Movimentos Oculares

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 123

Universidade Presbiteriana Mackenzie

Programa de Pós-Graduação de Stricto Sensu de Distúrbios do


Desenvolvimento

Tatiana Abrão Jana

Análise do padrão dos movimentos oculares em uma multitarefa de busca


visual em ambiente real e suas relações com as funções executivas

SÃO PAULO
2018
Tatiana Abrão Jana

Análise do padrão dos movimentos oculares em uma multitarefa de


busca visual em ambiente real e suas relações com as funções
executivas

Dissertação apresentada para


obtenção de título de mestre do Programa de Pós-Graduação de
Stricto Sensu em Distúrbios do Desenvolvimento, com apoio FAPESP
(Processo FAPESP 2015/22507-5).

Orientador: Prof. Dr. Elizeu Coutinho de Macedo

SÃO PAULO
2018

1
J33a Jana, Tatiana Abrão.
Análise do padrão dos movimentos oculares em uma multitarefa
de busca visual em ambiente real e suas relações com as funções
executivas / Tatiana Abrão Jana.
110 f.: il.; 30 cm

Dissertação (mestrado em Distúrbios do Desenvolvimento) -


Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2018.
Orientador: Elizeu Coutinho de Macedo.
Bibliografia: f. 95-109.

1.Avaliação Momentânea Ecológica. 2. Neuropsicologia. 3.


Validade. I. Macedo. Elizeu Coutinho de, orientador. II. Título.

CDD 612.8

2
3
Agradecimentos

Finalizo, ou começo, este processo com os agradecimentos refletindo


sobre todos os aprendizados que é fazer mestrado, mais do que ser orientada,
escolher um tema é amadurecer, criar autonomia, responsabilizar-se, é
aprender que suas percepções nem sempre são verdades únicas e isso é
ciência, partir de pressupostos, hipóteses e avaliar, reavaliar, refletir,
questionar, e por esses aprendizados agradeço ao Elizeu por me ensinar
desde 2011, indireta ou diretamente sobre a vida e sobre a arte da pesquisa.
Neste espaço também aproveito para agradecer pelas tantas trocas com o
Paulo Boggio, sempre contribuindo muito para minha formação e como
pesquisadora, como também agradeço para a Natália Martins pelas grandes e
importantes contribuições na banca para aprimoramento do trabalho.
Agradeço a minha mãe, principalmente, por me apoiar todos os dias,
por me ensinar o propósito da neurociência e da neuropsicologia, me
ensinando a ver mais do que só a pesquisa, me ensinando a relacionar a
ciência com a arte, me ensinando a ser pesquisadora, ser humana, obrigada,
você é minha inspiração. Agradeço a minha família, pai, irmã e irmão, meu
alicerce e base, obrigada, amo vocês!
Agradeço aos meus colegas do laboratório pelas trocas de
conhecimento, aos meus colegas da faculdade, de mestrado, aos meus
amigos da vida que muitas vezes entenderam a minha ausência por priorizar
meus estudos. Agradeço imensamente a Marilia, Patinha, Julia, Camila, Ana,
Paulo, Maria, Priscila, Matheus, Lucas, e todos os que me acompanharam.
Agradeço também a Jessica, Natalia, Larissa e Helena pela ajuda final das
coletas, vocês foram essenciais.
Quero agradecer também a Tatiana Mecca pelos ensinamentos, pelas
parcerias de iniciação cientifica, pelos compartilhamento dos conhecimentos
acerca de avaliação neuropsicológica, validade, pesquisa cientifica e postura
acadêmica, foi uma honra ter dividido tantas coletas e trabalhos com você.
Agradeço sobretudo, ao meu namorado por esses últimos meses, por
conter as minhas ansiedades, angustias, me dar amor, carinho, ser meu
suporte, por estar e ser comigo frente ao obstáculo que é terminar a
dissertação.

4
“Para um ser consciente, existir consiste em mudar, mudar para amadurecer,
amadurecer para se criar a si mesmo indefinidamente”.
Henri Bérgson

5
APOIO: Este trabalho obteve apoio e financiamento da Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP
Processo n- 2015/22507-5.

6
Resumo
As funções executivas (FE) estão relacionadas com um conjunto de
processos cognitivos que permitem ao indivíduo exercer controle e regular
seus comportamentos frente as exigências e demandas do ambiente.
Diferentes testes neuropsicológicos são usados para avaliar funções
executivas. Contudo, verifica-se ainda que existem poucos estudos buscando
validade ecológica em multitarefas realizadas em ambientes reais. O objetivo
do estudo foi investigar o desempenho de jovens em uma multitarefa no
ambiente real envolvendo diferentes componentes das FE, bem como verificar
se os desempenhos nessas tarefas se relacionam com testes tradicionais
usados para avaliar as FE. 48 universitários de ambos os sexos foram
avaliados por meio de uma bateria de testes neuropsicológicos e escalas de
rastreios. Em seguida, foram submetidos a uma situação real que envolvia a
execução de multitarefas e resolução de problemas na busca de materiais em
uma biblioteca. Foram conduzidas correlações de Spearman entre as medidas
comportamentais da tarefa ecológica, os testes tradicionais e as escalas de
rastreios. Os resultados mostraram correlações de baixa a moderada
magnitude entre os escores de acerto, eficiência e omissão da Multitarefa com
testes que avaliam flexibilidade cognitiva, sendo os maiores valores
observados para os testes de atenção D2, Five Digits Test e Trail Making.
Encontrou-se correlações de baixa a moderada magnitude entre o tempo e o
número de fixações para leitura de instruções, busca de informações na
estante e pegar livros. Além disso, também encontrou-se correlações entre as
subescalas de flexibilidade cognitiva e autocontrole da BRIEF-A e o escore de
acerto da Multitarefa. Análise de regressão linear mostrou que o número de
acertos da subescala de autocontrole da BRIEF-A explica 8,6% do
desempenho da multitarefa em ambiente real. Conclui-se que testes para
avaliação da população neurológica geral e/ou psiquiátrica apresentam
correlações de baixa e moderada magnitude com uma multitarefa, não sendo
observadas relações significativas com o padrão dos movimentos oculares.

Palavras-Chaves: Avaliação Momentânea Ecológica, Neuropsicologia,


Validade.

7
Abstract

The executive functions (FE) are related to a set of cognitive processes that
allow the individual to exercise control and regulate their behaviors in front of
the demands and demands of the environment. Different neuropsychological
tests are used to evaluate executive functions. However, it is still verified that
there are few studies seeking ecological validity in multitasking conducted in
real environments. The objective of the study was to investigate the
performance of young people in a multitasking in the real environment involving
different components of the FE, as well as to verify if the performances in these
tasks are related to traditional tests used to evaluate the FE. 48 college
students of both genders were assessed using a battery of neuropsychological
tests and screening scales. They then underwent a real situation involving the
execution of multitasking and problem solving in the search of materials in a
library. The analysis of Spearman correlations show low to moderate
correlations between the scores of success, efficiency and omission of the
Multitarefa with tests that evaluate cognitive flexibility, being the highest values
were observed for the D2, Five Digits Test and Trail Making tests. We found
low to moderate correlations between time and number of fixations for reading
instructions, searching for information on the shelf and picking up books. In
addition, we have also found correlations between the BRIEF-A cognitive
flexibility and self-control subscales and the Multitasking support score. Linear
regression analysis showed that the BRIEF-A hits, 8.6% of the correctness of
the self-control subscale, explain better the non-performance multitasking in
the real environment. The purpose of this study was to evaluate the usefulness
of the test for the evaluation of the general and / or psychiatric neurological

Keywords: Ecological Momentary Assessment, Neuropsychology, Validity.

8
Lista de Figuras
FIGURA 1: TRADUÇÃO (LEON, 2015) DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS E SEUS TERMOS DO MODELO
SUGERIDO POR DIAMOND (2013). ......................................................................................... 17
FIGURA 2: FORMATO E SEQUÊNCIA DE ORGANIZAÇÃO DOS LIVROS. FOTO RETIRADA DO SITE DA
UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE DA BIBLIOTECA GEORGE ALEXANDER. ...... 43
FIGURA 3: BLOCOS DE CORSI. ........................................................................................................... 46
FIGURA 4: ILUSTRAÇÃO DE EXEMPLO DE FOLHA DE RESPOSTA DO TESTE D2 - ATENÇÃO
CONCENTRADA. ......................................................................................................................... 47
FIGURA 5: POSIÇÃO INICIAL DA TORRE DE LONDRES..................................................................... 47
FIGURA 6: ILUSTRAÇÃO DE EXEMPLO DO TESTE MATRIZES DE VIENA (WMT-2). .................... 48
FIGURA 7: FIGURA DE EXEMPLO DA PARTE B. ................................................................................ 49
FIGURA 8: FIGURA DE EXEMPLO DA PARTE A. ................................................................................ 49
FIGURA 9: EXEMPLO DAS ETAPAS 1, 2, 3 E 4, RESPECTIVAMENTE, DO TESTE FDT (CAMPOS
ET AL, 2016)............................................................................................................................. 49
FIGURA 10: ILUSTRAÇÃO DE EXEMPLO DO TESTE WISCONSIN DE CLASSIFICAÇÃO DE CARTAS
RETIRADO DO MANUAL (HEATON, ET AL, 2004). .............................................................. 51
FIGURA 11: SMI EYE TRACKING GLASSES E CELULAR PORTÁTIL. ............................................... 56
FIGURA 12: TELA DE APRESENTAÇÃO SMI EYEGAZE RED500 TESTES NEUROPSICOLÓGICOS
COMPUTADORIZADOS. ............................................................................................................... 57
FIGURA 13: ILUSTRAÇÃO ACERCA DA ESCALA DE LATERIDADE EDINBURGH. ............................. 62

9
Lista de Tabelas
TABELA 1: ESTATÍSTICAS DESCRITIVAS DAS RESPOSTAS AOS QUESTIONÁRIOS SDC E DAS
MÉDIAS DOS PANAS I E II. ...................................................................................................... 61
TABELA 2: ESTATÍSTICA DESCRITIVA DA ANOVA. ........................................................................ 62
TABELA 3: ESTATÍSTICA DESCRITIVA DA ESCALA DE LATERALIDADE EDINBURGH. ................... 63
TABELA 4: ESTATÍSTICAS DESCRITIVAS DOS ESCORES DA MULTITAREFA BL/BP. .................... 64
TABELA 5: ESTATÍSTICAS DESCRITIVAS DA TAREFA DE FLEXIBILIDADE COGNITIVA DA
MULTITAREFA BL/BP. ............................................................................................................ 64
TABELA 6: FREQUÊNCIA DE PARTICIPANTES POR GRUPO EM RELAÇÃO AO TIPO DE
COMPORTAMENTO NO ESCORE DE PERSISTÊNCIA. ................................................................. 65
TABELA 7: ESTATÍSTICAS DESCRITIVAS DA TAREFA DE MEMÓRIAS PROSPECTIVA DA
MULTITAREFA BL/BP. ............................................................................................................ 65
TABELA 8: ESTATÍSTICA DESCRITIVA DA DURAÇÃO DE CADA TAREFA DA BL/BP. ..................... 67
TABELA 9: CORRELAÇÕES ENTRE OS ESCORES DE ACERTO, OMISSÃO, EFICIÊNCIA, PONTUAÇÃO DE
REGRA E MEMÓRIA DE TRABALHO E PARA O PRIMEIRO BLOCO DA MULTITAREFA BL/BP.
.................................................................................................................................................... 69
TABELA 10: CORRELAÇÕES ENTRE OS ESCORES DE ACERTO, OMISSÃO, EFICIÊNCIA, PONTUAÇÃO
DE REGRA E MEMÓRIA DE TRABALHO E PARA O SEGUNDO BLOCO DA MULTITAREFA BL/BP.
.................................................................................................................................................... 69
TABELA 11: CORRELAÇÕES DE SPEARMAN ENTRE OS ESCORES DA TAREFA FLEX COM O
PRIMEIRO BLOCO DA MULTITAREFA BL/BP. ........................................................................ 70
TABELA 12: ANOVA ENTRE OS GRUPOS DA TAREFA FLEX COM AS DURAÇÕES DOS BLOCOS DA
MULTITAREFA. .......................................................................................................................... 71
TABELA 13: TESTE DE POST-HOC DO DUNCAN EM RELAÇÃO AOS GRUPOS E A DURAÇÃO DA
MULTITAREFA. .......................................................................................................................... 72
TABELA 14: CORRELAÇÕES DE SPEARMAN DA TAREFA DE MEMÓRIA PROSPECTIVA (TAM)
ENTRE O PRIMEIRO E O SEGUNDO BLOCO DA MULTITAREFA BL/BP. ................................. 74
TABELA 15: ESTATÍSTICAS DESCRITIVAS DA AMOSTRA GERAL PARA CORSI, D2, FDT, WCST E
WMT-2. .................................................................................................................................... 75
TABELA 16: CORRELAÇÕES DE SPEARMAN DOS ESCORES DA MULTITAREFA COM TESTES
NEUROPSICOLÓGICOS. .............................................................................................................. 77
TABELA 17: CORRELAÇÕES DE SPEARMAN TF E NF PARA TESTE FDT. ..................................... 79
TABELA 18: CORRELAÇÕES DE SPEARMAN TF E NF PEGANDO ITEM COM TESTE FDT. ........... 80
TABELA 19: CORRELAÇÕES DE SPEARMAN DE TF E NF EM RELAÇÃO AS INSTRUÇÕES E ESTANTE
COM TESTE D2. ......................................................................................................................... 81
TABELA 20: CORRELAÇÕES DE NF PEGAR LIVRO ERRADO PARA O TESTE D2. ........................... 82
TABELA 21: CORRELAÇÕES DE SPEARMAN PARA O TESTE TRAIL EM RELAÇÃO A FIXAÇÃO TF E
NF .............................................................................................................................................. 82
TABELA 22: CORRELAÇÃO SPEARMAN TESTES TOL, WMT-2 E BLOCOS DE CORSI PARA
FIXAÇÕES TF E NF .................................................................................................................... 84
TABELA 23: CORRELAÇÃO DO TESTE CINCO DÍGITOS (FDT) COM A ESCALA BRIEF-A. ......... 85
TABELA 24: CORRELAÇÕES DE SPEARMAN DO TESTE DE WISCONSIN DE CLASSIFICAÇÃO DE
CARTAS (WCSN), TESTE DE TRILHAS COLORIDAS (TRAIL) E A ESCALA DE RASTREIO
BRIEF-A. .................................................................................................................................. 86
TABELA 25: CORRELAÇÃO DE PEARSON ENTRE A ESCALA DE RASTREIO BRIEF-A E OS ACERTOS
DA MULTITAREFA BL/BP ....................................................................................................... 89
TABELA 26: CORRELAÇÃO SPEARMAN FIXAÇÕES TF E BRIEF-A................................................ 89
TABELA 27: REGRESSÃO LINEAR STEPWISE BRIEF A EM RELAÇÃO AOS ACERTOS DA
MULTITAREFA BL/BP ............................................................................................................. 91

10
Lista de Abreviações
AC Autocontrole
AOI Área de objeto de interesse
BAI Inventário Beck de Ansiedade
BRIEF Inventário de Funções Executivas
DLPFC Córtex dorsolateral pré-frontal
CCA Córtex Cingular Anterior
CI Controle Inibitório
D2 Teste de Atenção por Cancelamento
DC Desempenho de Concentração
EMA Avaliação Momentânea ecológica
FE Funções Executivas
FC Flexibilidade Cognitiva
FDT Teste de Cinco Dígitos
I Iniciativa (volição)
IC Inibição
IFC Giro Frontal Inferior Esquerdo
IRC Regulação de Comportamento
MI Metacognição
MOT Monitoramento de Tarefas
MT Memória de Trabalho
NF Número de Fixações
OAP Objetos alvo processados
OM Organização de Materiais
OP Organização e Planejamento
TOL Torre de Londres
TRAIL Testes de Trilhas Coloridas - Trail Making Test
TF Tempo de Fixação
TP Tempo
TT Tempo Total
VPFC Córtex Ventrolateral Parietal
WCST Teste de Seleção de Cartas de Wisconsin
WMT-2 Teste Matrizes de Viena
11
Sumário

1. Introdução ................................................................................................................. 14
2. Referencial Teórico ................................................................................................... 16
2.1. Funções Executivas ............................................................................................. 16
2.2 Desenvolvimento das Funções Executivas .................................................. 17
2.3. Inibição ................................................................................................................... 19
2.3. Memória de Trabalho ........................................................................................ 21
2.4. Flexibilidade Cognitiva...................................................................................... 22
2.6. Planejamento ........................................................................................................ 23
2.7. Avaliação das Funções Executivas................................................................. 25
2.8. Validade Ecológica .............................................................................................. 27
2.9. Ambiente Real ...................................................................................................... 30
2.10. Busca visual em ambiente real .................................................................... 33
2.10.1. Fixação ...................................................................................................................... 34
2.10.2. Sacada ........................................................................................................................ 35
3. Objetivos ....................................................................................................................... 39
3.1 Geral .......................................................................................................................... 39
3.2 Específicos ........................................................................................................... 39
4. Método............................................................................................................................ 40
4.1 Participantes .......................................................................................................... 40
4.1.1. Critérios de Inclusão .............................................................................................. 40
4.1.2 Critérios de Exclusão............................................................................................... 40
4.2 Instrumentos ......................................................................................................... 41
4.2.1. Multitarefa de Busca Visual no mundo real – Buscar Livros (BL) e
Buscar Periódicos (BP). .................................................................................................... 41
4.2.2.Testes Neuropsicológicos ...................................................................................... 46
4.2.3.Escalas de Rastreio .................................................................................................. 51
4.2.4. Instrumentos computadorizados ...................................................................... 55
4.3. Procedimento ....................................................................................................... 57
5. Resultados e Discussões....................................................................................... 59
5.1 Caracterização da Amostra ............................................................................... 59
5.2 Análise do Padrão de Busca Visual em Tarefa do Ambiente Real ....... 63
5.2.1.Desempenho comportamental na multitarefa .............................................. 63
5.2.2. Análises Estatísticas do Padrão de Busca Visual da Multitarefa ........... 68
5.3 Relação da Multitarefa com as Provas Neuropsicológicas .................... 74
5.4 Análise de Correlação entre os Instrumentos e as escalas de rastreio.
............................................................................................................................................ 84
5.5. Relação da multitarefa com as provas de rastreio de FE. ..................... 88
5.6 Análise de Regressão Linear Múltipla........................................................... 90
6. Conclusão ..................................................................................................................... 94
7. Referências .................................................................................................................. 96
Anexo A..............................................................................................................................111
Anexo B..............................................................................................................................114
Anexo C ..............................................................................................................................116

12
Anexo D .............................................................................................................................117
Anexo E ..............................................................................................................................118
Anexo F ..............................................................................................................................119
Anexo G..............................................................................................................................120
Anexo H .............................................................................................................................121
Anexo I ...............................................................................................................................122

13
1. Introdução
As Funções Executivas (FE) são definidas como um conjunto de
processos cognitivos, associadas ao córtex frontal, responsável por permitir
aos indivíduos comportar-se e realizar tarefas complexas, envolvendo
diferentes processos cognitivos, tais como: memória de trabalho, flexibilidade
cognitiva, inibição, atenção e planejamento (BARKLEY, 2012; GOLDSTEIN et
al., 2014). Esse conceito tem sido compreendido como “umbrella term”, ou
seja, um “guarda-chuva” que abarca uma ampla gama de processos, bem
como o recrutamento de estruturas e circuitos do córtex pré-frontal com outras
áreas corticais (MILLER; COHENS, 2001).
Goldstein e colaboradores (2014) catalogaram 32 definições e modelos
importantes a respeito das FE´s, em que se concluiu serem as FE's um sistema
de controle, responsável por gerenciar outros sistemas, habilidades e
processos ligados à área do córtex pré-frontal. Apesar da ligação direta da área
pré-frontal do córtex frontal as operações das FE's, Gilbert e Burgess (2008)
ressaltam que as FEs tem contribuições relativas e de diferentes regiões
cerebrais, funcionando de maneira interligada com outras áreas conforme as
habilidades que são requeridas, como as áreas: córtex dorsolateral pré-frontal
(DLPFC), Córtex Cingular Anterior (CCA), Giro Frontal Inferior Esquerdo (IFC)
e Região Ventrolateral Pariental (VPFC).
A maioria dos achados que se tem hoje a respeito das FE sobre
neuroimagem e anatomia do lobo frontal, foram baseadas principalmente em
estudos que avaliaram populações clínicas com quadros de disfunções
executivas (ALDERMAN et al, 2003; RENINSON et al, 2012; GREWE et al,
2013; JOSMAN et al, 2014). A partir destes estudos, o uso de instrumentos
neuropsicológicos tradicionais tem sido usado em uma grande variedade de
contextos clínicos. No entanto, Goldstein e colaboradores (2014) explicam que
muitos indivíduos tendem a ter um desempenho nos testes neuropsicológicos
que é melhor ou pior do que aqueles observados em situações cotidianas.
Essa aparente discrepância pode ser observada em testes que avaliam
memória, aprendizagem, linguagem, raciocínio, dentre outras funções
cognitivas. Essas discrepâncias podem ser devidas ao fato de que nas tarefas
cotidianas, existe uma maior quantidade de estímulos, do que aqueles
observados na avaliação clínica. Assim, embora haja uma serie de
14
instrumentos desenvolvidos para avaliar as FE, os resultados das avaliações
nem sempre se mostram sensíveis para detectar as deficiências nos
funcionamentos diários, mostrando a necessidade de instrumentos validados
ecologicamente (DOHERTY et al., 2015; FRANZEN; WILHELM, 1996).
Validade ecológica é um termo usado para se referir tanto ao grau de
"representatividade" de uma tarefa, a forma e o contexto para instrumentos
fora do ambiente clínico, assim como para comparar o quanto um teste pode
predizer um comportamento no mundo real (BURGESS et al., 2006). Uma
possibilidade de verificar a validade ecológica de um instrumento é por meio
de comparação dos resultados obtidos em avaliações formais com aqueles
obtidos em ambientes reais. Nos últimos anos houve um aumento na
publicação de estudos que buscam maior validade ecológica para a avaliação
das FE (Zimmermann et al., 2015). Muitos estudos têm feito o uso de
tecnologias como de realidade virtual e análise dos movimentos oculares em
ambientes reais a fim de auxiliar na busca por evidências de validade desses
instrumentos (DOWIASCH et al., 2015; KIRTLEY; TATLER, 2015; KOVACH;
ADOPHS, 2014; YU, ZHONG; FRICKER, 2012).
A análise do movimento ocular nas tarefas de busca visual no ambiente
real possibilita compreender a forma como as pessoas percebem uma cena
visual e como diferentes estímulos podem ser detectados. A análise dos
movimentos oculares possibilita compreender a atenção e seus processos de
busca (KLEIN; BULLA, 2011). O rastreio ocular tem sido estudado a partir do
registro e análise das seguintes propriedades: comprimento médio dos
movimentos sacádicos; número, local e duração das fixações. A partir dessas
medidas é possível fazer inferência sobre o funcionamento cognitivo (IRWIN,
1991; LIVERSEDGE; FIDLAY, 2000; ORSATI et al., 2008; MELE, 2012).
Assim, a análise do padrão dos movimentos oculares em uma
multitarefa de busca visual em ambiente real pode ajudar na compreensão do
processamento da atenção visual e das funções executivas, através da análise
de busca de item, alvo, entre diversos itens concorrentes e distratores. Essas
análises abrem caminho para estudos de validação maiores, explorações de
validade discriminante e aplicações de validade ecológica dos testes
neuropsicológicos nos contextos complexos da vida diária.

15
2. Referencial Teórico
2.1. Funções Executivas
As funções executivas são um conjunto de processos cognitivos que se
associam ao processamento de informações e ao engajamento de
comportamentos adaptativos permitindo que o indivíduo responda as
exigências ambientais (BARKLEY, 2012; GAZZANIGA; IVRY; MANGUN,
2006; GOLDSTEIN et al, 2014; SKOGLI et al., 2014).
Um dos modelos utilizados para explicar as competências envolvidas
nas classificadas funções executivas é o denominado modelo fatorial. Neste
modelo, defende-se a existência de fatores independentes que se
correlacionam entre si de forma moderada com constructos separados
(MIYAKE et al., 2000). Neste modelo fatorial, fatores independentes, como
“updating”, atualização de conteúdo e monitoramento de informações na
memória de trabalho, “shifting”, alternância entre tarefas ou estratégias, e
Inibição, são explicados por um fator comum, como uma variável latente, que
se relacionaria com fatores específicos e os fatores independentes se
correlacionam entre si. A inibição, contudo, apresenta correlações baixas com
outros processos cognitivos e fatores específicos subjacentes a inibição, sendo
melhor explicada pelo fator comum (MIYAKE; FRIENDMAN, 2012).
Ainda dentro dos modelos utilizados para explicar as FE's, Diamond
(2013) propõe um modelo explicativo em que explora três componentes
principais das funções executivas: a memória de trabalho (MT), a flexibilidade
cognitiva e a inibição. Além disso, outras habilidades mais complexas fazem
parte deste modelo, tais como: raciocínio, resolução de problemas e
planejamento. Este modelo associa as FEs com diversas outras habilidades
cognitivas, como a atenção seletiva ao controle inibitório e o autocontrole, e a
inteligência fluída as habilidades de raciocínio e resolução de problemas como
mostra o modelo hipotético da Figura 1.

