MD Comin 2012 1 05

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANA


TECNOLOGIA EM MANUTENÇÃO INDUSTRIAL

AUGUSTO WOHLGEMUTH

MAURICIO KUSBICK DA ROSA

APRIMORAMENTO DE UMA BANCADA AUTOMATIZADA DE UM


FREIO DE FOUCAULT UTILIZADA PARA ENSAIOS DE MOTORES
DE INDUÇÃO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

MEDIANEIRA
2012
AUGUSTO WOHLGEMUTH

MAURICIO KUSBICK DA ROSA

APRIMORAMENTO DE UMA BANCADA AUTOMATIZADA DE UM


FREIO DE FOUCAULT UTILIZADA PARA ENSAIOS DE MOTORES
DE INDUÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso de


graduação, apresentado a disciplina de
Trabalho de Diplomação, do curso superior
de Tecnologia em Manutenção Industrial,
como requisito parcial à obtenção do título
de Tecnólogo. Universidade Tecnológica
Federal do Paraná – Câmpus Medianeira.
Orientador: Prof. Esp. Giovano Mayer

MEDIANEIRA
2012
Ministério Da Educação
Universidade Tecnológica Federal Do Paraná
Gerência de Ensino
Coordenação do Curso Superior de Tecnologia em
Manutenção Industrial

TERMO DE APROVAÇÃO
APRIMORAMENTO DE UMA BANCADA AUTOMATIZADA DE UM FREIO DE
FOUCAULT UTILIZADA PARA ENSAIOS DE MOTORES DE INDUÇÃO

Por:

Augusto Wohlgemuth
Mauricio Kusbick da Rosa

Este Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) foi apresentado às 09:00 h do dia 29


de Junho de 2012 como requisito parcial para obtenção do título de Tecnólogo no
Curso superior de Tecnologia em Manutenção Industrial, da Universidade
Tecnológica Federal do Paraná, Câmpus Medianeira. Os candidatos foram argüidos
pela Banca Examinadora composta pelos professores abaixo assinados. Após
deliberação, a Banca Examinadora considerou o trabalho aprovado.

Prof. Esp. Giovano Mayer Prof. Dr. Marcos Fischborn

UTFPR – Câmpus Medianeira UTFPR – Câmpus Medianeira

(Orientador) (Convidado)

Prof. Me. Amauri Massochin Prof. Me. Yuri Ferruzzi

UTFPR – Câmpus Medianeira UTFPR – Câmpus Medianeira

(Convidado) (Responsável pelas atividades de TCC)

A Folha de Aprovação assinada encontra-se na coordenação do Curso de


Tecnologia em Manutenção Industrial.
“Eu quero vencer, se não for possível
agora, ao menos deixa-me tentar”

(Prof. Vilson Bagatini)


AGRADECIMENTOS

Agradecemos primeiramente a Deus pela saúde e perseverança que nos têm


dado.
Aos nossos amigos e familiares pelo apoio.
Ao professor Giovano Mayer pela orientação neste trabalho e aos professores
Almiro Weiss, Ivair Marchetti e Marcos Fischborn no auxílio prestado durante a
execução do projeto.
Agradecemos também à Universidade Tecnológica Federal do Paraná –
Câmpus Medianeira, que cedeu o espaço e a oportunidade para a realização desse
projeto.
RESUMO

ROSA, Mauricio Kusbick da; WOHLGEMUTH, Augusto. Aprimoramento de uma


bancada automatizada de um Freio de Foucault utilizada para ensaios de motores
de indução. 2012. 76f. Trabalho de Conclusão de Curso (Tecnologia em
Manutenção Industrial) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Medianeira,
2012.

RESUMO: Este trabalho consiste no aprimoramento de uma bancada automatizada


com um Freio de Foucault presente na Instituição UTFPR – Câmpus Medianeira. O
Freio de Foucault também conhecido como Freio Eletrodinâmico, consiste em um
rotor em forma de disco acoplado á um motor elétrico. O disco gira dentro de um
campo magnético cuja intensidade é controlada através de uma bobina alimentada
por corrente contínua. A variação de corrente através dessa bobina aumenta ou
diminui a força de frenagem do equipamento. Com o uso do software Easy Soft
Codesys, foi desenvolvido um sistema supervisório no qual o usuário da bancada
acessa uma Interface Homem-Máquina. O sistema proposto permite o acionamento
de até cinco tipos de partidas e possibilita também a opção de abertura de qualquer
uma das fases do motor. O sistema supervisório permite a verificação das respostas
de corrente, tensão e torque do motor através de gráficos. Para o desenvolvimento
deste projeto foram utilizados transdutores de corrente alternada, de corrente
contínua, de tensão e de célula de carga, os quais junto com o CLP (controlador
lógico programável) fazem a aquisição dos dados das grandezas envolvidas.

Palavras-chave: Freio de Foucault. Sistema Supervisório. CLP.


ABSTRACT

ROSA, Mauricio Kusbick da; WOHLGEMUTH, Augusto. Improvement of one


Foucault Brake’s automated stand, used for testing of induction motors. 2012. 76f.
Course Conclusion Paper (Industrial Maintenance Technology) – Federal
Technological University of Paraná. Medianeira, 2012.
ABSTRACT: This paper consists in the improvement of an automated stand with a
Foucault’s Brake, located in the Institution UTFPR – Medianeira Campus. The
Foucault’s Brake, also known as Electrodynamics’ Brake, consists in a disc-shaped
rotator linked to an electric engine. The disk spins inside a magnetic field whose
intensity it’s controlled through one coil fed by a direct current. The current’s variation
through this coil increases or decreases the strength of the equipment’s braking. With
the use of the software Easy Soft Codesys, it was develop a system supervision
which the stand’s user can access a Interface Man-Machine. This system allows the
activation of until five kinds of starts and also the option to open any of the engine’s
phases. The supervisory system allows the verification of the current’s answer,
tension and torque in the engine through graphics. For the development of this
project it were used transducers of alternating current, direct current, tension and
load cell, which combined to PLC (Programmable Logic Controller) do the data
acquisition of the magnitudes involved.
Key-words: Foucault’s Brake. Supervisory System. PLC.
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Classificação dos níveis de vibração........................................................ 28


Tabela 2 - Resultados do primeiro ensaio de vibração (valores em mm/s) ............... 29
Tabela 3 - Resultados do segundo ensaio de vibração (valores em mm/s) .............. 29
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Freio de Foucault anteriormente desenvolvido ......................................... 14


Figura 2 - Detalhe da Célula de Carga instalada....................................................... 15
Figura 3 - Freio de Foucault com as bobinas atuais.................................................. 15
Figura 4 - Leiaute da bancada (vista frontal) ............................................................. 22
Figura 5 - Leiaute do painel inferior ........................................................................... 23
Figura 6 - Detalhe da barra rosqueada e posicionamento do painel inferior ............. 24
Figura 7 - Painel inferior com os componentes instalados ........................................ 24
Figura 8 - Leiaute do painel superior ......................................................................... 25
Figura 9 - Painel montado com todos os componentes instalados ........................... 26
Figura 10 - Suporte da Fonte .................................................................................... 27
Figura 11 - Alinhamento utilizando régua de luz ....................................................... 30
Figura 12 - Ponto de medição superior dianteiro e o sensor MV-680 da Instrutherm30
Figura 13 - Configuração de slots do CLP ................................................................ 34
Figura 14 - Ambiente de programação ...................................................................... 35
Figura 15 - Interface “SelecaoPartidas” ..................................................................... 37
Figura 16 - Interface “SupervisorioGraficos” ............................................................. 38
Figura 17 - Interface “GraficoTensao” ....................................................................... 39
Figura 18 - Variação da corrente entregue à bobina do freio pela Fonte EE0152..... 42
Figura 19 - Fonte de tensão utilizada nos ensaios de carga ..................................... 42
Figura 20 - Resposta das correntes do motor com partida direta e carga mecânica
nula ........................................................................................................................... 43
Figura 21 - Resposta das correntes do motor com partida direta e 50% da carga
mecânica nominal ..................................................................................................... 44
Figura 22 - Resposta das correntes do motor com partida direta e carga mecânica
nominal ...................................................................................................................... 44
Figura 23 - Resposta das correntes do motor com partida estrela-triângulo e carga
mecânica nula ........................................................................................................... 45
Figura 24 - Resposta das correntes do motor com partida estrela-triângulo e 50% da
carga mecânica nominal ........................................................................................... 46
Figura 25 - Resposta das correntes do motor com partida estrela-triângulo carga
mecânica nominal ..................................................................................................... 47
Figura 26 - Resposta das correntes do motor com partida compensada e carga
mecânica nula ........................................................................................................... 48
Figura 27 - Resposta das correntes do motor com partida compensada e 50% da
carga mecânica nominal ........................................................................................... 49
Figura 28 - Resposta das correntes do motor com partida compensada e carga
mecânica nominal ..................................................................................................... 49
Figura 29 - Variação da tensão do motor durante a partida compensada ................. 50
Figura 30 - Método de partida com uso de Soft Starter............................................. 51
Figura 31 - Curva da tensão durante partida com uso de soft starter ....................... 52
Figura 32 - Partida com aplicação de 50% da carga mecânica nominal ................... 53
Figura 33 - Partida com aplicação da carga mecânica nominal ................................ 53
Figura 34 - Variação do valor das correntes quando uma fase está desconectada .. 54
Figura 35 - Variação das correntes em relação ao aumento da carga ...................... 55
Figura 36 - Valores da corrente quando o motor foi submetido a uma sobrecarga ... 56
LISTA DE SIGLAS

