Aula 4 Psicanalise No Brasil
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PRECURSORES
Entre 1900 e 1902, permaneceu fazendo tratamento de tuberculose na Europa e, nessa ocasião,
viajou por vários países, tendo o objetivo de conhecer os tratamentos e instituições psiquiátricas.
Em 1903, retornou ao Brasil e instalou-se no Rio de Janeiro, onde se tornou o diretor do Hospital
Nacional dos Alienados.
A primeira tese sob sua inspiração foi a de Genserico de Souza Pinto, um médico cearense,
denominada: “Psicanálise – a sexualidade nas neuroses”, defendida em 26 de Dezembro de 1914,
na Faculdade Nacional de Medicina.
Em 1920, Franco da Rocha lançou a obra, “A doutrina pansexualista de Freud” que se baseou em
suas aulas e conferências na Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo.
Em 1924, João César de Castro defendeu uma tese de doutoramento em Medicina intitulada:
“Concepção freudiana das psico-neuroses”.
Essas três primeiras publicações acadêmicas não tiveram repercussão expressiva no contexto
cultural e científico da época.
JULIANO MOREIRA
Quem poderia imaginar tão brilhante carreira para um menino negro nascido e seis de janeiro de
1873, na cidade de Salvador, Bahia, no Bairro da Sé.
Conta-se que Einstein surpreendeu-se ao encontrar Juliano Moreira na presidência dos trabalhos
da Faculdade de Medicina, um senhor de olhos grandes e penetrantes, pele escura e franzino.
1926/1929 - Presidente
FRANCO DA ROCHA
Em São Paulo distinguia-se Franco da Rocha, aluno de psicopatologia de Teixeira Brandão, interno
da Casa de Saúde Doutor Eiras no Rio de Janeiro.
Em 1919, sua aula inaugural baseou-se numa abordagem psicanalítica de um assunto psiquiátrico,
que foi transformado em artigo de jornal publicado no O Estado de São Paulo, com o título - Sob o
delírio em geral.
Em 1920 escreveu o livro A doutrina pansexualista de Freud, que abordava o instinto sexual na
obra de Freud, dando à sexualidade um destaque muito diferente do que tem na obra freudiana.
Esse título foi corrigido em 1930, quando foi lançada a segunda edição dessa mesma obra, por
influência de Durval Marcondes.
Assim como Franco da Rocha, é possível dizer o seguinte a respeito da maioria dos médicos
interessados na Psicanálise dessa época: de um modo geral, esses primeiros médicos psiquiatras
ou neuro-psiquiatras ou neurologistas, que se interessaram pela obra de Freud, ficaram apenas no
plano teórico ou especulativo.
PRECURSORES X PIONEIROS
PIONEIROS
No Brasil, o pioneiro da Psicanálise foi Durval Bellegarde Marcondes.
Nasceu em São Paulo, no dia 27 de Novembro de 1899. Psiquiatra erudito, formado pela
Faculdade de Medicina de São Paulo em 1924, já no ano seguinte introduz as ideias da
Psicanálise na atividade clínica brasileira.
Em 1927, escreve a Freud comunicando a fundação, junto com Franco da Rocha, da Sociedade
Brasileira de Psicanálise - a primeira da América Latina, que renasce como Grupo Psicanalítico de
São Paulo em Junho de 1944 e, em 1951, no Congresso da IPA, em Amsterdã, torna-se a
Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo.
Freud responde
Infelizmente não domino o seu idioma, mas graças aos meus conhecimentos da língua espanhola
pude deduzir de sua carta e do seu livro que é sua intenção aproveitar os conhecimentos
adquiridos em psicanálise nas belas letras, e, de um modo geral, despertar o interesse de seus
compatriotas por nossa ciência. Fico sinceramente grato pelos seus esforços, desejo-lhe muito
sucesso e posso assegurar-lhe que achará rica e recompensadora em revelações a sua
continuada associação com o tema.
Cordiais saudações,
Freud
Em 17 de Junho de 1928, Durval Marcondes viajou ao Rio de Janeiro com o objetivo de participar
da fundação dessa primeira Sociedade no Rio de Janeiro. Na sede do Hospital Nacional de
Alienados, foram eleitos: Juliano Moreira, presidente, e Porto-Carrero, secretário.
Todo o grupo de discípulos de Juliano Moreira tornou-se membro dessa Sociedade.
O principal fator determinante pode ser atribuído ao fato de Durval Marcondes ter tomado
conhecimento do sistema de formação psicanalítica e considerar esse o principal objetivo a ser
alcançado no Brasil por ela.