16
Figura 1: Tradução (LEON, 2015) das Funções executivas e seus termos do modelo
sugerido por Diamond (2013).

2.2 Desenvolvimento das Funções Executivas


Alguns autores defendem a hipótese de que o desenvolvimento das FE
acompanha uma trajetória neuroanatômica de desenvolvimento, mantendo
uma continua linha de desenvolvimento da bainha de mielina e da substância
cinzenta (SOWELL et al, 2001), sendo este o motivo de algumas habilidades
se consolidarem mais tardiamente, como a MT e o planejamento.
Ao início do desenvolvimento, habilidades como a MT e a habilidade de
planejamento, as últimas FE a desenvolver-se, ainda necessitam de objetos
físicos para serem representados mentalmente, enquanto que no auge dos 25
anos, o sujeito já não necessita dos objetos físicos para representa-los
mentalmente, já tendo a capacidade de resolver seus próprios problemas,
atingindo seu ápice maturacional, diferente das outras habilidades ligadas as
FE, que tendem a se consolidar mais cedo (HUIZINGA; DOLAN; VAN DER
MOLEN, 2006).
Otero e Barker (2014) ressaltam que durante a infância e na idade pré-
escolar, por volta de 2 a 3 anos, as primeiras interações sociais no meio
ambiente são a principal influência para o desenvolvimento das FE. Conforme
estas interações vão ficando mais complexas, habilidades como linguagem e
os comportamentos sociais desenvolvem-se, e as FE começam a ser
17
aprimoradas. As primeiras FE a serem desenvolvidas neste período são:
atenção, controle inibitório, regulação emocional e memória de trabalho.
Habilidades como a inibição e a flexibilidade cognitiva já estão presentes, mas
não aprimoradas, estas começam a ser aprimoradas com a capacidade de
resolver problemas por cerca de 10 anos, tornando se plenamente
desenvolvidas por volta dos 17 anos, juntamente com o autocontrole.
Dado que o cérebro apenas atinge o seu ponto de maturação na
segunda década de vida, fim da adolescência, Knapp e Morton (2013)
explicam que a comunicação entre as diferentes regiões envolvidas com córtex
pré-frontal se torna mais eficaz neste momento, proporcionando também o
amadurecimento das habilidades de funcionamento executivo neste período.
Baudouin e colaboradores (2017) ressaltam que as habilidades se mantém
melhor preservadas no início do envelhecimento e no “Young old-adults”, ou
seja, jovens adultos, pois estes são capazes de compensar as mudanças
relacionadas à idade no processamento de informações temporais permitindo
a melhor adequação da representação do ambiente.
Davidson e colaboradores (2006) realizaram um estudo acerca das
previsões sobre o desenvolvimento e as inter-relações da memória de
trabalho, inibição e flexibilidade cognitiva em relação às temporalidades e
encontraram uma trajetória própria de desenvolvimento das habilidades, com
picos de crescimento na última metade do primeiro ano de vida e entre os 3 a
6 anos de idade, sendo possível observar a influência da maturação dos lobos
frontais e da interação do meio na idade adulta. Em tarefas de inibição,
crianças pequenas, apresentaram maior custo de resposta ao item, já em
tarefas de memória de trabalho, o maior custo de resposta se mostrou maior
em adultos. Os autores explicam que o controle inibitório melhora com a idade,
por volta dos 10 anos, já as demandas de memória começam a exigir um custo
maior com o passar dos anos, enquanto a flexibilidade cognitiva se mostra
mais desenvolvida e estabelecida em tarefas de mudança de contexto. Este
estudo corrobora com os estudos como o de Huizinga e colaboradores (2006),
no qual discutem em seu estudo acerca da flexibilidade e da inibição e do seu
ápice na adolescência enquanto que a memória de trabalho continua a ter o
seu processo de maturação na idade adulta.

18
2.3. Inibição
A inibição está ligada à capacidade de controlar os comportamentos
inapropriados, processos de atenção, eventos internos ou externos,
tendências prévias ou automáticas, estando ligado diretamente ao
autocontrole (BARKLEY, 2012; DIAMOND, 2013).
Diamond (2013), explica que podemos classificar dentro da inibição três
subtipos: o autocontrole, que seria a inibição comportamental, o controle de
interferência (controle inibitório), este inclui a supressão de respostas
competidoras, ligado a atenção seletiva; e a inibição cognitiva, ligado a
processos de supressão das respostas, ou seja, inibição de pensamentos e de
distratores internos.
O autocontrole, conhecido como "self control", é o aspecto que envolve
o controle sobre seu próprio comportamento e emoções (DIAMOND, 2013).
Esta habilidade permite modular, adequar e acompanhar o efeito do próprio
comportamento; a fim de atender às demandas do meio social, de modo a
resistir às tentações, adiar as gratificações, não agir impulsivamente, ter
disciplina, completar uma tarefa e manter a atenção frente uma atração, interna
ou externa (GIOIA et al, 2002; DIAMOND, 2013).
O controle inibitório envolve ser capaz de inibir estímulos concorrentes
ou reações a estímulos distratores que interrompam um objetivo ou uma
emissão de resposta, além de contribuir para o processo de autorregulação
em consideração à perspectiva social e a direcionamento de metas (MALLOY-
DINIZ et al., 2014; DIAMOND, 2013). De acordo com Malloy-Diniz e
colaboradores (2010), emissões de respostas imediatistas sem uma maior
reflexão e mudanças no curso de ação, caracterizadas como impulsividade,
também ligadas em particular com a capacidade de controle inibitório.
Complementar ao controle inibitório, tem se o mecanismo da atenção
seletiva, responsável por receber, atender e escolher os diferentes estímulos
do meio de forma seletiva, incidindo sobre o que nós escolhemos, permitindo
suprimir a atenção para outros estímulos (DIAMOND, 2013). Esta habilidade,
fundamental ao funcionamento adaptativo, permitirá ao indivíduo, selecionar a
informação relevante na execução da tarefa, em um determinado momento, o
que possibilitará a supressão de estímulos distratores ou irrelevantes das
informações disponíveis e necessárias (GAZZANIGA; IVRY; MANGUN, 2006).
19
Intrinsicamente ligada a atenção seletiva, temos a inibição cognitiva,
abrange os mecanismos de supressão de estímulos distratores para
possibilitar o processamento de informações mais relevantes (GAZZANIGA;
IVRY; MANGUN, 2006). A inibição das informações relevantes faz parte de
processos de controle executivo que selecionam e atualizam o conteúdo da
memória de trabalho, permitindo selecionar uma resposta mais apropriada ao
contexto, permitindo o êxito da tarefa (BUTLER; ZACKS, 2006). A inibição
cognitiva se refere também a inibição de pensamentos (NIGG, 2016).
Estudos de neuroimagem como o de Blasi e colaboradores (2006)
revelam associação de áreas cerebrais do córtex dorsolateral pré-frontal,
ventrolateral pré-frontal e parietal em tarefas de controle inibitório. Dillo e
colaboradores (2010) também encontraram ativação de áreas como a IFG
usando fMRI durante tarefas Go/No Go, estas tarefas envolvem um modelo de
teste que permitem avaliar diferentes tipos de inibição.
Dentro da avaliação dos diferentes tipos de inibição, os aspectos de
impulsividade e de atenção são os principais focos de avaliação da habilidade,
a impulsividade é medida através dos “erros perseverativos” ou pelos erros
não alvos (erros por ação), a impulsividade atencional é medida por meio de
atividades que requerem controle e atenção sustentada por um tempo,
podendo ser avaliada em atividade que contenham erros por omissão e tempo
de reação (MALLOY-DINIZ, 2010). Testes que contêm estas tarefas são os
testes: Teste de Classificação de Cartas de Wisconsin (WCST), que mede
erros perseverativos e erros não perseverativos. Teste de Atenção por
Cancelamento (AC), Teste D2 - Atenção por Cancelamento, que mede tipos
diferentes de atenção, Teste Stroop, mede inibição e atenção, e Testes de
Trilhas Colorido (Trail Making), mede inibição, planejamento e atenção, por
exemplo. Outro teste muito conhecido por medir inibição são os que envolvem
as tarefas modelo Go/No Go, que consistem em tarefas com alternativas
concorrentes e duas possibilidades de respostas, em que o participante deve
pressionar e escolher entre uma delas e reter uma resposta à outra alternativa,
estas tarefas envolvem a inibição de estímulos concorrentes (RATCLIFF;
HUANG-POLLOCK, MCKOON, 2016).
Indivíduos com problemas em habilidades relacionadas a inibição e
atencionais, tendem a apresentar baixa tolerância a frustração, déficits na
20
autorregulação, sentimento de recompensa imediata e impulsividade
(BARKLEY, 2012; DIAMOND, 2013; SEABRA et al., 2014). Estudos como o
De Souza Michels e Goncalves (2014) mostram que déficits na inibição
acarretam prejuízos também em outras funções cognitivas, afetando o
desempenho em atividades que demandam integridade do Executivo Central
acarretando dificuldades atencionais. Dessa forma, em ambientes com vários
estímulos distratores, apresentam dificuldade para suprimir respostas
concorrentes, filtrar os estímulos distratores e fazer buscas visuais e espaciais
(ARSHAD, 2011; PEELEN, 2014).

2.3. Memória de Trabalho


A memória de trabalho (MT) é a habilidade de sustentar a informação
por tempo limitado até que uma atividade seja realizada, sendo responsável
por manipular a informação, relacionar as ideias com memórias de longo prazo
e planejar sequências de ações (DIAMOND, 2013; GOLDSTEIN et al, 2014).
O modelo cognitivo da memória de trabalho é composto como um
sistema executivo, neste sistema teria a central executiva, componente de
gerenciamento, controle atencional e inibição de interferência de distratores e
outras informações irrelevantes; a central executiva também se comunica com
outros componentes, a alça fonológica e a alça visuoespacial. A alça
fonológica seria responsável pelo sistema de apoio da manutenção temporária
das informações verbais enquanto a alça visuoespacial seria responsável pela
manutenção das informações visuais e espaciais (BADDELEY, 2003).
Estudos como o de Barch e Colaboradores (1997) mostraram diferentes
relações das áreas corticais durante a realização de uma tarefa e a memória
de trabalho. Neste estudo os resultados encontrados durante tarefas de longa
duração (8 segundos) mostraram um aumento significativo em áreas pré-
frontais, como a DLPFC e o córtex frontal inferior esquerdo (IFC). Enquanto
em tarefas de curta de duração (1 a 3 segundos), encontrou-se ativação no
córtex parietal esquerdo.
Uma forma de avaliar a memória de trabalho é por meio dos testes de
repetições de dígitos, como nas Escalas Wechsler de Memória para crianças
(WISC-IV) e adultos (WAIS-III), e pelos Blocos de Corsi (MALLOY-DINIZ et al,

21
2010). Os Blocos de Corsi (MILNER, 1971; SANTOS et al, 2005) é uma medida
de avaliação visuoespacial de dígitos, em que o indivíduo deve repetir uma
sequência de números através do toque do avaliador na ordem direta e
indireta, tendo se mostrado válidos para avaliar a memória visuoespacial de
curto prazo (KESSEL et al, 2000).
Segundo Johnson e de Haan (2011) a capacidade da memória de
trabalho das crianças e adolescentes está associada a maturação do córtex
pré-frontal. Uma criança com baixa capacidade em MT, tende a apresentar
uma grande perseverança no erro, falta de iniciativa em fazer escolhas
consistentes, baixa tomada de decisão em situações sociais, baixa atenção
seletiva e resposta inibitória em tarefas múltiplas que envolvam manipular
informações (BLAKEMORE; CHOUDHURY, 2006, Apud OTERO; BARKER,
2014).
Indivíduos com baixas capacidades de MT também podem influenciar
nos processos inibitórios. A MT tem a função de manter o objeto ativo na
mente, suprimir as informações irrelevantes e ajudar a manter as informações
relevantes durante a realização da tarefa, evitando assim, uma sobrecarga.
Este mecanismo de controle exige recursos tanto da MT, como da eficiência
de inibição e da atenção (HADAR et al., 2016).

2.4. Flexibilidade Cognitiva


A flexibilidade cognitiva, é a habilidade que permite o indivíduo mudar o
foco atencional, perspectivas e prioridades, adaptar-se as demandas dos
ambientes. Tal habilidade se relaciona com o padrão de rigidez cognitiva
comportamental, sendo importante no ajustamento do indivíduo as demandas
e exigências do meio (DIAMOND, 2013; GOLDSTEIN et al, 2014). Segundo
Malloy-Diniz e colaboradores (2014) a flexibilidade cognitiva é requerida na
capacidade de mudar e alternar o curso das ações e pensamentos conforme
os estímulos ambientais.
A fim de avaliar o padrão de funcionamento cerebral em uma tarefa de
flexibilidade cognitiva, Zakzanis, Mraz e Graham (2005) analisaram o padrão
de ativação cortical durante a realização do Trail Making por meio de registros
de fMRI. Os resultados encontrados mostraram ativação das regiões DLPFC

22
esquerda, medial pré-frontal e superior do giro temporal. O envolvimento
destas regiões indica que a flexibilidade está associada não somente a DLPFC
como se previa, mas também, de que é estendida a várias regiões do cérebro.
Segundo Salmon e Collette (2005) as regiões que são mais ativadas durante
tarefas de flexibilidade cognitiva são o córtex pré-frontal, parietal bilateral
inferior, frontoparietal e o córtex subcortical.
Existem alguns tipos de testes que avaliam a capacidade de alternância
de estímulos, como os Teste de Trilhas Coloridas, também conhecido como
Trail Making Test. Outros testes também utilizados para avaliar a flexibilidade
cognitiva são os Teste Wisconsin de Classificação de Cartas (WCST), que
avalia por meio da categorização a capacidade de mudar (alternar) o curso de
uma ação ou pensamento de acordo com uma exigência, sendo possível
analisar a capacidade de aprendizagem, a inflexibilidade cognitiva e o erro por
perseverança através de diferentes estímulos (HEATON et al, 2004; MALLOY-
DINNIZ et al., 2010), e os diferentes testes que envolvem “switch tasks”, ou
seja, trocas de tarefas envolvendo alterar a mudança de atenção entre os
estímulos, como o Teste de Stroop (VAN TIMMEREN, et al.,2017).
Um déficit em suas capacidades, pode gerar falta de foco de
processamento e baixa auto regulação, assim como dificuldade em
estabelecer mudanças de regras, ou de respostas, e o curso de ações frente
aos objetivos da tarefa (HUIZINGA; DOLAN; VAN DER MOLEN, 2006;
SEABRA et al., 2014).
Indivíduos com problemas na flexibilidade cognitiva também podem
apresentar baixa aprendizagem com feedback, padrões de rigidez de
pensamento e de metas, baixa capacidade de resolução de problema,
aumento de ansiedade com mudança de planos, dificuldades em mudar ou
alternar respostas, assim como dificuldade em se ajustar a situações de cunho
social e emocional (DAWSON; GUARE, 2010; VAN EYLEN et al., 2011).

2.6. Planejamento
Esta habilidade envolve o processo de resolver problemas nas FE, além
da capacidade de adiar, monitorar tarefas e tomar boas decisões
(GAZZANIGA; IRVY; MANGUN, 2006; UNTERRAINER; OWEN, 2006). O seu

23
ato de integrar as outras funções executivas (LEZAK; HOWIESON; BIGLER,
2016) é considerado de fundamental importância, pois é por meio do
funcionamento adequado do planejamento que as habilidades serão
interligadas, o que possibilitará o engajamento em comportamentos
adaptativos, organizados e com metas estabelecidas (HILL, 2004; DIAS,
2009).
Define-se por planejamento a escolha de uma entre várias alternativas,
assim como envolve tomar boas decisões frente uma meta, julgar informações
através da atribuição de um valor e sustentar e planejar atividades a longo
prazo. Indivíduos que são classificados como “bons em resolução de
problemas” mostram um aumento na ativação de áreas direitas DLPFC, direita
superior temporal e direita inferior parietal. Além de ativação de áreas do córtex
cingular quando relacionadas a resolver conflitos e tomar decisões primordiais
(CHUNG; WEYANDT; SWENTOSKY, 2014; CAPOVILLA; ASSEF; COZZA,
2007).
O planejamento é um processo cognitivo complexo no qual tanto o
controle inibitório quanto a MT são importantes. Não é possível planejar e
executar uma ação, sem usar informações que já estão armazenadas, sem
combinar essas informações com novas informações, e inibir informações
irrelevantes. O planejamento, geralmente, consiste em ser realizado em várias
etapas, cada uma dessas etapas precisa ser manipulada e armazenada na
memória de trabalho, mas também ajustada ao contexto em mudança, o que
significa que também envolve a utilização da flexibilidade cognitiva (NEWMAN
et al., 2003; GEURTS; DE VRIES; VAN DEN BERGH, 2014). Por meio de
definições, é possível observar a importância do planejamento na realização
das tarefas, seja na resolução de problemas, como na avaliação e
monitoramento de seus passos.
Em relação à capacidade de planejamento, estudos de RMF sobre
pacientes com TOC em um comparativo à análise de grupo clínico mostrou um
desempenho prejudicado em todos os níveis da tarefa do Teste Torre de
Londres juntamente com a diminuição da ativação fronto-estriatal do córtex
pré-frontal dorsolateral (DLPFC) e no núcleo caudado. Outras áreas
mostraram estar envolvidas no monitoramento do desempenho da tarefa e na
memória de curto prazo ao longo da atividade de planejamento como o córtex
24
cíngulo anterior (ACC), o que mostra a ativação e a importância destes
sistemas nas operações de planejamento (VAN DEN HEUVEL et al., 2005).
Devido à necessidade de se avaliar esta habilidade, existem dois testes
muito utilizados para sua avaliação, são eles: os testes Torre de Londres e o
Torre de Hanói. O Teste Torre de Londres é considerado um dos testes mais
eficazes para avaliar a habilidade de planejamento, assim como para detectar
"problemas de planejamento", já tendo sido estudado em alguns grupos
clínicos, mostrando a validade deste instrumento para com o Transtorno do
Espectro do Autismo, Síndrome de Parkinson e em grupos com
comprometimento cognitivo leve (GEURTS; DE VRIES; VAN DE BERGH,
2014; KALLER et al., 2015).
Outro teste que visa avaliar a habilidade de planejamento, o teste
Figuras Complexa de Rey permite avaliar a habilidade visuoespacial e de
desenvolvimento de estratégia (CRUZ; TONI, OLIVEIRA, 2011). Assim como
o teste CAS-2 (NAGLIERI; OTERO, 2017) que permite avaliar quanto o
indivíduo consegue resolver novos problemas e criar estratégias para resolver
o mesmo problema, verificando metas e aplicação de estratégias. Vale
ressaltar, que o CAS-2, ainda não foi traduzido para o Brasil.
Indivíduos com problemas nas habilidades de planejamentos tendem a
apresentar tempo de execução mais longo para completar as tarefas, assim
como para as resolver as tarefas, os indivíduos com problemas nestas
habilidades tendem a demonstrar menos problemas corrigidos totais e mais
movimentos para uma resolução de metas, alta exigência de resolução
consigo mesmo, dificuldade de reter na memória a sequência planejada e por
isso uma necessidade grande de reprogramar os movimentos durante a
execução. Estes indivíduos também apresentam aumento de carga de
memória operacional e estratégia organizacional pobre (MARTONI, et al.,
2017).

2.7. Avaliação das Funções Executivas


Muitos testes são usados para avaliar as funções executivas, a maioria
dos quais avalia apenas uma parte dos domínios das habilidades executivas
relacionadas, por exemplo, testes neuropsicológicos dirigidos para avaliar

25
atenção, atenção dividida, controle inibitório, flexibilidade cognitiva, memória
de trabalho, organização/planejamento e outras habilidades (NAGLIERI;
OTERO, 2014).
Alguns pesquisadores sugerem que as habilidades das FEs são
apenas relacionadas vagamente, sendo a memória de trabalho um dos
diversos FEs diferentes que controlam o desempenho cognitivo (BLAIR;
ZELAZO, GREENBERG,2005). Enquanto outros pesquisadores argumentam
que todas as FEs compartilham componentes executivos comuns (DIAVISON,
2016). Dada a diversificação das definições, torna-se difícil distinguir as
habilidades que estão sendo avaliadas. Além disso, outros fatores que
contribuem para gerar deficits nas avaliações das FEs são: fenômenos
comportamentais sendo quantificados e definição operacional das várias
construções cognitivas que compõem a função executiva, de forma a dificultar
a projeção de instrumentos de forma padronizada, confiável e válida
(ISQUITHI;ROTH, GIOIA, 2010). Essa hipótese também contribui para explicar
a escassez de instrumentos de avaliação neuropsicológica que medem
diretamente as FEs.
Atualmente os instrumentos disponíveis se concentram em baterias
compostas de tarefas que medem atenção, fluência (visual e verbal), atenção
dividida, interferência, memória de trabalho, organização e planejamento e
tarefas de classificação. Dentre os testes que contemplam estas medidas, os
mais utilizados mundialmente, estão os testes Teste de Desempenho Continuo
(CPT-II), Dígitos, Sequência de Letras e Números do WISC-IV, teste de trilhas
coloridas (Trail Making) e o Torre de Londres (STRAUSS; SHERMAN,
SPREEN, 2006).
Um teste neuropsicológico clássico, que avalia função executiva e
responsável por avaliar diversas habilidades, é o Teste Wisconsin de
Classificação de Cartas (WCST). O teste é responsável por avaliar habilidades
como: planejamento estratégico, organização e planejamento, flexibilidade
cognitiva e controle inibitório (DELIS et al.,2001). Assim como WCST, outro
teste neuropsicológico clássico, é o Trilhas Coloridas (Trail Making), onde
através da Parte B do teste é capaz de avaliar também a flexibilidade cognitiva,
a velocidade de processamento, psicomotora, processamento visual,
planejamento e atenção (LEZAK, et al., 2012).
26
Autores como Barkley (2011a, 2012b) defendem que as medidas
obtidas nos testes neuropsicológicos são medidas básicas que não são típicas
das tarefas da vida real, o autor explica que as FEs são processos complexas,
“contaminadas” entre si, pois envolvem processos cognitivos múltiplos que
ocorrem concomitantemente no dia a dia. Alguns autores, como Alderman e
colaboradores (2003) mostram que os testes neuropsicológicos não se
correlacionam com medidas ecológicas, medida pela qual garante o quanto
um teste está validado para circunstâncias do dia a dia.
Para tanto, algumas escalas de avaliação de auto monitoramento para
funções executivas foram criadas com intuito de desenvolver escalas que
fossem mais sensíveis as questões do dia a dia, já que as funções executivas,
segundo Barkley (2014) é capacidade de se auto monitorar. Algumas escalas
de funções executivas foram criadas a partir disso, sendo elas: Barkley Déficits
in Executive Functiong Scale (BDEFS), a Behavior Rating Inventory of
Executive Function (BRIEF), Childhood Executive Functioning Inventory
(CHEXI). Todas em processo de tradução e adaptação para o Brasil.

2.8. Validade Ecológica


Com objetivo de garantir a qualidade de instrumentos psicológicos,
alguns parâmetros psicométricos, como o de validade e precisão, devem ser
considerados e verificados, a fim de permitir um aperfeiçoamento da avaliação
psicológica (URBINA, 2007). Dentre as medidas de validação, as que mais se
aproximam de um teste a fim de garantir a sua validação no ambiente real, é o
critério de validade ecológica. Este critério indica a relação entre o que o teste
mensura e o seu desempenho nas tarefas realizadas no mundo real, ou seja,
se há relação preditiva entre o desempenho do sujeito em um teste e o seu
comportamento no mundo real (BURGESS et al., 2006; CAMPBELL et al.,
2009).
A validade ecológica pode ser baseada a partir de três critérios
propostos por Davids (1998), sendo eles: realismo, no qual a avaliação baseia-
se quanto à proximidade da experimentação ao ambiente real, de modo a
permitir o menor número de restrições comportamentais ao avaliado; a união,
esta refere-se a investigação do campo na qual ocorrerá a avaliação e o

27
respeito a sua validade interna; e a análise eclética que baseia-se em certificar-
se de que os aspectos de análise do comportamento são avaliados com base
no contexto real. Massigli e colaboradores (2011) ressaltam que quanto maior
o critério de validade ecológica maior a validade externa dos resultados,
consequentemente, implica em maior dificuldade no controle de suas variáveis
e uma diminuição da validade interna.
Uma das formas de avaliação das funções executivas dentro das
avaliações funcionais que envolvem o procedimento ecológico são as escalas
comportamentais de auto monitoramento no qual se baseiam nos princípios
naturalistas (GIOIA et al.,2003; BARKLEY, 2012) no sentido de complementar
e suprir as limitações apresentadas pelos testes neuropsicológicos. Dentre as
escalas mais conhecidas pelo caráter naturalístico que avaliam as funções
executivas, podemos citar "Behavior Rating Inventory of Executive Function" -
Inventário de Funções Executivas (BRIEF) (ROTH; ISQUITH; GIOIA, 2005) e
"Barkley Deficits in Executive Functioning Scale (BDEFS)" - Escala de Déficits
das Funções Executivas de Barkley (BARKELY, 2012b; GODOY et al., 2015).
Outra forma de buscar a validade ecológica se dá por meio de estudos
como o de Torralva e colaboradores (2013) e os de Villain e colaboradores
(2015), estes estudos realizam a validade ecológica do desempenho de testes
em ambiente real comparando com testes padrões ouro neuropsicológicos,
avaliando as FE, em populações saudáveis e populações clínicas adultas. Os
resultados destes estudos mostraram relações fortes entre os escores dos
testes e boa discriminação das habilidades medidas, mostrando que os
instrumentos eram validos ecologicamente. Villain e colaboradores (2015)
também ressaltam em seus resultados a importância dos testes em ambiente
real para o futuro da reabilitação e o diagnóstico dos déficits cognitivos.
Outra alternativa que tem sido utilizada para verificar a validade
ecológica de testes neuropsicológicos, se dá pela comparação do
desempenho em testes tradicionais, com o desempenho em ambiente de
realidade virtual (RV). As RVs são ambientes virtuais que envolvem elementos
multissensoriais que permitem ao indivíduo interagir em condições
semelhantes ao ambiente físico (PARSONS et al., 2007; ROSE et al., 2006).
O uso dessa estratégia apresenta as seguintes vantagens: redução de
custos em construir ambientes físicos, possibilita controle preciso de estímulos
28
3D, do rastreamento do comportamento e do seu desempenho funcional. A RV
possibilita controle sob uma série de condições de estímulos que não são
facilmente controláveis e capturados no mundo real. Além disso, esse tipo de
ambiente proporciona comparação do desempenho nas diferentes avaliações
(GREWE et al., 2013; PARSONS, 2011; RIZZO et al., 2006). Contudo, assim
como nos testes tradicionais, os estímulos usados nas buscas visuais nas RVs
ainda são controlados. Tais estímulos são avaliados em apenas uma ou duas
habilidades cognitivas. Já no ambiente real, os indivíduos sofrem influências
de mais de um estímulo concorrente ao mesmo tempo, além de terem uma
maior exigência da capacidade cognitiva (ROSE et al., 2006). Chun (2000),
Hershelr e Hochstein (2009) e Peelen e Kastner (2014) mostraram que a busca
visual, processo de input visual e sensorial, é melhor quando o objeto alvo, os
distratores e o local são familiares, pois em outras condições alteram o tempo
de realização da tarefa, prejudicando o processamento perceptual e a seleção
da atenção.
Além destes instrumentos desenvolvidos, há também estudos como o
Virtual Library Task (VLT) e o Virtual Reality Supermarkert Task (RENISON, et
al., 2012; GREWE, et al., 2013), que se utilizam das VR, pelo seu perfil de
baixo custo, mas também realizaram comparações com o ambiente real numa
escala menor, a fim de obter a validade ecológica de seus instrumentos. Estes
estudos abordam a questão que ambientes reais envolvem cenários mais
complexos e atividades simultâneas diferentes dos testes neuropsicológicos,
sendo necessário valida-los com seus instrumentos virtuais, a fim de procurar
meios de avaliação mais precisos, mostrando a importância da validação de
seus instrumentos de RV com o ambiente real.
Apesar de estudos mostrando o uso de validade ecológica para as RV,
uma série de estudos recentes desenvolveram e validaram tarefas
neuropsicológicas que podem ser administradas em ambientes imersivos de
realidade virtual e descobriram que esses paradigmas produzem informações
adicionais não fornecidas por tarefas laboratoriais tradicionais e virtuais
(PARSON; COURTINEY, 2014, PARSON; RIZZO, 2008). Assim, alguns
estudos desenvolveram o que se chama de avaliação momentânea ecológica
(EMA) que envolve a avaliação do fenômeno no momento em que ocorrem e
no ambiente natural de um individuo (STONE; SHIFFMAN, 2002), permitindo
29
que o individuo seja acompanhado ao longo do dia em resposta a determinado
eventos usando computadores portáteis (WATERS et al.,2014;, SCHUSTER;
MERMELSTEIN, HEDEKER, 2015).
Neste interim, Burgess e colaboradores (2006) ressaltam que a grande
importância dos testes em ambiente real é devido ao fato de que os testes
tradicionais não fazem previsão de como as pessoas irão gerenciar o seu
cotidiano. Chan e colaboradores (2008) afirmam que as maiorias das
avaliações de FE não é capaz de capturar a complexidade de respostas
adquiridas em múltiplas etapas que fazem parte da vida diária, pois os testes
das FE tendem à avaliar parte destas habilidades, mas não a complexidade
das FE, sem conseguirem prever as disfunções executivas que os indivíduos
terão em atividades do dia-a-dia.

