Apostila Capitulo 03 - Pecas Tracionadas R00

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 19

Peças tracionadas

3. Peças tracionadas

3.1. Generalidades

O aço é um material de bom desempenho quando solicitado à tração, sendo,


também, de fácil emprego, pela facilidade de se unirem barras tracionadas. O
dimensionamento de peças de aço tracionadas é bastante simples, mas são
necessários conhecimentos sobre o comportamento do material, pois existe
divergência entre a realidade e a hipótese simplista de que as tensões se distribuem
uniformemente ao longo de uma seção transversal genérica de uma barra tracionada.

De forma geral, as peças de aço tracionadas podem ser:

- cabos de aço,

- barras redondas rosqueadas,

- barras laminadas ou compostas.

Os cabos de aço são usados como estais ou cabos de suspensão de pontes,


estaiamento de torres ou suportes de cobertura. Sua eficiência é notável, dado serem
compostos de vários fios de pequeno diâmetro, que são obtidos por trefilação,
obtendo-se tensões de ruptura muito altas. Têm como desvantagem não resistirem a
esforços de compreensão o que os torna inaplicáveis em muitas situações.

Barras redondas são usadas como reforço de terças de telhado, como barras
tracionais de treliças de madeira ou concreto armado, como contraventamentos e
tirantes de arcos.

Barras laminadas ou compostas são usadas em estruturas reticuladas (treliças)


em todos os seus empregos na engenharia.

3.2. Comportamento das peças de aço sob tração

Barras tracionadas de aço com seção transversal uniforme não apresentam


problemas quanto ao comportamento, podendo-se geralmente admitir que as tensões
se distribuam uniformemente. Neste caso, uma barra solicitada a tração se comporta
exatamente como um corpo de prova de prova no ensaio de tração. Enquanto as

44

EGC 5223 – Estruturas metálicas - Prof. Rodrigo Eising


Peças tracionadas

tensões não atingem o limite de proporcionalidade (zona elástica) o material tem um


comportamento semelhante ao teórico estudado na mecânica dos sólidos. Uma vez
ultrapassada esta tensão inicia-se a plastificação. Quando as tensões alcançam o valor
da resistência de escoamento (f y) em todas as fibras, diz se que foi atingido o estado
limite de escoamento ou plastificação (ELP),

Figura 3.1. Distribuição de tensões em peça tracionada na seção do furo.

e se supõe que toda seção esteja solicitada por tensões iguais. Despreza-se a influência
de furos. Chama-se de resistência nominal de escoamento ou de plastificação ao valor
do esforço teórico aplicado neste instante (também chamado de resistência da seção)
dado por:

Nn= Ag . fy (3.1)

Onde:

Ag= área da seção (desprezar a presença de furos);

fy= tensão de escoamento do aço

Prosseguindo com aumento da força de tração (que acarreta tensão) entra-se


na zona de encruamento até ocorrer ruína da barra, atingindo-se o estado limite de
ruína (ELR). Como o diagrama tensão/deformação é uma curva quase horizontal,
considera-se que as tensões sejam iguais em todas as fibras. Chama-se de resistência
de ruptura (ou ruína) ao valor:

Nn= An. fu (3.2)

45

EGC 5223 – Estruturas metálicas - Prof. Rodrigo Eising


Peças tracionadas

Onde:

An = área líquida da barra;

fu = tensão de ruptura de aço.

Entretanto, quando a seção transversal varia de uma forma brusca, as tensões


podem ter distribuição bastante variada. O caso mais comum é a presença de furos
nas ligações, que provocam concentração de tensões. Observando a figura 3.1 a vê-se
uma peça submetida a tração e as tensões em uma seção afastada do furo são
uniformes. A figura 3.1 b mostra as tensões que ocorrem na seção que contém o furo
onde se nota o seguinte:

- as tensões aumentam diretamente com as deformações (alongamento) enquanto


estiverem dentro do limite elástico e sua distribuição se dá de forma desuniforme, com
tensão maior nas fibras próximas ao furo (pode-se fazer a analogia da pedra no meio
de um rio calmo, que provoca aumento de velocidade em sua volta – as velocidades ao
longo das linhas de fluxo no rio equivalem às tensões ao longo das fibras - fluxo de
tensões – na barra);