A Ampéres
CA Corrente Alternada
CC Corrente Contínua
CLP Controlador Lógico Programável
CPU Unidade Central de Processamento
CV Cavalo Vapor
Fs Fator de Serviço
IHM Interface Homem-Máquina
Kg Quilograma
Kgf.m Quilograma-Força Metro
mA Miliampéres
MDF Medium Density Fiberboard
mm Milímetros
mV Milivolts
NA Normal Aberto
NBR Normal Brasileira Regulamentadora
NF Normal Fechado
PVC Cloreto De Polivinila
RPM Rotações por Minuto
UTFPR Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Vca Tensão Alternada
Vcc Tensão Contínua
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12
2 EQUIPAMENTOS E DISPOSITIVOS ..................................................................... 13
2.1 FREIO DE FOUCAULT ....................................................................................... 13
2.2 MOTOR DE INDUÇÃO TRIFÁSICO ................................................................... 16
2.2.1 Conjugado do Motor ......................................................................................... 16
2.3 CONTROLADOR LÓGICO PROGRAMÁVEL E SOFTWARE SUPERVISÓRIO 18
2.4 CÉLULA DE CARGA E CONVERSOR DE SINAL .............................................. 19
2.5 TRANSDUTORES DE CORRENTE E TENSÃO ................................................. 20
2.6 FONTES DE ALIMENTAÇÃO ............................................................................. 20
3 MONTAGEM .......................................................................................................... 22
3.1 PROJETO DE APRIMORAMENTO DA BANCADA ............................................ 22
3.1.1 Painel Inferior ................................................................................................... 23
3.1.2 Painel Superior ................................................................................................. 25
3.1.3 Suporte da Fonte EE0152 ................................................................................ 27
3.1.4 Pintura .............................................................................................................. 27
3.2 ENSAIOS DE VIBRAÇÃO ................................................................................... 28
4 PROCESSO DE AUTOMAÇÃO ............................................................................ 31
4.1 CONFIGURAÇÃO DO CLP E UTILIZAÇÃO DAS I/Os........................................ 32
4.2 PROGRAMAÇÃO E SUPERVISÓRIO ................................................................ 34
4.2.1 Programação .................................................................................................... 34
4.2.2 Supervisório ..................................................................................................... 35
4.2.2.1 Interface “SelecaoPartidas” ........................................................................... 36
4.2.2.2 Interface “SupervisorioGraficos” .................................................................... 37
4.2.2.3 Interface “GraficoTensao”.............................................................................. 39
4.3 APRIMORAMENTO OBTIDO.............................................................................. 39
5 ENSAIOS E RESULTADOS OBTIDOS ................................................................. 41
5.1 FONTE EE0152 .................................................................................................. 41
5.2 ENSAIOS COM PARTIDA DIRETA .................................................................... 43
5.3 ENSAIOS COM PARTIDA ESTRELA-TRIÂNGULO ........................................... 45
5.4 ENSAIOS COM PARTIDA COMPENSADA ........................................................ 47
5.5 ENSAIOS COM PARTIDA UTILIZANDO SOFT STARTER ................................ 51
5.6 ENSAIOS COM PARTIDA UTILIZANDO INVERSOR DE FREQUÊNCIA .......... 52
5.7 ENSAIO DE ABERTURA DE FASE .................................................................... 54
5.8 ENSAIO DE VARIAÇÃO DE CARGA .................................................................. 55
5.9 ENSAIO DE SOBRECARGA............................................................................... 55
6 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 57
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 59
APÊNDICES ............................................................................................................. 61
APÊNDICE A – Diagrama de Comando da Bancada ............................................ 62
APÊNDICE B – Diagrama de Força da Bancada ................................................... 63
APÊNDICE C – Ligações do CLP ........................................................................... 64
APÊNDICE D – Diagrama Elétrico do Freio de Foucault ...................................... 66
APÊNDICE E – Partida Direta ................................................................................. 67
APÊNDICE F – Partida Estrela Triângulo .............................................................. 68
APÊNDICE G – Partida Compensada .................................................................... 69
APÊNDICE H – Força da Partida com Soft Starter ............................................... 71
APÊNDICE I – Partida com Inversor de freqüência .............................................. 73
APÊNDICE J – Simbologia Utilizada nos Diagramas Elétricos ........................... 75
12

1 INTRODUÇÃO

Freio de Foucault ou freio eletromagnético consiste em um freio formado por


um rotor em forma de disco e um estator fixo. O estator é constituído por bobinas
que são alimentadas em corrente contínua. Quando energizadas, essas bobinas
geram um campo eletromagnético estacionário que por sua vez produz um campo
induzido no rotor. O campo induzido no rotor é contrário ao campo gerado pelas
bobinas e a oposição entre os mesmos faz com que o rotor freie. A intensidade do
campo gerado pelas bobinas é diretamente proporcional ao valor da corrente
aplicada à mesma.
O presente trabalho tem por objetivo aprimorar uma bancada de um freio de
Foucault desenvolvida em 2010 por ex-acadêmicos do curso de Tecnologia em
Manutenção Industrial da UTFPR – Câmpus Medianeira. Esta bancada possuía
certo nível de automação, pois contava com o uso de um Controlador Lógico
Programável e de um programa supervisório para controle. Este projeto incluía
sensores de medição de corrente e uma célula de carga para medir a força de
frenagem aplicada ao motor.
O aprimoramento proposto consiste em possibiltar o aumento dos tipos de
partida do motor, tendo como opção a abertura de qualquer uma das fases do
circuito. Desenvolver também uma nova Interface Homem-Máquina para o
supervisório, sendo possível através desta, visualizar os valores de corrente, tensão
e carga que são medidos através dos transdutores instalados e fazer o controle do
valor da tensão e corrente aplicados nas bobinas do freio através de comandos em
tela. O projeto prevê o aumento do número de espiras das bobinas do freio, pois a
bobina utilizada até então necessitava de uma corrente alta para que o freio pudesse
simular a carga nominal do motor.
13

2 EQUIPAMENTOS E DISPOSITIVOS

Os materiais e equipamentos utilizados para melhoria do freio de Foucault


são descritos a seguir.

2.1 FREIO DE FOUCAULT

Segundo a NBR 8152 (1982), o Freio de Foucault é um sistema


eletromagnético que produz esforço de frenagem por indução sobre um induzido
linear (trilho, por exemplo) ou sobre uma parte rotativa como um disco.
O freio de Foucault é também conhecido na literatura como Freio
Eletrodinâmico e consiste em um rotor (acoplado á um motor elétrico) que gira
dentro de um campo magnético. A intensidade do campo é controlada através da
aplicação de corrente contínua de maior ou menor intensidade a um par de bobinas,
responsável pela criação de tal campo.
O campo magnético criado pelo par de bobinas faz com que no disco surjam
correntes elétricas parasitas, essas são conhecidas na literatura como correntes de
Foucault. A indução de corrente no disco gera um campo magnético contrário ao
campo da bobina o que resulta na frenagem do rotor e por conseqüência do motor,
simulando assim uma carga.
A figura 1 mostra o freio desenvolvido em 2009 por ex – acadêmicos do curso
de Tecnologia em Manutenção Industrial.
14

Figura 1 - Freio de Foucault anteriormente desenvolvido


Fonte: Lenzi, Ratti e Rustick. Automação de um freio de Foucault utilizado para
ensaios de motores de indução (2010)

O freio é constituído basicamente por um rotor de alumínio em forma de disco


(9 mm de espessura e 250 mm de diâmetro) e duas bobinas com 350 espiras de fio
de cobre AWG n° 18 em cada uma. Não possui contatos deslizantes, escovas, anéis
coletores ou comutadores, pois o rotor não possui ligações elétricas.
O projeto inicial incluía sensores de medição de corrente assim como o uso
de um CLP e programa supervisório para o controle. No entanto, a programação e
esquema de ligação elétrica da bancada permitiam apenas o acionamento do motor
com partida direta, não havendo flexibilidade para uso da mesma como ferramenta
didática de auxílio nos laboratórios de máquinas elétricas, acionamento de máquinas
elétricas e automação industrial.
Na configuração inicial, a bancada utilizava uma placa de MDF (Medium
Density Fiberboard) para dar suporte aos componentes de acionamento e controle.
Nesta bancada, havia também uma célula de carga, cuja finalidade era medir
o torque que o efeito de frenagem causava no estator. O efeito de frenagem faz com
que um das extremidades do estator seja impelida contra a célula de carga. Este
ponto de medição é análogo ao funcionamento de uma balança e o posicionamento
deste conjunto pode ser visualizado na figura 1.
15

Para não ocorrerem trancos mecânicos na célula, e assim não danificá-la, a


mesma teve uma de suas extremidades fixas na bancada e a outra, com auxílio de
uma mola, foi utilizada para receber o esforço de frenagem. O detalhe da célula de
carga pode ser verificado na figura 2.

