Metodos e Tecnicas de Estudo

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bacharelado EM

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Métodos e
Técnicas de Estudos
Iracema Campos Cusati
Ministério da Educação – MEC
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior – CAPES
Diretoria de Educação a Distância – DED
Universidade Aberta do Brasil – UAB
Programa Nacional de Formação
em Administração Pública – PNAP
Bacharelado em Administração Pública

BACHARELADO EM
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Métodos e Técnicas de Estudos


Iracema Campos Cusati

2021
Profa. Iracema Campos Cusati

Licenciada e Bacharel em Matemática pela Universi-


dade Federal de Viçosa (1992), Mestre em Educação
pela Universidade Federal de São Carlos (1999) e Dou-
tora na área de Didática, Teorias de Ensino e Práticas
Escolares pela Faculdade de Educação da USP (2013).
Professora Adjunta do Colegiado de Matemática
da Universidade de Pernambuco - UPE e Professora
Permanente dos Programas de Pós-Graduação em
Formação de Professores e Práticas Interdisciplinares
(PPGFPPI) - Mestrado Profissional, da Universidade de
Pernambuco (UPE Campus Petrolina) e em Educação
Matemática e Tecnológica (PPGEdumatec) – Mestrado
e Doutorado, da Universidade Federal de Pernambuco
(UFPE). Tem experiência na área de Educação atuan-
do principalmente nos seguintes temas: História da
Educação Matemática, Ensino-aprendizagem de Mate-
mática, Didática da Matemática, Avaliação Educacio-
nal, Docência no Ensino Superior, Educação Integral,
Formação de Professores para a Diversidade Cultural e
Educação a Distância. Atualmente desenvolve estudos
e pesquisas com ênfase em Formação de Professores
na perspectiva Intercultural e em Políticas Públicas
para a Educação Superior na América Latina. Avalia-
dora ad hoc de Cursos e de Instituições de Educação
Superior (BASIs/INEP/MEC). Membro do Conselho
Editorial da Editora Ibero- Americana de Estudos em
Educação (EIEE) e membro afiliado da Rede CpE. Atua
como Parecerista ad hoc em eventos científicos da
FEA/USP nas áreas de Matemática e Educação.

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

Cusati, Iracema Campos


C984m Métodos e técnicas de estudos / Iracema Campos Cusati. – Brasília:
PNAP; Recife: UPE / NEAD, 2021.

86 p.: il.
Formato: pdf
Material didático utilizado no Bacharelado em Gestão Pública – UAB –
PNAP

ISBN 978-65-89954-12-5

1. Método de estudo. 2. Redação acadêmica. I. Universidade Aberta do


Brasil. II. Programa Nacional de Formação em Administração Pública.
III. Título.
CDD 001.42
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR | CAPES

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS DIDÁTICOS


Universidade de Pernambuco | UPE

AUTOR DO CONTEÚDO
Iracema Campos Cusati

EQUIPE TÉCNICA – UPE | NEAD

COORDENAÇÃO DO NEAD - UPE


Renato Medeiros de Moraes

COORDENAÇÃO DO PROJETO
Roberto Luiz Alves Torres

PROJETO GRÁFICO
José Marcos Leite Barros

EDITORAÇÃO
Anita Maria de Sousa
Aldo Barros e Silva Filho
Enifrance Vieira da Silva
Danilo Catão de Lucena

REVISÃO TEXTUAL
Maria Tereza Lapa Maymone de Barros
Geruza Viana da Silva

CAPA
José Marcos Leite Barros
MÉTODOS E
TÉCNICAS DE ESTUDOS
Profa. Iracema Campos Cusati

Apresentação da Disciplina

Prezado(a) aluno(a)! Seja bem-vindo(a) à unidade curricular Métodos e


Técnicas de Estudos, que tem como objetivo principal apresentar aos
estudantes do Curso de Bacharelado em Administração Pública, moda-
lidade a distância, da Universidade Aberta do Brasil (UAB), os aspectos
teóricos e práticos de um processo de leitura, análise, interpretação e
elaboração textual para a compreensão da ciência, da pesquisa e da es-
crita acadêmica na Sociedade do Conhecimento.

Você encontrará, neste volume, ferramentas importantes que viabilizarão


os processos de estudo e aprendizagem, visando oportunizar momentos
de elaboração de sínteses de leituras e de documentação como método
de estudo pessoal, que são atividades consideradas fundamentais para a
escrita de trabalhos acadêmicos. Para isso, são apresentadas técnicas e
estratégias de leitura e escrita, visando estimular hábitos essenciais para
sua rotina de estudo. Seguindo orientações de vários escritores reno-
mados na área, são abordados aspectos relacionados à linguagem a ser
utilizada na apresentação da escrita, bem como a formatação estrutural,
de acordo com as orientações da Associação Brasileira de Normas Téc-
nicas (ABNT), para ajudá-lo(a) na elaboração de trabalhos acadêmicos,
inclusive na produção de seu Trabalho de Conclusão de Curso.

Finalizando, vale destacar que esta unidade curricular está orientada para
permitir que você alcance o seu propósito de estudo, com rigor ético
e científico, num ambiente autorreflexivo que o auxiliará a internalizar
mais profundamente os temas apresentados. Confiante de que a apren-
dizagem é parte integrante de nossas vidas, este material procura esti-
mulá-lo(a) ao desenvolvimento de hábitos fundamentais para uma rotina
de estudos e instigá-lo(a) ao desenvolvimento de uma escrita acadêmica
bem fundamentada, crítica e criativa. Espero que tenha um ótimo per-
curso nesse caminho!

Cordialmente.
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO 5

CAPÍTULO 1 - MÉTODOS DE ESTUDO: ORIENTAÇÕES


ESSENCIAIS 9
Seção 1 - O Estudo na Universidade: Principal Atividade do
Estudante 11
Seção 2 - Sobre o Prazer de Estudar: Hábitos Essenciais para
a Rotina de Estudos 13
Seção 3 - Métodos de Estudo: Processo de Leitura, Análise e
Interpretação de Texto 16
Processo de leitura 17
Análise, interpretação e síntese de texto 18
Seção 4 - Técnicas de Leitura: Sublinhar, Esquematizar e Resumir 27
A técnica de sublinhar 27
A técnica de esquematizar 28
A técnica de resumir 29
Seção 5 - A Técnica da Documentação como Método de Estudo
Pessoal 31

CAPÍTULO 2 - ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DE UM TEXTO


CIENTÍFICO 37
Seção 1 - Fichamentos 39
Seção 2 - Técnicas para Elaboração de Resumo 41
Seção 3 - Resenha 42
Seção 4 - Ensaio 43
Seção 5 - Citação: Conceito, Tipos e Regras 45
Seção 6 - Trabalhos Científicos 49
Seção 7 - A Estrutura de um Artigo Científico 50

CAPÍTULO 3 - CIÊNCIA E CONHECIMENTO 59


Seção 1 - A Universidade como Universo de Conhecimentos 61
Seção 2 - O Paradigma Moderno de Ciência e os Graus de
Conhecimento 65
Seção 3 - A Universidade e o Desenvolvimento da Ciência no
Brasil 70
Seção 4 - Desafios para a Ciência e a Universidade na Sociedade
do Conhecimento 73

CONSIDERAÇÒES FINAIS 82

ANEXO 1 83

REFERÊNCIAS 84
CAPÍTULO I

CAPÍTULO 1
MÉTODOS DE ESTUDO:
ORIENTAÇÕES ESSENCIAIS

Profa. Iracema Campos Cusati

Assuntos Abordados Neste Capítulo:

• O Estudo na Universidade: principal atividade do estudante;

• Sobre o prazer de estudar: hábitos essenciais para a rotina de estudos; 9

• Métodos de estudo: processo de leitura, análise e interpretação de


texto;

• Técnicas de leitura: sublinhar, esquematizar e resumir;

• A técnica da documentação como método de estudo pessoal;

Meta (Objetivos Específicos de Aprendizagem)

Ao finalizar este Capítulo, você deverá ser capaz de:

• Analisar a forma e as condições de estudo a que você tem acesso


para garantir sua busca de conhecimento;

• Comparar as características essenciais a uma rotina de estudo à au-


sência, ou não, dessas condições, em seu cotidiano, que possam
acarretar dificuldades para a viabilização de um estudo eficiente;

• Descrever e comentar sobre as possibilidades de uso das técnicas de


estudo apresentadas neste capítulo;

• Identificar quais as estratégias de estudo que você considera adequa-


das a seu ritmo de estudo;

• Indicar as principais características dos métodos de estudo;

• Explicar e exemplificar sublinhado, esquema e resumo;

• Dominar técnicas e utilizar estratégias que favoreçam a aprendizagem;

• Destacar a importância da técnica de documentação de estudos;


• Refletir sobre a influência do estudo na consecução de seu projeto de
CAPÍTULO 1

vida;

• Apresentar, sucintamente, a contribuição da sua formação universitá-


ria para a transformação e ascensão pessoal e profissional.

Construindo Aprendizagem

Caro estudante,

Nesta primeiro capítulo vamos dialogar sobre a importância dos Méto-


dos de Estudo para que você possa vislumbrar, e tenha, uma aprendiza-
gem bem qualificada na sua formação.

Estudar não é uma tarefa difícil. Difícil é encontrar os métodos de estudo


adequados, uma vez que o sucesso do estudo não passa apenas pela
inteligência e pelo esforço, mas também pela eficácia e pela escolha dos
10 métodos adequados a sua aprendizagem que conduzirão à obtenção de
bons resultados. Nesse sentido, a grande importância que os diversos
métodos de estudo têm na vida dos estudantes é tornar o processo de
aprendizagem mais eficaz.

Cada estudante tem seu modo de aprender. No entanto, se você tiver


uma prática de estudo bem organizada, em condições que favoreçam um
bom estudo, inclusive um ambiente propício para sua concentração, e
utilizar métodos adequados, certamente desenvolverá seu conhecimen-
to no conjunto de disciplinas que compõem o seu curso de Bacharelado.

O estudo é muito mais do que a simples memorização dos conteúdos


transmitidos pelo professor, embora essa seja a primeira ideia que temos
quando falamos ou tentamos explicar o que estudamos. As técnicas de
estudo são várias e diferentes a cada disciplina, uma vez que um método
pode ser válido para um indivíduo e não para outro. Também diferem
dentro dos conteúdos das disciplinas, pois o melhor método de estudo
para um assunto não será, certamente, o melhor para estudar um outro
assunto. Portanto, os métodos de estudo que iremos abordar ao lon-
go dessa unidade, abrangem: processos e técnicas de leitura, exercícios
envolvendo sublinhados, esquemas, resumos e escrita, métodos que,
pontualmente, iremos explicitar de forma elucidativa e crítica.

Pronto para iniciar?

Então, mãos à obra!

Inicialmente conversaremos sobre a principal atividade do estudante uni-


versitário que é estudar. Na sequência, abordaremos métodos e técnicas
de estudo que, utilizados nas atividades propostas, auxiliarão no desen-
volvimento e na apropriação de todo o conteúdo que será apresentado
nessa disciplina.

Bons estudos!
Questões Mobilizadoras de Reflexão Sobre o Assunto

CAPÍTULO 1
Como você estuda? Como você vê seus estudos? Você já pensou na au-
tonomia e na responsabilidade que você assume perante a sua própria
aprendizagem? Que método(s) de estudo/aprendizagem você conhece e
utiliza? Você considera que a forma como estuda tem auxiliado em sua
aprendizagem? Você conhece as etapas que usualmente são empregadas
na leitura e na análise de um texto? Quais critérios você utiliza para sin-
tetizar e registrar textos lidos?

Essas são algumas questões que permitirão a você fazer uma autorrefle-
xão e trazer à tona os métodos que você usa de forma intuitiva, afetiva
e cognitiva, produto de sua experiência de vida e de técnicas aprendidas
no sentido de teorizá-las, orientadas numa ação educativa para o desen-
volvimento de suas competências acadêmicas e/ou profissionais. As cin-
co seções a seguir irão orientá-lo a desenvolver boas leituras e condições
de estudo para você expandir e melhor qualificar sua formação. Além
disso, esperamos que essa prática o acompanhe durante toda a trajetória 11
acadêmica e em toda sua vida, pois estudar é um processo contínuo.

Seção 1- O Estudo na Universidade: Principal Atividade


do Estudante

Estudar é um processo realizado pelos estudantes para aprender coisas


novas. Não é algo fácil, pois requer esforço e dedicação embora a apren-
dizagem seja parte integrante da nossa vida. Tem-se como pressuposto
que na Universidade os estudantes aprendem, uma vez que seu papel
central é preparar as novas gerações para o domínio de uma capacida-
de e de um conjunto de conhecimentos. Por isso, a etapa de formação
universitária exige uma série de atividades dos estudantes, para as quais
devem ser garantidas condições mínimas necessárias para o equaciona-
mento das dificuldades frequentemente encontradas, de forma a viabili-
zar a formação humana e profissional pretendidas nessa etapa.

Nesse sentido, entrar numa universidade, confere extremo valor destinar


ao jovem universitário a ideia de que deva buscar sua participação na
vida acadêmica, dentro de uma realidade social, dinâmica e participativa,
baseada num referencial teórico, metodológico e científico e que oportu-
nize sua transformação, passando a ver o estudo como requisito básico
de ascensão pessoal e profissional. Assim, as formas e condições de es-
tudo a serem concedidas aos alunos devem garantir a busca de conheci-
mento pois a ausência dessas condições pode acarretar dificuldades de
viabilização de um estudo eficiente.

É fato que, para participar da vida universitária, implica adquirir novas


posturas e responsabilidades e a principal delas é a conscientização
de que o resultado do processo formativo depende principalmente de
cada um. A aprendizagem de fatos, dados, conceitos, habilidades e
competências não ocorre sem a produção de uma consciência dessa
aprendizagem. Espera-se que, nos espaços de produção e reprodução
de conhecimentos gerados pela universidade, também se forme uma
CAPÍTULO 1

consciência voltada para o social. Essa temática foi investigada por


Leite (1990; 2002) constatando que, ao ingressarem em seus cursos, os
estudantes se consideravam interessados em aprender; no entanto, no
decorrer do tempo, apenas alguns, com referência a amostra examinada,
conseguiam estabelecer significados para suas aprendizagens. Esses
estudantes eram capazes de reconhecer o conhecimento adquirido com
o qual trabalhavam em seus cursos e elaboravam representações sobre
si mesmos e sobre a identidade social como universitários e cidadãos.

Atendendo à sua função social, a universidade propicia formação pro-


fissional, científica e política. Além disso, a universidade exerce uma
influência sobre o estudante que vai além do contato aluno-professor,
por compreender valores, normas e orientações partilhadas pelos estu-
dantes, as quais fazem parte de uma capacidade ampla de resposta aos
contextos e entornos universitários, um repertório de respostas coletivas
ou individuais aos problemas percebidos.
12
É isso que dá sentido à própria palavra “universidade” que cumpre seu
papel social ao desenvolver ações de ensino, pesquisa e extensão e que,
ao fazer isso, torna-se espaço de produção de conhecimento.

Nesse sentido, cabe a você a responsabilidade de estudar, sendo sujeito de


sua formação, indagando, investigando, debatendo e propondo soluções.
À instituição universitária, cabe ensinar e propiciar as condições para que
você possa estudar e aprender. A modalidade a distância é desenvolvida
numa concepção sistêmica, isto é, num tipo de organização em que todos
os envolvidos têm responsabilidades e trabalham cooperativamente.

No livro intitulado “Metodologia para quem quer aprender”, publicado em


2008 pela Editora Atlas, Pedro Demo faz duas observações que não pode-
mos desconsiderar. O autor alerta: não se aprende sem estudar, e o aluno
precisa aprender a estudar. Nessa perspectiva, o desafio é fazer o estudan-
te ser um autor, um cientista, um pesquisador. Mas essa mudança em sua
formação implica que deva ocorrer, também, no professor. A formação
acadêmica dos tempos atuais precisa focar em experiências concretas de
pesquisa, pois é esse o caminho inevitável para a aprendizagem.

Só se aprende quando se entende. Para entender, porém, não basta apenas


acompanhar e participar de aulas. Aprender implica atividades de análise e
interpretação que ocorrem à medida que o conteúdo for reconstruído/ela-
borado autoralmente pelo estudante. A aprendizagem está em sua autoria,
por isso é essencial você adotar bons métodos e técnicas de estudo. O
professor não participa desse processo por repassar dicas, facilitar e repro-
duzir informações. Se levarmos em conta essas observações e considerar-
mos que ser autor, cientista, pesquisador é ser protagonista na sociedade
de hoje, torna-se premente ter a experiência bem concreta de aprender
como autor (DEMO, 2015). Resulta disso tudo que é preciso aprender a
aprender, pois é indispensável e urgente investir em aprendizagem.

Vamos avançar essa reflexão na próxima seção.


Seção 2 - Sobre o Prazer de Estudar: Hábitos Essenciais

CAPÍTULO 1
para a Rotina de Estudos

A compreensão que você tem a respeito do ato de estudar o auxilia a


traçar o seu perfil quanto aos seus hábitos de estudo e à consecução do
seu projeto de vida.

Encontrar um sentido no ato de estudar é a melhor motivação para que


você se organize e eleja um ambiente propício para despertar sua concen-
tração, seu foco e a autorreflexão. Enfim, que você sinta prazer em estudar.

Na seção anterior, falamos um pouco sobre a principal atividade do estudante


na universidade que é estudar. O tempo dedicado para estudar é estabeleci-
do em função da necessidade de aprendizagem de cada um. Dedicar muito
tempo para estudar não representa, necessariamente, qualidade de estudo.
13
Nesta seção vamos destacar aspectos que possam auxiliá-lo no planeja-
mento de uma rotina de estudo. O importante é que você consiga man-
ter sua rotina de estudo voltada à aquisição de conhecimento e observe
os resultados que advém dessa postura.

Fazer um planejamento semanal, incluindo os estudos do dia, é uma


ótima maneira para organizar o seu tempo de estudo, pois o ajudará a
antecipar os problemas e aproveitar melhor o que será aprendido.

Para se conseguir fazer um bom planejamento, é preciso organizar as ta-


refas de acordo com as suas necessidades de aprendizagem, pois, deste
modo, você melhor se orienta para tomar decisões, fazer planos e esta-
belecer compromissos com autonomia.

Nesse sentido, seria interessante iniciar a estrutura de sua rotina de es-


tudo, organizando uma planilha que tem por finalidade principal esta-
belecer objetivos e metas de estudo, além de demonstrar motivação,
dedicação e comprometimento com a sua própria formação ao gerenciar
suas atividades estudantis diárias. O modelo abaixo é uma sugestão que
também está disponível no Anexo 1.

Planejamento Semanal
2ª feira 3ª feira 4ª feira 5ª feira 6ª feira Sábado
MANHÃ
TARDE
NOITE

O mais importante é ter um controle semanal de seus estudos, seja pre-


enchendo em uma planilha, como a sugerida, ou numa outra estrutura
que melhor organize sua rotina de estudo de maneira condizente com o
seu perfil de aprendizagem.
O planejamento é importante em qualquer etapa da vida, para atividades
CAPÍTULO 1

cotidianas pessoais e profissionais. Quando não o fazemos, podemos ter


dificuldade em cumprir desde tarefas corriqueiras até as assumidas de
forma casual ou vinculadas ao compromisso laboral, pois exige engaja-
mento, disciplina e responsabilidade.

Por esse motivo, convido-lhe a assistir ao vídeo que mostra a rotina de


um trabalhador que não planeja seu dia. “O desorganizado”. Disponível
em: <https://vimeo.com/37819929>. Acesso em outubro de 2020.

A sugestão para assistir ao vídeo é que, antes de começar a explorar a


rotina de estudo, você analise e comece a explorar o grau de autoconhe-
cimento de seu perfil enquanto estudante. Esforce-se para responder às
seguintes questões:

• Por que estudar?

14 • Qual o meu tempo dedicado para estudar?

• Como costumo aprender melhor?

• Qual a minha melhor motivação para estudar?

Ter domínio sobre as boas razões para estudar é uma prática de auto-
conhecimento, que atua, primeiramente, impulsionando a motivação, a
organização, a definição de prioridades; também deixa você mais capaz
de manter o foco nos conteúdos a serem estudados e nas metas a serem
alcançadas.

Um estudo realizado em 15 países membros da Organização para a Co-


operação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)¹ interrogou quais são
os benefícios sociais da educação e constatou:

1. Estudar ajuda a desenvolver habilidades.

2. Estudar ajuda a melhorar a condição social.

3. Estudar torna a pessoa mais feliz e pode, inclusive, viver mais.

As afirmações acima, com base no estudo da OCDE, podem ajudá-lo a


refletir sobre a importância dos estudos na vida das pessoas e a trazer o
contexto dessas 3 afirmações para a sua própria vida. Você deve conhe-
cer pessoas que atribuem ao estudo a mudança ocorrida na vida delas.

1 OECD. What are the social benefits of education? Disponível em: <https://www.oecd.org/educa-
tion/skills-beyond-school/EDIF%202013--N%C2%B010%20(eng)--v9%20FINAL%20bis.pdf>. Aces-
so em: setembro de 2020.
A fim de identificar o que precisam aprender, as pessoas fazem um le-

CAPÍTULO 1
vantamento de acordo com o que buscam conquistar ao longo da vida
escolar ou do projeto de vida. Para facilitar esse exercício, elaboram uma
lista de desejos e depois estabelecem quais conhecimentos são necessá-
rios para realizar seus anseios. Essa é uma ação que, além de ajudar as
pessoas refletirem sobre os seus esforços, auxilia também na identifica-
ção das limitações de cada uma.

