Discussão Integrada de Casos - Aline e Milena

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Discussão Integrada de Casos

Aline de Brito Tenório1


Milena Faduti Martuchi2

Flávia Marques Nakatake3

1. Caso Clínico

Paciente W.L.V, 26 anos, skatista profissional, histórico de instabilidade crônica


do tornozelo, último entorse lateral há 7 dias, dor e edema perimaleolar, em uso
de dispositivo de imobilização, leve claudicação, em recuperação
fisioterapêutica, irá competir em 3 meses.

2. A biomecânica do entorse lateral

A articulação do tornozelo move-se em um plano de dorsiflexão e flexão


plantar, por isso forças de abdução, adução, rotação interna e externa,
proporcionam lesões ligamentares. A entorse ou “torção do tornozelo” é quase
sempre um resultado de um traumatismo em inversão. (SALTER, 2001).
A maioria dessas lesões acometem a parte lateral da articulação do tornozelo,
com o mecanismo de trauma de inversão e flexão plantar, acometendo o
ligamento talofibular anterior e algumas vezes, o ligamento calcaneofibular.
A entorse do tornozelo acontece quando o indivíduo pisa em uma superfície
irregular ou em esportes de corrida e salto. Quando o tornozelo encontra -se
em posição neutra, o ligamento calcaneofibular fica estendido, porém, à
medida que o tornozelo entra em flexão plantar, o ligamento talofibular anterior
se contrai.
A entorse pode acontecer devido a uma sobrecarga grave, estiramento ou
laceração de tecidos moles (cápsula articular, ligamentos, tendões ou
músculos).
A entorse do tornozelo nada mais é que a lesão de um ligamento que recebe
classificação em graus, sendo eles: grau I, grau II e grau II.

1
Acadêmico do curso de Fisioterapia do, Centro Universitário ENIAC. e-mail: [email protected]
2
Acadêmico do curso de Fisioterapia do, Centro Universitário ENIAC. e-mail: [email protected]
3
Professor Doutor (Mestre ou Especialista) dos cursos de Saúde & Esportes Centro Universitário ENIAC. e-mail:
[email protected]
3. As fases da inflamação

Na maioria das entorses, sente-se imediatamente dor no pé, que pode ser de
leve a muito intensa, no local do entorse. Frequentemente, o tornozelo começa
a “inchar” (edema) imediatamente e pode surgir equimose local (tornozelo
negro) e algum derrame articular (liquido no tornozelo). A área do tornozelo,
geralmente, é sensível ao toque e a dor aumenta com os movimentos e de
acordo com a gravidade dos danos nos ligamentos:

● Entorse de Grau 1 (Ligeira)


Estiramento leve e roturas microscópicas das fibras dos ligamentos;
Alguma sensibilidade e edema (inchaço) em redor do tornozelo.

● Entorse de Grau 2 (Moderada)


Ruptura parcial do ligamento;
Sensibilidade moderada e edema ao redor do tornozelo;
Se o médico mover o tornozelo em determinadas posições, há um movimento
anormal da articulação do tornozelo.

● Entorse de Grau 3 (Grave)


Ruptura completa (ou total) do ligamento;
Sensibilidade e edema significativos ao redor do tornozelo (dores muito fortes e
tornozelo muito inchado) que surge de imediato;
4. Proposta de Avaliação

A proposta de avaliação inicia-se com a ficha de anamnese para saber mais


sobre o paciente e o histórico da doença. Na anamnese contém: A identificação
do paciente, a queixa principal do paciente, a história da doença atual, história
da patologia pregressa, histórico familiar, histórico social e o histórico de
cirurgias.
Logo após a avaliação através da anamnese, é realizado o exame físico,
composto por: inspeção, inspeção neurológica, palpação.
Alguns testes são aplicados pelo fisioterapeuta, como:
CAIT - é um teste desenvolvido para determinar se um indivíduo tem
instabilidade funcional do tornozelo e sua gravidade. O questionário original do
CAIT é composto por 9 itens, aos quais são atribuídas respostas
independentes para cada tornozelo, perfazendo um escore máximo de 30
pontos. A menor pontuação indica maior severidade da instabilidade funcional.
AOFAS - essa escala específica foi proposta pela AOFAS para ser aplicada em
indivíduos com diversas lesões dessa região e submetidos a diferentes
tratamentos. É composta por 9 itens, distribuídos em 3 categorias, a saber: dor
(40 pontos); aspectos funcionais (50 pontos) e alinhamento (10 pontos). O
escore total é 100 pontos, indicando funcionalidade normal. O tempo médio de
aplicação do questionário foi de 7,5 minutos.
KKS10 - Escala de lesões de tornozelo de Kaikkonen (Kaikkonen scoring scale
of ankle injuries): é um teste desenvolvido para a abordagem clínica de lesões
que acometem a articulação do tornozelo. A escala foi testada em uma ampla
população de indivíduos tanto saudáveis quanto previamente submetidos a
intervenção cirúrgica para tratamento da entorse lateral do tornozelo grau III. O
protocolo de avaliação é composto por 9 itens, pontuados de 0 (pior estado) a
15 (melhor estado). É atribuído um escore final de 0 a 100 pontos, dividido em
quatro categorias (ruim, razoável, bom e excelente), de acordo com a
pontuação obtida; 100 pontos indicam estado funcional normal. A escala de
Kaikkonen combina diversos domínios da avaliação clínica, isto é, associa
testes clínicos aplicados pelo profissional de saúde, percepção subjetiva do
indivíduo e testes de desempenho e capacidade funcional realizados pelo
paciente.

