Apostila 1 Ano
Apostila 1 Ano
Apostila 1 Ano
1ºANO
Professora
Rejanea Alves
Língua
Portuguesa
2020
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Funções da Linguagem
As funções da linguagem são formas de utilização da linguagem segundo a intenção do falante.
Elas são classificadas em seis tipos: função referencial, função emotiva, função poética, função fática, função
conativa e função metalinguística.
Cada uma desempenha um papel relacionado com os elementos presentes na comunicação: emissor, receptor,
mensagem, código, canal e contexto. Assim, elas determinam o objetivo dos atos comunicativos.
Embora haja uma função que predomine, vários tipos de linguagem podem estar presentes num mesmo texto.
Voltada para o contexto da comunicação, esse tipo de texto é escrito na terceira pessoa (singular ou plural)
enfatizando seu caráter impessoal.
Como exemplos de linguagem referencial podemos citar os materiais didáticos, textos jornalísticos e
científicos. Todos eles, por meio de uma linguagem denotativa, informam a respeito de algo, sem envolver
aspectos subjetivos ou emotivos à linguagem.
Na passada terça-feira, dia 22 de setembro de 2015, o real teve a maior desvalorização da sua história. Nesse
dia foi preciso desembolsar R$ 4,0538 para comprar um dólar. Recorde-se que o Real foi lançado há mais de 20
anos, mais precisamente em julho de 1994.
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Função Emotiva ou Expressiva
Também chamada de função expressiva, na função emotiva o emissor tem como objetivo principal
transmitir suas emoções, sentimentos e subjetividades por meio da própria opinião.
Esse tipo de texto, escrito em primeira pessoa, está voltado para o emissor, uma vez que possui um caráter
pessoal.
Como exemplos podemos destacar: os textos poéticos, as cartas, os diários. Todos eles são marcados pelo uso
de sinais de pontuação, por exemplo, reticências, ponto de exclamação, etc.
Meus amores, tenho tantas saudades de vocês … Mas não se preocupem, em breve a mamãe chega e vamos
aproveitar o tempo perdido bem juntinhos. Sim, consegui adiantar a viagem em uma semana!!! Isso quer dizer
que tenho muito trabalho hoje e amanhã.... Quando chegar, quero encontrar essa casa em ordem, combinado?!?
Função Poética
A função poética é característica das obras literárias que possui como marca a utilização do sentido conotativo
das palavras.
Nessa função, o emissor preocupa-se de que maneira a mensagem será transmitida por meio da escolha
das palavras, das expressões, das figuras de linguagem. Por isso, aqui o principal elemento comunicativo é a
mensagem.
Note que esse tipo de função não pertence somente aos textos literários. Também encontramos a função poética
na publicidade ou nas expressões cotidianas em que há o uso frequente de metáforas (provérbios, anedotas,
trocadilhos, músicas).
Apesar de não ter frequentado a escola, dizia que a avó era um poço de sabedoria. Falava de tudo e sobre tudo e
tinha sempre um provérbio debaixo da manga.
Função Fática
A função fática tem como objetivo estabelecer ou interromper a comunicação de modo que o mais
importante é a relação entre o emissor e o receptor da mensagem. Aqui, o foco reside no canal de comunicação.
Esse tipo de função é muito utilizada nos diálogos, por exemplo, nas expressões de cumprimento, saudações,
discursos ao telefone, etc.
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— Bom dia! Precisava marcar uma consulta para o próximo mês, se possível.
— Hum, o Dr. tem vagas apenas para a segunda semana. Entre os dias 7 e 11, qual a sua preferência?
— Dia 8 está ótimo.
Essa função é muito utilizada nas propagandas, publicidades e discursos políticos, a fim de influenciar o
receptor por meio da mensagem transmitida.
Esse tipo de texto costuma se apresentar na segunda ou na terceira pessoa com a presença de verbos no
imperativo e o uso do vocativo.
Exemplos
Vote em mim!
Entre. Não vai se arrepender!
É só até amanhã. Não perca!
Função Metalinguística
A função metalinguística é caracterizada pelo uso da metalinguagem, ou seja, a linguagem que refere-se à ela
mesma. Dessa forma, o emissor explica um código utilizando o próprio código.
Um texto que descreva sobre a linguagem textual ou um documentário cinematográfico que fala sobre a
linguagem do cinema são alguns exemplos.
Nessa categoria, os textos metalinguísticos que merecem destaque são as gramáticas e os dicionários.
Exemplo
Escrever é uma forma de expressão gráfica. Isto define o que é escrita, bem como exemplifica a função
metalinguística.
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Funções da linguagem: Exercícios
1. Identifique a frase em que a função da linguagem predominante é a função referencial.
2. Qual a função da linguagem presente na frase: “Ligue agora! Não perca esta oportunidade!”
a) Função expressiva
b) Função apelativa
c) Função metalinguística
d) Função fática
a) Código
b) Canal
c) Mensagem
d) Receptor
a) Alô? Alô?
b) 1995 foi um ano muito difícil para mim.
c) Que ódio! Que raiva!
d) Claro! Não é mesmo?
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5. Assinale as opções nas quais é usada, habitualmente, a função apelativa ou conativa da linguagem?
a) Discursos políticos
b) Horóscopos
c) Propagandas
d) Dicionários
a) Receptor
b) Contexto
c) Trasmissão
d) Código
e) Emissor
f) Intenção
g) Mensagem
h) Canal
7. Em qual função da linguagem a ênfase é dada ao contexto comunicativo, tendo como principal
objetivo informar o receptor da mensagem sobre um assunto específico?
9. Em qual função da linguagem a ênfase é dada ao código comunicativo, tendo como principal objetivo o
uso de um código que possibilite explicar o próprio código.
a) Função fática
b) Função metalinguística
c) Função referencial ou denotativa
d) Função apelativa ou conativa
10. Qual das seguintes opções não se refere a uma característica da função poética?
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ATIVIDADE SOBRE ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO
11. O pai conversa com a filha ao telefone e diz que vai chegar atrasado para o jantar.
a) o pai
b) a filha
c) fios de telefone
d) o código
e) a fala
a) Só existe comunicação quando a pessoa que recebe a mensagem entende o seu significado.
b) Para entender o significado de uma mensagem, não é preciso conhecer o código.
c) As mensagens podem ser elaboradas com vários códigos, formados de palavras, desenhos, números
etc.
d) Para entender bem um código, é necessário conhecer suas regras.
e) Conhecendo os elementos e regras de um código, podemos combiná-los de várias maneiras, criando
novas mensagens.
13. Uma pessoa é convidada a dar uma palestra em Espanhol. A pessoa não aceita o convite, pois não sabia falar com
fluência a língua Espanhola. Se esta pessoa tivesse aceitado fazer esta palestra seria um fracasso porque:
14. Um guarda de trânsito percebe que o motorista de um carro está em alta velocidade. Faz um gesto
pedindo para ele parar. Neste trecho o gesto que o guarda faz para o motorista parar, podemos dizer que
é:
15. A mãe de Felipe sacode-o levemente e o chama: “FELIPE, ESTÁ NA HORA DE ACORDAR”.
O que está destacado é:
a) o emissor
b) o código
c) o canal
d) a mensagem
e) o referente
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16. Podemos afirmar que Referente é:
17. Observe a imagem ao lado e assinale a única alternativa que contenha apenas as afirmativas
verdadeiras:
I- Este texto apresenta diversos desvios à língua culta, portanto não transmite sua mensagem.
II- O canal em que essa mensagem foi produzida não atrapalha o entendimento da mesma.
III- A mensagem é religiosa, destinada a receptores cristãos.
a) I
b) II
c) III
d) I e III
e) II e III
18. De acordo com a imagem abaixo assinale V ou F nos parênteses e depois assinale a letra correta:
( ) Os sinais feitos com o dedo pelo homem que está atrás do carro não transmitem sentido nesta imagem.
( ) Os sinais feitos com o dedo pelo homem que está atrás do carro são exemplos de linguagem não-verbal.
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A sequência correta é:
a) VFVVFV
b) VFVVFF
c) FFVVFV
d) VFFVFV
Está(ao) INCORRETOS:
a) I, III
b) III, IV
c) IV, VI
d) V e VI
20. Comunicação só poderá existir quando duas ou mais pessoas estiverem interagindo em torno
de uma mensagem, seja ela escrita ou oral por canais, como rádio, telefone, carta, etc. Para que
haja comunicação, é necessária a interação de vários elementos.
Sobre os elementos da comunicação, assinale a alternativa que corresponde ao veículo que permite
a transmissão da mensagem.
a) Emissor.
b) Receptor.
c) Ruído.
d) Canal.
e) Mensagem.
a) I e II, somente.
b) I e III, somente.
c) II, somente.
d) II e III, somente.
e) todos os itens.
22. A afirmação contida no item II pode ser confirmada no trecho: “eram de diversas nações e haviam
sido escolhidas já de propósito assim”. O que se afirma no item I é contraditório em relação ao que se
afirma em II, e o item III está incorreto porque não se menciona no texto a dificuldade no
relacionamento entre as escravas e a administração. No texto, algaravia
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23.
24. Observe a tirinha abaixo e assinale a letra que contenha as afirmativas verdadeiras:
I- A comunicação é iniciada pela personagem feminina através do código da língua portuguesa falada.
II- Pode-se inferir que o personagem masculino, no segundo quadrinho, ignora a interação iniciada pela
companheira, portanto não há comunicação entre eles.
III- A intenção desta tirinha é fazer uma intertextualidade com a atual situação política do nosso Brasil.
a) I apenas
b) II apenas
c) III apenas
d) I e III
e) II e III
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25. Ainda sobre o texto acima, a função da linguagem predominante é a:
a) Metalinguística, pois a personagem feminina usa a língua portuguesa para explicar a má fase do seu
relacionamento.
b) Fática, visto que ela tenta estabelecer um diálogo com o parceiro.
c) Expressiva, uma vez que a personagem feminina expõe o que está sentindo pela má fase do seu
relacionamento.
d) Conativa, pois a personagem feminina tenta convencer o parceiro a discutir a relação.
e) Referencial, porque a personagem feminina avisa ao seu parceiro a real situação da relação deles.
a) O anúncio tem por objetivo conscientizar/persuadir o leitor a aderir a um projeto de proteger a natureza.
b) O anuncio foi criado para explorar o sentido único da expressão “filho da mãe”.
c) O objetivo principal deste texto é passar uma informação.
d) A expressão “filho da mãe” causa estranheza ao leitor e foi usada no sentido pejorativo.
e) O canal para veicular está mensagem é a revista Época e a função da linguagem predominante é a
referencial.
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Camila Toscano (PSDB), Dinaldinho (PSDB), Frei
Anastácio (PT), José Aldemir (PEN), Jutay Menezes
(PRB), Raniery Paulino (PMDB), Renato Gadelha
(PSC) e Tovar Correa Lima (PSDB).
Assinada pelo governador Ricardo Coutinho
(PSB), a matéria suspendeu os reajustes das
remunerações e subsídios dos servidores ativos civis
e militares da administração direta e indireta,
inclusive dos proventos dos servidores inativos e
pensionistas.
(http://opipoco.com.br/)
a) O texto acima é uma notícia em que o código usado para transmiti-la foi o site http://opipoco.com.br/.
b) Segundo o texto, os servidores do estado da Paraíba terão seus salários reajustados em data já marcada pelo
governo.
c) A função da linguagem predominante no texto é a referencial, visto que o texto traz uma informação para o
leitor.
d) Segundo o texto, a MP foi aprovada de forma unânime, isto é, sem resistência nenhuma.
e) A função da linguagem predominante no texto é a metalinguística, visto que o texto explica para o leitor os
motivos da aprovação da MP 242.
28. Leia um diálogo típico das redes sociais e assinale a única alternativa correta:
a) Essa passagem não se concretiza como texto, pois, as regras gramaticais de ortografia, acentuação, utilização
da letra maiúscula etc, são totalmente deixadas de lado pelo autor do scrap.
b) Em um ponto de vista gramatical a passagem não corresponde a um texto porque ela não expressa
claramente a informação que o autor (dele) quis passar.
c) Não corresponde a um texto por não apresentar coesão e coerência, além disso o texto não pode ser
compreendido por causa das falhas gramaticais.
d)Trata-se de um texto verbal coerente, que se manifesta através abreviações e símbolos, os quais, na escrita,
provocam estranheza, mas, lidos no seu lugar de origem, cumprem sua função comunicativa.
e) Trata-se de um texto verbal que evidencia a linguagem digital, e é considerado errado, pois o local em que
foi empregada essa linguagem, o Whatsapp, não é suporte para esses desvios ao português padrão.
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a) O humor do texto está na fala da mulher.
b) O canal neste texto é a porta da geladeira.
c) O código deste texto é a língua portuguesa ( no nível coloquial).
d) A função da linguagem predominante é a referencial, tendo em vista o diálogo dos dois.
e) O emissor da mensagem é a mulher do bêbado.
a) A imagem acima representa como os seis elementos da comunicação trabalham na hora de um diálogo.
Vemos que neste exemplo o código são gestos.
b) A imagem acima representa como os seis elementos da comunicação trabalham na hora de um diálogo.
Vemos que neste exemplo o canal são gestos.
c) A imagem acima representa como os seis elementos da comunicação trabalham na hora de um diálogo.
Vemos que neste exemplo o emissor foi demitido.
d) A imagem acima representa como os seis elementos da comunicação trabalham na hora de um diálogo.
Vemos que neste exemplo não houve comunicação, porque o receptor não captou a mensagem correta.
e) A imagem acima representa como os seis elementos da comunicação trabalham na hora de um diálogo.
Vemos que neste exemplo não houve comunicação, porque o emissor não captou a mensagem correta.
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Fonemas
Fonemas são os sons que produzimos para que possamos expressar nossas ideias e emoções e são considerados
como sendo as menores unidades sonoras que formam as palavras de uma língua. A Fonologia é parte da
Gramática destinada ao estudo sobre a organização e a classificação dos Fonemas. Grande parte dos falantes de
uma língua produz sons que se articulam e formam as palavras, as quais são essenciais para a comunicação
verbal humana e são divididas em unidades menores: as letras e as sílabas. Dessa forma, podemos dizer que as
letras são a representação gráfica do Fonema.
a) Caderno
Letras: c, a, d, e, r, n, o.
Fonemas: / c /, / a /, / d /, / e /, / r /, / n /, / o /.
Na palavra 'caderno', o número de letras (7) representa o número de fonemas (7).
b) Holofote
Letras: h, o, l, o, f, o, t, e.
Fonemas: / o /, / l /, / o /, / f /, / o /, / t /, / e /.
Na palavra 'holofote', o número de letras (8) não corresponde ao número de fonemas (7), já que a letra 'h' não representa nenhum
som/fonema.
c) Nexo
Letras: n, e, x, o.
Fonemas: / n /, / e /, / k /, / s /, / o /.
Na palavra 'nexo', o número de letras (4) não corresponde ao número de fonemas (5). Isso acontece porque,
nessa palavra, a letra 'x' carrega consigo dois sons distintos: 'ks'.
Para falar sobre a classificação dos Fonemas, é importante conhecermos anteriormente os diferentes tipos de
sons/fonemas que são produzidos pela corrente de ar que passa dos pulmões para nossa boca e/ou nariz e que
faz vibrar ou não as nossas pregas vocais:
2. Fonemas Nasais: Quando a corrente de ar é liberada parcialmente pela boca e pelas narinas.
3. Fonemas Sonoros: São aqueles que promovem a vibração das pregas vocais.
4. Fonemas Surdos: São aqueles que não promovem a vibração das pregas vocais.
Agora que você já sabe que as correntes de ar que passam pelas pregas vocais influenciam no surgimento de
diferentes tipos de sons, vejamos, mais detalhadamente, a classificação dos fonemas.