- se o esforço de tração segue aumentando, haverá um instante que a fibra mais


solicitada alcança a tensão de escoamento (início do escoamento) e, a partir daí, ela
permanece sem aumento de tensão, mesmo aumentando seu alongamento, enquanto
que nas demais fibras as tensões vão aumentando até, também, atingirem a tensão de
escoamento, onde não há posteriores incrementos. O processo se repete fibra por
fibra, até que todas as fibras estejam solicitadas na tensão de escoamento, quando se
atinge o estado limite de plastificação, que se caracteriza por deformações grandes. É
evidente que as seções cortadas por furos atingem a plastificação antes das demais,
mas o alongamento da peça, como consequência desta plastificação prematura, é
desprezível.

Daí por diante considera-se que as tensões sejam uniformes na área líquida e
aumentam até a ruptura ou estado limite de ruína. Como a ruptura deve ocorrer na
seção mais frágil da peça, neste estágio, os furos têm que ser levados em conta.

46

EGC 5223 – Estruturas metálicas - Prof. Rodrigo Eising


Peças tracionadas

3.2.1. Área líquida

A ruptura de uma placa de aço com vários furos, quando submetida a tração,
pode ser difícil de ser determinada teoricamente. Há várias maneiras de se resolver o
problema, mas deve-se ter em mente que um processo para ser empregado no
trabalho de escritório deve ser simples e confiável. Processos complicados tornam o
projeto caro, enquanto que processos simples podem reduzir a resultados poucos
confiáveis. A NBR- 8800 adota a fórmula de Cochrane para cálculo da área líquida, para
a seção em zig-zag (ver figura 3.2):

Figura 3.2. Seção em zig-zag

2
S
b n=b−Σdf + Σ (3.3)
4g

Onde:

bn= largura líquida da seção;

b = largura bruta da seção;

df = Diâmetro efetivo do furo;

s = distância entre furos consecutivos medida na direção do esforço;

g = distância entre furos consecutivos medida ortogonalmente ao esforço.

47

EGC 5223 – Estruturas metálicas - Prof. Rodrigo Eising


Peças tracionadas

É importante lembrar que o diâmetro do furo é obviamente maior do que o do


parafuso e que o processo mais comum de abrir furos é o puncionamento. Neste
processo o furo é obtido pelo rasgamento da peça, acarretando um ofício de forma
aproximadamente tronco-cônica, com paredes de superfície irregular. O material que
circunda as paredes do furo apresenta-se com micro-fraturas generalizadas e a NBR-
8800 estabelece que seja desprezada sua contribuição na resistência à tração da peça.
Assim, calcula-se um diâmetro efetivo do furo por:

df = d + p + f (3.4)

onde:

d = diâmetro do parafuso;

p = espessura de parede danificada pela punção (adotar 2,0 mm);

f = folga entre o parafuso e o furo (adotar 2,0 mm).

Caso o furo seja feito com broca, pode-se adotar p = 0 e, para parafusos e furos
ajustados, isto é, parafusos usinados e furos feitos por brocas, pode-se reduzir a folga
entre o furo e o fuste do conector.

Exemplo 3.1.

Determinar a área líquida da chapa da figura 3.3.

Figura 3.3

48

EGC 5223 – Estruturas metálicas - Prof. Rodrigo Eising


Peças tracionadas

Solução:

Para obtenção da área líquida, deve-se pensar em obter a superfície crítica, ou


seja, a superfície de ruptura. Observando-se a figura podem-se propor várias linhas de
ruptura e, para cada uma delas, deve ser determinada sua largura útil como emprego
da equação (3.3). O menor valor obtido será o valor da largura útil.