Figura 2 - Detalhe da Célula de Carga instalada


Fonte: Lenzi, Ratti e Rustick. Automação de um freio de Foucault utilizado
para ensaios de motores de indução (2010)

A bobina utilizada no projeto atual teve o número de espiras aumentado para


1150 cada, com fio de cobre AWG n° 18. A figura 3 mostra a bobina atual já
montada no conjunto do freio.

Figura 3 – Freio de Foucault com as bobinas atuais


16

2.2 MOTOR DE INDUÇÃO TRIFÁSICO

O motor utilizado na bancada é um motor de indução trifásico da marca


VOGES cuja potência é de ¾ de CV. Este modelo apresenta fator de potência de
0,7, corrente nominal de 2,9 A e FS igual a 1,15. A tensão de alimentação é 220
Vac, 6 terminais, 4 pólos e rendimento de 72%.
Para Franchi (2008), o motor de indução trifásico é o tipo de motor mais
utilizado tanto na indústria quanto no ambiente doméstico, porque os sistemas atuais
de distribuição de energia elétrica normalmente são trifásicos em corrente alternada.
Franchi (2008), explica que quando um enrolamento trifásico é alimentado por
correntes trifásicas, cria-se um campo girante como se houvesse um único par de
pólos girantes com intensidade constante. Esse campo girante, criado pelo
enrolamento trifásico no estator, faz com que linhas de fluxo atravessem as barras
do rotor o que induz tensões nessas barras gerando correntes elétricas. Essas
correntes causam um campo magnético no rotor de polaridade oposta a do campo
girante. Como campos opostos se atraem e o campo girante do estator é rotativo, o
rotor tende a acompanhar a rotação deste campo desenvolvendo um conjugado
motor que faz com que o rotor gire.
Franchi (2008), explica também que à medida que a carga é aplicada no eixo
do motor ocorre um aumento no seu rendimento, logo, quanto mais próximo da
carga nominal, maior é o rendimento.

2.2.1 Conjugado do Motor

De acordo com Mamede Filho (2007), motores elétricos apresentam um


esforço que lhes permite girar seu eixo quando energizados. A este esforço dá-se o
nome de conjugado do motor. A carga acoplada gera também um conjugado que se
opõem ao conjugado do motor. A esse conjugado dá-se o nome de conjugado de
carga ou conjugado resistente.
Para Lobosco (1988), os motores de indução são caracterizados como
motores cujo conjugado disponível diminui à medida que a velocidade aumenta.
17

Franchi (2008), explica que quanto maior a carga, maior terá que ser o
conjugado necessário para acioná-la. Para obter esse conjugado é necessário que
as correntes induzidas e os campos produzidos sejam maiores, logo a diferença de
velocidade aumenta. Portanto, à medida que a carga aumenta, cai a rotação do
motor.
Mamede Filho (2007), explica que quando o conjugado do motor é
dimensionado adequadamente, este necessita durante a partida desenvolver um
conjugado superior ao conjugado resistente de carga.
O conjugado de carga máximo para um determinado motor pode ser
calculado pela equação (1), (MAMEDE Filho, 2007, p.205).

(1)

Sendo:
Cc - Conjugado da Carga (N.m);
Pnm - Potência nominal do motor (CV);
Wnm - Velocidade nominal do motor (RPM);
Logo, para o motor utilizado no projeto, o conjugado de carga máximo é:

Convertendo este valor para Kgf.m, o torque máximo do motor é de 0,319


Kgf.m.
O conjugado exigido do motor em cada instante pode ser calculado pela
equação (2).
18

(2)

Sendo:
Cnm - Conjugado do motor (kgf.m)
Pc - Peso medido pela célula de carga (kg)
Δec - Distância entre o centro do eixo do motor e o ponto de medição da célula de
carga (m) – 0,16 m.
Esta equação é utilizada para calcular o torque exigido do motor durante os
ensaios e o resultado é mostrado no visor “TORQUE DE FRENAGEM” da interface
do supervisório da bancada, que será explicado com maiores detalhes no capítulo 4.

2.3 CONTROLADOR LÓGICO PROGRAMÁVEL E SOFTWARE SUPERVISÓRIO

Para Georgini (2006), Controlador Lógico Programável (CLP), pode ser


definido como um Computador Industrial, capaz de armazenar instruções para
implementação de funções de controle (seqüência lógica, temporização e contagem,
por exemplo), além de realizar operações lógicas e aritméticas, manipulação de
dados e comunicação em rede, sendo utilizado no controle de sistemas
automatizados.
De acordo com Silveira e Santos (2010,) o CLP é basicamente composto por
dois elementos principais, sendo uma CPU (Unidade Central de Processamento) e a
outra a interface para sinais de entrada e saída.
Para Silveira e Santos (2010), “sinais de entrada” são sinais externos
recebidos pelo CLP, os quais podem vir de fontes pertencentes do processo (chaves
fim de curso, sensores, etc.) ou podem ser um comando gerado pelo prórprio
sistema de controle (programa – memória interna).
Para Silveira e Santos (2010), “sinais de saída” são os dispositivos
controlados pelo CLP , um por ponto de saída. Esses pontos podem influenciar
diretamente em ações do processo ou mesmo possuir a função de sinalizadores em
painéis sinóticos. Podem ser citados como exemplos de varáveis de saída os
contatores, válvulas, lâmpadas, entre outros.
19

Para Silveira e Santos (2010), “programa” pode ser descrito como uma
sequência específica de instruções selecionadas de um conjunto de opções
oferecidas pelo CLP em uso, que efetuam ações de controle desejadas, ativando ou
não memórias internas e os pontos de saída do CLP a partir da monitoração do
estado das mesmas memórias internas e os pontos de entrada do CLP. (SILVEIRA;
SANTOS, 2010).
O CLP XC100 utilizado neste projeto é composto por uma CPU modelo XC-
CPU101-C64K-8DI-6DO, com 3 slots analógicos para a aquisição dos sinais dos
transdutores e um slot digital com oito saídas. A CPU do CLP é alimentada em 24
Vcc, assim como o slot digital. O diagrama elétrico com as ligações do CLP pode ser
visualizado no Apêndice C.

2.4 CÉLULA DE CARGA E CONVERSOR DE SINAL

De acordo com Sanches (2007), este transdutor faz uso do efeito Strain-
Gauge (Gage) para quantificar a tensão mecânica aplicada em sua estrutura. O
efeito Strain-Gauge é baseado no fato de que um material condutor sujeito à tensão
mecânica varia sua resistência elétrica.
A deformação causada pela carga a qual o transdutor é submetido resulta na
variação da resistência elétrica do mesmo. Essa variação é quantificada através de
um sinal elétrico e é transmitida a um conversor de sinal.
O conversor de sinal é um dispositivo capaz de converter um sinal elétrico em
outro ou apenas aumentar a amplitude de maneira proporcional, para que o mesmo
possa ser reconhecido por outro dispositivo de aquisição de dados ou controle.
Para a aquisição do valor da carga exercida pelo freio, foi utilizada a Célula de
Carga do modelo GL 10 da Alfa Instrumentos, com capacidade máxima de 10 Kg.
Este trandutor têm seu sinal de saída de 0 a 4 mV e utiliza um conversor de sinal
modelo LC420SG-035 da Incon Eletrônica Ltda (já utilizado no projeto inicial) para
adequar o sinal à entrada analógica do CLP (0 – 10 Vcc).
20

2.5 TRANSDUTORES DE CORRENTE E TENSÃO

Para Albuquerque e Thomazini (2008), os transdutores são dispositivos


capazes de transfomar uma grandeza física em um sinal de tensão ou corrente que
pode ser facilmente interpretado por um sistema de controle.
Os trandutores de corrente e tensão têm a função de converter a grandeza ao
qual é submetido em um sinal elétrico analógico. O sinal de saída é em escala
menor e pode transmitir o valor proporcional RMS da grandeza medida.
Neste projeto, foram utilizados quatro transdutores de corrente, sendo três
utilizados para medição de corrente alternada (CA) e um de medição de corrente
contínua (CC).
Os transdutores de corrente alternada são do tipo janelado modelo
50C420ALF-127 da marca Secon Componentes e sua função é medir a corrente das
três fases do motor e converter esse valor em um sinal proporcional de corrente de 4
a 20 mA que será recebido por uma das entradas analógica do CLP. A corrente
máxima medida por esse transdutor é de 40 A.
O mesmo ocorre para o transdutor de corrente contínua do modelo
10C420ADC-127, no entanto esse mede a corrente das bobinas do Freio e sua
corrente máxima é de 10 A.
São utilizados três transdutores de tensão do modelo 350V420ALF-127 da
marca Secon Componentes, os quais medem o valor da tensão entre cada fase e o
neutro da bancada. Pode medir valores de até 350 Vac dentro de uma variada faixa
de frequências.