Os demais membros não aderiram, mas Durval resolveu seguir nessa caminhada.
Em Junho de 1928, foi lançado o primeiro número da Revista Brasileira de Psychanalyse, com
artigos de Franco da Rocha, J. Ralph, J.P. Porto Carrero, Durval Marcondes e Paulo José de
Toledo.
Essa Revista não teve continuidade e somente em 1967 foi retomada e relançada e, a partir de
então, não foi mais interrompida.
Nessa ocasião, o Grupo estabeleceu que seria criada uma Comissão de Ensino para organizar a
formação de psicanalistas, conforme estipulados pela IPA.
O Dr. Durval Marcondes conseguiu a vinda da Dra. Adelheid Koch (1896-1980), em 1936, primeira
psicanalista com formação reconhecida pela IPA a atuar na América Latina e a exercer a análise
didática.
Em 1951, por ocasião do XVII Congresso Internacional em Amsterdam, a IPA reconheceu como
sua integrante a Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP), graças ao seu
trabalho.
Após várias tentativas frustradas Danilo Perestrello, Alcion Baer Bahia e Marialzira Perestrello
foram fazer a formação psicanalítica em Buenos Aires, que havia se tornado o maior centro
formador de psicanalistas da América Latina.
Finalmente em Março de 1949, o psicanalista alemão Werner Kemper, aceita o convite para morar
no Rio e inicia a análise de alguns candidatos.
Em 1953, seu grupo é reconhecido pela IPA, no Congresso Internacional de Londres e em 1955,
no Congresso Internacional de Genebra, foi reconhecido como Sociedade Psicanalítica do Rio de
Janeiro.
Esse grupo juntou-se ao grupo argentino formado por Danilo Perestrelo, Marialzira Perestrelo e
Alcion Baia para formar um grupo que é reconhecido como Study Group pela IPA, em 1957, no
Congresso Internacional de Paris e é reconhecido como Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio
de Janeiro em 1959 durante o Congresso Internacional de Copenhague.
Porto Alegre teve seu início de Psicanálise simultâneo aos de São Paulo e Rio de Janeiro.
Também teve seus precursores (João César de Castro, Martim Gomes) e seus pioneiros (Mário
Martins, Zaira Martins, José Lemmertz e Cyro Martins).
Uma peculiaridade de Porto Alegre é que todos esses pioneiros do movimento psicanalítico fizeram
sua formação em Buenos Aires, na Associação Psicanalítica Argentina e depois voltaram para
formar o Study Group de Porto Alegre, reconhecido como tal pela IPA em 1961, no Congresso
Internacional de Edimburgo.
Sociedades
Grupos de Estudos
Núcleos
Núcleo de Psicanálise de Campinas e região
Núcleo Psicanalítico de Aracaju
Núcleo Psicanalítico de Curitiba
Núcleo Psicanalítico de Florianópolis
Núcleo Psicanalítico de Goiânia
Núcleo Psicanalítico de Maceió
Núcleo Psicanalítico de Marília e região
Núcleo Psicanalítico de Natal
Núcleo Psicanalítico de Santa Catarina
Núcleo Psicanalítico do Espírito Santo
REFERÊNCIAS:
ABRAHAM PAIS, Sutil é o Senhor: A ciência e a vida de Albert Einstein, ed. Nova Fronteira - Rio
de Janeiro, 1995.
CARL B. BOYER, História da matemática, ed. Edgard Blücher - São Paulo, 1974.
CARL SCHORSKRE, Viena fin-de-siècle: política e cultura, Cia. das letras - ed. Unicamp, 1988.
COLIN A. RONAN, História Ilustrada da Ciência, da Universidade de Cambridge, ed. Jorge Zahar -
Rio de Janeiro, 1987.
ELIZABETH ROUDINESCO E MICHAEL PLON, Dicionário de psicanálise, ed. Jorge Zahar - Rio de
Janeiro, 1998.
ERIC J. HOBSBAWN, A era dos impérios: 1875-1914, ed. Paz e Terra - Rio de Janeiro, 1988.
ERIC J. HOBSBAWN, A era dos extremos: o breve século xx, ed. Cia. das letras - São Paulo,
1995.
JOEL BIRMAN, Percursos na história da psicanálise, ed. Taurus - Rio de Janeiro, 1988.
JURANDIR FREIRE COSTA, História da psiquiatria no Brasil, ed. Documentário - Rio de Janeiro.
1976.