VOGAIS
Na Língua Portuguesa, temos cinco vogais, as quais são consideradas a base das sílabas que compõem as
palavras. São elas: A, E, I, O, U.
As vogais são classificadas de acordo com a sua intensidade, timbre e articulação. Vejamos cada uma delas:
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1. Intensidade: Tônicas, semitônicas e átonas.
2. Timbre: Abertas ou fechadas.
3. Articulação:
a) Pelo modo de pronúncia: oral (passagem pela boca) ou nasal (passagem pela boca e pelo nariz);
b) Pelo ponto (posicionamento da língua na boca ao pronunciar a vogal): posterior, central ou anterior.
SEMIVOGAIS
As semivogais são os fonemas / i / e / u / quando aparecem com outras vogais em uma mesma sílaba. Na
Língua Portuguesa, a semivogal / i / pode ser representada pelas letras 'i' e 'e', e a Semivogal 'u' pode ser
representada pelas letras 'u' e 'o' Em alguns estados brasileiros, a letra 'l' pode ter o som da semivogal 'u',
como na palavra 'milharal', que pode ser pronunciada como [milharaw].
CONSOANTES
Marque a alternativa que esclarece quais são os aspectos da Língua Portuguesa analisados na Fonologia:
Questão 2
a) Sucedida
b) Caminhando
c) Grandes
d) Espelhos
e) Ressoou
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Questão 3
Questão 4
Com relação aos estudos dos Fonemas, há apenas uma alternativa incorreta. Identifique:
a) As semivogais são os fonemas /i/ e /u/ quando aparecem com outras vogais em uma mesma sílaba.
b) Na palavra 'nexo', há 4 letras e 5 fonemas.
c) Fonemas orais são aqueles cuja corrente de ar é liberada apenas pela boca.
d) Com o Novo Acordo Ortográfico, a língua portuguesa possui 18 consoantes e uma semiconsoante, a letra H.
e) As letras são as representações gráficas dos fonemas.
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Fonética e Fonologia
A Gramática registra e descreve todos os aspectos das línguas. Como sabemos, esses aspectos são diversos e
seu estudo é organizados em partes: Fonética e Fonologia, Morfologia e Sintaxe (morfossintaxe), Semântica
e Estilística.
Neste texto vamos refletir a respeito da primeira parte dos estudos da Gramática Descritiva, a Fonética e
Fonologia, que tratam dos aspectos fônicos, físicos e fisiológicos da nossa língua.
Fonética
A Fonética é o estudo dos aspectos acústicos e fisiológicos dos sons efetivos (reais) dos atos de fala no que
se refere à produção, articulação e variedades. Em outras palavras, a Fonética preocupa-se com os sons da
fala em sua realização concreta. Quando um falante pronuncia a palavra 'dia', à Fonética interessa de que
forma a consoante /d/ é pronunciada: /d/ /i/ /a/ ou /dj/ /i/ /a/.
Fonologia
A Fonologia é o estudo dos Fonemas (os sons) de uma língua. Para a Fonologia, o fonema é uma unidade
acústica que não é dotada de significado. Isso significa que os fonemas são os diferentes sons que
produzimos para exprimir nossas ideias, sentimentos e emoções a partir da junção de unidades distintas. Essas
unidades, juntas, formam as sílabas e as palavras.
A palavra 'Fonema' tem origem grega (fono = som + emas = unidades distintas) e representa as menores
unidades sonoras que formam as palavras. As palavras são a unidade básica da interação verbal e são
criadas pela junção de unidades menores: as sílabas e os sons, na fala, ou as sílabas e letras, na escrita.
Os fonemas são classificados em vogais, semivogais e consoantes. Essa classificação existe em virtude dos
diferentes tipos de sons produzidos pela corrente de ar que sai dos nossos pulmões e é liberada, com ou sem
obstáculos, pela boca e/ou pelo nariz.
Fonética – Exercícios
01. Os vocabulários passarinho e querida possuem:
a) 6 e 8 fonemas respectivamente;
b)10 e 7 fonemas respectivamente;
c) 9 e 6 fonemas respectivamente;
d) 8 e 6 fonemas respectivamente;
e) 7 e 6 fonemas respectivamente.
a) 7
b) 12
c) 11
d) 14
e) 15
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03. Qual a palavra que teríamos, se trocássemos a consoante grifada de pata pela sua homorgânica, teremos:
a) bata
b) lata
c) mata
d) cata
e) nata
04. Trocando-se a consoante linguodental da palavra nata pela sua homorgânica, teremos:
a) lata
b) tata
c) nada
d) pata
e) data
a) equestre
b) guerreiro
c) quando
d) poucos
e) ninguém
a) 4 e 2 fonemas
b) 9 e 5 fonemas
c) 8 e 5 fonemas
d) 7 e 7 fonemas
e) 8 e 4 fonemas
a) rosa,deve,navegador;
b) barcos, grande, colado;
c) luta, após,triste;
d) ringue, tão, pinga;
e) que, ser, tão.
a) Papai
b) Azuis
c) Médio
d) Rainha
e) Herói
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09. Assinale a alternativa que apresenta apenas hiatos:
10. Em qual dos itens abaixo todas as palavras apresentam ditongo crescente:
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Morfossintaxe – Ênfase em Regência e Crase: TERMOS LIGADOS AO VERBO –
MORFOLOGIA - Estudo das classes das palavras SINTAXE - Estudo das funções das palavras no contexto
1. Substantivo 1. Sujeito (base “substantiva”)
CONTEÚDO- nomeia os seres, ações, qualidades, sensações, Sujeito Determinado: Simples, Composto, Elíptico, Oracional.
sentimentos etc. Sujeito Indeterminado
FORMA - flexões: gênero, número e grau. Oração sem Sujeito
SINTAXE – aparece como núcleo dos termos.
2. Artigo 2. Predicado
CONTEÚDO – define ou indefine o substantivo. Predicado Verbal – verbo de ação.
FORMA - flexões: gênero, número. Predicado Nominal – verbo de ligação + predicativo do sujeito.
SINTAXE – adjunto adnominal. Predicado Verbo-Nominal – verbo de ação + predicativo.
3. Adjetivo 3. Complementos Verbais (base “substantiva”)
CONTEÚDO- expressa qualidade, característica, modo de ser etc. Objeto Direto – sem preposição obrigatória.
FORMA - flexões: gênero, número e grau. Objeto Direto Preposicionado – com preposição não obrigatória.
SINTAXE – se acompanha um nome, funciona como adjunto Objeto Direto Pleonástico – repetido na oração.
adnominal ou predicativo; Objeto Direto Cognato ou Interno – mesmo radical do verbo.
se substitui o nome: tem valor de substantivo, será núcleo Objeto Indireto – com preposição obrigatória.
de alguns termos ( adjetivo substantivado). Objeto Indireto Pleonástico – repetido na oração.
4. Numeral 4.Agente da Passiva (base “substantiva”)
CONTEÚDO –expressa a quantidade exata de seres de uma espécie ou Termo presente na Voz Passiva: designa o ser que realiza a ação verbal da qual o
a posição exata que eles ocupam em uma sequência. sujeito é o paciente.
FORMA - flexões: gênero, número. - Lembre-se de que Voz Passiva só existe com VTD ou VTDI.
SINTAXE – se acompanha o nome, funciona como adjunto adnominal;
se substitui o nome: tem valor de substantivo, será núcleo de Agente da Passiva é termo preposicionado marcado pela presença das
alguns termos ( numeral substantivado). preposições “por”, “pelo(a)(s)”, “de”, “a”.
5.Pronome 5.Predicativo( base “adjetiva”)
CONTEÚDO –praticamente vazio de significado, mas remete a quem Predicativo do Sujeito
fala, a quem ouve ou a um assunto que se desenvolve. Predicativo do Objeto
FORMA - gênero, número e pessoa.
SINTAXE – se acompanha o nome: tem valor adjetivo e funciona como Caracteriza o nome FORA do termo ao qual se refere.
adjunto adnominal; Aparece sob a forma de
se substitui o nome: tem valor de substantivo, será núcleo Adjetivo ou palavra adjetivada;
de alguns termos( pronome substantivo). Locução adjetiva.
6.Verbo 6.Complemento Nominal (base “locução adjetiva”)
CONTEÚDO –expressa ação, estado, mudança de estado, fenômeno. Termo “argumental”, completa o sentido de um
FORMA - flexões: número, pessoa, tempo, modo, voz e aspecto. -substantivo abstrato;
SINTAXE – verbo funciona como núcleo do predicado, exceto o verbo - adjetivo;
de ligação, que tem função conectiva; - advérbio.
se substitui o nome: tem valor de substantivo, será núcleo
de alguns termos (verbo substantivo). Substantivo abstrato Locução Adjetiva Paciente
VERBO DE AÇÃO VERBO DE LIGAÇÃO Escalada da montanha
Verbo Intransitivo – sem OD e OI Adjetivo Locução Adjetiva
VTD – com OD contrário à concorrência
VTI – com OI Advérbio Locução Adjetiva
VTDI – com OD + OI contrariamente à concorrência
7.Advérbio 7.Adjunto Adverbial (base “adverbial)
CONTEÚDO – expressa uma circunstância (lugar, tempo, modo, Expressam circunstância de lugar, tempo, modo, finalidade, causa,
intensidade, afirmação, negação, dúvida ,causa, ordem, companhia, instrumento, companhia, assunto ou matéria tratada etc.
instrumento, companhia etc.) Aparece sob a forma de
FORMA – é palavra invariável, não sofre flexões. Advérbio ou palavra adverbializada;
SINTAXE – modifica um verbo, adjetivo, outro advérbio ou ainda toda Locução adverbial;
uma afirmativa expressa em uma frase (será oração subordinada Oração adverbial.
adverbial).
8.Preposição 6.Adjunto Adnominal (base “adjetiva”)
CONTEÚDO –pode estabelecer relações de sentido( tipo, lugar, Determinante nominal DENTRO do termo ao qual se refere.
material, posse etc) entre as palavras ou atender a uma necessidade Aparece sob a forma de
determinada por alguns verbos e nomes( substantivos, adjetivos, Artigo;
advérbios) Numeral;
FORMA - é palavra invariável, não sofre flexões. Pronome;
SINTAXE – relaciona palavras, complementando-as ou explicitando-as. Adjetivo;
É um conectivo, palavra de ligação, sem função sintática. Locução Adjetiva ( ligada a substantivo concreto ou a substantivo
abstrato, neste último funciona como Agente do nome).
9.Conjunção 9.Aposto ( base “substantiva”)
CONTEÚDO –é capaz de estabelecer relações lógicas entre as orações Aposto Explicativo
ou termos de igual valor sintático. Aposto Enumerativo
FORMA - é palavra invariável, não sofre flexões. Aposto Restritivo, Especificativo
SINTAXE – relaciona palavras de igual valor sintático ou orações . É Aposto Distributivo
um conectivo, sem função sintática. Aposto Resumitivo
10. Interjeição 10. Vocativo (base “substantiva”)
CONTEÚDO –expressa um sentimento, uma emoção súbita, um Chamamento: cuidado para não confundir com sujeito.
chamamento. De imenso valor conotativo. Manuel, tens razão.
FORMA – é palavra invariável, não sofre flexões. Vocativo: Manuel
SINTAXE – não se relaciona com os demais elementos. tu: sujeito oculto, desinencial, elítico, subentendido
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Termo Regente Termo Regido
Precisamos de Deus.
VTI OI
Confiamos n‟Ele.
VTI OI
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NÍVEL 1
PREPOSIÇÃO: Classe invariável que liga um termo dependente a um termo principal, estabelecendo uma
relação de subordinação entre ambos.
CLASSIFICAÇÃO DA PREPOSIÇÃO
Preposições essenciais a, ante, até, após, com, contra, de , desde, em, entre, para, per, perante, por,
sem , sob, sobre, trás.
Preposições acidentais conforme (de acordo com), consoante, segundo, durante, mediante, visto
( devido a, por causa de), como ...
DESAFIO
1. (FGV –FNDE-2007-N. Médio) ―A primeira é tecnológica: a internet começou, há vários anos, a erodir a receita da
indústria cultural.‖
No trecho acima, é correto afirmar que estão presentes:
(A) três artigos definidos e duas preposições.
(B) três artigos definidos e três preposições.
(C) cinco artigos definidos e uma preposição.
(D) três artigos definidos e uma preposição.
(E) quatro artigos definidos e duas preposições.
―A primeira é tecnológica: a internet começou, há vários anos, a erodir a receita da indústria cultural.‖
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NÍVEL 2
ADVÉRBIO: Classe invariável usada para indicar as circunstâncias em que ocorre a ação verbal.
muito; pouco; mais; menos; sim; certamente; realmente; decerto; não; nem; nunca; jamais tampouco etc.
demasiado; quanto; quão; tanto; tão; efetivamente etc.
assaz; que (equivale a quão); tudo;
nada; todo; bastante; quase etc.
Dúvida Exclusão (*) Inclusão (*)
acaso; porventura; possivelmente; apenas; exclusivamente; salvo; ainda; até; mesmo; inclusivamente; também
provavelmente; quiçá; talvez etc. senão;somente; simplesmente; só; etc.
unicamente etc.
Ordem Designação (*) Interrogação
2. EXCLUSÃO (*) Apenas, salvo, senão, só, somente, menos, exceto, sequer...
―Da família só elas duas morreram‖; ―Ninguém, senão Deus, faria.‖
7. EXPLICAÇÃO Isto é, a saber, por exemplo... ―Por exemplo, ele não veio.‖
8. AFETIVIDADE Felizmente, infelizmente, ainda bem ―Ainda bem que ele não veio.‖
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MAIS UM POUCO DE ADJUNTO ADVERBIAL
NÍVEL 3
A VÍRGULA NO ADJUNTO ADVERBIAL
ADJUNTO ADVERBIAL – vírgula Facultativa, desde que não haja mudança na interpretabilidade.
2. (CESPE – TST – 2008 –Técnico) ―Os trabalhadores cada vez mais precisam assumir novos papéis para
atender às exigências das empresas.
( ) Por constituir uma expressão adverbial deslocada para depois do sujeito, seria correto que a expressão ―cada
vez mais‖ estivesse, no texto, escrita entre vírgulas.
Os trabalhadores cada vez mais precisam assumir novos papeis para atender às exigências das empresas.
25
3. (STF/Analista Judiciário – Revisão de Texto/ CESPE 2008/Questão 105)
Ficou só o nome, cansou-se e inventou um bom-bom de gergelim de excelência ainda sem nome. Ia dar dinheiro.
Esperava para hoje o telefonema de um sujeito e fiz o que pretendia, ser cordial com ele: olha aqui, Átila, eu não
vou fazer o que me pediu, porque me sinto usada, desrespeitada e não negocio, não pechincho, não
converso mais sobre o assunto.
( ) O sintagma ―para hoje‖ poderia ser, no texto, isolado por vírgulas, mantendo-se a correção gramatical e a coesão
textual.
4.(CESPE – TST – 2008 –Técnico) ―O cenário econômico otimista levou os empresários brasileiros a aumentarem a
formalização do mercado de trabalho nos últimos cinco anos.‖
( ) Preservam-se a coerência e a correção do texto ao se deslocar o trecho ―nos últimos cinco anos‖ para depois de
―brasileiros‖ , desde que esse trecho seja seguido de vírgula.