2.9. Ambiente Real


Ainda que haja instrumentos validos para detectar diferentes
habilidades nas funções executivas, como foi revisado anteriormente,
diferentes críticas têm sido apontadas em relação ao processo de avaliação e
a utilização de instrumentos psicológicos. Essas críticas apontam que, muitas
vezes, os resultados de um teste são incongruentes com as dificuldades
relatadas pelo sujeito, tal como encontradas no ambiente real (BURGESS et
al., 2006; SPONNER; PACHANA, 2006).
Diamond (2013) indica que muitos dos resultados dos testes não têm
sido sensíveis para detectar problemas sutis em componentes das FEs, como
em flexibilidade, organização e planejamento. Essa discrepância pode ser
explicada em função de que as baterias padronizadas tendem a usar
ambientes controlados, ao passo que no mundo real ocorrem em diferentes
situações e demandas (CHUN, 2000).
No artigo de revisão sobre desordens no lobo frontal em multitarefas,
Burgess (2000) faz descrição acerca de casos de pacientes que realizaram
uma série de testes que avaliam as FE sensíveis às lesões do lobo frontal;
nestes casos, apenas alguns se mostraram ineficientes em avaliar as tarefas
de FE; contudo, todos eles tinham uma característica unificadora, um prejuízo
acentuado na vida cotidiana, ou seja, após a realização de intervenção, mesmo

30
tarefas simples se mostravam inacabadas assim como suas percepções a
cerca delas, levando até a perda de emprego, com isso, Burgess ressalta que
houve a necessidade de criar uma tarefa capaz de avaliar estes
comportamentos na vida cotidiana, assim como as suas percepções, que
também era alteradas da demanda do ambiente.
Para quantificar estes comportamentos e estas percepções, Burgess
desenvolveu como conceito as "Multitasking", ou seja, o termo multitarefa, a
capacidade de executar tarefas simultâneas ou trabalhos por intercalação
baseado nas tarefas de simulação de constante atenção dos astronautas.
Assim, em 1991, Shallice e Burgess desenvolveram o Multiple Errand Test
(MET), tarefas num shopping a fim de avaliar as estratégias que eram
utilizadas por pacientes com distúrbios; nesta tarefa, os pacientes mostraram
algumas quebras de regra, tarefas incompletas e até esquecimento de alguns
itens. A segunda multitarefa a ser criada foi a Six Element Test (SET), criada
a fim de atingir os mesmos processos cognitivos, mas em ambientes
controlados; nesta tarefa, os pacientes mostraram baixo número de realização
nas subtarefas e pausa nas regras (BURGESS, 2000).
Em 2003, essas multitarefas foram avaliadas e Alderman e
colaboradores (2003) viram a necessidade de estabelecer algumas regras,
características para se avaliar multitarefas e o desempenho dos participantes,
sendo elas: multitarefas, uma série de tarefas discretas e diferentes que devem
ser concluídas; intercalação necessária, o desempenho dessas tarefas precisa
ser articulado a fim de ter um tempo eficaz; devem ser divididas uma tarefa por
vez, devido a fatores cognitivos ou físicos, apenas uma tarefa pode ser
realizada por tempo; deve conter resultados inesperados, interrupções, por
vezes de alta prioridade, ocasionalmente, nem sempre de forma planejada, a
fim de avaliar a forma como o indivíduo se comporta; atraso de intenções, o
tempo de retorno para uma tarefa em execução pode ser sinalizado por uma
outra demanda, relógio, alarme que reduza esta demanda, esta característica
está ligada diretamente a memória prospectiva; dificuldades, a tarefa deve ter
diferentes graus de dificuldade, termos de prioridades, etapas ou tempos de
comprimento; "self-determined targets" - "metas autodeterminadas", os
avaliados devem decidir por si o que constitui um desempenho adequado; e

31
nenhum feedback imediato, não deve haver alguma devolutiva de participação
ou sinalização durante a tarefa.
Burgess (2006) argumenta que situações cotidianas de multitarefas
fazem exigências de diferentes processos cognitivos daqueles salientados por
testes tradicionais que avaliam as FE, pois faz uma interlocução das
habilidades que são exigidas ao mesmo tempo. Assim, temos uma gama
cognitiva de déficits no dia a dia que não são medidos pelos testes tradicionais.
Partindo do pressuposto que avaliar o comportamento do mundo real, é
observar, analisar, e entender a capacidade do indivíduo de planejar e
organizar o comportamento, assim como a sua capacidade de auto-regulação
enquanto o indivíduo mantém a atenção e inibe as respostas inadequadas, a
fim de captar a complexidade da vida diária, foram desenvolvidos alguns
instrumentos para avaliação naturalística em ambiente real.
Dentre os instrumentos desenvolvidos em ambiente real, os mais
conhecidos e utilizados para pesquisa em ambiente real, tem sido o Multiple
Errands Test (MET) desenvolvido por Shallice e Burgess (1991), na sua versão
simplificada em hospitais e supermercados como Mutiple Errands Test Simple
Version (MET-SV) (ALDERMAN et al., 2003; KNIGHT; ALDERMAN;
BURGESS, 2002) e o Hotel Task (MANLY et al., 2002), atualmente sendo
adaptado e traduzido no Brasil por Cardoso e colaboradores. (2015). Em
ambas as tarefas os sujeitos recebem uma lista de tarefas especificas em um
determinado momento, todas as tarefas são realizadas dentro das restrições
de 9 regras, estas regras tem a intenção de direcionar e inibir determinadas
ações, que devem estar de acordo com o local do teste, mantendo as ações
os mais naturais possíveis (DAWSON et al, 2009).
A partir desses testes em ambientes reais, outros testes foram
desenvolvidos e adaptados, como por exemplo, The Cooking Task (DOHERTY
et al., 2015), Baycrest Multiple Errand Test (BMET) (DAWSON et al., 2009), e
o Multiple Errand Test Hospital Version (MET-HV) (KNIGHT; ALDERMAN;
BURGESS, 2002; MANES et al., 2009). O MET-HV está sendo utilizado em
hospitais por diferentes profissionais, como por terapeutas ocupacionais, a fim
de proporcionar uma avaliação mais ampla de pacientes com diferentes lesões
do lobo frontal apresentando múltiplos déficits nas funções executivas e em
fase de reabilitação, como no estudo de Maeir, Krauss e Katz (2011).
32
Maeir, Krauss e Katz (2011) desenvolveram um estudo baseado na
avaliação do desempenho da multitarefa simultânea a coordenação de
múltiplos fatores em um ambiente hospitalar, proporcionando um paradigma
de desempenho que permitisse avaliar o sistema das FE e que pudesse
predizer a participação social complexa nos ambientes reais. Os achados do
estudo realçam a importância de avaliar habilidades as funções executivas em
multitarefas de neurorehabilitação; a necessidade de fornecer serviços de
reabilitação contínuos; a necessidade de terem as multitarefas no ambiente
real como apoio como transição aos desafios gerados pelos estresses em
atividades complexas do dia a dia em pacientes lesionados e disfuncionais;
correlações do MET maiores do que com os escores de auto relato em
pacientes com lesões e a importância de múltiplas fontes para obter
informações sobre o funcionamento diário e as FE em processos de avaliação.

2.10. Busca visual em ambiente real


Uma forma de aprimorar os resultados obtidos em recentes pesquisas,
em junção as avaliações, é a utilização de equipamentos como o Eye Tracking
Glasses. Estudos que envolvem a tecnologia do Eye Tracking visam verificar
as estratégias de busca visual durante a análise dos movimentos oculares,
estes podem ser desde os mais lentos aos mais rápidos, variando conforme o
indivíduo (IRWIN,1991; DOWIASCH et al., 2015; MELE, 2012).
Os seres humanos possuem quatro tipos de movimentos oculares, um
deles, são as sacadas, sendo os movimentos rápidos que redirecionam o
olhar. Estes variam quanto a amplitude e tamanho, sendo seu tamanho
definido pela duração e velocidade. Entre as sacadas, o olhar tem movimentos
de estabilização lenta, estas são as chamadas, fixações. As fixações são
provocadas por dois tipos de reflexos, os reflexos vestíbulo-ocular (VOR) e os
reflexos opto cinético (OKN). Os reflexos VOR desencadeiam os movimentos
oculares na mesma velocidade e na direção oposta ao movimento da cabeça
e são responsáveis por estabilizar as imagens na retina (LAND, 2011).
Esta velocidade pode variar conforme o alvo, sendo cerca de 20
segundos para alvos pequenos, chegando a atingir mais de 100 segundos para
alvos mais complexos. A partir do movimento destes alvos, fixo, perto ou longe

33
em relação ao sujeito, os olhos vão realizar os movimentos de convergência
ou divergência, intercalando com movimentos de sacada, que em contraste
com os outros movimentos oculares irão se mover na mesma direção do alvo,
permitindo o acompanhar do estimulo (RAYNER; POLLATSEK, 1989;
HAYHOE et al., 2003; BEGaze, 2014).
Nacionalmente, os parâmetros oculares tradicionalmente analisados
em estudos são as fixações e as sacadas (MACEDO; LUKASOVA;
OGUSUKO, 2008). As fixações são estabilizados e possibilitam a análise
visual do estímulo. Já as sacadas, são movimentos realizados entre as
fixações que possibilitam dirigir o olhar para diferentes regiões. Esses
parâmetros são analisados em função da sua duração e localização. A análise
desses parâmetros possibilita inferir sobre diferentes aspectos das FEs, tais
como: processos atencionais, o planejamento, o controle inibitório e tomada de
decisões (DOWIASCH et al., 2015; KLEIN; BULLA, 2011, LAVINE et al., 2002).
Durante uma busca visual, nossos olhos se movem fixando objetos e
elementos da cena por diferentes quantidades de tempo. Grande parte da
variabilidade na duração da fixação é explicada por processos atencionais,
perceptivos e cognitivos associados à análise e compreensão da cena. Esses
processos perceptivos e cognitivos, consideram a influência da atenção e da
cognição na duração da fixação (HENDERSON, 2015).

2.10.1. Fixação
Rayner (1998) estudando o processo do funcionamento cognitivo das
fixações na leitura, estabeleceu que por meio da medida de duração do olhar,
pode se verificar o tempo de permanência mínimo que um indivíduo estabelece
para a assimilação da palavra ou imagem. Rayner e colaboradores (2009)
submeteram participantes a dois experimentos, em que eram solicitados a
encontrar um objeto alvo especifico em cada cena visual, como uma vassoura,
registrando a fixação em que achavam o objeto, e apenas após o registro de
movimento de sacada para outro alvo aparecia outra cena. Nesta pesquisa, os
autores relatam que 75 ms não proporcionava aos sujeitos tempo suficiente
para processar as cenas, sendo necessário um tempo de busca e uma duração

34
média de fixação de 150 ms em cada cena a fim de codificar o material de
estímulo na sua percepção.
Os autores ainda relatam ser diferente o processo de codificação de
leitura, pois a codificação e extração dos detalhes em um padrão de busca
visual no ambiente naturalístico e no processamento visual de cena, sendo que
estes últimos levam mais tempo para serem processados (CASTELHANO;
HENDERSON, 2008; HENDERSON, 2003). Rayner e Pollatsek (1992)
argumentam que o funcionamento cognitivo, ativação e reconhecimento das
informações visuais que processamos, pode ser medido por meio da duração
da primeira fixação no objeto de interesse.
Segundo Just e Carpenter (1976) os padrões e as durações das
fixações dos olhos durante uma tarefa que envolva busca visual correm na
memória de trabalho, assim, quando olhamos uma cena, lemos ou procuramos
um objeto, fazemos a direção e a orientação do próximo objeto através do
processo atencional e do processamento cognitivo (RAYNER, 1998),
permitindo a manipulação interna da informação visual.

2.10.2. Sacada
As sacadas são os movimentos que redirecionam o olhar para
diferentes regiões entre as fixações que realizamos com mais frequência e
servem para recolher informações. A distância do início ao ponto final da
sacada (velocidade média/duração da sacada) é o que chamamos de
amplitude da sacada, sendo uma amplitude média de 50 ms numa análise de
cena (RAYNER; POLLATSEK,1992).
Apesar de não adquirirmos informação nova durante a sacada, existe
um tempo de permanência da sacada na área do objeto de interesse (AOI),
este começa no momento em que a AOI é fixada e termina no momento da
última fixação, sendo os objetos de interesse definidos por meio das somas
das durações de todas as fixações e sacadas que atingirem este objeto
(RAYNER, 1998; RAYNER; POLLATSEK, 1992).
Os objetos de interesse são captados durante o campo visual, na área
abrangida pela visão fixada, sendo este dividido em três partes: região foveal,
região parafoveal e região periférica, ou seja, quando os raios de luz incidem

35
na fóvea, parte da retina onde se projeta a imagem do objeto focado com maior
precisão no processamento de detalhes. Este processamento de detalhes se
dará devido a supressão sacádica, durante as fixações. Rayner (1998) ressalta
que a região em que o indivíduo extrai as informações é entre a fóvea e as
parafoveal no campo visual.
Henderson, Rayner e Pollatsek (1989) ressaltam que apesar dos
movimentos sacádicos e as fixações serem necessárias para adquirirmos a
informação na fóvea, em tarefas visuais complexas, como em identificação de
objetos, existem movimentos atencionais que precedem normalmente os olhos
em direção ao local que será fixado a seguir e que a informação visual
extrafoveal é adquirida principalmente a partir dessa localização na exclusão
de outros locais.
Junto a estes movimentos atencionais, existem estímulos que
participam do processo de atrair a atenção, tais como estímulos repentinos,
novos objetos não familiares antes, ou movimentos transitórios. Alguns
estudos ressaltam se estes estímulos atraem a atenção de uma forma
obrigatória, independente do conjunto de tarefas do sujeito ou dos objetivos
cognitivos em andamento (LIN; FRANCORENI; ENNS, 2008; TATLER et al,
2011). Tatler e colaboradores (2011) explicam que tanto a atenção e o olhar
são atraídos para estímulos incomuns ou eventos no ambiente devido a um
mecanismo denominado saliência; os eventos ou locais “salientes” são
aqueles inesperados ou surpreendentes, onde a surpresa seria um desvio
estatístico da história recente de estímulos visuais. Ou seja, mecanismos de
surpresa são essenciais para atrair atenção para estímulos que são
importantes, mas não abrangidos pelo conjunto da tarefa atual, assim como a
manipulação das informações visuais.
Através das comparações de manipulação interna das informações
visuais, o indivíduo se baseia nas relações espaciais em relação aos objetos,
estabelecendo mudanças de perspectivas em posição do objeto e do
participante, codificando um sistema de coordenadas para a resolução do
problema. Assim, quanto menor o tempo necessário para encontrar o alvo,
mais eficiente é a busca visual, pois a busca visual depende dos estímulos do
alvo e das suas características e de seus distratores que serão processados
pelo indivíduo. Desta forma, uma busca será mais eficiente quanto melhor o
36
indivíduo conseguir diferenciar o alvo do distratores e quanto melhor os
distratores forem homogêneos. Outros fatores que influenciam, é a orientação,
a movimentação, e a familiaridade do estímulo e do distratores, pois facilita na
busca do estimulo (SMIDT et al, 2015; RODRIGUES, 2001).
Tatler e colaboradores (2011) explicam que em ambientes reais os
campos de visão quando analisados dão indicações de profundidade, sinais
de movimento, ponto de vista do observador, de interações e de distratores,
diferentes dos encontrados em imagens estáticas, como em fotografias e
vídeos; além disso, um objetivo fundamental da visão nas tarefas naturais é
extrair informações visuais do ambiente e coordenar as ações motoras
necessárias para completar uma tarefa. No entanto, ao visualizar cenas
estáticas, raramente há uma tarefa que envolve a manipulação ativa de objetos
no ambiente. Em vez disso, na visualização estática de cena, a tarefa pode ser
procurar um alvo, lembrar a cena ou fazer algum julgamento de uma tarefa.
Essas classes de tarefas são apenas um subconjunto do repertório de
comportamentos que executamos no ambiente real.
Os objetivos comportamentais e a direção da atenção visual são
ressaltadas pelo fato de que, quando envolvidos em uma tarefa natural,
essencialmente todas as fixações incidem em objetos relevantes para a tarefa.
Assim os movimentos oculares durante o comportamento natural mostram
estar diretamente ligados entre o local onde olhamos e as informações
necessárias para os objetivos imediatos da tarefa (HAYHOE et al, 2003).
Diferentes indivíduos mostram um alto grau de consistência em onde e
quando eles olham para locais informativos enquanto envolvidos em
comportamentos naturais (TATLER et al, 2011). Segundo Hayhoe e Ballard
(2011), um estudo realizado em ambientes naturais com o uso de aparelhos
de movimentos oculares, mostrou que as fixações tendiam tanto para as
ações, como para os objetos de interesse. Este estudo, mostra, que tanto as
buscas visuais são indicadas pelas ações e comportamentos do indivíduo, mas
também pelas durações das fixações e objetos de interesses, sendo as
fixações terminadas quando as informações especificas são estabelecidas e
dadas por adquiridas (HAYHOE et al, 2003). Henderson (2003) e Hayhoe e
colaboradores (2003) ressaltam que os indivíduos tendem a apresentar

37
fixações aumentadas em objetos conhecidos anteriormente por alguns
segundos.
A razão de se estudar um ambiente natural com o uso dos movimentos
oculares, se dá devido a necessidade de entender como ocorrem os
processamentos de extração das informações atencionais acerca das cenas e
das identidades dos objetos. Sendo o processo atencional da cena percursores
anterior e de forma abrangente, assim como as fixações, e tendem a ser
fundamental ao controle na seleção dos estímulos e distratores
(HENDERSON, 2003).
Assim, mostra-se de extrema importância, a análise do padrão dos
movimentos oculares e de seus processos atencionais em multitarefas de
ambiente real a fim de compreender melhor o funcionamento das variáveis nas
tarefas ecológicas através das relações dos estímulos e distratores, do
estabelecimento de mudanças de perspectivas na análise da posição do objeto
e do participante, novo sistema de coordenadas para a resolução do problema,
além de um melhor entendimento da correlação das habilidades de memória
de trabalho, flexibilidade cognitiva, inibição e outras habilidades que compõe
as funções executivas.

38
3. Objetivos
3.1 Geral
O objetivo do estudo é investigar o comportamento de resolução de
problemas em multitarefas no ambiente real, por meio da análise do padrão de
busca visual, bem como as relações com resultados de instrumentos
neuropsicológicos usados para avaliar diferentes domínios das funções
executivas.
3.2 Específicos
- Descrever o padrão de comportamento de busca visual durante a realização
de problemas em uma multitarefa no ambiente real.
- Correlacionar o padrão de comportamento na tarefa de busca visual com os
resultados dos testes comumente usados para avaliar diferentes domínios das
funções executivas
- Correlacionar o padrão de comportamento na tarefa de busca visual com os
resultados das escalas de rastreio usados para avaliar diferentes domínios das
funções executivas.
- Correlacionar os resultados das escalas de rastreio usados para avaliar
diferentes domínios das funções executivas com os resultados dos testes
comumente usados para avalias as funções executivas.

39
4. Método

4.1 Participantes
Participaram deste estudo 48 universitários saudáveis (32 mulheres)
com idade média de 22,6 (dp=3,446) e idade variando entre 18 a 31 anos,
selecionados por conveniência. Para garantir uma amostra homogênea, com
funcionamento cognitivo geral médio, usou-se uma avaliação de QI. Dessa
forma, foi considerado padrão de normalidade de QI>85 avaliado por meio do
Teste Matrizes de Viena (WMT-2).

4.1.1. Critérios de Inclusão


Foram incluídos na pesquisa indivíduos sem histórico de doença médica
grave, doenças psiquiátricas ou neurológicas, que não fizessem uso de
medicamentos psiquiátricos, assim como participantes sem uso continuo de
drogas ilegais ou abuso de álcool. Estes dados foram obtidos por meio do
questionário semiestruturado (QSD) para investigação de presença/ausência
de sintomas sugestivos de doenças físicas, uso atual ou passado de
medicação psicoativa, psicoterapia, doença médica atual com comorbidades
psiquiátrica, uso de álcool ou drogas.

4.1.2 Critérios de Exclusão


Foram considerados os seguintes critérios para: escore de moderado
(i.e., valores entre 16 e 25 no escore total) a severo (i. e., mais que 25 no
escore total) no Inventário Beck de Ansiedade (BAI) (GORENSTEIN;
ANDRADE, 1998); terem declarado uso de drogas ilegais ou de álcool durante
o período do teste; apresentar sinais de problemas de aprendizagem de leitura
por meio da aplicação do Adult Dyslexia Checklist (ADC), por meio da
indicação de mais de nove itens (VINEGRAD, 1994; DIAS, 2007).
A fim de compor a amostra final do estudo, foram avaliadas inicialmente
73 pessoas. No entanto, considerando os critérios de exclusão, 25 pessoas da
amostra inicial foram excluídas em função dos seguintes aspectos: 5 pessoas
por pontuarem mais que 16 pontos na BAI, 7 pessoas por referirem uso regular
de drogas; 9 pessoas por pontuarem para problemas com aprendizagem de
leitura; e 3 pessoas pelo fato dos movimentos oculares não serem

40
adequadamente registrados. Dessa forma, a amostra do presente estudo foi
composta pelos 48 participantes.

4.2 Instrumentos
Para a realização deste estudo utilizou-se os seguintes instrumentos:

4.2.1. Multitarefa de Busca Visual no mundo real – Buscar Livros (BL) e


Buscar Periódicos (BP).
A multitarefa de Busca Visual BL/BP no mundo real foi baseada no
estudo de ALDERMAN et al (2003), nos parâmetros da tarefa “real task world”
intitulada de Multiple Errands Test (MET), assim como nos estudos de tarefas
virtuais validadas ecologicamente com tarefas em ambiente real como o The
Virtual Library Task (RENINSON et al., 2012), The Cooking Task (DOHERTY
et al., 2015), Hotel Task (MANLY et al., 2002), e Virtual Reality Supermarket
Task (GREWE et al., 2013).
A multitarefa de busca visual consiste em avaliar em um ambiente real
a capacidade do indivíduo em resolver problemas relacionados com a busca e
identificação de materiais bibliográficos em uma biblioteca. A busca envolve
duas provas: Buscar Livros (BL), em que o participante deve encontrar 4 livros
pedidos pelo avaliador; e a Buscar Periódicos (BP), em que o participante deve
encontrar 4 periódicos científicos nas estantes da biblioteca. No entanto,
existem 9 regras que devem ser cumpridas pelo participante durante as tarefas
de busca, que estão descritas a seguir:
1. Buscar todos os itens solicitados pelo avaliador;
2. Colocar os itens encontrados em um local específico perto da
estante;
3. Ao final, entregar todos os itens encontrados para o avaliador;
4. Realizar a atividade o mais rápido possível;
5. Permanecer no andar indicado da biblioteca;
6. Não retornar a uma área da biblioteca, depois que saiu;
7. Não deveria falar com o avaliador, depois de iniciada a tarefa de
busca;
8. Não retirar os óculos que registram os movimentos oculares;

41
9. Cinco minutos depois do início da atividade, o indivíduo deveria
abrir um envelope entregue pelo avaliador e realizar a atividade
indicada no envelope (critério de memória prospectiva).
A multitarefa foi realizada da seguinte forma: Ao início da tarefa, o
avaliador apresenta as instruções por escrito em um local reservado da
biblioteca e fornece um fone de ouvido com uma música ambiente da
biblioteca. Nesse momento, são apresentadas as informações para a
localização dos livros e periódicos, que devem ser realizadas
sequencialmente. No caso da prova BL, é apresentada uma lista com 4 livros
com as seguintes informações: nome do livro, nome do autor, bem como o
código de localização do livro na estante e na prateleira. Já no caso a prova
BP, é apresentada uma lista com 4 periódicos que devem ser localizados, com
as seguintes informações: Nome do periódico, número do volume, número do
periódico e o ano. Essas informações apresentadas previamente possibilitam
o avaliado planejar e se organizar a fim de estabelecer a sequência de tarefas
que serão seguidas. Dessa forma, a multitarefa proposta é formada por dois
blocos distintos: 1) Buscar Livros (BL) e Buscar Periódicos (BP). O Anexo A
apresenta a descrição detalhada de cada uma das tarefas e regras.
Na prova BL, os códigos dos livros levam em consideração a
organização dos livros nas estantes e prateleiras. Dessa forma, a numeração
dos códigos indica que os números aumentam das prateleiras de baixo para
cima e da esquerda para a direita. Além disso, os livros estão organizados em
ordem alfabética, contendo a primeira letra do nome do autor. A Figura 2 ilustra
o padrão de organização dos livros na biblioteca.
Nessa prova, os 2 primeiros livros e o último livro solicitados estão, de
fato, no local correto indicado no código. Dessa forma, essas 3 informações
são consideradas como “Dicas válidas”. No entanto, o 3º livro solicitado não
está no local solicitado, sendo, portanto, considerada uma “Dica inválida”.
Dessa forma, em termos cognitivos, a realização dessas atividades demanda:
organização espacial, administração de tempo, atenção, memória de trabalho
e memória espacial. Além disso, a condição “Dica inválida” demanda
habilidades relacionadas com inibição, flexibilidade cognitiva,
organização/planejamento e monitoramento de tarefa.

42
Figura 2: Formato e sequência de organização dos livros. Foto retirada do site da
Universidade Presbiteriana Mackenzie da Biblioteca George Alexander.