Diâmetro efetivo:

df = 16 + 2 + 2 = 20 mm

Para as superfícies de ruptura possíveis com 2 ou 3 furos, tem-se as larguras


líquidas (equação 3.3):

 ABCD
bn = 165 – 2 x 20 = 125 mm

 ABECD
2 2
60 60
bn = 165 – 3 x 20 + + =145 mm
4 x 55 4 x 45
 ABEF
602
bn = 165 – 2 x 20 + =141 mm
4 x 55
 ABEGH
2 2
60 20
bn = 165 – 3 x 20 + + =124 mm
4 x 55 4 x 45

Sendo então, bn = 12,4 cm, a área líquida vale: Na = 12,4 x 0,6 = 7,44 cm².

No Caso de perfis laminados, o cálculo da área líquida deve der feito a partir da
área da seção reta do perfilado (área bruta), que se encontra tabelada nos catálogos
dos fabricantes, pois a forma da seção é usualmente complexa, com várias curvas de
concordância. Para cantoneiras de abas de mesma espessura a NBR-8800 permite que
a área bruta seja determinada considerando-se que a seção transversal seja composta
de dois retângulos, de acordo com a figura 3.4. A área bruta pode ser calculada por:

Ag = (b1 + b2 – t) x t (3.5)

49

EGC 5223 – Estruturas metálicas - Prof. Rodrigo Eising


Peças tracionadas

Figura 3.4. Área bruta de cantoneira

Exemplo 3.2

Determinar a área líquida da cantoneira da figura 3.5.

Solução:

A largura bruta pode ser calculada pela parte entre parêntesis da equação (3.5):

b = 20,0 + 10,0 - 1,5 = 28,5 cm

E a área bruta é:

Ag = b x t = 28,5 x 1,5 = 42,75 cm²

Figura 3.5. Exemplo 3.2

50

EGC 5223 – Estruturas metálicas - Prof. Rodrigo Eising


Peças tracionadas

Para estudar as superfícies de ruptura faz-se o rebatimento de uma das faces,


transformando a cantoneira em chapa plana. Observando que a distância entre os
furos de faces diferentes deve ser reduzida, obtêm-se a figura 3.6.

Figura 3.6

A distância entre as linhas de furação é calculada de uma forma análoga à


largura bruta, descontando-se a espessura:

g = 70 + 63 – 15 = 118 mm

Duas superfícies de ruptura possíveis são obtidas, ABCD e EFGHI, pois qualquer
outra recai em uma das anteriores.

Diâmetro efetivo do furo executado por punção:

Df = 20,0 + 2,0 + 2,0 = 24,0 mm

Larguras líquidas:

 ABCD:

bn = 28,5 – 3 x 2,4 = 23,7 cm

 EFGHI

2 2
5,0 5,0
Bn = 28,5 – 3 x 2,4 + + =22,52 cm
4 x 9,0 4 x 11,8

51

EGC 5223 – Estruturas metálicas - Prof. Rodrigo Eising


Peças tracionadas

A área líquida vale:

An = 22,52 x 1,5 = 33,78 cm 2

3.2.2 – Conceito de área efetiva

Como já foi exposto, nem sempre a superfície de ruptura por tração é plana. A causa
disso é um complexo fluxo de tensões que ocorre na região de transferência de
esforços (furos, soldas, etc.). Assim, em alguns casos uma peça sem furos (área bruta
igual à área líquida) ao ser tracionada rompe-se com tensões médias inferiores à
tensão de ruptura (fu) do aço que a compõe. Uma cantoneira tracionada, cuja ligação
se faz apenas por uma de suas abas

Figura 3.7 – Efeito de tensões localizadas. Fluxo de tensões e superfície de ruptura nas abas
de uma cantoneira na zona de ligação

(figura 3.7), pode se romper por uma superfície tal que sua resistência seja inferior à
resistência teórica da área líquida transversal ao eixo do esforço. Para calcular a
resistência de ruptura da barra a NBR-8800 determina a adoção de uma área efetiva.