―O cenário econômico otimista levou os empresários brasileiros a aumentarem a formalização do mercado de trabalho nos últimos cinco anos.‖
―O cenário econômico otimista levou os empresários brasileiros nos últimos cinco anos, a aumentarem a formalização do mercado de trabalho.‖
COMENTÁRIOS
26
NÍVEL 4
OBJETO DIRETO X OBJETO INDIRETO X ADJUNTO ADVERBIAL
Aconselho-o a tomar o ônibus cedo. Agradeceu o presente ao namorado. Situa-se na rua Cassiano.
VTDI OD OI VTDI OD OI VI adjunto adverbial de lugar
Aconselho-lhe tomar o ônibus cedo. Paguei a conta ao Banco. Porventura chegaram a casa muito cedo.
VTDI OI OD VTDI OD OI adj adv. dúvida VI adjuntos adverbiais de
lugar, intensidade e tempo
CUIDADO: CUIDADO:
Núcleo: substantivo ou palavra Núcleo: substantivo ou palavra Núcleo: advérbio ou locução adverbial.
substantivada. substantivada.
Completa o sentido do verbo Completa o sentido do verbo Completa o sentido do verbo, adjetivo ou
advérbio.
Exprime CIRCUNSTÂNCIAS
27
NÍVEL 5
PREDICAÇÃO VERBAL
É o estudo do comportamento do verbo na oração. É a partir da predicação verbal que analisamos se ocorre ação
ou fato, se existe qualidade ou estado ou modo de ser de sujeito.
Quanto à predicação verbal, os verbos podem ser:
VERBOS TRANSITIVOS VERBOS INTRANSITIVOS VERBOS DE LIGAÇÃO
São verbos transitivos os que São verbos intransitivos os que não Serve como elemento de ligação
necessitam de complementação verbal, necessitam de complementação verbal, entre o sujeito e seu atributo - o
pois não possuem sentido completo. pois já possuem sentido completo. predicativo do sujeito.
Os verbos transitivos podem ser: Rei Hussein morre aos 63.
a) VTD – Verbo Transitivo Direto Quando VI
exige um complemento sem preposição A aluna é estudiosa
obrigatória - objeto direto (OD): Sujeito VL Predicativo do Sujeito
2ª parcela do IPVA vence hoje.
O sorveteiro derrubou o carrinho. VI
VTD OD Os verbos de ligação não indicam
Um verbo pode ter sua transitividade ação, não são verbos de
Pediu perdão. original modificada pelo contexto no significação, apenas apresentam
VTD OD qual ele aparece. estado, qualidade ou condição do
sujeito.
b) VTI - Verbo Transitivo Indireto Quando
exige um complemento com preposição
Pediu perdão. LISTA DOS PRINCIPAIS:
obrigatória - objeto indireto(OI): VTD OD
Continuar
Pediu. Ele continua infeliz.
Luís gosta de Matemática. VI
VTI OI Andar
Ele anda infeliz ultimamente.
Pediu ao rapaz.
VTi OI
Ficar
Ele ficou infeliz.
c) VTDI -Transitivo Diretos e Indireto Quando
exigem dois complementos, um sem Ele gosta de Matemática.
preposição e outro com preposição VTI OI Estar
obrigatória – OD + OI. Ele está infeliz.
Ele gosta.
VI Ser
(C) Ensinei-o a falar português. Ele é infeliz.
VTDI OD OI
Parece
(C) Ensinei-lhe o idioma inglês. Ele parece infeliz.
VTDI OI OD
28
NÍVEL 6
OBJETO DIRETO
OBJETO DIRETO PLEONÁSTICO
OBJETO DIRETO COGNATO ou INTERNO
OBJETO DIRETO PREPOSICIONADO
OBJETO DIRETO - é o complemento de verbo transitivo direto e um dos complementos do verbo transitivo direto e
indireto; normalmente está ligado ao verbo sem preposição.
Ele quer uma xícara de chá. (Transitivo direto) Entreguei o presente a João. (Transitivo direto e indireto)
Estas belas flores, comprei-as ontem. Os livros, leio-os saboreando como fruta madura.
29
DESAFIOS
Foram analisados vinte modelos teóricos sobre os efeitos do aquecimento global e concluiu-se que, até 2030, a
temperatura média, na maioria dessas regiões, terá aumentado 1 ºC, enquanto as chuvas sazonais, em alguns
locais, como no sul da África e no Brasil, poderão diminuir.
5.( ) A expressão ―as chuvas sazonais‖ (R.14) complementa o sentido da forma verbal ―diminuir‖ (R.15). (Pref.Munic.
Vila Velha/Cargo 22, 23, 24, 25, 26, 27/CESPE 2008/Questão 11)
As chuvas sazonais, em alguns locais, como no sul da África e no Brasil, poderão diminuir.
Para isto existem as escolas: não para ensinar as respostas, mas para ensinar as perguntas. As respostas nos
permitem andar sobre a terra firme, mas somente as perguntas nos permitem entrar pelo mar desconhecido.
6. ( ) As expressões ―as escolas‖ e ―as respostas‖ exercem a mesma função sintática. (Pref. Munic. Vila
Velha/Cargo 22, 23, 24, 25, 26, 27/CESPE 2008/Questão 32)
Se era inteligente, não sabia. Ser ou não inteligente dependia da instabilidade dos outros. Às vezes, o que ele dizia
despertava de repente nos adultos um olhar satisfeito e astuto.
7.( ) Nas linhas 3 e 4, a expressão ―um olhar satisfeito e astuto‖ complementa o sentido da forma verbal
―despertava‖. (Pref. Munic. Vila Velha/Cargo 22, 23, 24, 25, 26, 27/CESPE 2008/Questão 36)
... o que ele dizia despertava de repente nos adultos um olhar satisfeito e astuto.
8.(CESPE) ―TV por Assina e Atura ou TV Acabo com você, diriam honestamente, em suas propagandas: ―assine
este canal e assista, com várias interrupções, a seus programas preferidos, pois os chatíssimos comerciais não
existem só na TV aberta, como você imagina. Filmes novos? Primeiro temos de pagar aquele que já mostramos
vinte vezes.‖
( ) Em ― temos de pagar aquele que já mostramos vinte vezes‖. O emprego do acento indicativo de crase em
―aquele‖ é facultativo, visto que o verbo pagar rege complemento com ou sem preposição ―a‖.
Filmes novos? Primeiro temos de pagar aquele que já mostramos vinte vezes.
30
☺CUIDADO: A PREDICAÇÃO VERBAL PODE VARIAR EM CADA CONTEXTO.
Amamos. Amamos muito. Amamos muito gramática.
O homem é livre, por isso escolhe (a liberdade é eleição), e jamais está pronto, porque lhe é imposto o dever de
optar, de definir-se, de escolher, escolhendo a cada momento, e cada escolha é um instante de sua construção,
mas não é livre para não escolher nem para escolher as condições em que essa escolha ocorre, porque o homem
não é livre para deixar de ser livre.
9. ( ) O vocábulo ―condições‖ (l.6) é núcleo do complemento do verbo ―escolher‖ em suas duas ocorrênciasna
linha 5. (STF/Analista Judiciário – Revisão de Texto/ CESPE 2008/Questão 118)
...mas não é livre para não escolher nem para escolher as condições...
10. (ANÁLISE MORFOSSINTÁTICA) O termo grifado, no trecho abaixo, tem a função sintática de:
O sociólogo José Pastore, especialista em relações do trabalho, cita o crescimento econômico sustentado, uma
educação de boa qualidade e a modernização da legislação trabalhista como três fatores fundamentais para
reverter o quadro de desemprego. "Se tivermos essas três coisas, podemos ter perspectivas de dias melhores pela
frente. Mas é preciso fazer os três", diz.
11. (ANÁLISE MORFOSSINTÁTICA) Assinale a alternativa INCORRETA quanto à sintaxe do termo grifado no
período:
(A) O presidente da Bolsa de Tóquio, Takuo Tsurushima, pediu demissão nesta terça-feira. (objeto direto)
(D) O operador se equivocou em uma operação vinculada à entrada na Bolsa de uma pequena empresa. (núcleo
do sujeito)
(E) Ao invés de vender uma ação da J-Com por 610 mil ienes, ele colocou 610 mil ações da J-Com a um iene a
unidade. (núcleo do objeto direto)
31
NÍVEL 7
OBJETO INDIRETO
OBJETO INDIRETO PLEONÁSTICO
OBJETO INDIRETO - é o complemento de verbo transitivo indireto ou um dos complementos do verbo transitivo
direto e indireto; representa o ser ou coisa a que se destina a ação, ou em cujo proveito ou prejuízo a ação se
realiza.
Quando não representado por pronome átono, virá obrigatoriamente regido de preposição exigida pelo verbo.
Por uma questão de estilo ou quando se quiser realçar o objeto indireto, costuma-se repetir esse termo. Nesse
caso, uma das formas é necessariamente um pronome pessoal átono. Ao termo que repete o objeto indireto dá-se
o nome de objeto indireto pleonástico.
A ele, dei-lhe todo o meu amor. Ofereci-lhes, a José e João, nossa ajuda.
CUIDADO
COLOCAÇÃO DO PRONOME OBLÍQUO ÁTONO – PARTE I
12. (ESAF) ―Sob o direito, o administrador público não age contra a lei. Sob a moral, deve satisfazer o preceito da
impessoalidade, não distinguindo amigos ou inimigos, partidários ou contrários, no tratamento que lhes
dispense ou na atenção às suas reivindicações...‖
( ) Mantém-se a correção gramatical e a coerência textual se a função sintática exercida pelo pronome oblíquo átono
―lhe‖ for exercida por ― a eles‖.
13. (CESGRANRIO Petrobrás – Nível Médio/ 2008) A substituição do complemento verbal pelo pronome pessoal
correspondente, segundo o padrão culto e formal da língua, está INCORRETA em
(A) ―...que representariam diferentes categorias:‖ (l. 3) que as representariam.
(B) ―A cidade inteira veio assistir à competição...‖ (l. 10) A cidade inteira veio lhe assistir.
(D) ―eles não têm experiência...‖ (l. 24) Eles não a têm.
(E) ―...e não ouvi as lindas palavras...‖ (l. 44) e não as ouvi.
32
14. (CETRO) Em todas as alternativas, a expressão destacada pode ser substituída pelo pronome lhe, exceto em:
( ) Amo a Deus.
33
16. (CETRO) ( ) no trecho ―sempre me negará a última migalha. Ainda assim, volta e meia lhe pergunto‖, os
pronomes destacados não exercem a mesma função sintática.
CUIDADO
17. (FCC/TRF/2007) Está INCORRETA a substituição do segmento grifado pelo pronome correspondente na frase:
(A) fazem arrecadação de ingressos -na.
18. (NCE/ANTT/2008) Assinale a alternativa em que houve erro ao se substituir a expressão sublinhada pelo
pronome oblíquo átono.
a) Varreu 95% das formas de vida. ―as‖
34
19. (CETRO) Assinale a alternativa em que NÃO HÁ ERRO quanto ao emprego dos pronomes.
(E) Os funcionários estão descontentes porque a empresa não os pagou conforme combinado.
CUIDADO:
Sempre sei, realmente. Só o que eu quis, todo o tempo, o que eu pelejei para achar, era uma só coisa — a inteira —
cujo significado e vislumbrado dela eu vejo que sempre tive. A que era: que existe uma receita, a norma dum
caminho certo, estreito, de cada uma pessoa viver — e essa pauta cada um tem — mas a gente mesmo, no comum,
não sabe encontrar; como é que, sozinho, por si, alguém ia poder encontrar e saber?
20. ( ) Caso o verbo ―encontrar‖ viesse seguido de complemento, o emprego da forma pronominal -la atenderia às
regras de coesão e coerência textuais. (STF/Analista Judiciário – Revisão de Texto/ CESPE 2008/Questão 84)
a gente mesmo, no comum, não sabe encontrar; como é que, sozinho, por si, alguém ia poder encontrar e saber?
O homem é livre, por isso escolhe (a liberdade é eleição), e jamais está pronto, porque lhe é imposto o dever de
optar, de definir-se, de escolher, escolhendo a cada momento, e cada escolha é um instante de sua construção,
mas não é livre para não escolher nem para escolher as condições em que essa escolha ocorre, porque o homem
não é livre para deixar de ser livre.
21. ( ) O vocábulo ―condições‖ é núcleo do complemento do verbo ―escolher‖ em suas duas ocorrências.
(STF/Analista Judiciário – Revisão de Texto/ CESPE 2008/Questão 118)
35
NÍVEL 8
AGENTE DA PASSIVA
AGENTE DA PASSIVA
É o termo que, na voz passiva analítica (com auxiliar), designa o ser que realiza a ação verbal da qual o sujeito é o
paciente. O agente da passiva vem sempre precedido de preposição:
Substantivo
Exemplo: O vidro foi quebrado pelo garoto. [agente da passiva = pelo garoto]
Pronome substantivo
Exemplo: A bola foi arremessada por ela. [agente da passiva = por ela]
Numeral substantivo
Exemplo: O trabalho foi feito pelos dois. [agente da passiva = pelos dois]
Observações:
36
22. Assinale a alternativa que classifica corretamente o termo destacado da seguinte oração:
O goleiro foi expulso pelo juiz.
a) adjunto adverbial
b) adjunto adnominal
c) agente da passiva
d) objeto indireto
e) sujeito
23. Leia.
a) adjunto adverbial
b) agente da passiva
c) adjunto adnominal
d) objeto direto
e) sujeito paciente
25. Esse texto foi lido por mim. Assinale a alternativa que classifica corretamente o termo destacado.
a) objeto indireto
b) agente da passiva
c) objeto direto
d) adjunto adnominal
e) adjunto adverbial
a) objeto direto
b) objeto indireto
c) complemento nominal
d) sujeito
e) agente da passiva
37
REGÊNCIA E CRASE
NÍVEL 9– CRASE OBRIGATÓRIA DEPENDENTE DE REGÊNCIA
Preposição “a” + “ a(s)” – artigo definido feminino
38
DESAFIOS
CRASE OBRIGATÓRIA - PREPOSIÇÃO “A” + ARTIGO DEFINIDO FEMININO
( E ) Chegou na cidade.
( C ) Chegou à cidade.
27.(CESPE/INSS/2008) ( ) O sentido do período seria mantido, mas a correção gramatical seria prejudicada, caso
se substituísse ―atingi a síntese perfeita‖ por cheguei à síntese perfeita.
28. (CESPE/TST/Nível Médio/2008) ―Os trabalhadores cada vez mais precisam assumir novos papéis para atender
às exigências das empresas.‖
( ) Preservam-se a coerência textual e a correção do texto, ao se substituir a expressão verbal ― para atender‖ pela equivalente
nominal em atendimento, desde que seja retirado o acento grave indicativo crase em ―às exigências‖.
29. (CESPE/TST/Nível. Superior/2008) ― ... e aí eu acho que poderá corresponder àquilo que sempre foi dito: o
trabalho dignifica o ser humano.‖
( ) O sinal indicativo de crase em ―àquilo‖ é resultado da presença da preposição a, regendo o complemento do
verbo corresponder e do pronome demonstrativo aquilo.
39
CRASE OBRIGATÓRIA - PREPOSIÇÃO “A” + A(S) – PRONOME DEMONSTRATIVO
DESAFIO
( ) Mesmo assim, olhando-se para os vizinhos de continente, percebe-se que nossa performance é inferior a que
foi atribuída a Argentina (8,6%) e a alguns outros países com participação menor no conjunto dos bens produzidos
pela América Latina.
