Introdução À Educação A Distância - Ead: Mariana Pícaro Cerigatto

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INTRODUÇÃO

À EDUCAÇÃO
A DISTÂNCIA - EAD

Mariana Pícaro Cerigatto


Avaliação em educação
a distância
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Listar as ferramentas disponíveis nos ambientes virtuais de aprendi-


zagem que auxiliam na avaliação dos alunos.
 Reconhecer a singularidade da avaliação na educação a distância.
 Identificar as modalidades de avaliação e sua aplicabilidade na EaD.

Introdução
A educação a distância (EaD) renova o cenário da educação, trazendo
novas formas de ensinar, aprender e avaliar. Nesse contexto, a avaliação é
um tema de contínuo debate e objeto de pesquisa — é preciso repensar
as concepções, estratégias e práticas avaliativas diante dos desafios da
educação on-line, que é dinâmica. Assim, é fundamental você atentar à
singularidade da avaliação no contexto dos ambientes virtuais de apren-
dizagem (AVAs). Afinal, ela precisa estar em sintonia com as características
que emergem na cultura digital: autoria, coautoria, colaboração e cocriação.
Neste capítulo, você vai estudar as principais ferramentas disponíveis
nos AVAs que auxiliam na avaliação dos alunos, tais como wikis, mundos
virtuais, fóruns, etc. Também vai conhecer as particularidades da avaliação
no ambiente on-line. Além disso, vai ver as modalidades de avaliação mais
utilizadas e propícias para essa conjuntura, com exemplos de aplicabilidade.

Ferramentas de avaliação em EaD


Como você sabe, o ambiente virtual de aprendizagem apresenta várias fer-
ramentas. Essas ferramentas podem ser síncronas — quando a comunicação
acontece em tempo real, como em chats, games, videoconferências, etc. — ou
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assíncronas — caso em que a comunicação não necessariamente acontece em


tempo real (tarefa, wiki, fórum).
As ferramentas interativas e propícias para o ambiente on-line são utilizadas
pedagogicamente para que o aluno se envolva com o conteúdo. Além disso, elas
dão subsídios para a avaliação. Esses instrumentos estão disponíveis nos AVAs,
que são softwares desenvolvidos com interfaces que promovem a comunicação e a
interação do aluno com o conteúdo, o professor, os tutores, os colegas de curso, etc.
Cada ferramenta possibilita determinado tipo de envolvimento e facilita
a compreensão de certo conteúdo. As ferramentas síncronas, por exemplo,
ampliam espaços de sociabilidade e reforçam a criação de vínculos de perten-
cimento. Já as interfaces assíncronas, que não fazem a comunicação em tempo
real, têm a vantagem de possibilitar ao aluno mais momentos de reflexão. Por
exemplo, o fórum é uma forma que favorece o pensar antes de escrever, sendo
que as informações são registradas para posteriormente serem analisadas
(ALVES; BARROS; OKADA, 2009).
Essas ferramentas, do ponto de vista avaliativo, permitem ao professor
acompanhar a trajetória do aluno em um curso a distância, pois fornecem dados
que podem ser coletados para uma avaliação. A seguir, você vai ver as principais
contribuições desses instrumentos para processos de avaliação em EaD.

Fórum
O fórum possibilita construir o conhecimento de forma colaborativa e coope-
rativa a partir de situações-problema ou da leitura de algum material didático
que ocasiona discussão. Propicia refletir sobre os conteúdos e sobre o que
escrever, assim como sobre a solução de problemas. Em termos avaliativos,
o fórum oportuniza a avaliação dialógica, em que se pode acompanhar o
desenvolvimento do aluno — como ele se dispôs a resolver e a colaborar com
as questões apresentadas, etc.

Wiki
A wiki também tem como objetivo a construção colaborativa de conhecimento,
o compartilhamento de informações em rede e o desenvolvimento de compe-
tências entre pares. Oportuniza a construção de conhecimento e a interação,
a troca mútua de competências e o feedback do professor. Além disso, a wiki
potencializa processos de avaliação formativa. Komosinski (2000) afirma que
o trabalho com as wikis incentiva o trabalho em equipe e o desenvolvimento
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de habilidades de interação e comunicação social. Além disso, a contribuição


individual é valorizada no desempenho final do grupo. A wiki ainda cria
condições para a autoria coletiva (ALMEIDA, 2005).