Para você descobrir como costuma aprender, é necessário que identifi-


que os fatores internos e externos que contribuem ou não para o avanço
de sua aprendizagem. É preciso reconhecer a forma de estudar que é
mais eficaz para o seu estilo de aprendizagem² e se está de acordo com
a sua bagagem de conhecimento.

Assim, é necessário fazer um levantamento sobre o seu estilo de apren-


dizagem, por exemplo, se aprende melhor quando faz anotações, esque- 15
mas, resumos ou se realiza uma lista de exercícios; se começa a estudar
sempre pelos conteúdos que considera ter mais dificuldades de compre-
ensão; se não costuma passar mais de 2 horas estudando uma mesma
disciplina; se costuma ler o mesmo conteúdo em livros diferentes; se
depende de um lugar totalmente silencioso para estudar etc. Detectar os
fatores cognitivos, afetivos, físicos e ambientais que incidem sobre seu
ato de aprender contribui para uma perspectiva de mudança que facilita
a aprendizagem.

Os estilos de aprendizagem estão centrados, geralmente, em como as


pessoas gostam de aprender e como se comportam durante o processo
de aprendizagem. Referem-se a preferências e tendências individualiza-
das de cada pessoa, que influenciam em sua maneira de aprender um
conteúdo.

David Kolb (1984) destaca duas dimensões no processo de aprendi-


zagem, que correspondem a dois caminhos pelos quais aprendemos,
considerando que o primeiro se refere a como percebemos a nova in-
formação e o segundo ao modo como processamos o que percebemos.
Conclui que há quatro tipos básicos de estilos dominantes de aprendiza-
gem: convergente, divergente, assimilativo e criativo.

2 É a forma como cada pessoa se concentra, processa, internaliza e retém a informação durante o
processo de aprendizagem que é um fenômeno natural do ser humano e envolve fatores cognitivos,
afetivos, físicos e ambientais.
Com base nessas denominações, Peter Honey and Alan Mumford (1986),
CAPÍTULO 1

desenvolveram experiências na Inglaterra, mais voltadas a empresários,


e designaram algumas características essenciais em cada um dos 4 esti-
los de aprendizagem propostos por Kolb, como veremos a seguir:

• Estilo ativo: característica de pessoas que se destacam pela vivacida-


de e pelo gosto por novas experiências;

• Estilo reflexivo: peculiaridade de pessoas mais ponderadas que as de


estilo ativo, caracteriza as que utilizam observação e análise antes de
tomar decisões;

• Estilo teórico: traço marcante daqueles que buscam integrar as ob-


servações às teorias considerando a racionalidade, a objetividade, a
lógica e a síntese;

• Estilo pragmático: atributo dos que tendem a colocar em prática as


16 ideias, cujo objetivo central é a funcionalidade.

Robert Sternberg (1999) afirma que os estilos de aprendizagem podem


ser considerados como uma maneira de pensar e de processar as infor-
mações que são disponibilizadas. Para Dantas (2011, p. 3) esses estilos
“relacionam-se à maneira pela qual as pessoas integram com as condi-
ções de aprendizagem, abrangendo aspectos cognitivos, afetivos, físicos
e ambientais que podem favorecer o processamento de informações”.

Portanto, a importância do estudo na sua formação acadêmica e profis-


sional é mais identificada quanto mais você distingue/reconhece o con-
texto de sua própria vida. Para isso ocorrer, vale ressaltar quão necessá-
rio é você conhecer métodos e técnicas de documentação de seu estudo.

Seção 3 - Métodos de Estudo: Processo de Leitura,


Análise e Interpretação de Texto

Os métodos de estudo são definidos como um conjunto de estratégias


utilizadas para se conseguir estudar, organizar a rotina acadêmica, me-
lhorar a aprendizagem e obter sucesso escolar. Mas não é uma atividade
a ser usada somente na universidade pois, como vimos anteriormente,
quando você desenvolve uma rotina de estudos, essa o acompanhará
nas atividades diárias cotidianas e profissionais. Ter método de estudo é
necessário para que você saiba estudar de forma otimizada, poupando
tempo e esforço, em prol de uma aprendizagem bem sucedida.

É válido lembrar que não existe um método de estudo bom ou melhor


que outros. O que deve ser considerado é que cada pessoa pode es-
colher o método de estudo que melhor se adequa a seu processo de
aprendizagem. Muitos alunos abandonam o estudo não por falta de ca-
pacidade ou de conhecimento, mas pela falta de motivação e pela não
utilização de um método condizente.
Por isso abordaremos, nesta seção, dois grandes eixos vinculados aos

CAPÍTULO 1
métodos de estudo: Processo de Leitura e de Análise de texto.

Processo de Leitura

O conceito de leitura ultrapassa a simples decodificação (reconhecer e


traduzir sílabas ou palavras do código escrito), ou seja, a habilidade que
se deve ter de leitura é atribuir significado ao que se lê.

A leitura enriquece nossas opiniões e amplia nossa visão de mundo. Nes-


sa perspectiva, a contribuição da leitura é fundamental, desde que seja
determinado o que será lido e os elementos a serem identificados que
vão auxiliar no entendimento do texto. Somente seguindo estes propó-
sitos e desenvolvendo minuciosamente sua leitura, você terá melhores
resultados na sua aprendizagem que, segundo DEMO (2008, p. 21-22),
“requer dedicação sistemática transformada em hábito permanente”.

Antes de iniciar qualquer leitura, é preciso delimitar uma unidade de 17


leitura, orienta Severino (2007). Essa é a primeira etapa na qual você
vai determinar o que será estudado. A unidade de leitura é o que você
define para ser lido, por exemplo, um livro, um capítulo, uma seção ou
um artigo. A extensão da unidade de leitura você determinará propor-
cionalmente à acessibilidade do texto, considerando a familiaridade que
tem com o assunto tratado.

“Todo texto é portador de uma mensagem, concebida e codificada por


um autor, e destinada a um leitor que, para apreendê-la, precisa decodi-
ficá-la” (SEVERINO, 2007, p. 51). Por isso, a leitura está sempre situada,
ou seja, permite ao leitor entender a mensagem transmitida pelo autor
via encadeamento de ideias, fatos e história. Ainda, de acordo com Se-
verino (2007, p. 54), “a leitura de um texto, quando feita para fins de
estudo, deve ser feita por etapas, ou seja, apenas terminada a análise de
uma unidade é que se passará à seguinte.” Essa observação é válida pois,
se você a seguir, quando terminar o processo de leitura, sentirá em con-
dições de refazer e relatar os pontos principais da obra lida, “reduzindo
a uma forma sintética” (SEVERINO, 2007, p. 54).

Delimitar uma unidade de leitura o auxiliará a compreender melhor o texto


e a fazer analogias dos conhecimentos obtidos em diferentes contextos
político, econômico, cultural e social a que pertencem leitor e autor.

Após a escolha do texto (unidade de leitura), você deve fazer a identifi-


cação de elementos como: o tipo de texto, a referência bibliográfica e
os dados biográficos e bibliográficos do autor.

Ao fazer a identificação do tipo de texto, considere as diferentes carac-


terísticas relacionadas a cada um deles:

• Informativo: aquele que tem como objetivo veicular a informação.


• Literário: tem caráter de expressão artística.
CAPÍTULO 1

• Filosófico: que apresenta reflexão rigorosa do significado das coisas


e dos fatos.

• Científico: aborda o tema apresentando um raciocínio construído na


fundamentação comprovada e provendo o leitor de conhecimento
teórico e metodológico.

Em relação a referência bibliográfica da publicação, você deve atentar


às informações constantes na Ficha Catalográfica que, no caso de livro,
encontra-se inserida sempre nas primeiras páginas do miolo, comumen-
te na página 4. Você pode conferir a ficha catalográfica do livro que está
lendo e identificar as informações nela contidas: nome do autor, título
da obra, cidade onde foi publicada, editora responsável pela publicação,
ano de publicação e as palavras-chave referentes aos assuntos de que
18 trata a obra.

O uso de referência bibliográfica em uma produção escrita fundamenta


o texto e mostra as fontes que foram consultadas bem como aquelas
em que o autor se baseou para escrever seu texto. No meio acadêmico,
a presença de citações e de fontes é fundamental para que o texto seja
considerado científico.

Quanto aos dados biográficos correspondem às informações acerca da


pessoa que escreveu determinada obra, tais como a data de seu nasci-
mento, local em que nasceu e ainda fatos que sejam interessantes acerca
de sua vida ou de histórias familiares.

Os dados bibliográficos do autor são importantes no processo de cons-


trução do livro e também para que os leitores se sintam mais próximos
ao seu autor e conheçam um pouco de sua trajetória.

Portanto, os dados biográficos e bibliográficos são de extrema importância


para uma compreensão do contexto da escrita e para melhor resultado
da leitura e adequada análise de um texto. Por meio destes dados, você
conhecerá o autor da publicação e poderá ter uma perspectiva mais ampla
das concepções abordadas na obra estudada. Se tiver interesse em apro-
fundar informações sobre a vida acadêmica de autores nacionais, encon-
tra-se disponível na Plataforma Lattes no site: <http://lattes.cnpq.br/>.

Análise, Interpretação e Síntese de texto

De posse das informações anteriores, destacamos a seguir as principais


técnicas para análise, interpretação e síntese de informações no texto con-
siderando que, ao chegar na universidade, muitos estudantes não têm fa-
miliaridade com leituras. As dificuldades frente às exigências podem ser
vencidas com muita disciplina que, segundo Severino (2007), é auxiliada

CAPÍTULO 1
por um método de leitura, chamado de método de leitura analítica. Esse
método avança por etapas sucessivas (processos lógicos) até a compre-
ensão global de uma unidade de leitura. As referidas etapas são a análise
textual, análise temática, análise interpretativa, problematização e síntese
pessoal. Os passos por ele propostos contribuem significativamente para
uma proveitosa compreensão e assimilação dos textos estudados.

As técnicas de análise de um texto são fundamentais para haver uma boa


aprendizagem dos assuntos abordados. Lembra que sugerimos a você
fazer um levantamento do tempo que tem disponível para seus estudos,
inclusive predeterminando os seus horários numa planilha (foi sugerido
um Planejamento Semanal no qual você organize as disciplinas a estu-
dar)? Se você preencheu a planilha para dinamizar o tempo de estudo,
procure cumpri-lo. Estabelecidos os horários, manter um ritmo de estu-
do e seguir as diretrizes apresentadas neste e nos próximos capítulos vão
lhe proporcionar êxito e prazer no desenvolvimento dos estudos, que 19
estarão mais organizados, fluentes e eficientes.

O método de leitura analítica, que engloba técnicas de análise, permite


que você consiga localizar as ideias ou conceitos mais importantes no
texto que está lendo.

SAIBA MAIS

Dicas valiosas para você:

• Leia o texto ao menos duas vezes;

• Faça diagramas, esboços ou elabore frases curtas;

• Marque as partes mais importantes ou aquelas que sentir difi-


culdade de compreensão;

• Aprenda vocábulos novos;

• Aumente sua velocidade de leitura e compreensão do texto;

• Faça pausas de 5 a 8 minutos, para descansar, e continuar a


estudar.

A constante dificuldade dos estudantes em compreender textos científi-


cos que precisam ler na universidade pode ser atenuada, utilizando téc-
nicas específicas de análise e interpretação de textos. Mas você já parou
para pensar como deve analisar um texto? Lakatos e Marconi (2003, p.
27) explicam que
“A análise de um texto refere-se ao processo de conhecimento de determi-
CAPÍTULO 1

nada realidade e implica o exame sistemático dos elementos; portanto, é


decompor um todo em suas partes, a fim de poder efetuar um estudo mais
completo, encontrando o elemento-chave do autor, determinar as relações
que prevalecem nas partes constitutivas, compreendendo a maneira pela
qual estão organizadas, e estruturar as idéias de maneira hierárquica.”

Com essa explicação, Lakatos e Marconi (2003, p. 30-31) ressaltam que é


possível entender a análise de um texto como um processo que possibilita:

a. aprender a ler e a escolher o que é mais importante nele;

b. reconhecer a organização e a estrutura dele;

c. interpretá-lo, familiarizando-se com ideias, estilos, vocabulários;

d. chegar a níveis mais profundos de compreensão;


20
e. separar o importante do secundário ou acessório;

f. desenvolver a capacidade de distinguir fatos, hipóteses e problemas;

g. encontrar as ideias principais e as secundárias;

h. perceber como as ideias se relacionam;

i. identificar as conclusões e as bases que as sustentam.

SAIBA MAIS
Para esse processo avançar, são indicadas algumas etapas a serem
consideradas:

• Faça a sua leitura integral do texto com o objetivo de obter uma


visão do todo;

• Releia o texto, assinalando ou anotando palavras e expressões


desconhecidas, buscando informações num dicionário para es-
clarecer seus significados;

• Após sanadas as dúvidas, faça uma nova leitura, visando à com-


preensão do todo;

• Leia novamente, procurando a ideia principal ou palavra-chave,


que pode estar explícita ou implícita no texto;

• Localize acontecimentos e ideias, comparando-os entre si, pro-


curando semelhanças e diferenças existentes;

• Interprete as ideias e/ou fenômenos, identificando conclusões a


que o autor chegou.
Análise Textual

CAPÍTULO 1
A análise textual, primeira etapa do método de leitura analítica de Severi-
no (2007), é considerada uma atividade preparatória para que você con-
siga desenvolver um processo de análise mais aprofundada da unidade
de leitura³ delimitada para estudar. Ou seja, é o primeiro contato com
toda a unidade de leitura determinada, momento em que você fará uma
leitura sistemática e completa da unidade de leitura em estudo, com a
finalidade de ter uma visão panorâmica do texto e de conjunto do racio-
cínio do autor, tomando conhecimento inclusive da linha teórica, do esti-
lo, do método e dos limites da abordagem do autor. Nesse momento de
leitura, é fundamental fazer um levantamento de todos os elementos bá-
sicos (os dados do autor do texto, como por exemplo: a vida, a obra e o
pensamento do autor da unidade), destaque os componentes desconhe-
cidos (conceitos e termos fundamentais para a compreensão da unidade)
que constam no texto e busque informações utilizando um dicionário,
obras de referência relacionadas ao tema e sites especializados. Dessa
forma, você não esgotará toda a compreensão do texto, mas identificará 21
todos os pontos passíveis de dúvidas e que possam ser esclarecidos para
sua melhor compreensão da mensagem do autor. Todos esses elemen-
tos e demais referenciais relativos a fatos históricos e a outros autores
também devem ser considerados e transcritos em uma folha à parte. Ao
final dessa leitura, você deve realizar uma pesquisa prévia para organizar
as informações que desconhecia e que buscou esclarecer e aprofundar.

Em suma, nessa etapa você deve:

• ler a unidade de leitura na íntegra buscando ter uma visão do todo;

• reler a unidade de leitura assinalando as palavras e/ou expressões


desconhecidas buscando conhecer seus significados;

• identificar os limites de abordagem do autor, isso é, os aspectos que


estão sendo discutidos sobre determinado tema e

• fazer um esquema do texto para apresentar uma visão de conjunto da


unidade em estudo.

Observação:

O esquema organiza e estrutura as ideias e os conceitos abordados na


unidade de leitura e serve como suporte material ao raciocínio. Desse
modo, a utilidade do esquema é permitir que você tenha uma visualiza-
ção global do texto: a visão panorâmica da unidade de leitura.

3 A delimitação de uma unidade de leitura foi explicada e definida na Seção 3 (tópico Processo de
Leitura).
Utilizando poucas palavras em frases curtas que expressem as ideias do
CAPÍTULO 1

autor, sem modificação ou pontos de vista pessoais, o esquema te auxilia


na memorização e explicação do texto lido. Para fazer um esquema, você
pode utilizar símbolos diversos (linhas, setas, chaves, círculos, colchetes
etc.) elaborando tópicos hierarquizados que retratam a introdução, o de-
senvolvimento e a conclusão do texto lido.

A esquematização da unidade de leitura não é um resumo, mas torna-


-se uma fase de preparação para produzi-lo, necessária para a leitura e a
análise temática do texto em estudo.

Análise Temática

A análise temática é o momento em que você irá fazer uma série de per-
guntas cujas respostas fornecerão o conteúdo da mensagem contida no
texto estudado.

22 Para Severino (2009, p. 18)

“é a fase de busca por compreensão, a mais objetiva possível, da mensagem


do autor. É hora de saber qual mensagem ele nos transmite por meio de seu
texto, ou seja, o que ele quer comunicar. Trata-se, portanto, de se saber qual
o conteúdo do texto.”

Inúmeras vezes essa fase é negligenciada em nossos ambientes escolares


e acadêmicos, pois muitos consideram que uma boa leitura se concretiza
com a interpretação do texto. A atividade de interpretação do texto (pró-
ximo tópico que veremos) demanda uma etapa prévia a ser considerada
na leitura analítica, que é a fase de compreensão, durante a qual será
realizada uma escuta atenta do autor. Para isso, você deve procurar res-
postas a questões que deve dirigir ao autor, como as que seguem:

• Qual é o assunto abordado e qual o tema do texto? De que ele trata?

• Que problema é colocado? Por que o tema está abordado no texto e


como ele está problematizado?

• Qual é o objetivo do autor?

• Que resposta o autor apresenta para o problema? Que ideias são


defendidas ao explicar o tema?

• O autor apresenta hipótese? Como ele a demonstra e como a com-


prova?

• Qual a dificuldade a ser resolvida?

• Qual foi o raciocínio, a argumentação do autor? Que posições o au-


tor assume?

• Qual a solução ou conclusão apresentada pelo autor?


• Quais outras ideias secundárias, eventualmente, o autor defende no texto?

CAPÍTULO 1
Considerando as questões supracitadas, você deve reler o texto, buscan-
do as respostas que devem ser registradas, de forma sintética, na ficha
bibliográfica referente ao texto, que corresponde ao que chamamos de
fichamento4 do texto lido.

Vale destacar que, nessa etapa, fica registrada a posição do autor, ou seja,
o conteúdo que ele quer transmitir por meio de seu texto.

A análise temática representa o esforço do leitor de ouvir o autor, apreen-


der o conteúdo da mensagem sem intervir, e decodificar sua mensagem.
É a análise temática que serve de base para um resumo ou uma síntese
de um texto que você aprenderá, em breve, como fazer.

Caminhamos para mais uma etapa de uma leitura analítica, a interpreta-


ção de um texto, conforme apresentaremos no tópico a seguir.
23
Análise Interpretativa

Nesta etapa você irá dialogar com o autor e se posicionar frente às ideias
expostas por ele. A análise interpretativa é a terceira etapa da leitura
analítica de um texto, é quando você faz a interpretação da mensagem
do autor. “É ela que torna a leitura um processo crítico na lida com o
conhecimento.” (SEVERINO, 2009, p. 19)

Interpretar “é tomar uma posição própria a respeito das ideias enunciadas,


é superar a estrita mensagem do texto, é ler nas entrelinhas, é forçar o autor
a um diálogo, é explorar toda a fecundidade das ideias expostas, é cotejá-las
com outras, enfim é dialogar com o autor.” (SEVERINO, 2007, p. 59)

A sugestão é que você siga o seguinte roteiro:

1. Situe o conteúdo da unidade estudada: análise como as ideias do au-


tor, expostas na unidade lida, relacionam-se com as posições gerais
do seu pensamento teórico, como elas se inserem no conjunto de
seu pensamento.

2. Situe o autor no âmbito do pensamento teórico, histórico, cultural e


filosófico.

3. Explicite os pressupostos implicados no texto. “Pressupostos são


ideias que nem sempre estão expostas no texto, mas são princípios
que justificam e fundamentam as ideias defendidas pelo autor no
texto, dando-lhe coerência.” (SEVERINO, 2009, p. 20-21)

4 Sobre Fichamentos estudaremos mais detalhadamente na seção 5 deste capítulo.


4. Faça um levantamento de ideias associadas às que estão presentes no
CAPÍTULO 1

texto. Podem ser ideias semelhantes, convergentes ou divergentes


com as que o autor sugere quando dialogamos com ele. A intenção é
que você compare, aproxime posições e destaque diferenças.

5. Formule críticas à construção do texto, bem como aos pontos de vis-


ta do autor: críticas positivas e negativas. Nesse momento, você deve
formular um juízo crítico, tomar uma posição e avaliar a mensagem
que foi passada pelo autor.

Observação: A crítica pessoal às posições defendidas pelo autor ca-


racteriza-se por um momento delicado que exige maturidade inte-
lectual por parte do leitor. Porém, o exercício de elaborar a crítica
é extremamente válido e por isso sugerimos a você considerar essa
etapa para que desenvolva e consolide experiência intelectual agre-
gando e apoiando, nesse processo, suas próprias vivências.

Ao chegarmos às informações finais sobre a interpretação de um texto,


24
destacamos que essa etapa pressupõe a realização de algumas leituras
prévias do referido texto. Também auxilia nessa interpretação quando
você já fez leituras sobre o assunto, tanto com abordagens teóricas se-
melhantes quanto com abordagens diferentes das que o autor expõe no
texto em estudo.

Portanto, ao fazer uma análise interpretativa você deve refletir sobre o


posicionamento do autor, fazer uma avaliação crítica das ideias esboça-
das no texto estudado e, também, considerar a coerência da argumen-
tação, a originalidade da abordagem, a profundidade no tratamento do
tema e o alcance das conclusões apresentadas. Por fim, você deve fazer
uma apreciação pessoal em relação às ideias defendidas pelo autor.

Terminada a etapa de interpretação, você foi informado de que não deve-


ria se limitar à leitura somente do texto em estudo, mas acumular leituras
sobre o assunto. Assim, passamos a uma outra fase intimamente ligada
à interpretação, que corresponde ao momento de levantar problemas
relevantes para a reflexão individual (caso seja um estudo que você fez
de um texto e está escrevendo sobre ele) e, principalmente, para a dis-
cussão coletiva (caso seja uma reflexão que será desenvolvida em grupo
e, conforme o caso, num seminário, num debate etc). Designamos esta
etapa que subsidia o debate e a reflexão por Problematização.