A área efetiva é considerada igual à área líquida quando uma barra tracionada é
solicitada na ligação em todos seus elementos (alma e mesas), de tal forma que as
tensões de tração sejam introduzidas uniformemente por toda a seção, em outras
palavras, quando não houver regiões da seção transversal com tensões mais elevadas

52

EGC 5223 – Estruturas metálicas - Prof. Rodrigo Eising


Peças tracionadas

do que em outras. Deve-se ter em conta que parafusos induzem esforços de forma
concentrada e a forma como estão distribuídos na ligação é importante.

Quando a solicitação da barra não é feita por todos os elementos deve-se


calcular a área líquida efetiva por:

Ae = Ct . An (3.6)

Onde:

Ct é um coeficiente que depende da forma como é feita a ligação, como segue:

a – Perfis I ou H cujas mesas tenham uma largura maior do que 2/3 da altura do perfil e
perfis T cortados desses perfis; com ligações nas mesas, tendo um mínimo de 3
parafusos por linha na direção do esforço para o caso de ligação aparafusada: C t = 0,90
(ver figura 3.10);

b – Perfis definidos acima que não atendam os requisitos anteriores e todos os demais
perfis, incluindo barras compostas, tendo um mínimo de 3 parafusos por linha na
direção da solicitação: Ct = 0,85;

c – Em todas as barras com ligações parafusadas, tendo somente dois parafusos por
linha na direção do esforço: Ct = 0,75 (ver figura 3.8).

A NBR-8800 considera que uma boa distribuição de tensões é obtida quando


mais de três parafusos são usados por linha na direção do esforço, tal que na seção
onde ocorre a maior tensão de tração haja uma razoável uniformidade de tensões.

Figura 3.8 – 2 parafusos por linha na direção da solicitação. Ct = 0,75

53

EGC 5223 – Estruturas metálicas - Prof. Rodrigo Eising


Peças tracionadas

Figura 3.9 – Ligação através de todos os elementos do perfil com um mínimo de 3


parafusos na direção da solicitação. Ct = 1,0

Figura 3.10 – Perfis I, H ou T com um mínimo de 3 parafusos por linha na direção do esforço
ligados somente pelas mesas.

3.3. Estados limites

A resistência nominal à tração de uma seção no estado limite de plastificação


(ELP) é obtido pelo produto da área bruta pela tensão nominal de escoamento do aço
(equação 3.1). A resistência de cálculo é obtida pela introdução de um coeficiente
minorador (ɸt), que considera a probabilidade de ela ser menor do que o valor
nominal, ou seja:

NR = ɸt . Nn = ɸt . Ag . fy (3.7)

Sendo ɸt = 0,90

54

EGC 5223 – Estruturas metálicas - Prof. Rodrigo Eising


Peças tracionadas

A resistência nominal de uma barra tracionada no estado limite de ruína (ELR),


sem concentração de tensões, é dada pela equação (3.2). Entretanto, como vimos,
outros fatores influenciam a resposta no ensaio de tração e a equação deve ser
corrigida para:

Nn = Ae . fu (3.8)

Sendo:

Ae = área líquida efetiva;

fu = tensão de ruptura do aço.

Havendo concentração e tensões, a resistência de cálculo no ELR, com a mesma


lógica que a anterior, é obtida por:

NR = ɸt . fu = ɸt . Ae . fu (3.9)

Sendo em ambos os casos ɸt = 0,75.

A peça deve atender ambos os critérios, ou seja, o dimensionamento será feito


para o estado limite que apresentar menor resistência de cálculo.

É interessante observar que o coeficiente de minoração para a plastificação não


leva maiores danos à estrutura do que uma exagerada deformação, enquanto que a
ruína significa segurança de vidas e coisas. De qualquer forma, mesmo para as peças
em que o dimensionamento seja governado pelo estado limite de plastificação, o
coeficiente de segurança à ruptura é, no mínimo 0,75.

Exemplo 3.3

Determinar a resistência de cálculo da peça do exemplo 3.2, para aço ASTM A-


36.

Solução:

Sabe-se do exemplo 3.2 que a peça apresenta:

55

EGC 5223 – Estruturas metálicas - Prof. Rodrigo Eising


Peças tracionadas

Ag = 42,75 cm² e Na = Ae = 33,78 cm², pois Ct = 1,0.