2.6 FONTES DE ALIMENTAÇÃO

Para Mello (1987), fontes de alimentação são dispositivos que tem como
função transformar tensão alternada em tensão contínua fornecendo energia para
outros equipamentos. Há vários tipos de fontes de alimentação, entre elas a linear e
a chaveada. A fonte linear é utilizada para circuitos que exigem pouca potência, e
como operam em frequências entre 50 e 60 Hz, o transformador e o capacitor são
21

grandes, deixando a fonte grande e pesada, além de ter uma perda de energia por
calor. A fonte chaveada opera em altas frequências, por isso sua perda de energia é
baixa, tendo um bom rendimento e fornecendo maior potência para o equipamento.
O projeto inicial previa a utilização da fonte EE0152 para aplicar corrente
contínua nas bobinas do freio. Esta fonte possui entrada de tensão 127 ou 220 Vac
em 60 Hz e sua saída pode ser ajustável de forma manual através de um
potenciômetro ou como utilizada no projeto, pode-se ajustar o valor de saída através
de um sinal analógico de tensão (0 a 10 Vcc). A tensão de saída varia entre 0 e 300
Vcc tendo como valor máximo de corrente 3 A. O controle da corrente também pode
ser feito por potenciômetro ou através de incremento analógico.
22

3 MONTAGEM

3.1 PROJETO DE APRIMORAMENTO DA BANCADA

Fazendo o uso dos componentes descritos no Capítulo 2, o primeiro passo


para o projeto de aprimoramento e melhorias da bancada existente foi o
desenvolvimento dos diagramas elétricos de comando e força da bancada, comando
do CLP e ligação do freio de Foucault com a fonte EE0152. Todos os diagramas
podem podem ser visualizados nos apêndices A, B, C e D respectivamente.
Com os diagramas já definidos, desenvolveu-se o leiaute da bancada. Esse
leiaute pode ser visualizado na figura 4, que mostra a disposição dos painéis
superior e inferior na estrutura.

Figura 4 - Leiaute da bancada (vista frontal)


23

3.1.1 Painel Inferior

O painel inferior existente até então, era de MDF e comportava os dispositivos


da bancada, no entanto era pesado e não se adaptava ao novo leiaute desenvolvido.
O novo painel foi construido em aço, pois este material é mais leve e de fácil
manuseio se comparado ao MDF utilizado na montagem anterior.
O painel inferior foi desenvolvido para comportar os seguintes componentes:
Trasdutores de Corrente, Transdutores de Tensão, Disjuntores, Contatores, Relés
auxiliares e CLP. O leiaute pode ser visto na Figura 5.

Figura 5 Leiaute do painel inferior

O painel inferior é constituído por uma chapa de montagem em aço que


possui 535 mm de largura por 755 mm de comprimento e 1.3 mm de espessura.
Todos os componentes foram fixados através de trilho DIN 35 mm que por sua vez
foi preso à chapa através de parafusos. Para evitar possíveis contatos físicos entre
os dispositivos fixados neste painel e os operadores (alunos e professores), o painel
foi protegido por uma chapa de acrilico transparente. Para facilitar a fixação do
painel junto com a proteção de acrílico e o resto da estrutura da bancada, utilizou-se
uma barra rosqueada de 160 mm de comprimento que atravessa tanto as chapas de
acrílico e de aço do painel, quanto o pé de sustentação da bancada. O ajuste de
24

profundidade das chapas de acrílico e do painel em relação ao pé da bancada foi


feito com a movimentação das porcas na barra rosqueada.
O detalhe dessa montagem pode ser visualizado na figura 6.

Figura 6 - Detalhe da barra rosqueada e posicionamento do painel inferior

A figura 7 mostra o painel inferior com os componentes utilizados na


automação, controle e aquisição de dados.

Figura 7 - Painel inferior com os componentes instalados


25

Para que os cabos de comando e força pudessem ser direcionados para a


parte posterior do painel inferior, foram utilizados furos com acabamento dado por
prensa cabos de ¾ de polegadas. Tais saídas possibilitam que todos os circuitos de
comando e força fiquem acondicionados na parte posterior do painel inferior e dentro
de canaletas de PVC.
Todos os circuitos foram devidamente marcados através de anilhas e
organizados dentro das canaletas com o auxílio de abraçadeiras de nylon.

3.1.2 Painel Superior

O painel superior foi projetado para dar suporte aos botões de acionamento
do motor e aos bornes onde o usuário conecta toda a lógica de acionamento do
motor. O painel é em chapa de aço cujas dimensões são de 310x315 mm (altura x
largura) por 3mm de espessura. O mesmo foi fixado na parte superior da bancada
(com parafusos sextavados de 30 mm de comprimento) o que facilita as ligações
elétricas entre a bancada do freio e as bancadas existentes nos laboratórios. A
figura 8 mostra o leiaute do painel superior.

Figura 8 - Leiaute do painel superior


26

Para a fixação dos componentes (botoeiras e bornes), foram executados furos


de acordo com o leiaute apresentado. Após a furação, a chapa foi pintada da mesma
cor do painel inferior e nela colados os adesivos de indentificação dos componentes.
Os condutores desse painel foram organizados com anilhas de indentificação
e com abraçadeiras de nylon. A figura 9 mostra a vista frontal do painel após ser
montado na bancada. Para não oferecer risco de contato com as ligações do painel,
a parte posterior do mesmo foi protegido por uma chapa de acrílico assim como no
painel inferior.

Figura 9 - Painel montado com todos os componentes instalados

Após a conclusão dos painéis e instalação dos componentes, foi montada a


estrutura do freio que é a mesma utilizada no projeto inicial, porém o projeto anterior
apresentou alguns defeitos, como vibração excessiva e ruído anormal. Foi
constatado que este problema era proveninente de defeitos no eixo. Para corrigir a
anormalidade, o eixo foi substituído por um novo.
27

3.1.3 Suporte da Fonte EE0152

Para fixar a fonte de tensão EE0152, foi necessária a execução de uma


estrutura composta por barras tubulares de aço de 30x30 mm.
Essas barras foram soldadas à suportes em perfil “L”, que foram parafusados
no pés da bancada. Essa estrutura pode ser verificada na figura 10.

Figura 10 - Suporte da Fonte

3.1.4 Pintura

Após a conclusão dos painéis e do suporte, foi executada a primeira


montagem da bancada que serviu para fazer os testes iniciais e alterações que o
projeto de aprimoração exigia. Com a montagem do circuito elétrico e a realização
dos testes de funcionamento e dos ensaios gerais, a bancada foi desmontada para
iniciar a pintura dos painéis e da estrutura em geral.
28

Com a conclusão do processo de pintura, a bancada foi novamente montada


e novos testes foram executados a fim de comprovar o funcionamento da mesma.

3.2 ENSAIOS DE VIBRAÇÃO

O ensaio de vibração é um método útil no monitoramento de máquinas


rotativas. Detecta por medições eletrônicas problemas como falta de balanceamento
de partes rotativas, desalinhamento de mancais e rolamentos, excentricidade,
abrasão e folga entre partes. (ABENDI).
Considera-se também que todo equipamento novo apresenta determinado
nível de vibração quando está em operação. Na ausência de informações sobre os
limites dos níveis de vibração do equipamento monitorado, a norma ISO 2372
propõem limites dos níveis de vibração de acordo com as características do mesmo.
A tabela abaixo mostra a classificação dos níveis de vibração para motores de até
20 CV.

Tabela 1 Classificação dos níveis de vibração

Nível Equipamento de até 20cv


Bom até 0,71 mm/s
Satisfatório 0,71 a 1,8 mm/s
Tolerável 1,8 a 4,5 mm/s
Não Permissível acima de 4,5 mm/s
Fonte: Adaptado da norma ISO 2372
(http://www.gpro.ind.br/imagens/produtos/Linha%20Vib.pdf )

Após a primeira montagem da bancada para realização dos testes, executou-


se o alinhamento do freio em relação ao motor. O alinhamento foi feito utilizando o
método com uma régua de luz. Em seguida foi executado um ensaio de vibração
mecânica.
Para colocar o motor em funcionamento, foi necessário o uso do inversor de
freqüência CFW 8 da Weg. A utilização do inversor foi necessária, pois possibilitou a
29

análise da vibração para uma ampla faixa de freqüência, o que durante a utilização
da bancada pode ocorrer se o motor for acionado via inversor de freqüência.
Para medir o resultado utilizou-se o sensor MV-680 da Instrutherm e foram
feitas medições em diferentes posições no motor. A tabela 2 mostra os resultados de
vibração para algumas freqüências do inversor.