APROFUNDAMENTO
Quem vai a
E volta da
Crase no a - à
Quem vai a
E volta de
Crase para quê? - a
31. (CESPE – TR E – MA – 2006) Quanto ao emprego do sinal indicativo de crase, julgue o item:
40
NÍVEL 10 – CRASE PROIBIDA
1. antes de palavra masculina – note que o artigo com nome próprio é facultativo
2. antes de verbo
4. antes de pronome pessoal (eu, tu, ele, ela...) e pronome indefinido ( certa, cada, toda, qualquer ...)
( E ) Este é o filme à cujo diretor nos referimos. CUIDADO: ( C) Esta é a novela à qual me referi.
( C ) Este é o filme a cujo diretor nos referimos. CUIDADO: ( E ) Esta é a novela a qual assistimos.
41
32. (CESPE – TR E – MA – 2006) Quanto ao emprego do sinal indicativo de crase, julgue os fragmentos
apresentados nos seguintes itens.
33. ( ) A extinção da CACEX ocorreu simultaneamente à uma ampla redefinição do quadro em que é formulada e
implementada a política brasileira de comércio exterior
34. ( ) O Brasil tem condições de provar os benefícios do etanol, mas terá de cercar-se de garantias. Zoneamento
ecológico proibindo a cana na Amazônia é uma delas. É suficiente não dar licença de instalação a usinas na
Amazônia já que, dessa forma, não haverá plantio de cana, pois, para a exploração ser viável, a matéria-prima tem
de estar próxima à usina. (PMT/Agente de Tributos Municipais/CESPE 2008/Questão 19)
35. RF/Agente de Polícia/CESPE 2008/Questão 8)( ) Vasculhando o texto de Homero famoso, os astrônomos
encontraram referências a lua nova, condição básica para um eclipse total, as estrelas usadas por Odisseu para
orientar-lhe no retorno à casa e à aparição de Vênus logo após a chegada em Ítaca.
referências a lua nova ... ,as estrelas usadas por .... e à aparição de Vênus ...
Obs. 1: o, os, a, as – pronomes oblíquos átonos fazem, pela regra, papel de Objeto Direto – OD
Lhe, lhes - pronomes oblíquos átonos fazem, pela regra, papel de Objeto Indireto – OI
orientar-lhe
42
36. (FCC/TRF/Técnico Judiciário/2008) O respeito ...... uma série de regras foi fundamental ........ organização dos
grupos sociais, permitindo, dessa forma, ...... evolução da humanidade. As lacunas da frase acima estarão
corretamente preenchidas, respectivamente, por:
(A) a - à – a (B) a - à – à (C) à - a – a (D) a - a – à (E) à - à – a
respeito .......... a uma série de regra fundamental ...... organização permitindo (...) ....... evolução
NÍVEL 11
ALGUNS DOS PRINCIPAIS CASOS DE REGÊNCIA VERBAL
AGRADAR
No sentido de “acarinhar, fazer carinho” No sentido de “ser agradável.”
VTD – X VTI - a
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
ASPIRAR
No sentido de “sorver, inalar,respirar” No sentido de “ almejar.”
VTD – X VTI - a
REVISÃO
O verbo “aspirar” no sentido de desejar é VTI – a, no entanto não aceita os pronomes lhe,
lhes.
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
41. ( ) Aspirava o cargo público.
42. ( ) Aspirava ao cargo público.
43. ( ) Os rapazes aspiravam o sucesso.
44. ( ) Aspirava o ar da montanha.
45. ( ) Ele aspirava à libertação.
46. ( ) Aspiramos à uma terra pacífica.
47. ( ) Aspiramos à aquela terra pacífica.
48. ( ) Aspiramos-lhe.
49. ( ) Aspiramos a ela.
43
VISAR
apontar, pôr visto Desejar
VTD - X VTI – ―a‖
Ela visou o cheque. Ela visou ao cheque.
REVISÃO
O verbo “assistir” no sentido de ver é VTI – a, no entanto não aceita os pronomes lhe,
lhes.
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
ASSISTIR
Morar,residir ver, presenciar ser de competência de dar assistência
VI – em VTI – a VTI – a VTI – a ou VTD –X
Ele assiste no Vaticano. Assisto às novelas. Isto não assiste a você. Ele assistiu às vítimas.
Se a Oração Subordinada Adjetiva tem verbo (Regência Verbal) ou nome (Regência Nominal) que exige
preposição, então a preposição será OBRIGATÓRIA antes do pronome relativo.
44
ESQUECER/ LEMBRAR
não pronominal pronominal ( com a parte integrante do verbo – PIV)
VTD – X VTI – de
Eu esqueci o endereço Eu me esqueci do endereço
OD PIV OI
IMPLICAR
DESAFIOS
72. (Cesgranrio/BNDES/Analista/2008) Assinale a opção cuja regência do verbo apresentado é a mesma do
verbo destacado na passagem ―Ser aceito implica mecanismos mais sutis e de maior alcance...‖ (l. 28-29).
(A) Lembrar-se.
(B) Obedecer.
(C) Visar (no sentido de almejar).
(D) Respeitar.
(E) Chegar.
73. (CESPE/ CLDF/ N. Superior) A liberdade implica o compromisso de fortalecer o poder político contra a
insegurança de abalos institucionais.‖
( ) Em ―implica o compromisso‖, a substituição de ―o‖ por ― com‖ mantém a correção gramatical e a informaçãooriginal do
período
45
74. (CESPE) ―Ela comanda algumas das mais importantes funções do corpo humano.‖
75. (FUNRIO – Ministério da Justiça) Cada época tem sua regência, de acordo com o sentimento do povo, o qual
varia conforme as condições novas da vida. Não podemos seguir hoje exatamente a mesma regência que seguiam
os clássicos; em muitos casos teremos mudado. Por este motivo, falharam completamente todos aqueles que, sem
senso linguístico, estudaram o problema somente à luz dos hábitos clássicos de regência. (Antenor Nascentes, O
Problema da Regência, 1967).
Apesar de estar em fase de incorporação à língua padrão contemporânea, uma das regências abaixo ainda é
apontada como ERRO segundo as normas da língua padrão. Assinale-a.
a) Faltou-me apenas assinar os documentos de liberação para que as malas fossem despachadas.
b) Em vez de obedecer de maneira servil aos regulamentos da confraria, ele optou por demitir-se.
Cuidado – SEMÂNTICA ( em anexo a este material, veja uma relação de palavras e expressões
problemáticas).
c) Comunicamos-lhe que a situação do tráfego aéreo estará totalmente sob controle amanhã mesmo.
e) Para que você vá ao show com minha família, será preciso vestir-se com bastante discrição.
46
APROFUNDAMENTO: PARALELISMO SINTÁTICO – correspondência ou simetria entre duas ideias,
estruturas verbais ou segmentos textuais.
(CESPE – TJDFT – 2003) Quanto ao emprego do sinal indicativo de crase, julgue os fragmentos
DESAFIO!!!
83. (CESPE – Ministério da Integração – Analista – 2009) “Aos olhos do colonialismo, a dignidade da existência
do bárbaro do novo mundo foi reconhecida, apenas, na sua capacidade de incorporar-se às luzes da moral cristã,
da mentalidade capitalista e do racionalismo progressivo do mundo industrial, em sua voracidade insaciável por
recursos naturais, cada vez mais distantes.‖
( ) Mantêm-se o respeito às regras gramaticais e a coerência na argumentação ao se substituir ―em sua‖ tanto por
na sua como por com sua.
47
DICA : REGÊNCIA E ORAÇÃO SUBORDINADA ADJETIVA
Se a Oração Subordinada Adjetiva tem verbo (Regência Verbal) ou nome (Regência Nominal) que exige
preposição, então a preposição será OBRIGATÓRIA antes do pronome relativo.
84. (FGV -2007) Assinale a alternativa em que, alterando-se o trecho construção de um diálogo (...) que as novas
tecnologias permitem (L.89-92), não se obedeceu às regras gramaticais de regência verbal. Ignore as alterações de
sentido em relação ao texto original.
Aludir – VTI – a
Carecer – VTI – de
Proceder (no sentido de dar início) - VTI – a
Referir-se - VTI – a
Atingir - VTD - X
- A preposição nas Orações Substantivas pode vir IMPLÍCITA mesmo se o verbo (RV) ou o nome(RN) da
Oração Principal exigir preposição.
85. (CESPE) ( ) ―Gostaria que esse meu depoimento servisse de incentivo às pessoas.‖ O texto pode ser reescrito
sem prejuízo sintático e sem prejuízo semântico por ― Gostaria de que esse meu depoimento servisse de incentivo
às pessoas.‖
48
NÍVEL 12 : CRASE OBRIGATÓRIA – INDEPENDENTE DE REGÊNCIA – LOCUÇÕES FEMININAS
CUIDADO:Em ―à moda de, à maneira de‖ é comum parte da expressão vir omitida, subentendida, mesmo assim deve
prevalecer obrigatoriamente o acento grave indicativo de crase.
86.(CESPE – DFTRANS – 2007) ―A diferença é que, em São Paulo, os veículos andam, em média, a 24
quilômetros por hora.‖
( )Uma ou outra maneira de escrever a expressão destacada seria à velocidade de 24 quilômetros por hora.
88. ( ) À partir de meados da década passada, o objetivo de aumentar exportações ganhou destaque entre as
prioridades de governo, e as negociações comerciais adquiriram peso crescente na agenda da política de comércio
exterior, tornando-se gradativamente uma questão significativa no debate político doméstico no país.
(MDCI/Analista de Comércio Exterior/Português/CESPE 2008/Questão 8)
49
NÍVEL 13: CRASE FACULTATIVA
- ANTES DE PRONOME POSSESSIVO FEMININO SINGULAR
CUIDADO
( ) Ela fez referência à sua mãe e a seu pai.
( ) Ela fez referência a sua mãe e a seu pai.
( ) Ela fez referência à sua mãe e ao seu pai.
CUIDADO
( ) Ela fez referência à cirurgia de sua mãe e não a minha..
CUIDADO
( ) Fiz alusão a Vossa Excelência.
( ) Fiz alusão a Vossa Senhoria.
A letra de Ivor Lancellotti emprega adequadamente o acento de crase. Também está correto esse uso em
a) Deixei o carro no lava à jato e fui à sua confeitaria escolher uns doces.
c) Daqui à uma hora irei até à piscina para examinar a água e o cloro.
50
DESAFIOS
( ) Viviam de uma economia adequada a manutenção de seus exércitos ( a pecuária e o saque) , mas que levou
seus dirigentes sedentários à um beco sem saída histórico.
Viviam de uma economia adequada a manutenção de seus exércitos ( a pecuária e o saque) , mas...
( ) Conquistou a China, estendendo depois seu império até a Pérsia, a Turquia, a Rússia e a Ucrânia.
COMENTÁRIOS
51
APROFUNDAMENTO: ADVÉRBIO X ADJETIVO
Adjetivo Advérbio
Muito, muita, muitos, muitas Muito, muitíssimo
Rápido, rápida, rápidos, rápidas Rápido, rapidamente
Pouco, pouca, poucos, poucas Pouco, pouquíssimo
Bom Bem
Muitos advérbios derivam de adjetivos pelo acrésci mo do sufixo -mente à forma feminina do adjetivo, se houver.
Em outros casos, não temos diferença morfológica notável entre adjetivo e advérbio, exceto as flexões de gênero e
número no adjetivo. Por exemplo:
Adjetivos: Muitas soluções, muitos problemas, mu ito tempo, muita intriga.
Advérbios: Muito bacanas, muito complexos, muit o suja, muito limpo, viajou muito, muito bem.
As semelhanças entre adjetivos e advérbios são acentuadas no aspecto semântico. Já no aspecto morfossintático,
observam-se diferenças como se vê na tabela a seguir:
Característica Adjetivo Advérbio
Flexão em gênero Sim Não
Flexão em número Sim Não
Flexão em grau Sim Em alguns casos
Classes que determina Substantivos Verbos
Adjetivos
Advérbios
Próximo a, próximo de
Locução Adverbial Locução Adjetiva
Não varia se for adjunto adverbial Varia se for adjetivo. Será adjetivo em duas situações:
- quando estiver modificando o verbo. - quando houver verbo de ligação e próximo, portanto,
for predicativo.
Não conseguiu chegar próximo à área adversária. Aurora estava próxima da rua onde nasceu.
52
PARADA OBRIGATÓRIA: GRAU COMPARATIVO DOS ADVÉRBIOS
Muitos advérbios variam em grau (não em gênero, não em número, sim em grau).
Quanto ao grau, apesar de pertencer à categoria das palavras invariáveis, o advérbio pode apresentar
variações de grau comparativo ou superlativo.
COMPARATIVO:
(*) As formas mais bem e mais mal são usadas diante de particípios adjetivados.
Grau comparativo de superioridade: melhor ou mais grau comparativo de superioridade: pior ou mais mal
bem; (não se seja tentado a pensar que é o grau superlativo
de inferioridade, simplesmente por ser antônimo do
Grau superlativo absoluto: muito bem. anterior – bem);
53
ATENÇÃO: Melhor e pior podem corresponder a mais bem / mal (adv.) ou a mais bom / mau (adjetivo).
Superlativo Sintético
sintético - advérbio + sufixo -issimamente, -íssimo ou -inho.
Acordo cedinho.
Havendo dois ou mais advérbios terminados em -mente, numa mesma frase, somente se coloca o sufixo no
último deles.
Superlativo Analítico
analítico - O advérbio flexiona-se no grau superlativo absoluto analítico por meio de um advérbio de intensidade
como muito, pouco, demais, assaz, tão, tanto....
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Melhor ou mais bem? Pior ou mais mal?
Normalmente é melhor ou pior: ―este casaco fica-te bem, mas aquele fica-te melhor―; ou seja, ―este fica-te pior
do que aquele―.
Quando, porém, estes dois advérbios – bem, mal – se usam afetando (os advérbios afetam outras palavras e até
por isso mesmo é que se chamam ―advérbios‖) um particípio verbal, assumem normativamente (ou seja,
obrigatoriamente) a forma „mais bem‘ e ‗mais mal‘.
Note-se: antes de qualquer particípio verbal (passado), quer se trate da forma regular ou irregular do particípio
Não esqueçam: antes de particípio, sempre, mas sempre: mais bem, mais mal.
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PALAVRAS OXÍTONAS, PAROXÍTONAS E PROPAROXÍTONAS
EXERCÍCIOS DE TONICIDADE
3) Identifique em cada uma delas a sílaba que foi pronunciada de maneira mais
forte.
- Você - Aquário - Ópera
4) Em cada uma dessas palavras, a sílaba que foi pronunciada de maneira mais forte
é a última, a penúltima ou a antepenúltima?
- Você: _____________
- Aquário: _____________
- Ópera: _____________
_____________
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Exercícios sobre Funções da Linguagem
As funções da linguagem são classificadas em seis tipos: função referencial, função emotiva, função poética,
função fática, função conativa e função metalinguística.
Relacionadas com os usos da linguagem, cada uma possui uma função de acordo com os elementos da
comunicação.
Lembre-se que esse tema está muito presente nos vestibulares, Enem e concursos. Por isso, teste já seus
conhecimentos sobre as funções da linguagem com exercícios de vestibular e confira o gabarito das questões.
1. (UEMG-2006) Assinale a alternativa em que o(s) termo(s) em negrito do fragmento citado NÃO contém
(êm) traço(s) da função emotiva da linguagem.
a) Os poemas (infelizmente!) não estão nos rótulos de embalagens nem junto aos frascos de remédio.
b) A leitura ganha contornos de “cobaia de laboratório” quando sai de sua significação e cai no ambiente
artificial e na situação inventada.
c) Outras leituras significativas são o rótulo de um produto que se vai comprar, os preços do bem de consumo,
o tíquete do cinema, as placas do ponto de ônibus (...)
d) Ler e escrever são condutas da vida em sociedade. Não são ratinhos mortos (...) prontinhos para ser
desmontados e montados, picadinhos (...)