Tarefa
A tarefa está ligada a uma atividade (por exemplo, um desafio, a elaboração
de um texto, de um desenho, de um mapa conceitual, etc.) a ser desenvolvida
pelos alunos e enviada ao AVA em forma de arquivo. O objetivo principal é
incentivar o aluno a buscar informações e construir conhecimento por meio
de atividades de pesquisa, análise, etc. A ideia é que ele assuma uma postura
autônoma no processo de aprendizagem. Esse tipo de atividade permite ao
aluno desenvolver sua autonomia científica na busca e na seleção de infor-
mações, bem como analisá-las antes do envio ao professor. A tarefa permite
ao professor acompanhar o evolução do aluno, oferecendo um feedback e
contribuindo para a formação do educando.

Mundos virtuais e games


Os mundos virtuais em três dimensões são plataformas propícias para a educação
on-line. Como exemplo de mundo virtual, você pode considerar o Second Life. Ele
é uma plataforma on-line que permite ao participante ingressar com um avatar
e interagir com outros avatares, se comunicar, fazer gestos, falar e participar
de atividades que simulam a vida real. Outro exemplo são os jogos on-line, tais
como os Massively Multiplayer Online Role-Playing Games (MMORPGs), que
envolvem vários jogadores de forma massiva, jogando em tempo real.
O objetivo dos mundos virtuais e jogos é envolver os alunos, em tempo
real, em um mundo “paralelo”, com parcial ou total imersão. O intuito é que
eles se sintam sujeitos ativos e participativos, assumam papéis e queiram
contribuir para realizar tarefas e resolver problemas de forma cooperativa.
Por se sentirem sujeitos e adotarem uma postura ativa, os alunos acabam se
envolvendo mais nessas plataformas.
Na EaD, essas ferramentas estão sendo utilizadas aos poucos como AVAs
e efetivas estratégias de ensino e aprendizagem. Afinal, têm a capacidade de
envolver os alunos de forma muito atrativa. A interação on-line contribui para
a cooperação em torno de objetivos a serem atingidos em conjunto — o que
gera campo para a observação e favorece a coleta de dados para uma avaliação
participativa, na qual os alunos podem descrever sua experiência.
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Chat
O chat favorece discussões interativas em tempo real entre os alunos e o professor.
O objetivo é promover habilidades de síntese, senso crítico, comunicação, etc. O
chat pode contribuir para sanar dúvidas sobre o tema estudado, o que auxilia no
processo de aprendizagem, dando ao professor um feedback sobre seu próprio con-
teúdo. Assim, ele pode reavaliar conteúdos que geram mais dúvidas, por exemplo.

Lição/exercícios
Por meio da lição, é possível testar a compreensão do estudante sobre determinado
conteúdo, medir sua capacidade de raciocínio rápido e encadeado, etc. Como
forma de avaliar, a lição contribui para que o professor verifique as questões que
o aluno tentou fazer repetidas vezes. Assim, é possível identificar as principais
dificuldades em relação ao conteúdo. A lição também é uma ferramenta que
oferece subsídios para que se acompanhe o percurso de aprendizagem do aluno.
No Quadro 1, a seguir, você pode ver uma síntese das ferramentas da
educação on-line e as suas contribuições para a avaliação.

Quadro 1. Principais ferramentas da EaD e contribuições para a avaliação

Ferramenta Objetivo Contribuição na avaliação

Fórum Construir o conhecimento Propicia refletir sobre os conteúdos


de forma colaborativa e sobre o que escrever, assim como
e cooperativa, a partir solucionar problemas. Oportuniza a
de situações-problema avaliação dialógica, em que se pode
ou da leitura de algum acompanhar o desenvolvimento
material didático que do aluno — como ele se dispôs
ocasiona discussão. a resolver e colaborar com as
questões do fórum, etc.

Wiki Construir o conhecimento Oportuniza a construção de


de forma colaborativa, conhecimento e a interação
com partilha de entre pares, a troca mútua de
informações em rede competências e o feedback do
e desenvolvimento de professor. Também potencializa
competências entre pares. processos de avaliação formativa.

(Continua)
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(Continuação)

Quadro 1. Principais ferramentas da EaD e contribuições para a avaliação

Ferramenta Objetivo Contribuição na avaliação

Tarefa Incentivar o aluno a Permite ao aluno desenvolver


buscar informações e sua autonomia científica
construir conhecimento na busca e na seleção de
por meio de atividades informações, analisando-as
de pesquisa, análise, etc., antes do envio ao professor.
assumindo uma postura Além disso, permite ao professor
autônoma no processo acompanhar a evolução do aluno,
de aprendizagem. oferecendo feedbak e contribuindo
para a formação do educando.