Na prova BP, a localização correta dos periódicos deve ser feita levando
em consideração a ordem alfabética, com os periódicos apresentados da
esquerda para a direita. Além disso, os periódicos com o mesmo nome estão
organizados em função do número do volume apresentados em ordem
numérica crescente. Assim como na prova BL, existem condições de “Dica
válida” e “Dica inválida”. Dessa forma, os 3 primeiros periódicos são
localizados a partir da ordem alfabética e numérica dos volumes. O 4º e último
periódico solicitado não se encontra na estante, pois esse não existe na
biblioteca. Dessa forma, em termos cognitivos, a realização dessas atividades
demanda: organização espacial, administração de tempo, atenção, memória
de trabalho e memória espacial. Além disso, a condição “Dica inválida”
demanda habilidades relacionadas com inibição, flexibilidade cognitiva,
organização/planejamento e monitoramento de tarefa.
A multitarefa proposta possibilita a mensuração das seguintes medidas
relacionadas com o desempenho do participante:
 Escore de acerto: Pontuação em função do número de acertos na
tarefa.
- O escore nesse item varia de 0 a 7. O critério de pontuação na
prova BL e BP foi de 0 a 1, sendo 0 para erro total (trazer um
item não requerido), 0,5 para erro parcial (edição ou ano) e 1
para acerto.

43
 Escore de omissão: Pontuação em função das omissões cometidas
durante a tarefa
- O escore nesse item varia de 0 a 1, sendo 0 para as situações
em que não ocorrem omissões e 1 para cada de omissão
cometida (não localizar um livro)
 Escore por cumprimento das regras: Pontuação em função do número
de regras seguidas.
- O escore nesse item varia de 0 a 9. O critério de pontuação nas
regras foi de 0 a 1 para cada cumprimento de regra, sendo que
a pontuação da regra 9 possui itens adicionais a serem
respondidos e pontuados, caso o participante cumpra a regra,
estes são contabilizados como pontuações extras.
- Para a regra 9, que verificava o critério de verificação de
memória prospectiva (RENISON, et al., 2012), contém dois
escore: escore de item que varia de 0 a 3 pontos para cada
resposta certa; escore de tempo para medida da resposta.
 Escore de flexibilidade cognitiva (Flex): Pontuação em função da última
tarefa do bloco de periódico (BP), onde não há o último número, que é
dividida em três formas:
- O escore nesse item varia de 0 a 1. O critério de pontuação é
baseado se o participante não trouxer nenhum item, já que o
periódico solicitado não se encontra na estante.
- Padrão persistência: os participantes foram classificados em
grupos conforme o padrão de busca por persistência na tarefa
de busca e pela forma da conclusão da tarefa, sendo: 0) não
achou o periódico na prateleira e não persistiu na procura; 1) não
achou o periódico na prateleira e persistiu; 2) achou o periódico,
não encontrou o exemplar solicitado, persistiu e trouxe 1 outra
edição; 3) achou o periódico, não encontrou o exemplar
solicitado, persistiu e trouxe 2 outras edições; 4) achou o
periódico, não encontrou o exemplar solicitado, persistiu e não
trouxe nenhum exemplar (ação esperada pela tarefa).

44
- Escore de números de conferências: critério de pontuação
baseado no número de vezes em que o participasse verificou os
periódicos da revista ANDE existentes e errados, na prateleira,
verificando a não existência do exemplar solicitado.
 Índice de eficiência: Tempo de realização total da tarefa dividido pelo
número de acertos: a capacidade de um indivíduo para agir
eficazmente para obter os resultados desejados (ALDERMAN, et
al.,2002).
 Escore de tempo:
- Tempo total de realização da tarefa: critério baseado após o
termino da leitura de instruções até a conclusão total das tarefas.
- Tempo total de leitura de instruções: critério baseado na leitura
de instruções de regras; tempo de leitura e verificação das
instruções e tempo de leitura e busca das instruções.
- Tempo de leitura e verificação das instruções (i., leitura e
verificação das 9 regras, bem como leitura e verificação do nome
do livro e do periódico);
- Tempo de leitura e busca das instruções (i., busca do nome do
livro e do periódico);
- Tempo de busca da informação na estante: tempo total que o
participante demorou buscando visualmente as tarefas de livros
e periódicos na estante.
- Tempo de conferência: tempo que o participante passava
olhando para o material solicitado pela tarefa.
- Tempo pegando um material retirado da estante;
- Tempo de deslocamento: critério baseado no deslocamento que
o participante fazia entre uma fileira ou seção.
Os escores de tempo foram obtidos a partir da análise dos registros dos
vídeos obtidos com equipamento SMI Eye Tracking Glasses e analisados
através do programa The Behavioral and Gaze Analysis (SMI BeGaze)
com a delineação das áreas de interesse (AOI).
 Padrão de Busca Visual. Este padrão é analisado a partir da duração e
localização das fixações em função das áreas de interesse indicadas.

45
Em questão dos movimentos oculares, foram considerados os objetos
de interesse (AOI), com um valor mínimo de fixação de 150 ms
(RAYNER et al, 2009).
 Duração de completar cada tarefa: estimada através do tempo de
busca entre uma tarefa e outra até colocar o livro na cadeira/banco mais
próximo, conforme a sequência que o participante ia pegando os itens
(i., L1-L2, P2-P1).

4.2.2.Testes Neuropsicológicos
Blocos de Corsi
O Teste Blocos de Corsi (Figura 3) é composto de uma base de madeira
com 9 cubos numerados que ficam virados para o avaliador. O teste é
composto de duas partes, na primeira parte, ela ocorre em ordem direta, na
qual o avaliador toca em uma sequência de blocos pré-determinada e o
indivíduo deve realizar os mesmos movimentos, avaliando a memória
visuoespacial. Já na segunda parte, em ordem inversa, o avaliador deve tocar
alguns blocos e na sequência o sujeito deve realizar os movimentos iniciando
do último bloco até o primeiro, avaliando o executivo central, a capacidade de
armazenar e repetir informações e o controle atencional (MILNER, 1971;
SANTOS et al., 2005).

Figura 3: Blocos de Corsi.

Teste D2 – Atenção Concentrada


O teste D2 é destinado para indivíduos entre 9 a 52 anos de idade,
podendo ser aplicado de forma individual e coletiva. O instrumento consiste
em riscar todas as letras “d” acompanhadas de dois traços, que podem estar
em cima, embaixo ou ambas as partes, misturados a outros semelhantes
distribuídos igualmente em linhas, conforme mostra a figura abaixo (Figura 4).
Inicialmente realiza-se um treino, onde o examinador explica quais os sinais

46
que deveriam ter sido marcados para que os próprios avaliados possam
corrigir seu treino. Após o treino, o avaliado tem 20 segundos para realizar
cada linha durante 14 linhas.

Figura 4: Ilustração de exemplo de folha de resposta do Teste D2 - Atenção Concentrada.

O teste avalia atenção concentrada visual e a capacidade de alternar,


inibir e selecionar estímulos distratores, sendo possível avaliar dois tipos de
erros, omissões e marcações incorretas por trocas. O resultado é constituído
por intermédio dos estímulos examinados nas 14 linhas, chamado de resultado
bruto (RB), através deste resultado, calcula-se a porcentagem de erros (E%),
que é diferença do RB e o resultado líquido (RL) menos o total de erros.
Também se avaliam o Desempenho de Concentração (DC) e a Objetos Alvos
Processados (AOP), sendo esta última a flutuação do desempenho durante a
execução.

Torre de Londres (TOL)


Inicialmente desenvolvida por Shallice e McCarthy (1982) como meio de
diagnóstico das disfunções executivas para entender a capacidade de
planejamento e adaptação. Avalia a habilidade de planejamento e raciocínio
lógico. É composta por uma base de madeira com três pinos verticais e três
bolas coloridas do mesmo tamanho, com um furo no centro para o encaixe nos
pinos (Figura 5).
O indivíduo deve mover as bolas a fim de reproduzir, em um número
determinado de movimentos, a posição de uma figura-alvo apresentada, sendo
doze no total em nível crescente de dificuldade.
São permitidas três tentativas para cada nível, sendo a resposta
considerada correta apenas quando a solução é alcançada no número correto
de movimentos permitidos. Os pontos variam de 0 a 3, dependendo das
tentativas realizadas, sendo a soma dos escores de todos os itens, podendo
chegar a 36 pontos o total (KRIKORIAN; BARTOK; GAY, 1994).

Figura 5: Posição Inicial da Torre de Londres.


47
Teste de Matrizes de Viena (WMT-2)
O Teste Matrizes de Viena é destinado para indivíduos de 14 a 69 de
idade, podendo ser aplicado de forma individual e coletiva. O instrumento é
composto por 18 problemas de raciocínio matricial (Figura 6), cada um com
oito opções de resposta, sendo apenas uma resposta correta. O tempo de
resposta é livre, e a soma de pontos final informa seu nível intelectual global.

Figura 6: Ilustração de exemplo do Teste Matrizes de Viena (WMT-2).

O teste avalia inteligência, capacidade de identificar a alternativa que


mais lhe aparece adequada, raciocínio hipotético indutivo e capacidade
reprodutiva. Sua construção se deu por meio do modelo psicométrico de
acordo com Teoria de Resposta ao Item (SCHLOTTFELDT et al., 2012).

Teste de Trilhas Coloridas: Parte A e B


Consiste em avaliar a flexibilidade cognitiva, atenção dividida e controle
inibitório, por meio de números e letras. O teste é composto por duas partes,
sendo que na primeira parte é apresentado apenas um tipo de estímulo, letras,
e, na segunda parte, há dois tipos de estímulos que devem ser assinalados
pelos sujeitos em ordem alternada (Figura 8).
A segunda parte da tarefa consiste em ligar estímulos alternados de
números e letras entre as ordens numéricas e alfabéticas (Figura 7), em que
os números começam no 1 chegando até o 13 e as letras começam na letra A

48
e vão até K, sendo o participante orientado a realizar a atividade “o mais rápido
que puder”.
Durante a atividade é computado o tempo de duração para a realização
da tarefa e o número de erros totais conforme as ligações e conexões corretas
entre os itens e dois tipos de escores. O primeiro escore corresponde a
diferença do tempo da primeira parte do teste (Parte A) em relação a segunda
parte do teste (Parte B), ou seja, B-A. O segundo escore corresponde a razão
entre a primeira e a segunda parte do teste, assim sendo, B/A. O segundo tipo
de escore, a razão, é considerado como o escore responsável por medir a
flexibilidade cognitiva do indivíduo. (D’ELIA et al., 2010, CAMPANHOLO et al.,
2014).

1 2

A
B A

C 3 B

Figura 8: Figura de exemplo da Parte A. Figura 7: Figura de exemplo da Parte B.

Teste dos Cinco Dígitos (FDT)


O instrumento é destinado a indivíduos entre 6 a 92 anos de idade,
aplicado de forma individual, com duração média de 10 minutos. O instrumento
é composto por quatro etapas, Leitura, Contagem, Escolha e Alternância
(Figura 9).

Figura 9: Exemplo das Etapas 1, 2, 3 e 4, respectivamente, do Teste FDT (CAMPOS et al,


2016).

A fase de leitura apresenta dígitos de 1 a 5 e o participante deve


reconhecer e nomear os números exatamente como correspondem. A fase de

49
Contagem apresenta de um a cinco asteriscos e o participante deve contar o
número de asteriscos existentes. Na fase de Escolha o participante deve inibir
a leitura dos números apresentados e dizer quantos números existem em cada
estímulo, que são apresentados de forma incongruente. Por fim, a alternância,
apresenta ambos os processos, tanto o de Escolha, como o de Leitura nos
estímulos com a borda mais grossa.
O teste avalia diferentes processos cognitivos, nas duas primeiras é
responsável por medir processos simples e automáticos, assim como
velocidade de processamento, as duas últimas são responsáveis por medir
processos complexos que requerem controle mental ativo e flexibilidade
cognitiva. Durante o processo de realização do teste, o sujeito também precisa
sustentar, focar e reorientar a atenção, assim como lidar com as interferências
(controle inibitório).

Teste Wisconsin de Classificação de Cartas (WCST)


O Teste Wisconsin de Classificação de Cartas apresenta 128 cartas
contendo diferentes estímulos (critérios de categorização), como formas, cores
e números. O indivíduo é apresentado às cartas (uma de cada vez), e deve
agrupa-las entre quatro cartas-alvo, escolhendo um dos critérios, que deve
descobrir ao longo do jogo. O critério muda após 10 acertos consecutivos,
sendo estes sinalizados pelo avaliador.
O Wisconsin avalia raciocínio abstrato, o uso de estratégias cognitivas
perante um ambiente alterável, assim como memória operacional e as funções
executivas, tais como a flexibilidade cognitiva, o planejamento estratégico,
atenção e a categorização. Gnys e Willis (1991, Apud HEATON et al, 2004)
explicam que o teste Wisconsin ao direcionar o comportamento do sujeito no
decorrer do feedback ambiental muda contextos cognitivos, proporcionando
avaliar planejamento, exploração e responsividade impulsiva. Processos
cognitivos importantes para alcançar um objetivo, também para entendimento
das funções executivas.
A versão utilizada para este estudo foi a adaptada e padronizada para
uso no Brasil pela Dra Jurema Alcides Cunha (HEATON et al., 2004).

50
Figura 10: Ilustração de exemplo do Teste Wisconsin de Classificação de Cartas
retirado do manual (HEATON, et al, 2004).

O WCST tem 16 escalas de avaliação, contudo as melhores medidas


para avaliação de função executiva são as escalas: erros não perseverativos,
categorias completas e o percentil de respostas de nível conceitual.

4.2.3.Escalas de Rastreio
Inventário de Funções Executivas para Adultos (BRIEF-A) (ANEXO B)
"Behavior Rating Inventory of Executive Function - Adult Version
(BRIEF-A)" foi desenvolvida por Roth, Isquith e Gioia (2005) com a finalidade
devo de avaliar as FE em adultos de 18 a 90 anos. O inventário é composto
de 75 itens do tipo likert com três critérios de marcação: "Nunca", "Às vezes";
"Frequentemente". Dentre os quais avaliam nove escalas clínicas que medem
diferentes aspectos do funcionamento executivo, como: inibição (IC),
flexibilidade (FC), controle inibitório (CI), controle emocional/autocontrole (AC),
Iniciativa (volição) (I), monitoramento de tarefas (MOT), memória de trabalho
(MT), planejamento/organização (OP) e organização de materiais (OM). Além
das três escalas de validação de conteúdo Negatividade (NEG), Infrequência
(F) e Inconsistência (INC).
O inventário também contém dois índices de avaliação: Regulação de
comportamento (IRC) e Metacognição (MI). O IRC é composto pela somatória
dos escores das seguintes subescalas: inibição, flexibilidade, controle inibitório
e controle emocional/autocontrole. Já o MI é formado pela somatória das
subescalas: iniciativa, monitoramento de tarefas, memória de trabalho,
planejamento/organização e organização de materiais. Dessa forma, o escore

51
total da BRIEF-A é o Índice Global Compositivo de Execução (GCE) a partir da
somatória das pontuações brutas de IRC e MI.
As questões correspondentes aos itens do inventário foram criadas a
partir do modelo de Holmes-Bernstein e Waber (1990, Apud, ROTH, ISQUITH;
GIOIA, 2005) e outros autores, como Baddeley (2003, Apud, ROTH, ISQUITH;
GIOIA, 2005) no qual a função executiva é vista como constituindo a maioria
dos processos cognitivos de seleção, inibição, execução, monitoramento da
cognição, emoção e comportamento. Os autores tiveram como objetivo,
desenvolver uma escala que fosse sensível as fraquezas e forças sobre as
próprias funções executivas dos adultos de maneira a valida-la
ecologicamente, ou seja, o quanto o instrumento está sensível para questões
do dia a dia. Dessa forma, a escala é aplicada em duas etapas, como "self-
report", medida de auto relato, e, como complemento, "informant-report",
medida para a rede de apoio do sujeito avaliado (ROTH, ISQUITH; GIOIA,
2005). No presente estudo será usada apenas a escala respondida pelo
próprio participante.
Considerando que BRIEF-A foi criada em inglês, e que não existia uma
versão em Português, para o presente estudo foi realizada a tradução e
adaptação do instrumento no Brasil. Esse processo foi realizado em 3 etapas:
1. Realização de duas traduções independentes do instrumento para o
idioma português, sendo uma feita por um tradutor profissional e a
outra delas por um neuropsicólogo;
2. Conferência da adequação dos termos em português, a partir da
comparação com a versão original realizada por um neuropsicólogo
com conhecimento profundo na língua inglesa;
3. Verificação da equivalência semântica entre as versões do
inventário, pensando nos termos e expressões de cada um dos itens
e enunciados tendo como base o princípio de clareza de linguagem,
pertinência prática, relevância teórica e dimensão cultural.
Todas as análises foram realizadas a partir dos escores brutos dos
questionários. Como citado anteriormente, cada questão do questionário é
respondida como "nunca" (escore 0), "algumas vezes" (escore 1) e
"constantemente" (escore 2). Para critério de pontuação, os escores brutos
mais altos indicam disfunções executivas, ou seja, serem clinicamente
52
significativos. Em relação ao Índice Global Compositivo de Execução, um
percentil igual ou abaixo de 65% é critério de normalidade.

Inventário de Funcionamento Executivo e Regulação Adulto (IFERI-II)


Esse instrumento tem como finalidade avaliar o funcionamento
executivo por meio de uma medida funcional. O IFERI é constituído por 28
itens divididos em cinco subescalas: Memória de Trabalho - MT (5 itens),
Controle Inibitório - CI (6 itens), Flexibilidade - FL (5 itens), Aversão à demora
- AD (5 itens) e Regulação - RG (7 itens). Cada um dos 28 itens pode ser
avaliado como: "definitivamente não é verdadeiro", "não é verdadeiro", "é
parcialmente verdadeiro", "é verdadeiro" e "definitivamente é verdadeiro", os
quais recebem pontuação específica de 1 a 5, respectivamente. Este
instrumento encontra-se em processo de validação pelas autoras (DIAS, et al.,
ca. 2018; TREVISAN et al., 2016).

Questionário Disexecutivo (DEX)


O Questionário é composto por 20 itens que descrevem
comportamentos associados à Síndrome Disexecutiva. Escala de frequência
do tipo Likert, com pontuação de zero a quatro (nunca, ocasionalmente, às
vezes, frequentemente, sempre), totalizando no máximo 80 pontos. Há duas
versões, uma ao respondente e uma para familiar/cuidador que possa avaliar
o respondente. O questionário é parte integrante da Behavioural Assessment
Dysexecutive Syndrome (WILSON et al, 1996) Versão adaptada da tradução
e adaptação por Macuglia e colaboradores (2016) da BADS.

Inventário Beck de Ansiedade (BAI) (Anexo B)


Se trata de uma escala do tipo likert, que contém 21 questões as quais
avaliam o nível de ansiedade do sujeito. O resultado máximo de ansiedade é
63 e as categorias são: 0-7 grau mínimo de ansiedade; 8-15 ansiedade leve;
16-25 ansiedade moderada; 26-63 ansiedade severa (GORENSTEIN;
ANDRADE, 1998).
A ansiedade foi utilizada como critério devido ao fato de que toda
atividade necessita de um direcionamento e seletividade, sendo a função
responsável por esta seleção, a atenção (MERCADO et al, 2006). Sendo

53
assim, o processo atencional pode variar, em diferentes condições (SILVA,
2014). O alto nível de ansiedade pode interferir no desempenho de diversas
funções cognitivas, sendo uma delas, a atenção (GORENSTEIN; ANDRADE,
1998). Mostrando assim, a importância do estabelecimento deste questionário
para a realização desta tarefa, assim como a análise de correlação, para
verificar a interferência no desempenho de seus participantes.

Escala de Lateralidade de Edinburgh (Anexo C)


Escala do tipo likert de três pontos, contendo 10 itens, os quais avaliam
o predomínio do uso da mão direita e esquerda para resolução de cada uma
das tarefas apresentadas nos itens. A Versão utilizada foi a adaptada para o
Brasil da Edinburgh Inventory (OLDFIELD, 1971).

Adult Dyslexic Checklist (ADC) (Anexo D)


Questionário contendo 20 itens relacionados a dislexia em que o
indivíduo deve assinalar entre “Sim” ou “Não”. A pontuação do instrumento se
dá entre 0 a 1, sendo 1 quando conferido um valor afirmativo a pergunta. Sendo
a soma total do escore a soma dos itens. Esta escala é utilizada a fim de
identificar possíveis sinais de dislexia na população adulta entre 18 a 68 anos.
Segundo o estudo de validade deste instrumento, indivíduos que
assinalam mais de nove respostas afirmativas constituem um forte indicador
de dificuldade (VINEGRAD, 1994). Versão brasileira adaptada (DIAS, 2007).
Este questionário foi utilizado para discriminar possíveis dificuldades de
leitura, dando indícios de bons ou maus leitores, que podiam interferir na
realização da pesquisa, como na compreensão das instruções ou na busca
das tarefas.

Escala de Afeto Positivo e Negativo (PANAS) (Anexo E)


Escala do tipo likert de cinco pontos, contendo 20 itens, dos quais
buscam avaliar o nível de afeto positivo e negativo. No presente projeto, esta
escala foi utilizada como medida de variabilidade de afeto pré e pós a condição
experimental em ambos os dias de testagem, avaliado o nível de afeto no
momento da avaliação, tempo "hoje" (EAPN; SIQUEIRA; MARTINS; MOURA,
1999), versão brasileira da PANAS (WATSON; CLARK; TELLEGEN, 1988).
54
Questionário Tarefa BL/BP (Anexo F)
Se trata de um questionário semiestruturado do tipo likert que contém 5
itens, os quais o sujeito relata frequência, média de horas e motivação
(acadêmica, pessoal ou de estudo) em relação ao uso da biblioteca, além de
conter uma questão pós-tarefa de memória de evocação de quantos itens o
sujeito lembrava o nome de ter pego durante a tarefa.
O questionário semiestruturado foi desenvolvido pela autora para
verificação do conhecimento da biblioteca pelos participantes e se a
frequência, média de horas em que frequentavam a mesma, motivação de ida
influenciava o resultado o padrão de busca.
A questão de memória de trabalho foi criada para verificar se havia
alguma correlação com a recordação com possíveis números de conferência
com instruções de busca e outras atividades dos instrumentos
neuropsicológicos.

Questionário de Dados Sociodemográficos (QSD)


Questionário semiestruturado para investigação de presença/ausência
de sintomas sugestivos de doenças físicas, uso atual ou passado de
medicação psicoativa, psicoterapia, doença médica atual com comorbidades
psiquiátrica, uso de álcool ou drogas.
Este questionário também foi utilizado para obter as seguintes variáveis:
idade, gênero, estado civil, situação profissional, tipo de profissão e anos de
educação formal.

4.2.4. Instrumentos computadorizados


SMI Eye Tracking Glasses
O SMI Eye Tracking Glasses (Figura 11) é uns óculos equipado com
uma câmera HD (resolução 1280/960), com ajustes automáticos para luz, de
aproximadamente 75g, que permite gravar em ambientes externos e internos
os movimentos oculares durante a realização de atividades a fim de fornecer
a percepção periférica e a busca ocular. Este instrumento permite avaliar a
orientação visual e as estratégias de busca, assim como o foco atencional.

55
Os óculos vêm acoplado de um celular que permite, por meio do
wireless, observar em tempo real os comportamentos emitidos pelo sujeito
durante a realização da tarefa, assim como registrar os dados da busca e o
rastreamento ocular.

Figura 11: SMI Eye Tracking Glasses e Celular Portátil.

SMI EyeGaze RED500

O SMI EyeGaze RED500 é um sistema de eyetracker, não-invasivo,


remoto integrado a um monitor que permite analisar o padrão das fixações na
tela do computador, através da pupila, assim como os movimentos oculares do
indivíduo através da gravação do estímulo na tela da qual se analisa as áreas
de interesse definidas pelo usuário.
Através de uma câmera para gravação de áudio e vídeo, o sujeito fica
sentado a uma distância de 60 a 80 cm, sendo que a câmera de infravermelho
do equipamento permite um movimento de cabeça de rotação nos ângulos de
cerca de 40 graus na horizontal a cerca de 60 graus na vertical.
O SMI EyeGaze RED500 utiliza os softwares SMI BEGaze e no SMI
Experiment Center. O primeiro foi usado para analisar os dados obtidos e
extrações dos mesmos, já o segundo foi utilizado para rodar os testes
neuropsicológicos computadorizados, como o WMT-2, FDT e D2, numa
sequência de telas programadas como mostra o exemplo a seguir (Figura 12).

56
+

WMT-2
2 seg estímulo

WMT-2
2 seg estímulo

Figura 12: Tela de apresentação SMI EyeGaze RED500 testes neuropsicológicos


computadorizados.

4.3. Procedimento
O projeto foi aprovado pelo comitê de ética do Hospital Samaritano
(CAEE: 63883016.0.0000.5487) os participantes que se enquadraram nos
critérios da pesquisa foram convidados a participarem dos dois encontros
conforme consta o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE) (Anexo
G).
O primeiro encontro teve duração de 90 minutos, no Laboratório de
Neurociência Cognitiva e Social, e foi aplicado os instrumentos
neuropsicológicos com uso do SMI EyeGaze RED500. Os testes foram
corrigidos e os dados de movimentos oculares foram analisados em função do
padrão e duração das fixações nas pranchas de cada um dos testes versão
computadorizada. Dessa forma, foram coletados o padrão de exploração visual
durante a realização dos seguintes testes: WMT-2, D2, FDT (versão adaptada
para o Eye Tracking), contudo não foram analisados para o presente estudo.
Também foram aplicadas as escalas de rastreio: ADC, BAI, BRIEF-A e IFERI-
II, assim como os testes neuropsicológicos: Corsi, Teste Trilhas Coloridas –
Parte A e B, Teste de Londres e WCST.
O segundo encontro teve duração média de 30 minutos, sendo este
tempo para realização da tarefa BP e BL no local da biblioteca. A BP e a BL
ocorreram nas dependências da Universidade Presbiteriana Mackenzie, na
Biblioteca Central, no terceiro andar, a fim de controlar o número de distratores

57
e indivíduos no local durante a realização da coleta. Após a finalização da
tarefa, foi aplicado o questionário BL/BP de auto avaliação (Anexo A) que
continha perguntas indicativas de frequência da biblioteca, tempo de
permanência, motivo de frequência e uma pergunta de memória evocada, em
que o sujeito era questionado sobre quantos nomes lembrava dos
livros/periódicos que pegou durante a tarefa.
A Escala Panas foi aplicada nos dois de aplicação, antes da realização
da tarefa.