A problematização, essencialmente uma atividade científica, se carac-


teriza pelo levantamento de questões semânticas, temáticas ou inter-
pretativas que estão explícita ou implicitamente abordadas no texto em
estudo. Severino (2009, 2007) recomenda que você releia atentamente
todo o texto procurando questioná-lo. Este procedimento te ajudará a
encontrar respostas aos problemas levantados.

Lembre-se de que há uma distinção entre essa fase e aquela que você de-
terminou o problema da unidade de leitura, durante a análise temática.
Naquela fase, você desvelou a situação de conflito que provocou o autor
a buscar a solução do problema. A fase atual, momento da problemati-
zação, precisa de uma verificação das questões explícitas ou implícitas

CAPÍTULO 1
no texto lido para promover a discussão e a reflexão a que ele conduz.

Com a discussão da problemática levantada no texto lido e a reflexão ge-


rada, o leitor tem elementos para melhor desenvolver as ideias do autor.

Síntese pessoal e registro

A atividade de elaboração de uma síntese pessoal é solicitada aos estu-


dantes por ser um exercício de raciocínio que propicia um amadureci-
mento intelectual. A síntese pessoal pode ser apresentada em atividades
de ensino, na forma de uma tarefa específica, de partes de um relatório
ou de roteiros de seminários, por exemplo.

A elaboração de síntese pessoal enriquece a leitura analítica que foi de-


senvolvida por se caracterizar de uma reflexão conclusiva das temáticas
abordadas no texto em estudo e analisadas ao longo da leitura.
25
O esforço feito pelo leitor, para refletir sobre o assunto abordado, capa-
cita-o a extrair e estruturar as ideias essenciais do texto estudado. Essa
síntese pessoal e todas as informações e reflexões elaboradas ao lon-
go desse processo de leitura, análise e interpretação de textos devem
ser transcritas em fichamento bibliográfico com registros manuscritos
em folhas de papel ou registros digitais que organizam suas leituras por
tema, área, autor, destaque de trechos que considerou importantes e
identificação do motivo pelo qual a obra chamou-lhe a atenção. Igual-
mente relevante, lembra Severino (2009, p. 22), é você registrar os ele-
mentos coletados nas fontes de pesquisa, que lhe deram subsídios para
a leitura, em fichas correspondentes (biográficas e temáticas).

Antigamente, era comum a elaboração dos fichamentos em papel cartão.


Hoje, é cada vez mais raro encontrarmos fichamento em papel e, quando
ainda feitos nesse suporte, são fichas realizadas em uma folha comum.
A título de curiosidade, apresentamos abaixo um modelo de fichamento
em papel cartão:

Características do fichamento bibliográfico

A folha de fichamento pode ser confeccionada no meio que o leitor sele-


cionar, ou seja, em uma folha de papel, num papel cartão ou documento
do Word, Google Docs, entre outros editores de texto de preferência de
quem elabora. O fichamento bibliográfico é utilizado para:

• Identificar obras

• Conhecer resumidamente o conteúdo do material fichado



• Buscar as citações e referências

• Apresentar uma crítica inicial e comentários sobre o conteúdo

• Embasar a produção de textos acadêmicos
CAPÍTULO 1

Fonte: conversandoportugues.com.br

26 Atualmente, o que é mais comum são os fichamentos feitos em arquivos


de computador, com organização separada por pastas digitais ou outras
bases de dados.

O uso de fichamentos digitais tem o grande benefício de não se perder


tão facilmente como um cartão, que também pode manchar, rasgar-se e
desgastar-se com o manuseio.

Independente do suporte utilizado, um bom fichamento bibliográfico


possui um cabeçalho, que deve conter a referência bibliográfica de acor-
do com as normas da ABNT e o corpo, que é composto pelo resumo com
indicação de citações e quaisquer outras anotações relacionadas à obra
que o autor da ficha considere essenciais ou interessantes.

Observação: o fichamento bibliográfico é realizado para uso pessoal de


cada leitor. Portanto, ele poderá conter tudo o que for considerado neces-
sário (como comentários, breves avaliações e análises críticas), desde que
sejam mantidos uma ordem e um padrão para todas as fichas realizadas.

Essa padronização é necessária porque o propósito do fichamento é au-


xiliar na organização do grande número de leituras realizadas durante o
estudo. No entanto, quando um fichamento bibliográfico for solicitado
como tarefa ou exercício, o melhor é utilizar e padronizar, levando em
consideração as dicas a seguir.

Dicas para elaboração de um bom fichamento bibliográfico:

• Escreva de forma simples e objetiva.

• Identifique todas informações importantes dos textos lidos (Título,


Autor, Editora, ano da publicação, local da publicação, edição, data
de leitura etc.).

• Faça uma análise textual da obra.

• Apresente as referências de acordo com as normas da ABNT.


• Faça um pequeno resumo da obra e destaque qual o tema tratado

CAPÍTULO 1
antes de iniciar os tópicos em que apresentará a ideia-base do autor
da obra e suas justificativas sobre o tema.

Com essas dicas, é possível fazer um ótimo fichamento bibliográfico!

Seção 4 - Técnicas de Leitura: Sublinhar, Esquematizar e


Resumir

Nesta seção, destacaremos a importância das técnicas de leituras para


que você as utilize em vários tipos de textos que são relevantes ao longo
de sua formação acadêmica. Existem diferentes formas para você ler e
estudar um texto. A ênfase aqui será dada às técnicas de sublinhar, es-
quematizar, resumir e documentar.

A Técnica de Sublinhar
27
A técnica de sublinhar consiste em destacar no texto as ideias principais.

Costuma-se sublinhar uma palavra ou expressão quando se quer desta-


car um trecho ou enfatizar um termo ou frase.

Você, com certeza, já utilizou a técnica de sublinhar o texto que estava


lendo. Essa técnica auxilia no estudo, na compreensão e na aprendiza-
gem dos conteúdos tratados pois destaca a ideia fundamental contida no
texto em estudo.

É necessário separar os fatores textuais menos essenciais, para não per-


der a unidade de pensamento. Por isso, sublinhar com traços verticais às
margens, usar cores e marcas diversas para cada parte importante ana-
lisada contribui para uma boa leitura e fixação do tema. Mas, é preciso
que você use o sublinhamento com moderação pois se marcar muito o
texto, acabará esgotando sua função.

O desenvolvimento da técnica de sublinhar passa por algumas etapas e,


por esse motivo, algumas noções básicas de sublinhar são essenciais,
conforme veremos a seguir:

1. A primeira leitura serve para a compreensão do assunto e como for-


ma de esclarecimento das dúvidas que surgiram na leitura; nesta fase
é preferível não sublinhar. No entanto, se ideias importantes já foram
encontradas, coloque à margem um sinal convencional.

2. Reler o texto e identificar a ideia principal, os detalhes importantes,


os termos técnicos, as definições, as classificações, as provas.

3. Habituar-se a sublinhar depois de reler um ou dois parágrafos, a fim


de saber exatamente o que destacar. Usar como ajuda, os sinais co-
locados à margem, para sublinhar com mais segurança.
CAPÍTULO 1
4. Sublinhar as ideias centrais, utilizando, por exemplo, dois traços para
as palavras-chaves e um para os detalhes mais importantes.

5. Nos tópicos mais importantes, deve-se assinalar, à margem do tex-


to, com uma linha vertical. Ainda, se julgar viável, nos argumentos
discutíveis você deve assinalar um ponto de interrogação, também à
beira do texto.

6. Cada palavra não compreendida você deve identificar e consultar o


dicionário e, se necessário, anotar o significado para melhor entendi-
mento do texto.

7. Ler o que foi sublinhado, para verificar se há sentido e, assim, cada


parágrafo deve ser reescrito a partir das palavras destacadas.

8. Por último, deve-se reconstruir o texto, em forma de esquema ou


resumo, baseando-se nas palavras sublinhadas.
28
As noções básicas pontuadas sintetizam as sugestões de vários autores.
O mais importante é você adotar a sua técnica, definir as suas marca-
ções, estabelecendo um padrão de registro e segui-lo.

A necessidade de sublinhar consiste em conseguir compreender, ao reler


o que foi sublinhado, a estrutura sintética e entender o significado do que
se leu. Para isso, você deve ler o texto, fazer uma releitura e procurar as
principais ideias, assinalar os detalhes importantes, os termos técnicos e
as definições.

Em suma, sublinhar é uma técnica indispensável tanto para elaboração


de esquemas e resumos quanto para destacar as ideias importantes de
um texto.

Lembre-se: Você deve sublinhar apenas algumas palavras e frases que


considere essenciais e não a oração toda. Por isso não é aconselhável su-
blinhar muitas palavras por parágrafo. E, para analisar se a técnica teve
eficiência desejada, é recomendável que, no final de suas marcações, você
faça uma leitura comparando o texto original com o que foi sublinhado.

Para concluir, a finalidade da técnica de sublinhar um texto é extrair as


palavras-chave e ideias principais de uma unidade de leitura. Essa técnica
facilita a elaboração de esquemas, fichamentos e resumos.

A Técnica de Esquematizar

Na seção 3, na parte referente à Análise textual, comentamos a utilidade


do esquema em seus estudos e destacamos que a esquematização da
unidade de leitura não é um resumo, mas torna-se uma fase de prepara-
ção para produzi-lo.
O esquema é um registro dos principais pontos levantados de um texto.

CAPÍTULO 1
Podemos afirmar que o esquema é a apresentação do texto, colocando em
destaque os elementos de maior importância. Sua finalidade é difundir mais
amplamente as informações facilitando para o leitor sua compreensão.

A utilidade do esquema como meio facilitador para a memorização e


explicação do texto, fica mais evidente quando, ao fazê-lo, você adota o
uso de linhas, setas, círculos, colchetes, entre outros símbolos diversos.

Na elaboração de esquemas, Salomon (2004, p. 105) reforça que algu-


mas características devem ser ressaltadas e observadas, tais como

• Fidelidade ao texto original: deve manter as ideias do autor, sem


modificação ou pontos de vistas pessoais;

• Estrutura lógica do assunto: partir sempre da ideia principal, depois


para seus respectivos detalhes;
29
• Adequação ao assunto estudado e funcionalidade: o esquema deve
ser flexível e adaptado ao tipo de matéria a ser estudada. Os as-
suntos mais complexos conduzem a um esquema mais complexo e
com mais detalhes. Para os assuntos com menor complexidade, o es-
quema será, consequentemente, mais simples, apenas apresentando
palavras-chave;

• Utilidade de seu emprego: como instrumento de estudo, o esquema


deve ser útil, isto é, deve facilitar seu retorno ao texto a fim de ser
revisado, sobretudo quando próximo da avaliação e também para a
elaboração de trabalhos acadêmicos;

• Cunho pessoal: você pode desenvolver seu modelo de esquema,


conforme suas características, hábitos, cultura, recursos e experiência
pessoal. Cada pessoa tem seu próprio jeito de fazer esquemas. Logo,
um esquema feito por alguma pessoa raramente irá servir a outra.

A finalidade do esquema é resumir textos muito grandes e densos para


que o leitor o entenda, sem que tenha de fazer uma leitura completa do
texto. É muito utilizado pelos estudantes em seus estudos e revisões para
provas, pelos professores para organizar a matéria a ser dada e também
como método para a realização de trabalhos técnicos, entre outros.

A Técnica de Resumir

O resumo é a apresentação sintética e seletiva das ideias de um texto.


Nele são ressaltadas a progressão e a articulação das principais ideias do
autor.

A finalidade do resumo é difundir as principais ideias do autor em es-


tudo, estimulando a leitura do texto completo por apresentar de forma
concisa, clara e objetiva.
No resumo não cabe incluir comentários ou julgamentos pessoais a res-
CAPÍTULO 1

peito do que se resume. Resumir não é reproduzir partes ou frases do


texto original lido. Logo, não deve aparecer no resumo transcrições de
trechos do texto original.

Ao fazer um resumo, é importante não perder de vista três elementos:

• As partes essenciais do texto;

• A progressão em que os temas ou as unidades de significação se


sucedem;

• A correlação entre cada uma dessas partes.

Enfim, para fazer um resumo, você utiliza as mesmas técnicas de subli-


30 nhar e elaborar esquemas.

Como ilustração, apresentaremos, na sequência, uma unidade de leitura


para que você reconheça a utilização das três técnicas. Leia e observe a
unidade de leitura a seguir:

Em relação ao papel da gerência no setor público, Tohá e Solari (1997) afir-


mam que ele tem sido reformulado ao longo do tempo, tendo em vista as
mudanças ocorridas nas instituições em diversos países na atualidade. Esta
reformulação da gerência pública tem como objetivo a otimização dos recur-
sos públicos, aumentando a eficiência da máquina estatal, sem o esqueci-
mento do princípio da equidade, que também norteia as decisões nessas or-
ganizações. O setor público possui algumas especificidades, que devem ser
observadas para que haja uma melhor distinção quando confrontado com o
setor privado (PAIVA; COUTO, 2008, p. 1995).

Utilizando a técnica de sublinhar

Em relação ao papel da gerência no setor público, Tohá e Solari (1997)


afirmam que ele tem sido reformulado ao longo do tempo, tendo em vis-
ta as mudanças ocorridas nas instituições em diversos países na atualida-
de. Esta reformulação da gerência pública tem como objetivo a otimiza-
ção dos recursos públicos, aumentando a eficiência da máquina estatal,
sem o esquecimento do princípio da equidade, que também norteia as
decisões nessas organizações. O setor público possui algumas especi-
ficidades, que devem ser observadas para que haja uma melhor distin-
ção quando confrontado com o setor privado (PAIVA; COUTO, 2008, p.
1995).
Utilizando uma das formas de esquematizar a unidade de leitura

CAPÍTULO 1
Tem sido reformulado ao longo do
tempo
Papel da gerência
Influenciado pelas mudanças
ocorridas nas instituições

Otimização dos recursos públicos

Objetivos da reformula Aumento da máquina estatal

Princípio da equidade

Utilizando a técnica do resumo


31
O papel da gerência no setor público tem sido reformulado ao longo
do tempo, em função de mudanças que ocorrem nas organizações. Os
motivos ou objetivos dessa reformulação são:

• otimização dos recursos públicos;


• aumento da eficiência da máquina estatal; e
• o princípio da equidade.

Foram exemplificadas 3 técnicas. Para aprendê-las é preciso praticar.


Portanto, a sugestão é que comece logo a utilizá-las. Uma maneira inte-
ressante seria iniciar com um texto que já esteja estudando como, por
exemplo, esse capítulo.

Seção 5 - A Técnica da Documentação como Método de


Estudo Pessoal

A documentação é mais um registro e uma técnica na arte de estudar e


deve ser constante em sua vida acadêmica. É uma forma de registrar in-
formações e/ou o conhecimento construído a partir da leitura dos textos.

O que é documentar?
É registrar, a partir de uma escolha pessoal, tudo o que você julgar im-
portante e útil para seus estudos: as aulas, os livros, os artigos, as infor-
mações obtidas em eventos científicos.

Como documentar?
Uma sugestão é seguir a estrutura curricular do seu curso. Por exemplo,
para cada disciplina, você pode abrir uma pasta geral ou principal, e den-
tro dela abrir pastas secundárias.

Outra forma de documentar é organizar um fichário por assunto ou tema


e por nome dos autores.
Por que devemos documentar?
CAPÍTULO 1

Salomon (2004) afirma que são três as principais razões para utilizarmos
essa técnica: a instabilidade da memória; o volume de informações e o
desenvolvimento dos meios de comunicação.

Essa técnica de documentação favorece a expressão escrita, já que o con-


duz a elaborar o pensamento do autor e reconstruí-lo. É um processo de
desenvolvimento do leitor para tornar-se autor de sua reflexão.

A prática da documentação é tanto uma técnica de estudo como de pes-


quisa, pois é por meio dela que o estudante/pesquisador registra, num
arquivo pessoal, suas ideias construídas a partir de suas leituras e ar-
mazena também as informações relevantes que foram selecionadas ou
mesmo reflexões pessoais.

Para concluir, destacamos que nosso objetivo é ressaltar a importância


da técnica de documentação como forma de estudo, tanto por criar con-
32 dições para uma gradual e contínua assimilação dos conteúdos, quanto
por contribuir na redução das dificuldades de aprendizagem encontradas
pelos alunos que, cada dia mais, são confrontados com uma evolução
global da cultura e da ciência.

Os métodos acadêmicos tradicionais, baseados na assimilação passiva,


já não favorecem um resultado eficaz de aprendizagem. O estudante
precisa entender que sua aprendizagem é uma tarefa eminentemente
pessoal e se transformar num estudioso que encontra no ensino escolar
não um ponto de chegada, mas um limiar a partir do qual constitui toda
uma atividade de estudo e de pesquisa, que lhe proporciona acesso ao
conhecimento e instrumentos de trabalho criativo e inovador em sua área.

Segundo Salomon (2004, pág. 107), a prática da documentação pessoal


deve tornar-se uma constante na vida do estudante: “é preciso conven-
cer-se de sua necessidade e utilidade, colocá-la como integrante do pro-
cesso de estudo e criar um conjunto de técnicas para organizá-la.”

Como vimos anteriormente, a documentação de tudo o que você julgar


importante e útil, em função dos seus estudos e do trabalho profissional
que virá a exercer, deve ser feita da forma que considera mais viável.

Dicas para Tornar o Momento de Estudo mais Proveitoso

• Busque motivar-se;

• Elabore e persiga objetivos para os seus estudos;

• Crie condições favoráveis para aprendizagem atentando para o local


de estudo, a organização dos materiais e tendo cuidado com a saúde;

• Torne-se um pesquisador, isto é, desenvolva o hábito de pesquisar


informações desconhecidas;
• Organize o seu tempo de estudo (elabore um cronograma, como su-

CAPÍTULO 1
gestão, incluímos no anexo um planejamento semanal a ser realizado
e seguido com rotinas de horas de estudos diários).

Resumindo

Nesta Capítulo, você esteve envolvido com a compreensão de concei-


tos, importantes para a documentação e o registro de textos. Diferentes
técnicas e estratégias de leitura e análise de textos foram apresentadas a
você, ressaltando que a potencialidade de sua aprendizagem está direta-
mente relacionada à sua organização diária de estudo, para facilitar o en-
tendimento e a visualização dos temas. O estudo e o aprendizado envol-
vem atividades de leitura, reflexão, discussão, elaboração e reelaboração.
Essas atividades supõem práticas e técnicas de trabalhos acadêmicos, de
natureza didático-científica, para que você desenvolva com maior agili-
dade e prazer, conquistando melhor desempenho e aproveitamento em
seus estudos. Com esse fim, você conheceu e aplicou as etapas do méto-
33
do de leitura analítica que foi proposto por Severino (2007). Essas etapas
foram designadas por análise textual, análise temática, análise interpreta-
tiva, problematização e síntese pessoal. Por fim, ressaltamos, neste Capí-
tulo, que cabe a você desenvolver o espírito crítico e se posicionar frente
à expressão escrita dos autores. Para isso é preciso ler muito, estudar,
desenvolver as técnicas de sublinhar, de esquematizar, resumir, analisar
e documentar o que você estudou. Existem diferentes técnicas de docu-
mentação. No entanto, você pode desenvolver a sua própria técnica, que
é um importante exercício autoral, e torná-la um hábito constante nas
suas atividades acadêmicas.

Agora vamos praticar...

ATIVIDADES

As Atividades de Estudo e Aprendizagem fazem parte do proces-


so de aquisição e apropriação do conhecimento. Portanto, são im-
portantes porque são ações que auxiliam, fortalecem e possibilitam
acompanhar se a atividade de ensino, elaborada pelo professor, de-
sencadeou a aprendizagem esperada.

Neste sentido, ao chegar ao final deste Capítulo, propomos verificar


como está seu entendimento sobre os temas abordados. Para isso,
resolva a atividade a seguir e, em caso de dúvida, confira na parte da
Correção das Atividades de Estudo e Aprendizagem. Ainda persistin-
do suas dúvidas, consulte seu tutor.

Um pequeno exercício escrito é uma boa maneira de revisar os


temas estudados. Na prática, você pode conferir se teve um bom
entendimento do que foi tratado nesta Unidade, desenvolvendo a
atividade proposta:
CAPÍTULO 1

ATIVIDADE 1
Acesse o livro de Antonio Joaquim Severino intitulado Metodologia
do Trabalho Científico. Ao examiná-lo, irá identificar todos os as-
suntos estudados nessa Unidade e muito mais. Este livro tornou-se
referência entre alunos e professores universitários, sendo uma das
obras mais conceituadas e consultadas sobre o tema por se tratar
de uma iniciação teórica, metodológica e prática aos trabalhos aca-
dêmicos. Você pode acessá-lo pelo link: <https://edisciplinas.usp.
br/pluginfile.php/3480016/mod_label/intro/SEVERINO_Metodolo-
gia_do_Trabalho_Cientifico_2007.pdf>.

Após consultá-lo, elabore duas fichas, uma de documentação bio-


gráfica e outra de documentação bibliográfica.

Correção das Atividades de Estudo e Aprendizagem

Correção da Atividade 1
34
Essa é uma resposta possível que sugere a você a identificação dos
pontos centrais que deveriam constar na elaboração das fichas soli-
citadas na atividade.