Tabela 2 Resultados do primeiro ensaio de vibração (valores em mm/s)

Superior Horizontal Axial Superior Horizontal


Freqüência
Dianteiro Dianteiro Dianteiro trazeiro Trazeiro

15 Hz 0,6 0.9 1.2 0,8 1


30Hz 1,2 1.5 1,3 1,9 1,8
45Hz 2,4 2,6 3,1 2,4 2,8
63Hz 2,3 4,5 4,4 2,8 4,7

Da análise dos resultados verificados na tabela 2, é possível observar que os


níveis de vibração são considerados anormais para a freqüência de 63 Hz por isso
houve a realização de um novo alinhamento do conjunto e a troca das borrachas da
base. Após o alinhamento, o ensaio de vibração foi realizado e o resultado pode ser
verificado na tabela 3.

Tabela 3 Resultados do segundo ensaio de vibração (valores em mm/s)

Superior Horizontal Axial Superior Horizontal


Freqüência
Dianteiro Dianteiro Dianteiro Trazeiro Trazeiro
15HZ 0,7 0,8 0,9 0,7 0,8
30Hz 1 1,4 1,5 1,2 1,3
45Hz 2,5 2,6 3,4 2,7 2,7
63Hz 2,3 3,1 3 3,1 3,1

Houve uma melhora dos níveis de vibração em relação ao ensaio anterior e


de acordo com a Norma ISO 2372 esses níveis são considerados aceitáveis.
A figura 11 mostra os alinhamentos finais para o último ensaio de vibração
realizado na bancada.
30

Figura 11 - Alinhamento utilizando régua de luz

Um dos pontos de medição e o sensor MV-680 da Instrutherm, utilizado no


ensaio de vibração, podem ser visualizados na figura 12.

Figura 12 - Ponto de medição superior dianteiro e o sensor MV-680 da Instrutherm


31

4 PROCESSO DE AUTOMAÇÃO

De acordo com Silveira e Santos (2010), automação industrial verifica-se


sempre que novas técnicas de controle são introduzidas num processo. Pode-se
dizer que automação é oferecer e gerenciar soluções, pois ela sai do nível chão da
fábrica para voltar seu foco para o gerenciamento da informação.
Os processos de automação utilizados no projeto têm função de tornar
possível o acionamento do motor nos diferentes tipos de partida. Foi utilizado um
CLP para coordenar o acionamento dos contatores de acordo com a configuração
elétrica da partida escolhida.
Na montagem da bancada foram utilizados dois disjuntores, sendo um tripolar
para o circuito de força da bancada e um bipolar para o circuito de comando. A
bancada só pode ser ligada se os disjuntores estiverem acionados.
Para fazer o acionamento, foram utilizadas botoeiras do tipo impulso de 22
mm. Quando pressionadas essas botoeiras liberam a passagem de corrente pelo
circuito de comando. A botoeira identificada como “LIGA BANCADA” aciona a força
da bancada e alimenta os sensores, as fontes e o CLP. As botoeiras “LIGAR
MOTOR” e “DESLIGAR MOTOR” quando pressionadas enviam 24 Vcc para as
entradas I0.0 e I0.1 do CLP respectivamente. A função destas botoeiras é ligar e
desligar o motor.
Em conjunto com as botoeiras, é utilizado um botão do tipo cogumelo de 30
mm com trava rotativa. Sua função é causar a desenergização da bancada em caso
de emergência.
Para sinalização, foi utilizado um sinalizador luminoso de 220 Vca que indica
quando a bancada está energizada e um sinalizador também em 220 Vca que indica
se a fonte EE0152 está ligada.
Para fazer a ligação do comando externo na bancada, utilizou-se bornes que
foram dispostos nos contatos dos relés R1, R2, R3, R4, nos contatos das bobinas do
motor e nas saídas das fases R, S, T e Pe. Todos estes bornes estão no Painel
Superior da bancada.
A ligação do comando é feita nas bancadas convencionais dos laboratórios
(utilizando-se dos contatos dos relés no painel superior) com a bancada do freio e
deve ser feita de acordo com a partida selecionada na IHM.
32

O circuito de força e de comando das partidas Direta, Estrela Triângulo,


Compensada, Soft Starter e com uso do Inversor de Frequência deve ser ligado de
acordo com os diagramas dos Apêndices E, F, G, H e I respectivamente. A ligação
dos bornes do motor deve ser feita de acordo com a placa de identificação do
mesmo.

4.1 CONFIGURAÇÃO DO CLP E UTILIZAÇÃO DAS I/Os

Foram utilizados onze sinais de entrada, sendo dois provenientes das


botoeiras de acionamento do motor, um proveniente do contato aberto de um relé de
sobrecarga utilizado para a proteção do motor e oito analógicos oriundos dos
transdutores. Os sinais de entrada podem ser visualizados no Quadro 1.

Quadro 1 Variáveis de Entrada


N° de entradas Tipo de sinal Dispositivo Função
Entradas Analógicas
Transdutor Medir a corrente de cada fase
3 Corrente (4 - 20 mA)
50C420ALF-127 do motor
Transdutor Medir a tensão entre fase e
3 Corrente (4 - 20 mA)
350V420ALF-127 neutro do motor
Transdutor Medir a corrente das bobinas do
1 Corrente (4 - 20 mA)
10C420ADC-127 freio
Medir a carga aplicada ao eixo
1 Tensão (0 - 10 mV) Célula de Carga
do motor
Entradas Digitais
Sinal de Referência Botoeira LIGAR
1 Acionar o motor
(24 V) MOTOR
Sinal de Referência Botoeira DESLIGAR
1 Desligar o motor
(24 V) MOTOR
Sinal de Referência Desligar o motor em caso de
1 Relé de Proteção
(24 V) sobrecorrentes

O cálculo do torque é feito através da aquisição do valor do peso medido pela


célula de carga de modelo GL 10 da Alfa Instrumentos, com capacidade máxima de
10 Kg. Este trandutor tem seu sinal de saída de 0 a 4 mV e utiliza um conversor de
33

sinal modelo LC420SG-035 da Incon Eletrônica Ltda para adequar o sinal à entrada
analógica IW2 do CLP (0 – 10 Vcc).
Para as medições de corrente do motor e do freio foram utilizados quatro
transdutores de corrente, sendo três destinados a medição de corrente alternada
(CA) e um para a medição de corrente contínua (CC).
A função de cada transdutor é medir a corrente RMS de cada uma das fases
do motor e converter esse valor em um sinal proporcional de corrente de 4 a 20 mA
para enviá-lo às entradas analógicas IW6, IW8 e IW10 (fases R, S T
respectivamente) do CLP.
O mesmo ocorre para o transdutor de corrente contínua, no entanto esse
mede a corrente das bobinas do Freio e envia o sinal de 4 a 20 mA para a entrada
IW4 do CLP.
Foram utilizados três transdutores de tensão que medem o valor RMS da
tensão de fase do motor. Eles enviam um sinal de 4 a 20 mA para as entradas IW12
(fase R), IW14 (fase S) e IW16 (fase T) do CLP.
Foram utilizados oito saídas digitais e duas saídas analógicas (0 – 10 Vcc)
responsáveis por enviar o sinal de controle para as entradas da fonte EE0152, que
por sua vez aplica uma tensão às bobinas do freio e por consequência aumenta ou
diminui a corrente aplicada as mesmas. A configuração do endereçamento de todas
as saídas podem ser vistas no quadro 2.

Quadro 2 Variáveis de Saída

Saídas
N° de Saídas Tipo de sinal Função
Acionamento dos relés
8 Sinal Digital
de comando
Sinal analógico (0- Controle da Fonte
2
10 Vcc) EE0152

Os relés auxiliares são acionados em 24 Vcc através das saídas do CLP.


Estes são responsáveis por executar parte da lógica de acionamento da bancada.
Três relés (“RKD1, RKD2 e RKD3”) fazem o controle das contatoras “KD1”, “KD2”, e
“KD3” que são responsáveis pelo acionamento individual das fases da bancada. O
“RELE_LIGA” é responsável pelo acionamento do motor e libera a passagem de
34

corrente para os relés de controle das fases. Os outros 4 relés (“R1, R2, R3 e R4”)
têm a função de fazer a lógica de comando entre a bancada do freio e as demais
bancadas dos laboratórios, seus respectivos contatos são encontrados no painel
superior da bancada.
As saídas análógicas QW6 e QW8 são responsáveis por enviar um sinal
variável de tensão (via supervisório) até a fonte de tensão EE0152.
A configuração fisica dos slots do CLP pode ser vista na Figura 13 abaixo.