I. Resolvi estabelecer-me aqui na minha terra, município de Viçosa, Alagoas, e logo planeei adquirir a
propriedade S. Bernardo, onde trabalhei, no eito, com salário de cinco tostões.
II. Uma semana depois, à tardinha, eu, que ali estava aboletado desde meio-dia, tomava café e conversava,
bastante satisfeito.
III. João Nogueira queria o romance em língua de Camões, com períodos formados de trás para diante.
IV. Já viram como perdemos tempo em padecimentos inúteis? Não era melhor que fôssemos como os bois?
Bois com inteligência. Haverá estupidez maior que atormentar-se um vivente por gosto? Será? Não será? Para
que isso? Procurar dissabores! Será? Não será?
V. Foi assim que sempre se fez. [respondeu Azevedo Gondim] A literatura é a literatura, seu Paulo. A gente
discute, briga, trata de negócios naturalmente, mas arranjar palavras com tinta é outra coisa. Se eu fosse
escrever como falo, ninguém me lia.
a) III e V.
b) I e II.
c) I e IV.
d) III e IV.
e) II e V.
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3. (PUC/SP-2001)
A Questão é Começar
Coçar e comer é só começar. Conversar e escrever também. Na fala, antes de iniciar, mesmo numa livre
conversação, é necessário quebrar o gelo. Em nossa civilização apressada, o “bom dia”, o “boa tarde, como
vai?” já não funcionam para engatar conversa. Qualquer assunto servindo, fala-se do tempo ou de futebol. No
escrever também poderia ser assim, e deveria haver para a escrita algo como conversa vadia, com que se divaga
até encontrar assunto para um discurso encadeado. Mas, à diferença da conversa falada, nos ensinaram a
escrever e na lamentável forma mecânica que supunha texto prévio, mensagem já elaborada. Escrevia-se o que
antes se pensara. Agora entendo o contrário: escrever para pensar, uma outra forma de conversar.
Assim fomos “alfabetizados”, em obediência a certos rituais. Fomos induzidos a, desde o início, escrever
bonito e certo. Era preciso ter um começo, um desenvolvimento e um fim predeterminados. Isso estragava,
porque bitolava, o começo e todo o resto. Tentaremos agora (quem? eu e você, leitor) conversando entender
como necessitamos nos reeducar para fazer do escrever um ato inaugural; não apenas transcrição do que
tínhamos em mente, do que já foi pensado ou dito, mas inauguração do próprio pensar. “Pare aí”, me diz você.
“O escrevente escreve antes, o leitor lê depois.” “Não!”, lhe respondo, “Não consigo escrever sem pensar em
você por perto, espiando o que escrevo. Não me deixe falando sozinho.”
Pois é; escrever é isso aí: iniciar uma conversa com interlocutores invisíveis, imprevisíveis, virtuais apenas,
sequer imaginados de carne e ossos, mas sempre ativamente presentes. Depois é espichar conversas e novos
interlocutores surgem, entram na roda, puxam assuntos. Termina-se sabe Deus onde.
Observe a seguinte afirmação feita pelo autor: “Em nossa civilização apressada, o “bom dia”, o “boa tarde”
já não funcionam para engatar conversa. Qualquer assunto servindo, fala-se do tempo ou de futebol.” Ela faz
referência à função da linguagem cuja meta é “quebrar o gelo”. Indique a alternativa que explicita essa função.
a) Função emotiva
b) Função referencial
c) Função fática
d) Função conativa
e) Função poética
4. (Enem-2007)
O canto do guerreiro
Aqui na floresta
Dos ventos batida, Façanhas de bravos
Não geram escravos,
Que estimem a vida
Sem guerra e lidar.
— Ouvi-me, Guerreiros,
— Ouvi meu cantar.
Valente na guerra,
Quem há, como eu sou?
Quem vibra o tacape
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Com mais valentia?
Quem golpes daria
Fatais, como eu dou?
— Guerreiros, ouvi-me;
— Quem há, como eu sou?
(Gonçalves Dias.)
Macunaíma (Epílogo)
Não havia mais ninguém lá. Dera tangolomângolo na tribo Tapanhumas e os filhos dela se acabaram de um em
um. Não havia mais ninguém lá. Aqueles lugares, aqueles campos, furos puxadouros arrastadouros meios-
barrancos, aqueles matos misteriosos, tudo era solidão do deserto... Um silêncio imenso dormia à beira do rio
Uraricoera. Nenhum conhecido sobre a terra não sabia nem falar da tribo nem contar aqueles casos tão
pançudos. Quem podia saber do Herói?
(Mário de Andrade.)
a) a função da linguagem centrada no receptor está ausente tanto no primeiro quanto no segundo texto.
b) a linguagem utilizada no primeiro texto é coloquial, enquanto, no segundo, predomina a linguagem formal.
c) há, em cada um dos textos, a utilização de pelo menos uma palavra de origem indígena.
d) a função da linguagem, no primeiro texto, centra-se na forma de organização da linguagem e, no segundo, no
relato de informações reais.
e) a função da linguagem centrada na primeira pessoa, predominante no segundo texto, está ausente no
primeiro.
5. (Enem-2012)
Desabafo
Desculpem-me, mas não dá pra fazer uma cronicazinha divertida hoje. Simplesmente não dá. Não tem como
disfarçar: esta é uma típica manhã de segunda-feira. A começar pela luz acesa da sala que esqueci ontem à
noite. Seis recados para serem respondidos na secretária eletrônica. Recados chatos. Contas para pagar que
venceram ontem. Estou nervoso. Estou zangado.
Nos textos em geral, é comum a manifestação simultânea de várias funções da linguagem, com o predomínio,
entretanto, de uma sobre as outras. No fragmento da crônica Desabafo, a função da linguagem predominante é
a emotiva ou expressiva, pois
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6. (Ibmec-2006)
Quando o Chico Buarque escreveu o verso acima, ainda não tinha o “que você nem leu”. A palavra Neruda -
prêmio Nobel, chileno, de esquerda - era proibida no Brasil. Na sala da Censura Federal o nosso poeta negociou
a proibição. E a música foi liberada quando ele acrescentou o “que você nem leu”, pois ficava parecendo que
ninguém dava bola para o Neruda no Brasil. Como eram burros os censores da ditadura militar! E coloca burro
nisso!!! Mas a frase me veio à cabeça agora, porque eu gosto demais dela. Imagine a cena. No meio de uma
separação, um dos cônjuges (me desculpe a palavra) me solta esta: me devolva o Neruda que você nem leu!
Pense nisso.
Pois eu pensei exatamente nisso quando comecei a escrever esta crônica, que não tem nada a ver com o Chico,
nem com o Neruda e, muito menos, com os militares.
É que eu estou aqui para dizer um tchau. Um tchau breve porque, se me aceitarem - você e o diretor da revista -
, eu volto daqui a dois anos. Vou até ali escrever uma novela na Globo (o patrão vai continuar o mesmo) e
depois eu volto.
Mas aí você vai dizer assim: pó, escrever duas crônicas por mês, fora a novela, o cara não consegue? O que é
uma crônica? Uma página e meia. Portanto, três páginas por mês e o cara me vem com esse papo de Neruda?
Preguiçoso, no mínimo.
Quando faço umas palestras por aí, sempre me perguntam o que é necessário para se tornar um escritor. E eu
sempre respondo: talento e sorte. Entre os 10 e 20 anos, recebia na minha casa O Cruzeiro, Manchete e o jornal
Última Hora. E lá dentro eu lia (me invejem): Paulo Mendes Campos, Rubem Braga, Fernando Sabino, Millôr
Fernandes, Nelson Rodrigues, Stanislaw Ponte Preta, Carlos Heitor Cony. E pensava, adolescentemente:
quando eu crescer, vou ser cronista.
Bem ou mal, consegui meu espaço. E agora, ao pedir de volta o livro chileno, fico pensando em como eu me
sentiria se, um dia, um desses aí acima escrevesse que iria dar um tempo. Eu matava o cara! Isso não se faz
com o leitor (desculpe, minha amiga, não estou me colocando no mesmo nível deles, não!)
E deixo aqui uns versinhos do Neruda para as minhas leitoras de 30 e 40 anos (e para todas):
(Prata, Mario. Revista Época. São Paulo. Editora Globo, Nº - 324, 02 de agosto de 2004, p. 99)
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Relacione os fragmentos abaixo às funções da linguagem predominantes e assinale a alternativa correta.
I - “Imagine a cena”.
II - “Sou um homem de sorte”.
III - “O que é uma crônica? Uma página e meia. Portanto, três páginas por mês e o cara me vem com esse papo
de Neruda?”.
7. (Fuvest-2004)
Observe, ao lado, esta gravura de Escher: Na linguagem verbal, exemplos de aproveitamento de recursos
equivalentes aos da gravura de Escher encontram-se, com frequência,
a) nos jornais, quando o repórter registra uma ocorrência que lhe parece extremamente intrigante.
b) nos textos publicitários, quando se comparam dois produtos que têm a mesma utilidade.
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c) na prosa científica, quando o autor descreve com isenção e distanciamento a experiência de que trata.
d) na literatura, quando o escritor se vale das palavras para expor procedimentos construtivos do discurso.
e) nos manuais de instrução, quando se organiza com clareza uma determinada sequência de operações.
8. (Unifesp-2002)
Texto I:
Texto II:
Texto III:
Texto IV:
Texto V:
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Dois dos cinco textos transcritos expressam sentimentos de incontida revolta diante de situações inaceitáveis.
Esse transbordamento sentimental se faz por meio de frases e recursos linguísticos que dão ênfase à função
emotiva e à função conativa da linguagem. Esses dois textos são:
a) I e IV.
b) II e III.
c) II e V.
d) III e V.
e) IV e V.
9. (Enem-2014)
O telefone tocou.
— Alô? Quem fala?
— Como? Com quem deseja falar?
— Quero falar com o sr. Samuel Cardoso.
— É ele mesmo. Quem fala, por obséquio?
— Não se lembra mais da minha voz, seu Samuel?
Faça um esforço.
— Lamento muito, minha senhora, mas não me lembro. Pode dizer-me de quem se trata?
Pela insistência em manter o contato entre o emissor e o receptor, predomina no texto a função
a) metalinguística.
b) fática.
c) referencial.
d) emotiva.
e) conativa.
10. (Insper-2012)
(Tristan Tzara)
A metalinguagem, presente no poema de Tristan Tzara, também é encontrada de modo mais evidente em:
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a) Receita de Herói
Tome-se um homem feito de nada
Como nós em tamanho natural
Embeba-se-lhe a carne
Lentamente
De uma certeza aguda, irracional
Intensa como o ódio ou como a fome.
Depois perto do fim
Agite-se um pendão
E toque-se um clarim
Serve-se morto.
FERREIRA, Reinaldo. Receita de Herói. In: GERALDI, João Wanderley. Portos de passagem. São Paulo: Martins Fontes, 1991, p.185.
b)
c)
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d)
e)
11. (UFS)
Disparidades raciais
Fator decisivo para a superação do sistema colonial, o fim do trabalho escravo foi seguido pela criação do mito
da democracia racial no Brasil. Nutriu-se, desde então, a falsa ideia de que haveria no país um convívio cordial
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entre as diversas etnias.
Aos poucos, porém, pôde-se ver que a coexistência pouco hostil entre brancos e negros, por exemplo,
mascarava a manutenção de uma descomunal desigualdade socioeconômica entre os dois grupos e não advinha
de uma suposta divisão igualitária de oportunidades.
O cruzamento de alguns dados do último censo do IBGE relativos ao Rio de Janeiro permite dimensionar
algumas dessas inequívocas diferenças. Em 91, o analfabetismo no Estado era 2,5 vezes maior entre negros do
que entre brancos, e quase 60% da população negra com mais de 10 anos não havia conseguido ultrapassar a 4ª.
série do 1º. grau, contra 39% dos brancos. Os números relativos ao ensino superior confirmam a cruel
seletividade imposta pelo fator socioeconômico: até aquele ano, 12% dos brancos haviam concluído o 3º. Grau,
contra só 2,5% dos negros.
É inegável que a discrepância racial vem diminuindo ao longo do século: o analfabetismo no Rio de Janeiro era
muito maior entre negros com mais de 70 anos do que entre os de menos de 40 anos. Essa queda, porém, ainda
não se traduziu numa proporcional equalização de oportunidades.
Considerando que o Rio de Janeiro é uma das unidades mais desenvolvidas do país e com acentuada tradição
urbana, parece inevitável extrapolar para outras regiões a inquietação resultante desses dados.
Considerando as funções que a linguagem pode desempenhar, reconhecemos que, no texto acima, predomina a
função:
12. (Enem-2014)
Há o hipotrélico. O termo é novo, de impensada origem e ainda sem definição que lhe apanhe em todas as
pétalas o significado. Sabe-se, só, que vem do bom português. Para a prática, tome-se hipotrélico querendo
dizer: antipodático, sengraçante imprizido; ou talvez, vicedito: indivíduo pedante, importuno agudo, falta de
respeito para com a opinião alheia. Sob mais que, tratando-se de palavra inventada, e, como adiante se verá,
embirrando o hipotrélico em não tolerar neologismos, começa ele por se negar nominalmente a própria
existência.
(ROSA, G. Tutameia: terceiras estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001) (fragmento).
Nesse trecho de uma obra de Guimarães Rosa, depreende-se a predominância de uma das funções da
a) metalinguística, pois o trecho tem como propósito essencial usar a língua portuguesa para explicar a própria
língua, por isso a utilização de vários sinônimos e definições.
b) referencial, pois o trecho tem como principal objetivo discorrer sobre um fato que não diz respeito ao
escritor ou ao leitor, por isso o predomínio da terceira pessoa.
c) fática, pois o trecho apresenta clara tentativa de estabelecimento de conexão com o leitor, por isso o emprego
dos termos “sabe-se lá” e “tome-se hipotrélico”.
d) poética, pois o trecho trata da criação de palavras novas, necessária para textos em prosa, por isso o emprego
de “hipotrélico”.
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e) expressiva, pois o trecho tem como meta mostrar a subjetividade do autor, por isso o uso do advérbio de
dúvida “talvez”.
13. (Enem-2013)
Lusofonia
rapariga: s.f., fem. de rapaz: mulher nova; moça; menina; (Brasil), meretriz.
O texto traz em relevo as funções metalinguística e poética. Seu caráter metalinguístico justifica-se pela
Figuras semânticas
1. Metáfora
“Deixe a meta do poeta, não discuta / Deixe a sua meta fora da disputa / Meta dentro e fora, lata absoluta /
Deixe-a simplesmente metáfora” (Metáfora — Gilberto Gil)
A metáfora é, provavelmente, a figura de linguagem que mais utilizamos no nosso dia a dia. Ela se baseia em
uma comparação implícita, sem o elemento comparativo (“como” ou “tal qual”, por exemplo), em que uma
característica de determinada coisa é atribuída ao elemento metaforizado.
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Consiste em usar a palavra referente a essa coisa no lugar da característica propriamente dita, depreendendo
uma relação de semelhança que, por termos uma linguagem flexível e complexa, conseguimos entender.
Por exemplo, se dizemos que “Maria Rita é uma flor”, nosso cérebro já tem mecanismos para compreender que
o que queremos dizer é que ela é delicada, perfumada, bonita etc., e não que ela seja literalmente uma flor.