Ficha de documentação Ficha de documentação


biográfica bibliográfica
SEVERINO SEVERINO, Antonio Joaquim.
Antonio Joaquim Severino Metodologia do Trabalho Cien-
1941 tífico.
23. ed. rev. Atualizada. São Pau-
Professor titular, aposentado, de lo: Cortez, 2007.
Filosofia da Educação na Facul-
dade de Educação da USP, ora O livro tem como objetivo apre-
atuando como docente colabora- sentar alguns subsídios teóricos
dor. Licenciou-se em Filosofia na e práticos para o desenvolvi-
Universidade Católica de Louvain, mento dos processos de ensino
Bélgica, em 1964. Na PUCSP, de- e aprendizagem aos estudantes
fendeu tese sobre o personalismo universitários.
de Emmamuel Mounier, em 1972.
Prestou concurso de Livre Docên- Para atender ao objetivo e, com
cia em Filosofia da Educação, na um caráter instrumental, os as-
USP, em 2000. Atualmente integra suntos estão distribuídos em
o corpo docente do Programa de sete capítulos que estruturam o
Pós-Graduação em Educação da livro.
Uninove, Universidade Nove de O primeiro capítulo contextuali-
Julho, de São Paulo, onde lidera za a Universidade, ciência e for-
o Grupo de Pesquisa e Estudo em mação acadêmica.
Filosofia da Educação - GRUPEFE.
Dentre suas publicações, desta- O segundo capítulo apresenta
cam-se Metodologia do trabalho orientações ....e assim por dian-
científico (Cortez, 1975); Educa- te.....
ção, ideologia e contra-ideologia.
(EPU, 1986); Métodos de estudo O terceiro capítulo ....................
para o 2o ....................................................
............................................
CAPÍTULO 1
Grau (Cortez, 1987); A filosofia Ao final, encontra-se o índice
no Brasil (ANPOF, 1990); Filoso- dos assuntos tratados no livro
fia (Cortez, 1992); Filosofia da que orienta a sua consulta e uma
Educação (FTD, 1995); A filoso- futura leitura.
fia contemporânea no Brasil: co-
nhecimento, política e educação Observação:
(Vozes, 1999), Educação, sujeito Não se esqueça de que a ficha
e história (Olho d´Água, 2002) e de documentação bibliográfica
vários artigos sobre temas de filo- constitui um acervo de infor-
sofia da educação. mações sobre livros, artigos e
demais trabalhos que existem
Fonte: Currículo do Sistema de sobre determinados assuntos,
Currículo Lattes. Disponível em: dentro de uma área do saber.
< h t t p : / / l a t t e s . c n p q - Sistematicamente elaborada,
br/4415326563786783>. proporcionará a você ricas infor-
Acesso em: 27 dezembro 2020 mações para seus estudos.

35

SAIBA MAIS

Informações adicionais

Curiosidades sobre o tema

A complexidade e importância do ato de ler foram descritas pelo


educador pernambucano Paulo Freire no livro em que retratou, com
estilo simples e profundidade adequada, as qualidades da leitura,
para que a aprendizagem se realize e os conhecimentos sejam cons-
truídos. Estudar implica o ato de ler e, portanto, a leitura de mundo
na concepção freiriana é fundamental na atualidade para compre-
ender sua inserção na sociedade, reconhecendo seus conhecimen-
tos sociais, políticos, éticos e culturais, mas também contrapondo
a uma ideologização alienante. A leitura do livro intitulado “A im-
portância do ato de ler: em três artigos que se completam” é uma
sugestão para que você entenda a abordagem sobre o ato de ler, co-
nheça as concepções freirianas e tenha uma formação crítica acerca
da educação.

O livro completo pode ser acessado em:


<https://educacaointegral.org.br/wp-content/uploads/2014/10/im-
portancia_ato_ler.pdf>
CAPÍTULO 1

Leitura Complementar

Aprofunde seus estudos, consultando as leituras indicadas:

CASTRO, Claudio de Moura. Você sabe estudar? Quem sabe, estuda


menos e aprende mais. Porto Alegre: Penso, 2015.

O autor apresenta alguns questionamen-


tos como, por exemplo: você precisa
aprender de forma mais eficaz? Não con-
segue administrar seu tempo de estudo?
Essas e outras questões mobilizam os
argumentos apresentados e as técnicas
apresentadas para desenvolver bons há-
bitos de estudo e conquistar uma apren-
dizagem duradoura. O autor vasculha o
36 funcionamento da mente humana para
ensinar o leitor a usar a memória a seu
favor explicitando um método de estudo ativo e defendendo sua
afirmativa de que estudar é coisa que se aprende. Com este livro,
você aprenderá entre outros temas: i) Como obter melhores resulta-
dos em testes, provas e trabalhos, ii) Como entender melhor assun-
tos difíceis, iii) Como não esquecer o conteúdo estudado, iv) Como
fazer anotações, resumos e mapas mentais, inclusive, v) Como ad-
ministrar melhor o seu tempo de estudo.

SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico.


23ª ed. rev. Atualizada. (7ª. reimp.). São Paulo: Cortez, 2007.

Este livro tem por objetivo apresentar aos


estudantes universitários alguns subsí-
dios para o enfrentamento das variadas
tarefas que lhes são solicitadas. Dado o
seu caráter instrumental, esse livro pode
ser utilizado por etapas conforme os as-
suntos de seu interesse. O índice dos
assuntos encontra-se no final do livro.
Vale a pena consultá-lo, além do sumá-
rio, para melhor orientar sua consulta e
futura leitura. Em sua nova edição, traz
noções básicas do uso do computador
como ferramenta de elaboração de textos, de intercâmbio entre pes-
quisadores e de busca de referências, além de um capítulo sobre a
contribuição da Internet à pesquisa.
CAPÍTULO II

CAPÍTULO 2
ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DE
UM TEXTO CIENTÍFICO
Profa. Iracema Campos Cusati

Assuntos Abordados Neste Capítulo


• Fichamentos

• Técnicas para elaboração de Resumo


37
• Resenha

• Ensaio

• Citação: conceito, tipos e regras

• Trabalhos científicos

• A estrutura de um artigo científico

Meta (Objetivos Específicos de Aprendizagem)

Ao finalizar este Capítulo, você deverá ser capaz de:

• Analisar as técnicas de estudo que você tem acesso para garantir sua
busca ao conhecimento;

• Identificar os recursos técnicos necessários ao planejamento e ao


desenvolvimento de trabalhos científicos;

• Descrever e comentar sobre as possibilidades de uso das técnicas de


estudo apresentadas nesta unidade;

• Diferenciar fichamento, resumo e resenha;

• Identificar elementos que caracterizam fichamento, resumo e resenha;

• Indicar as estratégias de estudo que você considera adequadas à sua


rotina acadêmica;

• Utilizar as principais características das técnicas de estudo para ela-


borar um ensaio;

• Dominar as técnicas de estudo que favoreçam a sua aprendizagem;


• Destacar a importância dos métodos e das técnicas de estudos na
CAPÍTULO 2

sua aprendizagem;

• Explicar, de forma prazerosa e alegre, os assuntos aprendidos com


leveza e criatividade;

• Conhecer as características que devem ser atendidas numa produção


científica;

• Distinguir os elementos que compõem a estrutura básica de um tra-


balho científico: introdução, desenvolvimento e conclusão;

• Criar conhecimentos associados às situações diversas que envolvem


assuntos administrativos.

Construindo Aprendizagem

Caro estudante,
38
Neste segundo Capítulo, vamos conhecer um pouco mais sobre o uni-
verso acadêmico e suas especificidades. Os Métodos e as Técnicas de
Estudo são fundamentais para que você possa ter uma aprendizagem
consolidada dos conteúdos apresentados ao longo de sua formação
acadêmica.

O conhecimento de métodos e técnicas de estudo é necessário para a


seleção, utilização e interpretação de textos acadêmicos. Desenvolver
habilidades específicas para estudar propiciará a você aprender mais, por
encontrar melhor significação dos assuntos estudados e, assim, poder
dominar ferramentas efetivas para utilizar durante a sua rotina escolar.

A criação e a recriação de conhecimentos estão associadas a um ambien-


te alegre que, por sua vez, é propício à aprendizagem e à criatividade. A
alegria deve permear a sua rotina de estudo, pois está associada à leveza
com a qual se aprende, que é resultante de um processo de encanta-
mento por aquilo que se estuda, já que você visualiza um sentido e uma
aplicabilidade (mesmo que não seja imediata).

Ao apropriar-se de recursos técnicos necessários ao planejamento e de-


senvolvimento de trabalhos científicos, você estará também consolidando
informações necessárias para administrar com eficácia as organizações.

Já vimos no capítulo anterior que cada estudante tem seu modo de


aprender e, portanto, desenvolver uma prática de estudo bem organiza-
da, certamente, favorecerá seu conhecimento dos conteúdos das disci-
plinas que compõem o seu curso de Bacharelado.

Os métodos e as técnicas de estudo são variados e, muito provavelmen-


te, te auxiliarão na aprendizagem de todo o conteúdo que será apresen-
tado nessa disciplina.
Vamos conhecer e aprofundar os conhecimentos sobre eles?

CAPÍTULO 2
Então, mãos à obra!

Bom proveito!

Questões Mobilizadoras de Reflexão sobre o Assunto


Caro estudante, no capítulo anterior buscamos auxiliá-lo a resgatar os
métodos de estudo que utilizava, mesmo que de forma intuitiva. Nossa
intenção era a de que, ao recuperá-los, você os considerasse, rememo-
rando as suas experiências sobre seu processo de aprendizagem.

Você considera que a forma como estudava auxiliou em sua aprendiza-


gem? Ao conhecer as etapas que usualmente são empregadas na leitura
e na análise de um texto, considera que ampliou suas possibilidades de
estudo e aprendizagem?

Essas são algumas questões que permitirão a você fazer um levantamen- 39


to do que revisou na unidade anterior.

Estamos iniciando o Capítulo 2. As seções que serão apresentadas nessa


unidade o orientarão a desenvolver boas sistematizações das leituras,
fornecendo condições de estudo para você expandir e melhor qualificar
sua formação científica.

Os métodos podem ser caracterizados pela busca, pelo encaminhamen-


to, pelo conjunto de regras básicas que produzem o conhecimento cien-
tífico. Logo, o método é acompanhado das técnicas, que são suportes
físicos, instrumentos que auxiliarão você a chegar num determinado re-
sultado em aprendizagem, em descoberta e em investigação.

O conhecimento dos métodos o auxiliará na elaboração de seus traba-


lhos científicos. Vale lembrar que o termo método significa caminho,
passos para se chegar a um objetivo.

As técnicas de estudo que serão apresentadas irão auxiliá-lo, orientadas


por uma ação educativa, no desenvolvimento de suas competências aca-
dêmicas e/ou profissionais com autonomia e responsabilidade perante a
sua própria aprendizagem. Além disso, esperamos que essas técnicas e a
prática de cada uma delas o acompanhem durante toda a trajetória esco-
lar e em toda sua vida profissional, auxiliando em sínteses consistentes e
melhores tomadas de decisão.

Bons estudos!

Seção 1 - Fichamentos

O fichamento é uma técnica de registro e armazenamento de informa-


ções que consiste em documentar as ideias de uma obra, por meio de
fichas, para facilitar o acesso a diversos conteúdos sobre o assunto a ser
pesquisado. É uma forma básica de apresentação da leitura que você fez
de textos acadêmicos.
No primeiro capítulo falamos um pouco sobre fichamento e também
CAPÍTULO 2

vimos que ele não é a única forma de apresentação pois há também os


resumos e as resenhas.

No fichamento, deve-se registrar a identificação completa da obra (Títu-


lo, Autor, Editora, Ano de publicação, Local de publicação, Edição, Data
de leitura), além de uma síntese (apresentação sucinta) com os principais
conteúdos ou temas abordados no texto.

Nos manuais de metodologia e redação científica, frequentemente encon-


tramos informações sobre fichar, resumir e resenhar documentos como
sendo processos que fazem parte dos métodos de estudo de um pesqui-
sador iniciante. É bem verdade que fazem parte dos métodos da maioria
dos pesquisadores que lidam com fontes e registros de informação.

Fichamento, Resumo e Resenha são elementos do processo da documen-


tação e da pesquisa que não devem ser considerados como estanques,
isto é, como produções que existem isoladas em suas características,
40 etapas e formas de desenvolvimento. Esses elementos não se excluem
mutuamente, já que você pode fichar um documento e, na sequência,
utilizar seu fichamento para elaborar um resumo ou uma resenha.

É importante ressaltar que esses são recursos essenciais a estudantes e


pesquisadores além de serem parte das atividades acadêmicas em disci-
plinas e relatórios de pesquisa.

No caso de trabalhos acadêmicos, não há um modelo padrão de apresen-


tação para fichamentos, resumos e/ou resenhas, quando o professor lhe
requisita, seja como atividade avaliativa ou como etapa de uma investiga-
ção acadêmico-científica. Desse modo, quando um professor lhe solicitar
que elabore um fichamento, um resumo ou uma resenha, mesmo que
saiba fazê-lo, você deve levar em consideração o modelo definido por ele
para sua apresentação. Essa orientação é relevante porque há concepções
e formatos distintos de fichamentos, resumos e resenhas. A partir dessas
observações, podemos dizer que o fichamento é um método de estudo e
documentação pessoal, portanto, pode ser elaborado de várias maneiras.

O que não deve ocorrer em nenhum fichamento é você tentar fichar tudo
sobre um assunto ou texto lido. Deve prevalecer o bom senso ao fazer o
fichamento a fim de que você tenha uma fonte organizada para consultas
posteriores embora tenha clareza de que, na maioria das vezes, não será
utilizado todo o material que foi levantado e fichado.

O fichamento é uma parte importante na organização e efetivação da pes-


quisa de documentos, cuja função é organizar ideias referentes ao material
consultado para a realização de estudo. Consiste na utilização do sistema
de fichas para documentação de leituras que permite um fácil acesso aos
dados fundamentais para a conclusão de um trabalho científico.

A importância do fichamento para a assimilação do conteúdo e a produ-


ção do conhecimento por acadêmicos e pesquisadores é dada pela neces-
sidade de utilizar uma quantidade considerável de material bibliográfico
e por ter nele informações coletadas bem organizadas e de fácil acesso.
O fichamento também pode ser aliado importante quando você for es-

CAPÍTULO 2
crever um artigo científico. Diferentemente das resenhas e dos resumos,
os fichamentos não são publicados.

Seção 2 - Técnicas para Elaboração de Resumo


O resumo consiste em uma síntese objetiva do conteúdo a ser apresentado.

Quanto ao resumo, sua função não é apenas como método pessoal de


pesquisa pois, muitas vezes, serve à divulgação e, dessa maneira, se-
gue parâmetros pré-estabelecidos como as normas da ABNT (Associação
Brasileira de Normas Técnicas).

Num resumo não deve constar citações, comentários e menções a outras


obras pois tem extensão limitada. Além das informações básicas, o resu-
mo não deve apresentar conteúdo adicional. Nesse sentido, os resumos
consistem em sínteses, claras e objetivas, de informações sobre o con-
teúdo a ser apresentado, constando o tema, a metodologia utilizada, as 41
hipóteses levantadas e as conclusões. Em fichamentos e resenhas, esses
itens não são obrigatórios.

Se você for fazer o resumo de uma obra estudada, de caráter científico,


deve apresentar de forma concisa o assunto abordado, as principais ideias
do texto, os objetivos, a metodologia utilizada e as conclusões esperadas.

Para reduzir as dificuldades de elaboração de resumos, Medeiros (2014, p.


127) recomenda que você “leia o texto do começo ao fim, sem interrupções.”
Nessa fase inicial, você deve tentar responder à questão: de que trata o texto?

Numa segunda leitura, você deve procurar decodificar frases complexas


e recorrer ao dicionário se encontrar palavras desconhecidas.

Na terceira fase da leitura, deve segmentar o texto, dividindo-o em blo-


cos temáticos que tenham unidade de significação.

Na sequência, você deve redigir o resumo com as suas próprias palavras


condensando os segmentos de temas e considerando os pontos princi-
pais apresentados e encadeados na progressão em que se sucedem no
texto, estabelecendo relações entre eles.

Nos resumos, destacam-se os principais temas de um livro, filme ou do-


cumento, por exemplo, a fim de que o leitor julgue, antecipadamente, se
o assunto é relevante ou não.

Para a produção de bons resumos, você precisa considerar dois concei-


tos que o auxiliarão na utilização e sistematização dos dados e das infor-
mações mais importantes contidas em um texto: coesão e coerência. São
mecanismos fundamentais na construção textual, quer dizer, para que
seu texto seja claro na transmissão da sua mensagem é essencial que ele
faça sentido e seja compreendido pelo leitor.
A Coerência é a relação lógica das ideias de um texto que decorre da sua
CAPÍTULO 2

argumentação, resultante dos conhecimentos que adquiriu na leitura feita.

A coerência está relacionada à boa formação do texto para uma efetiva


interlocução comunicativa entre usuários. Ela faz o texto ter sentido para
os usuários, pois preza pelo princípio de compreensão do texto lido.
A coerência é caracterizada como a possibilidade de se estabelecer, no
texto escrito, alguma forma de unidade de sentido ou relação que apre-
sente também continuidade de sentidos e que possa ser perceptível pela
clareza do discurso, sua fluência e eficácia da leitura.

Além da coerência, nos estudos textuais há o conceito de coesão. A co-


esão é resultado da disposição e da correta utilização das palavras que
propiciam a ligação entre frases, períodos e parágrafos de um texto. Ela
colabora com sua organização textual e ocorre por meio de palavras cha-
madas de conectivos.
42
A coesão é, portanto, a ligação entre os elementos do texto, o modo
como eles se relacionam, o modo como as frases ou partes delas se com-
binam para culminar no desenvolvimento proposicional.

Coesão e coerência textuais são essenciais também nas resenhas para


uma melhor escrita e para assegurar efetividade na compreensão textual.

Seção 3 - Resenha

A resenha engloba alguns elementos do fichamento e do resumo pois se


caracteriza por um texto informativo e crítico que pode conter comentá-
rios e citações (diretas ou indiretas) e fazer referências a outros textos.

O método da leitura analítica, visto no capítulo 1, é a base da resenha.

As resenhas costumam apresentar e divulgar obras novas (livros, filmes


e conteúdos semelhantes). São diferentes do resumo por possuírem em
sua estrutura uma análise crítica, seja no último parágrafo ou no decorrer
do texto. A elas, não é estipulado um número máximo de páginas embo-
ra devam respeitar alguns limites para não serem confundidas com um
ensaio ou um artigo.

Possuem algumas características básicas, que você deve considerar:

• Identificação da obra: nome, autor, ano de publicação, resumo da


carreira do autor/produtor.

• Descrição do conteúdo e síntese dos aspectos mais relevantes da obra.

• Análise crítica da obra, a partir do ponto de vista do resenhista, que


passa a emitir uma opinião, quando forem resenhas críticas. Costuma
destacar o valor social da obra, o contexto de produção, estética etc.
• Exige conhecimento do assunto, para estabelecer comparação com

CAPÍTULO 2
outras obras da mesma área.

• Demanda maturidade intelectual para fazer avaliação e emitir juízo


de valor.

Podemos concluir que a resenha é um tipo de resumo crítico, porém mais


abrangente, pois permite a emissão de comentários e opiniões, incluindo
julgamentos de valor, comparações com outras obras da mesma área e
avaliação da relevância da obra com relação às outras do mesmo gênero.

Finalizando, podemos sintetizar:

• Fichamento é uma técnica de estudo para registro de informações e


também a primeira etapa na realização de uma pesquisa, já que sem-
pre faremos fichamentos, independentemente do tipo de pesquisa.

• O resumo envolve um exercício de raciocínio, atividade necessária


43
para o entendimento e a síntese de uma obra.

• A resenha é uma atividade de análise e de síntese, logo, mais com-


plexa por exigir um conhecimento mais aprofundado sobre o assunto
tratado. Para adquirir desenvoltura na sua elaboração, é imprescindí-
vel familiarizar-se com a criação de fichamentos e resumos.

Observação: Para ler, você precisa ter propósito inicial determinado e


fazer suas leituras em função dele. Ou seja, você precisa estabelecer seu
propósito inicial que pode ser o de ler, para ter uma ideia do assunto ou
para retirar a essência, aquilo que é mais importante do que se vai ler,
por exemplo. O que não deve ocorrer é você ler sem propósito, por isso,
como ponto de partida e compreensão, questione: - Por que estou lendo
esse documento? e - Do que se trata esse documento?

Seção 4 - Ensaio
O trabalho científico pode ainda assumir a forma de ensaio, um texto
para discutir determinado tema, de relevância teórica e científica, com
base teórica em livros, revistas, artigos publicados, entre outros, caracte-
rizado por apresentar uma exposição metódica dos estudos realizados e
das conclusões feitas após apurado exame do assunto.

No meio acadêmico, esse tipo de trabalho é concebido como um estudo


aprofundado, formal, discursivo e conclusivo, contendo uma exposição
lógica, reflexiva, com argumentação rigorosa, interpretação consistente
e julgamento pessoal.

No ensaio, o autor tem maior liberdade para defender determinada po-


sição, sem que tenha de se apoiar em um rigoroso aparato de documen-
tação empírica e bibliográfica. Embora não dispense o rigor lógico e a
coerência de argumentação e, por isso mesmo, exige grande informação
cultural e muita maturidade intelectual, o ensaio é problematizador. De-
vem sobressair nele o espírito crítico do autor e a originalidade. Talvez
CAPÍTULO 2

por isso, muitos dos grandes pensadores preferem essa forma de traba-
lho para expor suas ideias científicas ou filosóficas.

Resumindo, o ensaio acadêmico consiste na exposição e defesa das ideias


do autor ou autores sobre determinado tema, originalidade no enfoque,
sem, contudo, ter a intenção de explorar o tema de forma exaustiva.