Figura 13 - Configuração de slots do CLP

4.2 PROGRAMAÇÃO E SUPERVISÓRIO

4.2.1 Programação

De acordo com Silveira e Santos (1998), o diagrama de contatos, também


conhecido como Ladder, é a forma mais clara para apresentar uma lógica de
controle aos técnicos e engenheiros eletricistas, uma vez que a representação dos
contatos lhes é familiar por ser parecida com a lógica de programação de relés
usada antigamente.
35

O programa utilizado no controle da bancada foi desenvolvido em linguagem


Ladder e inserido no software de programação Easy Soft Codesys, comum à série
do CLP XC100.
O Easy Soft Codesys possui uma plataforma onde a programação pode ser
simulada e portanto, pode ser utilizada para a criação de pequenos sistemas
supervisórios. No programa utilizado no projeto, a tela de programação é
denominada PLC_PRG(PRG). O software também proporciona o uso de blocos de
função que permitem conversões entre tipos de variáveis, operações matemáticas e
diversas outras utilidades específicas.
Para elaboração do programa de controle foram utilizadas diversos blocos
incorporados na programação em Ladder. Parte da programação pode ser
visualizada na figura 14.

Figura 14 - Ambiente de programação

4.2.2 Supervisório

O Easy Soft Codesys, permite a criação de telas de supervisão também


conhecidas por Interface Homem-Máquina (IHM). Essas telas fazem a interação de
comandos dados pelo usuário e a programação residente no CLP. Também é
possível que dados sejam coletados pelo CLP e repassados para essa interface
aparecendo então para o usuário. Dentro das interfaces são inseridos os botões de
36

comando e ao mesmo tempo podem ser visualizadas, através de gráficos ou


indicadores numéricos, os valores de corrente, tensão ou carga provenientes dos
transdutores.
De acordo com Silveira e Santos (1998), interfaces dotadas de telas gráficas
coloridas em conjunto com teclado/mouse conferem ao sistema melhores condições
para o controle e supervisão do extenso número de variáveis existentes num
processo produtivo.
Nessas telas, aqui denominadas por Interfaces, é possível visualizar dados
provenientes dos transdutores assim como acionar os comandos da programação,
ou seja, as interfaces desenvolvidas permitem a interação entre as variáveis de
entrada (sinais de transdutores por exemplo) e de saída (acionamento de botões por
exemplo).

4.2.2.1 Interface “SelecaoPartidas”

Mostrada na figura 15, a Interface “SelecaoPartidas” contém botões (tipo


impulso) que determinam o tipo de partida imposta ao motor. O sistema dispõem de
cinco tipos de partidas sendo elas: partida Direta, partida Estrela Triângulo, partida
Compensada, partida com Soft Starter e partida com uso de Inversor de Frequência.
Cada partida é selecionada pressionando seu respectivo comando na tela.
Quando determinada partida é acionada, aparece na tela o diagrama de força da
mesma. Uma vez pressionado o botão “LIGA” (tanto no painel físico através da
botoeira quanto na Interface) o diagrama muda de cor, indicando o fechamento das
contatoras. A cor preta indica circuito desenergizado e a cor vermelha energizado. O
mesmo ocorre com a representação gráfica do motor na interface. Para mudar a
modalidade de partida é necessário que o motor esteja desligado.
Nessa mesma interface estão dispostos à direita, indicadores numéricos que
mostram o valor das variáveis analógicas de entrada provenientes dos transdutores
de corrente, tensão e da célula de carga. Na parte superior, estão dispostos os
botões que controlam a retirada intencional de cada uma das fases de alimentação
do motor.
37

Se nenhuma partida for selecionada, aparece nessa interface o diagrama de


força simplificado da bancada.

Figura 15 - Interface “SelecaoPartidas”

4.2.2.2 Interface “SupervisorioGraficos”

Essa interface é constituída por dois gráficos distintos. O primeiro gráfico


apresenta os valores de corrente e carga do freio. Ao lado do gráfico é possível
observar através dos indicadores numéricos, os valores das variáveis.
O segundo gráfico mostra as correntes em função do tempo presente nas
fases R, S e T do motor. Ao lado, assim como no gráfico da corrente e carga do
freio, mostradores indicam os valores das respectivas correntes e tensões de cada
fase.
Na mesma interface, o operador possui acesso aos botões de acionamento e
de retirada de fase do motor. No entanto só irão funcionar caso a modalidade de
partida seja previamente determinada na Interface “SelecaoPartidas”.
38

A figura 16 mostra a interface “SupervisóriosGraficos”.

Figura 16 - Interface “SupervisorioGraficos”

Cada uma das linhas do gráfico “CORRENTE DAS FASES DO MOTOR”


representa uma das fases do motor. As linhas nas cores vermelho, azul e verde
identificam as fases R, S e T respectivamente. No gráfico “CORRENTE E CARGA
DO FREIO” a curva na cor azul indica o valor de corrente nas bobinas do freio e a
curva da cor verde indica o valor de peso medido pela célula de carga.
Nos botões de comando “TENSÃO DA FONTE” (esquerda da tela) desta
interface, o usuário determina o valor da tensão que a fonte deve aplicar nas
bobinas pressionando o botão “+10 Vcc” ou “-10 Vcc” da IHM, o que adiciona ou
subtrai 10 V do valor de tensão.
O valor de tensão da fonte também pode ser determinado no indicador
numérico abaixo dos botões de comando. Quando clicado, este indicador possibilita
ao operador digitar o valor de tensão pretendido.
39

4.2.2.3 Interface “GraficoTensao”

Nesta interface, mostrada na figura 17, é possível a visualização do gráfico


das tensões das fases do motor e do gráfico da corrente e carga do freio.
Através desta interface o operador é capaz de comparar a curva de tensão
entre os diferentes tipos de partida e têm acesso aos comandos de acionamento da
bancada.

Figura 17 - Interface “GraficoTensao”

4.3 APRIMORAMENTO OBTIDO

O Quadro 3 faz um comparativo entre o bancada anteriormente desenvolvida


e a bancada atual.
40

Quadro 3 Comparativo entre a bancada antiga e a atual

Corrente CC do freio
Número de
Transdutores de Transdutores de necessária para Variação da
Tipos de Partida espiras das
Corrente Tensão proporcionar a carga Corrente do Freio
bobinas
nominal do motor

Bancada
1 4 0 350 cada aprox. 7,5A manual
Anterior
Bancada
5 4 3 1150 cada aprox. 3,5A manual/via CLP
Atual

Além dos melhoramentos mostrados no Quadro 3, as novas interfaces do


supervisorio facilitaram o uso da bancada e aumentaram as ações controladas pelo
usuário assim como o número de variáveis analisadas.
41

5 ENSAIOS E RESULTADOS OBTIDOS

Os ensaios foram realizados para comprovar o funcionamento da bancada e


mostrar as variações das correntes do motor em função da carga aplicada pelo freio.
Os testes foram separados de acordo com o tipo de partida selecionada.
Os valores medidos são considerados coerentes e proporcionam aos usuários
a condição real do funcionamento de um motor de indução com carga, tanto na
partida quanto em regime permanente.
Para a ligação da bancada, deve-se seguir os diagramas apresentados nos
Apêndices E, F, G, H e I de acordo com a partida escolhida. Esses diagramas
instruem as ligações a serem feitas para que se tenha o funcionamento correto do
motor. Em todas as partidas deve-se obrigatoriamente utilizar a bancada do freio em
conjunto com as bancadas de acionamento dos laboratórios, pois para ligação dos
circuitos de força e comando utilizam-se contatoras e disjuntores externos.
Antes da seleção das partidas e da bancada, o CLP deve ser conectado ao
computador através do cabo RS232 serial e deve ser repassado ao mesmo a lógica
de funcionamento do supervisório.

5.1 FONTE EE0152

Era previsto o uso da FONTE EE0152 na bancada para controlar a corrente


no freio, no entanto a fonte apresentou um defeito na forma de onda da saída, não
mantendo constante o valor de corrente, e portanto a carga mecânica tornava-se
oscilatória.
A curva azul do gráfico superior da figura 18 mostra a resposta da corrente da
fonte em função do tempo.
42

Figura 18 - Variação da corrente entregue à bobina do freio pela Fonte EE0152

Não mantendo as condições ideais de funcionamento, optou-se por realizar


os ensaios gerais utilizando uma fonte de tensão externa com a variação da tensão
ocorrendo de modo manual.
A fonte utilizada nos ensaios é da marca Equacional e o ajuste do valor de
tensão da saída é feito manualmente através de um volante central.
Possui saída em CA ou CC. Alimentação em 220 Vca, frequência de 60 Hz,
trifásica. A saída varia de 0 a 300 Vcc com potência máxima de 2,5 kW. A fonte
utilizada nos ensaios pode ser visualizada na figura 19.