4.4 Análises dos resultados


Para análise quantitativa dos resultados foi utilizado o programa SPSS®
20. For Windows (SPSS Inc.). O nível de significância adotado foi de 5% para
todos os testes. Além disso, foi feita comparações em função da idade e de
gênero.
Inicialmente, os dados dos participantes foram analisados no intuito de
se estudar a distribuição dos dados. Tendo uma distribuição normal dos dados,
médias e desvios padrões foram reportados. Foi usado correlação de Pearson
entre os resultados dos testes tradicionais, com as medidas comportamentais
e de movimentos oculares do ambiente real. Além disso, realizou-se análises
de Regressão Linear para verificar o valor preditivo dos testes
neuropsicológicos para o desempenho em ambiente real.
Após o teste de homogeneidade das variâncias, alguns itens não
obtiveram uma distribuição normal, então medianas e faixas de percentil (25%
e 75%) foram reportados. Adicionalmente, foram utilizadas correlações de
Spearman para análise quando necessário.
Também foi feita uma caracterização da amostra a fim de analisar as
respostas dos questionários tarefa BL/BP por meio das respostas quantitativas
e das emoções do PANAS, a fim de possibilitar a identificação de variáveis
específicas, como conhecimento prévio da biblioteca; motivação, frequência
de uso e humor; possibilitando completar um conjunto dos fatos na natureza
dinâmica da realidade.

58
5. Resultados e Discussões
A fim de facilitar o entendimento do leitor, os resultados serão divididos
e discutidos em partes. Na primeira parte serão apresentadas a caracterização
da amostra e suas estatísticas descritivas (5.1). Na segunda parte (5.2) são
apresentados padrões de busca visual e as estatísticas descritivas da
multitarefa, bem como as correlações entre as medidas dos escores que
compõem o teste. Na terceira parte (5.3) são apresentadas as relações da
multitarefa BL/BP com testes neuropsicológicos, assim como suas estatísticas
descritivas e os resultados da comparação entre as suas relações. Na quarta
parte (5.4) são apresentadas as correlações dos testes neuropsicológicos com
as escalas de rastreio e suas estatísticas descritivas bem como os seus
resultados. Na quinta e última parte (5.5) são descritas as relações da
multitarefa BL/BP com as escalas de rastreio. Na sexta e última parte (5.6) são
apresentadas as análises de regressão linear para a multitarefa BL/BP.

5.1 Caracterização da Amostra

A amostra foi composta inicialmente de 73 sujeitos, após a exclusão dos


25 sujeitos que preenchiam os critérios de exclusão, realizou-se uma análise
exploratória dos dados a fim de verificar a homogeneidade dos dados e a
distribuição dos dados que caracterizavam a amostra. Desta forma a amostra
foi composta de 48 sujeitos, com idade média de 22,25 anos (dp=3,336). A
amostra foi formada por 32 mulheres (66,7%) com idade média de 22,6
(dp=3,442) e 16 homens (33,3) com idade média 21,4 (dp=3,054). A idade
mínima foi de 18 anos e a máxima de 31 anos, sendo a maior concentração
de participantes entre jovens nas idades de 19 a 22 anos, a maior frequência
entre os 21 anos.
Para alguns autores como Baudouin e colaboradores (2017) os fatores
idade, desempenho e cognição estão relacionados com a capacidade do
tempo de execução de uma tarefa, ou seja, quanto maior a idade, maior o
declínio executivo e a desaceleração cognitiva dependendo da natureza da
tarefa, como para velocidade de processamento, memória de trabalho e

59
processamento, sendo estas mais evidente em tarefas afetadas pelo tempo de
execução. Baudouin e colaboradores (2017) também ressaltam que as
habilidades se mantém melhor preservadas no início do envelhecimento e no
“Young old-adults”, ou seja, jovens adultos, pois estes são capazes de
compensar as mudanças relacionadas a idade no processamento de
informações temporais permitindo a melhor adequação da representação do
ambiente.
No entanto, existem autores que defendem que algumas habilidades
das funções executivas se alteram conforme o passar dos anos e atingem o
seu ápice na idade adulta, como Huizinga e colaboradores (2006). De acordo
com esse estudo, os componentes de flexibilidade e a inibição tem o seu ápice
na adolescência enquanto que a memória de trabalho continua a ter o seu
processo de maturação na idade adulta. Dessa forma, a idade média dos
participantes do estudo sugere que as habilidades analisadas já estão
desenvolvidas para realizar as tarefas de maneira a não comprometer a
natureza da tarefa. Isso é relevante, ainda que Baudouin considere que quanto
maior a idade, maior o declínio executivo, pois a amostra encontra-se na faixa
etária de ápice de desenvolvimento de funcionamento, sendo considerados
jovens adultos.
Em relação à formação dos participantes, a amostra foi constituída por
majoritariamente pelos cursos de direito e psicologia, sendo 50% do curso de
direito e 27% do curso de psicologia. Os demais cursos (administração,
arquitetura, economia, farmácia, fisioterapia, jornalismo e neurociência)
representam 23%, sendo 8% do curso de engenharia. Segundo análises
estatísticas de regressão, estudos encontraram variáveis preditoras do
desempenho acadêmico em tarefas de inteligência para as ciências naturais e
ciências sociais, enquanto em tarefas que envolviam mais criatividade havia
relações maiores na área de ciência humanas (FREUND; HOLLING;
PRECKEL, 2007). Dessa forma, como 50% da amostra foi composta por
pessoas do curso de ciências humanas, podemos considerar à natureza e a
familiaridade da tarefa podem influenciar no desempenho dos testes.
A fim de caracterizar os participantes em função dos níveis de
ansiedade, padrão de leitura e humor, são apresentadas as estatísticas
descritivas das respostas aos questionários ADC e a escala PANAS. A Tabela
60
1 sumaria as estatísticas descritivas para o Inventário Beck de Ansiedade
(BAI), ADC e ao PANAS positivo e negativo aos dois dias de aplicação.
Tabela 1: Estatísticas Descritivas das respostas aos questionários ADC e das médias
dos PANAS I e II.

N Mínimo Máximo Média Desvio Intervalo de


Padrão Confiança 95%

Mín Máx

BAI 48 0 13 5,73 3,740 4,64 6,82


ADC 48 0 8 4,04 2,103 3,43 4,65
PANAS_I_POS 48 10 38 22,79 6,748 20,83 24,75
PANAS_II_POS 48 10 42 25,23 6,895 23,23 27,23
PANAS_I_NEG 48 10 26 12,38 3,774 11,28 13,47
PANAS_II_NEG 48 10 20 12,65 2,825 11,83 13,47

O inventário BAI vai de 0 a 63 pontos, a amostra selecionada teve


pontuação mínima de 0 com máxima de 13 pontos. Segundo Gorenstein e
Andrade (1998) uma pontuação na escala entre 0 a 7 pontos é considerada
uma ansiedade mínima, enquanto que uma pontuação de 8 a 15 pontos é
considerada ansiedade leve. Na Tabela 1 observa-se que a maior parte dos
participantes pontuou 3 pontos no inventário, assim, podemos inferir que
poucas pessoas apresentam ansiedade leve, tendo apresentado a pontuação
de 13 pontos. Segundo Gorenstein e Andrade (1998) um alto nível de
ansiedade pode interferir no desempenho das funções cognitivas devido a
necessidade de direcionamento e na seleção do processo atencional, assim,
ao garantir um nível de ansiedade de baixo a leve, garante-se uma
homogeneidade no desempenho das tarefas.
Em relação as estatísticas descritivas da escala Adult Dyslexic Checklist
(ADC), todos os sujeitos realizaram a escala no primeiro dia do teste. Na tabela
1 pode-ses observar o desempenho dos participantes na ADC, após a
exclusão dos participantes que se incluíam nos critérios de exclusão, este foi
utilizado para a caracterização da amostra. A amostra variou de 0 a 8 pontos,
com média de 4,04 (dp =2,103).
No estudo de Vinegrad (1994), revelou-se que dos 20 itens assinalados,
60% dos participantes assinalam cerca de 4 respostas afirmativas, 90% dos
participantes assinalam até 8 respostas afirmativas, sendo considerado um

61
forte indicativo de dificuldade aqueles que assinalam mais de nove respostas.
A partir deste estudo, podemos caracterizar a amostra desta pesquisa como
dentro de um perfil de distribuição de normalidade, sem indicativos de
transtornos de aprendizagem, o que garante que a leitura das instruções, a
compreensão e o processamento das informações não foi comprometido.
Na Tabela 2 são apresentadas as comparações antes e depois da
realização da multitarefa avaliada pela escala PANAS. O objetivo foi comparar
o resultado dos aspectos positivo e negativo, respectivamente, do primeiro dia
com os resultados do segundo dia. A Análise mostra que o aspecto de humor
positivo apresentou uma média na pontuação diferenciada do segundo dia,
como mostra a Tabela 1. Estes resultados garantem que os indivíduos se
encontravam com humor estável a fim de não interferir na realização da prova,
visto que sujeitos que tendem apresentar maior complexidade cognitiva
durante tarefas de funções executivas demonstram maiores interferências de
níveis de aspectos emocionais elevados conforme as experiências
(BECHARA; DAMASIO; DAMASIO, 2000).
Tabela 2: Estatística descritiva da ANOVA das medidas de afeto dos dois de coleta.

p Sig t df Sig (2-


tailed)
Par 1 PANAS_I_POS - ,549 0,001 -2,606 47 ,012
PANAS_II_POS
Par 2 PANAS_I_NEG - ,226 0,112 -,450 47 ,655
PANAS_II_NEG

A seguir são apresentadas as estatísticas descritivas da escala de


Lateralidade Edinburgh, todos os sujeitos realizaram a escala no primeiro dia
do teste. A Tabela 3 apresenta as estatísticas descritivas da escala em relação
a pontuação de 0 a 100, sendo que abaixo de -40 atribuía-se a denominação
de canhoto, entre -40 a +40 a denominação de ambidestro e acima de +40 de
destro como ilustrado na Figura 13 abaixo.

-100 Canhoto -40 Ambidestro +40 Destro +100


0
Figura 13: Ilustração acerca da escala de Lateridade Edinburgh.

62
A amostra foi composta por uma média de 69, dp=50,18, com
pontuação mínima de -100 e máxima de 100. Em relação a preferência de
lateralidade, podemos perceber que 79,2% da amostra foi composta por
pessoas destras, 12,6% por pessoas canhotas e 8,3% ambidestra como
mostra a Tabela 3 abaixo.
Tabela 3: Estatística descritiva da escala de Lateralidade Edinburgh.

Intervalo de
Confiança a 95%
N Percentil Média Desvio Mínimo Máximo
Padrão
EDINBURGH 1 38 79,2,% 77,01 2,751 71,43 82,58
2 4 8,3% -77,50 11,08 -112,78 -42,21
3 6 12,6% 18,39 18 -27,87 64,66

5.2 Análise do Padrão de Busca Visual em Tarefa do Ambiente Real


5.2.1.Desempenho comportamental na multitarefa
A fim de compreender o desempenho dos participantes na multitarefa,
inicialmente é descrito esse padrão em função de: número de acertos, erros,
omissões, índice de eficiência, pontuação por regras e memória de evocação.
A Tabela 4 sumaria o desempenho dos participantes na tarefa comportamental
e apresenta as estatísticas descritivas em função dos acertos, tanto do bloco
buscar livros (BL), como buscar periódicos (BP). Pode se observar um número
maior de omissões do que erros e uma discrepância máxima e mínima de
eficiência em relação aos valores obtidos de eficiência, tendo o valor máximo
se distanciado muito da média e do desvio padrão. Isso se deve ao fato de que
apenas 4 participantes realizaram mais tempo do que os 30 minutos médio da
tarefa.

63
Tabela 4: Estatísticas descritivas dos escores da Multitarefa BL/BP.

Escores N Mínimo Máximo Média Desvio


Padrão
Acertos 48 3 7 6,48 ,772
Erros 48 0 2 ,31 ,552
Omissões 48 0 4 ,25 ,700
Eficiência* 48 107,57 970,00 237,3805 133,46208
Pontuação Regras 48 6 9 7,67 ,907
Memória Evocada 49 0 7 1,84 2,105
*Duração do tempo total/acertos.
Na Tabela 5 são apresentados os valores da tarefa de flexibilidade
cognitiva (FLEX), a seguir, os dados descritos apresentam a média e o desvio
padrão do escore de acerto, do escore de número de conferências que os
participantes realizaram a fim de verificar que o periódico de fato não se
encontrava no lugar. A partir das análises descritivas podemos verificar que a
maior parte da amostra realizou um número médio de conferência entre 5 a 9
vezes.
Tabela 5: Estatísticas descritivas da Tarefa de flexibilidade cognitiva da Multitarefa
BL/BP.

N Mínimo Máximo Média Desvio


Padrão
Acertos Flex 48 0 1 ,44 ,501
Números de Conferências 47 0 15 4,57 3,598
Flex

Na Tabela 6 está descrito a frequência dos participantes que foram


separados em grupos pelo perfil de comportamento em relação a persistência
da busca da tarefa flex, ou seja, baseada em como o avaliado conduzia a
busca. Ao analisarmos as estatísticas descritivas abaixo, podemos descrever
que o maior perfil de busca foi o de achar o bloco de revistas na estante,
persistir na conferência das revistas e não trazer nenhuma revista (43,8%),
seguido por achar o bloco de revistas na estante, persistir e trazer uma revista
errada (29,2%).

64
Tabela 6: Frequência de participantes por grupo em relação ao tipo de comportamento
no escore de persistência.

Freqüência Percentil
Grupos 0 6 12,5
1 5 10,4
2 2 4,2
3 14 29,2
4 21 43,8
Total 48 100,0

Na Tabela 7 são descritos os desempenhos da tarefa de memória


prospectiva em relação ao tempo de resposta e aos acertos da tarefa. A análise
da Tabela 7 permite dizer que a maioria da amostra respondeu a tarefa em
cerca de 6 a 7 minutos após o início. Quando olhamos o número de
participantes que responderam a tarefa de memória prospectiva percebemos
uma perda de 4 sujeitos, ou seja, nem todos os sujeitos se lembraram de
responder a tarefa. No quesito pontos da tarefa, 47,9% apresentou acerto total
da tarefa e apenas 2 participantes (2,3%) tiveram um acerto.
Tabela 7: Estatísticas descritivas da tarefa de memórias prospectiva da Multitarefa
BL/BP.

N Mínimo Máximo Média Desvio


Padrão
Tempo de resposta 44 120 1800 404,55 298,924
TAM
Acertos TAM 44 1 3 2,50 ,550

Na Tabela 8 são apresentadas as durações mínimas e máximas das


tarefas dos dois blocos, da tarefa TAM, da tarefa flex e da duração total da
tarefa (soma dos dois blocos). A partir da análise descritiva podemos observar
que os participantes levaram maior tempo para realizar as tarefas L2 e L3 do
primeiro bloco e P1 e Flex, tendo a maior oscilação de um participante para o
outro. Estes resultados se devem devido à complexidade das tarefas, na tarefa
L2, o livro encontrava se deitado, diferente dos outros livros, sendo necessário
a rotação mental no padrão de busca e na leitura da informação nome/número
da biblioteca; na tarefa L3 o livro se encontrava numa posição próxima da
esperada, mas abaixo da posição correta, além de uma variação de número

65
pela própria configuração do catálogo da biblioteca, o que envolvia maior
complexidade na hora da busca, envolvendo habilidades de flexibilidade
cognitiva, monitoramento de tarefa, atenção, sequenciamento, iniciação
(volição) e organização e planejamento. O periódico P1 apesar de ter o
estímulo cor envolvido, poucos participantes se guiavam por este estimulo, o
que pode ter interferido num maior tempo de duração da tarefa, pode ser
devido ao fato de que os periódicos se encontravam dentro de blocos de metal
e para o participante enxergar melhor, pelo número da edição ser pequeno,
era necessário a rotação do material do bloco e a manipulação dos periódicos.
Apesar do P2 e P3 também estarem dentro de blocos, o P2 estava deitado e
era mais fácil a sua manipulação, seu número de edição estava mais evidente,
sem a necessidade da manipulação do bloco, assim como o P3, cujo os
periódicos eram maiores.
Quanto a tarefa flex, esta tarefa envolvia a dica inválida, logo o
participante precisava encontrar o bloco de metal, que se encontrava apenas
pela sigla, procurar o periódico e trabalhar com a hipótese de que não havia
periódico nenhum para entregar. Essa tarefa envolvia flexibilidade cognitiva,
mudança, adaptar-se as demandas do ambiente, como lembrar que estava em
uma biblioteca e que livros podem estar ausentes/locados. Tal tarefa se
relaciona com o padrão de rigidez cognitiva comportamental, sendo importante
no ajustamento do indivíduo às demandas e exigências do meio (DIAMOND,
2013; GOLDSTEIN et al, 2014). Segundo Malloy-Diniz e colaboradores (2014),
a flexibilidade cognitiva é requerida na capacidade de mudar e alternar o curso
das ações e pensamentos conforme os estímulos ambientais. O alto tempo de
persistência nesta tarefa pode nos levar a algumas conclusões, como padrão
de rigidez cognitiva comportamental, alto índice de engajamento na tarefa e
persistência em direção às metas.

66
Tabela 8: Estatística descritiva da duração de cada tarefa da BL/BP.

Duração N Mínimo Máximo Média Desvio Padrão

Tarefa Livro 1 48 27 1010 127,04 149,322

Tarefa Livro 2 48 22 884 152,35 180,245

Tarefa Livro 3 47 22 1274 160,30 201,473

Tarefa Livro 4 47 10 992 131,81 157,109

Tarefa TAM 44 18 95 47,70 14,978

Tarefa Periódico 1 48 0 450 103,02 81,616

Tarefa Periódico 2 48 0 297 71,02 60,938

Tarefa Periódico 3 48 0 439 81,40 72,199

Tarefa Flex/ Periódico 4 48 0 1344 359,48 244,743

Tempo Total 48 558 3022 1311,81 503,165

Através dos dados descritivos encontrados podemos levantar algumas


hipóteses a respeito da Multitarefa. Sobre as tarefas que envolviam habilidades
distintas, como a tarefa de memória prospectiva, que se mostrou de fácil
resolução a maioria dos participantes, devido ao seu alto índice de acerto,
podemos inferir que ela se mostra pouca discriminativa, sendo necessária uma
reavaliação da dificuldade da tarefa. Já a tarefa Flex, que teve perfis distintos
de respostas na amostra, se mostrou mais discriminativa e permitindo inferir
melhor sobre o padrão e perfil de busca dos universitários.
Em relação aos itens de cada bloco, aqueles que envolviam processos
complexos, sendo necessário o uso de mais de uma habilidade
concomitantemente, mostraram necessitar de mais tempo na duração da
realização da tarefa, o que pode nos levar a inferir, uma discriminação melhor
nos universitários saudáveis em processos complexos quando em situações
de avaliação, sendo necessária a avaliação com outros perfis de amostra para
verificar a discriminação da avaliação frente as habilidades envolvidas.
Este estudo demonstra ser potencial na avaliação ecológica dentro do
modelo de funções cognitivas. Algumas das tarefas demonstram estar
desenvolvidas com base na manipulação e controle da qualidade/quantidade
dos itens, número simples de regras arbitrárias, níveis de dificuldade, limites

67
de tempo (ALDERMAN et al., 2003), seguindo os padrões de veridicalidade e
verosimilhança proposto por Wood e Liossi (2006).

5.2.2. Análises Estatísticas do Padrão de Busca Visual da Multitarefa

Na Tabela 9 são estão descritas as correlações de Spearman para os


escores de acerto, erro, omissão, eficiência, pontuação de regra e memória de
trabalho pós tarefa para as pontuações de acerto para o primeiro bloco da
multitarefa. As análises estatísticas mostraram para o livro L1 as correlações
mostraram correlações significativas e baixas para a primeira para acerto
(r=,392; p=0,006) e correlações significativas, moderada e negativas para
erros (r=-619; p=0,001). Em relação a pontuação do livro L2, as análises
mostraram correlações significativas, negativas e baixas apenas para erro (r=-
,319; p=0,001) e para o livro L3, as correlações encontradas foram
significativas, moderadas, negativas para acerto (r=-575; p=0,001) e positivas
para erros (r=,653; p=0,001).
Quanto ao livro L1, as relações encontradas nos permitem concluir que
quanto aos acertos, quando maior o índice de acerto geral, maior os acertos
do L1, diferente em relação em questão dos erros, que mostram uma relação
linear negativa, quanto maior o número de acertos do L1, menor o número de
erro e assim se dá a relação inversa. Em relação ao livro L2, o número de erros
tem uma correlação fraca, mas ainda há relação significativa, o que indica que
quanto maior o número de erros totais, menor o número de pessoas que acham
o livro 2, ou seja, que concluem a tarefa. A tarefa L3 tem o perfil inverso da L1
em relação a acertos e erros, pois quanto maior o número de acertos totais,
menor o número de pontuação na tarefa L3, sendo esta correlação moderada,
confirmando a correlação dos erros, que quanto maior o número de pessoas
que cometem erros totais na tarefa, maior a pontuação em L3. Esta relação
sobre os acertos, pode ser melhor explicada devido ao grande número de erros
cometidos na hora de pegar o L3, devido a muitos indivíduos na hora de pegar
o L3, confundirem o ano da edição ou então pegarem o livro que tinha mais de
uma história, cometendo erros parciais ou totais, podemos relacionar estes
erros parciais como falta de atenção seletiva, possível dificuldade em inibição,
dificuldade em reter a informação (memória de trabalho).

68
Não foram encontradas correlações para o livro 4 (L4), provavelmente
ao alto índice de acerto, sendo este pouco discriminativo.
Tabela 9: Correlações entre os escores de acerto, omissão, eficiência, pontuação de
regra e memória de trabalho e para o primeiro bloco da Multitarefa BL/BP.

Pontuação Memória
Escore Acertos Erros Omissão Eficiência
Regras Evocada
r ,392** -,619** ,168 ,259 -,081 ,113
L1 Sig²
N=48 ,006 ,000 ,252 ,075 ,582 ,445
r -,235 -,319* ,088 070 -,058 -,044
L2 Sig²
N=48 ,112 ,000 ,556 ,640 ,701 ,769
r -,575** ,653** 091 -,253 -,066 ,137
Sig²
L3
N ,000 ,000 ,565 ,107 ,680 ,388
=47

Na Tabela 10, são estão descritas as correlações de Spearman para os


escores de acerto, erro, omissão, eficiência, pontuação de regra e memória de
trabalho pós tarefa para as pontuações de acerto para o segundo bloco da
multitarefa. Segundo as análises estatísticas apenas a pontuação em relação
a busca do periódico P3 teve correlação com erros, este apresentou correlação
significativa, baixa e negativa (r=-313; p=0,032), ou seja, quanto menor o
número de erros, maior o número de acertos do periódico P3. Acertos não
apresentou correlação, mas mostrou uma leve tendência (r=-0,270, p=0,066).
Não foram encontradas correlações em relações as pontuações dos
periódicos P1, P2 e P4. Assim como também não foram encontradas
correlações em relação a tarefa Flex de flexibilidade nem em relação ao
primeiro bloco e nem ao segundo.

Tabela 10: Correlações entre os escores de acerto, omissão, eficiência, pontuação de


regra e memória de trabalho e para o segundo bloco da Multitarefa BL/BP.

Pontuação Memória
Escore Acertos Erros Omissões Eficiência
Regras Evocada
r -,270 -,313* ,062 -,120 -,218 ,163
P3 Sig²
N=48 ,066 ,032 ,681 ,423 ,140 ,273

Na Tabela 11 são apresentadas as correlações de Spearman entre os


grupos de perfil da tarefa de flexibilidade cognitiva com a pontuação da tarefa
flex e o número de conferência. A análise estatística apresentou correlação

69
significativa, moderada e positiva para grupo com número de conferência
(r=,542; p=0,001). Rodou-se anova de variância one-way tendo como fator os
grupos e as variáveis dependentes: escore de acerto Flex e o número de
conferência. Encontrou-se significância F (7,895); p=0.000 para o número de
conferências em relação à média dos grupos, os grupos que se diferenciam
entre si são: não acham a revista na prateleira e não persistem na procura para
com o grupo que persiste na busca, acha e leva 2 periódicos errados; grupo
que não acha a revista na prateleira e não persiste na procura e grupo que
acha a revista, persiste e não leva nenhum livro; grupo que persiste na procura,
não leva nenhum livro, com grupo que persiste na procura e leva 2 livros.
A diferença entre os grupos se dá pelo tempo de busca do periódico na
estante e pela quantidade de conferência, mesmo após a constatação de que
o periódico não se encontra lá. O grupo que não acha na estante o periódico e
não persiste, não confere nenhuma vez os periódicos e tem um menor tempo
de busca, já os grupos que persistem na busca na estante, acham o livro,
trazendo ou não algum periódico, tendem a persistir por mais tempo na busca
e realizar mais conferências.

Tabela 11: Correlações de Spearman entre os escores da Tarefa Flex com o primeiro
bloco da Multitarefa BL/BP.

Flex Número Conferência

r ,216
Acerto Flex Sig ,145
N 47
r ,542**
Grupos Sig ,000
N 47

Com relação à duração das tarefas de cada bloco com a tarefa Flex, a
ANOVA para um fator revelou efeito principal significativo para a tarefa L2
F(2,941); p=0,031 e efeito marginal para L3 F (2,352); p=0,069, como pode ser
observado na Tabela 12.

70
Tabela 12: Anova entre os grupos perfis da Tarefa Flex com as durações dos blocos
da Multitarefa.

Duração df F p

Livro 1 4 1,840 ,139


Livro 2 4 2,941 ,031
Livro 3 4 2,352 ,069
Livro 4 4 ,923 ,460
TAM
4 1,477 ,228
Periódico 1
4 ,363 ,834
Periódico 2
4 ,299 ,877
Periódico 3
Periódico 4 4 1,367 ,261
4 2,087 ,099

A análise post-hoc e Duncan, apresentada na Tabela 13, em relação


aos grupos, mostrou efeito de significância entre a duração do tempo da tarefa
livro L2 com o grupo 1 em relação ao grupo 2, 3 e 4 com aumento de média
de tempo. Em relação ao grupo 2, apenas efeito de significância para o grupo
1, sendo que o grupo teve menor tempo de duração. O grupo 3 apresenta
significância em relação ao grupo 1, tendo o grupo levado menor tempo para
realizar a tarefa L2, e em relação ao grupo 4, o mesmo ocorre com o grupo 1,
que apresenta menor duração de realização da tarefa.
Em relação a tarefa L3 o grupo 1 apresentou efeito de significância para
todos os outros grupos e teve aumento de tempo para realizar a tarefa. O grupo
1 é o grupo que foi caracterizado pelo perfil de não ter achado o periódico na
prateleira e ter persistido na busca. Se pensarmos no padrão de persistência
como direcionamento de meta e que o nível de empenho utilizado para
executar uma tarefa está relacionado a volição, ligado a manutenção do
objetivo, dos processos internos e de seu comportamento (FREIRE, 2009),
então o processo de duração frente a busca visual de buscar o periódico na
tarefa de flexibilidade cognitiva pode se dizer que está ligada as funções
executivas, e o desempenho na tarefa, se mostra diretamente controlado de a
habilidade de autocontrole e monitoramento.