Logo na introdução de um ensaio acadêmico, deve ser apresentada a


ideia a ser explorada e trabalhada, a linha de argumentação a ser adotada
e esboçada a organização do restante do texto.

Os leitores de seu ensaio esperam ver claramente seus posicionamen-


tos, em relação ao tema proposto, e a defesa do seu ponto de vista com
argumentos e evidências sólidas. Para tal, é necessário que você realize
previamente uma pesquisa bibliográfica criteriosa sobre o tema escolhi-
do, sobre a área em que se insere o tema e sobre áreas correlatas. Pos-
44 sivelmente você também precisa coletar dados complementares. Não
relate apenas aquilo em que você acredita ou o que aprendeu nas suas
investigações, mas mostre evidências convincentes para fundamentar
seus pontos de vista e convencer seus leitores.

A estrutura lógica adotada num ensaio está organizada no quadro abaixo


e você irá perceber que é a estrutura típica de um texto científico.

Estrutura do Ensaio

TÍTULO
Autores

RESUMO

INTRODUÇÃO [Definição do tema]


Por que escolhi este tema
O que vou argumentar
Descrição da estrutura do ensaio

CORPO DO ENSAIO [Análise e desenvolvimento do tema


escolhido]
Dê exemplos do texto que está estudando
Mencione bibliografia para justificar as suas ideias e conclusões,
faça citações e comentários

CONCLUSÃO [Apresentação dos resultados da sua análise]


Quais as conclusões do seu trabalho?
Pode introduzir aqui um comentário pessoal em relação ao tema
Pode indicar áreas relacionadas com o seu tema que seria
interessante estudar e pesquisar

BIBLIOGRAFIA [Indique por ordem alfabética os livros que usou


no seu ensaio, de acordo com as normas de citação bibliográfica]
Se quiser aprofundar e ler um texto neste formato de ensaio, a sugestão

CAPÍTULO 2
é que você leia o Ensaio teórico sobre as avaliações de políticas pú-
blicas das autoras Lilian Ribeiro de Oliveira e Claudia Souza Passador
que pode ser acessado pelo link a seguir: <http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S1679-39512019000200324>

As autoras defendem que a avaliação de políticas públicas se torna cada


vez mais indispensável face à identificação da atual e crescente demanda
por serviços públicos de maior qualidade, eficácia e eficiência. Destacam
a avaliação como ferramenta crucial para o aperfeiçoamento e o desen-
volvimento da gestão de políticas públicas, principalmente as de cará-
ter multidimensional. Constroem uma análise ampla e integrada sobre
as avaliações de políticas públicas com base na literatura apresentada
e concluem, apresentando os dados, que no Brasil, há o fortalecimento
do estudo da avaliação para buscar as melhores práticas e teorias, con-
tribuindo com a criação de uma “cultura” avaliativa capaz de abarcar
a complexidade e as especificidades de cada política ou programa em 45
questão.

Seção 5 - Citação: Conceito, Tipos Regras

Quando se elabora um texto acadêmico, é recomendável que seja indica-


da a fonte em que se extraiu ideias, conceitos, dados e informações. Essa
prática é necessária para salientar que as ideias do texto foram elabora-
das pelo autor. Portanto, o crédito é do autor da ideia. Desse modo, se
você copiar ou fizer referência às ideias do autor, em algum trabalho aca-
dêmico, você deve citar a fonte. Se a fonte não for citada, significa que
você está reproduzindo a ideia de outra pessoa, ou seja, se apropriando
indevidamente da ideia de outra pessoa. Essa ação pode ser considerada
plágio e, para não incorrer nesse risco, sempre cite a fonte.

Mas, o que é citação?

A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) define citação como


a “[…] menção de uma informação extraída de outra fonte” (ABNT, 2020,
p.1), como livros, jornais, revistas, blogs, vídeos etc.

A citação é uma marca da interação textual, processo no qual um texto


revela a existência de outras obras em seu interior, as quais lhe causam ins-
piração, sustentam uma hipótese, reforçam uma ideia ou ilustram um ra-
ciocínio. Oferece ao leitor respaldo para que possa comprovar a veracida-
de das informações fornecidas e também possibilita seu aprofundamento.

As citações estão em qualquer texto, pois as utilizamos sempre que que-


remos oferecer respaldo ao leitor para que possa comprovar a veracida-
de das informações fornecidas ou buscar aprofundá-las.

Citar a fonte é atribuir crédito à fonte consultada, é indicar, fazer constar


no texto o nome do autor e a obra de onde foi extraída a ideia.
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), por meio da Norma
CAPÍTULO 2

Brasileira NBR 10520 de 20025 , instrumento do seu fazer acadêmico,


orienta como fazer uma citação de informações de outras fontes. Em
conformidade com a NBR 10520 de 2002, podemos afirmar que as ci-
tações são trechos transcritos ou informações retiradas das publicações
consultadas para a realização do trabalho acadêmico. Ao serem introdu-
zidas no texto, as citações esclarecem ou complementam as ideias do
autor.

A fonte de onde foi extraída a informação deve ser citada, respeitando-


-se, desta maneira, os direitos autorais.

Também é importante ressaltar que todas as obras citadas em um traba-


lho, obrigatoriamente, devem constar nas referências (dados que iden-
tificam uma publicação citada, tais como autor, título, editora, ano etc.).
Deve aparecer no final do trabalho sob o título de Referências e em
ordem alfabética, pois, desse modo, o leitor poderá identificar a obra,
46 facilitando sua localização em catálogos, índices bibliográficos, bibliote-
cas, entre outros.

Observe que nas citações, a autoria deve ser apresentada apenas com a
inicial maiúscula quando estiver no corpo do texto, e deve ser explicitada
com todas as letras maiúsculas (escrita em caixa alta), quando estiver
entre parênteses.

São três as possibilidades de citação de informações de outras fontes,


que frequentemente são utilizadas em textos acadêmicos. Isso pode ser
feito em forma de citação direta, paráfrase ou citação indireta e citação
de citação.

Citação direta: é a cópia literal de um parágrafo, ou uma frase, ou mes-


mo uma expressão extraída de uma fonte. É a cópia exatamente igual
como está no documento ao qual foi extraído. A citação direta pode ser
curta ou longa. Utiliza-se literalmente no texto a ideia, conceito ou infor-
mação, quando é impossível transcrevê-la com suas próprias palavras.

Observações importantes:

• As citações de até três linhas devem ser apresentadas no corpo do


texto, assinaladas por aspas duplas e seguidas da identificação (so-
brenome do autor, data, número da página).

Exemplos de como utilizar a citação curta:

5 Conheça mais da NBR 10520 de 2002, instrumento que apresenta as regras gerais para apresenta-
ção de textos acadêmicos, através do site <http://www.bu.ufsc.br/design/Citacao1.htm>.
Para Severino (2007, p. 68): “A documentação de tudo o que for

CAPÍTULO 2
julgado importante e útil em função dos estudos e do trabalho pro-
fissional deve ser feita em fichas”.

O autor sugere que “A documentação de tudo o que for julgado im-


portante e útil em função dos estudos e do trabalho profissional deve
ser feita em fichas” (SEVERINO, 2007, p. 68).

• As citações com mais de três linhas devem ser apresentadas isola-


damente (a uma linha em branco do corpo do texto), em fonte Times
New Roman ou Arial (considerar a opção já utilizada no texto) tama-
nho 10 ou 11, com espaçamento simples entre as linhas que devem
estar justificadas com recuo de 4 cm a partir da margem esquerda,
seguidas de identificação (sobrenome do autor, data, número da pá-
gina). Não é necessário colocar aspas nas citações com mais de três
linhas. Deve-se deixar um espaço antes e depois da citação, para
os textos anteriores e posteriores. Sugere-se não utilizar mais de 10 47
linhas nas citações longas.

Veja no exemplo:

A atividade científica é, acima de tudo, o resultado de uma atitude do ser


humano diante do mundo que o cerca, do qual ele mesmo é parte integrante,
para entende-lo, reconstruí-lo e, consequentemente, torná-lo inteligível. Por
meio de novas descobertas, visa contribuir para o aperfeiçoamento e pro-
gresso da humanidade. (FACHIN, 2001, p. 123)

Citação indireta: é quando se diz com as suas palavras as ideias do autor


ou dos autores. É quando você faz uma paráfrase das ideias do autor (ou
autores) do texto. Neste caso, também deve ser citada a fonte.

• Denomina-se Paráfrase ou Citação indireta quando se faz uso da


ideia de um autor ou mais autores transcrevendo-a com suas pró-
prias palavras, mas mantendo-se a ideia original. Neste caso, não se
utiliza aspas, mas se deve também citar o sobrenome do autor, ano
e número da página, caso a paráfrase seja de uma página específica.

Este formato de citação, também conhecido como paráfrase, deve ser


utilizado quando a ideia de quem escreveu pode ser incorporada ao texto
a partir das suas próprias palavras.

Desta forma, você irá traduzir, ou explicar aquela ideia utilizando seus
próprios termos.

Apenas tenha o cuidado de jamais alterar o que foi dito originalmente.

Igualmente a referência da fonte deve ser feita assim como em qualquer


outro formato de citação.
Em alguns casos, o uso da paráfrase pode permitir a não inclusão do
CAPÍTULO 2

número de página, especialmente quando a ideia parafraseada pertence


ao todo da obra consultada. Embora, no caso de uma ideia presente em
uma parte específica e peculiar do texto, é preferível sempre que seja
referenciado de forma completa.

A Paráfrase é um tipo de texto elaborado com base em outro já existente


e conhecido pelos leitores, mantendo a ideia do texto original. Com essa
informação, podemos dizer que a paráfrase é um tipo de intertextualida-
de6, uma vez que parafrasear significa interpretar um texto com palavras
próprias, mantendo seu sentido original.

Citação de citação: é uma “Citação direta ou indireta de um texto em


que não se teve acesso ao original” (ABNT, 2002, p.1). Ocorre quando se
faz uma citação extraída de uma fonte da qual não se teve acesso direto.
Porém, é importante frisar que o ideal é sempre consultar a obra original.
48
Observação importante:

• As citações das citações devem ser evitadas. As citações devem ser,


de preferência, feitas através da fonte principal. Quando não é pos-
sível deve-se deixar a responsabilidade de sua exatidão ao autor de
quem se toma, antepondo-a ao trecho citado a expressão “citado
por” ou “apud”7 (preferível quando entre parênteses).

O “apud” pode acontecer por diversos motivos, os mais comuns são


quando a obra original é muito difícil de ser encontrada ou na obra
em que a referência foi consultada é de um autor e nela estava con-
tida a citação de um outro autor.

Vale lembrar que na lista de referências bibliográficas, deve-se incluir


apenas as obras consultadas por você, e não a obra citada pelo autor
que você utilizou como fonte.

Expressões Latinas

Expressões em língua estrangeira devem ser digitadas em itálico.

As Expressões latinas comuns em trabalhos acadêmicos são:

6 A intertextualidade é entendida como a criação de um texto a partir de outro existente. Ocorre


quando há uma referência explícita ou implícita de um texto em outro. Toda vez que uma obra fizer
alusão a outra, ocorre a intertextualidade.
7A expressão apud significa citado por...
a. Apud. – citador por, conforme, segundo. Usada no caso de citações

CAPÍTULO 2
de citação.

b. Ibidem ou ibid. – na mesma obra. Indica que a obra citada é a mes-


ma da citação imediatamente anterior.

c. Idem ou Id. – mesmo autor. Indica que autor citado é o mesmo da


citação imediatamente anterior.

d. Et. al. ou et. alli. – e outros. Usada em citações ou paráfrases que


possuem mais de um autor e queira citar só um deles.

e. Opus citatum, oper citato ou op. cit. – obra citada. Indica a citação
referente a obra do autor já citado na monografia, sem ser imediata-
mente anterior. Após o sobrenome do autor, coloca-se essa expres-
são, seguida das páginas. É comumente usada em notas de rodapé
para evitar a longa repetição de dados, referindo-se à obra de mesmo
autor, título, editora e ano de publicação, citada em nota não imedia- 49
tamente anterior.

f. Passim – aqui e ali, em diversas passagens. Indica referências genéri-


cas e várias passagens no texto, sem identificação de páginas deter-
minadas. Em vez de designar o número de páginas correspondentes,
usa-se essa expressão.

g. Loco citato ou loc.cit. – no lugar citado.

Notas de rodapé: devem ser apresentadas em sequência numérica na


parte inferior da página em que foram inseridas, digitadas com entreli-
nhamento simples, justificado, em tamanho 10; entre as notas deve ser
deixado o espaço de uma linha em branco.

Seção 6 - Trabalhos Científicos

A apresentação e a formatação de trabalhos científicos, de maneira geral,


possuem uma lógica estrutural semelhante, diferenciando-se em relação
à natureza e ao objetivo a que se propõem.

Todo trabalho de cunho científico segue, de forma geral, regras para sua
elaboração. Para melhor normalização na elaboração e estruturação de
trabalhos científicos, é sugerido que você considere a Associação Brasi-
leira de Normas Técnicas (ABNT).

A divulgação dos resultados da pesquisa é responsabilidade do pesqui-


sador e exige habilidades diferentes das utilizadas nas etapas de plane-
jamento e execução. A primeira atenção dispensada nessa etapa é em
relação ao público a que se destinam os resultados da pesquisa. O pes-
quisador escreve não para ele, e sim para uma comunidade em geral ou
para um grupo específico. Independente do público, da natureza e do
objetivo do trabalho científico, sua estrutura e organização apresentam
CAPÍTULO 2

aspectos comuns que estão presentes em todos os documentos e aspec-


tos específicos para cada tipo de comunicação.

Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 2005), são


trabalhos acadêmicos as teses, as dissertações e os Trabalhos de Con-
clusão de Curso (TCC). Veremos a seguir como a ABNT define cada um
desses tipos de trabalhos.

• Tese: é o documento que apresenta o resultado de um trabalho de


tema único e bem limitado. “Deve ser elaborado com base em in-
vestigação original, constituindo-se em real contribuição para a es-
pecialidade em questão. É feito sob a coordenação de um orientador
(doutor) e visa à obtenção do título de doutor ou similar” (ABNT,
2005, p. 3), portanto vinculado a um Programa de Doutorado.

• Dissertação: é o “documento que representa o resultado de um tra-


50 balho experimental ou exposição de um estudo científico retrospecti-
vo, de tema único e bem delimitado em sua extensão, com o objetivo
de reunir, analisar e interpretar informações”. É feito sob a orientação
de um orientador (doutor), visando à obtenção do título de mestre
(ABNT, 2005, p. 2), portanto vinculado a um Programa de Mestrado.

• Trabalho de conclusão de curso (TCC): Documento que representa


o resultado de estudo, devendo expressar conhecimento do assun-
to escolhido, que deve ser obrigatoriamente emanado da disciplina,
módulo, estudo independente, curso, programa e outros ministra-
dos. Deve ser feito sob a coordenação de um orientador.

Inserido na categoria de trabalhos acadêmicos pela Associação Brasileira


de Normas Técnicas (ABNT) por meio da NBR 14724 de 2005, o Trabalho
de Conclusão de Curso é definido como:

Documento que representa o resultado de estudo, devendo expressar co-


nhecimento do assunto escolhido, que deve ser obrigatoriamente emanado
da disciplina, módulo, estudo independente, curso, programa e outros mi-
nistrados (ABNT, 2005, p. 3).

Luckesi et al. (1986) chamam a atenção, para as diferenças entre es-


sas três categorias de trabalhos, alegando que a diferença não está no
método, mas no alcance da pesquisa, em seus propósitos, abrangência,
maturidade, originalidade e profundidade.

A seguir vamos ver como são apresentados os artigos científicos, forma


de comunicação de pesquisa muito utilizada na universidade.

Seção 7 - A Estrutura de um Artigo Científico

Artigo científico é um texto com autoria declarada submetido a um pe-


riódico científico especializado com o objetivo de divulgar os dados de
uma pesquisa em andamento ou já concluída. Nele, o autor apresenta e

CAPÍTULO 2
discute ideias, métodos, processos, técnicas e resultados nas diversas
áreas do conhecimento.

A construção de um artigo científico segue a trajetória de uma pesquisa


científica. É necessário, portanto, planejar o que será investigado, execu-
tar aquilo que foi projetado e comunicar os resultados.

Geralmente, as revistas científicas, os comitês organizadores de Con-


gressos, Seminários, orientam os autores como proceder na estruturação
do trabalho a ser enviado para submeter à avaliação para possível apro-
vação e publicação.

Para Lakatos e Marconi (2003), os artigos científicos são pequenos es-


tudos, porém completos, que tratam de uma questão verdadeiramente
científica. Formam a seção principal em revistas ou periódicos especiali-
zados em que são publicados.
51
O artigo científico tem como objetivos ampliar conhecimento e divulgar
os resultados de estudos e descobertas científicas, com abordagens que
complementem o conteúdo de pesquisas já desenvolvidas. É, portanto,
um documento que expressa os dados de uma pesquisa (em andamento
ou já concluída). Deve ser apresentado segundo a Norma Brasileira NBR
6022 de 2003, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), e as
normas editoriais adotadas pela publicação periódica científica impressa,
escolhida pelo autor.

Ao trabalho publicado nas revistas especializadas denomina-se artigo


científico, por ser o meio pelo qual os cientistas se comunicam. Logo,
ele deve ter informação nova, verdadeira e relevante. Nas revistas, e nos
artigos nelas contidos, circulam resultados de pesquisas mais recentes,
que estão nas fronteiras mais avançadas das respectivas áreas de conhe-
cimento, com abordagem e metodologia atuais.

Publicação periódica científica impressa é, segundo a ABNT (2003, p. 2),

[...] um dos tipos de publicações seriadas, que se apresenta sob a forma de


revista, boletim, anuário etc., editada em fascículos com designação numé-
rica e/ou cronológica, em intervalos pré-fixados (periodicidade), por tempo
indeterminado, com a colaboração, em geral, de diversas pessoas, tratando
de assuntos diversos, dentro de uma política editorial definida, e que é obje-
to de Número Internacional Normalizado (ISSN).

Segundo Medeiros (2014), os motivos para a elaboração de um artigo


científico são a existência de aspectos de um assunto que ainda não fo-
ram estudados suficientemente ou foram superficialmente; necessidade
de esclarecer uma questão antiga; inexistência de um livro sobre o assun-
to ou o aparecimento de um erro ocorrido na investigação desenvolvida.

Quanto ao conteúdo, deve ser apresentado de forma organizada, seguin-


do uma estruturação de estudos científicos: introdução, em que se apre-
senta o assunto; o objetivo e, se necessário, o método; desenvolvimento
CAPÍTULO 2

ou corpo, em que se expõe, explica e demonstra; e conclusão, em que


se retomam os principais resultados (SALVADOR, 1986).

A ABNT reconhece dois tipos de artigos:

• artigo original: quando apresenta temas ou abordagens próprias.


Geralmente relata resultados de pesquisa e é chamado em alguns
periódicos de artigo científico.

• artigo de revisão: quando resume, analisa e discute informações já


publicadas. Geralmente é resultado de pesquisa bibliográfica.

A estrutura recomendada para os artigos é composta pelos seguintes


elementos:

Elementos Pré-Textuais
52
• Título: o artigo deve ter um título que expresse seu conteúdo.

• Autoria: o artigo deve indicar o(s) nome(s) do(s) autor(es) acompa-


nhado de suas qualificações na área de conhecimento do artigo.

• Resumo: parágrafo que sintetiza os objetivos do autor ao escrever o


texto, a metodologia e as conclusões alcançadas.

• Palavras-chave: termos escolhidos para indicar o conteúdo do artigo.

Elementos Textuais

• Texto: composto basicamente de três partes: Introdução, Desenvol-


vimento e Conclusão. Se for dividido em Seções, deverá seguir o
Sistema de Numeração Progressiva.

• A Introdução expõe o objetivo do autor, a finalidade do artigo e a
metodologia usada na sua elaboração.

• O Desenvolvimento mostra os tópicos abordados para atingir o ob-


jetivo proposto, apresentando a análise e a discussão dos resultados.

• A Conclusão sintetiza os resultados obtidos e destaca a reflexão con-


clusiva do autor.

• Nas Referências consta a lista de documentos citados no artigo, de


acordo com a ABNT.

Elementos Pós-Textuais

• Apêndice: documento que complementa o artigo.


• Anexo: documento que serve de ilustração, comprovação ou funda-

CAPÍTULO 2
mentação.

• Tradução do Resumo: apresentação do resumo, precedido do título,


em língua diferente daquela na qual foi escrito o artigo.

• Nota Editorial: currículo do autor, endereço para contato, agradeci-


mentos e data de entrega dos originais.

Resumindo

Neste capítulo, você esteve envolvido com a compreensão das técnicas


de estudo e pesquisa, orientadas didaticamente, para o desenvolvimento
de suas competências acadêmicas e também profissionais.

Diferentes técnicas e estratégias de leitura, análise e documentação de textos


foram apresentadas a você, destacando que a potencialidade de sua apren-
53
dizagem está diretamente relacionada à sua organização diária de estudo.

Acreditamos que nosso papel mais importante é criar possibilidades para


que você possa, de forma autônoma, encontrar as fontes de conheci-
mento disponíveis na sociedade.

Para facilitar o entendimento dos métodos e das técnicas de estudo não


bastaria apenas mostrar os caminhos, por isso optamos por orientá-lo para
que desenvolva um olhar crítico e reconheça, em meio às mais variadas
trilhas, aquelas que conduzem às verdadeiras fontes de conhecimento.