Figura 19 - Fonte de tensão utilizada nos ensaios de carga


43

5.2 ENSAIOS COM PARTIDA DIRETA

O ensaio com partida direta foi divido em três etapas. A primeira com
acionamento a vazio, a segunda com acionamento a meia carga no freio e a terceira
com carga nominal. A figura 20 mostra os valores de corrente para as três fases do
motor com partida a vazio e as figuras 21 e 22 mostram respectivamente a resposta
da corrente com meia carga e carga nominal mecânica aplicada ao motor.

Figura 20 - Resposta das correntes do motor com partida direta e carga mecânica nula

Neste método de partida, o motor recebe o valor nominal da tensão no


momento em que é acionado, ocasionando uma alta corrente de partida e oferece
torque nominal na partida. Este método é aplicado principalmente em motores com
potências abaixo de 5 CV.
44

Figura 21 - Resposta das correntes do motor com partida direta e 50% da carga mecânica
nominal

Figura 22 - Resposta das correntes do motor com partida direta e carga mecânica nominal
45

5.3 ENSAIOS COM PARTIDA ESTRELA-TRIÂNGULO

O ensaio com partida estrela triângulo foi divido em três etapas. A primeira
com acionamento a vazio, a segunda com acionamento a meia carga no freio e a
terceira com carga nominal. A figura 23 mostra os valores de corrente para as três
fases do motor com partida a vazio e as figuras 24 e 25 mostram respectivamente a
resposta da corrente com meia carga e carga nominal mecânica aplicada ao motor.
O acionamento é feito com o circuito na configuração em estrela até que o
motor alcance uma velocidade próxima da velocidade de regime, quando então o
circuito é comutado para a configuração em triângulo.

Figura 23 - Resposta das correntes do motor com partida estrela-triângulo e carga


mecânica nula
46

Figura 24 - Resposta das correntes do motor com partida estrela-triângulo e 50% da carga
mecânica nominal

Com 50% da carga nominal, a corrente de partida em estrela triângulo ficou


aproximadamente 35% menor que a corrente de partida no modo direto visto na
figura 21.
Neste ensaio, houve a diminuição da corrente durante a partida, pois o modo
de ligação em estrela fornece um valor de tensão menor que o nominal da rede para
cada enrolamento do motor. Quando o circuito comutou para o modo triângulo,
ocorreu um aumento considerável na corrente das fases, pois nesta configuração
final, os enrolamentos do motor recebem a tensão nominal da rede.
No gráfico de “CORRENTE DAS FASES DO MOTOR” visualizado na figura
25, o tempo no modo estrela não foi suficiente para que o motor alcançasse a
velocidade ideal antes da comutação para triângulo. Constatou-se também que o
conjugado da carga é maior que o conjugado do motor disponível no modo estrela,
pois este é 1/3 do conjugado nominal, sendo assim, o motor não acelera até a
velocidade ideal de comutação e a proteção do relé é acionada caso o tempo no
modo estrela seja longo.
47

Figura 25 - Resposta das correntes do motor com partida estrela-triângulo carga mecânica
nominal

A troca da ligação durante a partida é acompanhada por uma elevação de


corrente, fazendo com que as vantagens de seu uso desapareçam se a comutação
for feita antes do ponto ideal, como notado no gráfico da figura 25.
O motor deve alcançar pelo menos 90% de sua velocidade de regime para
que, durante a comutação, a corrente de pico não atinja valores elevados, próximos,
portanto, da corrente de partida com acionamento direto.

5.4 ENSAIOS COM PARTIDA COMPENSADA

O ensaio com partida compensada, assim como os anteriores, foi divido em


três etapas. A primeira com acionamento a vazio, a segunda com acionamento a
meia carga no freio e a terceira com carga nominal. A figura 26 mostra os valores de
corrente para as três fases do motor com partida a vazio e as figuras 27 e 28
mostram respectivamente, a resposta da corrente com meia carga e carga nominal
mecânica aplicada ao motor.
48

A tensão na partida compensada é reduzida através de um autotransformador


trifásico que possui derivações de 65 % e 80% da tensão nominal. Durante a partida
alimenta-se com a tensão nominal da rede o primário do autotransformador, sendo
este conectado em estrela, e do seu secundário é retirada a alimentação do motor. A
passagem para o regime permanente faz-se desligando o autotransformador do
circuito e conectando o motor diretamente à rede de alimentação.
O autotransformador utilizado no ensaio é dimensionado para acionar
motores com potência de 5 cv, portanto é superdimensionado para o motor da
bancada. A derivação utilizada foi de 80% da tensão nominal da rede.

Figura 26 - Resposta das correntes do motor com partida compensada e carga mecânica
nula
49

Figura 27 - Resposta das correntes do motor com partida compensada e 50% da carga
mecânica nominal

Figura 28 - Resposta das correntes do motor com partida compensada e carga mecânica
nominal

O valor da corrente mostrado nos gráficos das figuras é alto no modo


compensado, pois parte da corrente medida é consumida pelos enrolamentos do
50

autotransformador, ou seja, o autotransformador é uma carga para o sistema. Como


os transdutores de corrente medem toda a corrente consumida pela bancada, o
valor de tais correntes é elevado.
A queda do valor da corrente na fase S mostrada no instante “09:20:12” na
escala de tempo do gráfico inferior da figura 28 é possivelmente um erro na leitura
do transdutor daquela fase.
O gráfico inferior visualizado na figura 29 mostra o valor da tensão das fases
do motor durante a partida compensada.

Figura 29 Variação da tensão do motor durante a partida compensada

Durante o modo compensado o valor da tensão em cada fase do motor é de


aproximadamente 80% da tensão da rede, ou seja, a tensão aplicada ao motor é
menor, resultando teoricamente em uma corrente no motor menor durante a partida.
51

5.5 ENSAIOS COM PARTIDA UTILIZANDO SOFT STARTER

Nessa configuração foi realizado o ensaio com carga total do freio, pois o
controle da rampa de tensão na partida é feita pelo Soft Starter. A variação da
tensão é mais linear e não aplica um degrau repentido de torque na carga acoplada
ao motor como nas partidas anteriormente ensaiadas.
O Soft Starter utilizado foi o SSW 5 Plus da marca Weg e tem corrente
nominal de 16 A. Este soft não é apropriado para o motor da bancada, pois o mesmo
possui corrente de serviço bem acima da corrente nominal do motor. O ensaio foi
realizado utilizando a configuração de corrente mínima do equipamento
(parametrizada no trimpot “motor current” da soft) mas mesmo assim, não alcançou
os parametros ideais para a potência do motor.
A variação da corrente do motor e os outros valores dos transdutores podem
ser vistos na Interface mostrada na figura 30.

Figura 30 - Método de partida com uso de Soft Starter

A queda do valor da corrente na fase S no período de tempo entre “09:34:03”


e “09:34:05” no gráfico inferior da figura 30 é possivelmente um erro na leitura do
transdutor daquela fase.
52

Com auxilio do gráfico inferior da figura 31 é possível visualizar a curva de


tensão que o soft starter aplica ao motor durante a partida com carga nominal.

Figura 31 - Curva da tensão durante partida com uso de soft starter

A fase T é mantida no valor nominal durante a partida em razão do modelo


do soft utilizado, pois o mesmo só comuta a tensão em duas das três fases de
entrada.
A curva do torque exigido do motor, visualizada em verde no gráfico superior
da figura 31, é suave e não apresenta picos ou trancos durante o acionamento. Esta
característica é muito importante em determinadas atividades industriais.

5.6 ENSAIOS COM PARTIDA UTILIZANDO INVERSOR DE FREQUÊNCIA

Para este ensaio foi utilizado o inversor de Frequência CFW-08 da marca


WEG. O ensaio foi realizado em duas etapas, com 50 % e com 100% da carga
mecânica nominal. Este inversor estava configurado para utilizar apenas duas das
53

três fases de entrada. Esta função é utilizada em instalações que não possuem
alimentação trifásica e que precisam acionar motores trifásicos.
Na figura 32 pode-se analisar os valores de corrente do motor, com 50% da
carga nominal acoplada a ele.

Figura 32 - Partida com aplicação de 50% da carga mecânica nominal

Na figura 33 é possível observar a resposta do sistema para o motor com


carga nominal.

Figura 33 - Partida com aplicação da carga mecânica nominal


54

Diferente das outras partidas, o inversor de freqüência consegue controlar o


torque através da modulação de frequência. Esse controle resulta em uma rampa
linear de tensão, corrente e por consequência de torque mecânico desenvolvido pelo
motor.
Utilizando este equipamento não ocorrem picos de corrente durante a partida
e têm-se um controle preciso da velocidade do motor.