71
Tabela 13: Teste de post-hoc do Duncan em relação aos grupos e a Duração da
Multitarefa.

Média entre
Grupo Desvio
Duração Grupo (I) os grupos Sig.
(J) Padrão
(I-J)
1 -120,167 101,111 ,241
2 205,333 136,338 ,139
0
3 92,190 81,478 ,264
4 131,548 77,296 ,096
0 120,167 101,111 ,241
2 325,500* 139,705 ,025
1
3 212,357* 86,994 ,019
4 251,714* 83,091 ,004
0 -205,333 136,338 ,139
1 -325,500* 139,705 ,025
Livro 2 (L2) 2
3 -113,143 126,225 ,375
4 -73,786 123,567 ,554
0 -92,190 81,478 ,264
1 -212,357* 86,994 ,019
3
2 113,143 126,225 ,375
4 39,357 57,613 ,498
0 -131,548 77,296 ,096
1 -251,714* 83,091 ,004
4
2 73,786 123,567 ,554
3 -39,357 57,613 ,498
1 -309,300* 115,401 ,010
2 28,500 155,607 ,856
0
3 -46,571 92,993 ,619
4 -68,700 88,709 ,443
0 309,300* 115,401 ,010
2 337,800* 159,449 ,040
1
3 262,729* 99,289 ,011
4 240,600* 95,289 ,015
0 -28,500 155,607 ,856
2 -337,800* 159,449 ,040
Livro 3 (L3) 2
3 -75,071 144,064 ,605
4 -97,200 141,337 ,495
0 46,571 92,993 ,619
1 -262,729* 99,289 ,011
3
2 75,071 144,064 ,605
4 -22,129 66,410 ,741
0 68,700 88,709 ,443
1 -240,600* 95,289 ,015
4
2 97,200 141,337 ,495
3 22,129 66,410 ,741

72
Em seguida são apresentados os valores das correlações de Spearman
em relação aos valores da tarefa de memória prospectiva (TAM) e a duração
do primeiro e o segundo bloco. Em relação a variável tempo não foram
encontrados efeitos significativos para a duração da tarefa L2, L3 e L4, contudo
encontrou-se correlações significativas, positivas e baixas para L1 (r=,419;
p=0,005). Para a variável tempo em relação ao segundo bloco da tarefa,
encontrou-se correlação significativa, positiva e baixa para a duração da tarefa
periódico P1 (r=,359; p=0,012) e periódico P3 (r=,347; p=0,016). Os resultados
encontrados em relação a tarefa de memória prospectiva indicam que os
participantes que obtiveram maior tempo para lembrar de responder a tarefa,
também obtiveram maior tempo para realizar a tarefa L1 no bloco buscar livros
e para realizar as tarefas P1 e P3 para realizar no bloco buscar periódicos.
Existem diferentes modelos explicativos acerca da memória
prospectiva, Smith e Bayen (2004) propõem que o desempenho prospectivo
esta ligado a um sistema executivo atencional, capaz de monitorar
continuamente o ambiente em busca de pistas ou ativar conscientemente a
intenção na memória de trabalho, o que explica que quanto menor o
desempenho prospectivo (i.e. lembrar de realizar a tarefa em maior tempo)
maior o custo de exigência atencional nas tarefas concorrentes. Já no modelo
pré-frontal proposto por West (1996, Apud MATOS; ALBUQUERQUE, 2014)
ressalta que as falhas de MP se dão conforme a redução da eficiência das
funções executivas, como por exemplo, a MT, o planejamento, a
monitorização, o CI e alocação de recursos atencionais. Ambos os modelos
corroboram para o entendimento de que a eficácia da memória prospectiva
está associada à monitorização da intenção, ou seja, o aumento da estratégia
atencional esta relacionado à medida do tempo que se aproxima do momento
indicado para realizar a ação, condizente com os resultados indicados da
pesquisa, onde os itens das tarefas que apresentaram o maior número de erros
se mostraram correlacionadas na duração da tarefa com o tempo de lembrar
em responder a tarefa de memória prospectiva.
No que tange os valores de acertos para TAM, não foram encontrados
efeitos de significância para a duração do primeiro e nem para o segundo bloco
como mostra a Tabela 14 abaixo.
73
Tabela 14: Correlações de Spearman da tarefa de memória prospectiva (TAM) entre o
primeiro e o segundo bloco da Multitarefa BL/BP.

Duração Duração Duração Duração


L1 L2 L3 L4
,419** ,160 ,119 -,018
p
Tempo TAM Sig
Correlação ,005 ,301 ,447 ,909
N=44
de
Spearman p -,050 -,128 ,039 -,033
Acertos
Sig
TAM ,745 ,409 ,802 ,835
N=44
Duração Duração Duração Duração
P1 P2 P3 P4
,359* ,160 ,347* -,078
p
Tempo TAM Sig
Correlação ,012 ,301 ,016 ,597
N=44
de
Spearman p ,142 ,141 ,151 -,065
Acertos
Sig
TAM ,359 ,363 ,327 ,676
N=44

Não foram encontradas correlações para tarefa Flex, assim como não
foi encontrada correlações entre as tarefas de memória evocada após a tarefa
com outras medidas da multitarefa.
5.3 Relação da Multitarefa com as Provas Neuropsicológicas

Inicialmente serão apresentados os resultados obtidos a partir da


aplicação dos testes neuropsicológicos aos participantes. A Tabela 15
apresenta a pontuação bruta dos participantes no Teste Matrizes de Viena
(WMT-2), no Teste D2 - Atenção Concentrada (D2), Blocos de Corsi, FDT,
Teste de Trilhas Coloridas (Trail), Teste Wisconsin de Classificação de Cartas
(WCST), Torre de Londres (TOL).

74
Tabela 15: Estatísticas descritivas da amostra para Corsi, D2, FDT, WCST e WMT-2.

Desvio
N Mínimo Máximo Média
Padrão
Teste WMT-2 48 5 18 11,69 3,483
FDT Leitura TP 48 15 49 22,94 5,726
FDT Leitura Erro 48 0 2 ,04 ,289
FDT Contagem TP 48 17 42 27,02 6,125
FDT Contagem Erro 48 0 3 ,31 ,689
FDT Escolha TP 48 24 59 35,73 6,526
FDT Escolha Erro 48 0 4 ,85 1,148
FDT Alternância TP 48 29 79 46,96 10,703

FDT Alternância Erro 48 0 44 2,65 6,380


FDT Inibição (IC) 48 -17 33 13,06 7,980
FDT Flexibilidade (FC) 48 -2 58 21,81 10,274
D2 Desempenho de
48 100 285 193,02 38,860
Concentração (DC)
D2 Objetos Alvo
48 127 322 211,92 40,033
Processados (OAP)
D2 Percentil Erro 48 1 50 8,79 8,703
CORSI Ordem Direta 48 3 11 6,02 1,862
CORSI Ordem Inversa 48 3 10 6,77 1,916
CORSI Total 48 8 19 12,79 2,946
TRAIL_A TP 48 18 110 35,21 16,102
TRAIL_A Erro 48 0 4 ,29 ,798
TRAIL_B TP 48 29 219 64,73 30,679
TRAIL_B Erro 48 0 18 3,42 5,641
TRAIL_FC_B-A* 48 0 109 29,52 20,820
TRAIL_FC_B/A 48 1 5 2,00 ,684
Torre de Londres PP 47 39 119 90,57 21,083
WCSN Categorias
48 3 6 5,94 ,433
Completas
WCSN Respostas de
48 40 167 106,56 24,553
Nível Conceitual
WCSN Erro Não
48 93 136 104,13 6,841
Perseverativos PP

Observa-se que os melhores desempenhos em relação ao teste FDT no


quesito tempo se deram nos subtestes leitura e escolha, já para erro, o melhor
desempenho foi observado no subtestes leitura, com menor número de erros.

75
Esse resultado é melhor explicado devido a primeira parte do teste medir os
processos simples cognitivos, enquanto nos processos de alternância, os
indivíduos precisam automatizar os processos, tendo que inibir os estímulos
concorrentes e selecionar a atenção. O mesmo processo pode ser observado
com o aumento dos erros na parte B em relação a parte A do teste Trail Making,
contudo, neste teste, além do requerimento da capacidade de inibir os
estímulos concorrentes e da atenção dividida, o indivíduo também deve utilizar
a capacidade de planejamento para a realização da tarefa.
Na Tabela 16 estão descritas as análises estatísticas das correlações
de Spearman dos escores de acerto, erro, omissão e do critério de eficiência
em relação aos testes de neuropsicologia. Foram encontradas correlações
significativas, positivas e baixas para o teste dos cinco dígitos (FDT) no quesito
de flexibilidade cognitiva para acerto (r=,322; p=0,026) e correlações
significativas, negativas e baixas para omissão (r=-,380; p0,008). Também se
encontrou correlações significativas, baixas e positivas em relação ao FDT
contagem erro em relação ao critério de eficiência (r=,327; p=0,23).
Em relação ao teste Trilhas Coloridas (Trail) encontrou-se correlações
significativas baixas e positivas para erros (r=,333;p=0,009) e eficiência
(r=,357;p=0,013) em relação à parte B do teste no quesito tempo; correlações
significativas, baixas e negativas para acertos (r=-,371;p=0,009) e correlações
significativas, baixas e positivas para eficiência (r=,311;p=0,031) para
flexibilidade cognitiva (B-A); correlações significativas, baixas e negativas para
acertos (r=-281;p=0,053) em relação ao critério de flexibilidade (B/A).
Já para o teste D2 - Atenção Concentrada, encontrou-se correlações
significativas, baixas e positivas para eficiência (r=,348; p=0,015) para o critério
de desempenho de concentração e correlações significativas, baixa e
negativas para eficiência (r=-,302; p=0,037) para o critério de objetos alvos
processados (OAP).

76
Tabela 16: Correlações de Spearman dos escores da Multitarefa com Testes
Neuropsicológicos.

FDT TRAIL TRAIL TRAIL


FDT D2 D2
ESCORES Cont. B FC FC
FC DC OAP
Erro TP B-A B/A
r ,322* -,111 -,195 -,371* -,281* ,018 ,001

Acertos Sig ,026 ,453 ,183 ,009 ,053 ,905 ,994

N 48 48 48 48 48 48 48

r -,001 ,033 ,333* ,327* ,271 -,015 -,060

Erros Sig ,993 ,826 ,021 ,023 ,062 ,919 ,684

N 48 48 48 48 48 48 48

r -,380* ,059 -,066 ,147 ,066 ,065 ,125


Omissõe
Sig ,008 ,692 ,658 ,319 ,657 ,659 ,397
s
N 48 48 48 48 48 48 48

r -,070 ,327* ,357* ,311* ,244 ,348* -,302


Eficiência Sig ,638 ,023 ,013 ,031 ,095 ,015 ,037

N 48 48 48 48 48 48 48

Em relação aos escores da Multitarefa, os resultados encontrados na


Tabela 16 indicam que os indivíduos que apresentaram maior número de
acertos tiveram uma maior pontuação em tarefas de flexibilidade cognitiva. Já
em relação ao escore erros, os indivíduos que cometeram um maior número,
realizaram a tarefa de processos complexos atencionais em um maior tempo
e pontuaram mais para flexibilidade cognitiva na tarefa Trail. Diferentemente
do escore de omissão onde os indivíduos que cometeram um menor número
de omissões, apresentaram maior flexibilidade cognitiva.
No critério de eficiência os dados demonstraram que quanto maior a
eficácia maior o número de erros na contagem do FDT, este item do teste
avalia velocidade de processamento e processamento automático e simples,
ou seja, o individuo que tinha uma pontuação maior em eficiência, cometia
mais erros, assim como tinha um maior tempo para realização da tarefa na
parte B do teste Trail que envolvia processos complexos e uma maior
pontuação de flexibilidade cognitiva. Os resultados também mostraram que
quanto maior eficácia na multitarefa, maior o desempenho de concentração e
os objetivos alvos processados em relação a tarefas de atenção.

77
A fim de avaliar e comparar o desempenho e o padrão de movimentos
oculares na multitarefa, foram conduzidas correlações de Spearman entre os
testes neuropsicológicos e o número de fixações (NF) e o tempo de fixações
(TF). Os resultados indicam que houve diferença significativa, positiva e baixa
para o critério do teste FDT em contagem erro e correlação significativa,
negativa e baixa para NF de instruções de busca (r=,302; p=0,037) e NF de
conferências na estante (r=,323; p=0,025) e FDT escolha erro (r=-319;
p=0,027) para o NF de instruções de verificação. Os resultados também
indicaram diferença significativa, positiva e baixa FDT alternância tempo para
TF tempo total de instruções de busca (r=.302; p=0,037). As estatísticas
inferenciais a respeito do FDT em relação as fixações estão apresentadas na
Tabela 17.
Os dados encontrados demonstram em relação ao escore erro, um
maior número de erros, para um maior número de fixações nas instruções de
busca e maior número de fixações na busca de livros na estante. Os resultados
também apontam que quanto maior o número de erro na tarefa de escolha,
menor o número de fixações em instruções de verificação. Podemos inferir
através destes resultados que os indivíduos que cometiam um maior número
de erros apresentavam uma necessidade maior de voltar nas instruções, por
isso o maior número de fixações.
Já em relação ao tempo, quanto maior o tempo para a realização da
tarefa no item de alternância, maior o tempo de fixações nas instruções totais
de busca. Os resultados podem significar que o tempo de fixações nas
instruções se mostram sensíveis em relação a medida de tempo que esta
relacionada com os processos complexos que requerem controle mental ativo
e flexibilidade cognitiva que são medidos pelo item de alternância pelo FDT.

78
Tabela 17: Correlações de Spearman TF e NF para Teste FDT.

TF NF
NF
NF Instruções Instruções Conferência
Instruções
de verificação total de Estante
de busca
busca

FDT Contagem r ,302* -,179 ,084 ,323*


Erro
Sig² 0,037 ,222 ,571 0,025

FDT Escolha Erro r -,020 -,319* -,191 -,061

Sig² ,893 0,027 ,193 ,683

FDT Alternância r ,092 -,140 ,302* ,155


Tempo
Sig² ,535 ,342 0,037 ,294

Em relação as fixações e pegar periódicos, o teste FDT apresentou


relação com TF pegando periódico certo com FDT leitura tempo (r=,365;
p=0,011), com FDT contagem tempo (r=,301; p=0,038), com FDT escolha
tempo (r=-401; p=0,023), com FDT alternância tempo (r=,406; p=0,004) e FDT
FC (r=,285; p=0,050). Em relação ao NF pegando periódico errado encontrou-
se correlação significativa, negativa e baixa para FDT escolha tempo (r=-,356;
p=0,045).
Com relação a pegar livros, o teste FDT apresentou diferença
significativa, positiva e baixa para TF pegando livro errado com FDT FC
(r=,472; p=0,017) e para NF pegando livro errado com FDT FC (r=,490;
p=0,013). Os dados estatísticos estão descritos na Tabela 18 abaixo.

79
Tabela 18: Correlações de Spearman TF e NF pegando item com Teste FDT.

TF NF TF NF
Pegando pegando Pegando Pegando
Periódico periódico Livro Livro
Certo errado errado errado

FDT leitura TP r ,365* -,142 -,337 -,017

Sig² 0,011 ,497 ,059 ,927

FDT Contagem TP r ,301* -,132 ,023 ,102

Sig² 0,038 ,471 ,912 ,627

FDT Escolha TP r -401* -,356* ,040 ,032

Sig² 0,023 0,045 ,787 ,830

FDT Alternância TP r ,406* -,085 ,142 -,090

Sig² 0,004 ,645 ,337 ,541

FDT FC r ,285* ,118 ,472* ,490*

Sig² 0,050 ,426 0,017 0,013

Os resultados suportam a ideia que as capacidades cognitivas de


flexibilidade cognitiva, controle inibitório, atenção e velocidade de
processamento parecem impactar nos movimentos oculares em tarefas de
tomadas de decisões como pegar um livro certo ou errado (controle inibitório),
retenção da informação das instruções (memória de trabalho) e busca do
objeto na área de interesse (atenção e velocidade de processamento).
Os resultados indicam que houve diferença significativa, negativa e
baixa para o critério do teste D2 – atenção concentrada para o critério D2 -
desempenho de concentração (DC) (r=-,408; p=0,004) para TF de instruções
de busca e NF instrução de busca (r= -,320; p=0,027). Diferença significativa,
negativa, baixa para D2 objetos alvos processados (OAP) para TF instruções
de busca (r=-402; p=0,005) e TF instrução total de busca (r=-413; p=0,004).
Diferença significativa, negativa e baixa para D2 % erro para TF instruções
totais de busca (r=-,410; p=0,004) e diferença significativa, negativa e baixa
para D2 erro omissão e TF instrução totais de busca (r=-431; p=0,002).
Correlações de Spearman também apresentaram diferenças significativas,
negativas e baixas para TF busca de informação na estante e D2 DC (r-,323;

80
p=0,025). As estatísticas descritivas e inferenciais estão apresentadas na
Tabela 19.

Tabela 19: Correlações de Spearman de TF e NF em relação as instruções e estante


com Teste D2.

TF TF
TF NF
Instruções
Instruções Instruções Conferência
total de
de busca de Busca Estante
busca

D2 DC r -,408* -,320* -,277 -,323*

Sig² 0,004 0,027 ,057 0,025

D2 OAP r -,402 -,262 -,413** -,252

Sig² 0,005 ,072 0,004 ,084

D2 % ERRO r -,217 -,038 -,410** -,010

Sig² ,138 ,797 0,004 ,945

D2 ERRO OMISSÃO R -,244 -,044 -,431** -,043

Sig² ,094 ,767 0,002 ,773

Estes resultados indicam que os indivíduos que tiveram maior tempo de


fixação para ler instruções e aqueles que realizaram um maior número de
fixações nas instruções de busca, obtiveram um menor desempenho de
concentração no teste de atenção concentrada, além de cometerem um menor
número de erros e de omissão no Teste D2. Os resultados também mostraram
que os indivíduos que obtiverem menor desempenho de concentração,
obtiverem maior tempo de fixação na busca dos itens na estante.
Na tabela 20 são apresentadas a relação de pegar itens e o Teste D2,
os resultados indicam diferenças significativas, negativas e baixas para D2
OAP para NF pegar livro errado (r=-,482; p=0,015). Os resultados indicam que
quanto menor os objetos alvos processados, maior o número de fixações na
hora de pegar um livro errado.

81
Tabela 20: Correlações de NF pegar livro errado para o Teste D2.

NF Pegando Livro
Errado

D2 OAP r -,482 *

Sig² 0,015

Não foram encontradas diferenças significativas entre o número de


fixações no Teste Wisconsin e nem no tempo de fixações em relação as
instruções de busca, busca de itens na estante, pegar livro certo e errado,
pegar periódico certo e errado.
Em relação ao Teste Trilhas Coloridas (Trail), os resultados apontaram
diferenças significativas, positivas e baixas para TF instruções totais de busca
(r=,305; p=0,035) e TF instrução de verificação (r=,319; p=0,027). Também
foram encontradas correlações, positivas e baixas para TF pegando periódico
certo para Trail Parte A tempo (r=,421; p=0,003) e Trail Parte B tempo (r=,344;
p=0,017). O efeito indica que indivíduos que apresentaram maior tempo de
fixação na leitura das instruções total e de verificação após pegar o livro,
também realizaram a Parte A da tarefa de processos simples automáticos de
atenção no Trail com maior tempo. Também podemos inferior a cerca de que
os indivíduos que realizaram o teste Trail com maior tempo, tanto na Parte A,
como na Parte B, foram indivíduos que apresentaram maior tempo de fixação
ao pegar periódicos certos, provavelmente devido a necessidade de verificar
com mais atenção o item.

Tabela 21: Correlações de Spearman para o Teste Trail em relação a fixação TF e NF

TF TF TF Pegando
Instruções Periódico
Instrução de
total de Certo
Verificação
busca

TRAIL A TP r ,305* ,319* ,421**

Sig² 0,035 0,027 0,003

Trail B TP r ,283 ,131 ,344*

Sig² ,052 ,374 0,017

82
Em relação ao Teste Torre de Londres (TOL), Blocos de Corsi e
Matrizes de Viena (WMT-2) e o tempo e número de fixações apresentados na
Tabela abaixo. Os resultados apontaram diferenças significativas, positivas e
baixas para TF instruções de verificação (r=,288; p=0,047) para WMT-2 e NF
conferência de instrução de verificação, correlação significativa, negativa e
baixa (r=-,353; p=0,014) para Corsi Total. Os resultados também mostraram
efeitos significativos, positivos e baixos para Torres de Londres e TF pegar
livros certo (r=,354; p=0,015) e WMT-2, NF pegar livros certos (r=,323;
p=0,025). Em relação aos resultados apontados pela relação Torre de Londres
e pegar livros, os efeitos indicam que quanto maior a pontuação, maior o tempo
de fixação em pegar o livro certo. Já em relação ao Teste de raciocínio matricial
quanto melhor o desempenho no teste, maior o número de conferências se o
livro é certo e maior o tempo de fixações de verificações das instruções após
pegar um item certo, diferente dos blocos de Corsi, que é uma relação inversa,
quanto maior a pontuação no teste, menor o número de conferências de
verificações das instruções. O que podemos inferir é que os indivíduos mais
hábeis em planejamento demandam maior flexibilidade na seleção de
estímulos corretos, talvez porque ponderem mais sobre a ação, esta habilidade
de ponderar e selecionar os estímulos esta relacionada com a capacidade de
"resolução de problemas", habilidades avaliadas no teste TOL.

83
Tabela 22: Correlação Spearman Testes TOL, WMT-2 e Blocos de Corsi para fixações
TF e NF

NF
TF NF TF
Pegando Pegando Instruções Conferências
Livro Livro de
De
Certo Certo Verificação
Verificação

TOL PP r ,354* ,151 ,273 ,004

Sig² 0,015 ,312 ,064 ,977

WMT-2 PP r ,084 ,323* ,288* ,134

Sig² ,571 0,025 0,047 ,368

Corsi Total r -,103 -,186 -,273 -353*

Sig² ,486 ,206 ,060 0,014

5.4 Análise de Correlação entre os Instrumentos e as escalas de


rastreio.
A fim de buscar evidências de validade por padrões de convergência
com outros instrumentos, foram realizadas correlações de Spearman entre os
testes neuropsicológicos e as escalas de rastreio. Correlações entre os
instrumentos citados e a soma da pontuação dos pontos brutos referentes e
as escalas de rastreio dos índices gerais são encontradas nas tabelas abaixo.
Na Tabela 23 são apresentadas as correlações do Teste de Cinco
Dígitos (FDT) com a escala BRIEF-A. Correlações de Spearman mostraram
efeito de significância para FDT alternância para as subescalas de
autocontrole (r=-0,301; p=0,038) e organização e planejamento (r=-0,292;
p=0,044). O item de alternância envolve processos complexos de flexibilidade
cognitiva, inibição e autocontrole, o que explica a correlação de efeito
significativo, já que quanto menor o nível de autocontrole e organização nas
escalas de auto relato, maior o tempo de realização no FDT, logo podemos
inferir uma pior capacidade de alternar entre estímulos, inibir e controlar
processos internos e externos.

84
Tabela 23: Correlação do Teste Cinco Dígitos (FDT) com a Escala BRIEF-A.

BRIEFA_AC BRIEFA_OP

FDT_ALTERNÂNCIA_TP r -0,301* -0,292*

Sig² 0,038 0,044

Na Tabela 24 estão descritas as estatísticas descritivas das correlações


de Pearson entre os Teste de Wisconsin de Classificação de Cartas (WCST)
e o Teste de Trilhas Coloridas (Trail). Foram encontradas correlações
significativas, positivas e baixas para o teste trilhas parte A no quesito erro em
relação a habilidade avaliada de iniciação (r=-317; p=0,028) e em relação a
habilidade avaliada de monitoramento de tarefa (r=-379; p=0,008). Em relação
ao teste WCST efeitos de correlação significativa, baixa e positiva foram
encontrados para erros não perseverativos para flexibilidade cognitiva (r=349;
p=0,015) e para resposta de nível conceitual efeitos de correlação significativa,
moderada, baixa para flexibilidade cognitiva (r=-527; p=0,001), correlações
significativas, baixa e positiva para iniciação (r=,329; p=0,017) e para
monitoramento de tarefa (r=,294; p=0,034), correlações significativa, baixa e
negativa (r=-287; p=0,048). O Wisconsin avalia raciocínio abstrato, o uso de
estratégias cognitivas perante um ambiente alterável, assim como memória
operacional e as funções executivas, tais como a flexibilidade cognitiva, o
planejamento estratégico, atenção e a categorização. Gnys e Willis (1991,
Apud HEATON et al, 2004), estes achados corroboram com as habilidades
avaliadas pela escala BRIEF.

85
Tabela 24: Correlações de Spearman do Teste de Wisconsin de Classificação de
Cartas (WCSN), Teste de Trilhas Coloridas (Trail) e a escala de rastreio BRIEF-A.

BRIEFA_MOT

BRIEFA_GCE
BRIEFA_IRC
BRIEFA_MT

BRIEFA_OP
BRIEFA_FC

BRIEFA_MI
BRIEFA_IC

BRIEFA_CI

BRIEFA_I
TRAIL A r -,271 -,057 -,038 -,317 -,193 -,256 -,379 -,105 -,279 -,230
ERRO Sig² ,062 ,701 ,800 ,028 ,189 ,079 ,008 ,478 ,055 ,116

WCST
r -,109 ,349 ,032 -,104 -,199 -,057 -,155 -,119 -,125 -,164
ERROS Não
Perseverativo ,461 0,015 ,828 ,480 ,175 ,699 ,360 ,421 ,397 ,264
s Sig²

WCST
r
Resposta de -,060 -,527 -,105 ,329 -287* -,227 ,294 -,237 -,222 -,258
Nível ,683 ,000 ,479 ,017 ,048 ,121 ,034 ,105 ,130 ,076
Sig²
Conceitual

Não foram encontradas correlações significativas entre as pontuações


totais obtidas e o total bruto dos instrumentos Blocos de Corsi, Torres de
Londres, Teste de Matrizes de Viena (WMT-2). Estes resultados, corroboram
com estudos encontrados na literatura, como o de Liemburg e colaboradores
(2015), em que compararam a escala BRIEF-A com uma bateria de testes
cognitivos em que não obtiveram correlações significativas, e apenas o
desempenho de controle inibitório na bateria e na escala foi inferior quando
comparado as médias.
Na Tabela 25 são apresentadas as correlações entre as escalas de
comportamento IFERA-II, DEX e BRIEF-A. Os dados apresentados na Tabela
mostraram que de modo geral há correlações significativas de baixa a
moderadas e positivas em todos as subescalas e nos escores totais entre a
BRIEF-A e a escala IFERA-II , entre a BRIEF-A e o questionário DEX, e entre
a escala IFERA-II e o questionário DEX. No entanto, os resultados indicam que
estas diferenças não são observadas em todos as subescalas, os subescalas
que apresentaram menores quantidades de correlações foram os subescalas
IFERA-FL e IFERA-RG na escala IFERA-II, e na escala BRIEF-A, foram as
subescala OM e AC. O fato da subescala OM não ter se correlacionado pode

86
ser inferido devido a questão de que esta habilidade avaliada na BRIEF não é
contemplada nos itens da escala IFERA.
Estes achados podem ser melhor explicados pelo fato de que todas as
escalas foram a partir do mesmo pressuposto teórico dos processos
atencionais do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade e das
funções executivas com intuito de desenvolver escalas sensíveis as questões
do dia a dia relacionadas a questões mais naturalísticas, estando as
correlações encontradas relacionadas com a possibilidade de que as escalas
se mostram confiáveis no constructo que se propõe a medir (BARKLEY et al.,
2014; DUGGAN, 2014).