O aço ASTM A-36 apresenta fy = 250 MPa e fu = 400 MPa.

Tem-se, para o estado limite de escoamento da seção bruta ou de plastificação


(ELP) a resistência de cálculo:

NR = 0,90 x 42,75 (cm²) x 25 (kN/cm²) = 962 kN

Para o estado limite de ruptura da seção líquida (ELR):

NR = 0,75 x 33,78 (cm²) x 40 (kN/cm²) = 1.013 kN.

Neste caso a resistência de cálculo da peça é dada pelo escoamento da seção.


Caso a peça fosse soldada em ambas as abas, desaparecendo os furos, teríamos para a
área efetiva o mesmo valor da área bruta, o que daria para o estado limite de ruína o
valor:

NR = 0,75 x 42,75 x 40 = 1.282,5 kN, e resistência de cálculo mantém-se a do estado


limite de plastificação.

Exemplo 3.4

Determinar a relação ente as áreas bruta e efetiva de uma barra tracionada de


aço MR-250, que estabeleça o limite de governo dos estados limites ELP e ELR.

Solução:

MR-250 = ASTM A-36

fy = 250 MPa e fu = 400 MPa

Para o estado limite de plastificação ELP:

NR = Ag x 0,9x 250.000 = Ag x 225.000

Para o estado limite de ruína ELR:

NR = Ae x 0,75 x 400.000 = Ae x 300.000

56

EGC 5223 – Estruturas metálicas - Prof. Rodrigo Eising


Peças tracionadas

Relação

N Rplast A g x 225.000
=
N Rruína Ae x 300.000

Ae
NRruína = NRplast x 1,33
Ag

Isso significa que a resistência a ruína só será determinante em peças em que A g ≥ 1,33
Ae.

Exemplo 3.5

Dimensionar a barra AB da treliça plana da figura 3.11 para aço MR-250.


Considerar que a estabilidade dos nós no plano ortogonal à figura é garantida por
elementos não representados. Usar parafusos comuns de diâmetro ¾”, cura
resistência de cálculo ao corte é de 29,81 kN por unidade. Adotas as dimensões do
gabarito de furação da figura.

P = 30 kN – carga permanente de grande variabilidade;

P = 40 kN – sobrecarga;

Q = 8 kN – vento.

Figura 3.11 – Diagrama e gabarito de furação

Solução:

57

EGC 5223 – Estruturas metálicas - Prof. Rodrigo Eising


Peças tracionadas

a) Cálculo das solicitações nominais da barra AB:

Devidas a P:

tgα=
1,5
0,8
→ α =arctg ( )
1,5
0,8
=61,93 °

Figura 3.12 - Equilíbrio nó A

Do equilíbrio do nó A:
FAB x cos α = P/2
FAB = 1,06 P

Devidas a Q:
Reação vertical
0,8. Q
V= =0,27.Q
3
Do equilíbrio do nó A:
V = FAB . cosα
0,28.Q
F AB= =0,57. Q
cosα

Figura 3.13 – Esforços devidos ao vento

b) Determinação das solicitações de cálculo

58

EGC 5223 – Estruturas metálicas - Prof. Rodrigo Eising


Peças tracionadas

Como todas as cargas têm o mesmo sinal e a sobrecarga é preponderante,


nitidamente, sobre o vento, aplica-se a equação de combinação da NBR-8800:

Sd = 1,4 x (1,06 x 30) + 1,5 x (1,06 x 40) + 1,4 x 0,6 x (0,57 x 8) = 111,95 KN

c) Determinação das resistências do perfil

Para verificação no estado limite de ruína ELR, é necessário saber o número de


parafusos da ligação, que pode ser calculado com:

111,95
n= =3,75 Adota-se 4 parafusos.
29,81

Quando as ligações são parafusadas, o dimensionamento é feito por


verificações sucessivas. Caso haja dificuldade no arbítrio da seção, sugere-se
determinar a área bruta necessária para atender ao estado limite de plastificação.
Neste caso, tem-se a equação (3.7):

NR 111,95 ( KN )
Ag≥ = =4,98 cm ²
( )
ɸt . f y KN
0,9 x 25
c m2

Na tabela de cantoneira, escolhe-se uma cantoneira L63,5 x 4,8 mm, que tem,
conforme a tabela do fabricante, Ag = 5,94 cm².