5. Proposta dos objetivos terapêuticos/físicos/condicionamentos:


Sabendo que a fisioterapia deve ser iniciada logo após os entorses, realizá-la
precocemente tem um papel fundamental na diminuição do edema (inchaço) do
pé e tornozelo e também no retomar dos movimentos da articulação. devendo
ser realizada todos os dias e a duração do programa de tratamento irá
depender da gravidade da lesão e da sua evolução.

● Proposta de atendimento/tratamento;
Neste caso, as ferramentas para essa patologia são: Os exercícios de
reabilitação usados para prevenir rigidez, aumentar a força do tornozelo e
evitar problemas crônicos.
O tratamento fisioterapêutico, habitualmente, inclui:
Na fase inicial, para evitar a rigidez, o fisioterapeuta irá recomendar exercícios
que envolvem movimentos de amplitude controlados do tornozelo, sem
resistência.
Assim que possa suportar peso sem aumentar a dor ou o edema, serão
adicionados ao seu plano exercícios para fortalecer os músculos e os tendões
na frente e na face posterior da perna e do pé. Os exercícios na água poderão
ser usados se os exercícios de fortalecimento de solo, tais como elevação dos
dedos dos pés, forem muito dolorosos. Exercícios de resistência são
adicionados assim que tolerados.
Os exercícios de resistência e agilidade podem ser iniciados, assim que já não
sinta dor. Correr “em oitos” cada vez mais pequenos é excelente para a
agilidade e força da parte posterior da perna e do tornozelo. O objetivo é
aumentar a força e a amplitude de movimento à medida que o equilíbrio
melhora ao longo do tempo.
Finalmente, podem ser realizados exercícios de propriocepção (equilíbrio). Um
mau equilíbrio, geralmente, leva a repetir entorses e contribui para a
instabilidade no tornozelo. Um bom exemplo de um exercício de equilíbrio é
estar apoiado no pé afetado, com o pé oposto erguido e os olhos fechados. As
pranchas de equilíbrio também são, frequentemente, utilizadas nesta fase da
reabilitação.
Nos desportistas, para possibilitar uma recuperação mais rápida e o retorno à
atividade desportiva, podem ser prescritos programas específicos de
reabilitação, mas sempre com o cuidado de prevenir novas entorses.

● Prognóstico de tratamento/ atendimento:

Embora os ligamentos do tornozelo tenham excelente potencial de cicatrização,


a persistência da dor é um fator limitante
Um outro problema comum nas entorses é a perda do tato profundo, com
comprometimento da coordenação motora, também chamada propriocepção.
Felizmente, a grande maioria das lesões ligamentares do tornozelo, se
corretamente diagnosticadas e tratadas, evoluem. A regra é tratar a dor e a
inflamação, em seguida restabelecer propriocepção, força e equilíbrios
musculares e, por fim, realizar treino de explosão muscular.
6. Metodologia

Foi realizado uma busca na literatura por meio de duas bases de dados
intituladas PUBmed e Scielo, através da estratégia PICO com os seguintes
descritores: Ankle sprain, Exercise e Pain, com os seus respectivos sinônimos,
na busca do tratamento padrão ouro.
Referências

ALENCAR, A.G.M.; et al. Abordagem fisioterapêutica em paciente pós-fratura de


tornozelo e compressão da coluna lombar: relato de caso. Revista Fisioterapia e Saúde
Funcional, Fortaleza, v.1, n.2, p.61-65. Disponível em:
http://www.periodicos.ufc.br/fisioterapiaesaudefuncional/article/view/20548. Acesso
em: 07.abr. 2022.
BARBANERA, M.; et al. Avaliação do torque de resistência passiva em atletas
femininas com entorse de tornozelo. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. v.18,
n.2, p. 112-116. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rbme/a/jFScmgbyZPyfffYZPVcW7ts/?lang=pto. Acesso em:
07/05/2022.
LOPES, Cristianne Confessor Castilho. A eficácia do treinamento proprioceptivo na
prevenção do entorse de tornozelo. Revista Científica JOPEF, v. 15, n.2, 2013.
Disponível em:
<http://www.revistajopef.com.br/artigos_revista_jopef_vol15_n2_2013.pdf#page=53> .
Acesso em: 07/05/.2022.
MOREIRA, Tarcísio Santos; SABINO, George Schayer; RESENDE, Marcos Antônio
de. Instrumentos clínicos de avaliação funcional do tornozelo: revisão sistemática.
Fisioterapia e pesquisa, v. 17, n. 1, p. 88-93, 2010. Disponível
em:https://www.scielo.br/j/fp/a/btPWPbPm4x3PKBXZLskVBNx/?lang=pt Acesso em:
07/05/2022

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