Para textos na web, é interessante utilizar algumas metáforas para validar seus argumentos e enriquecer
linguisticamente o seu texto.
Se você está escrevendo sobre novas tecnologias, por que não contar com metáforas referentes a objetivos
tecnológicos? Dessa forma, seu leitor ficará mais preso ao tema proposto e sua produção lhe parecerá mais
atraente e bem escrita.
Mas tenha cuidado, pois há mais de uma possibilidade de interpretação da metáfora, já que a identificação entre
os dois elementos em comum pode ficar por conta do leitor. Portanto, procure esclarecer ao máximo o que você
quer dizer quando usar esse recurso.
2. Símile ou Comparação
“Te ver e não te querer (…) / É como mergulhar no rio / E não se molhar / É como não morrer de frio / No
gelo polar” (Te Ver — Samuel Rosa, Lelo Zaneti e Chico Amaral)
A símile é, assim como a metáfora, uma figura de comparação — mas, dessa vez, explícita. Como assim?
A metáfora é mais subjetiva, pois sugere implicitamente uma ligação entre dois seres ou entidades diferentes a
partir de uma característica em comum, enquanto a símile apenas aponta que existe uma semelhança específica
e objetiva entre os dois elementos comparados.
Retomando o exemplo que trouxemos quando explicamos a metáfora, uma símile seria “Maria Rita é bela
como uma flor” ou “Maria Rita é cheirosa, assim como uma flor” — dessa forma, ressaltamos o determinado
atributo que queremos comparar e trazemos um elemento comparativo (“como”, “que nem”, “assim como”, “tal
qual”).
Quando se escreve para a web, fazer comparações explícitas pode ajudar você a ressaltar um argumento ou
contrastar opções com mais propriedade e clareza.
Como a símile é mais objetiva que a metáfora, ela é uma opção mais segura para ser utilizada em textos com
uma linguagem mais séria. Além disso, a relação de similaridade (daí o nome “símile”!) entre os vocábulos
pode ser uma carta na manga na hora de convencer o leitor do seu ponto de vista.
3. Analogia
A analogia também é uma espécie de comparação, mas, nesse caso, feita por meio de uma correspondência
entre duas entidades distintas. O termo também é utilizado no Direito e na Biologia.
Na escrita, a analogia pode ocorrer quando o autor quer estabelecer uma aproximação equivalente entre
elementos por meio do sentido figurado e dos conectivos de comparação.
Por exemplo, em um trecho do romance “A Redoma de Vidro”, a autora Sylvia Plath faz uma analogia entre a
abundância de opções que temos para escolher o que faremos da vida e uma árvore cheia de figos:
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“Da ponta de cada galho, como um enorme figo púrpura, um futuro maravilhoso acenava e cintilava. Um
desses figos era um lar feliz com marido e filhos, outro era uma poeta famosa, outro, uma professora brilhante,
outro era Ê Gê, a fantástica editora, outro era feito de viagens à Europa, África e América do Sul, outro era
Constantin e Sócrates e Átila e um monte de amantes com nomes estranhos e profissões excêntricas, outro era
uma campeã olímpica de remo, e acima desses figos havia muitos outros que eu não conseguia enxergar. Me vi
sentada embaixo da árvore, morrendo de fome, simplesmente porque não conseguia decidir com qual figo eu
ficaria. Eu queria todos eles, mas escolher um significava perder todo o resto, e enquanto eu ficava ali
sentada, incapaz de tomar uma decisão, os figos começaram a encolher e ficar pretos e, um por um,
desabaram no chão aos meus pés.”
Para a web, usar analogias pode ser eficiente quando você quer simplificar o assunto abordado. Caso ele seja
muito complexo, é só fazer uma analogia com algo mais simples que o leitor entenderá mais facilmente e seu
texto se enriquecerá.
4. Metonímia
“E no Nordeste tudo em paz / Só mesmo morto eu descanso / Mas o sangue anda solto / (…) / Terceiro mundo,
se for / Piada no exterior / Mas o Brasil vai ficar rico” (Que País é Esse? — Renato Russo)
A metonímia é mais uma figura de linguagem que tem a ver com semelhanças. Ela ocorre quando um único
nome é citado para representar um todo referente a ele. Por exemplo, é comum dizermos frases como “Adoro
ler Clarice Lispector” ou, ainda mais comum, “bebi um copo de leite”.
No primeiro caso, o que eu adoro ler são os livros escritos pela autora Clarice Lispector, e não a pessoa dela em
si. No segundo caso, ocorre o mesmo: o que eu bebi foi o conteúdo (leite) que estava dentro do copo, e não o
objeto copo propriamente dito.
Ao escrever para a web, a metonímia é muito útil e, muitas vezes, usada sem nem percebermos.
Acontece quando substituímos uma marca por um tipo específico de produto — por exemplo, Durex
substituindo fita adesiva, Toddy substituindo achocolatado em pó e Maizena substituindo amido de milho. Ela
traz maior fluidez à escrita, além de levar o leitor a se identificar com o texto.
5. Perífrase
“Cidade maravilhosa / Cheia de encantos mil / Cidade maravilhosa / Coração do meu Brasil” (Cidade
Maravilhosa — André Filho)
A perífrase acontece quando um nome ou termo é substituído por alguma característica marcante sua ou por
algum fato que o tenha tornado célebre.
Por exemplo, quando falamos no “rei da selva”, estamos falando do leão. Da mesma forma, podemos nos
referir à capital francesa como “Cidade Luz” e ao Rio São Francisco como “Velho Chico”. Já no caso de
pessoas, essa substituição tem o nome de antonomásia (para saber mais, veja o item 13).
Essa figura de linguagem difere da metáfora, uma vez que a expressão usada para substituição refere-se
unicamente ao termo original, de modo que ele é facilmente identificado.
Na web, a perífrase pode ser utilizada para evitar a repetição de um nome, dando maior riqueza ao texto.
Atenção apenas para não usar codinomes que não sejam populares, pois isso pode dificultar o entendimento do
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leitor.
6. Sinestesia
“Palavras não são más / palavras não são quentes / palavras são iguais / sendo diferentes” (Palavras —
Sérgio Britto e Marcelo Fromer)
É uma figura de linguagem bastante utilizada na arte, principalmente em músicas e poesias, uma vez que ela
trabalha com a mistura de dois ou mais sentidos humanos (olfato, paladar, audição, visão e tato).
Na frase “Um silêncio amargo invadiu a sala”, há um tipo de gosto (paladar) servindo de adjetivo para o
silêncio (audição), por exemplo.
Na web, é possível utilizar essa figura quando a pauta permitir: moda, culinária e fotografia, por exemplo, são
categorias em que, dependendo do foco desejado, a metonímia cai muito bem, intensificando as sensações que
o texto eventualmente pode querer passar ao leitor.
7. Hipérbole
“Por você eu largo tudo / Vou mendigar, roubar, matar / Até nas coisas mais banais / Pra mim é tudo ou
nunca mais” (Exagerado — Cazuza)
Ao contrário do eufemismo, a hipérbole serve para exaltar uma ideia, com o objetivo de causar maior impacto e
entusiasmo. Ela é muito usada em nosso cotidiano, como na expressão “Estou morta de fome”, em que a
intenção é enfatizar propositalmente o quanto estamos precisando comer.
Para a web, esse recurso é maravilhoso, pois, se a intenção é convencer o leitor do que estamos dizendo, nada
melhor que chamar a atenção dele para o que queremos, apenas usando termos exagerados.
8. Catacrese
“Me ame devagarinho / Sem fazer nenhum esforço / Tô doido por seu carinho / Pra sentir aquele gosto / Que
você tem na maçã do rosto / Que você tem na maçã do seu rosto” (Maçã do Rosto — Djavan)
A catacrese é o nome que utilizamos para algo que não tem um nome próprio. Em outras palavras, pegamos um
termo que já existe e o “emprestamos” para alguma outra coisa. Assim, o substantivo representa dois
significados diferentes, que não têm associação.
Maçã do rosto, pé da mesa e asa da xícara são alguns dos exemplos de catacrese muito utilizados no dia a dia.
9. Eufemismo
“Dar à luz a uma criança / é iluminar os seus dias / dividir suas tristezas / somar suas alegrias / é ser o
próprio calor / naquelas noites mais frias” (Dar à Luz — Bráulio Bessa)
O recurso do eufemismo é utilizado quando se deseja dar um tom mais leve para uma expressão — ou seja, é
diretamente oposto à hipérbole. O significado permanece, mas a frase se torna menos direta, pesada, negativa
ou depreciativa. “Fulano descansou em paz” é um ótimo exemplo de eufemismo muito utilizado.
10. Pleonasmo
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O pleonasmo ocorre quando se repete uma palavra ou expressão na mesma frase com o mesmo significado. Do
ponto de vista da gramática, ele é considerado um vício de linguagem (deixando a frase redundante).
Entretanto, na literatura, costuma ser usado para dar ênfase.
11. Anáfora
“É preciso amor / Pra poder pulsar / É preciso paz pra poder sorrir / É preciso a chuva para florir” (Tocando
em Frente — Almir Sater)
É um recurso utilizado para dar mais ênfase à mensagem, por meio da repetição de palavras. Ela acontece de
forma sucessiva no começo das frases, versos ou períodos.
Ambiguidade é uma figura de linguagem muito utilizada no meio artístico, de forma poética e literária. Porém,
em textos técnicos e redações ela é considerada um vício (e deve ser evitada). Ela ocorre quando uma frase fica
com duplo sentido, confundindo a interpretação.
13. Antonomásia
Trata-se de um tipo de metonímia. Nesse caso, ocorre a substituição de um nome de pessoa por um conjunto de
palavras que a caracteriza. Quando a substituição é de um nome comum ou lugar, o recurso utilizado é a
perífrase.
Por exemplo, quando falamos “rei do futebol”, no Brasil, nos referimos ao jogador Pelé. Essa figura de
linguagem difere da metáfora, uma vez que a expressão usada para substituição refere-se unicamente ao termo
original, de modo que ele é facilmente identificado.
A antonomásia também pode ser utilizada para eliminar repetições e tornar o texto mais rico — e, assim como
a perífrase, deve trazer termos que sejam conhecidos pelo público, de modo a não prejudicar a compreensão.
14. Alegoria
“A vida é uma ópera, é uma grande ópera. O tenor e o barítono lutam pelo soprano, em presença do baixo e
dos comprimários, quando não são o soprano e o contralto que lutam pelo tenor, em presença do mesmo baixo
e dos mesmos comprimários. Há coros numerosos, muitos bailados, e a orquestra é excelente…” (Dom
Casmurro — Machado de Assis)
É usada de forma retórica, a fim de ampliar o significado de uma palavra (ou oração). Ela ajuda a transmitir um
(ou mais) sentidos do texto, além do literal.
15. Simbologia
O conceito é bem simples: trata-se do uso de simbologias para indicar alguma coisa.
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Figuras sintáticas (ou de construção)
De modo geral, esses recursos são utilizados em textos da web para dar maior fluidez ao texto, ao mesmo
tempo que realçam a informação passada, deixando a escrita levemente mais rebuscada, mas sem perder a
informalidade necessária nessas situações.
16. Elipse
“A tarde talvez fosse azul, / não houvesse tantos desejos” (Poema de Sete Faces — Carlos Drummond de
Andrade)
A elipse consiste na omissão de um termo sem que a frase tenha seu sentido alterado. Por exemplo, na frase
“(eu) Quero (receber) mais respeito”, os termos em parênteses podem ser omitidos sem que o sentido da frase
seja alterado.
17. Zeugma
“O meu pai era paulista / Meu avô, pernambucano / O meu bisavô, mineiro / Meu tataravô, baiano”
(Paratodos — Chico Buarque)
O zeugma é basicamente o mesmo que a elipse, com a diferença de que ele é específico para omitir nomes
ou verbos citados anteriormente — por exemplo, quando dizemos “Eu prefiro literatura, ele, linguística”, e
deixamos de repetir o verbo “preferir”.
18. Silepse
“Nem tudo tinham os antigos, nem tudo temos, os modernos.” (Machado de Assis)
A silepse é quando há concordância com uma ideia, e não com uma palavra — ou seja, ela é feita com um
elemento implícito. Pode ocorrer nos seguintes âmbitos: de gênero, de número e de pessoa.
No exemplo “O casal se atrasou, estavam se arrumando”, temos uma silepse de número. A princípio, a frase
parece estar errada — já que o verbo “estar” deveria vir no singular, para concordar com “casal” —, mas não se
preocupe, essa construção é permitida.
“Ouviram do Ipiranga as margens plácidas / De um povo heroico o brado retumbante” (Hino Nacional —
Joaquim Osório Duque Estrada)
Quando a inversão é muito violenta, recebe o nome de sínquise e, quando é especificamente da posição do
adjetivo, se chama hipálage.
20. Polissíndeto
“E o olhar estaria ansioso esperando / E a cabeça ao sabor da mágoa balançada / E o coração fugindo e o
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coração voltando / E os minutos passando e os minutos passando…” (Olhar para Trás — Vinícius de Moraes)
Essa figura de linguagem é a repetição de conectivos ligando termos da oração ou períodos. Normalmente, as
conjunções coordenativas são repetidas, entre elas, o “e” é a mais comum.
Nem sempre esse recurso pode ser utilizado na redação para web, considerando que a repetição desnecessária
pode deixar o texto cansativo.
21. Assíndeto
“Tem que ser selado, registrado, carimbado / Avaliado, rotulado se quiser voar! / Se quiser voar / Pra Lua: a
taxa é alta / Pro Sol: identidade / Mas já pro seu foguete viajar pelo universo / É preciso meu carimbo dando o
sim / Sim, sim, sim” (Carimbador Maluco — Raul Seixas)
Ocorre quando um conectivo é excluído da frase (como o “e”), a fim de trazer uma sequência de informações.
Geralmente, é substituído por uma vírgula. É o contrário do que ocorre com o polissíndeto.
22. Anacoluto
“Umas carabinas que guardava atrás do guarda-roupa, a gente brincava com elas, de tão imprestáveis.” (José
Lins do Rego)
Trata-se de uma alteração na estrutura da frase, a qual é interrompida por algum elemento inserido de forma
“solta”. Alguns estudiosos defendem que o anacoluto é um erro gramatical.
Figuras de pensamento
23. Antítese
“Não existiria som se não / Houvesse o silêncio / Não haveria luz se não / Fosse a escuridão / A vida é mesmo
assim / Dia e noite, não e sim” (Certas Coisas — Lulu Santos)
O uso de palavras com sentidos opostos é outro possível recurso para fortalecer o discurso e deixar um ponto
de vista ainda mais claro. A antítese é, justamente, o contraste que ocorre quando os termos estão bem
próximos e acentuam a expressividade do período.
Curiosamente, a antítese é marco da escrita barroca, tida como a arte do contraste, mas ainda tem espaço na
escrita atual, principalmente no contexto digital. O contraste, além de enfatizar o sentido das palavras, esclarece
que a divergência entre elas é o que garante, de certa forma, o argumento colocado.
24. Paradoxo
“Se você quiser me prender, vai ter que saber me soltar” (Tiranizar — Caetano Veloso)
O termo, formado pelo prefixo “para”, que indica “contrário a”, e o sufixo “doxa”, que quer dizer “opinião”, é
consagrado pelos filósofos e seus sentidos vão além do uso na escrita.
Apesar de ser parecido com a antítese, o paradoxo é uma figura de linguagem usada para transmitir sentidos
opostos em uma mesma construção sintática. As duas ideias devem estar na mesma frase para expressar essa
contradição lógica e, geralmente, estão lado a lado.