As fontes de informações são como labirintos, e você precisa ter um bom


Fio de Ariadne para se orientar. Utilizamos a expressão “Fio de Ariadne”
por ter o sentido de seguir, guiar, em consonância com a metodologia que
se utiliza na pesquisa científica. Fazemos analogia à mitologia grega em
que Ariadne, a bela princesa, ajuda o herói Teseu a se guiar ao percorrer
um labirinto à procura do Minotauro, monstro devorador de gente. Ariad-
ne utilizou um novelo de lã que tinha a ponta amarrada na entrada do
labirinto. À medida que penetraram na emaranhada construção para en-
frentar o monstro, Ariadne foi desenrolando o fio e, quando Minotauro foi
vencido pelo herói, ambos conseguiram sair do labirinto enrolando o fio
de volta. Essa lenda, como metáfora do pragmatismo da ciência – processo
formal e sistemático de desenvolvimento -, é utilizada para mostrar que
o Fio de Ariadne está relacionado a informações úteis e significantes que
você deve selecionar em seus processos de estudos e pesquisas.

Por fim, ressaltamos que nossa intenção foi ensiná-lo a aprender e que
cabe a você desenvolver o espírito crítico e se posicionar frente às dife-
rentes técnicas de documentação e aos assuntos que foram abordados.
Vamos prosseguir, apresentando algumas atividades que permitem prati-
car os assuntos estudados.

Agora vamos praticar...


CAPÍTULO 2

ATIVIDADES

Chegamos ao final deste capítulo. Vamos verificar como está seu


entendimento sobre os temas abordados? Resolva as atividades a
seguir e, em caso de dúvida, não hesite em perguntar ao seu tutor.

ATIVIDADE 1

Pequeno exercício escrito: Redija um resumo de um livro de seu


interesse. Essa prática de elaboração por escrito do resumo solicita-
do, é importante por ser expediente frequente no exercício autoral.

ATIVIDADE 2

Busque o site da Revista de Administração Pública (RAP) da Esco-


la Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação
54 Getúli Vargas (EBAPE/FGV). Clique no link: <http://www.scielo.br/
scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-39512019000200324>
e abra o texto de OLIVEIRA, Lilian Ribeiro de. e PASSADOR, Clau-
dia Souza. Ensaio teórico sobre as avaliações de políticas públicas.
Cadernos EBAPE.BR. vol.17, no.2, Rio de Janeiro. Apr./June, 2019.

Faça o download do artigo Ensaio teórico sobre as avaliações de


políticas públicas.

Leia o artigo atentamente, pesquise palavras desconhecidas, exercite a


técnica de sublinhar. Siga as orientações que estão nesse documento.

a. Elabore um fichamento do artigo.

b. Elabore a Ficha de Documentação Biográfica.

c. Elabore também a Ficha de Documentação Bibliográfica.

ATIVIDADE 3
Qual a estrutura básica de um trabalho científico? Descreva, sucin-
tamente, a função de cada elemento.

Correção das Atividades de Estudo e Aprendizagem

Feedback aos alunos:

Correção da Atividade 1

Para a elaboração do resumo solicitado, você deve ter feito a iden-


tificação dos pontos centrais que deveriam constar na confecção da
atividade.
CAPÍTULO 2
Correção da Atividade 2

Se você está desenvolvendo o hábito de registrar as informações à


medida que vai estudando e for seguindo as orientações constantes
nesse documento, não encontrará dificuldade para organizá-las e
elaborar os fichamentos solicitados.

Correção da Atividade 3

Além dos itens apresentados neste Capítulo, é necessário que o ar-


tigo agregue valor à área de estudo, apresente uma aplicação ou
ideias novas.

55

SAIBA MAIS

Informações adicionais

Curiosidades sobre o tema

Uma alternativa para que o processo de aprendizagem seja mais


atrativo e inovador tem sido proposto via o uso de Objetos de
aprendizagem (learning objects ou educational objects) no contexto
escolar. Esse recurso tecnológico designa quaisquer recursos instru-
cionais digitais que podem ser reutilizados para auxiliar a aprendi-
zagem. Os objetos de aprendizagem como recursos educacionais
digitais são inúmeros. Indicamos para sua consulta um referente
às Definições e Diferenças entre Resumo, Resenha e Fichamento.
Se você tiver interesse em visitar o site do Ministério da Educação
no link abaixo, encontrará além dos conceitos básicos de Resumo,
Resenha e Fichamento, atividades nas quais você vai praticar sobre
os usos e tipos.

Esses objetos de aprendizagem podem ser acessados em:


<http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/bitstream/handle/
mec/16228/?sequence=10>
CAPÍTULO 2

Leitura Complementar
Aprofunde seus estudos, consultando as leituras indicadas:

MEDEIROS, João Bosco. Redação Científica: a prática de Fichamen-


tos, Resumos, Resenhas. 12ª. Ed. São Paulo: Editora Atlas, 2014.

Este livro trata dos pré-requisitos para


a redação científica. Apresenta técnicas
para tornar o estudo e a aprendizagem
mais eficazes, orienta a pesquisa cientí-
fica, detendo-se em suas etapas, esclare-
ce as qualidades das fontes de pesquisa,
bem como informa as estratégias de lei-
tura que são essenciais para um estudan-
te de curso superior seja na elaboração
de fichamentos, resumos e resenhas. To-
dos esses temas são tratados neste livro,
56 que objetiva levar ao conhecimento do leitor informações que vão
favorecê-lo no estudo e tornar sua leitura mais significativa, indi-
cando caminhos para a pesquisa e a redação de trabalhos com em-
basamento científico, elaborados segundo técnicas de pesquisa bi-
bliográfica. O autor ensina a fazer fichamentos de textos; apresenta
estratégias para o aprimoramento do estudo e da prática da leitura;
mostra os procedimentos adequados para a realização de resumos
e resenhas e discorre sobre a pesquisa bibliográfica, que constitui a
base de todos os trabalhos científicos. Traz também capítulos sobre
normas de elaboração de referências bibliográficas, bem como so-
bre o uso da Internet na pesquisa, redação de trabalhos de conclu-
são de curso (TCC) e apresentação gráfica da monografia.

Além do livro supracitado, há uma coleção referente a Leitura e Pro-


dução de Textos Técnicos e Acadêmicos que tem como objetivo su-
prir a falta de material didático para a produção dos gêneros textuais
mais utilizados na escola básica e na universidade. Dois volumes
dessa coleção são indicados para você, relacionados a Resumos e
Resenhas, como sugerem as referências:

MACHADO, Anna Rachel, LOUSADA, Elisane e ABREU-TARDELLI,


Lília Santos. Resumo. 1ª. Ed. São Paulo: Parábola, 2004. (Coleção
Leitura e produção de textos técnicos e acadêmicos, v. 1).

O primeiro volume composto de dez se-


ções dedicadas às atividades didáticas do
tema, destaca a relevância da leitura e da
produção de Resumos, gênero muito uti-
lizado tanto em escolas de ensino médio
como em diferentes atividades acadêmi-
cas e profissionais. Nas universidades,
por exemplo, eles são constantemente
pedidos aos alunos por professores das
mais diversas disciplinas.
CAPÍTULO 2
MACHADO, Anna Rachel, LOUSADA, Elisane e ABREU-TARDELLI,
Lília Santos. Resenha. 1ª. Ed. São Paulo: Parábola, 2004. (Coleção
Leitura e produção de textos técnicos e acadêmicos, v. 2).

O segundo, intitulado Resenha, refere-se


à leitura e produção de resenhas. Os au-
tores afirmam que escolheram esses dois
gêneros para iniciar a coleção, por serem
eles muito utilizados em diferentes ativi-
dades acadêmicas e em diferentes ativi-
dades profissionais.

Portanto, essas sugestões são para que


você complemente sua leitura, pois apresentam material fundamen-
tal para seu estudo e aprimoramento na escrita acadêmica.
57
CAPÍTULO III

CAPÍTULO 3
CIÊNCIA E CONHECIMENTO
Profa. Iracema Campos Cusati

Assuntos Abordados Neste Capítulo


• A Universidade como universo de conhecimentos

• O paradigma moderno de Ciência e os graus de Conhecimento

• A universidade e o desenvolvimento da ciência no Brasil


59
• Desafios para a Ciência e a Universidade na Sociedade do Conhecimento

Meta (Objetivos Específicos de Aprendizagem)

Ao finalizar este Capítulo, você deverá ser capaz de:

• Apresentar um breve histórico do surgimento das Universidades;

• Refletir sobre a importância das instituições de educação superior


como campo de produção de conhecimentos;

• Analisar a forma e as condições de estudo que você tem acesso para


garantir sua busca de conhecimento;

• Identificar as características essenciais da sociedade medieval;

• Identificar as principais características da sociedade contemporânea;

• Comparar as características centrais da sociedade medieval e da so-


ciedade contemporânea;

• Conceituar conhecimento;

• Explicar a natureza do conhecimento científico;

• Relacionar o uso intensivo do conhecimento com os desafios atuais


da Sociedade do conhecimento e da informação;

• Interpretar situações-problema relacionadas à Administração Pública;

• Compreender a Administração como campo sistematizado de co-


nhecimento, na área de Ciências Sociais Aplicadas;
• Refletir sobre os inúmeros conceitos que permeiam a administração
CAPÍTULO 3

pública contemporânea em busca de uma reavaliação perante as ne-


cessidades e as mudanças que a sociedade apresenta;

• Apresentar, sucintamente, a contribuição da sua formação universitá-


ria para a transformação e ascensão pessoal e profissional.

Construindo Aprendizagem

Caro estudante,

Neste terceiro Capítulo vamos dialogar sobre a importância das Univer-


sidades como produtoras de conhecimento, revendo a história do sur-
gimento das primeiras universidades, a organização do conhecimento
escolar, a natureza do conhecimento científico, a ciência moderna e a
organização societal que lhe deu origem. Iniciaremos abordando os pro-
cessos sociais, que culminaram na urbanização capitalista produzida no
60 interior de uma dada sociedade em crise e demarcaram a construção da
divisão social do trabalho, que se fez necessária para a produção capi-
talista e a ascensão da burguesia como classe dominante. A origem da
universidade moderna, sua associação aos processos de desintegração
da sociedade feudal e a emergência da sociedade capitalista, foram im-
pulsionadas pelo desenvolvimento urbano, por meio do renascimento
comercial, das cidades e da urbanização capitalista.

As políticas públicas para as Instituições de Educação Superior visam


ao desenvolvimento delas mesmas, com o objetivo de acompanhar as
mudanças ocorridas na sociedade e de atender às suas demandas. A
formação do professor do ensino superior e suas condições de traba-
lho contribuem para o contínuo processo de aperfeiçoamento da própria
universidade, que poderá realizar e desenvolver um trabalho voltado à
sociedade, através dos programas de ensino, de pesquisa e de extensão.
Na atualidade, as medidas de acesso e permanência ao Ensino Superior
estão fragilizadas, a autonomia didático-pedagógica das universidades
tem sido posta em questão, e a produção técnico-científica vinculada às
necessidades sociais sofrem o impacto orçamentário. Cabe questionar:
Como manter as Instituições de Educação Superior públicas no Brasil
se a cultura do investimento em pesquisas ainda é fragmentada e não
está estabelecida em grande escala? Como elevar o nível dos conheci-
mentos do alunado dessas instituições sem investimentos adequados?
Como desenvolver um ensino superior mais eficaz e producente? Como
conseguir uma sociedade mais preparada para a vida, para o trabalho,
para lutar pelos seus direitos e mais cidadã? As questões são inúmeras, e
as respostas sugerem que é primordial, para as instituições de educação
superior no Brasil, se adequarem ao novo cenário que se apresenta por
um desafio globalizado, originado pela pandemia da Covid-19 nas esfe-
ras sanitária, política, social, econômica e educacional.

Para finalizar, refletiremos sobre os Desafios para a Ciência e a Univer-


sidade na Sociedade do Conhecimento, ressaltando uma das caracte-
rísticas centrais da sociedade contemporânea, que é o uso intensivo do
conhecimento, a ponto de o qualificativo mais empregado ser o de socie-

CAPÍTULO 3
dade do conhecimento e da informação. Ao se tornarem forças produti-
vas, o conhecimento e a informação se integram ao próprio capital, que
começa a depender desses fatores para a sua acumulação e reprodução,
confirmando que a ciência produz bens para a sociedade reeducando
nosso olhar acerca da produção do conhecimento científico.

Estamos juntos nessa caminhada de descobertas e de crescimento por


meio do conhecimento.

Bons estudos!

Questões Mobilizadoras de Reflexão sobre o Assunto


Caro estudante,

antes de iniciar a leitura deste capítulo, sugerimos que reflita um pouco


sobre essas questões:
61
O que você entende por ciência? Como se faz ciência?

Sabemos que a ciência produz e desenvolve conhecimentos para a so-


ciedade. Mas, como ocorre? Que procedimentos utiliza? O acesso da
população às inúmeras pesquisas científicas é necessário ou desejável?

Como foi sua experiência em pesquisa ao longo de sua formação escolar?


Para que serve a pesquisa em sua vida profissional? Será que o Brasil tem
formado recursos humanos suficientes para competir em mercados avan-
çados em ciência, tecnologia e inovação? Você acompanha as conquistas
da ciência produzida no país? Você já pensou sobre essas questões?

Com certeza, os assuntos tratados nesta unidade já fazem parte do seu


cotidiano, pois são veiculados diariamente pela mídia por meio de divul-
gação de resultados de descobertas científicas, isto é, de pesquisas.

Para avançar, nas quatro seções seguintes iremos estudar alguns ele-
mentos relacionados à ciência, ao conhecimento e, por conseguinte, à
Administração pois, enquanto campo sistematizado do conhecimento, é
uma área que se apropriou e se apropria de estudos, métodos e técnicas
desenvolvidas em outros campos da ciência.

Seção 1 - A Universidade como Universo


de Conhecimentos
“O presente não é só o contemporâneo.
É também um efeito da herança, e a memória de
tal herança nos é necessária para compreender e
agir hoje.” Robert Castel (2001, p. 23)

A Idade Média Clássica, situada entre o século XI e o XIII, foi caracteriza-


da por não haver a ideia de igualdade social perante a lei. Para a época,
seria impensável. Assim, o surgimento da universidade nesse período
favoreceu a formação de um grupo com condições sociais privilegiadas,
CAPÍTULO 3

de destaque social, que teria distinção dentro do corpo social medieval e,


nas palavras de Le Goff, cada membro desse grupo se sentia “como um
artesão, como um homem de ofício” (LE GOFF, 2003, p. 87). É possível
afirmar que, até os dias atuais, a universidade que forma licenciados,
bacharéis, mestres e doutores ainda mantém esse status de formar cor-
poração de ofício8.

Le Goff (2003) diz que é exatamente como um artesão, um homem de


ofício, comparado a outros habitantes da cidade que o intelectual da
Idade Média se sente. Essa observação do pesquisador nos mostra que o
intelectual do período medieval do Ocidente nasceu com as novas dinâ-
micas sociais produzidas e percebidas nas cidades, a partir do processo
político e econômico que significou o fim da Idade Média.

Devido à expansão das cidades, por meio das redes constituídas pelo
62 comércio e o artesanato, é que o intelectual aparece como homem de
ofício que se instala no lugar onde se acentua e se diversifica a divisão
social do trabalho. Sua função é o estudo e o ensino das artes liberais,
atividades racionais utilizadas nas produções de instrumentos materiais
e intelectuais e, por isso, organizadas no seio do movimento corporativo.
As origens das corporações universitárias se apresentam frequentemente
tão obscuras como a dos outros corpos de ofícios, pois se organizaram
lentamente, à custa de sucessivas conquistas que, muitas vezes, os esta-
tutos não as sancionam, senão tardiamente.

Nesse período, o sistema produtivo era o feudalismo, pautado pela troca de


produtos, pois não havia o desenvolvimento de um comércio intenso. Ba-
sicamente, a produção se dava para o autoconsumo, que atendia às neces-
sidades de uma vida material mais simples se comparada aos dias de hoje.

Nesses jovens povoados, a pouca demanda e o pequeno comércio de


produtos manufaturados, feitos com determinado rigor e técnica, eram
atendidos pelas corporações de ofício. Essas corporações eram forma-
das por grupos de profissionais que começaram a se especializar na pro-

8 Na era medieval, a produção era realizada pelos membros da família, para seu próprio consumo
e não para a venda, pois praticamente inexistia mercado. No sistema de corporações, a produção
ficava a cargo de mestres artesãos com poucos auxiliares (aprendizes, oficiais ou diaristas) para
atender ao mercado pequeno no qual o trabalhador não vendia seu trabalho, mas o produto de sua
atividade: era dono tanto da matéria-prima que usava quanto das ferramentas de trabalho. Formada
por mestres em determinado ofício, praticavam corporativismo, criando barreiras à competitividade
ao exercício da atividade pelos que não faziam parte dela, mas, ao mesmo tempo, se fortaleciam
pela união. Em suma, as corporações de ofício eram grupos de profissionais que se especializavam
na produção de determinados produtos.
dução de determinados produtos e se reuniam de forma a garantir van-

CAPÍTULO 3
tagens conferindo segurança a um grupo de indivíduos de mesmo ofício,
isto é, de mesma profissão. Segundo Lakatos e Marconi (2003, p. 71), no
sistema de corporações, a produção ficava “a cargo de mestres artesãos
independentes, donos da matéria-prima e das ferramentas de trabalho,
auxiliados por aprendizes, atendendo a um mercado pequeno e estável:
não vendiam seu trabalho, mas o produto de sua atividade”.

Com o surgimento das cidades, logicamente começou a surgir um in-


cipiente comércio. Leo Huberman, em seu livro intitulado História da
Riqueza do Homem, destaca que, enquanto na sociedade feudal pre-
dominavam relação de dependência e falta de liberdade, “a atmosfera
total da atividade comercial na cidade era a da liberdade” (1986, p. 27).
A primeira condição para o surgimento da cidade foi a relação que o ho-
mem primitivo estabeleceu com o lugar. Como as estruturas sociais e as
relações de poder, características do período feudal não condiziam com
a cidade e, por consequência, com a prática comercial, para poderem
sobrepujar as barreiras da velha ordem, os comerciantes se uniram em 63
prol de garantir a liberdade para suas atividades.

Nas cidades onde se formaram, as universidades, pelo número e qua-


lidade dos seus membros, manifestaram uma força que inquietava os
outros poderes. É na luta, ora contra os poderes eclesiásticos, ora contra
os poderes laicos, que elas conseguem conquistar a sua autonomia (Le
GOFF, 2003, p. 73).

Em termos sociais, aos poucos foi se formando um grupo com uma prá-
tica cultural distinta, em diversos termos. O ensino era com base na
utilização de autoridades, no uso exclusivo do latim e num procedimento
pedagógico essencialmente oral e repetitivo. Também mantinham esta-
tutos próprios, regras de cooperação mútua e organização autônoma de
suas atividades.

Gradativamente, o campo do saber tornou-se um lócus de formação pro-


fissional e se destacou na sociedade a figura do intelectual no contexto
universitário, um tipo social que imitaria e reproduziria progressos em di-
reção à autonomia, à profissionalização e à promoção da cultura erudita.

Entretanto, embora tenham surgido em espacialidades distantes, as uni-


versidades medievais destacaram-se por favorecerem a migração cons-
tante de estudantes entre um território e outro. Nesse sentido, a forma-
ção da universidade medieval já apresenta uma característica que vemos
hoje nas atuais e, dessa forma, sua formação pode ser caracterizada
como dinâmica, em termos sociais.

Ademais, os processos sociais que culminaram na urbanização capita-


lista, a partir do século X, na Europa feudal e mais tarde no continente
americano, temos de considerar a cidade como a expressão da produção
social da época na qual se realiza e é analisada. Portanto, associamos
produção, consumo, reprodução e acúmulo material e imaterial de uma
dada sociedade, num determinado território e durante um período de
CAPÍTULO 3

tempo, como elementos que diferenciam a cidade capitalista daquelas


de modos de produções anteriores, como a medieval. Entretanto, dois
fenômenos, em relação ao mundo universitário, que surgiram no con-
texto medieval, iriam continuar nos séculos seguintes: a migração de
estudantes e a expansão das universidades.

Por volta dos anos 1500, em quase todas as regiões da Europa já havia
uma Universidade. Como os currículos eram semelhantes, era muito co-
mum estudantes migrarem de uma região para outra, por exemplo, saí-
rem da Universidade de Coimbra, em Portugal, para estudar em Oxford,
na Inglaterra, ou o estudante sair de Salamanca, na Espanha, para estudar
em Toulouse, na França. Por conta das distâncias, mesmo entre regiões
contíguas, como Espanha e França, os estudantes se deslocavam de uma
para outra com a finalidade de ali permanecerem.

64 Com o passar do tempo, as cidades onde essas Universidades foram es-


tabelecidas passaram a ser conhecidas como cidades universitárias, que
se beneficiavam tanto com a mobilidade quanto com a migração de estu-
dantes. A migração e a mobilidade eram estimuladas por dois fatores: as
aulas nas universidades eram em latim, e os graus eram os mesmos em
todas as universidades. Um estudante geralmente iniciava seus estudos
em uma universidade perto de sua residência e poderia concluí-los em
outra mais distante.

No fim da Idade Média, a Europa já contava com 60 universidades estru-


turadas nas denominadas cidades universitárias.

Com as grandes navegações, os hispânicos levaram para suas colônias o


modelo de educação superior europeia. Entre os anos de 1511 a 1609,
foram criadas nas colônias espanholas 16 universidades. Entre 1677 e
1791, muitas dessas universidades serviram de cenários para a criação
de outras e extinção de outras tantas.

Nesse mesmo período, surgem as primeiras universidades fora da Euro-


pa, principalmente nas colônias da América do Norte e na América Lati-
na. Em paralelo a esse movimento expansionista, surge um novo modelo
de universidade, com uma estrutura administrativa diferente, concepção
de ensino, tipologia e metodologias diferentes da desenvolvida no perío-
do medieval, mas adaptada à ideologia dominante dos grupos que deram
origem a essas instituições.