Tabela 25: Correlações de Spearman entre as escalas de rastreio BRIEF-A, DEX e IFERA-
II.
IFERA IFERA IFERA
IFERA CI IFERA MT IFERA FL DEX
AD RG TOTAL

p ,532** ,540** ,264 ,550** ,649** ,559** ,612**


BRIEFA IC
Sig² ,000 ,000 ,070 ,000 ,000 ,000 ,000
p ,224 ,606** ,640** ,639** ,223 ,565** ,321*
BRIEFA FC
Sig² ,125 ,000 ,000 ,000 ,127 ,000 ,026
p ,252 ,415** ,170 ,414** ,352* ,396** ,288*
BRIEFA CI
Sig² ,085 ,003 ,247 ,003 ,014 ,005 ,047
p ,406** ,240 ,270 ,321* ,276 ,300* ,360*
BRIEFA AC
Sig² ,004 ,101 ,063 ,026 ,057 ,039 ,012

p ,423** ,443** ,289* ,477** ,617** ,641** ,578**


BRIEFA I
Sig² ,003 ,002 ,046 ,001 ,000 ,000 ,000
p ,522** ,767** ,504** ,560** ,580** ,700** ,615**
BRIEFA MT
Sig² ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000

p ,386** ,480** ,375** ,346* ,511** ,504** ,520**


BRIEFA OP
Sig² ,007 ,001 ,009 ,016 ,000 ,000 ,000
p ,376** ,441** ,203 ,337* ,628** ,439** ,423**
BRIEFA MOT
Sig² ,008 ,002 ,166 ,019 ,000 ,002 ,003

p ,094 ,061 ,021 ,094 ,210 ,136 ,035


BRIEFA OM
Sig² ,526 ,682 ,889 ,527 ,152 ,358 ,813
p ,422** ,596** ,411** ,615** ,475** ,569** ,466**
BRIEFA IRC
Sig² ,003 ,000 ,004 ,000 ,001 ,000 ,001
p ,546** ,679** ,447** ,648** ,668** ,718** ,632**
BRIEFA MI
Sig² ,000 ,000 ,001 ,000 ,000 ,000 ,000

p ,539** ,682** ,462** ,672** ,633** ,709** ,609**


BRIEFA GCE
Sig² ,000 ,000 ,001 ,000 ,000 ,000 ,000

87
p ,629** ,607** ,454** ,650** ,691** ,648**
DEX
Sig² ,000 ,000 ,001 ,000 ,000 ,000

5.5. Relação da multitarefa com as provas de rastreio de FE.


A Tabela 26 apresenta as estatísticas descritivas em função dos acertos
da multitarefa BL/BP em relação a escala de rastreio da BRIEF-A. Os valores
obtidos para o desempenho em relação aos acertos mostram correlação
negativa, significativa e de baixo efeito para flexibilidade cognitiva (r=-308,
p=0,033). Os valores obtidos para o desempenho em relação aos acertos
mostram tendência de correlação negativa, significativa e de baixo efeito para
BRIEF-A em relação ao aspecto clinico de autocontrole (r=-0,257, p=0,078),
para o índice de regulação comportamental (IRC) (r=-,270; p=0,064) e para o
índice de metacognição (MI) (r=-0,266; p=0,068). O aspecto da soma de
fatores IRC, é a soma de fatores de inibição, flexibilidade, controle inibitório e
autocontrole, enquanto que o aspecto MI, é a soma de fatores de iniciação,
memória de trabalho, organização e planejamento, monitoramento de tarefas
e organização de materiais.

Os resultados encontrados demonstram que quanto maior a pontuação


bruta nas subescalas, menor o número de acerto na Multitarefa. Este resultado
é melhor explicado pelo fato de que quanto maior a pontuação na BRIEF-A
maior as disfunções executivas, ou seja, quanto maior a pontuação nas
escalas, maior a disfunção na escala em questão, ou seja, quanto maior a
pontuação na escala de flexibilidade cognitiva, autocontrole, no índice de
regulação comportamental e no índice de metacognição, menor menos hábil o
sujeito é em relação a estes processos. Um individuo que tende a acertar mais,
tende a ter habilidades mais preservadas e melhores capacidades de
flexibilidade cognitiva e autocontrole.

88
Tabela 26: Correlação de Spearman entre a escala de Rastreio BRIEF-A e os acertos da
Multitarefa BL/BP

ACERTOS

r SIG ²

BRIEF-A IC -0,014 0,927

BRIEF-A FC -0,308* 0,033

BRIEF-A CI -0,215 0,142

BRIEF-A AC -0,257 0,078

BRIEF-A I -0,082 0,578

BRIEF-A MT -0,162 0,271

BRIEF-A OP -0,053 0,718

BRIEF-A MOT -0,010 0,944

BRIEF-A OM 0,010 0,944

BRIEF-A IRC -0,270 0,064

BRIEF-A MI -0,266 0,068

BRIEF-A GCE -0,160 0,277

Não foram encontradas correlações entre acertos e a escala de auto


relato IFERI e DEX.

Tabela 27: Correlação Spearman fixações TF e BRIEF-A.

TF Instrução TF Busca na
de Busca Estante

BRIEF MOT r ,334* -,369**

Sig² 0,020 0,010

A fim de avaliar e comparar o desempenho e o padrão de movimentos


oculares na multitarefa, foram conduzidas correlações de Spearman entre os
testes neuropsicológicos e o número de fixações (NF) e o tempo de fixações
(TF), os dados estão descritos na Tabela 27. Os resultados indicam diferenças

89
significativas, positivas e baixas para TF instruções de busca para a subescala
de monitoramento de tarefa (r=,334; p=0,020) e correlações significativas,
negativas e baixas para TF busca de informações na estante para a subescala
de monitoramento de tarefa (r=-,369; p=0,010). A subescala de monitoramento
de tarefa é responsável pela função de atualização, codificação de
informações recebidas para relevância da tarefa em questão, revisão
adequada aos itens mantidos na memória de trabalho, substituição de
informações antigas pelas mais relevantes e recentes, ou seja, envolve a
manipulação ativa das informações e está ligada a atenção (ROTH; ISQUITH.
GIOIA; 2005). Assim, ao pensarmos que quanto maior a pontuação no
monitoramento de tarefa, ou seja, melhor a pessoa se mostra em conseguir se
manter em trabalho, manipulando informações e atento frente a uma demanda
de tarefa, maior o tempo de fixação nas instruções de busca e menor o tempo
de busca visual nas estantes, podendo nos levar a inferir, que estes podem ter
as seguintes características: levam mais tempo selecionando informação,
criando estratégia, planejando uma ação e levam menos tempo para achar um
livro na estante, este padrão é consistente com o critério de eficiência, definido
por Alderman e colaboradores (2002), pela capacidade do indivíduo para agir
eficazmente para obter os resultados desejados.
Não foram encontradas correlações para TF e NF para pegar livro e
periódico em relação a BRIEF, assim como não foram encontradas correlações
em relação a TF e NF para instruções, buscar livros na estante e pegar livros
e periódicos em relação as escalas DEX e IFERI.

5.6 Análise de Regressão Linear Múltipla


A fim de verificar o efeito das variáveis no desempenho e discutir qual o
melhor critério a ser utilizado quando pensamos, por exemplo em dados
normativos para instrumentos de avaliação das funções executivas e como
elas são explicadas, foi realizada uma análise de regressão linear para ver o
efeito em que a BRIEF tem sobre os acertos da multitarefa BL/BP. A análise
de regressão possibilita a identificação de um modelo que representa o melhor
coeficiente de determinação.

90
Na Tabela 28 significa que da variação no desempenho da BRIEF-A
não é explicado pelas variáveis dos acertos da multitarefa BL/BP quando todos
as subescalas são consideradas como fatores, pois não achamos um valor
significante ao realizar a regressão de inserção.
A Análise de Regressão Linear segundo modelo Stepwise foi conduzida
para verificar o efeito preditivo da BRIEF-A em relação aos acertos, a fim de
verificar qual escala clínica era melhor explicada pelos acertos. A Tabela a
seguir, mostra os resultados encontrados.

Tabela 28: Regressão linear Stepwise BRIEF A em relação aos Acertos da Multitarefa
BL/BP

STD
R².
R R² Estimativa F p
Ajustado
de Erro
BRIEF-AC 0,294* 0,086 0,066 0,745 4,343 0,43

A Tabela 28, mostra que a variação de 8,6% de acertos no desempenho


da BRIEF-AC, é melhor explicado pelas variáveis de acertos na multitarefa
ecológica BL/BP. Estes resultados são melhores explicados a partir da
explicação de que a habilidade de autocontrole está relacionada a capacidade
de monitorar ações, metas e autorregular ações e comportamentos, estando
interligada com outras habilidades das FEs, sendo anterior a tomada de
decisões, como numa tarefa de busca de livros e periódicos. Barkley (2012)
defende a ideia de que uma das habilidades que melhor define as FE é a
habilidade de "self-regulation", ou seja, a capacidade de se autorregular, auto
controlar. "Self-regulation", é definida como a capacidade de dar
direcionamento às próprias ações, metas, modificar os comportamentos frente
às consequências ou eventos. Barkley (2012) explica que a capacidade de
auto controlar está direcionada a muito dos eventos internos e externos, pois
ao identificar um evento, eu preciso decidir o que vou priorizar, internalizar e
direcionar minhas ações "cognitivamente", dividindo diferentes tipos de
autocontrole, sendo eles: na capacidade de atenção (monitoramento), na
capacidade de restrição (inibição), na capacidade verbal (memoria de trabalho

91
verbal), na capacidade das emoções e motivações e na capacidade de
planejamento (planejamento e resolução de problemas).

Limitações
O estudo em questão encontrou algumas limitações durante a
realização da coleta, como a dificuldade de controlar e medir as variáveis que
influenciavam as habilidades que estavam sendo avaliadas pela multitarefa
BL/BP. Os indivíduos que participaram apresentavam alguns comportamentos
diferentes que precisavam diferentes juízes para dizer que aquele
comportamento se configurava o mesmo (i.e. pegar livro, devolver livro,
manusear livro), por mais que houvesse o estabelecimento de regras para que
isso não ocorresse; Além disso, os participantes insistiam em quebrar algumas
regras pré-estabelecidas, como falar com a examinadora durante a tarefa,
deixar cair os celular que estava acoplado ao óculos e a bateria acabar durante
a gravação da tarefa.
Outra limitação encontrada foi em ralação a análise dados de
movimento ocular, uma vez que o programa utilizado não gerava um padrão
sequenciam de como os objetos apareciam (onde os participantes olhavam e
o que olhavam em seguida). Dessa maneira, os objetos de busca (livros,
periódicos, instruções, estante), por mais que permanecem o mesmo, ao
mudar a perspectiva visual também alteravam seu tamanho, forma e
profundidade ao longo da tarefa, impossibilitando que o programa o
reconhecesse como um único objeto sequencialmente.

Considerações finais
Buscando aumentar a compreensão dos comprometimentos das
funções executivas, os resultados obtidos devem ser pesquisados mais
detalhadamente em pesquisas futuras. Alguns fatores são especialmente
relevantes, tais como: a interferência das variáveis ambientais na hora da
avaliação neuropsicológica, principalmente em situações naturalísticas, o uso
de juízes na avaliação e análise comportamental dos vídeos, entre outros,
conforme descrito na literatura (MASSIGLI et al., 2011). Na análise de
observação, o objeto de observação, o sujeito de observação e o sistema de
observação influenciam no objetivo, sendo necessário considerar as condições

92
de observação e a possibilidade de rever o fenômeno, atentado para diferentes
aspectos que tragam maior confiabilidade (PINHEIRO et al., 2005).
É importante estudar, também, as características intrínsecas a cada
versão dos testes anteriormente descritos. Nesta ampla pesquisa poderão ser
estudados, de forma mais aprofundada, possíveis efeitos de variáveis
importantes como gênero e idade sobre o desempenho nos testes
neuropsicológicos em universitários com transtornos psiquiátricos, verificando
se emergem os mesmos padrões observados nos universitários.
Para pesquisas futuras, os dados ainda permitem explorar perfis de
busca visual de universitários em relação aos dados de fixação e aos critérios
de acerto, eficiência e as pontuações na multitarefa.

93
6. Conclusão

A avaliação das capacidades cognitivas por meio do uso combinado de


testes neuropsicológicos tradicionais e da multitarefa em ambiente real com
equipamento de eye tracking parece ser vantajoso, pois foram observadas
correlações significativas entre essas distintas medidas. Embora o presente
estudo tenha tido como colaboradores pessoas sem comprometimento
cognitivo, os resultados observados sugerem que essas medidas podem ser
aplicadas para estudar o funcionamento cognitivo de pessoas com dano
encefálico. Além disso, a implementação de estudos ecológicos e da testagem
em ambiente real tem forte potencial na avaliação das funções executivas de
alto nível em pessoas cujo nível geral de habilidade cognitiva era superior ou
inferior nos testes existentes que mostram baixa relação com as atividades
diárias.
Conclui-se que os efeitos das propriedades da Multitarefa são
compatíveis com os pressupostos teóricos subjacentes aos modelos das
funções executivas. Isso se aplica ao fato dos resultados encontrados mostram
correlações entre a multitarefa ecológica e os resultados dos testes tradicionais
e as escalas de comportamento aplicados.
Foram observadas e discutidas as habilidades relacionadas aos
padrões de fixações durante a multitarefa, assim como os perfis de duração,
acerto, erro e omissão em relação aos testes neuropsicológicos e escalas de
rastreio. Dessa forma, as medidas de movimentos oculares apresentaram
correlações significativas, mas de baixas magnitudes. Dessa forma, os
instrumentos neuropsicológicos tradicionais parecem ter pouca relação com a
multitarefa ecológica proposta no presente estudo. Vale ressaltar que a
multitarefa não deve ser utilizada como parâmetro único de validade ecológica,
o que garante a validade dos instrumentos, são as correlações encontradas
entre os instrumentos tradicionais já padronizados com as escalas
comportamentais e a correlação destes com a multitarefa.
Desse modo, a partir dos resultados obtidos neste estudo foi constatada
a necessidade de realizar um estudo mais amplo a fim de aumentar a amostra
e verificar melhor as propriedades psicométricas das tarefas. Estes achados
confirmam a necessidade de avaliar habilidades envolvidas das funções

94
executivas em tarefas complexas que se interliguem devido há uma carência
de testes normatizados apropriados em multitarefas. Desta forma, indivíduos
podem apresentar um bom ou mau desempenho independente dos prejuízos
que apresente (KRISTENSEN, 2006).

95
7. Referências
ALDERMAN, N. et al.. Ecological validity of a simplified version of the multiple
errands shopping test. Journal of the International Neuropsychological Society,
v. 9, n. 01, p. 31-44, 2003.

ALLOWAY, T. P.; GREGORY, D.. The predictive ability of IQ and working


memory scores in literacy in an adult population. International Journal of
Educational Research, v. 57, p. 51-56, 2013.

ARSHAD S. Characterization of executive dysfunction in real world tasks:


Analysis of behaviours performed during completion of the Multiple Errands
Test (dissertação). Toronto: University of Toronto; 2011. 


ALVES, I. C. B. et al.. Avaliação da inteligência: revisão de literatura de 2005


a 2014. Aval. psicol., Itatiba, v. 15, n. spe, p. 89-97, ago. 2016.

BECHARA, A.; DAMASIO, H.; DAMASIO, A. R. Emotion, decision making and


the orbitofrontal cortex. Cerebral cortex, v. 10, n. 3, p. 295-307, 2000.

BADDELEY, A. Working memory: looking back and looking forward. Nature


reviews neuroscience, v. 4, n. 10, p. 829-839, 2003.

BARKLEY, R. A. Executive functions: What they are, how they work, and why
they evolved. Guilford Press, 2012.

BARKLEY, Russell A. The assessment of executive functioning using the


Barkley Deficits in Executive Functioning Scales. In: Handbook of executive
functioning. Springer, New York, NY, p. 245-263. 2014.

BEGaze. Manual de Utilização Versão 3.4 SMI SensoMotoric Instruments.


Boston, USA. 2014. 388 p.

BURGESS, P. W. Strategy application disorder: the role of the frontal lobes in


human multitasking. Psychological research, v. 63, n. 3, p. 279-288, 2000.

BURGESS, P. W. et al.. The case for the development and use of “ecologically
valid” measures of executive function in experimental and clinical

96
neuropsychology. Journal of the International Neuropsychological Society, v.
12, n. 02, p. 194-209, 2006.

BUTLER, K. M.; ZACKS, R. T. Age deficits in the control of prepotent


responses: evidence for an inhibitory decline. Psychol. Aging 21, 638–643.
2006.

CAMPANHOLO, K. R. et al . Performance of an adult Brazilian sample on the


Trail Making Test and Stroop Test. Dement. neuropsychol., São Paulo , v. 8, n.
1, p. 26-31, Mar. 2014.

CAMPBELL, Z. et al.. Utilizing virtual reality to improve the ecological validity of


clinical neuropsychology: an FMRI case study elucidating the neural basis of
planning by comparing the Tower of London with a three-dimensional
navigation task. Applied neuropsychology, v. 16, n. 4, p. 295-306, 2009.

CAMPOS, Maene Cristina et al. Confiabilidade do Teste dos Cinco Dígitos em


adultos brasileiros. J Bras Psiquiatr, v. 65, n. 2, p. 135-9, 2016.

CAPOVILLA, A. G. S., ASSEF, E. C. D. S.; COZZA, H. F. P. Avaliação


neuropsicológica das funções executivas e relação com desatenção e
hiperatividade. Avaliação psicológica, 6(1), 51-60, 2007.

CARDOSO, C. et al.. Brazilian adaptation of the Hotel Task: a tool for the
ecological assessment of executive functions. Dement. neuropsychol., São
Paulo , v. 9, n. 2, p. 156-164, June 2015.

CASSEPP-BORGES, V., BALBINOTTI, M. A. A.; TEODORO, M. L. M.;


Tradução e validação de conteúdo: Uma proposta para a adaptação de
instrumentos. In L. Pasquali, Instrumentação psicológica: Fundamentos e
práticas. p. 506-520. Porto Alegre: Artmed. 2010.

CASTELHANO, M. S.; HENDERSON, J. M. The influence of color on the


activation of scene gist. Journal of Experimental Psychology: Human
Perception and Performance, 34, p. 660–675. 2008

97
CHAN, R. CK et al. Assessment of executive functions: Review of instruments
and identification of critical issues. Archives of clinical neuropsychology, v. 23,
n. 2, p. 201-216, 2008.

CHUN, M. M. Contextual cueing of visual attention. Trends in cognitive


sciences, v. 4, n. 5, p. 170-178, 2000.

CHUNG, H. J.; WEYANDT, L. L.; SWENTOSKY, A.. The physiology of


executive functioning. In: Handbook of executive functioning. Springer New
York, p. 13-27., 2014.

CRUZ, V. L. P.; TONI, P. M.; OLIVEIRA, D. M.. As funções executivas na


Figura Complexa de Rey: Relação entre planejamento e memória nas fases do
teste. Bol. psicol, São Paulo , v. 61, n. 134, p. 17-30, jun. 2011.

DAWSON, P.; GUARE, R. Executive skills in children and adolescents: A


practical guide to assessment and intervention. New York, NY.: The Guilford
Press, 2010.

DAWSON, D. R. et al. Further development of the Multiple Errands Test:


Standardized scoring, reliability, and ecological validity for the Baycrest
version. Archives of physical medicine and rehabilitation, v. 90, n. 11, p. S41-
S51, 2009.

D’ELIA, F. L., et al..Teste das Trilhas Coloridas: manual profissional -


Padronização brasileira de Ivan Sant’Ana Rabelo, Silvia Verônica Pacanaro,
Milena de Oliveira Rossetti, Irene F. De Almeida de Sá Leme – São Paulo:
Casa do Psicólogo. 2010

DE SOUZA MICHELS, M.; GONÇALVES, H. A.. Funções executivas em um


caso de TDAH adulto: a avaliação neuropsicológica auxiliando o
diagnóstico. Neuropsicologia Latino americana, v. 6, n. 2, 2014.

DIAS, N.M. Estudo das características psicométricas do Adult Dyslexia


Checklist [Monografia]. Itatiba (SP): Universidade São Francisco; 2007.

98
DIAS, N. M. et al.. Avaliação neuropsicológica das funções executivas:
Tendências desenvolvimentais e evidências de validade de instrumentos.
2009.

DIAS, N. M., TREVISAN, B. T., ZAUZA, G., Carreiro, L. R. R., SEABRA, A. G.


(submetido). Desenvolvimento e evidências de validade de conteúdo do
Inventário de Dificuldades em Funções Executivas, Regulação e Aversão ao
Adiamento para Adultos (IFERA-II). Psicologia: Teoria e Pesquisa.

DIAMOND, A., CARLSON, S. M.; BECK, D. M.. Preschool children’s


performance in task switching on the Dimensional Change. Card Sort task:
Separating the dimensions aids the ability to switch. Developmental
Neuropsychology, v. 28, p. 689–729. 2005.

DIAMOND, A. Executive functions. Annual review of psychology, 64: 135-168.


2013.

DOHERTY, T. A., et al. The cooking task: making a meal of executive


functions. Frontiers in behavioral neuroscience, 2015.

DOWIASCH, S. et al.. Effects of aging on eye movements in the real


world. Frontiers in human neuroscience, v. 9, 2015.

FRANZEN, M.D.; WILHELM, K.L., Conceptual foundation of ecological validity


in neuropsychological assessment. In SBORDONE, R.J.; LONG, C.J
Ecological validity of neuropsychological testing. Delray beach, FL, ST. Lucie
press. 1996.

FREIRE, L. G. L. Auto regulação da aprendizagem. Ciênc. Cognição. Rio de


Janeiro, v. 14, n. 2, p. 276-286, jul. 2009.

FREUND, P. A.; HOLLING, H.; PRECKEL, F.. A multivariate, multilevel


analysis of the relationship between cognitive abilities and scholastic
achievement. Journal of Individual Differences, v. 28, n. 4, p. 188-197, 2007.

GAZZANIGA, M. S.; IVRY, R. B.; MANGUN, G. R. Neurociência cognitiva: a


biologia da mente. Artmed, 2006.

99
GEURTS, H. M.; DE VRIES, M.; VAN DEN BERGH, S. FWM. Executive
functioning theory and autism. In: Handbook of executive functioning. Springer
New York, p. 121-141, 2014.

GILBERT, S. J.; BURGESS, P. W. Executive function. Current Biology, v. 18,


n. 3, p. R110-R114, 2008.

GIOIA, G. A. et al. Profiles of everyday executive function in acquired and


developmental disorders. Child neuropsychology, v. 8, n. 2, p. 121-137, 2002.

GREWE, P. et al.. Learning real-life cognitive abilities in a novel 360-virtual


reality supermarket: a neuropsychological study of healthy participants and
patients with epilepsy. Journal of neuroengineering and rehabilitation, v. 10, n.
1, p. 42, 2013.

GODOY, V. P. et al . Brazilian Portuguese transcultural adaptation of Barkley


Deficits in Executive Functioning Scale (BDEFS). Arch. Clin. Psychiatry (São
Paulo), São Paulo , v. 42, n. 6, p. 147-152, Dec. 2015.

GOLDSTEIN, S., et al.. Introduction: a history of executive functioning as a


theoretical and clinical construct. In S. Goldstein, S. J. A. Naglieri
(Eds.), Handbook of executive functioning (p. 3-12). New York: Springer
Publishing Company. 2014.

GORENSTEIN, C.; ANDRADE, L. H. S. G. Inventário de depressão de Beck:


propriedades psicométricas da versão em português. Rev Psiq Clin, v. 25, n.
5, p. 245-50, 1998.

HADAR, B., et al. Working Memory Load Affects Processing Time in Spoken
Word Recognition: Evidence from Eye-Movements. Frontiers in neuroscience,
2016.

HAYHOE, M. M., et al. Visual memory and motor planning in a natural


task. Journal of vision, 3.1: 6-6, 2003.

100
HAYHOE, M. M.; BALLARD, D. H. Mechanisms of gaze control in natural
vision. In S. P. Liversedge, I. D. Gilchrist; S. Everling (Eds), The Oxford
Handbook Movements (p. 606-617). Oxford University Press, 2011.

HEATON, R. K. et al.. Teste Wisconsin de Classificação de Cartas: manual


revisado e ampliado; adaptação e padronização brasileira Jurema Alcides
Cunha et al.(2005). São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004.

HENDERSON, J.M. Human gaze control during real-world scene perception.


Trends in Cognitive Sciences, v. 7, p. 498–504. 2003

HENDERSON, J. M.; POLLATSEK, A.; RAYNER, K.. Covert visual attention


and extrafoveal information use during object identification. Attention,
Perception, & Psychophysics, v. 45, n. 3, p. 196-208, 1989.

HERSHLER, O.; HOCHSTEIN, S.. The importance of being expert: Top-down


attentional control in visual search with photographs. Attention, Perception, &
Psychophysics, v. 71, n. 7, p. 1478-1486, 2009.

HILL, E. L. Evaluating the theory of executive dysfunction in autism.


Developmental Review, 24, p.189-233. 2004.

HUIZINGA, M., DOLAN, C.V.; VAN DER MOLEN, M. W. Age-related change


in executive function: Developmental trends and a latent variable analysis.
Neuropsychologia, v. 44, n. 11, p. 2017-2036, 2006.

IRWIN, D. E. Information integration across saccadic eye movements.


Cognitive psychology, v. 23, n. 3, p. 420-456, 1991.

JOHNSON, M.H.; de HAAN, M.. Developmental Cognitive Neuroscience: An


introduction (3rd ed). 2011.

JOSMAN, N., et al. Using the virtual action planning-supermarket for evaluating
executive functions in people with stroke. Journal of stroke and cerebrovascular
diseases: the official journal of National Stroke Association, 23.5: 879. 2014.

101
JURADO, M.B.; ROSSELLI, M., The elusive nature of executive functions: a
review our current understanding. Neuropsychology Review, 17, 213-233.
2007.

KALLER, Christoph P. et al. Assessing planning ability across the adult life
span: Population-representative and age-adjusted reliability estimates for the
Tower of London (TOL-F). Archives of Clinical Neuropsychology, 2015.

KESSELS, R. P.C, et al. The Corsi block-tapping task: standardization and


normative data. Applied neuropsychology, 7.4: 252-258, 2000.