5.7 ENSAIO DE ABERTURA DE FASE

Através deste ensaio, é possível verificar o comportamento das correntes do


motor quando uma fase é desconectada do mesmo.
Pode-se notar, com o auxílio do gráfico da figura 34, que quando ocorre a
abertura da fase R, as correntes das fases S e T ainda conectadas sofrem um
pequeno acréscimo em seus valores, o que mostra o desequilíbrio entre elas.

Figura 34 - Variação do valor das correntes quando uma fase está desconectada
55

5.8 ENSAIO DE VARIAÇÃO DE CARGA

Este ensaio mostra como o freio de Foucault responde de forma satisfatória


como carga mecânica imposta ao motor de indução. Pela curva do gráfico superior
da figura 35 é possível observar o aumento da carga mecânica com o aumento da
corrente do freio.

Figura 35 - Variação das correntes em relação ao aumento da carga

5.9 ENSAIO DE SOBRECARGA

Este ensaio mostra os valores de corrente quando o motor é submetido a uma


carga acima da nominal. Pode-se utilizar esta modalidade para testar os dispositivos
de proteção que existem nas bancadas dos laboratórios da UTFPR.
Os valores da carga e das correntes do motor podem ser visualizados nos
gráficos da figura 36.
56

Figura 36 - Valores da corrente quando o motor foi submetido a uma sobrecarga

Tendo Fator de Serviço igual a 1,15, a corrente máxima em que o motor pode
operar é de 3,335A. Observando o valor do torque de frenagem e os valores das
correntes na figura 36, pode-se afirmar que o valor de torque máximo calculado no
Capitulo 2.2.1 através da equação (1) é verdadeiro, pois a média entre os valores
das correntes resulta em um valor aproximado à corrente máxima de operação e o
torque resultante também se aproxima ao calculado.
57

6 CONCLUSÕES

Utilizando-se dos diversos tipos de partidas que a bancada realiza, é possível


mostrar o comportamento da corrente, tensão e conjugado exigido do motor nos
cinco tipos de acionamento.
Com a visualização do torque desenvolvido pelo motor nas diferentes
modalidades de partida, pode-se através de comparações, determinar que tipo seria
mais conveniente utilizar para uma determinada carga.
Os experimentos proporcionaram análises sobre problemas como o
dimensionamento incorreto de componentes (caso da partida com
autotransformador e Soft Starter) e sobre falhas no acionamento com partida Estrela
Triângulo, que não é usual quando o conjugado exigido do motor na partida é muito
grande.
O uso de equipamentos de automação e aquisição de dados proporcionaram
a leitura em tempo quase real do valor das grandezas análisadas no processo. Isso
combinado a uma interface interativa proporcionada pelo melhoramento do
supervisório e que pode ser utilizada por qualquer estudante, permite a aplicação de
fundamentos teóricos em condições reais de funcionamento. Essa prática contribui
para o aprendizado dos acadêmicos da instituição.
Esta bancada é útil no laboratório de Máquinas Elétricas da UTFPR –
Câmpus Medianeira que ainda não possui equipamentos que sirvam de carga
elétrica e que possam ser conectados a geradores, por exemplo. A mesma pode ser
utilizada também no laboratório de Acionamentos de Máquinas Elétricas
possibilitando o acionamento do motor do freio com carga e não a vazio como
geralmente é feito. Com uma carga inserida ao motor através do freio é possível
realizar ensaios de sobrecarga para testar os dispositivos de proteção como relés de
sobrecarga e disjuntores, assim como corrigir o fator de potência do motor
trabalhando a vazio e com carga.
Como sugestão final do projeto, propõe-se o uso de um inversor de
frequência ligado a uma saída analógica do CLP, o qual controlará a velocidade do
motor. Seria conveniente também o uso de um encoder para visualizar a velocidade
real do eixo.
58

Para variar a corrente do freio através do supervisório, seria interessante o


desenvolvimento de uma fonte de tensão ajustável com controle via CLP. Esta fonte
pode ser inserida no lugar da fonte EE0152 que não funcionou adequadamente.
Propõe-se também a melhoria da estrutura mecânica do estator do freio,
visando diminuir o ruído e vibração que o mesmo causa. Para aumentar a indução
de campo no disco, pode-se aumentar a espessura do mesmo fazendo com que a
corrente exigida da fonte para determinado torque diminua. Pode-se também
desenvolver uma proteção em torno do conjunto visando protejer os usuários da
bancada contra acidentes.
59

REFERÊNCIAS

ABENDE - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENSAIOS NÃO DESTRUTIVOS E


INSPEÇÃO. Análise de Vibrações. Disponível em:
<http://www.abende.org.br/info_end_oquesao_analise.php?w=1280&h=1024>.
Acesso em: 26 de Abril de 2012.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5361: Disjuntores de


Baixa Tensão. Rio de Janeiro, 1998.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS NBR 8152: Frenagem


Eletrodinâmica e Eletromagnética. Rio de Janeiro, 1983.

ALBUQUERQUE, Pedro U. Braga de; THOMAZINI, Daniel. Sensores Industriais:


Fundamentos e Aplicações. 5 ed. São Paulo: Érica, 2008.

ALIEVI, Sergio Rodrigo; BARATTO, Stephania Perin; JUNIOR, Jair Luiz Casanova.
Freio de Foucault. 2009. 40f. Trabalho de Conclusão de Curso, Universidade
Tecnológica Federal do Paraná, Medianeira, 2009.

FRANCHI, Claiton Moro; Acionamentos Elétricos. 3 ed. São Paulo: Érica, 2008.

GEORGINI, Marcelo. Automação Aplicada: Descrição e Implementação de


Sistemas Sequenciais com PLCs. 7. Ed. São Paulo: Érica, 2006

LENZI, Rafael; RATTI, Soraine Katia; RUSTICK, Leandro. Automação de um freio


de foucault utilizado para ensaios de motores de indução. 2010. 51f. Trabalho
de Conclusão de Curso, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Medianeira,
2010.

LOBOSCO, Orlando Silvio. Seleção e aplicação de motores elétricos.São Paulo:


McGraw-Hill Ltda, 1988.

MAMEDE FILHO, João. Instalações Elétricas Industriais. 7 ed. Rio de Janeiro:


LTC, 2007.

MELLO, Luiz Fernando Pereira de. Projetos de Fontes Chaveadas. São Paulo:
Érica, 1987.
60

Norma ISO 2372 Disponível em:


<http://www.gpro.ind.br/imagens/produtos/Linha20Vib.pdf>.
Acesso em: Acesso em: 21 de Abril de 2012.

SANCHES, M. A. A. Sistema Microcontrolado para medição de forças na região


plantar e nos membros superiores de pacientes. 2007. 132 f. Dissertação
(Mestrado) - Curso de Engenharia Elétrica, Departamento de Engenharia Elétrica,
Universidade Estadual Paulista, Ilha Solteira, 2007.
Disponível em: http://www.dee.feis.unesp.br/pos/teses/arquivos/193-
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Acesso em: 17 de Junho de 2012.

SILVEIRA, Paulo R. da; SANTOS, Winderson E. Automação e Controle Discreto.


9. Ed. São Paulo: Érica, 2010.
61

APÊNDICES
62

APÊNDICE A – Diagrama de Comando da Bancada


63

APÊNDICE B – Diagrama de Força da Bancada


64

APÊNDICE C – Ligações do CLP


65

Detalhe A

Onde:
66

APÊNDICE D – Diagrama Elétrico do Freio de Foucault


67

APÊNDICE E – Partida Direta


(a) Diagrama de comando. (b) Diagrama de força

(a)

(b)
68

APÊNDICE F – Partida Estrela Triângulo


(a) Diagrama de comando. (b) Diagrama de força

(a)

(b)
69

APÊNDICE G – Partida Compensada


(a) Diagrama de comando. (b) Diagrama de força

(a)
70

(b)
71

APÊNDICE H – Força da Partida com Soft Starter


(a) Diagrama de comando. (b) Diagrama de força

(a)
72

(b)
73

APÊNDICE I – Partida com Inversor de freqüência


(a) Diagrama de comando. (b) Diagrama de força

(a)
74

(b)
75

APÊNDICE J – Simbologia Utilizada nos Diagramas Elétricos

BOTÂO DE EMERGÊNCIA

BOTOEIRA DE IMPULSO

DISJUNTOR

SINALIZADOR LUMINOSO

BOBINA CONTATOR

CONTATO NA

SENSOR DE CORRENTE JANELADO

SENSOR DE TENSÃO
76

RELE DE SOBRECARGA

KE1, KE2 e KE3 CONTATORAS EXTERNAS

DE1 e DE2 DISJUNTORES EXTERNOS

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