Um dos fatores marcantes na vida dos estudantes migrantes é que, quan-


do se tornam egressos das universidades estrangeiras, uma grande parte
não retorna mais para os países de origem, sendo inseridos no mercado
de trabalho do país de destino. O que não acontece com a grande maioria
dos estudantes em mobilidade acadêmica internacional. Nos dias atuais,
mesmo com as iniciativas de internacionalização da universidade brasi-

CAPÍTULO 3
leira, que contempla alguns dos objetivos mencionados no artigo 15º.
da Declaração Mundial sobre Educação Superior no Século XXI: Visão e
Ação, entre eles, está o “compartilhamento de conhecimentos teóricos e
práticos entre países e continentes”9.

A declaração é enfática ao conceber que as instituições de Educação Su-


perior devem, dentre outras funções, assumir a iniciativa de internacio-
nalização, e não somente reagir diante das demandas da globalização.
São premissas adotadas a partir da década de 1980 no país visando ar-
ticular teoria e prática como polos fundantes no ensino superior num
contínuo processo de formação e educação do cidadão.

Assim, a ciência moderna e a organização societal que lhe deu origem


emergem sob a desintegração e desqualificação dos modos de vida an-
teriores, o que por muito tempo justificou a preconceituosa alcunha ao
período medieval de idade das trevas. Isso em contraposição ao que viria
65
posteriormente, a idade das luzes, quando, ao final, estariam consolida-
dos o pensamento e as instituições burguesas, entre as quais a universi-
dade moderna.

Portanto, a universidade, da forma como a concebemos na atualidade,


é originária da Europa Ocidental, e a Universidade de Bolonha, na Itá-
lia, fundada em 1088, é considerada o berço da universidade ocidental.
Aproximadamente na mesma época, o movimento de criação de uni-
versidades se generalizou pela Europa, muito em função dos processos
relacionados ao renascimento comercial e cultural, que começaram a
ameaçar a ordem feudal e a constituir as bases da modernidade.

Por fim, podemos afirmar que a contemporaneidade e, sobretudo, os


textos contemporâneos colocam novos desafios às teorias.

Vamos avançar essa reflexão na próxima seção.

Seção 2 - O Paradigma Moderno de Ciência e os Graus


de Conhecimento

A ciência abrange praticamente todos os campos do conhecimento hu-


mano, relacionados com fatos ou acontecimentos identificados por prin-
cípios, ou seja, por regras.

9 Fonte: http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Direito-a-Educação/declaracao-mundial-sobree-
ducacao-superior-no-seculo-XXI-visao-e-acao.html. Sobre a demanda de diversificação na educação
superior para a construção do futuro, diante do qual as novas gerações deverão estar preparadas
com novas habilitações, conhecimentos e ideais bem como sobre a conscientização em relação a
importância da universidade para o desenvolvimento sociocultural, intelectual e econômico de uma
sociedade.
Na universidade, fazer ciência é importante para todos os envolvidos
CAPÍTULO 3

porque é por intermédio dela que se descobre e se inventa. Em outras


palavras, a ciência é governada e se constitui pela aceitação por parte da
comunidade científica, de um paradigma. O paradigma pode ser expli-
cado como um resultado científico fundamental que inclui uma teoria
e algumas aplicações típicas aos resultados das experiências e das ob-
servações. Enfim, podemos afirmar que o paradigma abrange a maneira
acertada de resolver os problemas e ao mesmo tempo abrange o mé-
todo, as normas e as generalizações compartilhadas pois determina o
modelo para o trabalho dentro da ciência que governa.

O novo paradigma da ciência é aquele caracterizado pelo pensamento


sistêmico - o paradigma ou a epistemologia10 sistêmica – que corres-
ponde a uma mudança de paradigma da ciência porque, ao realizarem
estudos e pesquisas, os cientistas viram os limites do paradigma consi-
66 derado até então e foram levados a repensar seus pressupostos. Reco-
nheceram que o jeito científico de pensar os estava levando aos limites e
apontando a necessidade de um pensamento novo, um novo paradigma,
que consideram sistêmico. Essa mudança ocorreu devido a uma revisão
radical que os cientistas fizeram de seus pressupostos epistemológicos,
que eram baseados na objetividade, e foram ultrapassados ao optarem
pelo “caminho da objetividade entre parênteses”. Essa escolha acarretou
implicações no viver, estar e agir no mundo, de acordo com essa nova
visão de mundo, que é sistêmica.

É importante enfatizar que a novidade aqui não é o questionamento da


objetividade, que há muito vem sendo alvo da filosofia, da psicologia,
das ciências humanas, mas o seu questionamento advindo de cientistas
comprometidos com o paradigma tradicional da ciência. Esses que, en-
quanto exercem atividades científicas, sentem-se no dever de manter-se
comprometidos com a objetividade e de buscá-la a todo custo, mesmo
que, fora dessas atividades, se permitam ser subjetivos e aceitar que ou-
tros também o sejam.

Um novo paradigma consiste numa redefinição do campo de investiga-


ção, ou seja, adotar um paradigma novo significa adotar teorias, leis, mé-
todos e padrões científicos novos, pois se altera o arcabouço conceitual
por apresentar estruturas distintas.

10 Epistemologia – Do grego epistéme que quer dizer “ciência” + “logia” que significa “estudo” =
estudo da ciência, do conhecimento. (FERREIRA, 2004).
Para trabalhar cientificamente, os cientistas acreditavam que a realidade

CAPÍTULO 3
existe independentemente da subjetividade do observador que deve se
esforçar para conhecê-la objetivamente, “tal como ela é”. Essa situação
da ciência tradicional é agora ultrapassada, quando o cientista adota o
“caminho explicativo da objetividade entre parênteses”, mas não apenas
enquanto estiver sendo cientista ou profissional da ciência. Ele tem uma
nova crença, um novo pressuposto epistemológico para seu viver, uma
nova forma de ver e agir no mundo que estão baseados numa única
convicção possível: a da inexistência da “realidade” e da “verdade”. O
cientista avança de uma epistemologia filosófica para a ciência – para
conhecer e atuar cientificamente – em direção a uma epistemologia cien-
tífica para a vida – para estar e agir no mundo, inclusive para conhecer
e atuar cientificamente compartilhando uma epistemologia fundada no
desenvolvimento da própria ciência.

O termo ciência vem do latim scientia, que designa conhecer ou apren-


der. Então, para entender o significado da palavra ciência, precisamos 67
elucidar que conhecer é estabelecer uma relação entre a pessoa (sujeito
que conhece) e o objeto (fato ou fenômeno) que passa a ser conhecido.
No processo de conhecimento, quem conhece acaba se apropriando do
objeto que conheceu, isto é, quem conhece forma um conceito desse
objeto que conheceu, reconstituindo-o em sua memória.

No entendimento de Gil (2007), ciência é conhecimento pois significa


todo o saber criticamente fundamentado. A ciência é, portanto, a acumu-
lação de conhecimentos sistematizados. Veja que uma definição simples
pode abrir margem para dúvidas e definir o que é ciência se tornou um
grande desafio, tanto que muitos cientistas consideram uma “discussão
insolúvel” (GIL, 2007, p. 20).

Etimologicamente11, e em sentido estrito, a palavra ciência refere a um


sistema pelo qual se adquire conhecimento, baseado no método cien-
tífico bem como no corpo organizado de conhecimento delimitado por
meio de pesquisas. Em suma, a ciência é o esforço para descobrir e au-
mentar o conhecimento humano de como o Universo funciona.

Precisamos definir o que vem a ser conhecimento. Nos dicionários (FER-


REIRA, 2004; MICHAELIS, 1998) encontramos inúmeras definições: ato
ou efeito de conhecer; ato de conhecer por meio da razão e/ou da expe-
riência; cognição; faculdade de conhecer; processo pelo qual se adquire

11 Etimologia – origem de uma palavra. (FERREIRA, 2004).


um saber intelectual; processo pelo qual se estabelece a relação entre
CAPÍTULO 3

sujeito e objeto, partindo de impressões sensíveis. Assim, entendido o


conhecimento, podemos dizer que há dois sentidos básicos: o conheci-
mento enquanto produto e o conhecimento enquanto processo ou ato
de conhecer. Enquanto produto, o conhecimento é o conjunto das infor-
mações que a humanidade adquiriu e que está disponível em: bibliote-
cas, acervos, museus, tradições orais etc. via meios físicos e digitais. O
conhecimento, enquanto ato de conhecer, interpretação do termo que
a epistemologia se interessa, é uma relação que se estabelece entre um
sujeito e um objeto.

Ao analisar a situação das ciências no seu conjunto na atualidade, preci-


samos olhar para o passado. O processo de produção do conhecimento
está profundamente relacionado com a experiência individual e seu meio
histórico, social e cultural.

As potencialidades dos conhecimentos acumulados, inclusive tecnoló-


68 gicos, nos leva a crer, no limiar de uma sociedade de comunicação e
interativa do século XXI, que sob os limites do rigor científico, combinada
com os perigos cada vez mais verossímeis da catástrofe ecológica ou da
pandemia da Covid-19, nos fazem temer a complexidade da situação do
tempo presente, um tempo de transição, síncrono e descompassado em
relação a tudo o que o habita. É essa ambiguidade que nos leva a per-
guntar sobre o papel de todo o conhecimento científico acumulado e sua
contribuição em nossas vidas.

A ciência pode ser entendida como busca constante de explicações e so-


luções, de revisão e de verdades sobre os fenômenos naturais e sociais,
por isso a permanente necessidade do conhecimento.

O conhecimento significa tanto o processo de conhecer como o produto


desse processo. Mas, nem todo conhecimento é científico. Só é cientí-
fico o conhecimento que for provado, isto é, verificado e demonstrado.

O conhecimento científico resulta da inter-relação que se estabelece en-


tre o sujeito cognoscente (que tem capacidade de conhecer) com os
fenômenos da realidade empírica. Assim, podemos dizer que o ato de
conhecer se dá por meio das informações obtidas pelo sujeito, conforme
as determinações afetivas, biológicas, cognitivas e sociais, na apreensão
do objeto. O conhecimento científico é, portanto, o resultado da relação
sujeito e objeto mediado pelo processo de pesquisa.

Gil (2007) afirma que existem diferentes tipos de conhecimento e modos


de conhecer que não são considerados científicos.

Além do conhecimento científico, podemos citar outros três:

• O conhecimento popular (também chamado de empírico ou senso


comum), ou seja, é um conhecimento produzido a partir da experi-
ência (empírico), disseminado na população (popular), compreensí-
vel por qualquer pessoa e aceito por todos (senso comum). Agindo

CAPÍTULO 3
muitas vezes pela intuição, nesse tipo de conhecimento o fenômeno
é percebido pelo seu aspecto externo que, por inúmeras vezes, não
coincide com a essência ou a coisa como realmente ela é. Geralmen-
te é um conhecimento adquirido independentemente de estudos, de
pesquisas ou de aplicações de métodos, pois é apropriado da vida
cotidiana, fundamentado em experiências vivenciadas ou transmiti-
das de pessoas para pessoas.

• O conhecimento religioso (ou teológico), é produto de intelecto do


ser humano que recai sobre a fé, provém das revelações do sobrena-
tural que provocam curiosidade, estimulam a vontade de entender o
que se desconhece e são interpretadas como mensagem ou manifes-
tação divina. Esse tipo de conhecimento se apoia em fundamentos
sagrados estimulados pela vontade de entender o que se desconhe-
ce, mas que não pode ser verificado. O conhecimento religioso bus-
ca, dessa forma, encontrar explicações para tudo o que envolve o ser
69
humano, estudando questões referentes ao conhecimento das divin-
dades, de seus atributos e relações com o mundo e com os homens.

• O conhecimento filosófico é aquele que procura conhecer as causas


reais dos fenômenos, as causas profundas e remotas, a origem de
todas as coisas e, para elas, as respostas. Este tipo de conhecimento
tem dupla finalidade: os juízos de realidade – problema teórico do
conhecimento – e os juízos de valor – problema prático da ação. Por
fim, cabe dizer que o conhecimento filosófico estuda as leis mais
gerais do ser (universo, vida, homem, sociedade) e do pensamento,
ou seja, do conhecimento e da ação (o que é Lei, o que é Justiça, o
que é Verdade, o que é Liberdade, o que é Belo, o que é Moral, o
que é Ética são os principais questionamentos dos filósofos). Para a
Filosofia, ciência das primeiras causas e dos primeiros princípios, a
atividade do pensamento é um campo de conhecimento que estuda
a existência humana e questões do mundo real via reflexão crítica.

Segundo Japiassu (1979, p. 177), “a ciência constitui-se negando os sa-


beres pré-científicos ou ideológicos, mas permanece aberta como siste-
ma, porque é falível e, por conseguinte, capaz de progredir”.

Com a consagração da ciência moderna, naturalizou a explicação do real,


a ponto de não podermos concebê-lo senão nos termos por ela propostos.
A ciência hoje é entendida como uma busca constante de explicações, ou
seja, representa um processo em construção, que se renova por meio de
novas descobertas, via métodos e técnicas para se obter conhecimentos.

Você já percebeu que os modos de conhecer são variados. Há autores


que indicam os conhecimentos artístico, sensorial e intelectual como re-
levantes para o sujeito se apropriar de certo modo da realidade e, ao
mesmo tempo, nela penetrar. O conhecimento apresenta-se como uma
transferência das propriedades do objeto para o sujeito. (Ruiz, 2006).
Além dos tipos de conhecimento que vimos anteriormente, Bresciani Fi-
CAPÍTULO 3

lho (1999), ao fazer sua análise da auto-organização, focalizou a relação


entre as dimensões epistemológica e ontológica do conhecimento.

A dimensão epistemológica abrange o conhecimento tácito (implícito e


expresso nas várias atividades humanas) e explícito.

O conhecimento tácito é transmitido por linguagem pessoal pouco formali-


zada e sistematizada, por exemplo, tocar um instrumento musical. O conhe-
cimento explícito, ao contrário, é transmitido por uma linguagem formal e
sistematizada, passível de arquivamento em bibliotecas e bancos de dados,
como tocar um instrumento musical fazendo leitura de uma partitura.

A dimensão ontológica do conhecimento se refere ao compartilhamento


e desenvolvimento do conhecimento como ação pessoal em um grupo
social ou em uma organização, ou seja, o conhecimento criado pelos
indivíduos é transformado em nível de grupo ou em nível organizacional,
70 independentes entre si, mas que interagem mútua e continuamente.

Ao questionar a possibilidade do conhecimento objetivo do mundo (epis-


temologia), nos remetemos ao reconhecimento de que constituímos o
mundo ao distingui-lo (ontologia).

Por fim, os conhecimentos adquiridos em processos tanto de entendimen-


to e compreensão da realidade (dimensão ontológica) como de análise, to-
mada de decisão e ação (dimensão epistemológica) criam a perspectiva de
geração de um conhecimento novo, pois as nossas trajetórias de vida pes-
soal e coletiva (enquanto comunidades científicas) e os valores, as cren-
ças e os prejuízos que transportam representam a concretude do nosso
conhecimento, sem o qual as nossas investigações seriam insignificantes.

Seção 3 - A Universidade e o Desenvolvimento da Ciência


no Brasil

O processo de produção de conhecimentos na universidade é complexo e


resultante da experiência individual em contexto histórico e sociocultural.

Há fatores determinantes, de base epistemológica, e outros, condicio-


nantes, na produção do conhecimento. O progresso científico depende
muito das estratégias de investigação adotadas. Há uma dimensão do
processo de produção do conhecimento que exige uma agenda integrati-
va, ou seja, como foi dito antes, uma dimensão sistêmica.

A pesquisa científica passa a desempenhar papel fundamental, nas pós-


-graduações nas universidades por tornar acessível aos estudantes os
contínuos avanços do saber. Podemos dizer que os pesquisadores são
os “decodificadores” do conhecimento novo pois a eles cabe conhecer
criticamente o detalhe (de seus objetos de estudo) para integrá-lo ao co-
nhecimento já estabelecido nas respectivas áreas do conhecimento, de
modo a atingir uma dimensão sistêmica.
O cenário atual da Era do Conhecimento expõe o desequilíbrio resultan-

CAPÍTULO 3
te da concentração de oportunidades, que tem profundas implicações
socioeconômicas no nosso país e que busca uma inserção competitiva
no comércio global. Essa capacidade competitiva depende de tecnologia
inovadora, a fim de criar novos produtos e processos, de instituições pú-
blicas eficientes e de estabilidade macroeconômica. Para isso, as univer-
sidades precisam ser excelentes, os laboratórios de institutos públicos de
pesquisa devem ser bem qualificados, seguindo padrões internacionais,
e os setores produtivos capitaneados pelo governo federal precisam in-
vestir pesadamente em pesquisa e desenvolvimento. Essas são constata-
ções prementes, para todos os que fazem pesquisa científica e têm, ou
acreditam ter algo a dizer na concepção de uma política científica.

A inserção competitiva do Brasil no mundo é desejável, demandando


que as nossas universidades públicas também o sejam, como produtoras
de conhecimento, seguras em termos de sua autoavaliação de qualidade
e conectadas ao contexto econômico e social vigente. 71
Busca-se uma nova identidade para as universidades públicas brasileiras, de
engajamento com seu contexto social, de incorporação do progresso tecno-
lógico e de equilíbrio em conhecimento, de modo a não comprometer o de-
senvolvimento científico e industrial pela carência de inovações. Enfim, uma
cultura empreendedora pragmática e apta para qualificar recursos humanos.

A pesquisa básica sempre foi e será a contribuição própria das univer-


sidades. No entanto, a criação e inovação em processo ou produto va-
lorizado no âmbito de mercado constituem agendas globais que devem
ser assumidas localmente, como princípio estruturador e organizador da
universidade para acumular massa crítica de pesquisadores criativos e
inovadores. Esse é o capital intelectual fundamental que, sem ele, a uni-
versidade se transforma em uma organização burocrática de funcionários
públicos, vinculados a uma rotina estéril e sem valores institucionais.

Precisamos esclarecer o que é “pesquisa básica” e “pesquisa aplicada”.


Esses conceitos foram abordados inicialmente por Aristóteles (384-322
a.C.). Para ele, a pesquisa básica baseia-se na aquisição de novos conhe-
cimentos e no desenvolvimento de teorias de conceitos e princípios das
leis da natureza e do cosmo. Já a pesquisa aplicada é voltada para o uso
de conhecimentos vindos da pesquisa básica para a aquisição de novos
conhecimentos e resolução de problemas, ou seja, é o conhecimento da
técnica, visando a um fim específico e prático. Essa divisão, no entanto, é
apenas uma questão de sistematização, uma forma didática de explicar os
dois conceitos, mas não remete a uma independência entre elas por serem
complementares e por dependerem uma da outra. É importante destacar
que, mesmo que a pesquisa básica pareça não ter nenhuma perspectiva de
utilidade a curto e médio prazo, ela não deve ser considerada dispensável,
pois, com a expansão do conhecimento, ela pode sustentar o desenvolvi-
mento de aplicações que não estavam inicialmente previstas.
Um bom exemplo são os conhecimentos teóricos desenvolvidos por Al-
CAPÍTULO 3

bert Einstein (1879-1955) - um dos pais da ciência moderna além de um


entusiasta dos direitos humanos - sobre emissão estimulada que, anos
mais tarde, contribuíram para o desenvolvimento de lasers, atualmente
utilizados na medicina, metalurgia, telecomunicações etc.

Evidentemente, há características políticas, sociais e econômicas do am-


biente de atuação da universidade que podem ser estimuladoras ou ini-
bidoras do processo de produção do conhecimento. O desenvolvimento
científico e tecnológico deve integrar um programa estratégico e políticas
do governo federal para as universidades, a fim de legitimá-las e apoiá-
-las sem controles ou entraves burocráticos e corporativos.

O exemplo de Albert Einstein, citado acima, foi utilizado para lembrar


que, muitas vezes, criamos uma imagem de um cientista como alguém
de idade avançada, que veste um jaleco branco e porta óculos, que tra-
balha sozinho em um laboratório e que realiza experimentos perigosos.
72 Mas, a bem da verdade, o cientista não segue um estereótipo, e qualquer
pessoa pode ser cientista. Já pensou nisso? Já pensou em quem produz o
conhecimento científico no Brasil? Onde ele é produzido?

A pesquisa no Brasil é realizada em universidades públicas e privadas,


institutos de pesquisa ou, ainda, em instituições particulares, como em-
presas que possuem seu próprio departamento de Pesquisa e Desen-
volvimento. A grande maioria dos pesquisadores, no entanto, está nas
universidades públicas que também apresentam uma maior quantidade
de publicações científicas.

Uma pesquisa realizada pela empresa Clarivate Analytics traçou o cená-


rio da produção científica nacional entre 2013 e 2018, apontando que
quinze universidades, todas de administração pública, produzem mais
da metade da ciência brasileira. Esse relatório apresenta as três univer-
sidades estaduais paulistas (USP, Unesp e Unicamp), que encabeçam a
lista, com mais de 100 mil trabalhos científicos publicados no período
de seis anos contemplados pelo estudo. As outras 12 instituições são: 11
universidades federais e uma estadual, do Rio de Janeiro. Juntas, essas
15 universidades são responsáveis por mais de 60% do conhecimento
científico produzido no País, segundo o relatório. O levantamento foi
feito a pedido da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (Capes)12 , do Ministério da Educação (MEC). A íntegra des-
se relatório, intitulado Research in Brazil: Funding Excellence, pode ser
acessada pelo link: https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/2019/09/
ClarivateReport_2013-2018.pdf

12 A Capes foi criada em 1951.


Seção 4 - Desafios para a Ciência e a Universidade na

CAPÍTULO 3
Sociedade do Conhecimento

No Brasil, o desenvolvimento científico e tecnológico, encabeçado por


professores e alunos de cursos de pós-graduação stricto sensu, vinculados
aos programas de Mestrado ou Doutorado, têm, nas universidades públi-
cas, em esfera federal, seu principal lócus de produção de conhecimento.