KIRTLEY, C.; TATLER, B. W. Priorities for representation: Task settings and


object interaction both influence object memory. Memory & cognition, p. 1-10,
2015.

KLEIN, A. I.; BULLA, J. P,. Eye-Tracking e linguística: aplicações e


interfaces. Letrônica, 2011, 3.2: 235-249.

KLOO, D. et al. Perspective taking and cognitive flexibility in the Dimensional


Change Card Sorting (DCCS) task. Cognitive Development, v. 25, n. 3, p. 208-
217, 2010.

KNIGHT, C.; ALDERMAN, N.; BURGESS, P. W. Development of a simplified


version of the multiple errands test for use in hospital settings.
Neuropsychological Rehabilitation, v. 12, n. 3, p. 231-255, 2002.

KOVACH, C. K.; ADOLPHS, Ralph. Investigating attention in complex visual


search. Vision research, 2014.

KRIKORIAN, R., BARTOK, J.; GAY, N. Tower of London procedure: a standard


method and developmental data. Journal of Clinical and Experimental
Neuropsychology, 16 (6), 840-850, 1994.

LAND, M. F. Oculomotor behaviour in vertebrates and invertebrates In


Liversedge, S.; Gilchrist, I.; Everling, S.. The Oxford handbook of eye
movements. Oxford University Press, 2011.

102
LAVINE, R. A. et al.. Eye-tracking measures and human performance in a
vigilance task. Aviation, space, and environmental medicine, v. 73, n. 4, p. 367-
372, 2002.

LEZAK, M. D; HOWIESON, D. B.; LORING, D. W. Neuropsychological


assessment (5 Ed.). Oxford University Press, USA, 2016.

LEÓN, C. B. R. et al. Funções executivas e desempenho escolar em crianças


de 6 a 9 anos de idade. Revista Psicopedagogia, v. 30, n. 92, p. 113-120, 2013.

LIN, J. Y.; FRANCONERI, S.; ENNS, J. T. Objects on a collision path with the
observer demand attention. Psychological Science, 19.7: 686-692. 2008.

LIVERSEDGE, S. P.; FINDLAY, J. M. Saccadic eye movements and


cognition. Trends in cognitive sciences, v. 4, n. 1, p. 6-14, 2000.

LIVERSEDGE, S.P., RAYNER, K., WHITE, S.J., VERGILINO-PEREZ, D.,


FINDLAY, J.M.; KENTRIDGE, R.W. Eye movements when reading dis-
appearing text: Is there a gap effect in reading? Vision Research, 44, 1013–
1024. 2004

LUDWIG, C. JH. Saccadic decision-making. In S. P. Liversedge, I. D. Gilchrist;


S. Everling (Eds), The Oxford Handbook Movements (p.426-437). Oxford
University Press, 2011.

MACEDO, E. C. de.; LUKASOVA, K.; OGUSUKO, M. T. Movimentos oculares


na leitura de palavras isoladas por jovens e adultos em alfabetização.
Psicologia: teoria e prática. n. 10, v. 1, p. 113-124, 2008.

MACUGLIA, G. R. et al. Behavioural Assessment of the Dysexecutive


Syndrome (BADS): Adaptação e Evidências de Validade. Psico-
USF, Itatiba, v. 21, n. 2, p. 219-232, 2016.

MAEIR, A.; KRAUSS, S.; KATZ, N.. Ecological validity of the Multiple Errands
Test (MET) on discharge from neurorehabilitation hospital. OTJR: occupation,
participation and health, 2011.

MALLOY-DINIZ, L. F., et al.. Exame das funções executivas. In Malloy-Diniz,

103
L. F., et al. Avaliação Neuropsicologia. (p. 94-114) Artmed Editora, 2010.

MALLOY-DINIZ, L. F., et al.. Neuropsicologia das funções executivas e da


atenção. In Fuentes, D., et al. Neuropsicologia-: Teoria e Prática. (p. 115-138)
Artmed Editora, 2014.

MANES, F. et al. “Real life” executive deficits in patients with focal vascular
lesions affecting the cerebellum. Journal of the neurological sciences, v. 283,
n. 1, p. 95-98, 2009.

MANLY, T. et al.. Rehabilitation of executive function: facilitation of effective


goal management on complex tasks using periodic auditory alerts.
Neuropsychologia, v. 40, n. 3, p. 271-281, 2002.

MARTONI, R. M. et al. Planning functioning and impulsiveness in obsessive–


compulsive disorder. European archives of psychiatry and clinical
neuroscience, p. 1-11, 2017.

MATOS, P.; ALBUQUERQUE, P. B. Explanatory Models of Prospective


Memory: A Theoretical Review. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 30, n. 2, p.
189-196, 2014.

MERCADO, F. et al. The influence of emotional context on attention in anxious


subjects: neurophysiological correlates. Journal of anxiety disorders, , 20.1: 72-
84, 2006.

MELE, M. L.; FEDERICI, S. Gaze and eye-tracking solutions for psychological


research. Cognitive processing, v. 13, n. 1, p. 261-265, 2012.

MILLER, E. K.; COHEN, J. D. An integrative theory of prefrontal cortex


function. Annual review of neuroscience, 24.1: 167-202, 2001.

MILNER, B. Interhemispheric differences in the localization of psychological


processes in man. British medical bulletin, 1971.

104
MIYAKE, A. et al.. The unity and diversity of executive functions and their
contributions to complex “frontal lobe” tasks: A latent variable analysis.
Cognitive psychology, v. 41, n. 1, p. 49-100, 2000.

MIYAKE, A.; FRIEDMAN, N. P. The nature and organization of individual


differences in executive functions: Four general conclusions. Current directions
in psychological science, 21.1: p. 8-14, 2012.

MONTIEL, J. M.; SEABRA, A. G. Teste de atenção por cancelamento. In A. G.


Seabra & N. M. Dias (Eds.). Avaliação neuropsicológica cognitiva: atenção e
funções executivas (p. 48-56). São Paulo: Memnon. 2012.

NAGLIERI, Jack A.; OTERO, Tulio M. Essentials of CAS2 Assessment. John


Wiley & Sons, 2017.

NEWMAN, S. D., et al. Frontal and parietal participation in problem solving in


the Tower of London: fMRI and computational modeling of planning and high-
level perception. Neuropsychologia, 41.12: 1668-1682, 2003.

NIGG, J. T. Is ADHD a disinhibitory disorder?. Psychological bulletin, v. 127, n.


5, p. 571, 2001.

NIGG, J. T. Annual Research Review: On the relations among self‐regulation,


self‐control, executive functioning, effortful control, cognitive control,
impulsivity, risk‐taking, and inhibition for developmental
psychopathology. Journal of child psychology and psychiatry, 2016.

PARSONS, T. D. et al.. A controlled clinical comparison of attention


performance in children with ADHD in a virtual reality classroom compared to
standard neuropsychological methods. Child Neuropsychology, v. 13, n. 4, p.
363-381, 2007.

PARSONS, T. D. Neuropsychological assessment using virtual environments:


enhanced assessment technology for improved ecological validity.
In: Advanced Computational Intelligence Paradigms in Healthcare 6. Virtual
Reality in Psychotherapy, Rehabilitation, and Assessment. Springer Berlin
Heidelberg, 2011. p. 271-289.

105
PARSONS, T. D.;,COURTNEY, C. G. An initial validation of the Virtual Reality
Paced Auditory Serial Addition Test in a college sample. Journal of
Neuroscience Methods, 222, 15–23. 2014

PARSONS, T. D., RIZZO, A. A. Initial validation of a virtual environment for


assessment of memory functioning: Virtual reality cognitive performance
assessment test. CyberPsychology & Behavior, 11, 17–25. 2008.

PEELEN, M. V.; KASTNER, S.. Attention in the real world: toward


understanding its neural basis. Trends in cognitive sciences, v. 18, n. 5, p. 242-
250, 2014.

PINHEIRO, E. M.; KAKEHASHI, T. Y.; ANGELO, M. O uso de filmagem em


pesquisas qualitativas. Revista Latino-Americana de Enfermagem, Ribeirão
Preto, v. 13, n. 5, p. 717- 722, 2005.

OLDFIELD, R. C. The assessment and analysis of handedness: the Edinburgh


inventory. Neuropsychologia, v.9, n.1, p.97-113. 1971.

ORSATI, F. T. et al.. Novas possibilidades na avaliação neuropsicológica dos


transtornos invasivos do desenvolvimento: Análise dos movimentos
oculares. Aval. psicol., Porto Alegre, v. 7, n. 3, dez. 2008.

OTERO, T. M.; BARKER, L. A.. The frontal lobes and executive functioning. In
S. Goldstein, S. J. A. Naglieri (Eds.), Handbook of executive functioning (p. 29-
44). New York: Springer Publishing Company. 2014.

RATCLIFF, R.; HUANG-POLLOCK, C.; MCKOON, G.. Modeling individual


differences in the go/no-go task with a diffusion model. Decision, 2018, 5.1: 42.,
2016.

RAVEN, J. C. Teste das matrizes progressivas: escala geral - manual. Rio de


Janeiro: CEPA, 2008.

RAYNER, K.. Eye movements in reading and information processing: 20 years


of research. Psychological Bulletin, v.124, p. 372–422. 1998.

RAYNER, K. et al. Eye movements and visual encoding during scene

106
perception. Psychological science, v. 20, n. 1, p. 6-10, 2009.

RAYNER, K.; POLLATSEK, A.. Eye movements and scene


perception. Canadian Journal of Psychology/Revue canadienne de
psychologie, v. 46, n. 3, p. 342, 1992.

RENISON, B. et al.. The ecological and construct validity of a newly developed


measure of executive function: the Virtual Library Task. Journal of the
International Neuropsychological Society, v. 18, n. 03, p. 440-450, 2012.

RIZZO, A. A. et al.. A virtual reality scenario for all seasons: the virtual
classroom. Cns Spectrums, v. 11, n. 01, p. 35-44, 2006.

RODRIGUES, S. T. O movimento dos olhos e a relação percepção-


ação. Avanços em Comportamento Motor, p. 122-146, 2001.

ROSE, F. D., et al.. Training in virtual environments: transfer to real world tasks
and equivalence to real task training. Ergonomics, 2000, 43.4: 494-511. 2006.

ROTH R. M., ISQUITH P. K., GIOIA G. A. Behavior Rating Inventory of


Executive Function - Adult Version (BRIEF-A) Lutz, FL: Psychological
Assessment Resources; 2005.

SALMON, E., COLLETTE, F., Functional imaging of executive functions. Acta


Neurologica Belgica, 105(4), 187-196. 2005.

SANTOS, F. H. et al.. CROSS-CULTURAL DIFFERENCES FOR THREE


VISUAL MEMORY TASKS IN BRAZILIAN CHILDREN 1, 2. Perceptual and
motor skills, v. 101, n. 2, p. 421-433, 2005.

SEABRA, A. G. et al.. Inteligência e Funções Executivas: avanços e desafios


para a avaliação neuropsicológica. 1ed. São Paulo: Menon Edições Científicas,
v., p. 95-112. 2014.

SCHLOTTFELDT, C.G.; PEREIRA, D.A.; MALLOY-DINIZ, L.F.; WELTER,


G.M.R.; CARVALHO, A.M. WMT-2: Teste Matrizes de Viena – 2. Centro Editor
de Testes e Pesquisa em Psicologia – CETEPP. 2012.

107
SCHUSTER, R. M.; MERMELSTEIN, R. J.; HEDEKER, D.. Acceptability and
feasibility of a visual working memory task in an ecological momentary
assessment paradigm. Psychological assessment, v. 27, n. 4, p. 1463, 2015.

SIQUEIRA, M. M. M., MARTINS, M. C. F., MOURA, O. I. Construção e


validação fatorial da EAPN: Escala de Ânimo Positivo e Negativo. Revista da
Sociedade de Psicologia do Triângulo Mineiro, v.2, n.3, p.34-40. 1999.

SILVA, C. D. M. O papel do bem-estar psicológico e do perfeccionismo no


desenvolvimento das perturbações alimentares. 2014. Dissertação de
Mestrado.

SKOGLI, E. W. et al... Few differences in hot and cold executive functions in


children and adolescents with combined and inattentive subtypes of ADHD.
Child Neuropsychology, v. 20, n. 2, p. 162-181, 2014.

SMIDT, Guilherme Ribas et al. Análise do tempo de reação a partir do


desempenho motor de adolescentes praticantes do nado Crawl. Motricidade,
v. 11, n. 3, p. 11-19, 2015.

SMITH, R. E., BAYEN, U. J. A multinomial model of event-based prospective


memory. Journal of Experimental Psychology: Learning, Memory, and
Cognition, 30, 756-777, 2004.

SPOONER, D. M.; PACHANA, N. A. Ecological validity in neuropsychological


assessment: a case for greater consideration in research with neurologically
intact populations. Archives of clinical neuropsychology, 2006, 21.4: 327-337.

SOWELL, E.R., et al., Mapping continued brain growth and gray matter density
reduction in dorsal frontal cortex: Inverse relationships during post-adolescent
brain maturation. The Journal of Neuroscience, 21(22), 8819-8829. 2001.

STONE, Arthur A.; SHIFFMAN, Saul. Capturing momentary, self-report data:


A proposal for reporting guidelines. Annals of Behavioral Medicine, v. 24, n. 3,
p. 236-243, 2002.

108
SUMNER, Petroc. Determinants of saccade latency. In S. P. Liversedge, I. D.
Gilchrist; S. Everling (Eds), The Oxford Handbook Movements (p.413-424).
Oxford University Press, 2011.

TATLER, B. W., et al. Eye guidance in natural vision: Reinterpreting


salience. Journal of vision,11.5: 5-5 2011.

TORRALVA, T., et al. “Ecological” and highly demanding executive tasks detect
real-life deficits in high-functioning adult ADHD patients. Journal of Attention
Disorders, 17.1: 11-19, 2013.

TREVISAN, B. T. et al. Adaptação e desenvolvimento de instrumentos para


avaliação de crianças e adolescentes com TDAH, análise de perfil
neuropsicológico e relação com desempenho funcional. 2014.

TREVISAN, B. T., DIAS, N. M., & SEABRA, A. G. Inventário de Dificuldades


em Funções Executivas, Regulação e Aversão ao Adiamento para Adultos
(IFERA-II). Instrumento desenvolvido. 2016.

UNTERRAINER, J. M.; OWEN, A. M. Planning and problem solving: from


neuropsychology to functional neuroimaging. Journal of Physiology - Paris,
99.4: 308-317. 2006.

URBINA, S. Fundamentos da testagem psicológica. Porto Alegre: Artmed,


2007

VAN DEN HEUVEL, Odile A. et al. Frontal-striatal dysfunction during planning


in obsessive-compulsive disorder. Archives of general psychiatry, v. 62, n. 3, p.
301-309, 2005.
VAN EYLEN L., et al. Cognitive flexibility in autism spectrum disorder:
Explaining the inconsistencies? Research in Autism Spectrum Disorders, 5(4),
1390-1401. 2011.

VAN TIMMEREN, Tim, et al. Compulsivity-related neurocognitive performance


deficits in gambling disorder: A systematic review and meta-
analysis. Neuroscience & Biobehavioral Reviews, 2017.

109
VINEGRAD, M. A Revised Adult Dyslexia Check list. Educare, n. 48, p. 3, 1994.

VILLAIN, M. et al. Ecological Assessment Battery for Numbers (EABN) for


brain-damaged patients: Standardization and validity study. Annals of physical
and rehabilitation medicine, v. 58, n. 5, p. 283-288, 2015.

YU, C.; ZHONG, Y.; FRICKER, D.. Selective attention in cross-situational


statistical learning: evidence from eye tracking. Frontiers in psychology, v. 3,
2012.

WATERS, A. J. et al. Cognition and craving during smoking cessation: an


ecological momentary assessment study. Nicotine & tobacco research, v. 16,
n. Suppl_2, p. S111-S118, 2013.

WILSON, B. A., et al. Behavioural assessment of the dysexecutive syndrome.


Thames Valley Test Company, 1996.

WOOD, R. L., LIOSSI, C.. The ecological validity of executive tests in a severely
brain injured sample. Archives of Clinical Neuropsychology, 21(5), 429-437.
2006.

ZAKZANIS, K.K., MRAZ., R., GRAHAM, S. J.; An fMRI study of the Trail Making
Test. Neuropsychologia, 43(13), 1878-1886. 2005.

ZIMMERMANN, N. et al.. Contributions of the Ecological Approach to the


Neuropsychology of Executive Functions. 2015.

110
Anexo A

111
112
113
Anexo B

114
115
Anexo C

INVENTÁRIO DE ANSIEDADE DE BECK - BAI

Abaixo está uma lista de sintomas comuns de ansiedade. Por favor, leia cuidadosamente
cada item da lista. Identifique o quanto você tem sido incomodado por cada sintoma
durante a última semana, incluindo hoje, colocando um “x” no espaço correspondente, na
mesma linha de cada sintoma.

Absolutamente Levemente M oderadamente Gravemente


não
Não me Foi muito Dificilmente
incomodou desagradável mas pude suportar
muito pude suportar

1. Dormência ou formigamento

2. Sensação de calor

3. Tremores nas pernas

4. Incapaz de relaxar

5. Medo que aconteça o pior

6. Atordoado ou tonto

7. Palpitação ou aceleração do coração

8. Sem equilíbrio

9. Aterrorizado

10. Nervoso

11. Sensação de sufocação

12. Tremores nas mãos

13. Trêmulo

14. Medo de perder o controle

15. Dificuldade de respirar

16. Medo de morrer

17. Assustado

18. Indigestão ou desconforto no abdômen

19. Sensação de desmaio

20. Rosto afogueado

21. Suor (não devido ao calor)

116
Anexo D

I nventário de Dominância Lateral de Edimburgo (Oldfield, 1971)

Por favor, indique sua preferência no uso das mãos nas seguintes atividades
pela colocação do sinal + na coluna apropriada. Onde a preferência é tão forte que
você nunca usaria a outra mão a menos que fosse forçado a usá-la, coloque ++. Se em
algum caso a mão utilizada é realmente indiferente, coloque + em ambas as colunas.
Algumas das atividades requerem ambas as mãos. Nestes casos a parte da tarefa, ou
objeto, para qual preferência manual é desejada é indicada entre parênteses.
Por favor, tente responder a todas as questões, e somente deixe em branco se
você não tiver qualquer experiência com o objeto ou tarefa.

Atividade Mão Esquerda Mão Direita


1 Escrever
2 Desenhar
3 Arremessar
4 Uso de tesouras
5 Escovar os dentes
6 Uso de faca (sem garfo)
7 Uso de colher
8 Uso de vassoura (mão
superior)
9 Acender um fósforo (mão do
fósforo)
10 Abrir uma caixa (mão da
tampa)

117
Anexo E
The adult dyslexia checklist - ADC
Veja as questões da tabela abaixo. Essas questões são todas relacionadas a
diferentes áreas da dislexia.
 Leia as questões cuidadosamente e seja honesto ao
respondê-las.
 Por favor, assinale SIM ou NÃO para cada questão (fazendo um ‘X’ na
coluna correspondente). Não esqueça nenhuma delas. Se estiver em dúvida quando
à sua resposta, assinale aquela que lhe parece mais frequente.
SIM NÃO
1. Você, frequentemente, confunde esquerda e direta?
2. Ler um mapa ou encontrar seu caminho em um local estranho lhe
parece confuso?

3. Você se intimida ou não gosta de ler em voz alta?


4. Você leva muito tempo (ou mais tempo do que deveria) para ler uma
página de um livro?
5. Acha difícil se lembrar do sentido/significado do que você leu?
6. Você evita (ou não gosta) de ler livros longos?
7. Na escrita, você comete erros, trocas ou inversões?
8. Sua escrita é difícil de ser lida? (Letra pouco legível)
9. Você fica confuso se tem que falar em público?
10. Tem dificuldade em tomar mensagens ao telefone e passá-las
corretamente?
11. Quando fiz uma palavra longa, você às vezes acha difícil pronunciar
ou lembrar todos os sons na ordem correta?
12. Você tem dificuldade de fazer somas de cabeça, sem usar dedos
ou papel?
13. Quando usa o telefone, você tende a confundir/misturar os números
quando disca?
14. Você tem dificuldade para falar os meses do ano, em ordem, de
uma maneira fluente?
15. Você tem dificuldade em dizer os meses do ano em ordem inversa
(de trás para frente)?
16. Você confunde datas e horários e às vezes perde compromissos?
17. Quando escreve cheques, você frequentemente comete erros?
18. Você acha formulários difíceis e confusos?
19. Você confunde séries de números como 95 e 59?
20. Você achou difícil aprender as tabelas de multiplicação na escola?
ADC – ‘Adaptação preliminar do Adult Dyslexia Checklist’

118
Anexo F

119
Anexo G

120
Anexo H

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO - SUJEITO DE PESQUISA


Gostaríamos de convidá-lo a participar do projeto de pesquisa “Análise do padrão dos
movimentos oculares em uma multitarefa de busca visual em ambiente real e suas relações com as
funções executivas” que se propõe a investigar avaliar o desempenho de jovens em uma multitarefa no
mundo real, bem como verificar se os desempenhos nessas tarefas se relacionam com testes tradicionais
usados para avaliar funções executivas. Assim, como avaliar o comportamento de resolução de
problemas. Esta atividade será realizada em dois encontros, ambos com uso dos óculos SMI Eye
Tracking, o primeiro encontro terá duração de 60 minutos, no Laboratório de Neurociência Cognitiva e
Social, e serão aplicados os instrumentos neuropsicológicos. O segundo encontro terá duração de 60
minutos para a aplicação das escalas e para realização de uma multitarefa de busca no local da biblioteca
central da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Os instrumentos de avaliação serão aplicados pelo
Pesquisador Responsável e tanto os instrumentos de coleta de dados quanto o contato interpessoal
oferecem riscos mínimos aos participantes.
Em qualquer etapa do estudo você terá acesso ao Pesquisador Responsável para o
esclarecimento de eventuais dúvidas (no endereço abaixo), e terá o direito de retirar-se do estudo a
qualquer momento, sem qualquer penalidade ou prejuízo. As informações coletadas serão analisadas em
conjunto com a de outros participantes e será garantido o sigilo, a privacidade e a confidencialidade das
questões respondidas, sendo resguardado o nome dos participantes (apenas o Pesquisador Responsável
terá acesso a essa informação), bem como a identificação do local da coleta de dados.
Qualquer queixa ou reclamação poderá ser enviada à Comitê de Ética em Pesquisa do
Hospital Samaritano Ltda. - Rua Tupi, 676 - Higienópolis - São Paulo/SP. Dúvidas quanto aos
procedimentos éticos da pesquisa poderão ser sanadas no Comitê de Ética em Pesquisa.
Declaro que li e entendi os objetivos deste estudo, e que as dúvidas que tive foram esclarecidas
pelo Pesquisador Responsável. Estou ciente que a participação é voluntária, e que, a qualquer momento
tenho o direito de obter outros esclarecimentos sobre a pesquisa e de retirar-me da mesma, sem qualquer
penalidade ou prejuízo.
Nome do Sujeito de Pesquisa: _______________________________________
Assinatura do Sujeito de Pesquisa: ___________________________________
Declaro que expliquei ao Sujeito de Pesquisa os procedimentos a serem realizados neste estudo,
seus eventuais riscos/desconfortos, possibilidade de retirar-se da pesquisa sem qualquer penalidade ou
prejuízo, assim como esclareci as dúvidas apresentadas.
São Paulo, ______ de _____________________ de 20_____.
___________________________ ______________________________
Tatiana Abrão Jana Prof. Dr. Elizeu Coutinho de Macedo
Pesquisador Responsável Orientador da pesquisa
Universidade Presbiteriana Mackenzie
Rua Piauí, n° 181, 10° andar/(11) 2114-8878

121
Anexo I
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO - INSTITUIÇÃO
Gostaríamos de convidá-lo a participar do projeto de pesquisa “Análise do padrão dos
movimentos oculares em uma multitarefa de busca visual em ambiente real e suas relações com as
funções executivas” que se propõe a investigar e avaliar o desempenho das funções executivas em uma
multitarefa no ambiente real, bem como verificar se os desempenhos nessas tarefas se relacionam com
testes tradicionais usados para avaliar funções executivas. Assim, como avaliar o comportamento de
resolução de problemas através da análise do padrão dos movimentos oculares. Esta atividade será
realizada em dois encontros, ambos com uso dos óculos SMI Eye Tracking, o primeiro encontro terá
duração de 60 minutos, no Laboratório de Neurociência Cognitiva e Social, e serão aplicados os
instrumentos neuropsicológicos. O segundo encontro terá duração de 60 minutos para a aplicação das
escalas e para realização de uma tarefa de busca visual no local da biblioteca central na Universidade
Presbiteriana Mackenzie. Os instrumentos de avaliação serão aplicados pelo Pesquisador Responsável e
tanto os instrumentos de coleta de dados quanto o contato interpessoal oferecem riscos mínimos aos
participantes.
Em qualquer etapa do estudo os participantes e a Instituição terão acesso ao Pesquisador
Responsável para o esclarecimento de eventuais dúvidas (no endereço abaixo), e terão o direito de retirar-
se do estudo a qualquer momento, sem qualquer penalidade ou prejuízo. As informações coletadas serão
analisadas em conjunto com a de outros participantes e será garantido o sigilo, a privacidade e a
confidencialidade das questões respondidas, sendo resguardado o nome dos participantes (apenas o
Pesquisador Responsável terá acesso a essa informação), bem como a identificação do local da coleta de
dados.
Qualquer queixa ou reclamação poderá ser enviada à Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital
Samaritano Ltda. - Rua Tupi, 676 - Higienópolis - São Paulo/SP. Dúvidas quanto aos procedimentos
éticos da pesquisa poderão ser sanadas no Comitê de Ética em Pesquisa.
Assim, considerando-se o exposto, solicitamos o consentimento desta Instituição para o contato
com os Sujeitos de Pesquisa. Desde já agradecemos a sua colaboração.
Declaro que li e entendi os objetivos deste estudo, e que as dúvidas que tive foram esclarecidas
pelo Pesquisador Responsável. Estou ciente que a participação da Instituição e dos Sujeitos de Pesquisa
é voluntária, e que, a qualquer momento tenho o direito de obter outros esclarecimentos sobre a pesquisa
e de retirar-me da mesma, sem qualquer penalidade ou prejuízo.
Nome do Responsável do Setor da Instituição: _______________________________________
Assinatura do Responsável do Setor da Instituição: ___________________________________
Declaro que expliquei ao Responsável pela Instituição os procedimentos a serem realizados
neste estudo, seus eventuais riscos/desconfortos, possibilidade de retirar-se da pesquisa sem qualquer
penalidade ou prejuízo, assim como esclareci as dúvidas apresentadas.
São Paulo, ______ de _____________________ de 20_____.
_____________________________ ______________________________
Tatiana Abrão Jana Prof. Dr. Elizeu Coutinho de Macedo

122

Você também pode gostar