Mundos Envolver os alunos, Levam os alunos a se sentirem


virtuais e em tempo real, em sujeitos e a adotarem uma postura
games um mundo “paralelo”, ativa. Assim, eles se envolvem
com parcial ou total mais nas plataformas, o que gera
imersão. Eles devem se campo para a observação e
sentir sujeitos ativos e favorece a coleta de dados para
participativos nesses jogos uma avaliação de seu desempenho
e mundos virtuais, assumir durante um jogo, por exemplo.
papéis e contribuir
para realizar tarefas e
resolver problemas de
forma cooperativa.

Chat Favorecer discussões Contribui para sanar dúvidas


interativas em tempo sobre o tema estudado, o que
real entre os alunos e o auxilia na aprendizagem, dando
professor. Além disso, ao professor um feedback sobre
promover habilidades seu próprio conteúdo. Assim, ele
de síntese, senso crítico, pode reavaliar conteúdos que
comunicação, etc. geram mais dúvidas, por exemplo.

Lição/ Testar a compreensão Contribui para que o professor


exercícios do estudante sobre verifique as questões que o
determinado conteúdo, aluno tentou fazer repetidas
medir sua capacidade vezes. Assim, é possível identificar
de raciocínio rápido as principais dificuldades em
e encadeado, etc. relação ao conteúdo. Além
disso, é uma ferramenta que dá
subsídios para que se acompanhe
a aprendizagem do aluno.

Fonte: Adaptado de Miranda (2010), Flores (2009) e Kenski (2004).


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Após apreender as principais potencialidades dessas ferramentas para a


avaliação, você vai ver as particularidades da avaliação em ambientes on-line
de ensino e aprendizagem a distância.

É importante utilizar todas essas ferramentas de forma que as atividades realizadas


tenham seu valor no processo avaliativo. No entanto, é essencial adaptar cada ferra-
menta aos objetivos de cada aula e conteúdo, a fim de favorecer a aprendizagem.
Também é fundamental considerar a familiaridade dos alunos com cada instrumento.

A singularidade da avaliação na EaD


A avaliação da aprendizagem sempre fez parte dos processos educativos. Nos
ambientes on-line, a avaliação tem se revelado um dos grandes desafios. Afinal,
diante das novas possibilidades de aprender na internet, é preciso adaptar o
ato de avaliar, que deve ser redimensionado de acordo com a singularidade
da educação a distância.
No cenário dinâmico em que as tecnologias digitais ganham cada vez
mais importância, a interatividade é um aspecto de especial relevância para
a educação on-line. Para Netto (2006), a partir da diversidade de ferramentas
e interfaces dos AVAs — fóruns, chats, games, etc. —, é possível concretizar
possibilidades educativas que favorecem práticas de autoria, coautoria, cola-
boração e cooperação, com a interatividade como base.
No entanto, certas práticas tradicionais de avaliação têm sido simplesmente
“transportadas” para os ambientes virtuais de aprendizagem. O desempenho
em uma prova presencial, por exemplo, mesmo em cursos a distância, ainda
prevalece sobre os demais resultados obtidos em quaisquer outras formas de
avaliação on-line.
Como você pode observar, a legislação educacional ainda pouco reconhece
as especificidades da EaD, sobretudo a interatividade, que deveria ser o pilar
central de ações avaliativas na educação on-line. Por isso, antes de você es-
tudar mais a fundo a avaliação na EaD, deve entender precisamente em que
consiste esse processo.
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A avaliação e as suas particularidades na EaD