Tem-se:

b = 2 x 6,35 – 0,48 = 12,22 cm

df = 1,9 + 0,2 + 0,2 = 2,3 cm

Rebatendo-se a cantoneira tem-se 2 linhas de ruptura possíveis:

Linha I: bn = 12,22 – 2,3 = 9,92 cm

3,52
Linha II: b n=12,22−2 x 2,3+ =8,09 cm
4 x 6,52

Então, An = 8,09 x 0,48 = 3,88 cm²

59

EGC 5223 – Estruturas metálicas - Prof. Rodrigo Eising


Peças tracionadas

Havendo apenas dois furos na direção do esforço, C t = 0,75 e Ae = 3,88 x 0,75 =


2,91 cm².

Resistência de cálculo no ELP:

NR = 0,9 x 5,94 x 25 = 133,65 kN

Resistência de cálculo no ELR:

NR = 0,75 x 2,91 x 40 = 87,3 kN

Como vemos, a resistência no ELR é inferior à solicitação de cálculo, concluindo-


se que a cantoneira deve ser reforçada. Pode-se experimentar uma cantoneira L63,5 x
6,4 mm, que é a próxima maior na tabela de cantoneiras de abas iguais (ver anexos)
cuja área bruta é Ag=7,68 cm². Sendo maior a área bruta a verificação no ELP está
automaticamente atendida.

d) Verificação da nova cantoneira no ELR:

b = 2 x 6,35 – 0,64 = 12,06

O caminho crítico deve ser o mesmo. Então, a largura líquida é calculada por:

2
3,5
b n=12,06−2 x 2,3+ =7,94 c m
4 x 6,36

An = 7,94 x 0,64 = 5,08 cm²

Não há alteração na ligação e a área efetiva é calculada com o mesmo C t.

Ae = 5,08 x 0,75 = 3,81 cm²

Resistência de cálculo no ELR

NR = 0,75 x 3,81 x 40 = 114,3 kN >Sd = 111,95 kN.

Outra alternativa pode resolver o problema. Ao invés de aumentar a seção


bruta da barra, pode-se alterar a ligação, com acréscimo de mais um furo em cada
linha (passar para 3 parafusos na direção da solicitação), obtendo-se C t=1,0, porque a

60

EGC 5223 – Estruturas metálicas - Prof. Rodrigo Eising


Peças tracionadas

barra L63,5x4,8mm atende o ELP, mas não atende o ELR. Assim, A e = 3,88 cm². Neste
caso, a resistência de cálculo no ELR será:

NR = 0,75 x 3,88 x 40 = 116,4kN > Sd = 111,95 kN.

3.4. Esbeltez

Para evitar a ressonância com vibrações induzidas pelo vento, a NBR-8800


especifica, a exemplo de outras normas de outros países, um índice de esbeltez λ
máximo.

 240 para barras principais;


 300 para barras secundárias.

O índice de esbeltez é calculado por

l
λ= (3.10)
r

Onde:

l = comprimento entre centros de ligação da barra;

r=
√ I
A
= raio de giração da seção, sendo:

I = momento de inércia;

A = área da seção transversal

Exemplo 3.6

Determinar qual o comprimento máximo que pode ter uma barra de treliça
tracionada (principal) executada com uma cantoneira L 88,9 x 88,9 x 9,5 mm.

Solução:

Raio de giração mínimo rz = 1,94 cm, obtido na tabela de cantoneiras de abas iguais.

Então:

l ≤ 1,74 x 240 = 417,6 cm.

61

EGC 5223 – Estruturas metálicas - Prof. Rodrigo Eising


Peças tracionadas

62

EGC 5223 – Estruturas metálicas - Prof. Rodrigo Eising

Você também pode gostar