toda a dinâmica de trabalho,
envolvendo o fluxo de trabalho, cronograma, entregáveis, determinação de funções, sistema de
armazenamento de dados, arquivos e informações, nível de detalhe em cada fase e a
discriminação do uso do modelo em todos os ciclos de vida do sistema.
A implantação do BIM na companhia deverá seguir um planejamento – Figura 4, que
dentre outros fatores irá compreender uma reestruturação estratégica da organização como um
todo, principalmente nos fluxos e processos do trabalho, que passa pela adequação dos novos
procedimentos adotados, inclusive devendo incidir sobre os documentos contratuais.

Figura 4 – Procedimentos de planejamento do plano de implantação BIM


Identificar os usos e objetivos
•Definir o plano e a equipe através da identificação de objetivos e
PLANO DE IMPLANTAÇÃO BIM

usos BIM
Processo de execução do plano de implantação
•Desenvolver processos que incluam as tarefas e as trocas de
informações
Desenvolvimento de trocas de informação
•Definir o conteúdo das informações, o nível de detalhe e o
responsável para cada troca

Definir infraestrutura de apoio para a implantação BIM


•Definir a infraestrutura necessária para suportar o BIM

Fonte: Próprio Autor (2022).


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Inicialmente, o BIM deve ser usado em um projeto piloto, em paralelo com os fluxos
existentes, para produzir a documentação tradicional do projeto a partir do modelo. Isso irá
permitir que a equipe recém-treinada aborde o conhecimento adquirido na prática. É
interessante que a empresa forme a equipe mesclando profissionais mais experientes – com
mais conhecimentos técnicos sobre projeto e construção – e profissionais mais jovens, que
possivelmente tenham maior facilidade com a nova tecnologia. Em seguida, deve ser expandido
o uso da tecnologia em novos projetos, com a admissão das equipes de outras disciplinas, em
atuações colaborativas que permitam a partilha de conhecimentos desde a fase inicial do
projeto.

3. Considerações finais

Este estudo contemplou uma maneira de fomentar o BIM como um novo processo que já
está se sedimentando em setores como o de arquitetura e o civil. O downstream de gás natural,
possui todos os elementos, características e possibilidades as quais o BIM se encaixa e
moderniza, realizando a necessária e atual transformação digital, informatizando rotinas com
uso de diversos gadgets, criando um banco de dados de informações, otimizando o
planejamento da construção, agilizando o processo de aprovação de alvarás e licenças junto aos
órgãos fiscalizadores, construindo interações com outros softwares como o ArcGis de
mapeamento da rede, garantindo velocidade e modernização nas revisões de projeto, reduzindo
aditivos de serviços não previstos em obras, construindo e facilitando a gestão e controle de
ativos, dentre outros benefícios. Portanto, dado os macros estudos setoriais, conclui-se que os
principais objetivos e benefícios da implementação da metodologia da Modelagem da
Informação da Construção na companhia são: Maior assertividade nos estudos com bases
atualizadas; melhor gerência dos projetos; maior colaboração entre as equipes; atualização das
bases de projeto e obra de maneira integrada; otimização no planejamento da construção; e,
banco de dados atualizado para manutenção.
A maior barreira para a adoção do BIM é a “resistência e medo de mudanças” e a maior
dificuldade para seu uso é “a integração com a equipe de parceiros”. Em contrapartida há
também uma conscientização da necessidade de mudança nos processos de trabalho. Outro
desafio é o desenvolvimento de bibliotecas de famílias de componentes normatizados a serem
utilizadas na criação dos modelos, esta é uma das preocupações que cercam os fornecedores.
Apesar das suas potencialidades, o BIM ainda é pouco utilizado no Brasil. Muitas razões
interferem na difusão e adoção, a reestruturação dos processos de trabalho, a definição de
padrões, a criação de bancos de dados com elementos nacionais e regionais utilizados, a
complexidade conceitual, a falta de mão de obra qualificada, muitas questões de
interoperabilidade ainda sem solução, são apenas alguns itens de implantação da tecnologia que
os profissionais do segmento deverão enfrentar. Este trabalho representa uma contribuição para
a importância da valorização da pesquisa e desenvolvimento, incentivar a cultura de inovação
nas companhias é de suma importância.

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Referências

BRASIL. (2017). Processo de projeto BIM - Guia 1. Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços – MDIC;
Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial – ABDI. <>

BUILDINGINFORMATIONMANAGEMENT. (2013). The business value of bim in north america.


BUILDINGINFORMATIONMANAGEMENT. https://buildinginformationmanagement.wordpress.com/2013/01/17/the-
business-value-of-bim-in-north-america-2007-2012/

Decreto no 10.306. (2020). Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, n. 65, p. 5-7, 3 abr. 2020.<>

FGV ENERGIA. (2014). GÁS NATURAL. Cadernos FGV Energia. https://fgvenergia.fgv.br/publicacao/caderno-de-

gas-natural-fgv-energia

ROUTLEDGE. (2018). Building Information Modelling (BIM). Routledge Taylor & Francis Group. <>

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