As Instituições de Educação Superior têm caráter vital não somente na


formação de recursos humanos, mas também na geração de conheci-
mentos técnico-científicos, para o desenvolvimento socioeconômico
no contexto dos Sistemas de Inovação. São agentes basilares e auxiliam
o processo de criação e disseminação, tanto de novos conhecimentos,
quanto de novas tecnologias, através de pesquisa básica, pesquisa apli-
cada e desenvolvimento.

O financiamento para a pesquisa no Brasil vem basicamente de órgãos 73


governamentais de fomento em nível federal, como o Conselho Nacional
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), e a Financiadora
de Estudos e Projetos (FINEP). No nível estadual, quase todos os estados
fundaram suas próprias Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs), seguin-
do a pioneira Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
(FAPESP), criada em 1962. Além disso, também são observados finan-
ciamentos indiretos através dos orçamentos das próprias universidades,
que criam agências próprias de pesquisa e investimento de empresas
públicas ou privadas, por meio de algum benefício fiscal.

O fato é que mais da metade dos financiamentos para a pesquisa vem


das fontes governamentais. As duas agências federais de fomento à pes-
quisa, CAPES e CNPq, financiam a pesquisa dos pós-graduandos por
meio de auxílios aos projetos de pesquisa e bolsas de pós-graduação.

Outro aspecto a ser destacado é que a universidade vem correndo o


sério risco de se tornar uma instituição técnica determinada pelas leis de
mercado, tornando-se uma mera agência de serviços. Por isso, a ciência
e o crescimento econômico são elementos de um sistema integrado de
retroalimentação, ou seja, há uma relação mútua, a produção de ciência
atua gerando crescimento econômico, enquanto o próprio crescimento
econômico também favorece aumento de capital, de trabalho e de pro-
dução tecnológica desencadeando a necessidade de gestão dos recursos
e na formação de profissionais especializados (acadêmicos e técnicos).

Os governos investem em ciência e tecnologia utilizando parte da arreca-


dação de impostos e transformam diretamente esse fundo em chamadas
de financiamento à pesquisa.

A promoção econômica do setor científico pode ainda atrair o investimento


de capital privado, e esse sistema resulta na geração de empregos, produção
tecnológica e, consequente aumento da qualidade de vida da população.
Todo conhecimento é uma construção orientada por interesses pessoais
CAPÍTULO 3

e humanos. O conhecimento construído não pode ser fechado porque


nós, seres humanos, estamos sempre em desenvolvimento. Os resulta-
dos desse processo de construção do conhecimento, portanto, podem
ser orientações, manuais, guias e não produtos acabados.

Como vimos nas seções anteriores, a universidade ocidental é fruto do


processo de urbanização retomado a partir do século X e, mais preci-
samente, no século XI na Europa Ocidental. Trata-se de fenômeno in-
trinsecamente associado à crise da sociedade feudal e às condições de
superação da crise a partir da própria sociedade, então em crise.

Nesse percurso diversificado e rico de experiências destaca-se, com uma


constância significativa, o esforço histórico das universidades de buscar
consolidar a sua autonomia. De um modo geral, a autonomia das uni-
versidades se enfraquece à medida que aumenta sua dependência direta
dos recursos do Estado e a consequente ingerência deste nas rotinas
74 próprias da vida acadêmica. A questão da autonomia de gestão financeira
das universidades vai, pois, se configurando ao longo da história como
um dos principais objetivos a serem conquistados pela sua comunidade,
sobretudo a partir do momento em que o modelo do ensino superior
público e gratuito vai se consolidando como a forma mais eficiente e efi-
caz de realização dos fins principais da atividade universitária: o ensino,
a pesquisa, a extensão e a prestação de serviços.

Resumindo

Neste Capítulo, você esteve envolvido com a compreensão de conceitos


relevantes. Exploramos a relação entre conhecimento, ciência, adminis-
tração, sociedade do conhecimento e da informação com o objetivo de
mostrar que a Administração, enquanto campo sistematizado do conhe-
cimento, se apropriou e, ainda, se apropria de estudos, métodos e técni-
cas desenvolvidas em outros campos da ciência.

Com o intuito de mostrar a importância de aproximar pesquisadores e


o público não especializado, traduzindo e transmitindo as conquistas da
ciência produzida no país, para a população em geral, em uma lingua-
gem acessível e inteligível, nosso objetivo nessa reflexão proposta foi
dar visibilidade aos benefícios das descobertas científicas, incorporando
conhecimento dos cidadãos aos cidadãos.

Vimos que, desde suas origens, o papel da instituição de educação supe-


rior tem sido o de produzir e socializar conhecimentos. Nesse sentido, a
importância do período medieval é destacada com base no surgimento
de novos grupos sociais, dentre os quais o universitário, formado tanto
por professores quanto por alunos, os quais, cada vez mais, seriam vin-
culados como pertencentes a uma cultura identificada como erudita.

Enfatizamos que a dimensão epistemológica do conhecimento abrange o


conhecimento tácito, aquele que está profundamente enraizado e se re-
fere a experiências, e o conhecimento explícito, que pode ser facilmente
processado por ser o conhecimento formal. Afirmamos que o segredo

CAPÍTULO 3
das organizações está em conseguir transformar conhecimento tácito em
explícito, ou seja, formalizar e disponibilizar aquele conhecimento que
está na mente de alguém.

Concluímos que, pelo menos, sete séculos de existência contemplam a


universidade. Sua história, suas transformações, suas características ao
longo do tempo têm sido, com persistência cada vez maior, objeto de
estudos e análises que têm contribuído para a compreensão do papel so-
cial que ela tem desempenhado desde as suas origens até a nossa época.

Sintetizamos que Pesquisa constitui num conjunto de ações, propostas


com a finalidade de encontrar a solução para um problema, que têm por
base procedimentos racionais e sistemáticos.

Por fim, ressaltamos, neste Capítulo, que cabe a você desenvolver o espí-
rito crítico e se posicionar frente à construção do conhecimento científi-
co em Administração, conhecendo os critérios de cientificidade exigidos 75
na comunidade acadêmica.

Chegamos ao final deste capítulo. Para consolidar os assuntos tratados


e oferecer elementos para sua reflexão sobre conhecimento, Ciência e
os desafios enfrentados pelos universitários no Brasil, gostaríamos que
desenvolvesse as atividades propostas a seguir.

Agora vamos praticar...

ATIVIDADES

Resolva as atividades e, se tiver dúvida, confira na parte da Correção


das Atividades de Estudo e Aprendizagem. Ainda persistindo suas
dúvidas, consulte seu tutor.

ATIVIDADE 1

No Brasil, em agosto de 2019, a Coordenação de Aperfeiçoamento


de Pessoal de Nível Superior (CAPES) enviou uma nota ao Ministé-
rio da Educação (MEC) sobre uma possível suspensão das bolsas
de pós-graduação a partir desses referidos mês e ano. Essa medi-
da seria uma consequência da redução orçamentária prevista para
o próximo ano, resultado da política de limitar a despesa pública
instituída pela Lei do Teto de Gastos. Essa medida afetaria cerca de
93 mil alunos de pós-graduação. A notícia abalou o país, muitos en-
cararam o anúncio como o “fim prenunciado da ciência no Brasil”.
CAPÍTULO 3

Após alguns dias, a comoção levou o Ministro da Educação a se


pronunciar, garantindo que as bolsas seriam mantidas. Apesar disso,
há constante informação de cortes previstos para o orçamento do
MEC, que deve ser passado proporcionalmente à CAPES, gerando
preocupação e muitas incertezas, principalmente em relação ao de-
senvolvimento de pesquisas em ciência básica e na internacionali-
zação de pesquisadores. Para entender como a falta de investimento
do governo na pós-graduação pode afetar não só a produção cien-
tífica, mas todo o desenvolvimento do país, precisamos entender
como a ciência é feita no Brasil.

Nesse sentido, seria interessante você pesquisar sobre:

a. Quanto o Brasil investe em ciência e quais as consequências


disso? (Faça um resumo de até 15 linhas referentes às informa-
ções que encontrar)
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b. O que podemos fazer para contribuir com a ciência em nosso país?


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ATIVIDADE 2

Ao final desta disciplina, seria interessante que você pudesse escre-


ver, num parágrafo, qual o seu perfil como estudante diante do que
foi colocado sobre métodos e técnicas de estudo, pesquisa, ciência
e educação.
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CAPÍTULO 3
Correção das Atividades de Estudo e Aprendizagem

Feedback aos alunos com identificação dos pontos centrais que de-
veriam constar na elaboração da atividade:

Correção da Atividade 1

A título de sugestão são apresentadas algumas informações que de-


vem constar nas respostas que elaborou.

a. Quanto o Brasil investe em ciência e quais as consequências


disso?

Segundo dados da UNESCO, os três países que mais investem em de-


senvolvimento de pesquisa (em relação a porcentagem do seu PIB)
são: Coreia do Sul (4,3%), Israel (4,2%), Japão (3,4%). O Brasil é o 28º
neste ranking com apenas 1,3%. Esses valores levam em consideração 77
o investimento tanto do setor público quanto do setor privado. Desta-
ca-se que esses dados compilados pela UNESCO são atualizados para
vários países, no entanto os valores do Brasil são de 2014, ano que
houve o ápice de investimento em pesquisa e desenvolvimento. A es-
timativa é que a posição no ranking caia ainda mais, uma vez que em
2017 a porcentagem do PIB investida em P & D foi de apenas 1%. A
descontinuidade ou a diminuição de recursos para bolsas pode causar
danos irreversíveis para ciência no país, como exemplo: a interrupção
de projetos em andamento que pode significar a perda dos recursos
investidos e escassez de cientistas qualificados. Por consequência, os
impactos de médio e longo prazo poderão ser observados em diversos
setores, desde a saúde até a economia. Sem inovação a economia ten-
de a desacelerar, o que pode levar a uma crise econômica. A pesquisa
e desenvolvimento enriquecem a pauta de comércio não apenas em
valor agregado, mas no acréscimo de conhecimento.

b. O que podemos fazer?

Você pode conversar com sua família e amigos conscientizando-os


sobre a importância dos investimentos em pesquisa e em educação.
Você que não é pesquisador, mas compreende a importância da pes-
quisa e da educação para o desenvolvimento de um país pode com-
partilhar os textos estudados com seus amigos. Você que é pesqui-
sador e/ou educador pode começar simplesmente divulgando para a
sociedade o seu trabalho e seu projeto de pesquisa além de enfatizar
sobre a importância deles em um cenário global. Os pontos cruciais
devem ser a valorização da divulgação científica e a popularização da
ciência buscando aproximá-la cada vez mais do restante da socieda-
de. Precisamos, nos dias atuais, divulgar o papel da ciência em nossas
vidas pois estamos lutando contra uma grande desvalorização das
pesquisas, tanto por parte do governo quanto da população. Quanto
mais pessoas entenderem o papel importante dos estudos para a
CAPÍTULO 3

melhoria do nosso dia a dia, mais força ganharemos para conseguir


dar continuidade aos trabalhos científicos.

Correção da Atividade 2

Como você foi orientado a registrar as informações à medida que ia


estudando para que tivesse um melhor entendimento de sua rotina
de estudo e, assim, poder reorganizá-las de forma eficiente, espera-
mos que consiga ter desenvolvido um bom hábito de estudo e do-
cumentação. Comente, de forma sucinta, como desenvolveu seus
estudos visando promover uma boa aprendizagem nesta disciplina.

SAIBA MAIS

Informações adicionais
78
Curiosidades sobre o tema

A construção do nosso conhecimento é uma busca contínua. Por


isso, amplie sua pesquisa fazendo, pelo menos, algumas das leituras
aqui sugeridas:

BERNHEIM, Carlos Tünnermann e CHAUÍ, Marilena de Souza. Desa-


fios da universidade na sociedade do conhecimento: cinco anos depois
da conferência mundial sobre educação superior. Brasília: UNESCO,
2008. 44 p.

Bernheim e Chauí (2008) destacam que o conhecimento e a infor-


mação têm obtido lugar de destaque nos processos que configuram
a sociedade contemporânea. Pelo papel que as instituições de edu-
cação superior desempenham na construção do conhecimento ne-
cessário à sociedade pode-se inferir de que elas podem ser conside-
radas como organizações do conhecimento. “Estamos assistindo à
emergência de um novo paradigma econômico e produtivo no qual
o fator mais importante deixa de ser a disponibilidade de capital,
trabalho, matérias-primas ou energia, passando a ser o uso intensi-
vo de conhecimento e informação” (BERNHEIM e CHAUÍ, 2008, p.
6). No entanto, os autores alertam para o fato de que a universidade
não deve se submeter ao capital, mas preservar e desenvolver suas
funções fundamentais à luz da ética e do rigor científico e intelec-
tual. Afirmam que seu reconhecimento está intimamente associado
à sua capacidade de pesquisar e se expressar sobre os problemas
éticos, culturais e sociais de forma independente e com consciência
das suas responsabilidades. Portanto, preservada essa sua condição
de fomentadora do conhecimento e de sua autonomia em relação
à sua produção, a universidade passa a ser uma organização com
estrutura, tecnologia, processos e pessoas, como qualquer outro
CAPÍTULO 3
tipo de empresa, sendo gerenciada como tal e focada na inovação
para transformar-se numa organização do conhecimento. Finalizan-
do, sugerem que a dimensão ética perpasse a prática da ciência e a
utilização do conhecimento científico e suas aplicações.

O texto completo pode ser acessado em:<https://repo-


sitorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/97844/A%20
Educa%C3%A7%C3%A3o%20Superior%20No%20
S%C3%A9culo%20Xxi%20E%20O%20Sinaes%20Uma%20
An%C3%A1lise%20Da%20Dimens%C3%A3o%20%E-
2%80%9CComunica%C3%A7%C3%A3o.pdf>

E para saber mais em relação ao surgimento das universidades, a in-


dicação é do livro de Christophe Charles e Jacques Verger, publicado
em 1996 pela editora da UNESP:

Livro intitulado História das Universi- 79


dades, apresenta de forma resumida e
panorâmica a criação dessa instituição
pela civilização europeia ocidental, cujo
nascimento se deu na Itália, na França
e na Inglaterra, no início do século XIII.
Aborda o desenvolvimento da universi-
dade por meio das diferentes épocas his-
tóricas arrolando uma série de indicado-
res (número de estudantes, número de
professores e funcionários, seus salários,
dados orçamentários e de dispêndio etc.) que permitem compre-
ender a dinâmica institucional do ensino superior em sua época.
Outros dados, de natureza mais qualitativa, permitem acompanhar
o papel social e político das universidades. Entre esses dados es-
tão aqueles concernentes ao ensino e à pesquisa além daqueles
relativos às origens sociais dos estudantes. Mais detalhadamente,
está dividido em seis capítulos distribuídos por duas partes que
coincidem com grandes épocas históricas: a primeira parte trata
das universidades da Idade Média e a segunda vai desde o período
aberto pela Revolução Francesa até o fim da 2ª Guerra Mundial.
Traz breves menções à América Latina e ao Japão além de, no final,
expor uma bibliografia brevemente comentada, constituindo-se,
desse modo, numa excelente oportunidade de conhecer a origem
das universidades e as suas transformações históricas indispensá-
veis à vida social, política, cultural e econômica das nações.
CAPÍTULO 3

Leitura Complementar

Aprofunde seus estudos, consultando as leituras indicadas:

Neves, José Gonçalves das, Garrido, Margarida Vaz & Simões, Edu-
ardo. Manual de competências pessoais, interpessoais e instrumen-
tais: Teoria e prática. 3ª. Ed. Lisboa: Edições Sílabo, 2015.

Neste manual, você terá informações


sobre vinte competências fundamentais
para lidar eficazmente com as exigências
do dia-a-dia na vida social e no trabalho,
tais como, por exemplo, definir objetivos,
gerenciar conflitos, trabalhar em equipe,
fazer entrevistas ou procurar empre-
go etc. Cada capítulo é dedicado a uma
80 competência específica e encontra-se es-
truturado pela descrição conceptual da
competência, apresentando um quadro
de análise comportamental e orientações práticas para a treiná-las.
Nesse modelo, terá acesso aos fundamentos teóricos e empíricos
de cada competência, mas também à análise de casos e a exercícios
de autoavaliação e aplicação a situações reais do cotidiano. Por fim,
nele está sistematizada a literatura pertinente, articulando os con-
ceitos e os resultados da investigação com propostas concretas de
treino e aplicação sobre as formas e implicações práticas de cada
competência permeadas de formas de atuação ética para lidar com
a diversidade e com o trabalho em equipes, inclusive virtuais. Por-
tanto, este livro é especialmente útil como suporte documental e
metodológico na formação e no desenvolvimento de competências
profissionais.

TRINDADE, Hélio & BLANQUER, Jean-Michel. (Orgs.). Os desafios


da Educação na América Latina. Petrópolis: Editora Vozes, 2002.

O livro registra as contribuições e os


debates ocorridos durante dois dias no
Colóquio Internacional América Latina:
os desafios da educação, realizado em
setembro de 1999, no espaço do Festival
do Cinema Latino-americano, em Biarritz
(França). Os autores são especialistas la-
tino-americanos e franceses que realizam
estudos sobre as questões educacionais
na América Latina. A obra está dividida
em três capítulos: os desafios do cresci-
mento dos sistemas de ensino, os desafios da abertura dos sistemas
de educação, balanço e perspectivas. Na primeira parte, estão agru-
CAPÍTULO 3
pados os textos que analisam o ensino superior na América Latina,
seus problemas, a expansão das universidades, as propostas de re-
formas do ensino e as experiências da avaliação universitária. Neste
livro você encontrará uma visão histórica sobre a implantação da
educação superior na América Latina e uma reflexão dos autores
acerca do duplo desafio das universidades latino-americanas: o da
ampliação de oferta do ensino superior a uma população crescente
e o da qualidade. Delineando os desafios e formulando questões, os
artigos levam o leitor a refletir que a busca da solução não é apenas
tarefa dos educadores ou representantes governamentais, mas de
todos os cidadãos latino-americanos.

81
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Chegamos ao final dessa disciplina: Métodos e Técnicas de Estudos.

Nos capítulos estudadas, foram abordados assuntos que o acompanha-


rão no curso de Graduação em Administração Pública, modalidade a dis-
tância, como também no seu cotidiano fora da Universidade. Neste livro-
-texto, os assuntos foram abordados de forma sucinta, distribuídos em 3
capítulos. No primeiro Capítulo, foram apresentadas algumas orientações
sobre o estudo na Universidade e sobre as diferentes formas de estudar,
analisar e interpretar um texto. Os métodos, as técnicas de estudos e os
hábitos essenciais para a rotina de estudos enfatizaram o prazer de estu-
dar destacando a relevância da documentação como método de estudo
pessoal. Essas dicas podem ser vistas como dispensáveis, já que você
percorreu todo o processo de ensino formal [ensinos fundamental e mé-
dio] e chegou ao ensino superior, mas são orientações fundamentais, a
fim de desenvolver uma leitura compreensiva, essencialmente direciona-
da ao estudo e à atividade acadêmica e profissional via a experimentação
prática. No segundo Capítulo, o foco é em definição e exemplificação de
Fichamentos, Resumos, Resenhas e Ensaios, visando ensinar a estrutura
e organização de um texto científico. No terceiro Capítulo, teoricamente
mais densa, são apresentados conceitos de ciência e conhecimento, seus
pressupostos fundamentais em defesa da Universidade como universo
de conhecimentos, para que você estude, aprenda e amplie seu horizon-
te! Não fique restrito ao que está exposto nesse livro-texto. Consulte as
referências indicadas e as sugestões de leituras complementares, pois
essa é uma forma viável de relacionar a teoria com a prática. Além disso,
você aprenderá muito, quanto mais você agir sobre o objeto do conhe-
cimento, você estará mobilizando hipóteses, construídas com base em
conhecimentos prévios, relatos, informações, vivências, experiências, ou
seja, acionando seu repertório de conhecimentos para compreender no-
vos e antigos fenômenos que se apresentam.

Neste momento em que encerramos esta disciplina, desejo a você muito


sucesso nos estudos e no trabalho!
ANEXO 1:

Planejamento Semanal
2ª feira 3ª feira 4ª feira 5ª feira 6ª feira Sábado

MANHÃ

TARDE

NOITE
REFERÊNCIAS

REFERÊNCIAS

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023:


informação e documentação: referências: elaboração. Rio de Janeiro:
2018.

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724:


informação e documentação: trabalhos acadêmicos: apresentação. Rio
de Janeiro: 2005.

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6022:


informação e documentação: artigo em publicação periódica científica
impressa: apresentação. Rio de Janeiro, 2003.

BERNABE, Tierno. As melhores técnicas de estudo. São Paulo: Martins


Fontes, 2003.

84 BIANCHETTI, Lucídio; MACHADO, Ana Maria Netto (org.). A bússola do


escrever: desafios e estratégias na orientação e escrita de teses e disser-
tações. São Paulo: Cortez, 2006.

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REALIZAÇÃO

ORGANIZAÇÃO

neaD
núcleo de EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO

OFERECIMENTO

Este livro é parte integrante do material


didático do Curso de
Bacharelado em Administração Pública, ISBN 978-65-89954-12-5
do Programa Nacional de Formação
em Administração Pública,
oferecido na modalida a distância. 9 786589 954125

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