No exemplo acima, o paradoxo é produzido pela oposição lógica das palavras “prender” e “soltar”. Outros bons
exemplos são: “O riso é uma coisa séria”, “O melhor improviso é aquele que é mais bem preparado” e “(O
amor) é ferida que dói e não se sente”, de Luís de Camões.
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25. Gradação ou Clímax
“Mais dez, mais cem, mais mil e mais um bilião, uns cingidos de luz, outros ensanguentados.” (Ocidentais —
Machado de Assis)
Ao pensarmos na apresentação de ideias, a gradação é uma figura de linguagem que propõe a organização das
palavras de acordo com a progressão — ascendente ou descendente — dos conceitos. O clímax é obtido com a
gradação ascendente, enquanto o anticlímax é a organização de forma contrária.
“As casas espiam os homens / Que correm atrás das mulheres” (Poema de Sete Faces — Carlos Drummond de
Andrade)
Personificar é atribuir características humanas e qualidades a objetos inanimados e irracionais. Também parece
pouco usual, mas acontece mais do que imaginamos. É comum conceder sentimentos, ações, sensações e gestos
físicos e de fala a objetos.
No trecho do poema, a prosopopeia é percebida no ato de dar ação à casa, que teria a qualidade de espiar os
homens.
27. Ironia
“Moça linda bem tratada, / três séculos de família, / burra como uma porta: um amor!” (Moça Linda Bem
Tratada — Mário de Andrade)
Na ironia, o interlocutor diz uma coisa, mas o significado é outro. Ela é muito conhecida e utilizada no dia a
dia, mas ainda pode gerar certa confusão — principalmente na língua escrita. É utilizada para se expressar de
forma sarcástica ou bem-humorada, além de servir como disfarce ou dissimulação.
28. Apóstrofe
“Oh! Deus, perdoe este pobre coitado / Que de joelhos rezou um bocado / Pedindo pra chuva cair sem parar”
(Súplica Cearense — Luiz Gonzaga)
Trata-se da figura utilizada para invocação ou chamamento. Também é usada para indicar surpresa, indignação
ou outro sentimento. Um exemplo muito comum é a expressão “minha Nossa Senhora!”, usada quando alguém
se espanta com algo.
29. Alusão
A alusão é um recurso utilizado para fazer referência ou citação, relacionando uma ideia a outra — o que pode
ocorrer de forma explícita ou não. Ao fazer referência a um acontecimento, pessoas, personagens ou outros
trabalhos, a alusão ajuda no entendimento da ideia que se deseja passar.
No caso do exemplo acima, o objetivo é explicar tamanha paixão que uma pessoa sente pela outra.
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30. Quiasmo
“Cheguei. Chegaste / Tu vinhas fatigada e triste / e triste e fatigado eu vinha.” (No Meio do Caminho — Olavo
Bilac)
O quiasmo ocorre quando existe um cruzamento de palavras (ou expressões), fazendo com que elas se repitam.
Geralmente é usado para enfatizar algum feito. Um bom exemplo de como ele é usado no dia a dia: “Ele quase
não sai. Vai de casa para o trabalho, do trabalho para casa.”.
Figuras sonoras
31. Cacofonia
“Alma minha gentil, que te partiste / Tão cedo desta vida descontente, / Repousa lá no Céu eternamente, / E
viva eu cá na terra sempre triste” (Luís de Camões)
Na cacofonia, a junção de duas palavras (as últimas sílabas de uma + as sílabas iniciais da outra) pode tornar o
som diferente e criar um novo significado — ela é percebida ao falar, com o som fazendo parecer algo diferente
do que realmente foi dito.
Nos versos acima, a cacofonia acontece logo no início: “alma minha“. Veja alguns exemplos de cacofonia que
podemos produzir até mesmo sem perceber no dia a a dia:
32. Onomatopeia
“Passa, tempo, tic-tac / Tic-tac, passa, hora / Chega logo, tic-tac / Tic-tac, e vai-te embora” (O Relógio —
Vinícius de Moraes)
A onomatopeia é um recurso utilizado com o objetivo de reproduzir um barulho, som ou ruído. É muito usada
em histórias. No trecho do poema acima, a onomatopeia “tic-tac” se refere ao barulho que o relógio faz.
33. Aliteração
“Lá vem o pato / Pata aqui, pata acolá / Lá vem o pato / Para ver o que é que há” (O Pato — Vinícius de
Moraes)
Aliteração é quando se faz a repetição do som de uma consoante na mesma frase. É usada para dar ênfase ao
texto e para criar trava-línguas. Ela tem a sonoridade como base, o que ajuda a ditar o ritmo.
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34. Assonância
A assonância é parecida com a aliteração, mas ocorre quando existe a repetição da vogal tônica ou de sílabas
com as mesmas consoantes e vogais distintas. Como no exemplo a seguir, em que há repetição das mesmas
consoantes com vogais diferentes:
“É a moda / da menina muda / da menina trombuda / que muda de modos / e dá medo” (Moda da Menina
Trombuda — Cecília Meireles)
Apesar de não estarem restritos à oralidade, os recursos sonoros em textos escritos podem complicar um pouco
mais a compreensão do texto, por isso, não são tão aproveitados.
35. Paronomásia
“Enquanto é tão cedo / Tão cedo / Enquanto for… um berço meu / Enquanto for… um terço meu / Serás vida…
bem-vinda / Serás viva… bem viva / Em mim” (Realejo — O Teatro Mágico)
Consiste no uso de palavras iguais ou com sons semelhantes, mas que têm sentidos diferentes. Um exemplo de
como ela é utilizada no cotidiano é o velho provérbio “quem casa, quer casa”, no qual a mesma palavra diz
respeito ao casamento e à moradia.
2. (UFF)
TEXTO
Não há morte. O encontro de duas expansões, ou a expansão de duas formas, pode determinar a supressão de
duas formas, pode determinar a supressão de uma delas; mas, rigorosamente, não há morte, há vida, porque a
supressão de uma é a condição da sobrevivência da outra, e a destruição não atinge o princípio universal e
comum. Daí o caráter conservador e benéfico da guerra.
Supõe tu um campo de batatas e duas tribos famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos,
que assim adquire forças para transpor a montanha e ir à outra vertente, onde há batatas em abundância; mas, se
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as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de
inanição
A paz, nesse caso, é a destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe os
despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e todos os demais efeitos das
ações bélicas.
Se a guerra não fosse isso, tais demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só
comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que nenhuma pessoa canoniza
uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas.
(ASSIS, Machado fr. Quincas Borba. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira/INL, 1976.)
Assinale dentre as alternativas abaixo, aquela em que o uso da vírgula marca a supressão (elipse) do verbo:
3. (UFPA)
Tecendo a manhã
Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe o grito que um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.
(MELO, João Cabral de. In: Poesias Completas. Rio de Janeiro, José Olympio, 1979)
Nos versos
a) eufemismo
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b) antítese
c) aliteração
d) silepse
e) sinestesia
4. (FUVEST) A catacrese, figura que se observa na frase “Montou o cavalo no burro bravo”, ocorre em:
5. (FEI) Assinalar a alternativa correta, com relação às figuras de linguagem, presentes nos fragmentos a seguir:
I. “Não te esqueças daquele amor ardente que já nos olhos meus tão puro viste.”
II. “A moral legisla para o homem; o direito, para o cidadão.”
III. “A maioria concordava nos pontos essenciais; nos pormenores porém, discordavam.”
IV. “Isaac a vinte passos, divisando a vulto de um, para, ergue a mão em viseira, firma os olhos.”
(Murilo Mendes)
a) metáfora
b) sinédoque
c) hipérbole
d) aliteração
e) anáfora
7. (VUNESP) Na frase: "O pessoal estão exagerando, me disse ontem um camelô", encontramos a figura de
linguagem chamada:
a) silepse de pessoa
b) elipse
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c) anacoluto
d) hipérbole
e) silepse de número
8. (UFU) Cada frase abaixo possui uma figura de linguagem. Assinale aquela que não está classificada
corretamente:
9. (VUNESP) No trecho: “…dão um jeito de mudar o mínimo para continuar mandando o máximo”, a figura de
linguagem presente é chamada:
a) metáfora
b) hipérbole
c) hipérbato
d) anáfora
e) antítese
10. (FATEC) "Seus óculos eram imperiosos." Assinale a alternativa em que aparece a mesma figura de
linguagem que há na frase acima:
11. (ENEM-2004)
Cidade grande
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d) denotação, caracterizada pelo uso das palavras em seu sentido próprio e objetivo.
e) prosopopeia, que consiste em personificar coisas inanimadas, atribuindo-lhes vida.
1. Em cada um dos provérbios observa-se um paralelismo sintático, que ajuda a conferir ritmo ao provérbio e
favorece sua memorização.
2. No provérbio (A) ocorrem duas metáforas.
4. No provérbio (B) as orações “o que sabem” e “o que dizem” funcionam como adjetivos que caracterizam,
respectivamente, os sábios e os tolos.
8. Tanto o item A quanto o item C funcionam como elogios à discrição.
16. A frase de Machado de Assis contém um pleonasmo, porque é um exagero dizer que se pode falar calado.
32. No provérbio (B) temos a figura de linguagem paradoxo, porque é absurdo que os sábios tenham que se
calar para que os tolos falem.
a) hiperbibasmo
b) sinédoque
c) metonímia
d) aliteração
e) metáfora
14. (Mackenzie) Nos versos abaixo, uma figura se ergue graças ao conflito de duas visões antagônicas:
a) metonímia
b) catacrese
c) hipérbole
d) antítese
e) hipérbato
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15. (ITA) Em qual das opções há erro de identificação das figuras?
16. (PUC-SP) Nos trechos: "...nem um dos autores nacionais ou nacionalizados de oitenta pra lá faltava nas
estantes do major" e "...o essencial é achar-se as palavras que o violão pede e deseja" encontramos,
respectivamente, as seguintes figuras de linguagem:
a) prosopopeia e hipérbole
b) hipérbole e metonímia
c) perífrase e hipérbole
d) metonímia e eufemismo
e) metonímia e prosopopeia.
17. (CESGRANRIO) Na frase "O fio da ideia cresceu, engrossou e partiu-se" ocorre processo de gradação. Não
há gradação em:
18. (FUNCAB-ES) As figuras de linguagem são usadas como recursos estilísticos para dar maior valor
expressivo à linguagem.
No seguinte trecho “Tu és a chuva e eu sou a terra [...]” predomina a figura, denominada:
a) onomatopeia
b) hipérbole
c) metáfora
d) catacrese
e) sinestesia
Morro da Babilônia
À noite, do morro
descem vozes que criam o terror
(terror urbano, cinquenta por cento de cinema,
e o resto que veio de Luanda ou se perdeu na língua
Geral).
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o quartel pegou fogo, eles não voltaram.
Alguns, chumbados, morreram.
O morro ficou mais encantado.
(Carlos Drummond de Andrade, Sentimento do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2012, p.19.)
a) a menção à cidade do Rio de Janeiro é feita de modo indireto, metonimicamente, pela referência ao Morro da
Babilônia.
b) o sentimento do mundo é representado pela percepção particular sobre a cidade do Rio de Janeiro, aludida
pela metáfora do Morro da Babilônia.
c) o tratamento dado ao Morro da Babilônia assemelha-se ao que é dado a uma pessoa, o que caracteriza a
figura de estilo denominada paronomásia.
d) a referência ao Morro da Babilônia produz, no percurso figurativo do poema, um oxímoro: a relação entre
terror e gentileza no espaço urbano
POÇAS D’ÁGUA
Levando-se em conta o texto como um todo, é correto afirmar que a metáfora presente no primeiro verso se
justifica porque as poças
a) estimulam a imaginação.
b) permitem ver as estrelas.
c) são iluminadas pelo Néon.
d) se opõem à tristeza das estrelas.
e) revelam a realidade como espelhos.
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O humor da tirinha foi conferido, sobretudo, pela não compreensão por parte da personagem Chico Bento da
figura de linguagem utilizada por seu interlocutor. A essa referida figura de linguagem dá-se o nome de
a) anáfora
b) metonímia
c) perífrase
d) hipérbole
e) aliteração
22. (UERJ-2014)
A namorada
(Manoel de Barros
Poesia completa. São Paulo: Leya, 2010.)
O pai era uma onça (ref. 2). Nesse verso, a palavra onça está empregada em um sentido que se define como:
a) enfático
b) antitético
c) metafórico
d) metonímico
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23. (FGV-2001) Assinale a alternativa que indica a correta sequência das figuras encontradas nas frases abaixo.
24. (PUC-SP-2007) Em uma grande concessionária de São Paulo leu-se a seguinte chamada: “Queima total de
seminovos”. A mesma estratégia foi utilizada em uma chamada de um grande hipermercado, em que se podia
ler: “Grande queima de colchões”. Acerca dos sentidos criados por essas chamadas, é apropriado afirmar que
A expressão latina carpe diem, que significa “aproveite o dia (presente)”, foi uma constante nos dois períodos
literários representados pelos poemas de Gregório de Matos e Basílio da Gama.
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a) Transcreva, de cada um dos poemas, um verso em que a ideia do carpe diem esteja explicitamente
apresentada.
b) Que metáfora é comum aos dois poemas?
26. (UNIFESP-2005)
Maria Bofetão
A surra que Maria Clara aplicou na vilã Laura levantou a audiência da novela Celebridade.
Na segunda-feira passada, 28 tabefes bem aplicados pela heroína Maria Clara (Malu Mader) derrubaram a
ignóbil Laura (Cláudia Abreu) e levantaram a audiência de Celebridade, a novela das 8 da Globo. (…)
Tanto a mocinha quanto a vilã ganharam nova dimensão nos últimos tempos. Maria Clara, depois de perder sua
fortuna, deixou de ser apenas uma patricinha magnânima e insossa, a aborrecida Maria Chata. Ela ganhou fibra
e mostrou que não tem sangue de barata. Quanto à Laura, ficou claro que sua maldade tem proporções
oceânicas: continuou com suas perfídias mesmo depois de conquistar a fama e o dinheiro que almejava. Por
tripudiar tanto assim sobre a inimiga, atraiu o ódio dos noveleiros. (Veja, 05.05.2004.)
Em “Quanto à Laura, ficou claro que sua maldade tem proporções oceânicas”, a figura de linguagem presente é
27. (FMU) Quando você afirma que enterrou “no dedo um alfinete”, que embarcou “no trem” e que serrou
“os pés da mesa”, recorre a um tipo de figura de linguagem denominada:
a) metonímia
b) antítese
c) paródia
d) alegoria
e) catacrese
28. (Anhembi)
Tenho fases
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua…
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.
Fases que vão e que vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.
E roda a melancolia
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seu interminável fuso!
Não encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua…)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua…
E, quando chega esse dia,
outro desapareceu…
Indique a alternativa que não contenha a mesma figura de linguagem presente nesse verso do poema:
a) “Quando essa não-palavra morde a isca, alguma coisa se escreveu.” (Clarice Lispector)
b) “As palavras não nascem amarradas, elas saltam, se beijam, se dissolvem…” (Drummond)
c) “A poesia vai à esquina comprar jornal”. (Ferreira Gullar)
d) “A luminosidade sorria no ar: exatamente isto. Era um suspiro do mundo.” (Clarice Lispector)
e) “Meu nome é Severino, Não tenho outro de pia”. (João Cabral de Melo Neto)
30. (UFPE) Nos enunciados abaixo, a palavra destacada NÃO tem sentido conotativo em:
87
Arcadismo
O Arcadismo foi o principal movimento literário do século XVIII. Outros nomes dados ao estilo são
Setecentismo ou Neoclassicismo - a partir deste último, inclusive, percebe-se a relação do Arcadismo com
valores da cultura clássica, ou seja, valores gregos, romanos e renascentistas. Os escritores árcades são
conhecidos por oporem-se ao estilo barroco, inspirando-se em preceitos do Iluminismo.