De acordo com Perrenoud (1999), a avaliação é um processo formativo, proces-
sual e que regula as aprendizagens. É centrada no aluno e em suas necessidades
de formação. A avaliação é uma prática contínua que tem como objetivo
contribuir para a melhoria da aprendizagem, evitando a mera reprodução
dos conhecimentos.
A avaliação pode acontecer em mais de uma via. Ela é útil tanto para o
docente — que, por meio da avaliação, reflete e melhora sua prática, suas
estratégias e seus objetivos didáticos — quanto para o aluno — que, por meio
da autoavaliação, reflete sobre a sua própria aprendizagem.
Mesmo em ambientes on-line, os procedimentos de avaliação devem ser
claros e objetivos, além de ser debatidos colaborativamente por todos os
envolvidos. Repensar a avaliação para o ambiente on-line é um processo
de mudança que requer que o professor compreenda as singularidades da
cultura digital, assim como as necessidades da atualidade e do público-alvo
de determinado curso de EaD.
No cenário da EaD, a comunicação é horizontal. Assim, o professor deixa
de ser o centro das atenções na construção de conhecimento para dar espaço a
múltiplas possibilidades de interação, autoria, diálogo, troca de informações e
de opiniões, intervenção, etc. Nessa condição, o docente, na perspectiva de uma
avaliação interativa, tem de ser um “[...] formulador de problemas, provocador
de interrogações, coordenador de equipes de trabalho” (SILVA, 2006, p. 31).
A avaliação tem de estar em sintonia com os processos de inteligência
coletiva, potencializando e valorizando as competências individuais para o
melhor desempenho de atividades em grupo. A avaliação deixa de ser punitiva
e classificatória e se coloca para o aluno como ferramenta que o auxilia em
seu desenvolvimento.

Interatividade e mediação
A avaliação nos AVAs se entrelaça com a interatividade e a mediação. A
mediação deve estar presente em todas as atividades, pois proporciona ao
docente ou tutor um olhar contínuo das construções e intervenções dos alunos
nos AVAs, dos seus progressos e dificuldades, além de permitir as regulações
das aprendizagens em curso. Com a mediação docente e a constante interação,
o aluno, no ambiente virtual, é estimulado a se manter no curso, já que não
há, muitas vezes, o estímulo presencial.
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Se o professor não realiza as mediações necessárias e não interage nas inter-


faces, acaba não dialogando com os alunos. Dessa forma, não tem elementos para
acompanhar o processo de aprendizagem e a avaliação fica mais restrita. Ainda
é fundamental oportunizar várias atividades interativas a partir de uma gama de
ferramentas disponíveis, que depois facilitam a avaliação calcada na interatividade.
Afinal, quando se abre espaço para o aluno intervir, pode-se avaliar sua interação,
verificando se o aluno teve uma postura ativa ou passiva, por exemplo.
A combinação entre atividades síncronas e assíncronas é fundamental para
a coleta de dados para posterior avaliação. Os registros no ambiente virtual
(deixados, por exemplo, por meio de um fórum ou uma tarefa) servem para
que se avalie o aluno, suas dificuldades, seus êxitos, etc. Assim, um ambiente
EaD “bem-sucedido” depende da contínua interatividade e da participação.
Para concluir, você deve notar que a mudança da avalição on-line é ne-
cessária e é um processo contínuo, em constante discussão. Ou seja, o ato de
avaliar na EaD ainda não é uma questão fechada e com fórmulas prontas: é
um assunto em constante revisão.

Os cursos on-line abertos e massivos (Massive Open Online Courses — MOOCs) são
considerados a nova “encarnação” da pedagogia massiva de curso a distância. Eles
chamam a atenção por serem abertos, gratuitos e englobar os mais diversos públicos,
muitas vezes em escala global, sendo que não há a presença física do professor.
Diferentemente dos cursos on-line tradicionais, que incluem o acompanhamento
avaliativo dos alunos matriculados por um professor ou tutor, os MOOCs foram pen-
sados para serem acessados por milhares de pessoas, facilitando a autoaprendizagem.
Algumas das mais renomadas instituições acadêmicas têm ofertado MOOCs, tais como:
University of California, Berkeley; MIT; Harvard; Universidad Autónoma de Barcelona;
e Universidade de São Paulo.

As principais modalidades de avaliação e suas


aplicações na EaD
Como você viu, a avaliação é tema de constante debate na educação e ganha
contornos ainda maiores no contexto da educação a distância. Não há uma
“fórmula” que diz qual é a melhor maneira de avaliar, mas é importante você
considerar as especificidades do ambiente on-line, pautado na interatividade,
como você verificou no tópico anterior.
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De forma geral, a avaliação da aprendizagem acontece em três modalidades:


a avaliação diagnóstica ou inicial, a avaliação formativa ou contínua e a avaliação
final ou somativa. Todas essas três etapas são conjuntas, constituindo um processo.
A formação inicial diagnostica o conhecimento e as habilidades iniciais
dos alunos. Já a avaliação formativa ocorre ao longo do procedimento de
ensino-aprendizagem. É uma avaliação processual ou de desenvolvimento,
que busca acompanhar e até aconselhar os alunos em direção aos objetivos
almejados. Nessa modalidade, o professor deve acompanhar o estudante durante
o percurso no ambiente virtual de aprendizagem, a fim de saber o que ele já
aprendeu, seus progressos e dificuldades, dentro de uma análise crítica de
acordo com os objetivos de aprendizagem. Segundo Perrenoud (1999), toda
avaliação é formativa quando auxilia o aluno a se desenvolver. Ou seja, durante
o processo de ensino-aprendizagem, a avaliação formativa serve para regular
as aprendizagens e atingir os objetivos de um projeto educativo.
A avaliação somativa é a última etapa, que envolve descrição e classifi-
cação. Ela “[...] possibilita ao seu usuário fornecer elementos para julgar sua
importância, seu valor e seu mérito no atingimento dos objetivos e metas
propostas” (BATISTA; GURGEL; SOARES, 2006, p. 7).
Apesar das muitas discussões sobre o tema da avaliação em ambientes
on-line, uma abordagem parece ser unânime: na avaliação da EaD, deve
haver pelo menos duas dimensões e modalidades avaliativas: a formativa e a
somativa. A seguir, você vai conhecer melhor a avaliação formativa, que é a
modalidade mais utilizada nos cursos EaD.

A avaliação formativa na EaD: conceitos e aplicações


A avaliação formativa nos ambientes on-line de educação se fundamenta em
um viés socioconstrutivista. O aluno não é mais considerado passivo, mas
assume um papel ativo, coopera para a resolução de problemas e para atingir
objetivos. Ele constrói de forma conjunta o conhecimento nos ambientes on-line.
A avaliação formativa, por ser contínua, é muito propícia à EaD. Afinal,
permite que o professor acompanhe todas as atividades e passos dados pelo
estudante no AVA, identificando seu estilo de aprendizagem e suas habilidades.
Hadji (2001) apresenta definições metodológicas aos avaliadores. Com
o intuito de fortalecer o processo de avaliação formativa, ele destaca quatro
ações: desencadear; observar e interpretar; comunicar; e remediar (que con-
siste em realizar uma mediação favorável ao aprendizado do aluno). Por meio
desses pilares, é possível acompanhar o percurso dos alunos nos AVAs, além
de formular ações para regular o ensino-aprendizagem, tanto dos estudantes
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quanto dos formadores. Por meio da avaliação formativa, é possível coletar


informações, analisá-las e tomar atitudes ou planejar ações.
Os vários recursos, como você já viu, favorecem a avaliação no ambiente
virtual de aprendizagem. Fóruns, wikis e games, por exemplo, têm potencial para
a realização da avaliação formativa. Por meio dessas ferramentas, os estudantes
apresentam ideias, trocam informações, constroem coletivamente conhecimentos,
cooperam para atingir juntos os objetivos, etc. Além disso, essas ferramentas
possibilitam ao professor coletar dados do desempenho de cada aluno ou grupo.
No Quadro 2, a seguir, você pode ver um exemplo prático de avaliação
formativa no ambiente EaD (HADJI, 2001).

Quadro 2. Modelo de avaliação formativa para ambientes EaD

Modelo baseado em duas etapas

Planejamento Desencadear:
da avaliação 1. Definir os objetivos da avaliação.
2. Definir os critérios para a avaliação das participações.
3. Definir formas de avaliação — autoavaliação,
avaliação por pares, avaliação por um
conjunto de participantes, etc.

Acompanhamento Observar/interpretar, comunicar, remediar


das participações na (fazer as mediações necessárias):
atividade avaliada 1. Realizar o acompanhamento e a mediação
das participações na atividade avaliada.
2. Fazer o ciclo de acompanhamento, que deve
incluir análise (observar e interpretar) e regulação
(comunicar e remediar), em um processo recorrente.

Fonte: Adaptado de Otsuka e Rocha (2005).

Em atividades dos AVAs, é possível aplicar o modelo de avaliação formativa


exposto no Quadro 2. Esse modelo parte da definição de critérios de avaliação e
formas de avaliação, passa pelo acompanhamento e pela coleta de dados por meio
de registro e interações nas ferramentas on-line e chega ao ato de comunicar e
remediar/intervir para ajustar o percurso do educando. O acompanhamento, por
sua vez, inclui o ato de analisar, ou seja, observar com atenção o caminho e as
atividades de cada aluno, interpretando-as. A partir disso, o docente avaliador
deve regular esse percurso por meio da comunicação/discusão de erros e acertos
e da mediação das atividades de cada aluno ou grupo.
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