Características
O movimento árcade foi fortemente influenciado pela cultura grega, latina e renascentista. A clareza e a
harmonia nos temas e nas formas afastaram das produções literárias a linguagem rebuscada e confusa do
Barroco. As antíteses e paradoxos do homem do século XVII passaram a dar lugar ao sujeito racional, que
buscava a simplicidade e a racionalidade em suas obras.
Uma das principais características árcades é a herança da cultura clássica (greco-latina e renascentista).
Alguns preceitos latinos que inspiraram os escritores árcades são:
Inutilia Truncat: Esse preceito dialoga com a necessidade de “tirar o inútil” da poesia, entendendo-se esse
inútil como sendo o excesso de rebuscamento formal do movimento Barroco.
Fugere Urbem: Para os líricos do Arcadismo, a cidade não era o ambiente ideal para viver, pregando-se,
portanto, a fuga da urbanidade como meta a ser alcançada.
Locus Amoenus: Atrelado ao fugere urbem, esse preceito afirma que o campo, o ambiente bucólico, é o ideal
para o homem.
Carpe Diem: Segundo esse preceito, é necessário aproveitar o presente para contemplar a realidade, sem
preocupar-se com o futuro.
Aurea Mediocritas: Segundo essa expressão, o homem mediano é aquele que alcança a felicidade, não se
devendo, assim, procurar riquezas e posses em vida.
Além do retorno aos clássicos, o Arcadismo também foi muito influenciado pelo Iluminismo, movimento
filosófico que compreendia ser a razão o maior valor humano, e pelo desenvolvimento técnico e tecnológico
que modernizou os meios de produção da época e produziu um forte êxodo rural e expansão urbana.
Contexto histórico
O Arcadismo é o principal movimento literário do século XVIII. Seu contexto é marcado, como dissemos
anteriormente, pelo Iluminismo e pelo avanço técnico e tecnológico que produziram a industrialização e o
consequente êxodo rural. O período é fundamental para compreender o declínio do absolutismo e a ascensão da
burguesia.
Os autores árcades dialogam, em suas obras, com questões fundamentais da época, tais como a relação entre o
homem e a riqueza (aurea mediocritas é um conceito que discute isso, por exemplo) ou como era viver na
cidade (os preceitos fugere urbem e locus amoenus são referentes a esse assunto).
O Arcadismo é o movimento literário que ocorre após o Barroco. Enquanto o Barroco representa um homem
em conflito entre o sagrado e o profano (é bom lembrar que nessa época, século XVII, a Contrarreforma havia
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restaurado vários valores medievais no mundo), o Arcadismo apresenta um sujeito fiel à razão, crente na
ciência. Além disso, vale dizer que linguagem do Barroco era rebuscada e cheia de paradoxos, enquanto, no
Arcadismo, comunica-se com mais clareza e simplicidade.
Bocage
Cláudio Manuel da Costa
Tomás Antônio Gonzaga
Santa Rita Durão
Basílio da Gama
Bocage
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Nesse poema, percebemos que o sujeito lírico dialoga com o poeta renascentista Luís de Camões. É como se o
escritor de Os lusíadas fosse uma espécie de mestre para o eu lírico, demonstrando clara valorização da cultura
do classicismo.
Lira I
[...]
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No poema de Tomás Antônio Gonzaga, percebemos vários dos preceitos latinos anteriormente citados. Trata-se
de um sujeito lírico vivendo no campo (locus amoenus), cultivando uma vida simples (aurea mediocritas),
longe das dinâmicas de vida na cidade (fugere urbem). Além disso, percebemos também a valorização do amor
e a idealização da amada, característica árcade que perduraria pelo movimento seguinte, o romantismo.
Lista de Exercícios
Questão 1
(ITA)
a) O escritor árcade reaproveita os seres criados pela mitologia greco-romana, deuses e entidades pagãs. Mas
esses mesmos deuses convivem com outros seres do mundo cristão.
b) A produção literária do Arcadismo brasileiro constitui-se sobretudo de poesia, que pode ser lírico-amorosa,
épica e satírica.
c) O árcade recusa o jogo de palavras e as complicadas construções da linguagem barroca, preferindo a clareza,
a ordem lógica na escrita.
d) O poema épico Caramuru, de Santa Rita Durão, tem como assunto o descobrimento da Bahia, levado a efeito
por Diogo Álvares Correia, misto de missionários e colonos português.
91
e) A morte de Moema, índia que se deixa picar por uma serpente, como prova de fidelidade e amor ao índio
Cacambo, é trecho mais conhecido da obra O Uruguai, de Basílio da Gama.
Questão 2
Carpe Diem.
Assinale o movimento literário ao qual ele pertence, bem como o seu autor:
01 – (FUVEST):
Entre os semeadores do Evangelho há uns que saem a semear, há outros que semeiam sem
sair. Os que saem a semear são os que vão pregar à Índia, à China, Ao Japão; os que semeiam
sem sair são os que se contentam com pregar na pátria. Todos terão sua razão, mas tudo tem
sua conta. Aos que têm a seara em casa, pagar-lhes-ão a semeadura: aos que vão buscar a seara
tão longe, hão-lhes medir a semeadura, e hão-lhes de contar os passos. Ah! dia do juízo! Ah!
pregadores! Os de cá, achar-vos-eis com mais paço; os de lá, com mais passos...
A passagem acima é representativa de uma das tendências estéticas da prosa seiscentista a
saber:
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a) O sebastianismo, isto é, a celebração do mito da volta de D. Sebastião, rei de Portugal, morto
na batalha de Alcácer-Quibir.
b) A busca do egoísmo e da aventura ultramarina, presentes nas crônicas e narrativas de viagem.
c) A exaltação do heróico e do épico, por meio das metáforas grandiloquentes da epopeia.
d) Lirismo trovadoresco, caracterizado por figuras de estilo passionais e místicas.
e) Conceptismo, caracterizado pela utilização constante dos recursos da dialética.
06 – (ENC-SP):
O pregador há de ser como quem semeia, e não como quem ladrilha ou azuleja. Ordenado,
mas como as estrelas. Todas as estrelas estão por sua ordem; mas é ordem que faz influência,
não é ordem que faça favor. Não fez Deus o céu em xadrez de estrelas, como os pregadores
fazem o sermão em xadrez de palavras. Se de uma parte está branco, de outra há de estar negro;
se de uma parte está dia, de outra há de estar noite; se de uma parte dizem luz, da outra hão de
dizer sombra; se de uma parte dizem desceu, da outra hão de dizer subiu.
No fragmento acima, pertencente ao Sermão da Sexagésima, o padre Antônio Vieira
mostra uma tendência muito comum em sua obra:
I – Uso das antíteses com o propósito deliberado de equilibrar os anseios espiritualistas e
teocêntricos da Idade Média com os materialistas e antropocêntricos do Renascimento.
II – Critica os exageros formais dos pregadores cultistas, que usavam e abusavam das antíteses,
tornando o estilo obscuro.
III – Defende o apuro formal dos pregadores gongoristas, vendo nele uma forma mais adequada
de convencer e converter o fiel.
Interpreta corretamente o que se afirma apenas em:
a) I. b) II. c) III. d) I e II. e) I e III.
94
d) ( ) A linguagem de Vieira é evidentemente uma defesa ao cultismo, daí ter conseguido
persuadir o seu público.
08 – (UEL-PR):
Que és terra, homem, e em terra hás de tornar
Te lembra hoje Deus por sua Igreja;
De pó te fez espelho, em que se veja
A vil matéria, de que quis formar-te.
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c) 1, 3, 2, 1, 2.
d) 3, 1, 2, 2, 1.
e) 2, 1, 2, 3, 1.
10 – (OBJETIVO-SP):
Ele é considerado um dos três maiores sonetistas da língua portuguesa, ao lado de Camões
e de Antero de Quental. Sua poesia lírica, extremamente pessoal, é marcada por um rebelde
libertarismo emocional. Às vezes calmo. Sua vasta obra poética apresenta dois aspectos
fundamentais: o satírico e o lírico; mas é no lírico que o poeta se realiza plenamente e fica
famoso. Foi, sem dúvida, o maior poeta português do século XVIII. Seu pseudônimo arcádio é
Elmano Sadino. Trata-se de:
a) Cruz e Silva.
b) Domingo Caldas Barbosa.
c) Filinto Elísio.
d) Almeida Garret.
e) Bocage.
15 – (ENC-SP) Leia com atenção o texto de Manuel Maria Barbosa du Bocage, a seguir:
Chorosos versos meus desentoados,
Sem arte, sem beleza e sem brandura,
Urdidos pela mão da Desventura,
Pela baça Tristeza envenenados, desesperados,
No mundo esquecimento a sepultura;
Se os ditosos vos lerem sem ternura,
Ler-vos-ão com ternura os desgraçados:
Não vos inspire, ó versos, cobardia,
Da sátira mordaz o furor louco,
De maldizente voz a tirania:
Desculpa tendes, se valeis tão pouco;
Que não pode cantar com melodia
Um peito, de gemer cansado e rouco.
( ) Substituindo-se “Posto que” por Haja vista, mantêm-se as mesmas relações de idéias.
( ) O nono parágrafo do texto ressalta uma prática dos silvícolas brasileiros: o extrativismo vegetal, que era a única forma de obtenção dos
alimentos necessários à subsistência. Ressalta também que, apesar dessa prática, os silvícolas aparentavam ser mais fortes e bonitos que os
conquistadores, mesmo sendo estes mais bem alimentados.
( ) No nono parágrafo do texto, as expressões “inhame” e “semente e fruitos” são repetitivas, pois, para a Biologia, a primeira contém a segunda.
Além disso, a associação estabelecida entre “semente e fruitos” e “trigo e legumes” é biologicamente incoerente, pois legumes são sementes e
trigo é fruto.
( ) As expressões de tratamento com que a correspondência é aberta e fechada revelam o respeito e a sujeição do remetente ao destinatário.
02. Uniube-MG – Assinale a afirmativa correta a respeito do Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente:
a) O que mais se evidencia é o propósito de sátira social, de tal modo que a intenção religiosa vê-se sufocada ou pelo menos minimizada pelo
gosto de sátira da própria sociedade.
b) O elemento religioso oferece apenas um pretexto, um quadro exterior para a apresentação no palco de sátiras ou caricaturas profanas.
c) A sátira social se liga de modo nítido ao objetivo de edificação espiritual, colocandose a questão da salvação post mortem (após a morte), o que
demostra que a intenção religiosa é ainda aqui dominante.
d) As personagens são personificações alegóricas (tipos reais caricaturizados), o que evidencia o propósito de sátira social que, nesta peça,
substitui o propósito de edificação espiritual.
03. Quinhentismo, Humanismo, Arcadismo e Barroco: UFR-RJ – “Não há mais a moralidade do pecado, na
qual o pecador vivia um conflito interno entre ceder ou não à tentação.”
a) Barroco.
b) Arcadismo.
c) Realismo.
d) Simbolismo.
e) Modernismo.
( ) Por “contra o sul vimos… contra o norte vem”, deduzimos que os conquistadores se movimentaram do litoral norte para o sul.
( ) A palavra chã que aparece no texto em “toda chã” e “muito chã” é a grafia da época para chão.
( ) Ao citar o “Entre-Douro-e-Minho”, para dar a idéia do clima da nova terra, estabelece-se um raciocínio analógico.
( ) Os termos “fruto” e “semente”, no texto, estão empregados em sentido figurado.
( ) A expressão “pelo miúdo” poderia, sem equívoco semântico, ser substituída por detalhadamente.
“A feição deles é serem pardos, maneira de avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam
nus, sem nenhuma cobertura. Nem estima nenhuma coisa cobrir nem mostrar suas vergonhas; e estão acerca
disso com tanta inocência como têm em mostrar o rosto. (…) Porém a terra em si é de muito bons ares, (…). E
em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, darse-á nela tudo, por bem das águas que tem.”
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O texto acima apresenta fragmentos:
06. Quinhentismo, Humanismo, Arcadismo e Barroco: U.F. Santa Maria-RS – A respeito da poesia de Gregório
de Matos, assinale a alternativa incorreta.
07. UFRS – Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as afirmações abaixo sobre os dois grandes nomes do
barroco brasileiro.
( ) A obra poética de Gregório de Matos oscila entre os valores transcendentais e os valores mundanos, exemplificando as tensões do seu tempo.
( ) Os sermões do Padre Vieira caracterizam-se por uma construção de imagens desdobradas em numerosos exemplos que visam a enfatizar o
conteúdo da pregação.
( ) Gregório de Matos e o Padre Vieira, em seus poemas e sermões, mostram exacerbados sentimentos patrióticos expressos em linguagem
barroca.
( ) A produção satírica de Gregório de Matos e o tom dos sermões do Padre Vieira representam duas faces da alma barroca no Brasil.
( ) O poeta e o pregador alertam os contemporâneos para o desvio operado pela retórica retumbante e vazia.
a) V – F – F – F – F.
b) V – V – V – V – F.
c) V – V – F – V – F.
d) F – F – V – V – V.
e) F – F – F – V – V.
08. Quinhentismo, Humanismo, Arcadismo e Barroco: F.M. Triângulo Mineiro-MG – Sobre Gregório de
Matos, é correto afirmar que:
a) se insere no Arcadismo brasileiro, ao qual imprimiu características barrocas, por ser um poeta de transição;
b) pertenceu ao Barroco brasileiro e tematizou, sobretudo, a natureza mineira;
c) pertenceu ao Barroco brasileiro e sua veia crítica valeu-lhe a alcunha de “Boca do Inferno”;
d) se insere no Barroco brasileiro e sua produção literária abrange, basicamente, textos em prosa;
e) narra, nos seus poemas de contestação social, episódios da Inconfidência Mineira, da qual participou.
09. U.F. Santa Maria-RS – O poema épico O Uraguai, de Basílio da Gama, é uma:
a) composição que narra as lutas dos índios de Sete Povos das Missões, no Uruguai, contra o exército espanhol, sediado lá para pôr em prática o
Tratado de Madri;
b) das obras mais importantes do Arcadismo no Brasil, pois foi a precursora das Obras Poéticas de Cláudio Manuel da Costa;
c) exaltação à terra brasileira, que o poeta compara ao paraíso, o que pode ser comprovado nas descrições, principalmente do Ceará e da Bahia;
d) crítica a Diogo Álvares Correia, misto de missionário e colono português, que comanda um dos maiores extermínios de índios da história;
e) exaltação à índia Lindóia, que morre após Diogo Álvares decidir-se por Moema, que ajudava os espanhóis na luta contra os índios.
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10. Quinhentismo, Humanismo, Arcadismo e Barroco: FUVEST-SP – Considere as seguintes afirmações sobre
a fala do velho do Restelo, em Os Lusíadas:
I. No seu teor de crítica às navegações e conquistas, encontra-se refletida e sintetizada a experiência das perdas que causaram, experiência esta
já acumulada na época em que o poema foi escrito.
II. As críticas aí dirigidas às grandes navegações e às conquistas são relativizadas pelo pouco crédito atribuído a seu emissor, já velho e com um
“saber só de experiência feito”.
III. A condenação enfática que aí se faz à empresa das navegações e conquistas revela que Camões teve duas atitudes em relação a ela: tanto
criticou o feito quanto o exaltou.
a) I.
b) II.
c) III.
d) I e II.
e) I e III.
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